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O agravo interno é o recurso que viabiliza o controle de decisão proferida monocraticamente no âmbito dos Tribunais pelo colegiado competente de acordo com as normas regimentais aplicáveis à espécie. O art. 1.021, do CPC/15 prever genericamente o cabimento do agravo interno contra todas as decisões monocráticas. – A decisão monocrática proferida pelo Presidente dos Tribunais de Justiça e Regionais Federais (ou por quem, de acordo com as disposições regimentais aplicáveis) que negar seguimento a recurso especial ou a recurso extraordinário não submetido ao regime da repercussão geral ou dos repetitivos não comporta agravo interno. A hipótese, por força de sua especificidade, é de agravo em recurso especial e em recurso extraordinário, cuja disciplina se encontra no art. 1.042 art. 136, parágrafo único (agravo interno da decisão monocrática que conclui a instrução, no âmbito do Tribunal, do incidente de desconsideração da personalidade jurídica); art. 1.030, § 2º (agravo interno da decisão monocrática que nega seguimento a recurso extraordinário ou especial sem repercussão geral ou contrário a tese fixada em sede de repetitivos e também que sobresta o andamento de recurso extraordinário e especial submetido ao regime dos repetitivos) art. 1.035, § 7º (agravo interno da decisão monocrática que não exclui recurso extraordinário sobrestado em razão do regime de repercussão geral, que deixar de inadmitir recurso extraordinário intempestivo naquela mesma situação ou que aplicar o entendimento firmado no âmbito da repercussão geral ou dos recursos repetitivos); art. 1.036, § 3º (agravo interno da decisão monocrática que indeferir requerimento para exclusão da decisão de sobrestamento e indeferimento de recurso especial ou extraordinário intempestivo) e art. 1.037, § 13, I I (agravo interno da decisão monocrática relativa ao prosseguimento do processo diante da distinção entre a questão do caso e aquela a ser julgada no âmbito do recurso especial ou extraordinário repetitivo). O cabimento desse recurso é evitar, qualquer tentativa de interpretação restritiva quanto às hipóteses de seu manejo, o que esbarraria, não obstante, no modelo constitucional. É uma regra genérica Previsto no art. 39 da Lei n. 8.038/90, Lei dos recursos – A petição do agravo interno deve impugnar especificamente os fundamentos da decisão recorrida. A exigência, feita expressamente pelo o § 1º do art. 1.021, é manifestação pertinente do princípio da dialeticidade recursal. A falta da impugnação específica leva ao juízo negativo de admissibilidade do recurso, o que encontra fundamento no inc. ⅠⅠⅠ do art. 932, CPC/15 Ao relator da decisão agravada, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 dias úteis (art. 1.021, § 2º), sem prejuízo, consoante o caso, de o prazo vir a ser dobrado diante das mencionadas hipóteses codificadas – pelo que é possível que o relator volte atrás em sua decisão. Para tanto, contudo, deve ouvir previamente o agravado, no que é claro o § 2º do art. 1.021. Ainda que não houvesse a previsão, o estabelecimento do prévio contraditório decorreria suficientemente do modelo constitucional e, no plano infraconstitucional, do art. 10 e do inciso V do art. 932. Não havendo retratação, o que pressupõe, cabe frisar, a oportunidade de exercício do contraditório pelo agravado, o relator apresentará o recurso para julgamento pelo órgão colegiado. A prévia inclusão em pauta é expressamente prevista pela parte final do § 2º do art. 1.021, que, no particular, enfatiza a regra genérica do art. 934, e, diante da clareza da regra, não aceita qualquer exceção. A pauta deve ser publicada com antecedência mínima de cinco dias (úteis) em relação à sessão de julgamento (art. 935, caput), sob pena de nulidade – O prazo para a interposição do agravo interno é de 15 dias úteis, regra geral prevista no § 5º do art. 1.003. Ministério Público (art. 180, caput), Advocacia pública (art. art. 183, caput), e da Defensoria Pública (art. 186, caput), O prazo é dobrado para trinta dias úteis. Havendo litisconsortes com advogados de escritórios diversos e sendo os autos não eletrônicos, incide a dobra autorizada pelo art. 229, com as ressalvas dele decorrentes. Mesmo no âmbito do direito processual penal, é correto dizer que o prazo do agravo interno, inclusive quando interposto perante os Tribunais Superiores, é de quinze dias (úteis) e não de cinco dias, sempre observadas as dobras mencionadas, tendo sido derrogado o art. 39 da Lei n. 8.038/90 no que diz respeito ao estabelecimento do prazo recursal. – O § 3º do art. 1.021 veda ao relator negar provimento pelas mesmas razões da decisão que proferiu (prática infelizmente comuníssima), o que é exigência decorrente não só da mesma dialeticidade recursal, mas também – e superiormente, porque imposição constitucional – da necessária motivação especificada de todas as decisões jurisdicionais (art. 93, IX, da CF e art. 489, § 1º, IV, do CPC de 2015). – Nas hipóteses do § 3º do art. 937, isto é, quando interposto de decisão monocrática proferida em sede de ação rescisória, mandado de segurança e reclamação quando se tratar de decisão relativa a juízo de admissibilidade negativo da petição inicial, nos moldes dos arts. 330 e 332. A restrição deve ser enfatizada porque o texto do precitado § 3º só admite a sustentação oral “no agravo interno interposto contra a decisão de relator que o extinga”. A extinção aí referida conduz sistematicamente às hipóteses do art. 330 (indeferimento da petição inicial) e art. 332 (improcedência liminar do pedido). Se o agravo interno for provido para viabilizar recurso que comporte sustentação oral, contudo, não há como deixar de viabilizar a sua realização por ocasião do