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Apostila de Formação de Liturgia

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Apostila de Formação de Liturgia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paroquia Nossa Senhora Aparecida 
 
 
 
 
Liturgia em partes 
 
 
 
Os textos abaixo têm o objetivo de propiciar aos visitantes uma síntese de temas 
de liturgia, facilitando o estudo isolado às vezes das partes de um todo, como é 
o caso da celebração eucarística e do Ano Litúrgico, por exemplo. Diria que os 
textos aqui apresentados são gotas no oceano da Liturgia, oferecidos na 
tentativa de tornar uma iniciação talvez mais leve, mais simples e mais atrativa. 
Tais temas ou assuntos poderão depois ser retomados em trabalhos maiores 
deste site ou em literatura mais autorizada, para ampliar então o nível da 
formação. 
 
 
 
Sumário 
Liturgia - Pequena introdução ......................................................................................................... 7 
Notas fundamentais da Liturgia ............................................................................................... 7 
a) - A Liturgia é ação sagrada e simbólica ............................................................................... 8 
b) - Liturgia e realidades cósmicas .......................................................................................... 9 
Considerações à guisa de conclusão ...................................................................................... 9 
Assembleia litúrgica ...................................................................................................................... 13 
PEQUENA DEFINIÇÃO ............................................................................................................ 13 
A MOTIVAÇÃO MAIS NOBRE DA ASSEMBLEIA LITÚRGICA ............................................... 13 
Equipe de acolhida, ministério litúrgico ...................................................................................... 19 
Função ministerial do salmista................................................................................................... 22 
O canto ritual e litúrgico ............................................................................................................. 25 
PRINCÍPIO GERAL ................................................................................................................ 25 
O amém - Nas escrituras e na Liturgia ...................................................................................... 27 
O SENTIDO ORIGINAL DA PALAVRA "AMÉM" .................................................................... 27 
O "AMÉM" NAS SAGRADAS ESCRITURAS ......................................................................... 27 
O “AMÉM” NA LITURGIA ....................................................................................................... 28 
As aclamações litúrgicas ........................................................................................................... 28 
NOS RITOS INICIAIS ............................................................................................................. 29 
NA LITURGIA DA PALAVRA .................................................................................................. 30 
NA LITURGIA EUCARÍSTICA ................................................................................................ 30 
NOS RITOS DE COMUNHÃO ................................................................................................ 31 
A saudação inicial do presidente ............................................................................................... 33 
O ATO PENITENCIAL E “KYRIE’ OU “SENHOR, TENDE PIEDADE” .................................... 34 
O Hino do Glória ........................................................................................................................ 36 
Eucologia - Orações cristãs ....................................................................................................... 37 
Redescobrindo um tesouro antigo .......................................................................................... 37 
 
 
4 
 
ESTRUTURA E DIMENSÕES DA ORAÇÃO PRESIDENCIAL ............................................... 39 
MODELOS DE ORAÇÃO PRESIDENCIAL ............................................................................ 40 
O CARÁTER DE MEMORIAL DAS ORAÇÕES PRESIDENCIAIS ......................................... 42 
Liturgia da Palavra ..................................................................................................................... 43 
O salmo na missa ...................................................................................................................... 44 
SENTIDO CRISTOLÓGICO DOS SALMOS ........................................................................... 45 
A IMPORTÂNCIA DO SALMO NA MISSA .............................................................................. 45 
A homilia, um acontecimento celebrativo ................................................................................... 45 
A apresentação dos dons .......................................................................................................... 47 
Oração Eucarística .................................................................................................................... 49 
CENTRO DINÂMICO DA EUCARISTIA ................................................................................. 49 
ORAÇÕES EUCARÍSTICAS DA IGREJA LATINA ................................................................. 50 
A grande aclamação do Santo................................................................................................... 51 
O rito da Fração do Pão ............................................................................................................ 52 
A comunhão eucarística ............................................................................................................ 54 
Estrutura ritual da missa ............................................................................................................ 56 
PRIMEIRA PARTE: LITURGIA DA PALAVRA ........................................................................ 56 
3 - RITOS PREPARATÓRIOS ................................................................................................ 57 
5 - RITOS DA COMUNHÃO ................................................................................................... 57 
6 - RITOS FINAIS ................................................................................................................... 58 
Graus e precedência de celebrações ........................................................................................ 58 
GRAUS E PRECEDÊNCIA DE CELEBRAÇÕES ................................................................... 58 
Solenidade ............................................................................................................................. 59 
Festa ...................................................................................................................................... 59 
Memória ................................................................................................................................. 60 
As cores do Ano Litúrgico .......................................................................................................... 60 
Cor roxa ................................................................................................................................. 60 
 
 
5 
 
Cor branca ............................................................................................................................. 61 
Cor vermelha .......................................................................................................................... 61 
Cor rosa ................................................................................................................................. 61 
Cor preta ................................................................................................................................61 
Cor verde ............................................................................................................................... 62 
Vestes sagradas ........................................................................................................................ 62 
Estrutura do Ano Litúrgico ......................................................................................................... 63 
PEQUENA INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 63 
ESTRUTURA DO ANO LITÚRGICO ...................................................................................... 64 
CICLO DO NATAL ................................................................................................................. 64 
CICLO DA PÁSCOA............................................................................................................... 65 
TEMPO COMUM .................................................................................................................... 66 
Cantos fixos da missa ............................................................................................................... 66 
O "SENHOR, TENDE PIEDADE" OU "KYRIE" ....................................................................... 66 
O "GLÓRIA" ........................................................................................................................... 67 
O "SANTO" ............................................................................................................................ 67 
O "CORDEIRO DE DEUS" ..................................................................................................... 68 
Genuflexão e inclinação na missa ............................................................................................. 68 
Efeitos sacramentais da Eucaristia ............................................................................................ 70 
Gestos e posições do corpo na Liturgia ..................................................................................... 73 
Advento, preparação para o Natal ................................................................................................ 77 
Considerações litúrgicas do Advento .................................................................................... 78 
João de Araújo Advento - As antífonas do Ó ............................................................................. 80 
Solenidade do Natal do Senhor ................................................................................................. 82 
Tempo do Natal ......................................................................................................................... 84 
Quaresma, preparação para a Páscoa ...................................................................................... 86 
 
 
6 
 
QUALIFICAÇÃO SIMBÓLICA E LITÚRGICA - Deserto, o lugar da Quaresma de Cristo e de 
todos nós (Cf. Lc 4,1-2a) ........................................................................................................ 86 
OS DOMINGOS DA QUARESMA .......................................................................................... 87 
DOMINGO DA PAIXÃO E DE RAMOS .................................................................................. 87 
AS CINZAS COMO SÍMBOLO LITÚRGICO NA QUARESMA ................................................ 88 
PEQUENAS NOTAS SOBRE A ESPIRITUALIDADE QUARESMAL ...................................... 89 
Liturgia do Tríduo Pascal - Resumo .......................................................................................... 90 
QUINTA-FEIRA SANTA ......................................................................................................... 90 
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO .................................................................................................... 91 
VIGÍLIA PASCAL DO SÁBADO SANTO ................................................................................ 92 
Tempo Pascal, um grande domingo .......................................................................................... 94 
Considerações litúrgicas ........................................................................................................ 94 
Liturgia do Tempo Pascal ....................................................................................................... 95 
Solenidade da Ascensão do Senhor ....................................................................................... 96 
Solenidade de Pentecostes .................................................................................................... 96 
As alfaias litúrgicas .................................................................................................................... 97 
IDENTIFICAÇÃO E FUNÇÃO NA LITURGIA ......................................................................... 98 
Caráter sacramental da Palavra de Deus ................................................................................ 101 
Exemplos simples de eficácia sacramental da Palavra de Deus .......................................... 102 
Tempo Comum - Pequena introdução ..................................................................................... 104 
O Domingo, dia do Senhor e dos cristãos ............................................................................... 105 
FUNDAMENTO E NÚCLEO DO ANO LITÚRGICO .............................................................. 105 
NORMAS LITÚRGICAS RELATIVAS AO DOMINGO .......................................................... 106 
FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA DO DOMINGO ...................................................................... 106 
O DOMINGO NA LITURGIA ................................................................................................. 107 
PEQUENA CATEQUESE DAS CELEBRAÇÕES DOMINICAIS ........................................... 108 
Gráfico do Ano Litúrgico .......................................................................................................... 110 
 
