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ANAMNESE DO SISTEMA DIGESTÓRIO

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Prévia do material em texto

Ana Victória Ribeiro Barbosa – M7 
ANAMNESE DO SISTEMA DIGESTÓRIO
 INTRODUÇÃO 
A anamnese é classicamente composta pelos 
seguintes tópicos: identificação, queixa principal, 
história da doença atual (HDA), interrogatório 
sistemático ou sintomatológico (IS), antecedentes 
(pessoais e familiares), hábitos de vida e história 
psicossocial (condições socioeconômicas e 
culturais). 
IDENTIFICAÇÃO 
A identificação é o perfil sociodemográfico do 
paciente que permite a interpretação de dados 
individuais e outros aspectos relacionados a ele. 
São elementos obrigatórios da identificação do 
paciente: nome, idade, sexo, cor/etnia, estado 
civil, escolaridade, profissão e local de trabalho, 
religião, naturalidade e procedência e grau de 
confiabilidade. 
 O registro do nome do paciente deve ser 
completo, sem abreviações. 
 A idade é quantificada em dias ou meses, 
no caso de crianças abaixo de 1 ano de 
idade, e em anos, no caso de indivíduos 
acima de 1 ano de vida. 
 O registro do sexo biológico é feito como 
masculino ou feminino. No entanto, o 
gênero pode diferir do sexo biológico e 
também deve constar na identificação. 
 O registro da cor/etnia deve basear-se na 
autodeclaração do paciente e recomenda-
se usar a seguinte nomenclatura: cor 
branca, cor parda, cor preta, etnia 
indígena, etnia asiática, entre outras. 
 A escolaridade e a religião são 
informações importantes da identificação, 
uma vez que interferem diretamente na 
vida do paciente e na sua relação com 
determinadas situações e doenças. 
 A naturalidade é o local onde o paciente 
nasceu e a procedência refere-se ao local 
de residência atual do paciente. 
QUEIXA PRINCIPAL 
Registra-se o motivo ou a queixa principal que 
levou o paciente a procurar atendimento médico, 
coloca-se exatamente como o paciente relata. 
Geralmente uma anotação entre aspas. 
HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL 
Cada sintoma principal deve ser bem 
caracterizado e deve incluir os 7 atributos de um 
sintoma: (1) localização; (2) características; (3) 
quantidade ou intensidade; (4) cronologia, 
inclusive início, duração e frequência; (5) a 
situação em que ocorre; (6) os fatores que 
agravam ou aliviam o sintoma; e (7) as 
manifestações associadas. 
PRINCIPAIS QUEIXAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO 
 Disfagia: define-se como dificuldade à 
deglutição. A disfagia que ocorre nas duas 
primeiras fases da deglutição é chamada 
de bucofaríngea, alta ou de transferência, 
e a disfagia da terceira fase da deglutição, 
de disfagia esofágica, baixa ou de 
transporte. 
A disfagia bucofaríngea pode ser 
facilmente reconhecida: o alimento 
permanece no todo ou em parte na 
cavidade bucal após a tentativa de 
deglutição, podendo haver aspiração para 
a árvore traqueobrônquica, seguida de 
tosse, ou regurgitação nasal. 
Na disfagia esofágica, o paciente tem a 
sensação de parada do bolo alimentar no 
esôfago, embora não possa localizar 
precisamente o nível da obstrução. Ela 
pode ocorrer devido a uma obstrução de 
natureza orgânica ou a alterações motoras 
De modo geral, a disfagia que se 
manifesta somente para sólidos é 
sugestiva de obstáculo mecânico, ao 
passo que a disfagia que ocorre tanto 
Ana Victória Ribeiro Barbosa – M7 
com alimentos sólidos como líquidos 
indica alteração da motilidade 
esofágica. É importante considerar a 
evolução da disfagia. Nas obstruções 
de natureza orgânica, a disfagia é 
intermitente nas membranas e anéis, 
e progressiva nas neoplasias e nas 
estenoses pépticas. Nos distúrbios 
motores do esôfago, a disfagia é 
intermitente no espasmo difuso e 
progressiva no megaesôfago ou 
acalasia. Disfagia transitória pode ser 
provocada por processos 
inflamatórios. 
