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INTRODUÇÃO À GASTROENTEROLOGIA

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Gabriela Medeiros - Medicina 
 Referência: Tratado De Gastroenterologia: Da Graduação À Pós-Graduação. Schlioma Zaterka. 2ªed. 1
 
INTRODUÇÃO À GASTROENTEROLOGIA 
 
ANAMNESE 
 Na maioria das doenças do aparelho digestivo, o 
raciocínio diagnóstico depende dos dados obtidos 
na história clínica. 
 Embora a razão da consulta sejam queixas 
digestivas, o exame físico não deve se restringir ao 
abdome; deve abranger os demais órgãos 
também. 
 QP: A anamnese inicia-se com a simples anotação 
da queixa principal do paciente e de seu início. 
 HDA: caracterizar cada um dos sintomas 
apresentados, hierarquizá-los de acordo com sua 
importância clínica, questionar há quanto tempo 
eles se instalaram, descrever todo o transcurso da 
doença, suas melhoras, seus agravamentos, a 
intervenção de tratamentos, além de resultados de 
exames, verificar se as manifestações da doença 
estão relacionadas temporalmente com algum 
acontecimento vivido pelo paciente (p. ex., 
traumas emocionais; mudanças nos hábitos de 
vida, incluindo mudanças no tipo de alimentação; 
introdução de algum medicamento etc.). 
 
PRINCIPAIS SINTOMAS DO 
APARELHO DIGESTIVO 
 
 QUEIXAS DIGESTIVAS ALTAS: 
 
o Sintomas digestivos altos são denominados 
dispépticos. A palavra dispepsia se origina do 
grego e significa alteração (dis) da digestão 
(pepsis). 
o Considera-se dispepsia um conjunto de sintomas 
induzidos pela ingestão de alimentos e que são 
expressos em regiões que correspondem ao 
epigástrio até, aproximadamente, o umbigo. 
o Dois são os tipos de sintomas dispépticos: a dor e 
os pós-prandiais. 
 
o SINTOMAS PÓS-PRANDIAIS: 
 Plenitude pós-prandial (sensação 
desagradável de prolongada permanência do 
alimento no estômago) 
 Saciedade precoce (sensação de estômago 
cheio rapidamente, em desproporção ao 
volume de alimento ingerido, com o 
desaparecimento do apetite) 
 Sensação de que o estômago está inchado, 
empanturrado ou distendido na ausência de 
uma distensão visível 
 Náuseas 
 Vômitos 
 Eructações (arrotos). 
 
o A dispepsia pode estar associada a: 
 Doenças orgânicas: úlceras pépticas, DRGE, 
câncer gástrico, doenças biliopancreáticas; 
 Dispepsia funcional: Quadro isolado sem que 
se identifique uma causa determinante. 
 
o A dispepsia configura-se como uma síndrome, os 
pacientes, em geral, não apresentam todo o 
conjunto de sintomas, apenas alguns deles. 
 
o É muito importante que se faça o diagnóstico 
diferencial entre dispepsia orgânica e funcional 
para o que deve ser considerado: 
 Tempo de doença 
 Idade do paciente 
 Antecedentes de câncer gástrico na família 
 Presença de sintoma ou sinais de alarme 
(perdas de sangue, anemia, inexplicável perda 
de peso, hipertrofias ganglionares, massas 
palpáveis e outras evidências de doença 
orgânica); 
 