 
7 
 
Pentecostes, coroamento da Páscoa ......................................................................................... 111 
O Mistério Pascal de Cristo ..................................................................................................... 113 
Dimensão ascendente e descendente da Eucaristia ............................................................... 116 
I - RITOS INICIAIS ............................................................................................................... 117 
II - LITURGIA DA PALAVRA ................................................................................................ 117 
III - LITURGIA EUCARÍSTICA .............................................................................................. 118 
ORAÇÃO EUCARÍSTICA ..................................................................................................... 118 
IV - RITOS DA COMUNHÃO ................................................................................................ 119 
V - RITOS FINAIS ................................................................................................................ 119 
 
 
 Liturgia - Pequena introdução 
 
1 - A palavra Liturgia é de origem grega. Etimologicamente, significa obra, serviço do povo, ação. 
Na compreensão do Concílio Vaticano II (cf. SC 7), “a Liturgia é tida como o exercício do múnus 
sacerdotal de Cristo”, portanto “uma obra sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e 
grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja”. Por causa de sua sacramentalidade, e 
como celebração viva da Igreja, a Liturgia encontra a sua expressão mais plena quando nela se 
nota a desejada participação de todos. Ela é, pois, ao mesmo tempo, humana e divina, terrestre e 
celeste, e tem duas dimensões, simultâneas:na direção ascendente, é o culto dos cristãos como 
glorificação de Deus; e na direção descendente, é a resposta divina como santificação dos homens. 
Nas duas dimensões, está a centralidade da pessoa de Cristo, como Sacerdote único da Nova 
Aliança, associando a si a Igreja no seu eterno ofertório ao Pai. 
Notas fundamentais da Liturgia 
2 - Para uma visão mais ampla da Liturgia, podemos dizer que ela é, ao mesmo tempo, 
comunitária, bíblica, hierárquica, trinitária, laudatória, mistérica e escatológica. Vejamos então: 
a) - Comunitária – A Liturgia é ação da Igreja, do povo de Deus, povo que é, pelo Batismo, 
profético, régio e sacerdotal. Não é, portanto, ação subjetiva, individual e intimista, mas ação 
objetiva, eclesial. 
b) – Bíblica - A Palavra de Deus, sobretudo na Liturgia, é Palavra de salvação, sacramental, 
mesa também que alimenta a nossa vida, irradiação sim da graça divina, como ainda fonte da 
 
 
8 
 
espiritualidade cristã e da verdadeira oração. Na Liturgia, a Palavra de Deus não é simplesmente 
lida, mas proclamada e celebrada, para ser vivida também intensamente. 
c) – Hierárquica – Significa que a Liturgia é constituída em graus, de importância maior ou 
menor, no que diz respeito ao tempo litúrgico, aos ministérios, às celebrações, aos próprios ritos, 
cantos e orações. Diga-se também, que a palavra bíblica é hierárquica, levando-se em conta o que 
o Antigo Testamento é sempre preparação para o Novo, daí a importância, por exemplo, da 
proclamação do Evangelho da de outro texto do AT, mesmo sendo este também palavra divina. 
Aqui se diz ainda do caráter solene na Liturgia quanto ao Evangelho, diferente de outros textos 
bíblicos. 
d) –Trinitária - Obra da Trindade, a Liturgia gravita em torno desse mistério insondável, tendo 
o Pai como fonte e fim; o Filho, como centro e mediador; e o Espírito Santo, como o sopro dinâmico, 
santificador e animador da ação litúrgica. 
e) – Laudatória - A Liturgia é “louvor de Deus na linguagem de uma comunidade orante”, como 
afirmou Paulo VI, e visa, antes de tudo, a glorificação de Deus e a santificação dos homens. Pela 
celebração sobretudo da Eucaristia, é edificado o Corpo eclesial de Cristo, a Igreja, e nela se 
manifesta com mais profundidade litúrgica e teológica o Mistério Pascal de Cristo e a presença do 
Senhor crucificado e ressuscitado entre nós e em nós. f) – Mistérica - Com esta nota se quer 
afirmar que a Liturgia contém o mistério de Deus e o celebra. Saibamos que, sobretudo na 
celebração da Eucaristia, como se delineou acima, o mistério de nossa salvação torna-se presente 
com toda a sua eficácia redentora, superando e anulando todos os limites do tempo e do espaço. 
g) – Escatológica – A Liturgia antecipa, no tempo, a glória futura dos filhos de Deus, e a ela se 
ordena. "Na liturgia terrena, antegozando, participamos da liturgia celeste, que se celebra na 
cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrinos, nos encaminhamos" (cf. SC n. 8). Essa 
afirmação do Concílio Vaticano II deve sempre nos impulsionar "a buscar as coisas do alto", 
como nos exorta São Paulo (Cf. Cl 3,1). 
 
Outras considerações de Introdução 
a) - A Liturgia é ação sagrada e simbólica 
3 - Podemos concluir pelas notas acima, que a Liturgia não é então discurso, oratória, mas 
prática, atividade, ação. Não tem preocupações catequéticas, embora seja, por natureza, 
catequética. Afirmamos ainda que a Liturgia é ação sagrada, em sentido pleno, e simbólica, em 
toda a sua ritualidade. Como ação simbólica, a Liturgia se acha carregada de sinais e símbolos, 
 
 
9 
 
que, visíveis, apontam para o mistério insondável de Deus, na riqueza, na diversidade e na 
harmonia das coisas santas, como é próprio de tudo que nos remete ao Mistério Pascal de Cristo. 
b) - Liturgia e realidades cósmicas 
4 - Conforme escreveu Adolf Adam, liturgista alemão, “a vida humana está intimamente ligada 
às realidades cósmicas”. O homem, vivendo no tempo, vê o desenrolar do dia entre luz e trevas, 
entre claridade e escuridão. E esta realidade de sua própria vida, por isso, vai encontrar muito 
simbolismo religioso, principalmente na liturgia. Deus se serve de todas as realidades visíveis para 
comunicar aos homens o seu plano divino de salvação, e esta então aparece na história de um 
povo e na vida de cada pessoa não só repleta de dimensões humanas, mas também 
profundamente inserida nas realidades cósmicas em que se acha o próprio homem. 
5 - Se considerarmos, pois, as dimensões quase infinitas do espaço cósmico, o planeta em 
que habitamos “se assemelha a um pequeno grão de areia, perdido numa imensa e elevada 
cadeia de montanhas rochosas”. Assim, as noções de tempo, vividas por nós, passam a ser 
também, na pedagogia de Deus, noções de realidades salvíficas, num ciclo, porém, sempre novo 
da misteriosa obra da redenção. Ano, mês, semana, dia e hora, unidades de tempo que marcam 
a nossa vida, são unidades tiradas pelos movimentos cósmicos, as quais dão regularidade ao viver 
humano e se revelam a nós como dons do Criador. 
6 - Todas essas unidades de tempo vão encontrar também, depois, profundo sentido litúrgico 
e vão estar também cheias da objetividade redentora de Cristo, na admirável pedagogia de Deus. 
Todas as horas do dia são, pois, consagradas a Deus, como na Liturgia das Horas, e toda a 
existência humana é igualdade consagrada, principalmente pela celebração do insondável mistério 
da Eucaristia. E assim como mudam as estações climáticas, permanecendo a mesma realidade 
cósmica, mudam-se também os enfoques litúrgicos da Redenção, sempre, porém, centrados num 
ponto vital: o Mistério Pascal de Cristo, como depois se verá em textos talvez com mais clareza. 
7 - Observe-se que todos os corpos celestes, como os do nosso sistema solar, por exemplo, 
estão em contínuo movimento. O Sol viaja rumo ao desconhecido, guiado por um astro maior, e 
sua dinâmica explica, de maneira natural, o sentido escatológico de nossa vida, ou seja, vivemos 
no tempo presente, mas somos impulsionados pela liturgia a buscar a cidade futura (Cf. Hb 13,14), 
e este Sol definitivo que nos guia e que nos atrai é o próprio Deus, dado a conhecer a nós na 
expressão humana do Cristo Redentor (Cf. Jo 8,19; 10,30; 14,7.9-11; 2Cor 4,4; Hb 1,3). 
Considerações à guisa de conclusão 
8 - É certo que todo o conteúdo deste site, no que diz respeito ao mistério litúrgico, constitui 
apenas um passo na estrada imensa da Liturgia, ou uma gota no oceano azul de tão majestosa 
 
