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Teoria geral dos contratos - Contratos 1

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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL 
DIREITO CIVIL – TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
 
 
Prof. André de Almeida Dafico Ramos 
Curso Proordem – Unidade Goiânia 
www.proordem.com.br / (62) 3932 0765 - 3087 2536 
1 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
 
Conceito: contrato é um acordo de vontades, de natureza patrimonial. É um negócio 
jurídico e como tal, segundo o disposto no artigo 107 do Código Civil, não exige formal 
especial, a não ser quando a lei exigir. 
 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá 
de forma especial, senão quando a lei expressamente a 
exigir. 
 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura 
pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que 
visem à constituição, transferência, modificação ou 
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior 
a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
 
Faz parte da nossa sociedade celebrar contratos, de modo a permitir a consecução de 
objetivos comuns, por meio de acordo de vontades. 
 
O acordo é um acordo de vontades, sempre de natureza patrimonial. 
 
Qual é a natureza jurídica do contrato? 
 
Ele é um negócio jurídico. Qual é mesmo a diferença entre ato jurídico e negócio jurídico? 
A diferença na possibilidade de escolha dos efeitos que serão produzidos. 
 
Ato jurídico lato sensu (em sentido amplo) – é a ideia de conduta humana que gera efeitos 
jurídicos, externando uma vontade.... É o gênero do qual são espécies o ato jurídico strictu 
sensu e o negócio jurídico. 
 
Ato jurídico stricto sensu (em sentido estrito) – é uma espécie de ato jurídico lato sensu, 
assim como o negócio jurídico, mas seus efeitos não dependem da minha vontade, uma 
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vez que estão previamente previstos em lei. Ex: se eu adoto uma criança, eu não posso 
escolher os efeitos que advirão dessa minha conduta. Essa criança será meu filho (já que 
não há distinção entre parentesco civil e parentesco natural). 
 
Negócio jurídico – as partes escolhem os efeitos que decorrerão de sua manifestação de 
vontade. É um acordo de vontades. EXCEÇÃO: o testamento é um exemplo de negócio 
jurídico unilateral. 
 
Pergunta: o casamento é um negócio jurídico ou um ato jurídico? 
 
É tema de divergência doutrinária. Há os que afirmam que é negócio jurídico porque 
podemos escolher os efeitos decorrentes do ato, como, por exemplo, o regime de bens. 
 
O entendimento mais atualizado, todavia, não é esse. Para a maioria da doutrina, o 
casamento é um ato jurídico strictu sensu, uma vez que, embora se possa escolher certos 
efeitos, há diversos outros que estão previamente estabelecidos em lei e que não podem 
ser alterados pela vontade das partes. Um exemplo são os deveres conjugais: 
 
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
I - fidelidade recíproca; 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos. 
 
Além disso, o casamento marca o início do parentesco por afinidade. Emancipa se um 
dos cônjuges é menor de 18 anos. 
 
Art. 5 – parágrafo único - Cessará, para os menores, a 
incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do 
outro, mediante instrumento público, independentemente de 
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homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o 
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela 
existência de relação de emprego, desde que, em função 
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia 
própria. 
 
Embora tenha conteúdo contratual, já que há proposta e aceitação, o casamento não é um 
negócio jurídico, mas um ato jurídico strictu sensu. 
 
Voltemos ao conceito de contrato: é um negócio jurídico bilateral, de conteúdo 
patrimonial. O contrato pode ser unilateral, bilateral, ou plurilateral. 
 
Quando eu falo em contrato em contrato bilateral, eu falo em duas manifestações de 
vontade e em duas prestações. No contrato de compra e venda, por exemplo, o comprador 
tem a obrigação de pagar o preço e o vendedor a obrigação de entregar a coisa. 
 
Quando eu falo em contrato unilateral, não significa que haja apenas uma vontade. 
Haverá duas manifestações de vontade, mas apenas uma prestação. Ex: doação. O doador 
entrega o bem e o donatário recebe. 
 
Você conhece um sinônimo de contrato bilateral? É o chamado contrato sinalagmático. 
Em termos práticos, não há diferença. 
 
Mas, em termos técnicos, há diferença... todo contrato bilateral é sinalagmático. O que é 
contrato sinalagmático é o que tem sinalagma (causalidade das prestações). A prestação 
de uma das partes é causa da prestação de outra parte. Ex: compra e venda (o comprador 
só paga porque o vendedor entrega a coisa e o vendedor só entrega a coisa porque o 
comprador paga o preço). 
 
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1ª Máxima contratual: todo contrato bilateral é sinalagmático. 
 
Pergunta: contrato de doação com encargo (ou modus) é um contrato unilateral, ou 
bilateral? 
 
Ele é bilateral (porque tem obrigações para as duas partes)? Não. Esse contrato tem 
obrigação para ambas as partes, mas ele não é sinalagmático. 
 
Ex: eu te dou minha casa, mas quero que você construa no quintal um espaço reservado 
a crianças carentes. 
 
A causa para a donatária cumprir o encargo é o fato de eu ter doado a minha casa pra ela. 
Para o doador, todavia, a doação é mera liberalidade, ou seja, eu não estou doando minha 
casa pra ela porque eu quero que ela construa o espaço para crianças carentes. Estou 
doando, porque eu quero. Trata-se de uma liberalidade. 
 
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, 
por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou 
vantagens para o de outra. 
 
A doação com encargo não tem sinalagma. Se todo contrato bilateral é sinalagmático, ele 
só pode ser unilateral. Ele é denominado pela doutrina de contrato unilateral imperfeito 
(há prestação para ambas as partes, mas uma prestação não é causa da outra...). Há autores 
que o denominam de bilateral imperfeito.... 
 
Quais são os efeitos de se diferenciar se o contrato é unilateral ou bilateral. 
 
EX: Carla e José celebraram um contrato de compra e venda. Se José não cumpre a 
prestação dele, ou seja, não pagou o preço, Carla também não cumprirá a dela, ou seja, 
não entregará a coisa. Para total surpresa de Carla, José entra com ação judicial, pedindo 
a entrega da coisa. O que ela pode alegar em defesa? 
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Você é o advogado... e aí? 
 
Alegue que o contrato é bilateral e, portanto, sinalagmático. A prestação de uma parte é 
causa da condição da outra parte. Se José não cumpriu a parte dele, eu nãoposso exigir 
que Carla cumpra a dela. Trata-se da exceção do contrato não cumprido (exceptio non 
adimpleti contractus). 
 
Em que contrato cabe alegação de contrato não cumprido? Nos contratos bilaterais, 
porque eles são sinalagmáticos, ou seja, a prestação de uma das partes é condição da 
prestação da outra. 
 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos 
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode 
exigir o implemento da do outro. 
 
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a 
uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio 
capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela 
qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que 
lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou 
dê garantia bastante de satisfazê-la. 
 
Logo, a primeira grande diferença entre contrato unilateral e contrato bilateral é que, 
neste, você pode alegar a exceção do contrato não cumprido. 
 
O contrato bilateral tem uma cláusula resolutória tácita, implícita. No exemplo do José 
e da Carla, por exemplo, um não precisa esperar o outro cobrar pra ele poder se defender 
e dizer que não vai cumprir. Diante do inadimplemento, pode-se pedir a resolução do 
contrato (término do contrato por fato superveniente – inadimplemento). Esta é a segunda 
diferença. 
 