 Odinofagia: dor que surge com a ingestão 
de alimentos, pode ocorrer como sintoma 
isolado, porém comumente está 
associada à disfagia. O caráter da dor é 
variável, sendo referida como dor urente, 
em punhalada, constritiva ou 
espasmódica. A dor urente representa 
grau mais intenso da pirose e é frequente 
na esofagite péptica, sendo exacerbada 
pela ingestão de alimentos ácidos ou 
condimentados. 
Nos distúrbios motores esofágicos, a 
odinofagia se deve a contrações 
musculares de maior intensidade no 
esôfago distal ou a lesões associadas da 
mucosa. 
 Afagia: significa obstrução esofágica 
completa, que, em geral, se deve a 
impactação do bolo alimentar e representa 
uma emergência médica. 
 Fagofobia: é o medo de deglutir, que pode 
ocorrer em casos de histeria, tétano, raiva 
e paralisia faríngea. Geralmente 
desencadeado por medo de aspiração de 
alimentos ou comprimidos. 
 Pirose: Comumente referida pelo paciente 
como azia ou queimação, é o principal 
sintoma do refluxo gastresofágico. Na 
maioria das vezes, é de localização 
retroesternal, sendo percebida no nível do 
apêndice xifoide, podendo propagar-se 
para a região epigástrica, para ambos os 
lados do tórax ou, mais comumente, em 
direção ascendente, até o nível do 
manúbrio esternal. Ocorre, quase sempre, 
após as refeições e pode ser desencadeada 
por determinados alimentos como frituras, 
bebidas alcoólicas, café, frutas cítricas e 
chocolate, ou pela posição de decúbito. 
Acompanha-se, às vezes, de regurgitação 
de pequenas quantidades de líquido de 
sabor azedo ou amargo. 
A pirose constante sugere insuficiência do 
mecanismo impediente do refluxo, cujas 
causas mais comuns são o relaxamento 
transitório do esfíncter inferior do esôfago, 
a hérnia hiatal e a hipotonia do esfíncter 
inferior do esôfago. 
 Dor esofágica: A dor esofágica 
“espontânea” distingue-se da odinofagia 
por não depender do ato de ingerir 
alimento, podendo, todavia, com ela 
coexistir. A dor espontânea pode ser 
causada por mudanças do pH intraluminal, 
atividade motora anormal ou processos 
inflamatórios ou neoplásicos da parede 
esofágica. O caráter da dor varia em função 
da doença-base. 
A dor esofágica pode ser confundida 
com dor cardíaca da insuficiência 
coronariana. A avaliação clínica pode 
necessitar de exames como a 
endoscopia digestiva alta e a 
manometria, bem como uma 
completa investigação cardiológica, 
tendo em vista que ambas as 
condições podem coexistir, sobretudo 
em pacientes idosos. 
 Regurgitação: a volta do alimento ou de 
secreções contidas no esôfago ou 
estômago à cavidade bucal, sem náuseas e 
sem a participação dos músculos 
abdominais. A regurgitação de pequena 
quantidade de líquido, pela manhã, é 
chamada de pituíta. 
 Hematêmese: ou vômito com sangue 
caracteriza a hemorragia digestiva alta, 
assim entendida aquela em que a sede do 
sangramento se localiza desde a boca até o 
ângulo de Treitz (transição 
duodenojejunal). 
A causa mais comum de sangramento são 
as varizes do esôfago. Na maioria das vezes 
é volumosa e contém sangue, ainda não 
Ana Victória Ribeiro Barbosa – M7 
alterado por ação do suco gástrico. 
Hematêmese de menor volume, de origem 
esofágica, pode ocorrer no câncer do 
esôfago e nas úlceras esofágicas. 
 Dor (estômago e duodeno): o sintoma 
mais frequente das doenças do estômago 
e duodeno. A dor visceral do estômago e 
do bulbo duodenal é percebida na linha 
mediana do epigástrio, poucos 
centímetros abaixo do apêndice xifoide. 
Esta é a localização indicada pela maioria 
dos pacientes com úlcera péptica. Também 
a exibem, menos frequentemente, 
pacientes com gastrite e câncer gástrico. 