 
10 
 
riqueza. Que essa simples introdução possa, pois, ajudar a todos a dar esse passo rumo ao 
horizonte infinito de Deus, como que contemplando na gota dessas páginas a identidade do oceano 
imenso do mistério litúrgico, haurindo-a como que das fontes da salvação (Cf. Is 12,3; 55,1; 58,11; 
Jo 4,1-14). 
9 - Como se afirmou acima, a Liturgia é um horizonte de esplendor, que nos atrai, sem se 
deixar possuir inteiramente por nós, mas que, de fato, possuímos, sem os aspectos externos de 
posse. Somos também possuídos por esse horizonte inatingível, que, em sua essência, celebra 
também o nosso próprio mistério. Saibamos também que o horizonte litúrgico de Deus, inesgotável, 
profundo e misterioso, pode-se como que contemplar no horizonte cósmico de nossa vida. De fato, 
até o horizonte cósmico parece afastar-se de nós, quando para ele nos encaminhamos, mantendo-
se ele, porém, na mesma distância e no mesmo brilho da paz. 10 - Devemos saber, porém, que o 
mistério cristão não nos deixa frustrados quando não o atingimos em nossa pequenez. Sua 
transcendência não se opõe à nossa limitada imanência, mas a completa e a purifica. O mistério, 
é verdade, não cabe em nós, ao mesmo tempo que em nós ele se acha presente. E nós nos 
sentimos mergulhados nele, sem necessidade de explicá-lo, de entendê-lo e de lhe assimilar a 
essência. Mais do que entender ou explicar o seu mistério de amor, Deus quer que simplesmenteo vivamos. Escondido então em Deus desde toda a eternidade, o mistério divino foi depois por 
Deus revelado aos profetas e, finalmente, realizado em Cristo, tendo continuidade agora e sempre 
na Igreja, como comunidade de salvação. 
 11 - Encerrando essa pequena introdução à Liturgia, é bom afirmar o ensinamento conciliar 
segundo o qual a Liturgia "é aquele eterno cântico de louvor, pelo Filho de Deus trazido das 
mansões celestes, para ressoar também nesta Terra de exílio" (Cf. SC nº 83), impulsionando-nos 
para a glória escatológica do Unigênito de Deus e despertando em nós as eternas vibrações da 
alegria pascal. Como a Igreja primitiva vamos então dizer, orar, celebrar e cantar a doce paz de 
um povo eternamente redimido: Maranatha! sim, eternamente, Maranattha! "Vem, 
Senhor Jesus"! (Cf. 1Cor 16,22; Ap 22,20). 
 
 Considerações sobre a Eucaristia 
1 - O Concílio Vaticano II (cf. SC n. 47), superando em clareza a doutrina do Concílio de 
Trento, afirma que a Eucaristia perpetua pelos séculos o Sacrifício da Cruz. Essa afirmação da 
Igreja relaciona o sacrifício eucarístico com o do Calvário, ou seja, afirma a unicidade do sacrifício 
de Cristo, afastando, pois, felizmente, toda e qualquer ideia de novo sacrifício. Hoje tem-se a 
 
 
11 
 
consciência de que o Sacrifício do Calvário se torna presente na Liturgia, não como repetição 
histórica, mas de maneira sacramental, em mistério, e com toda a sua eficácia redentora. 
2 - Diz-se com acerto que a Eucaristia recebe do Calvário a sua dimensão sacrifical e, do 
Cenáculo, a sua dimensão convivial. Mas não se trata, na Eucaristia, de um sacrifício seguido de 
uma ceia, mas de um feito salvífico, que é sacrifício e alimento ao mesmo tempo. A finalidade 
primária da Eucaristia é tornar-nos um só corpo com Cristo, mediante a comunhão de seu corpo 
sacramental, e a segunda invocação (epiclese) do Espírito 
Santo na Oração Eucarística é sobre os comungantes, para que se realize o que aqui se afirma. 
3 - Como vimos, a Eucaristia não é então “repetição” da Ceia do Cenáculo, pois esta, como 
fato histórico, é irrepetível, como também irrepetível, como evento histórico, é o Sacrifício do Cruz. 
Assim, a primeira celebração eucarística realizou-se depois de Pentecostes, continuando a sua 
repetibilidade ritual até o fim dos tempos, como páscoa das gerações (cf. SC n. 6), cumprindo a 
ordem de iteração de Cristo: “Fazei isto em memória de mim” (cf. 
Lc 22,19; 1Cor 11,24-25). 
4 - Na era apostólica, a missa chamava-se “Fração do Pão” (cf. At 2,42) e, depois, "Ceia do 
Senhor" (cf. 1Cor 11,20), nomes relacionados mais ao sentido de “refeição”, mas já em fins do 
século I e princípios do século II, com a Didaché e com escritos de Santo Inácio de Antioquia, 
começa a ser adotado o nome de “Eucaristia”, apontando agora mais para o sentido de “ação de 
graças”. Devemos, porém, entender “ação de graças” não no sentido popular de “agradecer” 
simplesmente, mas no sentido literário da oração judaica “todá”, (confissão), ou seja, trata-se de 
“confessar” a fidelidade de Deus, louvando-o pelas maravilhas operadas na história da salvação, 
ao mesmo tempo que “confessamos” a nossa infidelidade. 
5 - O nome “Eucaristia”, que designa tanto a celebração como o sacramento, predomina, pois, 
principalmente em formulações litúrgicas e teológicas, enquanto o nome “missa”, que significava 
no latim tardio “sacrifício” (“Ite, Missa est” = “Ide, acabou o sacrifício”), está muito vivo na mente 
dos fiéis e nas agendas das igrejas e comunidades, mas numa referência limitada à celebração. 
6 - Conforme as Escrituras (Hb 7,27; 9,28a; 10,12; 1Pd 3,18), Cristo morreu uma só vez pelos 
nossos pecados, oferecendo-se a si mesmo ao Pai, mas, na véspera de sua paixão, para tornar 
perene tal sacrifício, quis celebrálo antecipadamente com seus discípulos. Sacrifício de louvor (cf. 
Ml 1,11), a Eucaristia é de valor infinito, mas requer, para a sua plena eficácia, a reta intenção de 
todos os participantes, na cooperação com a graça do alto (cf. SC nº 11), daí a 
 necessária formação litúrgica de todos os fiéis. 
 