A terceira diferença é a equivalência econômica – como uma prestação é causa da 
prestação do outro, deve existir um mínimo de equivalência econômica entre elas. Se eu 
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compro um apartamento avaliado em 200 mil reais por 150, 180, 200, 230, 250, tudo bem, 
afinal, é normal ser um pouco acima ou abaixo do valor de mercado. Se eu, todavia, 
compro um apartamento de 200 mil reais por 3 mil reais, isso não é mais compra e venda. 
Trata-se de simulação de doação. 
 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas 
subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância 
e na forma. 
 
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas 
diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou 
transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula 
não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou 
pós-datados. 
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em 
face dos contraentes do negócio jurídico simulado. 
 
No contrato bilateral, eu posso pedir a resolução do contrato em razão do inadimplemento 
da outra parte. Num contrato social (contrato plurilateral), eu posso pedir o fim do 
contrato social porque o meu sócio não cumpriu a parte dele, ou seja, não integralizou as 
quotas que havia subscrito? Claro que não. Ele é sócio remisso (sócio que não integraliza 
o capital social por ele subscrito). Ele será cobrado pela sociedade, podendo, inclusive, 
ser excluído da sociedade. 
 
Passemos à segunda classificação... os contratos podem ser onerosos (traz vantagens para 
ambos os contratantes) ou gratuitos (oneram apenas uma das partes, proporcionando 
vantagem à outra, sem qualquer contraprestação. 
 
A primeira diferença está na hermenêutica contratual. Vejamos o artigo 112: 
 
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Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à 
intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal 
da linguagem. 
 
Nos contratos onerosos, interprete nos termos do artigo 112. Mas nos contratos gratuitos, 
interprete de forma mais restrita, de acordo com a literalidade. 
 
Quando o negócio é gratuito, a interpretação deve ser restrita. Quando ele for oneroso, 
deve ser interpretado nos termos do art. 112, buscando a real intenção dos contratantes, 
ou seja, a finalidade teleológica do contrato. 
 
Irresponsabilidade pela evicção e vício redibitório. O alienante, quando aliena um bem, 
implicitamente, responde por evicção e vicio redibitório. Isso só acontece nos contratos 
onerosos. Nos gratuitos, não. 
 
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, 
nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício 
redibitório. Nas doações para casamento com certa e 
determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, 
salvo convenção em contrário. 
 
Contrato comutativo x aleatório 
 
Comutativo é o contrato em que as partes conseguem antever os efeitos que serão 
produzidos por aquele contrato. No aleatório (vem de alea, que significa risco, sorte), as 
partes não conseguem antever os efeitos que serão produzidos, porque é um contrato de 
risco. 
 
O contrato de seguro é um contrato aleatório (embora haja divergência doutrinária) 
 
O contrato comutativo não tem risco intrínseco, sendo, portanto, seguro. Ex: compra e 
venda. Não há risco. Se houver inadimplemento, você pode cobrar judicialmente. 
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Efeito dessa classificação: irresponsabilidade por evicção e vício redibitório nos 
contratos aleatórios. 
 
Nos contratos aleatórios, você assume o risco, ou seja, para que o alienante responda por 
vício redibitório e pela evicção, o contrato deve ser oneroso e comutativo. Os contratos 
aleatórios podem ser naturalmente aleatórios ou atipicamente aleatórios. Os naturalmente 
são os que assim são por sua própria natureza. Ex: jogo, aposta. 
 
Já os acidentalmente são aqueles que, em regra, são comutativos, mas que, em razão de 
uma circunstância excepcional, se tornam aleatórios. 
 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio 
intencional de uma das partes a respeito de fato ou 
qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui 
omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se 
teria celebrado. 
 
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito 
a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir 
um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber 
integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua 
parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do 
avençado venha a existir. 
 
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas 
futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a 
existir em qualquer quantidade, terá também direito o 
alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver 
concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em 
quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, 
alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço 
recebido. 
 
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a 
coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo 
adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o 
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preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de 
todo, no dia do contrato. 
 
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo 
antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo 
prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava 
a consumação do risco, a queno contrato se considerava 
exposta a coisa. 
 
O artigo 95 estabelece que os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico, 
ainda que não tenham sido separados do bem principal. São os chamados bem móveis 
por antecipação 
 
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, 
os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. 
 
O adquirente pode assumir o risco na existência ou na quantidade. Se ele assumir o 
risco na existência (emptio spei – venda de esperança), mesmo que não venha nenhuma 
laranja, o negócio estará consumado e o alienante ficará com o preço pago. Ele só poderá 
deixar de pagar se provar que o adquirente agiu com dolo ou culpa. 
 
Se o adquirente, todavia, assumir o risco apenas na quantidade (emptio rei speratae – 
venda de coisa esperada), ele pagará se vier em quantidade menor que a esperada, mas 
ficará dispensado de pagar se não viver nada. 
 
Consensual x real 
 
Contrato consensual é o formado pelo acordo de vontade das partes. É a regra. 
 
Contrato real é o que se forma com a tradição, com a entrega do bem. Há apenas 3 
contratos reais: mútuo (art. 587), comodato (art. 579) e depósito (art. 627 e ss). Há 
divergência sobre o contrato estimatório (venda em consignação). 
 
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Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não 
fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. 
 
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O 
mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele 
recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. 
 
Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário 
um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o 
reclame. 
 
Art. 628. O contrato de depósito é gratuito, exceto se 
houver convenção em contrário, se resultante de atividade 
negocial ou se o depositário o praticar por profissão. 
 
Bem fungível é aquele que pode ser substituído por outro de mesmo gênero, quantidade 
e qualidade. 
 
Diferença: No contrato de mútuo, eu transfiro a propriedade do bem. No contrato de 
comodato, há transferência de posse, não de propriedade. O mesmo bem deve ser 
devolvido. 
 
Um contrato de comodato pode ser de um bem fungível, mas que se tornou infungível 
por vontade das partes. Ex: bem fungível com extremo valor sentimental (carro dado por 
seu pai, antes de falecer) – commmodatum pompae vel ostentationis. 
 
O contrato de mútuo é real, ou seja, o empréstimo bancário não está formalizado quando 
você assina o documento com o gerente, mas quando o dinheiro efetivamente cai na sua 
conta. 
 
Contrato real (direito obrigacional é o direito pessoal, de natureza patrimonial. Eu estou 
vinculado a uma pessoa.) X direito real (me vincula a um bem, a uma coisa – art. 1225). 
Os direitos reais são oponíveis erga omnes, ao passo que, na seara contratual a regra é o 
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princípio da relatividade, segundo o qual o contrato, em regra, gera efeitos entre as partes, 
não atingindo terceiros. 
 
Propriedade é um direito real, que nasce da formalização de um contrato de compra e 
venda. Ex: hipoteca (dar em garantia bem imóvel) e penhor (dá em garantia bem móvel). 
Na hipoteca, o imóvel permanece comigo, mesmo tendo ele sido dado em garantia. No 
penhor, o bem móvel fica com a CEF. 
 
Eu posso vender um bem hipotecado? Claro que pode. Aliás, a lei até prevê a nulidade da 
cláusula que proíba a venda de bem hipotecado (art. 1475). Se eu não pagar, todavia, o 
Banco vai tomar a casa, porque ele tem um direito real de hipoteca, que é oponível erga 
omnes. Então, o Banco pode retomar a casa, se eu não pagar, inclusive do terceiro que 
comprou o bem hipotecado. 
 
Efeito: o contrato real é unilateral. Um contrato de mútuo é unilateral ou bilateral? Eu 
vou ao banco e peço um empréstimo. Parece que é bilateral, porque o banco deposita o 
dinheiro na minha conta e eu tenho a obrigação de pagar as prestações.... Certo? 
 