julgamento do próprio recurso, ultrapassado, por definição, o anterior julgamento do agravo interno. – Nas hipóteses em que o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível (juízo negativo de admissibilidade) ou quando sua improcedência for manifesta (juízo de mérito), em ambas as hipóteses por votação unânime, o órgão colegiado, fundamentadamente, imporá ao agravante o pagamento de multa em favor do agravado a ser fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa (art. 1.021, § 4º). O advérbio “manifestamente” empregado pelo dispositivo se refere tanto à inadmissibilidade como à improcedência, e que o órgão julgador reconheça essa situação para aplicação da multa. Deve haver, portanto, uma valoração negativa quanto ao descabimento ou à rejeição do agravo para autorizar a apenação. O § 5º do art. 1.021 complementa a previsão prescrevendo que a interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao depósito prévio do valor daquela multa, excepcionando, de sua incidência, a Fazenda Pública e o beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final. Considerando o motivo que autoriza a multa (em última análise, litigância de má-fé), nada há que permita justificar o tratamento diferenciado. E, mesmo que se queira justificar o tratamento diferenciado com relação ao beneficiário da justiça gratuita – lembrando da genérica previsão do § 4º do art. 98 –, não há nada que explique o tratamento diferenciado dado às pessoas de direito público. – Do acórdão que julga o agravo interno caberá, conforme se façam presentes os seus respectivos pressupostos, embargos de declaração, recurso especial e recurso extraordinário. No âmbito do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, não há como descartar o cabimento dos embargos de divergência, desde que presentes os pressupostos autorizadores do caput do art. 1.043. Por outro lado, o acórdão do agravo interno pode ser utilizado como paradigma dos embargos de divergência perante aquelesTribunais, o que encontra respaldo no § 1º do art. 1.043. Fora do ambiente recursal, questão interessante que se coloca é sobre a aplicação da técnica de colegiamento do art. 942 por ocasião do julgamento do agravo interno. É supor a hipótese de haver decisão monocrática julgando apelação, rendendo ensejo à interposição de agravo interno perante o colegiado competente. No julgamento do agravo interno, há divergência entre os votantes. Pode ocorrer, contudo, de o julgamento do agravo interno se limitar a viabilizar o julgamento da própria apelação. Nesse caso, é irrecusável que no julgamento da própria apelação, seja observada a técnica do art. 942. Também quando o agravo interno se limitar a viabilizar o julgamento de ação rescisória e de agravo de instrumento interposto contra decisão que julga parcialmente o mérito (art. 942, § 3º). De outra parte, o julgamento do agravo interno pode ensejar seu contraste por ação rescisória, desde que se façam presentes os respectivos pressupostos autorizadores nos termos do art. 966. – – o recurso que têm como objetivo o esclarecimento ou a integração da decisão recorrida, tornando-a mais clara, mais coesa e mais completa. Também se prestam, de acordo com o inciso III do art. 1.022, a corrigir erros materiais. É correto o entendimento que relaciona os embargos de declaração ao princípio da motivação (art. 93, IX, da CF) porque, de acordo com o modelo constitucional do direito processual civil, todos têm direito a que a prestação jurisdicional seja não só completa (art. 1.022, II) mas também clara e inteligível (art. 1.022, I e III), viabilizando, com isso, a possibilidade de as partes e eventuais terceiros saberem com exatidão as razões e o alcance da decisão proferida em seu favor ou contra, até mesmo para verificar a existência de interesse recursal visando à sua reforma ou anulação. – Os embargos de declaração são recurso de fundamentação vinculada. Seu cabimento, destarte, relaciona-se com a alegação de ao menos uma das hipóteses indicadas nos três incisos do art. 1.022 I – Esclarecimento de obscuridade ou eliminação de contradição II – Supressão de omissão de ponto ou questão sobre o qual o magistrado deveria ter se pronunciado, de ofício ou a requerimento III – Correção de erro material A hipótese do inciso I do art. 1.022 relaciona-se à intelecção da decisão, aquilo que ela quis dizer, mas que não ficou suficiente claro, devido até mesmo a afirmações inconciliáveis entre si. A obscuridade relaciona-se com a falta de clareza ou de precisão da decisão jurisdicional. Trata-se de hipótese em que a forma como o prolator da decisão se exprime é pouco clara, comprometendo o seu entendimento e, consequentemente, o seu alcance. A contradição é a presença de conclusões inconciliáveis entre si na decisão. É indiferente que a contradição se localize na parte decisória (o “dispositivo” da sentença) propriamente dita ou na motivação ou que ela se apresente entre a ementa da decisão e o corpo do acórdão Ambos os vícios, a obscuridade e a contradição, devem ser encontrados na própria decisão, sendo descabido pretender confrontar a decisão com elementos a ela externos para justificar a pertinência dos embargos de declaração. A omissão relaciona-se à falta de manifestação sobre ponto controvertido, isto é, sobre questão relevante para o julgamento, pouco importando que essa questão dependa de manifestação da parte ou de terceiro para ser conhecida ou se se trata de questão apreciável de ofício. A previsão relaciona-se com o efeito translativo do recurso, a permitir que, mesmo em sede de embargos declaratórios, questões até então não enfrentadas sejam arguidas e decididas. O prévio contraditório, em tais situações, é de rigor.
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