 
12 
 
7 - Celebrada, pois, em memória de Cristo, a Eucaristia não é, porém, simples lembrança ou 
simples memória do Sacrifício da Cruz, mas memorial, no sentido também judaico, ou seja, o 
sacrifício como tal, presente no mistério eucarístico, de maneira sacramental, como acima se falou. 
Nos sinais sensíveis do pão e do vinho, transubstanciados, Cristo se faz presente, de maneira viva, 
para ser alimento salutar de seu povo, em feliz caminhada para a casa do Pai. 
8 - Um dado teológico, e que pode ser novo para muitos, é que Cristo traz presente “em sua 
pessoa” todos os atos salvadores de Deus, tornando-os contemporâneos nossos. Na certeza 
dessa verdade, todos os cinco prefácios da Páscoa vão dizer: “neste tempo solene em que Cristo, 
nossa Páscoa, foi imolado” (cf. 1Cor 5,7). Uma observação valiosa: tanto Paulo como os Prefácios 
chamam a Cristo de “nossa Páscoa”, ou seja, Cristo mesmo “é” a Páscoa cristã, agora e sempre, 
afastando o entendimento de que a Páscoa “foi” um acontecimento na vida de Cristo e, como tal, 
um fato já então passado. Observemos ainda outra clareza teológica: “neste tempo”, e não 
“naquele tempo”, pois o “agora, nestes dias que são os últimos”, de Hb 1,2, é também o nosso 
“hoje”, o nosso “agora”, dado o caráter sacramental da Liturgia. Entendamos: o momento litúrgico 
não é tanto “tempo cósmico”, mensurável, mas “tempo de salvação” (Kairós), ou seja, “tempo de 
Deus”, portanto imensurável. 
9 - Nas palavras de São Fulgêncio de Ruspe, Cristo, na história da salvação, “é, ao mesmo 
tempo, sacerdote e sacrifício, Deus e templo”. Também na celebração da Eucaristia, podemos 
dizer, seguindo a teologia eucarística, que Cristo é, ao mesmo tempo, sacerdote, altar, cordeiro e 
Deus. “Sacerdote, por quem somos reconciliados; altar, onde somos reconciliados; cordeiro, pelo 
qual somos reconciliados; e Deus, com quem somos reconciliados”. E na verticalidade dessa 
reconciliação, acontece também a nossa reconciliação em dimensão horizontal, isto é, com os 
irmãos, com a Igreja, com a natureza, e cada um se vê reconciliado consigo mesmo. A cruz nos 
apresenta a dupla dimensão da reconciliação cristã: vertical e horizontal. 
10 - A Eucaristia é celebração de fraternidade e, ao mesmo tempo, sua fonte viva, pois, sendo 
pura ação de graças, leva-nos não somente à comunhão com Deus, mas também, como exigência 
do próprio Deus, à comunhão com os nossos irmãos. Constrói-se, pois, a fraternidade a partir da 
celebração eucarística, e a oração do Pai Nosso, antes da Comunhão, quer nos despertar para 
esse compromisso da Eucaristia. 
 
11 - Sendo expressão viva do Mistério Pascal de Cristo, a Eucaristia deve trazer em seus ritos 
litúrgicos a simplicidade do mistério, com sua força transformadora e salvífica, o que torna a 
celebração realmente mistagógica. Assim, em toda a Liturgia, mas na celebração eucarística 
 
 
13 
 
principalmente, cada elemento (rito-gestocanto-símbolo) tem uma função litúrgica própria, como 
também uma função ministerial, ou seja, cada elemento encontra a sua identificação (o que é), e 
sua ministerialidade (para que serve) no âmbito da celebração. 
 
Assembleia litúrgica 
PEQUENA DEFINIÇÃO 
1 - A assembleia litúrgica não é um grupo qualquer de pessoas reunidas para um 
determinado objetivo. Ela é o povo de Deus, por ele mesmo convocado, para tornar-se “uma 
comunidade de fiéis, (Ecclesia) hierarquicamente constituída, legitimamente reunida em certo 
lugar para uma ação litúrgica e altamente qualificada por um particular e salutar presença de 
Cristo”. Por tudo aquilo que dela afirma a Igreja, podemos concluir que a assembleia litúrgica é 
um “autêntico sacramento de salvação”, ligada como está à própria Liturgia, à Igreja e a Cristo. 
Portanto, povo de Deus, que, na riqueza de sua diversidade,celebra o memorial da morte e 
ressurreição do Senhor. 
2 - Devemos reconhecer, porém, que, na prática, às vezes, não aparece esse rosto da 
assembleia cristã, pouco presente também na catequese litúrgica, o que favorece geralmente 
uma visão míope do povo celebrante. A Liturgia, para suscitar atitudes de oração e comunhão, dá 
início à celebração eucarística com o canto de entrada, tendo este não só a finalidade de abrir a 
celebração, mas sobretudo de criar o clima de assembleia orante, introduzindo-a no mistério do 
tempo litúrgico ou da festa (cf. IGMR n. 47). 
A MOTIVAÇÃO MAIS NOBRE DA ASSEMBLEIA LITÚRGICA 
3 - Podemos dizer que o que deve motivar a assembleia litúrgica é, sem dúvida, a dinâmica 
do amor cristão, pela escuta da Palavra de Deus e pela participação na mesa eucarística, de 
onde brota a verdadeira comunhão, espelho de partilha das vidas que se doam. Não nos 
esqueçamos de que a Eucaristia é o “sacramento dos sacramentos” e, na sua riqueza salvífica, 
tem dupla mesa: a da palavra, onde Cristo se faz primeiramente “Palavra de salvação”, e a do 
Pão, onde se faz “alimento para a vida eterna”. 
4 - A reunião da assembleia cristã que, por si mesma, já conta com a presença de Cristo (cf. 
Mt 18,20) é, pois, de sentido festivo, convivial, fraterno e solidário. Na sua significação mais 
profunda, tem também ela dupla dimensão, que é simultânea: vertical, no louvor e glorificação de 
Deus, e horizontal, no serviço de santificação dos homens (cf. SC 7b). 
5 - Vê-se, pois, que a reunião da assembleia litúrgica deve ser de sentido objetivo, 
comunitário e eclesial, não portanto subjetivo e personalista, embora se entende que o cristão, na 
 
 
14 
 
Liturgia, não perde a sua individualidade, as suas marcas pessoais e subjetivas. Aliás, estas 
devem ser postas a serviço do ato celebrativo, na consciência de que, na Liturgia, o “eu”, 
psicológico e individual, integra-se ao “nós”, comunitário e litúrgico, não apenas em sentido físico 
e espacial, mas espiritual e místico. 
6 - Deve-se, portanto, garantir a dimensão orante e ao mesmo tempo comunitária, pascal e 
festiva de nossas celebrações, evitando então, ao mesmo tempo, o sentido intimista, subjetivo e 
alienante que ainda se vê em muitas delas. A Liturgia, e particularmente a Eucaristia, é para 
realizar em nós o projeto amoroso de Deus: sermos a Igreja, o corpo místico e escatológico de 
Cristo, cujos membros, vistos e identificados nos ensinamentos de São Paulo (cf. Ef 4,4-6, 1Cor 
10,17; 12,12; Gl 3,28, Cl 3,11), podemos dizer que são os verdadeiros adoradores do Pai, em 
espírito e verdade, como revelou Jesus à samaritana (cf. Jo 4,23). 
7 - Por fim podemos dizer que a assembleia litúrgica cristã concretiza, de maneira 
sacramental, no “hoje” da história salvífica, os objetivos e anseios divinos das grandes 
assembleias do Antigo Testamento, como a do Sinai, com Moisés (cf. Ex 19-24), ou como a de 
Siquém, com Josué (cf. Js 24,1-28). Na sublimação, pois, daquelas assembleias, a importância 
das nossas assembleias cristãs. João de Araújo O espaço celebrativo 
 