o DOR: torácica e abdominal 
 
DOR TORÁCICA 
 
 Doenças que afetam o esôfago são capazes de 
produzir dores referidas no tórax, particularmente 
em sua face anterior. 
 Podem assumir forte intensidade e ser do tipo 
constritivo ou em queimação (pirose). 
 São indicativos de origem esofágica se: 
 Acompanhadas de disfagia ou de regurgitação 
ácida ou, ainda, se melhoram ou pioram com a 
deglutição. 
 NÃO são indicativos de origem ESOFÁGICA: 
 Doenças digestivas abdominais, como úlcera 
péptica, colecistite e pancreatite, também 
podem provocar dores torácicas. 
 Se estiver relacionada com movimentos 
respiratórios, deve ter origem em pulmões ou 
pleura; 
 Se for agravada ou melhorada com mudanças 
de posição do corpo, a probabilidade maior é 
de que seja decorrente de processos 
patológicos na coluna; 
 Se for bem relacionada a esforços físicos ou 
irradiada para a região do pescoço e/ou 
membro superior esquerdo, é forte a indicação 
Gabriela Medeiros - Medicina 
 Referência: Tratado De Gastroenterologia: Da Graduação À Pós-Graduação. Schlioma Zaterka. 2ªed. 2
 
de que seja o resultado de uma isquemia 
miocárdica; 
 
 PIROSE/AZIA: 
o É definida como uma sensação de queimação ou 
ardência. 
o Constitui a manifestação mais comum da DRGE, 
com ou sem esofagite. 
o A pirose de localização unicamente epigástrica é 
sugestiva de origem gástrica ou gastroduodenal. 
 
 ODINOFAGIA: 
o É a dor que é percebida em região retroesternal 
durante a ingestão dos alimentos, portanto, 
induzida pelo fenômeno da deglutição. 
o Deve-se a processos inflamatórios orofaríngeos ou 
esofágicos ou a doenças motoras do esôfago. 
 
 DISFAGIA: 
o É a designação que se dá à dificuldade para a 
deglutição dos alimentos sólidos ou líquidos. 
o A sensação é a de que o alimento para em sua 
descida ao estômago, estacionando em algum 
ponto entre a boca e o apêndice xifoide. 
o Disfagia orofaríngea ou alta  Quando a 
dificuldade é sentida ao nível da boca ou da 
faringe; ela ocorre principalmente com líquidos, 
associando-se frequentemente a engasgos em 
razão da passagem do material ingerido para as 
vias aéreas superiores e inferiores. 
o Disfagia esofágica ou baixa  Costuma ser 
referida sobre o esterno e estar relacionada com 
processos obstrutivos (estenoses esofágicas) ou 
com alterações na atividade motora que executa o 
ato da deglutição (p. ex., megaesôfago chagásico, 
acalasia idiopática, afecções neuromusculares que 
afetam a fase esofágica da deglutição). 
 
 REGURGITAÇÃO: 
o Consiste no retorno à boca de material contido no 
esôfago ou no estômago, sem a violência do 
vômito e sem ser precedido por náuseas. 
o É perceptível pelo retorno de um volume líquido ou 
sólido de sabor, em geral, ácido ou amargo. 
o Constitui-se em forte indicativo de doença do 
refluxo gastroesofágico quando associada à pirose, 
e de megaesôfago, se acompanhada de disfagia. 
 
DOR ABDOMINAL: 
Características clínicas que devem ser investigadas são: 
 Localização (topografia anatômica do abdome); 
 Cronologia, periodicidade; 
 Intensidade e tipo; 
 Ritmo ou horário; 
 Fatores que melhoram ou pioram; 
 Duração; 
 Irradiação; 
 Náuseas e vômitos; 
 Eructação e aerofagia 
 
 LOCALIZAÇÃO DA DOR: 
 
 Dor em epigástrio e 
suas imediações: 
Consequentes a úlceras 
gástricas e duodenais, 
dispepsias funcionais e 
orgânicas, gastrites agudas 
(gastrites crônicas não 
causam de dor), tumores 
gástricos, colecistites, 
pancreatites, obstruções no intestino delgado 
proximal, hepatites e congestão aguda do fígado, 
abscessos subfrênicos, pneumonias, angina e infarto 
do miocárdio. 
 