 Dispepsia: trata-se de um grupo 
heterogêneo de sintomas localizados no 
andar superior do abdome, na maior parte 
das vezes na região epigástrica, atribuídos 
a alterações gastroduodenais. 
Pode ser definida pela presença de um ou 
mais dos seguintes sintomas: plenitude 
pós-prandial, saciedade precoce, 
epigastralgia e queimação epigástrica. Tais 
manifestações podem ou não vir 
acompanhadas de outros sintomas 
gastrintestinais, como eructações, náuseas 
e vômito. Podem ser causados por doenças 
estruturais (gastrite, úlcera péptica, 
neoplasias), metabólicas (gastroparesia) e 
funcionais (quando nenhuma causa 
orgânica reconhecível justifica a 
sintomatologia).O diagnóstico diferencial deve ser feito 
com dor de origem não dispéptica, 
como litíase biliar, pancreatite, tumor 
de pâncreas, parasitoses, isquemia 
mesentérica e doenças não 
abdominais como infarto agudo do 
miocárdio e pneumonia. 
 Plenitude pós-prandial e saciedade 
precoce: plenitude pós-prandial é a 
sensação de persistência prolongada de 
alimentos no estômago após uma refeição, 
gerando desconforto. A saciedade precoce 
é definida como a sensação de que o 
estômago está cheio logo após o início de 
uma refeição, impedindo que seja 
terminada. Podem estar presentes de 
forma isolada ou acompanhando a dor 
epigástrica. 
 Náusea e vômito: são manifestações 
comuns das doenças do estômago e do 
duodeno. As náuseas são definidas como 
uma sensação desagradável relacionada à 
necessidade iminente de vomitar, 
localizada no epigástrio ou na garganta. O 
vômito é caracterizado pela expulsão 
forçada do conteúdo gástrico ou intestinal 
pela boca, associado à contração dos 
músculos abdominais e torácicos. 
A ocorrência de vômitos acompanhando as 
crises dolorosas não denota 
necessariamente obstrução do trato de 
saída do estômago. 
Quantidades elevadas de bile no vômito 
sugerem obstrução intestinal alta. Quando 
há sangue (hematêmese), isto denota 
sangramento a montante do ângulo de 
Treitz e pode corresponder a hemorragia 
proveniente de úlcera péptica ou câncer 
gástrico. É importante enfatizar que 
náuseas e vômito frequentemente têm 
origem extradigestiva. 
De fato, podem ser causados por doenças 
sistêmicas tão diversas como intoxicações 
exógenas, afecções do sistema nervoso 
central, infarto do miocárdio, litíase e 
insuficiência renal, infecções de diferentes 
naturezas e hipertireoidismo. 
DIARREIA 
A diarreia é a manifestação mais comum das 
doenças do intestino delgado, definida como 
aumento do teor líquido das fezes, 
frequentemente associado ao aumento do 
número das evacuações e do volume fecal (maior 
que 200 g em 24 horas). 
Mecanismos da diarreia 
 Aumento da pressão osmótica do 
conteúdo intraluminal (diarreia 
osmótica). O acúmulo de substâncias não 
absorvíveis no intestino delgado pode 
determinar retardo da absorção de água e 
eletrólitos ou passagem de líquidos do 
Ana Victória Ribeiro Barbosa – M7 
meio interno para o lúmen intestinal. Este 
tipo de diarreia aparece quando há defeito 
na digestão ou na absorção de nutrientes, 
como se observa na síndrome de má 
absorção e na deficiência das 
dissacaridases (lactase, frutase ou 
sacarase) ou na ingesta de nutrientes mal 
absorvidos, como magnésio, manitol, 
sorbitol. 
 Aumento da secreção de água e 
eletrólitos pela mucosa intestinal 
(diarreia secretora). Este mecanismo 
ocorre mais comumente quando há 
estímulos à síntese de monofosfato de 
adenosina (AMP) cíclico intracelular, por 
ação de enterotoxinas bacterianas (Vibrio 
cholerae, Escherichia coli) e por alguns 
medicamentos (teofilina, prostaglandinas). 