1 - O Senhor, no diálogo com a samaritana (cf. Jo 4,21-24), ensina-nos que no Novo 
Testamento o culto não está mais reservado a um lugar exclusivo, como na antiga aliança, em 
que se dava valor absoluto ao Templo de Jerusalém (cf. Jr 7,4). A terra inteira é santa e foi 
entregue aos filhos de Deus. Mais importante que o "espaço físico" dos templos de pedra é o 
"espaço humano", onde os fiéis se reúnem, quais "pedras vivas", para a construção de um 
"edifício espiritual" (1Pd 2,4-5). O Corpo de Cristo ressuscitado é o templo espiritual por 
excelência (cf. Jo 2,19.21-22), do qual jorra a fonte de água viva (cf. Jo 7,37-38; Ap 22,1). 
Incorporados a Cristo, pela ação batismal e por obra do Espírito Santo, nós é que somos o templo 
vivo do Deus vivo (cf. 2Cor 6,16). 
 
2 - Não devemos nos esquecer de que a Igreja é, antes de tudo, povo de Deus, assembleia 
orante, convocada por Deus, e é pela Liturgia que a Igreja se manifesta ao mundo em sua mais 
nobre dimensão. A razão da presença de Deus no templo não é por ser templo, mas por abrigar o 
verdadeiro templo vivo, que é a comunidade orante e celebrante, pois Deus, que fez todo o 
universo, não habita simplesmente em templos feitos por mãos humanas (cf. At 17,24). Daí, 
 
 
15 
 
então, a dignidade da assembleia, do povo de Deus reunido, dignidade, porém, de que muitas 
vezes a própria assembleia não tem consciência e que pode ser não poucas vezes ignorada até 
mesmo por muitas equipes de liturgia. 
 
3 - Devemos entender, contudo, que, o que se afirmou acima sobre a igreja viva, a 
assembleia celebrante e orante, jamais deve reduzir a importância e a grandeza do templo 
material, o qual, pelo seu simbolismo profundo, deve ser adequado, funcional e sempre revelar, 
mesmo em sua construção material, a dignidade de "casa de oração" (cf. Is 56,7; Mt 21,13) e 
lugar de encontro e de comunhão. Diz o Concílio Vaticano II: "A casa de oração onde a Eucaristia 
é celebrada...deve ser bela e adequada para a oração e as celebrações religiosas" (cf. PO 5d; SC 
124c), e o Catecismo da Igreja Católica sublima esta afirmação do Concílio, dizendo: “A igreja 
visível simboliza a casa paterna para a qual o povo de Deus está a caminho e na qual o Pai 
“enxugará toda lágrima dos seus olhos” (Ap 21,4). Por isso, a igreja também é a casa de todos os 
filhos de Deus, amplamente aberta e acolhedora” (cf. CIC n. 1186), um espaço então sagrado, 
podemos afirmar. 
 
4 - Costumamos dividir nossas igrejas em dois espaços: o presbitério, como lugar dos 
ministros (cf. IGMR n. 295); e a nave, como lugar do povo (cf. IGMR n. 311). Mas essa divisão, 
embora expresse, nas celebrações, os diversos graus de serviço litúrgico, não é tão importante 
assim. Numa visão mais eclesiológica, vemos a igreja, na sua totalidade física e espacial, como 
lugar do povo. Nela podemos ver também com mais clareza quatro lugares de suma importância: 
o altar, a sede presidencial, o ambão e a nave, locais então concretos: do banquete eucarístico, 
da presidência litúrgica, das leituras bíblicas e da assembleia celebrante. 
 
5 - Podemos dizer ainda que o simbolismo dos quatro espaços referidos acima nos mostra 
os sinais de uma quadriforme presença de Cristo: no alimento consagrado, no sacerdote, na 
Palavra de Deus e na assembleia dos fiéis, sendo que, nesta se caracteriza a presença inicial do 
Senhor junto àqueles que se reúnem em seu nome (cf. Mt 18,20). Ambão e altar constituem os 
dois focos centrais da celebração da Eucaristia. Não nos esqueçamos também de que o Senhor, 
fora da celebração litúrgica, está presente em todos, principalmente nos pobres e sofredores (cf. 
Mt 25,34-45). 
 
 
 
16 
 
6 - Na nova aliança, o altar é a cruz do Senhor (cf. Hb 13,10), do qual brotam os 
sacramentos pascais. Sob sinais sacramentais, no altar se faz presente o sacrifício da Cruz (cf. 
CIC n. 1182). O altar é também Mesa do Senhor, para a qual o povo de Deus é convidado, 
conforme esclarece o Missal Romano e, em certas liturgias orientais, é ainda símbolo do 
sepulcro, pois Cristo morreu de verdade e ressuscitou de verdade. 
 
7 - A sede (cátedra = cadeira presidencial), do bispo ou do presbítero, "deve manifestar a 
sua função de presidir a assembleia e dirigir a oração", mas não deve assemelhar-se a trono 
(IGMR n. 310) e, quanto ao ambão, devemos saber "que a dignidade da Palavra de Deus requer 
na igreja um lugar condigno de onde possa ser anunciada e para onde se volte espontaneamente 
a atenção dos fiéis no momento da Liturgia da Palavra” 
(IGMR n. 309; CIC n. 1184). A dignidade do ambão exige que a ele subam somente os ministros 
da Palavra. 
Sua posição elevada (com degrau) indica-nos que a Palavra de Deus nos vem do alto. 
 
 
João de Araújo 
Os símbolos na Liturgia 
 
1 - O ser humano é, ao mesmo tempo, corporale espiritual. Portanto, matéria e espírito. Sua 
percepção das realidades espirituais depende de imagens e de símbolos, e sua comunicação só 
é plenamente objetiva na linha de comunhão. Em todas as civilizações e culturas e em todos os 
momentos da história, esse dado antropológico é percebido com clareza. O ser humano percebe 
as coisas pela linguagem própria, viva e silenciosa das coisas e se situa - ele próprio - no mundo 
do mistério. Tendo consciência de sua realidade transcendente, busca, pois, a comunhão no 
mistério, que se dá sobretudo na linguagem silenciosa dos símbolos. 
 
2 - Os símbolos nos mostram, em sua visibilidade, uma realidade que os transcende, 
invisível. Veja-se no fim deste texto o exemplo da vela acesa. Dizemos então que os símbolos 
falam sempre a linguagem do mistério, apontando para além deles próprios. Revelam e ao 
mesmo tempo ocultam a realidade que significam. Por aqui pode-se perceber o quanto é útil e 
necessária na Liturgia esta linguagem misteriosa dos símbolos. Eles não têm, como objetivo, 
explicar o mistério que se celebra, pois o mistério é para ser crido e vivido, não tanto para ser 
explicado e entendido. A finalidade dos símbolos é adornar, na linguagem simples das coisas 
 
 
17 
 
criadas, a expressão profunda do mistério, que é invisível. Uma nota que é própria dos símbolos 
é a qualidade, não a quantidade. Como expressão simbólica, as quatro velas do Advento, por 
exemplo, falam-nos não da quantidade da luz, mas de sua intensidade, à medida que a Liturgia 
vai nos conduzindo para o Natal. 
 