 Dor em mesogástrio e suas imediações: 
Produzidas por infecções, inflamações, obstrução, 
isquemia e distensões do intestino delgado, 
apendicite (em fase inicial), pancreatites e tumores 
do pâncreas. 
 Dor em hipogástrio e todo o baixo ventre: São 
apontadas as dores produzidas pelas seguintes 
doenças: inflamações, obstrução, isquemia, 
diverticulite e tumores do intestino distal, 
apendicite, salpingites, gravidez ectópica, afecções 
do ovário e cistites 
 A dor da colecistite, em geral aguda, é inicialmente 
referida no ponto vesicular (corresponde 
aproximadamente à junção dos 2/3 laterais com o 
terço medial da borda costal direita). Na 
apendicite aguda clássica, a dor é referida no 
ponto apendicular. 
 Dores na região dorsal: Podem ser decorrentes de 
úlceras pépticas penetrantes da face posterior do 
duodeno ou do estômago. 
 As dores produzidas por doenças da vesícula ou 
das vias biliares podem ser referidas na região 
inferior da escápula direita. 
 As pancreatites provocam dores epi e 
mesogástricas que tendem, em cerca de 50% dos 
casos, a também afetar a área em faixa até o dorso, 
à direita e/ou à esquerda. Processos infecciosos 
subfrênicos provocam dor supraclavicular e na face 
lateral do pescoço, territórios dos nervos frênicos. 
 As dores das afecções do cólon esquerdo e reto 
podem ser percebidas na fossa ilíaca esquerda e 
até na região sacral. 
 As dores dos cálculos ureterais costumam se 
manifestar nas faces laterais do abdome, 
obliquamente, até a genitália.Gabriela Medeiros - Medicina 
 Referência: Tratado De Gastroenterologia: Da Graduação À Pós-Graduação. Schlioma Zaterka. 2ªed. 3
 
 CRONOLOGIA: 
Elas podem se instalar de forma aguda ou serem 
crônicas, intermitentes ou contínuas. 
 
DOR ABDOMINAL AGUDA: 
 A dor abdominal aguda e intensa acompanhada de 
manifestações locais e gerais e iniciada dentro de 1 
a 72 horas caracteriza o que é conhecido como 
abdome agudo e pode prenunciar grave doença 
aguda, que exige cuidados imediatos. 
 Algumas dessas dores abdominais agudas tendem 
a desaparecer espontaneamente, como nas 
gastroenterites agudas. 
 As dores agudas podem ser caracterizadas por 
sucessivas intensificações e alívios definindo o tipo 
de dor “em cólica” da obstrução de víscera oca 
(intestinal, biliar, ou ureteral). 
 A dor das apendicites e diverticulites agudas tem 
intensidade continuamente progressiva. 
 Em afecções arteriais abdominais agudas, como no 
infarto mesentérico e na ruptura de aneurisma da 
aorta, a dor pode alcançar intensidade elevada 
muito rapidamente. 
 
DOR ABDOMINAL CRÔNICA: 
 
Provocadas por doenças orgânicas ou funcionais e 
podem ser contínuas ou apresentar recidivas agudas 
com períodos de remissão que podem chegar a 
semanas, meses ou até anos. 
 
Exemplos: 
Dor periódica: 
 Úlcera péptica duodenal ou gástrica: dor 
abdominal de duração variável de uma a algumas 
semanas: é o período em que a úlcera está aberta 
ou ativa. Em seguida, na acalmia, período que varia 
de semanas a anos, a dor está ausente, o que pode 
significar que a lesão está cicatrizada. Portanto, as 
úlceras gastroduodenais têm como característica 
longos períodos de dor e de acalmia. Se a dor 
abdominal de um paciente com úlcera péptica se 
tornar constante ou se agravar, deve-se suspeitar 
de aprofundamento da úlcera na parede do órgão 
comprometido (úlcera terebrante ou perfurante). 
 Doença calculosa da vesícula biliar: se os cálculos 
migram para o ducto cístico e o colédoco, ocorrem 
dores que duram de poucas horas a poucos dias. 
Passado o quadro agudo, há períodos oligo ou 
assintomáticos mais ou menos prolongados, que 
podem persistir por anos. Assim, a dor biliar tem 
como característica períodos dolorosos curtos 
(horas, poucos dias) e períodos de acalmia longos. 
 Outra doença que evolui por crises de dores, 
frequentemente intensas, intercaladas por 
períodos de acalmia, é a pancreatite crônica 
calcificante, produzida pelo alcoolismo crônico. 
 A identificação da coincidência cronológica entre a 
dor abdominal e o período da menstruação ou do 
meio do ciclo menstrual deve lembrar a 
possibilidade de endometriose e da dor da 
ovulação, respectivamente. 
 