Não...CUIDADO!!! Como o mútuo é um contrato real, ou seja, que se formaliza com a 
tradição, o ato de banco de depositar o dinheiro na minha conta não é uma consequência 
do contrato, mas um elemento constitutivo do contrato. Quando ele deposita, o contrato 
está pronto. Logo, só quem tem obrigação sou eu, que tenho que pagar as prestações; o 
Banco, não. 
 
Portanto, é um contrato unilateral. 
 
Lembra que todo contrato bilateral é oneroso e, ainda, que o unilateral é presumidamente 
gratuito (ex: doação)? Há EXCEÇÕES, ou seja, situações em que o contrato, embora 
unilateral, é oneroso: Mútuo feneratício (contrato de empréstimo a juros.) 
 
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O mútuo feneratício é unilateral (porque só tem prestação pra quem tem que pagar as 
prestações) e oneroso (os dois perdem e os dois ganham – o mutuário perde, porque pagou 
juros, e ganhou, porque ficou com o dinheiro por um tempo; já o mutuante, ganhou os 
juros, mas perdeu a disponibilidade temporária do bem). 
 
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 
 
Contrato é, antes de qualquer coisa, um acordo de vontades. Mas será que essa vontade, 
de fato, é refletida no contrato? 
 
A ausência dessa voluntariedade é o que caracteriza a crise dos contratos. Como o 
serviço é essencial, ou eu contrato feliz, ou eu contrato infeliz. Não há opção. Na verdade, 
essa crise não é tão grande quanto parece, porque os contratos de adesão são bem 
controlados. No que se refere aos serviços públicos, há as agências reguladoras, que 
fiscalizam isso e colocam limitações. 
 
1) Princípio da voluntariedade (autonomia da vontade) 
 
A vontade é de extrema importância nos contratos, tanto que é o elemento diferenciador 
do negócio jurídico e dos fatos jurídicos strictu sensu e dos atos jurídicos strictu sensu. 
A declaração de vontade é o elemento central e mais característico do negócio jurídico. 
Essa autonomia de vontade, todavia, não é absoluta, encontrando limitações em normas 
de ordem pública. 
 
Há o dirigismo legal (quando o contrato tem limitações decorrentes da própria lei, como, 
por exemplo, o locador, que fica adstrito aos termos da lei de locação – lei 8.245/91, a 
impossibilidade de compra e venda de bens confiados à administração – art. 497, nulidade 
das cláusulas abusivas prevista no art. 39 do CDC; venda de ascendente para descendente 
é anulável, caso não haja autorização dos demais descendentes e do cônjuge do alienante 
(496 do CC.) 
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O dirigismo judicial (o qual é exercido pelo juiz, através das cláusulas gerais (conceitos 
jurídicos indeterminados). O Ministro Gilmar Mendes, no RE 201.819/RJ, asseverou 
expressamente que as cláusulas gerais são a porta de entrada dos valores constitucionais 
nas relações privadas (eficácia horizontal dos direitos fundamentais). Esse entendimento 
é brilhante, pois o preenchimento dos conceitos legais indeterminados que constam da 
atual codificação privada (função socialdos contratos e boa-fé objetiva) deve-se se dar a 
partir de valores constitucionais, como a dignidade da pessoa humana, solidariedade 
social e da igualdade substancial. 
 
Em razão dessas limitações, não se fala mais em autonomia da vontade, como no CC de 
1916, mas em autonomia privada, a qual deve se pautar pela função social dos contratos. 
 
A função social dos contratos não elimina totalmente a autonomia privada ou a liberdade 
contratual, mas apenas reduz ou atenua o alcance desse princípio. Esse entendimento foi 
previsto no Enunciado n.º 23 do CJF/STJ, na I Jornada de Direito Civil: 
 
23 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não 
elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse 
princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à 
dignidade da pessoa humana. 
 
A interação entre os direitos patrimoniais e os direitos de personalidade é inegável.... 
Nesse contexto, fala-se em estatuto jurídico do patrimônio mínimo (Luiz Edson Fachin) 
– piso mínimo de direitos patrimoniais. 
 
O contrato, portanto, não é mais formado pela mera vontade dos contratantes, mas por 
uma soma de fatores. O problema, hoje, está na denominada “crise dos contratos”. 
 
Hoje em dia, raramente se encontra contratos paritários (que são aqueles que em que se 
senta com o outro contratante e se discute cláusula por cláusula). Hoje, prevalecem os 
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contratos de massa (contratos de adesão, também chamados de contratos standard – take 
it or leave it), sendo que muitos deles se referem a serviços públicos essenciais. 
 
CUIDADO! A premente necessidade ou eventual inexperiência poderá fazer com que um 
contrato desfavorável seja celebrado (onerosidade excessiva), o que leva à caracterização 
da lesão, possibilitando a anulação do negócio (art. 157), ou sua revisão (art. 157, § 2). 
 
Em suma, a autonomia privada consiste no direito indeclinável da parte de 
autorregulamentar os seus interesses, decorrente da dignidade da pessoa humana, 
mas que encontra limitações em normas de ordem pública. 
 
No contrato de adesão, eu perco a possibilidade de discutir cláusulas do contrato, mas eu 
não perco a prerrogativa de não querer celebrá-lo.... por isso que o contrato de adesão não 
perde a natureza de contrato. 
 
Não confundir contrato de adesão (contrato de franquia) com contrato de consumo (Ex: 
compra de um tapete, numa loja especializada, com ampla discussão de preço, prazo de 
entrega, forma de pagamento). 
 
2) Princípio da função social dos contratos 
 
É uma limitação na hora de contratar, no momento da elaboração do contrato. O CC, no 
art. 421, previu tal princípio. Ele estabelece que o contrato não interessa somente aos 
contratantes, atingindo a sociedade como um todo. 
 
Miguel Reale, na exposição de motivos do anteprojeto do CC, asseverou que o objetivo 
do novo CC, ao prever expressamente o princípio da função social dos contratos, era 
tornar explícito que a liberdade de contratar só pode ser exercida em consonância com os 
fins sociais do contrato, implicando os valores sociais da boa-fé e da probidade. 
 
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A luz da constitucionalização do Direito Civil, pode-se afirmar que a real função do 
contrato é dar efetividade à segurança jurídica? Claro que não. A real função é atender 
aos interesses da pessoa humana. 
 
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do 
contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da 
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela 
Lei nº 13.874, de 2019) 
 
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e 
simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento 
dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, 
garantido também que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a 
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de 
resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; 
e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e 
limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
A previsão da função social dos contratos no CC não se restringe ao art. 421, constando 
ainda do art. 2035, parágrafo único. 
 
“Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de 
ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código 
para assegurar a função social da propriedade e dos 
contratos”. 
 
Por meio desse princípio, o Estado-Juiz pode ordenar e reordenar esse contrato. É uma 
técnica de interpretação, podendo o juiz decidir inclusive pela resolução do contrato. 
 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7
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O Centro de estudos da Justiça Federal organiza Jornadas de Direito Civil. É interpretação 
doutrinária importante. São os Enunciados do CJF; Veja o 21 e o 22: 
 
21 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, 
constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do 
contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. 
 
22 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, 
constitui cláusula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando 
trocas úteis e justas. 5 
 
23 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, 
não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse 
princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à 
dignidade da pessoa humana. 
 
Um exemplo prático de aplicação desse princípio é o disposto na Súmula 302 do STJ 
 
“É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação 
hospitalar do segurado.” 
 