Pode ocorrer ainda por ação hormonal, 
como nos tumores neuroendócrinos 
produtores de serotonina ou peptídio 
vasointestinal ativo (VIP). 
 Aumento da permeabilidade da mucosa 
intestinal (diarreia exsudativa). Alterações 
inflamatórias, neoplásicas ou isquêmicas 
na mucosa intestinal resultam em 
passagem anormal de líquidos do meio 
interno para o lúmen do intestino delgado. 
São exemplos a diarreia das doenças 
inflamatórias e dos linfomas difusos do 
intestino delgado. 
 Alteração da motilidade do intestino 
delgado (diarreia motora). Este 
mecanismo ocorre quando há uma 
alteração capaz de modificar o padrão 
normal do trânsito no intestino delgado. 
São exemplos o hipertireoidismo e a 
diarreia funcional, condições nas quais o 
trânsito pelo intestino delgado é 
acelerado. 
É importante diferenciar a diarreia 
verdadeira de diarreia paradoxal 
(ocorre especialmente em idosos, em 
que pequenas porções de fezes 
líquidas extravasam ao redor de um 
fecaloma) e incontinência fecal 
(incapacidade de controlar a 
eliminação de fezes). Sempre que tiver 
oportunidade, o médico deve 
examiná-las pessoalmente. 
São classificadas como agudas quando duram 
menos de 14 dias (e tendem a ter etiologia 
bacteriana, viral, alérgica ou por toxina), crônicas, 
se duram mais que 1 mês (tendem a ser não 
infecciosas), e subagudas, entre 15 e 30 dias. 
A presença de sangue sugere etiologia 
inflamatória, assim como a presença de pus. 
Dejeções líquidas, sem características invasivas ou 
– aspecto de esteatorreia sugerem etiologia 
secretora ou osmótica, sendo que a segunda 
melhora com jejum e a primeira, não. 
 Esteatorreia: em condições normais, o 
aumento do consumo de lipídios não 
acarreta a elevação da gordura fecal, 
traduzindo a enorme capacidade do 
organismo de promover a digestão e a 
absorção dos nutrientes, em geral, e das 
gorduras, em particular. 
A esteatorreia é definida como o aumento 
da quantidade de gordura excretada nas 
fezes (mais de 7 g de gordura ou 9% do 
consumo, em 24 horas). 
Essa condição pode ser decorrente de 
vários mecanismos, os quais se relacionam 
com má absorção exclusiva do 
componente lipídico da alimentação ou de 
todos os macronutrientes: hidratos de 
carbono, proteínas e gorduras. Pode ser 
completamente inaparente, o que é mais 
provável de acontecer quando o aumento 
da excreção fecal de gorduras é de pouca 
monta. 
 Dor abdominal: sintoma comum das 
doenças do intestino delgado. Na 
caracterização semiológica da dor 
abdominal, é importante considerar a 
localização, a irradiação, a intensidade, o 
modo de início, as variações cronológicas, 
os fatores de melhora e de piora e as 
manifestações associadas. 
Quando a dor tem origem exclusiva no 
intestino, sem que haja participação 
peritoneal, a sua localização é, em geral, 
imprecisa, sendo indicada pelo paciente 
Ana Victória Ribeiro Barbosa – M7 
em algum ponto próximo da região 
umbilical. 
Quando há comprometimento dos 
segmentos mais distais do íleo, ela se 
localiza um pouco abaixo da cicatriz 
umbilical, entre o mesogástrio e o 
hipogástrio. Se sua origem for no íleo 
terminal, é percebida no quadrante 
inferior direito. Quando decorre de uma 
peritonite restrita, sua localização 
corresponde ao local da sede do processo 
inflamatório. 
Por fim, quando há peritonite 
generalizada, ela é sentida difusamente 
por todo este local. 
 
 
A irradiação da dor para outros locais depende do 
mecanismo etiopatogênico e da intensidade da 
estimulação dolorosa. Quando é motivada por 
distensão das paredes do intestino ou por 
contração vigorosa da sua musculatura, a dor é 
irradiada para o dorso somente se o estímulo for 
muito intenso. Quando há peritonite restrita, 
produzindo dor que se localiza em um ou outro 
quadrante inferior do abdome, pode haver 
irradiação para a base da coxa, 
independentemente da intensidade do estímulo 
doloroso. 