 
 INTENSIDADE E TIPO: 
o A intensidade da dor nem sempre guarda relação 
com o tipo e a gravidade da doença, tendo limitado 
valor diagnóstico, pois pode refletir mais o estado 
psíquico do paciente do que a natureza da doença 
que a está provocando. 
o Dores mais intensas comum em: abdome agudo 
por afecções inflamatórias, obstrutivas e 
isquêmicas. 
o Alguns sintomas associados indicam real 
intensidade da dor: 
⤷ Sudorese 
⤷ Palidez 
⤷ Bradicardia 
⤷ Hipotensão arterial 
⤷ Náuseas e vômitos 
Tipos de dor: 
⤷ Dor em “queimação” ou dor “funda” no 
epigástrio é importante indicador da 
possibilidade de doença péptica. 
⤷ Dor tipo “peso” sugere distensão de víscera 
oca ou parenquimatosa e pode ser a queixa do 
paciente com dispepsia funcional. 
⤷ Dor em “cólica” ou “torcida”: sensação de 
constrição da víscera durante curto intervalo 
de tempo. Quando assume forte intensidade, 
seguida por considerável abrandamento, é 
sugestiva de processo obstrutivo dos órgãos 
tubulares e encontra exemplos nas litíases 
ureteral (cólica renal) e das vias biliares (cólica 
biliar) e nas obstruções intestinais de qualquer 
etiologia. Pode, entretanto, ocorrer em 
portadores de doenças funcionais, como SII, 
Gabriela Medeiros - Medicina 
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doenças inflamatórias e infecciosas 
(gastroenterites agudas). 
⤷ Dor “contínua”: permanência prolongada que 
mantém a mesma intensidade, é observada 
nas neoplasias. Deve-se lembrar que, 
frequentemente, os cálculos biliares, ao 
atravessarem as vias biliares, podem não 
provocar a chamada “cólica” biliar, mas 
manifestar-se por dor contínua (dor biliar). 
⤷ A dor em “pontada” ou “facada” apresenta-se 
em processos inflamatórios agudos que 
envolvem o peritônio. 
 
OBS.: “desconforto” pode ser considerada como um 
equivalente da dor. 
 
 HORÁRIO 
 
Variações do sintoma no decorrer das 24 horas do dia 
e com as atividades funcionais do aparelho digestivo. 
o Dor da úlcera duodenal: ocorre cerca de 2 a 4 
horas após as refeições, mantendo certo 
paralelismo com os níveis de acidez do estômago. 
o A alimentação, em geral, determina o alívio da dor. 
Esse tipo de ritmo é chamado a três tempos: dói-
come-passa. 
o Quando a acidez noturna é grande, o paciente 
pode ser despertado de seu sono pela dor. Essa 
queixa é denominada clocking. 
o Em geral, ao despertar pela manhã, em jejum, o 
ulceroso não apresenta dor, pois está longe do 
período digestivo, dado pelas refeições. 
o Nos portadores de úlceras gástricas, a dor costuma 
acontecer logo após as refeições, em consequência 
da distensão do órgão acometido por processo 
inflamatório em suas paredes. O mesmo pode 
ocorrer nas gastrites agudas provocadas por 
agentes infecciosos ou por excessiva ingestão de 
bebidas alcoólicas. 
o Nas colecistites e pancreatites agudas, a 
solicitação funcional desses órgãos também 
provocará dores pós-prandiais precoces. 
o A angina mesentérica, causada por isquemia das 
alças do intestino delgado em decorrência da 
obstrução da artéria mesentérica superior, 
caracteriza-se pela dor, frequentemente intensa, 
aproximadamente cerca de 15 a 30 minutos após 
uma refeição, quando há maior demanda de 
sangue arterial para o processo de digestão e 
absorção. 
o Por razões desconhecidas, a dor biliar tende a 
ocorrer durante a noite, despertando o paciente. 
o Na diferenciação entre doença orgânica e doença 
funcional, deve ser considerado excepcional que 
uma dor que desperta o paciente de seu sono 
tenha causa funcional. 
 
