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1 – Principal causa de mortes até 45 anos Trauma abdominal 10% Trauma abdominal > lesão visceral > peritonite ou hemorragia Lesões associadas Orgão sólidos: fígado, baço, pâncreas e rins Órgãos ocos: esôfago, estômago, intestinos, reto, bexiga Outras estruturas: coluna, diafragma, pelve, vasos calibrosos Lesão = hemorragia = choque ou infecção Locais que podem armazenar grande quantidade de sangue e causar hipovolemia: Cavidade intraperitoneal Torácica Espaço retroperitoneal Ossos longos/ bacia + comumente afetado + susceptível a lesões graves Alta mortalidade e morbidade ATLS Avaliação clínica minuciosa (boa parte dos quadros de hemoperitônio decorrentes de lesão visceral são assintomáticos) Fatores que atrapalham: Dor referida em outro local Rebaixamento do nível de consciência Lesão medular História e mecanismo de trauma: Coletada da vítima, acompanhantes ou socorristas Biomecânica do trauma, estado inicial da vítima no local, diagnósticos já realizados pela equipe, resposta a infusão de fluídos e tempo desde o trauma, outras vítimas no local Automobilístico Tipo de colisão Localização e intensidade da deformação externa Vítimas ejetadas Morte de ocupantes Dispositivos de segurança Deformação espaço interno Posicionamento no veículo 2 – Moto ciclístico Uso e tipo de capacete Superfície onde ocorreu o trauma Eventos relacionados ao trauma: ejeção ou atropelamento subsequente Queda Altura Superfície onde ocorreu Anteparos antes de atingir o solo Parte do corpo que sofreu primeiro impacto Ferimentos penetrantes Sexo do agressor Número de lesões Lado Posição do corpo atingido Tipo de arma (tamanho e diâmetro) Ferimento por arma de fogo Tipo de arma Calibre Distância do desparo Número de lesões Local do corpo atingido Exames de orifícios de entrada e de saída do projetil Fechado (contuso) Direto Indireto Aberto Penetrante Perfurante Direto: exemplo impacto contra cinto de segurança, queda do tanque de lavar roupa sobre criança Indireto: - Mecanismos de aceleração e desaceleração (transferência de energia cinética, através da parede abdominal para órgão internos) como em acidentes de trânsito ou quedas Compressão Pode ser associado a fratura de pelve, que aumenta muito o sangramento e muitas vezes sem sinais externos Ruptura do diafragma Lacerações, cisalhamentos de pedículos vasculares, esmagamentos e roturas nos locais de transição e fixação anatômica. Baço 40-55%, fígado 35-45% das lesões. Penetrantes: afetam peritônio, comunicando cavidade abdominal com exterior Perfurantes: envolvimento visceral * Ferimentos do dorso, períneo, região de glúteos e tórax podem comprometer estruturas abdominal, portanto ferimentos nesses locais, necessita investigação de possível trauma abdominal na investigação 3 – + importante inicialmente é reconhecer a presença da lesão, o diagnóstico topográfico é secundário Quadro clinico: choque hemorrágico sem causa aparente Excluir outros locais: tórax, bacia, ossos longos Excluir causas de choque não hemorrágico Exame físico pode ser normal na admissão, dever ser repetido várias vezes pelo mesmo examinador * Opióides devem ser evitados (hipotensão, aumenta depressão respiratória, alteração dos sintomas (atrapalham a valorização clínica) Sonda nasogástrica: - Descomprime estomago, diminui risco de aspiração - Detectar sangue - Contra-indicada em fratura de face ou crânio - Sonda vesical - Débito urinário > avaliação da reposição volêmica - Hematúria macroscópica - Contra-indicada: uretrorragia, hematoma de bolsa escrotal Face anterior, posterior, laterais, nádegas, região