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1 Maria Eduarda Silva Dias Sintomatologia digestória Alterações no apetite O apetite é o desejo de alimentar-se, sendo diferente da fome, que é a sensação desagradável resultante de contrações gástricas O apetite pode estar aumentado, como em casos de hipertireoidismo ou diminuído, como em casos de infecções, transtornos depressivos, neoplasias malignas e uso de alguns medicamentos Pode-se ter também casos em que o paciente deseja ingerir substâncias não alimentícias, como terra, tijolo etc. que são quadros típicos da Síndrome de PICA, por exemplo Dor na cavidade oral Dores na cavidade oral estão mais comumente associadas a odontalgias, as quais podem ser causadas por cáries dentárias, periodontites... A sensibilidade também pode ser causada por cáries, onde, diante a perda do esmalte, a dentina é exposta. A dentina é sensível ao frio, calor, ácidos e doces Outro quadro possível de dor são as dores na língua (glossalgia), que são comumente causadas por glossites. A glossalgia também pode ser causada por doenças carenciais, cirrose hepática, neoplasias, uso de medicamentos... Sialorreia É a produção excessiva de saliva, possuindo diversas causas, como a úlcera péptica ou esofagopatias obstrutivas Halitose A halitose é a presença de um mau cheiro, o qual pode ser expelido pela cavidade oral ou nasal, sendo percebida pelo paciente ou pelas pessoas próximas Halitose nasal • Nesses casos, se o paciente respirar pela boca, o cheiro ruim não será sentido • A halitose nasal está frequentemente associada a infecções nos seios paranasais 2 Maria Eduarda Silva Dias Halitose oral • Nesses casos, o odor ruim sai pela boca • Frequentemente associada a cáries, gengivites, periodontites ou glossites Halitose no aparelho digestório • Associada à má digestão, excesso de gases ou refluxo gastroesofágico Halitose no aparelho respiratório • Associada a doenças pulmonares que cursam com abcesso ou bronquiectasias Hálito No hálito, as causas não são localizadas, se trata de doenças sistêmicas que promovem um cheiro característico (não necessariamente ruim) O cheiro sai tanto pela cavidade oral quanto nasal Hálito cetônico • É um cheiro adocicado • Causado pela cetoacidose diabética Hálito urêmico • É um cheiro de urina • Causado por insuficiências renais graves Hálito hepático • É um cheiro de maça, como se fosse um detergente de maçã • Causado por insuficiência hepática Disfagia e odinofagia A disfagia é a dificuldade/desconforto à deglutição. A disfagia deve ser diferenciada da odinofagia, que é a dor ao deglutir A odinofagia deve ser diferenciada da dor esofágica, pois a odinofagia depende do ato de ingerir. A dor esofágica pode ser causada por mudança no pH esofágico, atividade motora anormal e processos inflamatórios/neoplásicos Toda odinofagia é uma disfagia, mas nem toda disfagia é uma odinofagia A disfagia e a odinofagia podem ser altas, médias ou baixas 3 Maria Eduarda Silva Dias Alta: região orofaríngea, o desconforto é sentido no pescoço. Nesses casos, o alimento permanece todo ou em parte na cavidade bucal, podendo haver broncoaspiração, tosse ou regurgitação nasal Média: região médio-esofágica Baixa: junção gastroesofágica, na região do epigástrio. Nesses casos, o paciente tem sensação de parada do bolo alimentar no esôfago A disfagia e a odinofagia podem ter causas mecânicas, motoras ou nervosas Mecânica: obstruções ou inflamações na orofaringe, bócio, divertículo de Zenker Motora: distrofias musculares, miastenia grave, tireotoxicose, mixedema, dermatomiosite Nervosa: AVC, Parkinson, esclerose múltipla, tumores cerebrais Pirose É a sensação de queimação/azia referida pelo paciente, que aparece após as refeições Geralmente é uma queimação