 FATORES DE MELHORA E PIORA 
 
o Os anti-inflamatórios, em geral, agravam as dores 
por afecções gástricas e duodenais. 
o A ingestão de alimentos piora a dor de processos 
inflamatórios gástricos (gastrite aguda, úlcera 
gástrica, neoplasias do estômago). 
o Os vômitos e as eructações melhoram a dor ou o 
desconforto causado por essas mesmas doenças. 
o A ingestão de alimentos pode provocar o 
agravamento das doenças biliares e pancreáticas e, 
também, desperta a dor da obstrução mesentérica 
(angina abdominal). 
o Quando a evacuação ou a eliminação de flatos 
alivia temporariamente uma dor abdominal, a 
indicação é de que ela está sendo produzida no 
intestino grosso por afecções funcionais ou 
orgânicas. 
o Nos processos patológicos que afetam o 
retroperitônio, como nas pancreatites, apendicites 
agudas ou úlceras penetrantes, o paciente tende a 
manter a flexão do tronco sobre os membros 
inferiores (atitude genupeitoral) 
o Quando o peritônio parietal for comprometido por 
um processo patológico, particularmente nos 
agudos, a deambulação e a trepidação (no carro ou 
ambulância em direção ao pronto-socorro) 
tendem a piorar a dor abdominal (popularmente 
chamada “sinal do solavanco”). 
o A melhora com analgésicos indica que a dor, 
provavelmente, é decorrente de lesões 
inflamatórias ou de neoplasias; a melhora com 
antiespasmódicos indica o comprometimento de 
vísceras ocas; os anti-inflamatórios podem 
melhorar dores de origem neoplásica, cólicas 
renais, afecções musculares e esqueléticas, mas 
com frequência induzem ou agravam dor 
decorrente da úlcera ou inflamação do estômago. 
o Traumas emocionais além de serem fatores que 
favorecem a instalação de dores abdominais(somatização), são também seus agravantes. 
 
 DURAÇÃO 
o Dores da úlcera gastroduodenal duram horas, e 
em geral são aliviadas por alimentação ou 
alcalinos. 
o As dores biliares apresentam curta duração 
(minutos) e são recorrentes (repetitivas). 
o As dores pancreáticas apresentam horas de 
duração e apresentam alívio em determinadas 
posições (Atitude Genupeitoral). 
 
 
 
 
 
 
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 Referência: Tratado De Gastroenterologia: Da Graduação À Pós-Graduação. Schlioma Zaterka. 2ªed. 5
 
 IRRADIAÇÃO 
o A dor da doença gastroduodenal localiza-se no 
epigástrio. A irradiação para as costas é indício de 
complicação grave, sinal de que a úlcera perfurou 
e está bloqueada no pâncreas, o órgão adjacente. 
o Quando a dor passa a apresentar irradiação difusa, 
com sensibilidade aumentada do abdome à 
pressão manual, e dor aguda quando a pressão 
manual é bruscamente cessada (descompressão 
brusca), trata-se de provável perfuração em 
abdome livre com comprometimento peritoneal. 
o A dor de origem vesicular costuma apresentar 
irradiação para a região dorsal direita e, às vezes, 
para a região escapular direita. 
o A irradiação da dor em faixa (do HD para o HE) é 
sugestiva de comprometimento pancreático. 
 