 
A avaliação da intensidade da dor nem sempre é 
fácil, dado o seu caráter subjetivo. Depende da 
sensibilidade de cada pessoa e da natureza e da 
intensidade do processo patológico. Influem 
também os estados físico e emocional do 
paciente, se há outros sintomas e o efeito de 
medicamentos usados. Alguns indicadores da 
intensidade da dor são: mudanças importantes na 
vida do paciente, diminuição da capacidade de 
exercer as atividades usuais, interesse em 
procurar tratamento sintomático ou atendimento 
médico e necessidade de uso de analgésicos 
injetáveis. 
A ocorrência de manifestações autonômicas, 
como náuseas, vômito, sudorese, palidez cutânea 
e inquietude, indica dor abdominal intensa. 
É preciso se lembrar de obter dados 
sobre a natureza ou caráter da dor. A 
dor visceral, originada da distensão ou 
da contração das paredes musculares 
do intestino, costuma ser descrita 
como tendo caráter de “distensão” ou 
“torção”. Quando há alterações 
inflamatórias, congestivas ou 
isquêmicas, é possível que se apliquem 
as designações “constrição” ou 
“peso”. Sensações semelhantes a 
“queimação” ou “pontada” podem ser 
empregadas quando háparticipação 
do peritônio perivisceral no processo 
inflamatório. 
O modo de início, abrupto ou vagaroso, pode 
auxiliar na descoberta da natureza do processo 
patológico. A duração de todo o quadro, 
permitindo sua caracterização como agudo, 
Ana Victória Ribeiro Barbosa – M7 
subagudo, crônico, redicivante, guarda relação 
direta com a evolução das várias doenças do 
intestino delgado. 
Contribuem, também, para o reconhecimento das 
causas de dor abdominal as modificações deste 
sintoma em função das mudanças de posição do 
paciente. Quando a dor é gerada exclusiva ou 
predominantemente em segmentos do intestino, 
sem que haja comprometimento do peritônio, o 
paciente tende a movimentar-se intensamente, à 
procura de posições mais confortáveis, fletindo o 
tronco ou comprimindo o abdome com as mãos. 
De modo diferente, quando a dor provém de 
inflamação do peritônio, o paciente tende a ficar 
imóvel e quieto, pois os movimentos de flexão do 
tronco ou a compressão do abdome com as mãos 
costumam piorar a dor. O mesmo acontece com a 
tosse ou a movimentação brusca para sentar-se ou 
mudar de posição. 
Outros dados de interesse são os efeitos da 
alimentação sobre a dor e a ocorrência 
concomitante de vômitos, distensão abdominal, 
meteorismo e modificações na eliminação de 
gases e fezes. 
Quanto à alimentação, deve-se ficar atento para o 
fato de que, na maioria das vezes, há diminuição 
significativa da vontade de comer durante os 
episódios de dor, independentemente da causa 
que os origine. Quando está diretamente 
relacionada com o comprometimento do tubo 
digestório, a alimentação pode desencadear ou 
agravar a dor, o que nem sempre ocorre quando 
ela advém de inflamação peritoneal ou de uma 
afecção não ligada ao tubo digestivo. 
 Distensão abdominal, flatulência e 
dispepsia: grande número de doenças do 
intestino delgado, em especial nas 
associadas à má absorção, pode ocorrer 
um conjunto de sintomas indicativos de 
repleção abdominal, provocados por 
aumento do conteúdo gasoso do tubo 
digestivo. Estes sintomas, em geral, 
apresentam-se junto com diarreia, 
esteatorreia ou dor abdominal, mas 
também podem ocorrer isoladamente. 
Sintomas dispépticos são sensações 
desagradáveis, de natureza variada, 
atribuíveis às porções proximais do 
tubo digestório (estômago e 
duodeno). Frequentemente, ocorrem 
em associações diversas que incluem 
eructações, desconforto ou dor 
localizados no epigástrio, saciedade 
precoce, plenitude ou empachamento 
pós-prandial e náuseas, 
acompanhadas ou não de vômito. 