Em resumo, o contrato não pode mais ser concebido como uma bolha que envolve as 
partes, ou uma corrente que as aprisiona. Trazendo um sentido de libertação negocial, a 
função social dos contratos funciona como uma agulha, forte e contundente, que fura a 
bolha, como a chave que abre as correntes. 
 
A função social do contrato mitiga a força obrigatória do contrato e protege a parte 
vulnerável da relação contratual. Vejamos alguns dispositivos:Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
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V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam 
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de 
fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; 
 
Arts. 39 e 51 (práticas e cláusulas abusivas). O princípio pode ainda ser percebido pela 
interpretação contratual mais benéfica ao consumidor, conforme prevê o art. 47, bem 
como pela não vinculação de cláusulas incompreensíveis, ininteligíveis ou desconhecidas 
por parte do consumidor vulnerável (art. 46). 
 
NO CC: 
 
Art. 78 do CC (domicílio contratual) 
 
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar 
domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles 
resultantes. 
 
CPC - Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do 
território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e 
obrigações. 
 
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e 
aludir expressamente a determinado negócio jurídico. 
 
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
 
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser 
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao 
juízo do foro de domicílio do réu. 
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro 
na contestação, sob pena de preclusão. 
 
art. 108 (proteção aos vulneráveis – escritura obrigatória somente para imóveis acima de 
30 salários mínimos), 157 (lesão), 187 (responsabilidade civil do que age com abuso de 
direito também na esfera contratual, 413 (redução do valor da cláusula penal pelo juiz) 
 
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Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se 
a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante 
da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a 
natureza e a finalidade do negócio. 
 
Art. 423 e 424 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 
(ex: se o contrato trouxer duas formas de pagamento, prevalecerá o que for mais 
interessante ao aderente). 
 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a 
renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
(pode existir cláusula que desfavoreça o aderente. O que não pode é “não nos 
responsabilizamos por objetos deixados no interior do veículo”. Quando eu deixo o meu 
carro no estabelecimento, eu formalizo um contrato de depósito, que tem como premissa 
a transferência da posse de um bem, cabendo ao depositário devolvê-lo ao depositante, 
assim como o pegou”. Logo, a responsabilidade faz parte do negócio, não podendo haver 
cláusula que a suprima. O fundamento para se cobrar uma indenização, em caso de 
eventual dano ao veículo, neste caso, é o 424. 
 
A lei não está ferindo a isonomia, privilegiando o aderente? Claro que não... o verdadeiro 
princípio da isonomia é o que determina que os iguais sejam tratados de forma igualitária, 
e os desiguais de forma desigualitária, na medida de sua desigualdade. É a denominada 
isonomia material, ou aristotélica (Ética a Nicômaco). 
 
O aderente é mais fraco que o proponente, porque este estabelece unilateralmente as 
cláusulas deste contrato. 
 
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Há uma relação direta entre a função social dos contratos e a proteção do aderente, para 
busca de uma isonomia material. Visando a um diálogo das fontes entre os sistemas 
civilista e consumerista, prevê o Enunciado 172 do CJF/STJ: 
 
“As cláusulas abusivas não ocorrem exclusivamente nas relações jurídicas de 
consumo. Dessa forma, é possível a identificação de cláusulas abusivas em 
contratos civis comuns, como, por exemplo, aquela estampada no art. 424 do 
CC de 2002). 
 
Art. 426 do CC – pacta corvina, vedação dos pactos sucessórios. (nulidade virtual 
– art. 166, VII, 2ª parte do CC). A lei estabeleceu sanção? Não... veja o art. 166. 
 
3) Princípio da obrigatoriedade, ou força obrigatória dos contratos 
 
Você é livre para contratar, mas contratou, tem que cumprir. O contrato faz lei entre as 
partes. Trata-se do pacta sunt servanda (os pactos são para serem cumpridos). 
 
Uma questão interessante é se o CC adotou o princípio da obrigatoriedade. Claro que 
adotou, entretanto, o novo Código Civil não o adotou de forma integral. Ele mitigou o 
pacta sunt servanda, trazendo dentro de si a cláusula “rebus sic stantibus”. (coisa assim 
ficar) 
 
Desde a origem dos contratos, fala-se em pacta sunt servanda. Na idade média, existiam 
constantes guerras e, por mais que se tentasse, não tinha como cumprir os contratos em 
razão das guerras. Nos contratos escritos, passou-se a estipular uma cláusula segundo a 
qual o contratante estaria obrigado aos termos do contrato, se não houvesse guerra. 
 
Por essa cláusula, expressamente prevista no contrato, excluía-se a responsabilidade do 
contratante se houvesse guerra, ou seja, se houvesse mudança na situação fática. 
 
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O novo Código Civil tornou implícito nos contratos a cláusula rebus sic stantibus, quando 
ele adotou a teoria da imprevisão (teoria da onerosidade excessiva). 
 
Ex: o contrato de leasing (contrato de arrendamento mercantil (aluguel), em que você 
paga mensalidades e, no final, pode adquirir a propriedade pagando um valor residual). 
Ele tinha o valor atrelado ao dólar. Quando o valor do dólar subiu demais, houve uma 
desproporção absurda. Houve um fato superveniente e imprevisível que o tornou 
excessivamente oneroso para uma das partes, o que possibilitava o pedido de resolução 
desse contrato. 
 
O CC, ao inovar com a teoria da imprevisão, adotou a cláusula rebus sic stantibus (lá da 
Idade Média.), com duas diferenças: não precisa vir expresso no contrato, já que é uma 
causa implícita, e não incide só em situação de guerra. Basta qualquer causa superveniente 
e imprevisível que desequilibre o contrato. 
 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, 
se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente 
onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de 
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o 
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da 
sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 
 
Todo contrato se sujeita à teoria da imprevisão? Não. 
 
O contrato, quanto ao momento de execução, pode ser de 3 tipos: de execução instantânea 
(é aquele contrato que eu cumpro minha prestação no momento da conclusão do contrato), 
de execução continuada (eu cumpro minha prestação de forma continuada, pagando em 
quotas periódicas de prestação (Prestação é o objeto da obrigação), ou de execuçãodiferida (eu pago em uma vez, no futuro) 
 
Nesses 3 contratos eu me submeto à teoria da imprevisão? Claro que não, afinal, o próprio 
artigo diz “nos contratos de execução continuada ou diferida”. Nos contratos de 
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execução instantânea, pode acabar o mundo que nada muda no contrato, já que o 
pagamento foi feito a vista. 
 
Para eu conseguir a resolução do contrato com base na teoria da onerosidade excessiva, 
não basta que tenha ficado ruim pra mim. A outra parte tem que ter uma vantagem 
excessiva. Lembre-se de que a lei diz “com extrema vantagem pra outra”. Assim, no 
caso da perda do emprego, não caberá a resolução do contrato. 
 
No caso do leasing, em que o dólar pulou de 50 para 90 mil, houve vantagem extrema pra 
outra parte. Por isso que era possível a resolução do contrato. 
 
O acontecimento deve ser extraordinário e imprevisível. Algo bem parecido com esse 
requisito foi visto, na parte geral, quando analisamos os defeitos do negócio jurídico. 
 
A lesão e o estado de perigo são bem parecidos, não? 
 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, 
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua 
família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume 
obrigação excessivamente onerosa. 
 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente 
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação 
manifestamente desproporcional ao valor da prestação 
oposta. 
 
Existe uma situação que obriga a contratar e a pagar mais caro que eu deveria (no estado 
de perigo, para me salvar ou a pessoa da minha família. Na lesão, em razão de premente 
necessidade ou por inexperiência.) 
 