 NÁUSEA E VÔMITOS 
 
o Esses dois sintomas podem ocorrer, 
conjuntamente, em doenças agudas (p. ex., 
gastrites e gastroenterites, por ação de 
medicamentos ou de tóxicos, presença de sangue 
na luz gástrica) ou incidirem cronicamente de 
forma frequente ou episódica (p. ex., enxaqueca, 
cinetoses, doenças crônicas do trato digestivo alto, 
inclusive das vias biliares e do pâncreas). 
o Vômitos abruptos, em jato, não precedidos por 
náuseas, são provocados por hipertensão 
intracraniana e meningite. 
o Informação sobre o material expelido pelo vômito: 
 Presença de sangue em pequena quantidade 
(síndrome de Mallory-Weiss em decorrência 
de lacerações na junção esofagogástrica, por 
vômitos repetidos) ou em grande quantidade 
(decorrente de sangramentos abundantes por 
úlcera, erosões ou neoplasias no estômago ou 
duodeno ou por ruptura de varizes esofágicas) 
caracteriza a hematêmese. 
 Presença de restos alimentares ingeridos, pelo 
menos três ou mais horas antes, em geral 
volumosos, indica dificuldade do esvaziamento 
gástrico (estenose em região pilórica). 
 Odor e aspecto fecaloide indicam obstrução 
em porções proximais do intestino delgado. 
 
o Na maioria das causas do vômito, é constituído só 
de líquido claro, hialino ou levemente tinto de bile. 
A presença de bile no material vomitado não tem 
significado especial, pois resulta de refluxo 
duodenogástrico que, em geral, ocorre durante o 
próprio episódio de náuseas e vômitos, 
independentemente de sua causa. Entretanto, se a 
presença de bile no material vomitado for muito 
expressiva, deve ser lembrada a possibilidade de 
obstrução duodenal a jusante da desembocadura 
do colédoco. 
o Vômito provocado pelo próprio paciente: durante 
gastrites agudas, quando o esvaziamento do 
estômago alivia o mal-estar gástrico (alcoolismo 
agudo), e em casos de bulimia, com o intuito de o 
paciente não engordar ou de perder peso. 
 
 
 ERUCTAÇÃO/AEROFAGIA (“ARROTO”) 
o A eructação é um fenômeno considerado normal, 
uma vez que, a cada vez que se ingere uma refeição 
ou líquido, uma pequena quantidade de ar penetra 
também no estômago. 
o Torna-se um sintoma quando é excessiva ou 
quando causa desconforto ou sensação de 
distensão epigástrica. 
o A anormalidade pode estar associada à salivação 
excessiva (sialorreia) como pode ocorrer na doença 
do refluxo gastroesofágico, ou reduzida 
(sialoquiese) ocasionada por pequena produção 
das glândulas salivares. 
o Desordens na esfera psíquica (ansiedade, 
depressão) que causam taquifagia com excessiva 
ingestão de ar podem ocasionar aerofagia e 
eructações. 
o Por vezes, não se consegue estabelecer uma 
explicação plausível para as excessivas eructações. 
 
 
 QUEIXAS DIGESTIVAS BAIXAS: 
 
As principais são: 
 Diarreia/esteatorreia/tenesmo; 
 Prisão de ventre; 
 Meteorismo/flatulência. 
 
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DIARREIA: 
 