perineal, hematomas, escoriações contusas, ferimentos abertos Ausculta: presença ou ausência de ruídos hidroaéreos (presença de sangue pode reduzir RHA) Percussão: macicez difusa > hemoperitônio Rigidez involuntária > irritação peritoneal Dor a descompressão brusca pode indicar peritonite Irritação peritoneal pode indicar necessidade de cirurgia, porém estabilidade hemodinâmica permite realizar TAC previamente para melhor estadiamento da lesão e eventualmente indicar tratamento sem cirurgia Testar estabilidade da pelve Toque retal (sangue, fragmentos ósseos, retropneumoperitônio quando a crepitação da parede posterior do reto, lesão medular quando há atonia esfincteriana, lesão uretral quando há posição alta da próstata) Exame vaginal, pênis, períneo Achado clínico positivo pode indicar presença de lesão, porém ausência de achados não exclui 4 – Fatores que interferem na avaliação abdominal - Nível de consciência - Lesão medular cervical - Fx de costela baixa ou de pelve - Anestesia, devido a outros procedimentos 1) Instabilidade hemodinâmica + sinais óbvios de trauma abdominal = LAPEX (laparotomia exploratória) 2) Pacientes conscientes, mecanismo de trauma pouco sugestivo e sem achados suspeitos no exame físico = observação e EF seriado 3) Rebaixamento do nível de consciência, com sinais sugestivos ou inconclusivos ao EF e mecanismo de trauma suspeito = investigação a) Paciente instável mesmo após reposição hídrica → USG ou TAC b) Estáveis →TAC (tomografia computadorizada) *FAST Laboratoriais: - Hb + Ht (valor inicial serve para controle) - Tipagem sanguínea - Leucometria - Amilasemia - Dosagem de álcool e outras drogas - Teste de gravidez - Parcial de urina *laboratoriais seriados Radiológico - Rx tórax com cúpulas para avaliar pneumoperitoneo - Rx abdome ortostático: retropneumoperitônio - Raios X de tórax PA + P: fx costela - Raios X coluna lombo-sacra AP e perfil - Raios X coluna toracolombar AP e perfil - Raios X coluna cervical AP + perfil - Raios X de bacia AP Radiografias contrastadas em pacientes estáveis - Uretrocistografia injetora: verificar lesão de uretra - Urografia excretora: verificar lesão renal (TAC substitui esse exame) - Seriografia de esôfago, estômago e duodeno - Enema baritado de colon Ultrassonografia Abdominal FAST (Focused Assessment for Sonography in Trauma 1) Deveria ser feito em toda a sala de admissão junto com a TAC 2) Objetivo: detecção de hemoperitônio (diagnóstico que há lesão e não qual lesão é) 3) 4 regiões: pericárdio, fossa hepatorrenal, fossa esplênica e pelve 5 – 4) Após condutas iniciais o exame pode ser repetido para procurar hemoperitônio progressivo 5) Substitui o lavado peritoneal Lavado peritoneal: - Cateter infraumbilical - Aspiração: conteúdo gastro intestinal, fibras vegetais, bile, 10 ml de sangue em pacientes instáveis > indicam LAPEX - Se não tiver indicação de LAPEX: introduz 1000ml de solução cristalóide aquecida, aspira e envia laboratório (100mil hemácia, 500 leucócitos, gram positivo para fibras alimentares, ou bactérias indicam cirurgia) - Lavagem negativa não exclui possível necessidade de cirurgia - Contraindicação: obesidade mórbida, gravidez, cirurgias prévias, coagulopatias, cirrose avançada - Contraindicação absoluta: indicação de LAPEX - Limitações: sangue retroperitonial, não diferencia sangramento grave de sangramento irrisório - Feridas abertas confundem o diagnóstico Tomografia computadorizada - Somente nos casos que não tem indicação de LAPEX - Contrastes melhoram os resultados - Tórax e pelve - Baixa especificidade lesões gastrointestinais, diafragmáticas e