Tanto na lesão quanto na teoria da onerosidade excessiva, existe uma prestação muito 
alta. A diferença é que na lesão (e no estado de perigo), o contrato já nasce viciado. Na 
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teoria da onerosidade excessiva, o contrato nasce perfeito, mas ele se vicia em razão de 
um fato superveniente. 
 
Na lesão, o problema é de invalidade do contrato. Pede-se a anulação. Na onerosidade 
excessiva, o contrato é válido. O que se pede é a resolução. 
 
Na lesão, como é inválido, nenhum efeito é produzido, afinal, ato inválido não gera 
efeitos. 
 
Na onerosidade excessiva, dá-se a resolução do contrato, ou seja, embora esteja findo o 
contrato, gerou efeitos válidos. A sentença, embora não seja de invalidade, retroage, e 
mata os efeitos praticados a partir da citação. Os efeitos produzidos até a citação são 
válidos. 
 
Dá para evitar a resolução do contrato? Veja o artigo 479: 
 
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o 
réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato. 
 
4) Princípio da boa-fé objetiva 
 
Acabou a ideia de que os contratantes devem se dar bem um em cima do outro. As partes 
são obrigadas a agir com probidade e boa fé. 
 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim 
na conclusão do contrato, como em sua execução, os 
princípios de probidade e boa-fé. 
 
boa fé objetiva = boa-fé subjetiva (boa intenção) + probidade (lealdade) 
 
Não é uma recomendação, uma exortação. Trata-se de uma ordem. 
 
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24 - Art. 422: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código 
Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, 
independentemente de culpa. 
 
27 - Art. 422: na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em conta o 
sistema do Código Civil e as conexões sistemáticas com outros estatutos normativos e 
fatores metajurídicos. 
 
Não é fazer o que a pessoa acha certo... é fazer o que as pessoas, em geral, acham certo... 
é necessário seguir um padrão normal de conduta.... 
 
O Código Civil alemão (BGB), em seu § 243, definiu a boa-fé como “treu und glauben” 
(verdade e confiança). 
 
O princípio da boa-fé objetiva, segundo Álvaro Villaça Azevedo, “assegura o 
acolhimento do que é lícito e a repulsa ao ilícito”. As palavras são exatas, eis que aquele 
que contraria a boa-fé comete abuso de direito, respondendo no campo da 
responsabilidade civil, conforme prevê o art. 187 do CC. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito 
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes. 
 
O maior especialista no mundo é o português Antônio Menezes Cordeiro, o qual sustenta 
que o princípio da boa-fé objetiva tem tríplice função: 
 
1) Função interpretativa: consiste na análise hermenêutica. O juiz deve interpretar 
o contrato, levando-se em consideração a boa-fé. Ex: art. 113 
 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé 
e os usos do lugar de sua celebração. 
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§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido 
que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do 
negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo 
de negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se 
identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a 
questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade 
econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua 
celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de 
preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas 
previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
Esse artigo trazia tanto a boa-fé objetiva quanto a função social dos contratos, em 
uma relação de inteiração. Com a redação dada pela Lei de 2019, houve uma perda 
substancial da proteção do vulnerável na relação contratual. 
 
2) Função constitutiva de deveres anexos ou de proteção: representou uma 
revolução na estrutura da relação obrigacional, uma vez que todo contrato, em 
razão da boa-fé objetiva, tem, implicitamente, deveres anexos, acessórios, de 
conteúdo ético e exigibilidade jurídica, cuja violação pode ensejar a resolução do 
contrato. 
 
Como deveres anexos, podem ser citados: 
 
a) O dever de cuidado em relação à outra parte negocial; 
b) O dever de respeito; 
c) O dever de informar a outra parte quanto ao conteúdo do negócio; 
d) O dever de agir conforme a confiança depositada; 
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e) O dever de lealdade e probidade 
f) O dever de colaboração ou cooperação 
g) O dever de agir conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão. 
 
A expressão que a doutrina utiliza para a violação de deveres anexos é “violação positiva 
do contrato”. É positiva por decorrer de uma ação. Ela vem sendo reconhecida por parte 
da doutrina contemporânea como nova modalidade de inadimplemento obrigacional. 
 
No caso de descumprimento do contrato, há responsabilidade civil, a qual, em se 
tratando de deveres anexos, é objetiva (não depende de dolo ou culpa). Veja o Enunciado 
363 do CJF: “Os princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, estando 
a parte lesada somente obrigada a demonstrar a existência da violação”. 
 
Você compra um carro de 30 dias depois ele sai de linha, o que gera uma depreciação de 
50% no seu valor de mercado. O que fazer? 
 
A concessionária pode ser responsabilizada por violação positiva do contrato, 
caracterizada por violação ao direito de informação. Não importa se a concessionária 
sabia ou não, uma vez que a responsabilidade é objetiva. 
 
Outro exemplo de dever anexo é o dever de confidencialidade, ou de sigilo. Por isso que 
as empresas devem perguntar se podem repassar seus dados. Se repassar sem autorização, 
há quebra da boa-fé objetiva. 
 
Alguns autores falam em nulidade virtual (nulidade do contrato por violação ao 
princípio da boa-fé objetiva). 
 
O artigo 422 é bastante criticado, por ter o legislador dito menos que deveria, uma vez 
que a boa-fé se aplica na fase pré e na pós contratual. 
 
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O exemplo mais famoso de quebra da boa-fé objetiva na fase pré contratual é dos 
plantadores de tomate da CICA. Todo ano a CICA comprava a produção dos tomateiros. 
Um ano, ela não quis e o TJ/RS entende que houve quebra da boa-fé objetiva. 
 
Um exemplo de violação da boa-fé objetiva na fase pós contratual é divulgar seus dados, 
após a finalização do contrato, ou quando um cirurgião plástico famoso tenta se divulgar 
espalhando que uma atriz famosa fez cirurgia com ele. 
 
3) Função colmatadora: auxilia no preenchimento de lacunas, uma vez que a boa-
fé é um princípio geral do direito (art. 422) 
 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do 
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
 
Quanto à aplicação da boa-fé em todas as fases negociais, foram aprovados dois 
enunciados: 
 
25 - Art. 422: o art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do 
princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós -contratual. (dirigida ao juiz) 
 
170 – “A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações 
preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do 
contrato (dirigido às partes do negócio jurídico). 
 
Exemplos de aplicação da boa-fé objetiva na fase pré-contratual: 
 
a) CASO DOS TOMATES – a CICA distribuía sementes a pequenos agricultores 
gaúchos sob a promessa de lhes comprar a produção futura. Isso ocorreu de forma 
continuada e por diversas vezes, o que gerou uma expectativa quanto à celebração 
do contrato de compra e venda da produção. Até que certa feita a empresa 
distribuiu as sementes e não adquiriu o que foi produzido. Os agricultores, então, 
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ingressaram com demandas indenizatórias, alegando a quebra da boa-fé, mesmo 
não havendo contrato escrito, obtendo pleno êxito.] 
 
“Contrato. Teoria da aparência. Inadimplemento. O trato, contido na intenção, 
configura contrato, porquanto os produtores, nos anos anteriores, plantaram para a 
CICA, e não tinham porque plantar sem a garantia da compra (TJRS – EI 591083357). 
 
b) CONCESSIONÁRIA - O TJ/RS condenou recentemente uma concessionária de 
veículos do RJ a indenizar um casal de gaúchos pelas despesas de transporte, 
estadia e alimentação, diante da expectativa gerada para uma suposta celebração 
de um contrato definitivo de compra e venda de veículo. Além da indenização 
material, ainda foi determinado o ressarcimento moral, diante dos aborrecimentos 
causados. O entendimento do julgado é que o futuro comprador acreditou na 
celebração do contrato definitivo, crença que foi frustrada pela má-fé da outra 
parte. 
 