Estes sintomas são produzidos por 
vários mecanismos etiopatogênicos, 
destacando-se o aumento do 
conteúdo líquido do intestino delgado, 
má absorção ou deficiência de 
propulsão, e excesso de gases pela 
fermentação bacteriana de açúcares 
não absorvidos. 
 Hemorragia digestiva: embora não seja 
manifestação comum das doenças do 
intestino delgado, tem importância no 
diagnóstico etiológico e no prognóstico do 
paciente. 
Quase sempre o sangramento no intestino 
delgado provoca aumento do teor líquido 
das fezes. Daí ser comum a associação de 
melena com amolecimento das fezes e 
aumento do número de evacuações ou 
com diarreia exuberante. Junto com a 
mudança da cor e da consistência, costuma 
haver modificação do aspecto das fezes, 
que ficam mais viscosas e aderentes. Nesse 
caso, os pacientes se referem à eliminação 
de “graxa” ou “cola” pretas. Quase 
invariavelmente, a melena apresenta outra 
característica peculiar: o odor pútrido. 
Menos comumente, a hemorragia no 
intestino delgado expressa-se por 
enterorragia, isto é, eliminação de sangue 
vivo pelo ânus. Mesmo quando o 
sangramento no intestino delgado se 
expressa por enterorragia, é provável que 
apareça também melena ou que o aspecto 
do sangue eliminado sugira algum grau de 
digestão. 
 Febre: é manifestação comum nas doenças 
infecciosas, inflamatórias e neoplásicas do 
intestino delgado. Na maioria das vezes, 
apresenta-se junto com diarreia ou dor 
abdominal, mas, em certos casos, constitui 
Ana Victória Ribeiro Barbosa – M7 
manifestação isolada, precedendo em 
semanas ou meses o surgimento destas. 
Ela resulta, provavelmente, da absorção de 
substâncias pirogênicas produzidas pela 
digestão de sangue extravasado para o 
lúmen do tubo digestório. 
Febre alta, de início súbito, associada a 
mal-estar pode acompanhar a diarreia 
aguda, de curso benigno e autolimitado, 
cuja causa são as infecções bacterianas ou 
virais. Nas salmoneloses, a febre inicia-se 
vários dias após o aparecimento da 
diarreia, ou mesmo após esta ter cessado. 
Febre alta, junto com dor abdominal aguda 
e intensa, é quase constante na inflamação 
peritoneal própria da diverticulite ou dos 
períodos de reagudização da doença de 
Crohn. 
Febre baixa, episódica, coincidindo ou não 
com piora de outras manifestações, como 
a diarreia, pode ocorrer nas doenças 
celíaca, de Whipple, de Crohn e nos 
linfomas. Nestas neoplasias, em particular, 
a febre pode aparecer somente à noite e 
ser acompanhada de sudorese profusa. 
 Perda de peso: é uma alteração comum 
nas doenças do intestino delgado, estando 
relacionada com alimentação deficiente, 
má absorção ou aumento do consumo 
metabólico. 
São essenciais informações corretas e 
detalhadas sobre a alimentação do 
paciente em relação à evolução do 
emagrecimento. A anamnese deve enfocar 
o apetite, a disposição para comer e as 
características da alimentação, incluindo 
quantidade e qualidade dos alimentos, 
número, tipo e horário das refeições. 
Quando as informações sugerem redução 
da ingestão, convém verificar se existem 
razões aparentes, tais como alterações do 
estado emocional, sintomas que se 
agravem pela alimentação, uso 
concomitante de medicamentos e falta de 
alimentos. 
 Anemia: doenças do intestino delgado 
podem provocar anemia, manifestada por 
palidez da pele, astenia, fraqueza 
muscular, fadiga ou cansaço, sonolência, 
irritabilidade, vertigens, zumbidos e 
percepção de “moscas volantes”. A anemia 
pode decorrer de deficiência de ferro, 
vitamina B12 e/ou folatos, desnutrição 
proteica, depressão “tóxica” da 
eritropoese e hemorragia digestiva. 
 Icterícia: um sinal muito comum nas 
diversas doenças pancreáticas. A dosagem 
da bilirrubinemia mostra predomínio da 
fração direta, indicando colestase extra-
hepática. 