3 - Todo símbolo litúrgico deve mergulhar-nos na grandeza do mistério, sem reduzir este e 
sem banalizá-lo. Como símbolo, deve ser simples, como simples é toda a criação visível. Sua 
função na Liturgia é comunicarnos aquela verdade inefável, que brota do mistério de Deus e que, 
portanto, não se pode comunicar com palavras. Na participação litúrgica, devemos passar da 
visibilidade do símbolo, isto é, de seu sentido imediato, de significante, para a sua dimensão 
mistérica, invisível, atingindo o significado, que é o objetivo final de toda realidade simbólica. Aqui 
percebemos que “o símbolo é o encontro de duas realidades numa só”. 
 
4 - Podemos concluir então que, se o símbolo litúrgico não nos leva a esse nível de 
crescimento espiritual, descrito acima, certamente ele já não tem mais força expressiva e 
simbólica. Um exemplo de perda de significação simbólica, podemos citar a batina dos padres, ou 
o uso do véu na igreja pelas mulheres. Insistir, em nossa cultura e na vivência religiosa de nosso 
tempo, no uso de tais símbolos, seria forçar uma prática já inexpressiva e que certamente 
causaria até espanto em muitos fiéis. 
 
5 - Na Liturgia - saibamos - tudo, pois, é simbólico, levando-nos a passar do cotidiano, do 
mundo limitado em que vivemos, para as realidades mais sublimes, definitivas e eternas. E a 
Liturgia é descrita como ação simbólica, no sentido mais pleno. Desde a assembleia reunida até a 
pequenina chama da vela que arde, tudo é expressão simbólica, que nos remete ao mistério 
sublime do amor de nosso Deus. 
6 Como exercício, contemplemos, com o olhar da fé, uma vela acesa em nossas 
celebrações. Ela se consome lentamente, em exaustão total, sem perder, porém, a sua 
pequenina luz. Sua linguagem silenciosa, mas eloquente, fala-nos não de si mesma, mas de uma 
vida que se doa, até o fim, no amor, como que convidandonos a fazer o mesmo, no exemplo 
dado pelo nosso Salvador, amando-nos até o fim (cf. Jo 13,1). Além disso, remete o nosso 
pensamento para Cristo, Luz definitiva do mundo e de nossas vidas (cf. Jo 8,12), ele que destruiu 
 
 
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as nossas trevas no clarão de seu triunfo pascal. Na riqueza, pois, dos símbolos litúrgicos a 
beleza de todo ato celebrativo. 
João de Araújo 
 
O silêncio, parte integrante da Liturgia 
 
1 - O silêncio, por causa de sua índole mistérica e de sua nota bíblica, sempre foi um dado 
essencial à Liturgia. No silêncio, Deus nos fala e se nos revela (cf. 1Rs 19,12b-13), e no silêncio 
podemos perceber mais facilmente a nossa pequenez diante do mistério divino. Na Liturgia, não é 
o silêncio mera ausência de sons ou de vozes, nem pausa para descanso na celebração, ou 
momento de espera e de passagem de um rito a outro. É, sim, convite para entrar no coração da 
Liturgia, no cerne do Mistério Pascal. O silêncio litúrgico nos coloca disponíveis à ação do Espírito 
Santo. O Espírito nos fala no silêncio, de modo que encher-se de silêncio é encher-se do Espírito. 
Onde o mistério é mais profundo, mais elevado deve ser o silêncio, pois aí age mais 
intensamente o Espírito de Deus. Colocado em sua ministerialidade litúrgica, o silêncio é viva 
expressão de participação consciente. 
2 - Romano Guardini, que teve viva participação no Movimento Litúrgico do século XX, 
sobretudo entre os jovens, dizia que o silêncio é a condição primordial para toda ação sagrada e, 
se fosse interrogado, “diria que é com o aprendizado do silêncio que se deve começar a vida 
litúrgica”. De fato, sabemos que o silêncio favorece a meditação, mergulha-nos no mistério de 
Deus e de nós mesmos, como também favorece em nós a contemplação dos bens eternos. 
3 - A realidade, porém, de muitas de nossas celebrações pode ser um desafio para a 
aprendizagem do silêncio, pois estas passaram de um acontecimento até então silencioso e 
equilibrado para uma celebração exageradamente sonora, cheia de palavras e de músicas. 
Sabemos que sons estridentes e vozes ruidosas só podem relativizar a mensagem do canto e, o 
que é pior, acabam abafando a voz da assembleia celebrante. Celebrações assim não levam em 
conta que muitos dos que vêm celebrar já foram “bombardeados” pelo vozerio atordoante do 
mundo em que vivemos. 
4 - A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II (cf. SC nº 30) redescobriu a importância do 
silêncio litúrgico, retomando assim os valores de uma venerável tradição da Igreja, inspirada na 
revelação bíblica. Assim, o silêncio não pode mais ser descuidado, e até sacrificado, em nome de 
uma suposta participação ativa que se quer expressar apenas com vozes, sons e gestos. 
 
 
19 
 
5 - Analisando o texto dos diversos documentos da Igreja e de autores consagrados, 
percebe-se a qualificação do silêncio como “parte da celebração”, uma descoberta então feliz, 
que precisa ser entendida e aceita por todos, afastando aquele conceito às vezes negativo, em 
que se vê o silêncio como momento estéril, de não participação ou de inércia. Assim, em chave 
pedagógica, o silêncio é indicado como um dos elementos importantes da Liturgia a estar sempre 
presente na formação litúrgica de toda a Igreja. 
6 - De acordo, pois, com a Instrução do Missal (IGMR nº 45), a natureza do silêncio depende 
do momento em que ele tem lugar na celebração, havendo sempre uma motivação mais geral 
que é a de promover a participação ativa dos fiéis (cf. SC 30). Na celebração da Eucaristia, o 
silêncio é então recomendado: 
 
a) - Antes de se iniciar a própria celebração, como preparação; 
b) - No Ato Penitencial, para se tomar consciência da fragilidade humana, necessitada sempre da 
misericórdia divina; 
c) - No convite para orar (das orações presidenciais), a fim de se tomar consciência de estar na 
presença de 
Deus; 
d) - Antes de se iniciar a Liturgia da Palavra e após as leituras, como também após a homilia; 
e) - Durante a Oração Eucarística, unindo-se a ela, em escuta ativa, mas respondendo com as 
aclamações propostas; 
f) - Na comunhão, para receber frutuosamente a Eucaristia, evitando, p. ex., conversa 
desnecessária, e participando mais vivamente do rito; 
g) - Depois da Comunhão, se for oportuno, como momento bendizente e de louvor (cf. IGMR nº 
88). (Aqui não se trata de momento de “ação de graças”, pois “ação de graças” é toda a 
Eucaristia, e não um momento dentro dela. Caso haja esse momento de louvor, o silêncioapós 
o “Oremos” fica dispensado [cf. IGMR nº 165]); 
h) - Nas partes próprias do presidente, sempre proferidas em voz alta. (Nas orações pessoais, isto 
é, quando reza em seu próprio nome, o sacerdote, para cumprir o seu ministério com atenção e 
piedade, deve rezar em voz baixa. Tais momentos são: antes e depois da proclamação do 
Evangelho, nas Oferendas e no Lavabo, e antes da sua Comunhão [cf. IGMR nºs. 
132.134.142.143.156]). 
João de Araújo 
 Equipe de acolhida, ministério litúrgico 
 
 
 
20 
 
1 - Em nossas celebrações eucarísticas, dada a sua dimensão festiva e convivial, como 
também seu caráter de reunião fraterna, seria bom que houvesse um grupo de leigos(as) que, no 
espírito da Liturgia, acolhesse os fiéis com aquela delicadeza própria dos filhos de Deus. 
Tratando-se de pessoas idosas ou de deficientes físicos, seriam levados até mesmo aos seus 
lugares na igreja. Cada comunidade, com seu jeito próprio de acolher, teria o cuidado de não 
prolongar muito a acolhida, cuidando para que seja simples e liturgicamente objetiva. É certo que 
a acolhida muito ajudará os fiéis na participação, na compreensão e na descoberta do espírito 
fraterno, que sempre deve manifestar-se na Liturgia. 
 