“Reparação de danos materiais e morais. Responsabilidade pré-contratual. Princípio da 
boa-fé objetiva dos contratos. Negociações preliminares a induzir os autores a 
deslocarem-se até o RJ para a aquisição de veículo seminovo da ré, na companhia de seu 
filho ainda bebê, gerando despesas. Deslealdade nas informações prestadas, pois 
oferecido como uma jóia de carro impecável, gerando falsas expectativas, pois na verdade 
o veículo apresentava pintura mal feita, a revelar envolvimento em acidente de trânsito. 
Omissão no fornecimento do histórico do veículo que poderia confirmar as suspeitas de 
tratar-se de veículo batido. Danos materiais, relativos às passagens aéreas e estadia e 
danos morais decorrentes do sentimento de desamparo, frustração e revolta diante da 
proposta enganosa formulada. Sentença confirmada por seus próprios fundamentos 
(TJRS – 2ª Turma recursal. Recurso n.º 71000531376). 
 
c) ZECA PAGODINHO – Ele tinha contrato com a Schincariol S/A, mediante o 
bordão “Experimenta”. Ainda vigente o contrato com a Schin, ele participou de 
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uma propaganda da Brahma, cedendo a sua imagem. Nela, ele cantava “Fui provar 
outro sabor, eu sei. Mas não largo meu amor, voltei”. Houve, além de 
descumprimento contratual, violação da boa-fé objetiva, o que culminou na sua 
condenação, em primeiro grau, a indenizar a Nova Schin em 930 mil a título de 
danos materiais e 930 mil a título de danos morais, tanto pela violação contratual 
quanto pelos danos causados à autora pela campanha publicitária da Brahma. Em 
sede de recurso, reduziu-se o valor dos danos morais pra 420 mil e decidiu-se que 
o valor dos danos materiais deveria ser apurado em sede de liquidação de 
sentença. 
 
A Schin, de vingança, lançou nova campanha publicitária, em que, numa festa 
num bar, havia um sósia do cantor e sobre ele uma placa: prato do dia: traíra. Zeca 
Pagodinho entrou com ação de indenização, alegando violação a seu direito da 
personalidade. O juiz julgou improcedente, tendo asseverado que “A conduta do 
autor, de bandear-se para outras sendas na vigência de um contrato, é típica do 
traidor, de desleal e, por isso, não há ofensa alguma a ser considerada. Está em 
grau de recurso.... 
 
Exemplosde aplicação da boa-fé objetiva da fase pós contratual: 
 
a) Uma dona de uma boutique famosa encomendou a uma confecção 120 casacos de 
pele. A confecção fez os casacos e os entregou para a boutique. Liquidado este 
contrato, a mesma confecção fez mais 120 casacos, idênticos, e os vendeu para a 
dona da boutique vizinha. Há evidente deslealdade e falta de boa-fé pós factum 
finitum 
 
b) Um indivíduo queria montar um hotel e procurou e conseguiu o melhor a mais 
barato carpete para colocar no seu empreendimento. Conseguiu uma fornecedora 
que disse ter o melhor preço, mas não fazia a colocação. Ele pediu, então, à 
vendedora a informação de quem poderia colocar o carpete. A firma entregou a 
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mercadoria e indicou o nome de uma pessoa, que já tinha prática na colocação de 
carpete, mas não disse ao colocador que o carpete vendido era de um tipo novo, 
diferente. O colocador de carpete usou uma cola inadequada e, semanas depois, 
todo o carpete estava estragado. 
 
A vendedora alegou ter cumprido sua parte no contrato, pois entregou, recebeu o preço, 
o carpete era o escolhido e fez o favor de indicar um colocador. Segundo a regra da boa-
fé, porém, ela não agiu com diligência, porque, no mínimo, deveria ter alertado que se 
trata de um carpete novo, diferente (espécie de dever de informação, após o término do 
contrato). Há, nesse caso, responsabilidade pós contratual. 
 
A boa-fé subjetiva era consagrada no CC de 1916, sendo um estado psicológico de 
inocência. Ex: terceiro de boa-fé, pessoa que não sabia dos defeitos do marido. A boa-fé 
objetiva traduz uma cláusula geral, de natureza principiológica, dotada de conteúdo ético 
e exigibilidade jurídica. 
 
Os princípios da função social do contrato e da boa-fé objetiva mostram uma mudança de 
paradigma. Trata-se do dirigismo judicial do contrato, substituindo o dirigismo legal. 
Antes, era a lei controlando o contrato. Agora, é o juiz, por meio das cláusulas gerais 
(conceitos abertos), que controla o contrato.... Essas expressões vagas traduzem os 
conceitos jurídicos indeterminados (conceito de baixa densidade normativa, que 
prescinde de um juízo de valor a ser dado pelo aplicador do Direito, no caso 
concreto). 
 
PASSEMOS À ANÁLISE DOS INSTITUTOS DO DIREITO COMPARADO QUE 
TEM FUNÇÃO DE INTEGRAÇÃO DA BOA-FÉ OBJETIVA. 
 
26 - Art. 422: a cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz 
interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, 
entendida como a exigência de comportamento leal dos contratantes. 
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Os institutos supressio, surrectio, tu quoque, exceptio doli e venire contra factum 
proprium devem ser utilizados com função integrativa, suprindo lacunas do contrato e 
trazendo deveres implícitos às partes contratuais. 
 
1) SUPRESSIO 
 
É a supressão, por renúncia tácita, de um direito ou de uma posição jurídica, pelo seu não 
exercício com o passar dos tempos. O seu sentido pode ser notado pela leitura do art. 330 
do CC: 
 
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local 
faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto 
no contrato. 
 
Ex: num contrato de locação, estabelece-se que o pagamento será feito no domicílio do 
locador, entretanto, o locador passa na casa do locatário pra receber todo mês. Essa 
repetição leva à presunção de que o locador renunciou ao que estava disposto no contrato. 
Seu comportamento levou a essa perda de direito. 
 
2) SURRECTIO 
 
Ao mesmo tempo que o credor perde um direito por esta supressão, surge um direito a 
favor do devedor, por meio da surrectio, direito este que não existia juridicamente até 
então, mas que decorre da efetividade social, de acordo com os costumes. 
 
Em outras palavras, enquanto a supressio constitui a perda de um direito pelo seu não 
exercício no tempo, a surrectio é o surgimento de um direito diante de práticas, usos e 
costumes. São duas faces da mesma moeda. 
 
“Direito civil. Locação residencial. Situação jurídica continuada ao arrepio do contrato. 
Aluguel. Cláusula de preço. Fenômeno da surrectio a garantir seja mantido a ajuste 
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tacitamente convencionado. A situação criada ao arrepio de cláusula contratual 
livremente convencionada pela qual a locadora aceita, por certo lapso de tempo, aluguel 
a preço inferior àquele expressamente ajustado, cria, à luz do Direito civil moderno, novo 
direito subjetivo, a estabilizar a situação de fato já consolidada, em prestígio ao princípio 
da boa-fé contratual”. (TJMG – j. 07.03.2007) 
 
3) TU QUOQUE 
 
Um contratante que violou uma norma jurídica não poderá, sem a caracterização do abuso 
de direito, aproveitar-se dessa situação anteriormente criada pelo desrespeito. Em resumo, 
o sujeito viola uma norma jurídica e, posteriormente, tenta tirar proveito da 
situação em benefício próprio. 
 