Pode ser discreta e fugaz na pancreatite 
aguda, principalmente na forma 
edematosa, por uma das seguintes razões: 
(1) obstrução do colédoco terminal, 
determinando a icterícia e a própria 
pancreatite; (2) edema do tecido 
pancreático, comprimindo o colédoco 
intrapancreático e causando a icterícia ou 
contribuindo para o aumento da 
obstrução. 
Pode ser de grande intensidade, 
acompanhada de prurido, colúria e, às 
vezes, acolia fecal. Nesta eventualidade, a 
causa, quase sempre, é uma obstrução do 
colédoco terminal provocada por – cistos 
ou neoplasias localizadas na porção 
cefálica do pâncreas, ocasionada por 
fibrose desta área, como na pancreatite 
crônica. 
INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO 
A principal utilidade prática do IS reside no fato de 
permitir ao médico levantar possibilidades e 
reconhecer enfermidades que não guardam 
relação com o quadro sintomatológico registrado 
na HDA. 
 Associados ao sistema digestório: 
• Alterações do apetite: Polifagia ou hiperorexia; 
inapetência ou anorexia; perversão do apetite 
(geofagia ou outros tipos). 
• Sialorreia: Excessiva produção de secreção 
salivar. 
• Halitose: Mau hálito. 
Ana Victória Ribeiro Barbosa – M7 
• Dor: Dor de dente, nas glândulas salivares, na 
língua (glossalgia), na articulação 
temporomandibular. Trismo. 
• Ulcerações/Sangramento: Causa local ou doença 
do sistema hemopoético. 
 Parede abdominal: 
• Dor: Localização e outras características 
semiológicas. 
• Alterações da forma e do volume: Crescimento 
do abdome; hérnias; tumorações. 
 Estômago: 
• Dor: Localização na região epigástrica; outras 
características semiológicas. 
• Náuseas e vômitos:Horário em que aparecem; 
relação com a ingestão de alimentos; aspecto dos 
vômitos. 
• Dispepsia: Conjunto de sintomas constituído de 
desconforto epigástrico, empachamento, 
sensação de plenitude 
• Distensão por gases, náuseas, intolerância a 
determinados alimentos. 
 Intestino delgado: 
• Diarreia: Duração; volume; consistência, aspecto 
e cheiro das fezes. 
• Esteatorreia: Aumento da quantidade de 
gorduras excretadas nas fezes. 
• Dor: Localização, contínua ou em cólicas. 
• Distensão abdominal, flatulência e dispepsia: 
Relação com ingestão de alimentos. 
• Hemorragia digestiva: Aspecto “em borra de 
café” (melena) ou sangue vivo nas fezes 
(enterorragia). 
• Pirose: Sensação de queimação retroesternal. 
 Cólon, reto e ânus: 
• Dor: Localização abdominal ou perianal; outras 
características semiológicas; tenesmo. 
• Diarreia: Diarreia baixa; aguda ou crônica; 
disenteria. 
• Obstipação intestinal: Duração; aspecto das 
fezes. 
• Sangramento anal: Relação com a defecação. 
• Prurido: Intensidade; horário em que 
predomina. 
• Distensão abdominal: Sensação de gases no 
abdome. 
• Náuseas e vômitos: Aspecto do vômito; vômitos 
fecaloides. 
 Fígado e vias biliares: 
• Dor: Dor contínua ou em cólica; localização no 
hipocôndrio direito; outras características 
semiológicas. 
• Icterícia: Intensidade; duração e evolução; cor da 
urina e das fezes; prurido. 
ANTECEDENTES PESSOAIS 
Os antecedentes avaliam a condição de saúde 
passada e presente do paciente, conhecendo 
fatores pessoais (fisiológicos), patológicos e 
familiares que influenciam seu processo saúde-
doença. 
Nos antecedentes pessoais é feito o registro dos 
principais acontecimentos considerados 
fisiológicos daquele indivíduo, como gestação e 
nascimento, desenvolvimento neuropsicomotor e 
desenvolvimento sexual. 