2 - Claro que a equipe de acolhida deve ser constituída por pessoas comunicativas, 
respeitosas e alegres. Um grupo de “cara fechada” ou “de rosto sombrio” poria tudo a perder. 
Lembremo-nos de que, se a Igreja não acolhe com delicadeza cristã os seus membros, muito 
menos estará apta para acolher os de fora, manifestando a eles a bondade que Deus sempre 
manifesta a nós. 
 
3 - Trata-se, pois, no ministério litúrgico, de acolher no verdadeiro sentido do Evangelho, 
tanto física quanto espiritualmente. O acolher e o ser acolhido não é apenas uma questão de boa 
educação, mas valor também antropológico, exigência profunda que se acha enraizada no ser 
humano. Com mais razão deve então a pastoral litúrgica cuidar para que a equipe de acolhida 
seja verdadeiro ministério litúrgico e se desenvolva no âmbito das celebrações como exigência da 
caridade fraterna e dos princípios básicos da fé cristã. 
 
 
4 - O acolhimento na igreja, como casa de todos e lugar sagrado, deve ser um 
prolongamento daquele acolhimento que deve caracterizar as famílias cristãs. Infelizmente, no 
mundo moderno está soando como superado tal acolhimento, mesmo em nossas famílias, o que 
se pode considerar como perda para a Igreja, para o mundo e para a evangelização. 
 
5 - Como sabemos, a hospitalidade sempre foi uma característica do povo bíblico (cf. Gn 18, 
1-8, p. ex.), e se percorrermos os evangelhos, vamos notar que o próprio Jesus, em suas 
andanças e em sua missão, não só aceitou o acolhimento (cf. Jo 12,1-2; Lc 7,36; 10,38; 11,37; 
14,1), como até se auto-convidou, por exemplo, para estar na casa de Zaqueu (cf. Lc 19,5). 
Também no episódio de Emaús (cf. Lc 24,28), ele “simulou que ia mais adiante”, despertando nos 
 
 
21 
 
discípulos o desejo de sua permanência com eles, concretizando assim dois desejos: o de ser 
acolhido, no início, por parte de Jesus, e o de acolher, depois, por parte dos discípulos. Além 
disso, em sua vida pública e missionária, Jesus sempre se dirigia a Betânia (cf. Lc 10,38-42; Jo 
11,1ss.; 12,1ss.), aldeia próxima de Jerusalém, onde, ao que tudo indica, gostava de repousar. 
 
6 - Finalmente, para ilustrar melhor o tema da acolhida, digamos sobretudo que toda a vida 
de Jesus foi uma constante acolhida, e de coração, uma afeição amorosa, principalmente com 
relação aos mais pobres, infelizes, excluídos e sofredores. A acolhida deve então ser o primeiro 
passo para uma desejável participação de todos na Liturgia e na vida da Igreja. João de Araújo 
Função ministerial do leitor 
 
1 - É muito importante o ministério do leitor na missa, pois é através dele que a Palavra de 
Deus chega, inicialmente, à assembleia. O leitor se torna então um arauto da Palavra. Todos - 
sacerdote, ministros e fiéis - estão assentados para ouvi-lo. Por isso deve ele ter uma formação 
adequada, mostrando-se familiarizado com a Sagrada Escritura e com o Lecionário e, melhor 
ainda, com rica bagagem de espiritualidade bíblica e litúrgica. Nesse sentido, seu ministério se 
torna um testemunho de fé e de zelo cristão. Dirigindo-se ao ambão, onde já deve encontrar-se o 
Lecionário, o leitor vai então proclamar a leitura bíblica. Proclamar, como diz agora a Instrução 
Geral, em sentido litúrgico e celebrativo, não simplesmente ler. 
 
2 - Para o bom exercício de seu ministério, deve o leitor estar consciente de suas funções 
litúrgicas, descritas na Instrução Geral (ns. 59.99.101.194-198) e, em segundo lugar, cumprir 
algumas exigências, sem as quais pode ver prejudicada a sua participação. Tais exigências, 
mínimas, e de caráter técnico, seriam por exemplo: 
 
a) - Ter o cuidado especial em pronunciar bem cada sílaba, cada palavra, regulando o volume 
da voz, de modo que se ouça bem o que é dito, especialmente em fins de frase; 
 
b) - Regular ainda o ritmo da leitura, reduzindo ou acelerando a emissão de voz, segundo o 
caso, mas sobretudo intercalando pausas nas vírgulas e nos pontos; 
 
 
 
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c) – Também é recomendável o cuidado com a modulação da voz, ou seja, mudando de tom, 
quando as variações do texto assim o exigir. Isto acontece porque o texto deve ser lido de acordo 
com o seu gênero literário; 
 
d) - Finalmente, a postura corporal, sempre ereta, com a cabeça levantada, olhando com 
frequência a assembleia, para que a leitura se torne verdadeira comunicação, agradável e 
frutuosa. 
 
3 - Na procissão de entrada, com ausência do diácono, o leitor pode levar o Evangeliário, um 
pouco elevado, caminhando à frente do sacerdote. Chegando ao altar, coloca o livro sobre ele, 
sem fazer inclinação. Se não levar o Evangeliário, então, como os demais ministros, faz a devida 
inclinação ao altar ou a genuflexão ao Santíssimo, se for o caso, e toma lugar no presbitério, 
quando este possui o espaço ideal para o assento de todos os ministros. 
 
4 - Na falta do salmista, pode também o leitor cantar ou recitar o salmo, o que pode 
acontecer sobretudo nas missas feriais. Mas não se deve usar o expediente aqui referido, mesmo 
permitido pelo Missal, para legitimar situações práticas, em que o leitor faça tudo, o que seria 
mais desvio litúrgico do que medida pastoral sensata. Para as missas dominicais, principalmente, 
deve-se fazer todo esforço para que haja leitores e salmista, com suas funções próprias. A IGMR 
faculta ainda ao leitor proferir do ambão as intenções da oração universal, como ainda proferir as 
antífonas da Entrada e da Comunhão quando não houver canto nesses momentos. Também o 
sacerdote pode proferir as antífonas aqui referidas. 
João de Araújo 
 
 Função ministerial do salmista 
 
1 - Na missa, como voz da Igreja, após a primeira leitura, com um pequeno intervalo, o 
salmista canta ou recita o Salmo Responsorial. Na voz do salmista, a assembleia celebrante é 
chamada a uma resposta à palavra de Deus ouvida. Trata-se de diálogo: Deus fala, em 
comunicação descendente, e a Igreja responde, em comunicação ascendente. Mas responder à 
Palavra divina só é possível com outra palavra sagrada. Daí ser aqui um salmo. O salmo 
responsorial é portanto um prolongamento da primeira leitura, em sentido líricomeditativo. 
 
 
 
23 
 
2 - Na prática, do ambão, o salmista, usando o Lecionário, canta ou recita o refrão, seguido 
da repetição pela assembléia, no mesmo tom, continuando depois o salmista com o canto das 
estrofes, intercalando entre elas a resposta do povo. Esta é a maneira tradicional, também 
judaica, de cantar ou recitar os salmos. Mas, um detalhe: o salmista não deve repetir com o povo 
o refrão após as estrofes, como se vê em muitas celebrações, principalmente quando o refrão é 
de fácil memorização. 
 