pâncreas - Ausência de lesão hepáticae esplênica + liquido livre apenas sugere lesão gastrointestinal. Laparoscopia - Limitações: cirurgião capacitado, risco pneumotórax hipertensivo, embolia gasosa, alto custo, não pode ser realizado em pacientes instáveis - Evolução de materiais e técnica motiva o aumento do seu uso - Melhor indicada em lesões perfurantes, podendo evitar LAPEX em até2/3 - No trauma contuso serve como adjuvante de avaliação Toracoscopia: - Hemotórax retido - Pneumotórax persistente - Avaliação do diafragma nas lesões tóraco-abdominais penetrantes - Coleções infectadas do espaço pleural - Diagnóstico e tratamento de sangramento contínuo Não operatório: - Observação clínica - Não usar analgésicos opioides e antibióticos - Monitorização continua - Jejum pelo menos 12 h - Repouso absoluto - Exame físico repetido pelo mesmo examinador - Laboratoriais seriados 6 – *atenção em hipotensão arterial, taquicardia, febre ou dor a palpação abdominal - TAC propicia tratamento conservador, já que avalia extensão de lesões parenquimatosas e exclui outras lesões significantes * Decisão final: quadro clínico (resposta reposição de fluídos, estabilidade hemodinâmica) + TAC + avaliação de cirurgião experiente Cirúrgico: - Irritação peritoneal - Instabilidade hemodinâmica (descartada outra causa) - Sangramento retal após ferimento penetrantes - Instrumentos empalados Indicações de cirurgia imediata • Instabilidade hemodinâmica • Trauma abdominal • Fratura em livro aberto Damage control • Laparotomia abreviada - Manutenção de ambiente anatômico estável para impedir progressões fisiológicas para estado metabólico irreversível - Hipotermia, acidose metabólica, incoagulabilidade sanguínea - Second look em torno de 48h Ascite Acúmulo de líquido livre na cavidade peritoneal Não representa uma doença, mas uma manifestação comum a várias patologias Transudado fisiológico em torno de 100ml (lubrificação das membranas peritoneais Derrames com sangue (Hemoperitônio) ou com pus (pioperitônio) não representam ascite 1) Doenças com hipertensão portal (80- 85%) - Cirrose - Insuficiência hepática fulminante - Retardo/obstrução ao fluxo de saída do sangue hepático: Insuficiência cardíaca congestiva, pericardite constritiva, miocardiopatia restritiva, Síndrome de Budd – Chiari, doença veno-oclusiva 2) Neoplasias (10%) 3) Infecções: Tuberculose peritoneal, AIDS ( 6%) 4) Renal: síndrome nefrótica 5)Endócrina: hipotireoidismo (mixedema) 6) Pancreática 7) Biliar 8) Urinária 9) Lúpus eritematoso sistêmico Anamnese: História de etilismo, hepatites, transfusão sanguínea, história familiar de neoplasias 7 – Exame físico Observação: Avaliar presença de circulação colateral, telangestacias, edema periférico e ascite (abdome globoso em avental ou batráqueo, com cicatriz umbilical plana ou evertida). Sinal de Piparote (Morgani): Paciente em decúbito dorsal, dá- se um “peteleco” em um dos flancos do paciente e tenta sentir a propagação da força no outro flanco (positivo em ascites volumosas). Macicez de decúbito análise diferencial dos sons da percussão abdominal quando o pacientes se posiciona em várias angulações de decúbito lateral (melhor método semiológico). Paracentese - Exame obrigatório no paciente com ascite. Ecografia - Método de escolha para detecção de ascite. Permite, inclusive, elucidar a causa da ascite e evidenciar derrame encistado. Tomografia - Ótima sensibilidade, porém muito caro. Radiografia - Pouco valor na prática clínica. Estágio I Somente detectada pela ultrassonografia. Estágio II Ascite moderada, detectada no exame físico. Estágio III Grande ascite, com