Nos antecedentes patológicos, investiga-se as 
doenças sofridas pelo paciente: começando-se 
pelas mais comuns na infância (sarampo, varicela, 
coqueluche, caxumba, moléstia reumática, 
amigdalites) e passando às da vida adulta 
Ana Victória Ribeiro Barbosa – M7 
(pneumonia, hepatite, malária, pleurite, 
tuberculose, hipertensão arterial, diabetes, 
artrose, osteoporose, litíase renal, gota, entre 
outras). 
Além disso, são investigadas alergias, cirurgias 
prévias (registrar a data, o tipo de cirurgia, o 
diagnóstico que a justificou e o nome do hospital 
onde foi realizada), histórico de traumatismo 
(indagar sobre o acidente em si e sobre as 
consequências deste) e transfusões sanguíneas 
(anotar número de transfusões, quando ocorreu, 
onde e por que). 
Para pacientes do sexo feminino, registra-se a 
história obstétrica da mesma: número de 
gestações (G); número de partos (P); número de 
abortos (A); número de prematuros e número de 
cesarianas (C). Para pacientes do sexo masculino, 
questiona-se o número de filhos. 
Encerra-se a investigação dos antecedentes 
patológicos questionando sobre as imunizações 
do paciente (qual vacina; época da aplicação/ 
doses) e os medicamentos em uso (nome, 
posologia, motivo, quem prescreveu). 
Os antecedentes familiares começam com a 
menção ao estado de saúde (quando vivos) dos 
pais, irmãos, cônjuge e filhos. Não esquecer dos 
avós, tios e primos do paciente. Se tiver algum 
doente na família, esclarecer a natureza da 
enfermidade. Em caso de falecimento, indagar a 
causa do óbito e a idade em que ocorreu. 
Pergunta-se sistematicamente sobre a existência 
de enxaqueca, diabetes, tuberculose, hipertensão 
arterial, câncer, doenças alérgicas, doença arterial 
coronariana, acidente vascular cerebral, 
dislipidemias, úlcera péptica, colelitíase e varizes, 
que são as doenças com caráter familiar mais 
comuns. Quando o paciente é portador de uma 
doença de caráter hereditário (hemofilia, anemia 
falciforme, rins policísticos, erros metabólicos), 
torna-se imprescindível um levantamento 
genealógico mais rigoroso e, nesse caso, recorre-
se às técnicas de investigação genética. 
HÁBITOS DE VIDA 
Os principais tópicos abordados são: 
Alimentação: discriminar sua alimentação 
habitual, especificando, tanto quanto possível, o 
tipo e a quantidade dos alimentos ingeridos. 
Ocupações anteriores: questionar e obter 
informações tanto da ocupação atual quanto das 
ocupações anteriores exercidas pelo paciente. 
Atividades físicas: questionar qual tipo de 
exercício físico realiza; frequência; duração; e 
tempo que pratica. 
Tabagismo: tipo, quantidade (carga tabágica), 
frequência, duração do vício; abstinência (se já 
tentou parar de fumar). 
Álcool: tipo de bebida e a quantidade 
habitualmente ingerida, frequência, duração do 
vício; abstinência (se já tentou parar de beber). 
CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS 
Este item aborda as condições socioeconômicas e 
culturais do indivíduo e tem como objetivo 
principal, conhecer melhor o paciente fora do 
contexto da doença. As principais áreas 
abordadas – são: habitação, família e relações 
pessoais, condição socioeconômica, lazer, entre 
outros. 
Condições de moradia: se mora em casa ou 
apartamento, se a casa é feita de alvenaria ou não, 
qual a quantidade de cômodos, se conta com 
saneamento básico (água tratada e rede de 
esgoto), com coleta regular de lixo, se abriga 
animais domésticos, entre outros. 
Questão familiar: relacionamento entre pais e 
filhos, entre irmãos e entre cônjuges. Neste 
momento, pode-se perguntar também sobre 
outras redes de apoios que o paciente possa vir a 
ter. 
Por fim, costuma-se indagar sobre o trabalho do 
paciente: situação profissional, rendimento 
mensal, se há dependência econômica de 
parentes ou instituição. Além disso, pode-se 
perguntar sobre o grau de escolaridade, 
religiosidade, tradições e crenças, 
comportamentos e hábitos alimentares.

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