Não se deve fazer aos outros o que não queremos que seja feito conosco. 
 
Embargos à execução. Título executivo extrajudicial. Cheque oriundo de negócio jurídico 
de cessão de cotas sociais. Alegação de vício no negócio. Impossibilidade de a parte 
invocar proteção por regra contratual que haja infringido ou, ao menos, colaborado para 
infringir (tu quoque). (TJSP – 2009). 
 
4) EXCEPTIO DOLI 
 
É a defesa do réu contra ações dolosas, contrárias à boa-fé. A exceção mais conhecida no 
Direito Civil brasileiro é a exceptio non adimpleti contractus, pela qual ninguém pode 
exigir que uma parte cumpra com a sua obrigação se primeiro não cumprir com a própria. 
Ela é encontrada em outros dispositivos: 
 
175, 190, 273, 274, 281, 294, 302, 837, 906, 915 e 916. 
 
 
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5) VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM 
 
Por esta máxima, determinada pessoa não pode exercer um direito próprio contrariando 
um comportamento anterior, devendo ser mantida a confiança e o dever de lealdade 
decorrentes da boa-fé objetiva, depositada quando da formação do contrato. 
 
A relação com o respeito à confiança depositada, um dos deveres anexos à boa-fé 
objetiva, é, portanto, muito clara. 
 
Enunciado 362 do CJF – “A vedação do comportamento contraditório (venire contra 
factum proprium) funda-se na proteção da confiança, como se extrai dos artigos 187 e 
422 do CC”. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito 
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou 
pelos bons costumes. 
 
A mais conhecida decisão envolvendo a venire, proferida pelo STJ, envolveu um contrato 
de compromisso de compra e venda. O marido celebrou o referido negócio sem a outorga 
uxória, o que, na vigência do CC de 1916, era motivo de nulidade absoluta do contrato. 
A esposa, entretanto, informou em uma ação que concordou tacitamente com a venda. 
Dezessete anos após asua celebração pretendeu sua nulidade, o que foi afastado pela 
presença de comportamentos contraditórios entre si. 
 
“Promessa de compra e venda. Consentimento da mulher. Atos posteriores. Venire contra 
factum proprium. Boa-fé. A mulher que deixa de assinar o contrato de promessa de 
compra e venda juntamente com o marido, mas depois disso, em juízo, expressamente 
admite a existência e validade do contrato, fundamento para a denunciação de outra lide, 
e nada impugna contra a execução do contrato durante mais 17 anos, tempo em que os 
promissários compradores exerceram pacificamente a posse sobre o imóvel, não pode 
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depois se opor ao pedido de fornecimento de escritura definitiva. Doutrina dos atos 
próprios. Art. 132 do CC (STJ – RESP 95.539- SP, j. 03.09.1996). 
 
6) DUTY TO MITIGATE THE LOSS 
 
É a mitigação do prejuízo pelo próprio credor. 
 
Enunciado 169 – “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o 
agravamento do próprio prejuízo”. 
 
Importante figura, desenvolvida no Direito Norte-Americano, e que, especialmente nos 
últimos tempos, tem despertado a atenção da nossa doutrina e da jurisprudência pátria, 
consiste no duty to mitigate the loss (dever de mitigar o prejuízo). 
 
A sua noção é simples. Como decorrência do princípio da boa-fé objetiva, deve, o titular 
de um direito (credor), sempre que possível, atuar para minimizar o âmbito de extensão 
do dano, mitigando, assim, a gravidade da situação experimentada pelo devedor. 
 
EMILIO BETTI, ilustre professor de Direito da Universidade de Roma, em sua clássica 
obra “Teoria Geral das Obrigações” (Bookseller, 2006, 1. Ed), já reconhecia, na 
atualidade, a existência de uma verdadeira “crise de cooperação” entre as partes da 
relação jurídica obrigacional. 
 
Em verdade, a exigência de que o credor – posto seja titular de um direito – deva atuar, 
em sendo possível, para minimizar a situação do devedor, traduz uma recomendável 
atenuação desta crise relacional, em prol inclusive do princípio da confiança. 
 
Figuremos um exemplo. 
 
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Imagine que FREDIE BACANA conduz o seu carro no estacionamento da Faculdade. 
Em uma manobra brusca e negligente, colide com o carro de SALOMÉ VIENA. Esta 
última, vítima do dano e titular do direito à indenização, exige que FREDIE chame um 
guincho. Muito bem. Enquanto FREDIE se dirigia à secretaria da Faculdade para fazer a 
ligação, SALOMÉ – credora do direito à indenização – verificou que uma pequenina 
chama surgiu no motor do carro. Poderia, perfeitamente, de posse do seu extintor, apagá-
la, minimizando a extensão do dano. Mas assim não agiu. Em afronta ao princípio da boa-
fé e ao dever de mitigar, pensou: “quero mais é que o carro exploda, para que eu receba 
um novo”. 
 
Neste caso, se ficar demonstrado que o credor poderia ter atuado para minimizar o dano 
evitável (“avoid his avoidable damages”), não fará jus a um carro novo. Apenas receberá, 
por aplicação do duty to mitigate, o valor correspondente à colisão inicial. 
 
Observe a multiplicidade de situações reais em que este instituto poderá ser aplicado, a 
exemplo da hipótese em que o credor, beneficiado por uma medida judicial de tutela 
específica, podendo fornecer ao Juízo elementos concretos para a sua efetivação, prefere 
“rolar a multa diária”, para, ao final do processo, perceber uma vultosa quantia. Se ficar 
demonstrado que poderia ter atuado para efetivar a medida de imediato, e não o fez, deve 
o juiz reduzir o valor devido, com fulcro no aludido dever de mitigar. 
 
Ao encontro de todo o exposto, colacionamos decisão do Superior Tribunal de Justiça: 
 
DIREITO CIVIL. CONTRATOS. BOA-FÉ OBJETIVA. STANDARD ÉTICO-
JURÍDICO. OBSERVÂNCIA PELAS PARTES CONTRATANTES. DEVERES 
ANEXOS. DUTY TO MITIGATE THE LOSS. DEVER DE MITIGAR O 
PRÓPRIO PREJUÍZO. INÉRCIA DO CREDOR. AGRAVAMENTO DO 
DANO. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. RECURSO IMPROVIDO. 
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1. Boa-fé objetiva. Standard ético-jurídico. Observância pelos contratantes 
em todas as fases. Condutas pautadas pela probidade, cooperação e 
lealdade. 
2. Relações obrigacionais. Atuação das partes. Preservação dos direitos dos 
contratantes na consecução dos fins. Impossibilidade de violação aos 
preceitos éticos insertos no ordenamento jurídico. 
3. Preceito decorrente da boa-fé objetiva. Duty to mitigate the loss: o dever 
de mitigar o próprio prejuízo. Os contratantes devem tomar as medidas 
necessárias e possíveis para que o dano não seja agravado. A parte a que a 
perda aproveita não pode permanecer deliberadamente inerte diante do 
dano. Agravamento do prejuízo, em razão da inércia do credor. Infringência 
aos deveres de cooperação e lealdade. 
4. Lição da doutrinadora Véra Maria Jacob de Fradera. Descuido com o 
dever de mitigar o prejuízo sofrido. O fato de ter deixado o devedor na posse 
do imóvel por quase 7 (sete) anos, sem que este cumprisse com o seu dever 
contratual (pagamento das prestações relativas ao contrato de compra e 
venda), evidencia a ausência de zelo com o patrimônio do credor, com o 
consequente agravamento significativo das perdas, uma vez que a realização 
mais célere dos atos de defesa possessória diminuiriam a extensão do dano. 
5. Violação ao princípio da boa-fé objetiva. Caracterização de 
inadimplemento contratual a justificar a penalidade imposta pela Corte 
originária, (exclusão de um ano de ressarcimento). 
6. Recurso improvido. 
(REsp 758.518/PR, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, 
julgado em 17/06/2010, REPDJe 01/07/2010, DJe 28/06/2010) 
 
Atribui-se a introdução da tese em nosso país à Professora Véra Maria Jacob de Fradera, 
e a sua aplicação já rompe barreiras, chegando, até mesmo, aos domínios do processo 
penal (STJ: HC 171753/GO). 
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5) Princípio da relatividade (res inter alios) 
 
Esse princípio funda-se na ideia de que o contrato só produz efeitos em relação às partes 
contratantes, não afetando ou atingindo terceiros. Esse entendimento se coaduna ao 
modelo clássico de contrato, que tinha por objetivo exclusivo a satisfação das 
necessidades individuais, só produzindo efeitos entre aqueles que o haviam celebrado, 
mediante acordo de vontades. 
 