importante distensão abdominal. Inserção de agulha na cavidade peritoneal para remoção de líquido ascítico Diagnóstica ou terapêutica Forma mais eficiente de detectar se o liquido está infectado • Paracentese diagnóstica: Ascite de início recente Hospitalização de pacientes com ascite Piora clínica de pacientes portadores de ascite (febre, dor abdominal, encefalopatia hepática, leucocitose, piora da função renal, acidose, dentre outros) • Paracentese Terapêutica Remoção de grandes volumes de ascite para alívio dos sintomas compressivos (recomenda-se reposição de albumina se > 5 litros) Ascites resistentes ao tratamento clínico otimizado Contraindicações - Absolutas: Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD), fibrinólise primária e local de punção com cicatriz cirúrgica ou infecção. Relativas: coagulopatia (não requer transfusão profilática) Complicações Vazamento de líquido de ascite no local puncionado 5% Hemorragia severa 0 – 0,9% 8 – Infecção decorrente da punção 0,5 – 0,6% Morte associada à paracentese 0 – 0,3% 1. Explicar o procedimento ao paciente e obter o consentimento; Jejum e bexiga vazia. 2. Separar todo o material incluindo frascos e rotulá-los, preencher pedido de exames 3. O paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal, com a cabeceira discretamente elevada; 4. Localizar as referências anatômicas e o sítio de punção (traçar uma linha imaginária da cicatriz umbilical à espinha ilíaca ântero-superior esquerda e dividi- la em três partes; a inserção da agulha deve ocorrer na junção entre o terço médio e o inferior); 5. Após paramentação, deve-se realizar a assepsia e antissepsia do local e a anestesia local. Após infiltração subcutânea com lidocaína, deve-se progredir lentamente – sempre aspirando – até verificar a presença de líquido ascítico na seringa; 6. Inserção da agulha ou cateter em um ângulo de 90 graus, realizando a técnica do trajeto “Z”; 7. Coletar o material necessário (50- 60ml para diagnóstico); 8. Colocação de um curativo compressivo no local Microscópico: EXAMES ESPECÍFICOS - Tuberculose: Adenosina Deaminase (ADA), BAAR, PCR - Ascite pancreática: Amilase, Lipase - Carcinomatose: Citologia oncótica e marcadores tumorais - Ascite Quilosa: Triglicerídeos - Ascite Biliar: Bilirrubinas - Peritonite: LDH e culturas - Gradiente de albumina soro-ascite (GASA) A dosagem do GASA é crucial no diagnóstico da etiologia da ascite, principalmente relacionada à hipertensão portal. O GASA é a diferença entre a albumina do soro e a albumina da ascite, por isso, deve ser colhido simultaneamente. GASA ≥ 1,1 Hipertensão portal - HP Sinusoidal (cirrose hepática) : Proteína < 3,0 - HP Pós-sinusoidal (Insuficiência cardíaca): > 3,0 - GASA ≤ 1,1 Doença Peritoneal (Carcinomatose, tuberculose) ou Síndrome Nefrótica Citologia e citometria: avaliar peritonite bacteriana espontânea (PBE) - Contagem > 250PMN = PBE 9 – Citologia oncótica: frasco metade álcool e metade liquido ascítico Diferenciar neoplasias malignas peritoneais ou metástases Cultura: bactérias, tuberculose ou fungos Depende da etiologia: tratamento da doença base Dieta hipossódica (2 g por dia) Restrição hídrica (se sódio plasmático menor 125mEq/L) Acompanhamento da perdas (redução da ascite e peso diário) Uso de diuréticos Ascite refratária - Paracentese de alívio (albumina quando drenado mais que 5 litros) - TIPS (Transjugular Intrahepatic portosystemic Shunt), melhora sintomas, mas não diminui mortalidade - Shunt peritônio-venoso - Cirurgia de derivação portossistêmica - Transplante hepático
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