retroesternal, ascendente, sendo característica do refluxo gastroesofágico Regurgitação É o retorno do alimento e de secreções contidas no esôfago ou estômago até a cavidade bucal, sem antecedentes de náuseas e sem a participação de músculos abdominais Eructações São os arrotos, estando comumente associados à ingestão de grande quantidade de ar durante as refeições As eructações podem ser consideradas um sintoma no megaesôfago Hematêmese É o ato de vomitar sangue, caracterizando hemorragia digestiva alta (o local do sangramento está entre a boca e o ângulo de Treitz) A causa mais comum de hematêmese é o rompimento de varizes esofagianas, mas também pode acontecer em neoplasias ou úlceras esofágicas Importante fazer a diferenciação com a hemoptise 4 Maria Eduarda Silva Dias Clocking É quando o paciente está dormindo e é acordado pela dor, sendo mais comum no período das 2 às 3 da manhã O clocking é comum quando o paciente tem um distúrbio hipersecretor ou em casos de úlcera duodenal O paciente geralmente refere algumas ações que trazem melhora: tomar água gelada, tomar leite ou comer uma maçã Dispepsia/plenitude gástrica A dispepsia é um conjunto de sintomas que são chamados “sintomas dispépticos” • Azia, queimação • Saciedade precoce • Empanzinamento • Distensão gasosa (distensão abdominal por causa de gases) • Intolerância a alimentos gordurosos (mais comum em pessoas com colecistopatia) A dispepsia é frequentemente descrita pelos pacientes como “má digestão” A dispepsia pode ser orgânica ou funcional Funcional: “não existe algo que você possa ver’ • Ou seja, a doença existe, mas você faz biópsias, exames... E não encontra nada • São doenças ocasionadas por alterações de função • É o caso da maioria das queixas Orgânica: existe um substrato orgânico 5 Maria Eduarda Silva Dias • Você consegue fazer uma análise anatopatológica • É o caso das úlceras, tumores... Náuseas e vômitos São manifestações comuns de doenças do estômago e duodeno Hematêmese: vômito com sangue Vômitos biliosos: vômito amargo e esverdeado • Resultante de obstrução intestinal alta e refluxo digestivo Vômitos com restos alimentares • Comuns em estase gástrica Vômitos fecaloides: vômito com cheiro de fezes • Comum em obstruções intestinais abaixo do ângulo de Treitz • Porém, quanto mais distal a obstrução, maior é a aparência com fezes e maior é a demora para aparecer o vômito fecaloide Vômitos mucosos Diarreia É o sintoma mais comum em doenças do intestino delgado, sendo definida como o aumento do teor de líquido nas fezes, da quantidade de evacuações (mais de 3 vezes ao dia) e a diminuição da consistência das fezes Classificação da diarreia pela localização Diarreia alta • O sítio afetado é antes do ângulo de Treitz • Volumes maiores • Pouca quantidade durante o dia (2-3 vezes) e com pouca cólica Diarreia baixa • O sítio afetado é depois do ângulo de Treitz (englobando tanto o intestino delgado quanto o grosso) • Volumes menores • Grandes quantidades durante o dia (10-20 vezes) e com muita cólica Classificação da diarreia quanto à causa 6 Maria Eduarda Silva Dias Diarreia osmótica • Não há nenhuma alteração na mucosa intestinal, mas a diarreia ocorre por alteração do conteúdo no lúmen, o que faz com que líquido seja atraído por osmose • Ex: uso de laxativos salinos, manitol, hidróxido de magnésio Diarreia secretora • Os enterócitos estão íntegros, porém, eles excretam água para o lúmen intestinal. Geralmente a causa são toxinas produzidas por bactérias, sendo a mais comum, o vibrião colérico • Também pode ser causada por medicamentos como a teofilina e as prostaglandinas Diarreia exsudativa • Nessa diarreia, há um dano à mucosa e destruição de enterócitos • Há uma reação inflamatória no intestino (que pode ser limitada