Essa visão foi abalada pelo Código Civil de 2002, que não mais concebe o contrato apenas 
como um instrumento de satisfação de interesses pessoais dos contratantes, mas lhe 
reconhece uma função social. Isso possibilita que terceiros, que não são propriamente 
partes do contrato, possam nele influir em razão de serem por ele atingidos de maneira 
direta ou indireta. 
 
Desta forma, a nova concepção da função social do contrato representa, se não ruptura, 
pelo menos abrandamento do princípio da relatividade dos efeitos do contrato, tendo em 
vista que não mais subsiste o caráterabsolutamente individualista do contrato como forma 
de satisfação de interesses exclusivamente privados. 
 
Enunciado 21 do CJF: 
 
21 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, 
constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do 
contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. 
 
O contrato está situado na esfera dos direitos pessoais, constituindo negócio jurídico 
bilateral e fonte principal do direito das obrigações. 
 
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Quando a lei quer estender a todos, estabelece que, com o registro ou com a tradição, 
nasce um direito real, que é oponível erga omnes. (lembrar do exemplo da hipoteca – 
1225, inciso IX) 
 
O CC traz 3 contratos que produzem efeitos com relação a terceiros: estipulação em favor 
de terceiro (art. 436 e ss), promessa de fato de terceiro (art. 439) e contrato com pessoa a 
declarar (art. 467). 
 
ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO 
 
Caracteriza-se quando, no contrato celebrado entre duas pessoas, denominadas 
estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem resultando do ajuste reverterá 
em benefício de terceira pessoa, alheia à formação do vínculo contratual. Nela, figuram 
três personagens: o estipulante, o promitente e o beneficiário (o qual é estranho à 
convenção). 
 
Ocorre, comumente, nos contratos de seguro de vida, em que a convenção beneficia quem 
não participa da avença, e nos divórcios consensuais, nos quais se inserem cláusulas em 
favor dos filhos do casal, bem como nas convenções coletivas de trabalho, em que os 
acordos feitos pelo sindicato beneficiam toda uma categoria. 
 
Pergunta: como a capacidade do agente é requisito de validade do negócio jurídico, nos 
termos do art. 104, é válido um contrato em que o beneficiário seja incapaz? 
 
A capacidade é requisito de validade do negócio jurídico, o qual é firmado pelo 
estipulante e pelo promitente. Logo, só esses dois devem ser capazes, sob pena de 
invalidade. Não se exige capacidade do beneficiário, pois ele não é parte contratante, ele 
é terceiro (O NOME TEM QUE SERVIR PRA ALGUMA COISA). 
 
EXCEÇÃO! 
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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL 
DIREITO CIVIL – TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
 
 
Prof. André de Almeida Dafico Ramos 
Curso Proordem – Unidade Goiânia 
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Art. 793. É válida a instituição do companheiro como 
beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era 
separado judicialmente, ou já se encontrava separado de 
fato. 
 
Este artigo estabelece uma restrição nos contratos de seguro, proibindo a instituição de 
beneficiário impedido de receber a doação do segurado, como a amante de um homem 
casado. 
 
Na formação do vínculo obrigacional, não é necessário o consentimento do beneficiário, 
uma vez que se exige a manifestação de vontade das partes contratantes, ou seja, 
estipulante e promitente. Entretanto, na fase de execução do contrato, o beneficiário deve 
manifestar sua vontade, aceitando ou não a estipulação feita em seu favor. 
 
CONCLUSÃO: Embora no plano da validade a vontade do beneficiário seja irrelevante, 
ela é muito importante para que o negócio jurídico tenha eficácia. (lembrar escada 
ponteana). 
 
Isso comprova a natureza contratual sui generis da estipulação em favor de terceiro. Fala-
se em sui generis porque a prestação não é realizada em favor do próprio estipulante, 
como seria o natural, mas em benefício de outrem, que sequer integra o contrato. Logo, a 
existência e validade do contrato não dependem do beneficiário, mas a sua validade é 
condicionada à aceitação dele. 
 
Embora haja grande divergência na doutrina, a teoria contratualista da estipulação em 
favor de terceiro foi consagrada no CC, tanto que os arts. 436, parágrafo único, 437 e 438 
referem-se a ela utilizando o vocábulo “contrato”. 
 
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir 
o cumprimento da obrigação. 
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou 
a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, 
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sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, 
e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. 
 
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o 
contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, 
não poderá o estipulante exonerar o devedor. 
 
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de 
substituir o terceiro designado no contrato, 
independentemente da sua anuência e da do outro 
contratante. 
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato 
entre vivos ou por disposição de última vontade. 
 
O terceiro não precisa ser desde logo determinado. Basta que seja determinável, podendo, 
inclusive, ser futuro, como a prole eventual. 
 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
 
1) A obrigação assumida pelo promitente pode ser exigida tanto pelo estipulante 
como pelo beneficiário, que assume, na execução do contrato, as vezes de credor. 
2) O estipulante pode se reservar o direito de substituir o terceiro designado no 
contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante (art. 438) 
3) Caso se estipule que o beneficiário poderá reclamar a execução do contrato, o 
estipulante perde o direito de exonerar o promitente (art. 437), tornando-se a 
estipulação irrevogável. 
4) Se não houver previsão desse direito ao beneficiário, ele se sujeitará à vontade do 
estipulante, que poderá desobrigar o devedor, bem como substituir o beneficiário, 
na forma do 438 (ato entre vivos ou por disposição de última vontade). 
 
E se o contrato for silente quanto a isso? 
 
No silêncio do contrato, o estipulante pode substituir o beneficiário, não se exigindo para 
isso nenhuma formalidade, a não ser a comunicação ao promitente, para que este saiba a 
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quem deverá efetuar o pagamento. No seguro de vida, isso ocorre por simples endosse da 
apólice ou por testamento. 
 
PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO 
 
Trata-se do denominado contrato por outrem ou promessa de fato de terceiro. O único 
vinculado é o que promete, assumindo obrigação de fazer que, não sendo executada, 
resolve-se em perdas e danos. Isso porque ninguém pode vincular terceiros a uma 
obrigação. 
 
Ela parece com a fiança, mas com ela não se confunde, porque a garantia fidejussória é 
contrato acessório, ao passo que a promessa de fato de terceiro é principal. 
 
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro 
responderá por perdas e danos, quando este o não executar. 
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o 
terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua 
anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime 
do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair 
sobre os seus bens. 
 
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer 
por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à 
prestação. 
 
O exemplo mais apontado pela doutrina é o de um promotor de eventos que promete um 
espetáculo

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