 Quando a parte comprometida é o intestino 
delgado e/ou hemicólon direito, a tendência é o 
paciente apresentar evacuações volumosas, pois a 
maior parte da absorção de água foi comprometida 
ou ativamente secretada (o intestino delgado 
absorve cerca de 9 a 10 litros de água por dia, 
incluindo a ingerida e a das secreções). 
Normalmente, não excedem dez evacuações por 
dia. 
 Quando a parte afetada for o segmento 
retossigmoide (que atua como órgão de 
armazenamento), as evacuações tendem a ter 
pequenos volumes. Em geral, o número de 
evacuações diárias supera dez. 
 Diarreia osmótica  resulta da presença 
aumentada de solutos não eletrolíticos ingeridos 
(p. ex., lactose, sais de magnésio) que, por osmose, 
retêm água em excesso na luz intestinal; tendem a 
cessar quando a ingestão é interrompida. 
 Diarreia secretora  é devida à secreção de 
eletrólitos e água pelo intestino delgado (p. ex., por 
bactéria) ou cólon proximal (p. ex., sais biliares não 
absorvidos no íleo); tendem a não cessar quando a 
ingestão é interrompida. 
 Diarreia inflamatória  pode reunir elementos 
dos tipos osmóticos e secretor, além de sangue e 
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pus nas fezes, particularmente quando a agressão 
ocorre na mucosa das porções distais do intestino. 
 A esteatorreia caracteriza-se por evacuações 
volumosas e brilhantes, que podem deixar 
aparentes pequenas gotas oleosas na superfície da 
água do vaso sanitário. A simples flutuação de 
fezes não indica esteatorreia, mas, simplesmente, 
fezes de baixa densidade pelo seu alto teor em 
gases. 
 
 Tenesmo ou puxo  sensação de uma 
desagradável e violenta expulsão do conteúdo 
retal. Ocorre quando há diminuição do limiar retal 
para o desencadeamento do reflexo da evacuação, 
provocada pela inflamação, faz que os pequenos 
volumes que adentram o reto, exacerbem os 
reflexos normais, provocando fortes movimentos 
para que sejam expelidos; Frequentemente, o 
material eliminado contém sangue, muco ou pus, 
alterações que, associadas à presença do tenesmo, 
definem a síndrome disentérica. 
 
 É de interesse saber o horário preferencial em que 
as evacuações diarreicas acontecem: depois das 
refeições, na síndrome do intestino irritável; se 
noturnas, na neuropatia visceral diabética; as 
diarreias funcionais não costumam despertar o 
paciente de seu sono. 
 
CONSTIPAÇÃO OU PRISÃO DE VENTRE 
 Evacuações dificultosas, seja por eliminação fecal 
infrequente (menos de 3x por semana ou a 
intervalos superiores a 48 horas) ou incompleta, 
geralmente acompanhadas de sensação de 
desconforto e distensão abdominal. 
 É importante que se faça o diagnóstico diferencial 
entre as duas modalidades básicas de constipação 
intestinal: 
o Secundária: determinada por diferentes 
causas de cunho orgânico; 
o Funcional: não se consegue reconhecer uma 
causa orgânica e que se associa a 
anormalidades no trânsito pelos cólons, à 
dissinergia nos mecanismos de evacuação 
(constipação dissinérgica ou de saída) ou à 
hipossensibilidade retal no desencadeamento 
dos reflexos para a evacuação. 
O diagnóstico de constipação funcional pode ser feito 
apenas com os dados clínicos ou pode exigir 
investigação complementar. 
 
METEORISMO/FLATULÊNCIA 
 
 Meteorismo  é a distensão abdominal 
decorrente do acúmulo de gases no interior das 
alças intestinais. 
 Flatulência  designa o quadro de meteorismo 
acompanhado de desconforto e/ou dor abdominal 
e excessiva eliminação de gases através do ânus, 
que aliviará temporariamente os sintomas; se o 
acúmulo de gás (ar) estiver predominantemente 
no estômago (aerofagia), o alívio se dará pelaeructação. 
 O acúmulo se dá por excessiva produção de gases 
por ação bacteriana no intestino grosso (p. ex., na 
deficiência de lactase) ou de ar deglutido 
(aerofagia) e, ainda, por redução de sua 
eliminação, quando se associa à constipação 
intestinal. 
 É importante assinalar que o meteorismo com 
forte redução da eliminação de flatos integra o 
quadro clínico da obstrução intestinal. 
 
Outros sintomas 
 Icterícia 
 Sangramento digestivo. 
 
 
 
 
 
 
Gabriela Medeiros - Medicina 
 Referência: Tratado De Gastroenterologia: Da Graduação À Pós-Graduação. Schlioma Zaterka. 2ªed. 8
 
 
EXAME FÍSICO

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