à mucosa ou pode atingir outros segmentos da parede intestinal) • Ex: doença de Crohn, retocolites, doenças parasitárias (amebas) Diarreiamotora • Causada por desordem fisiológica do intestino e alterações do trânsito intestinal • Ex: hipertireoidismo ou síndrome do cólon irritável Classificação da diarreia quanto ao conteúdo Esteatorreia • O conteúdo presente nas fezes é gorduroso • As fezes ficam com um “cheiro rançoso” • Pode ser por uma causa biliar (diminuição da concentração biliar ou falta de bile); pancreática (ausência de lipase pancreática) ou intestinal (comprometimento dos vasos linfáticos ou a obstrução destes) Creatorreia • Eliminação de conteúdo proteico nas fezes • A causa é, geralmente, a falta da digestão de proteínas (como na ausência da protease pancreática) Disenteria 7 Maria Eduarda Silva Dias • É a eliminação, junto às, de dois dos três elementos anormais: sangue, pus ou muco • Ocorre principalmente em diarreias exsudativas e em diarreias agudas por shigelose e amebíase Obstipação É a constipação intestinal (uma frequência intestinal menor que 3 vezes por semana) Vários fatores podem estar relacionados, como: alimentação pobre em fibras, obstrução mecânica da parede intestinal, comprometimento da estrutura nervosa, hipossensibilidade senil, questão psicogênica (traumas na infância) Silêncio abdominal É a parada de eliminação de fezes e gases, além da interrupção da peristalse e dos ruídos hidroaéreos Pode significar obstrução intestinal, oclusão ou semi-oclusão. Alguns exemplos são: vólvulo (“nó nas tripas”), intussuscepção (quando uma porção do intestino entra dentro de um segmento adjacente) e tumores (geralmente pediculares) Enterorragia e hematoquezia É a eliminação de sangue vivo junto com as fezes Em geral, associadas a hemorragias digestivas baixas A enterorragia envolve um volume maior de sangue nas fezes (maior risco), enquanto a hematoquezia envolve um volume menor (menor risco) Nem sempre a enterorragia é causada apenas por hemorragias digestivas baixas, pois pode se ter um quadro em que há uma hemorragia digestiva alta, mas devido ao aumento da motilidade intestinal, o sangue não é digerido, ficando com o aspecto de sangue vivo Melena É a eliminação de sangue nas fezes, porém, é um sangue preto, pútrido e pastoso (parece borra de café) Em geral, associada a hemorragias digestivas altas Dores abdominais Deve-se investigar: localização, tipo, intensidade, início, progressão, duração, irradiação, migração, ritmo, período, sintomas associados, fatores de melhora e piora 8 Maria Eduarda Silva Dias Tipos de dores abdominais: • Azia (queimação epigástrica) • Pirose (queimação ascendente retroesternal) • Dor de fome • Transfixante (de um lado para o outro, como na pancreatite) • Surda • Em peso (pressão) • Em cinturão ou barra (é uma dor que aperta a parte superior do abdome, sugerindo pancreatite aguda) • Cólica (é uma dor que aumenta progressivamente, e depois diminui) • Em aperto A dor pode ser somática ou visceral Dor somática • Envolve pele, peritônio parietal, mesos • É uma dor mais circunscrita, delimitada, localizada, fácil de ser apontada pelo paciente • É uma dor rápida • Causa avigoramento (despertar), aumento do pulso e da PA Dor visceral • Dor profunda, envolvendo peritônio visceral • É uma dor difusa, imprecisa • É uma dor lenta • Causa desânimo, sudorese, aumento do pulso e da PA, podendo causar náuseas • Ex: dor de barriga, urgência da diarreia Outros sintomas • Icterícia • Prurido cutâneo • Coluria • Anorexia/perda de peso • Astenia • Hipovitaminoses • Sintomas endócrionos (polifagia, polidipsia, poliúria) • Febre • Palidez • Aumento do volume abdominal/massas abdominais • Prurido anal
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