3 - Quando a missase une a um dos momentos da Liturgia das Horas, a salmodia desta é 
cantada ou recitada nos moldes do Ofício Divino, ou seja, no início e no fim do salmo recita-se ou 
canta-se a antífona própria, encerrando-se o salmo com o “Glória ao Pai...”, antes, porém, da 
antífona. No caso aqui referido, nada impede que sejam dois os salmistas, um para a salmodia da 
Liturgia das Horas, e outro para o salmo da missa. 
 
4 - Para o exercício de seu ministério, o salmista deve cultivar a espiritualidade sálmica, tanto 
quanto possível, pois o ideal é que ele saiba identificar a sua voz com a do autor sálmico. Aqui 
pode surgir, porém, alguma dificuldade, pois os sentimentos de quem agora salmodia podem não 
ser os do autor sálmico. Por exemplo: o salmista está feliz, mas o salmo fala de tristeza, de 
angústia etc.. Ou, então, o contrário: o salmista está triste, e o texto sálmico é de alegria, de 
exultação, de louvor. Para tanto, ser-lhe-á útil não apenas conhecer o gênero literário do salmo 
(de louvor, de súplica, de penitência etc.), mas também reconhecer que ele salmodia não em 
nome pessoal, mas em nome da Igreja, aplicando a si mesmo a exortação de São Paulo: 
“Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram” (cf. Rm 12,15). 
 
5 - Outro dado importante é saber que o salmo não é uma oração composta em prosa, mas 
poema de louvor (cf. IGLH n.103), e mesmo quando recitado ou rezado predomina seu caráter 
musical. Vê-se, pois, que, por tudo o que aqui foi afirmado, o ministério do salmista distingue-se - 
e muito - do ministério do leitor. Função ministerial do comentarista 
 
1 - O comentarista (que pode também ser chamado de animador) deve exercer a sua função, 
a serviço dos fiéis, com breves monições na celebração, visando dispor a comunidade para uma 
participação também mais plena e consciente. Sejam então suas explicações cuidadosamente 
preparadas, sóbrias e claras. Deve ele exercer a sua função em lugar adequado, voltado para a 
assembleia, uma vez que está a serviço dela, mas não deve fazê-lo do ambão. No exercício de 
sua função, seja simples, não chamando a atenção para si mesmo. 
 
 
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2 - Com relação ao ministério do comentarista, algumas orientações, de ordem também 
pratica, talvez sejam valiosas. Assim, na Liturgia da Palavra, por exemplo, em vez de antecipar 
explicações de seu conteúdo ou de sua temática, o ideal é que ele soubesse, com palavras 
próprias, motivar a assembleia simplesmente, predispondo-a para a escuta atenta da Palavra de 
Deus. O que aqui se diz só é aplicável, porém, com objetividade, nas comunidades que não usam 
folhetos. 
 
3 - Entendamos: referindo-se a “primeira leitura”, “segunda leitura”, o comentarista estará 
falando o óbvio, isto é, aquilo que toda a assembleia já sabe. Voltando ao tema da Palavra de 
Deus, muitas vezes o que o folheto diz não é o que a Liturgia de fato está celebrando, dada a 
riqueza da revelação bíblica, com suas múltiplas aplicações. Melhor, pois, é deixar que Deus fale. 
Cabe à assembleia ouvir. De acordo com o que aqui se propõe, o comentarista poderia então 
dizer, com sobriedade: “Vamos agora, irmãos e irmãs, celebrar a Liturgia da Palavra. Atentos, 
ouçamos o que Deus quer nos falar.” No Evangelho, diria simplesmente: “Vamos aclamar e ouvir 
o Evangelho”. O convite para ficar “assentados” ou “de pé” é desnecessário. Não se deve insistir 
naquilo que o povo já sabe, ou que já deveria saber. 
 
4 - Com relação aos ritos iniciais, a IGMR, no n° 50, vai dizer: “Feita a saudação ao povo, o 
sacerdote, o diácono ou um ministro leigo, pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na 
missa do dia”. Como se sabe, à saudação aqui referida, o povo responde “Bendito seja Deus que 
nos reuniu no amor de Cristo”, momento em que a assembleia se vê de fato liturgicamente 
constituída. E o Guia Litúrgico Pastoral, da CNBB, na página 32, esclarece: “Só depois desta 
saudação, convém situar a celebração no tempo ou festa litúrgica e na realidade da comunidade 
com a recordação da vida, especialmente em comunidades menores, nas quais os fiéis podem 
efetivamente recordar em voz alta os acontecimentos”. Em seguida, o Guia Litúrgico chama a 
atenção para se evitarem os costumeiros “comentários iniciais”. 
 
5 - “Introduzir os fiéis na missa do dia” é o mesmo que situar a celebração no tempo ou festa 
litúrgica. Assim, o sacerdote ou o comentarista diria simplesmente: “Reunidos no amor de Cristo, 
celebremos, com viva alegria, o Mistério Pascal, nesse domingo do Tempo Comum” (mudando-
se, conforme o tempo litúrgico ou festa). Como recordação da vida, devemos entender o espaço 
 
 
25 
 
ideal para manifestar os fatos marcantes da vida da comunidade: bodas, momentos de dor e de 
luto, missas de 7° e 30° dia, e acontecimentos marcantes da semana que passou, seja no bairro, 
na cidade, na região ou no mundo, mas sem prolongar muito esse momento. 
 
6 - Não é preciso nem conveniente que o comentarista diga exatamente as palavras dos 
exemplos acima, que podem ser mudados, melhorados e atualizados. Na Liturgia da Palavra, em 
algumas comunidades, costuma-se dizer o nome do leitor, mas não é recomendável, pois a 
atenção deve voltar-se para o Senhor que fala, sendo aqui o leitor instrumento que Deus usa para 
comunicar-se com o seu povo. Dadas as orientações do Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB e da 
Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), a celebração da Eucaristia pode ser iniciada 
simplesmente com o canto de entrada, dispensando muitas vezes longo palavreado que nada 
acrescenta à sua eficácia litúrgica. 
João de Araújo 
 O canto ritual e litúrgico 
 
PRINCÍPIO GERAL 
 
1 - Em todos os estudos sobre o canto e a música na Liturgia, devemos ter bem claro o 
princípio fundamental formulado pelo Concílio Vaticano II: "... a música sacra será tanto mais 
santa, quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica..." (SC 112c). Assim, uma autêntica 
celebração exige que se observe exatamente o sentido e a natureza próprios de cada parte e de 
cada canto. Quanto mais gerais forem então os textos dos cantos e menos ligados à ação 
litúrgica ou ao tempo e à festa, tanto mais podemos dizer que não são eles litúrgicos, pois o 
importante é cantar a Liturgia, e não simplesmente cantar na Liturgia, como tantas vezes 
acontece. 
 
2 - Inserido na Liturgia, como parte integrante desta, o canto litúrgico participa de sua 
sacramentalidade, tornando-se então mistagógico, ou seja, capaz de conduzir a assembleia 
celebrante ao âmago do mistério. Por isso, é canto objetivo, que nasce da fé bíblica e eclesial, 
canto, pois, ritual, com função ministerial na Liturgia, seja acompanhando um rito, como é o caso 
dos cantos processionais (Entrada, Oferendas e Comunhão), seja por ser ele mesmo o rito, como 
no caso do “Glória” e do “Santo”. O mesmo não se pode dizer do canto simplesmente religioso, 
 
 
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devocional, limitando-se este a sentimentos de ordem puramente subjetiva, sem ligarse portanto 
à objetividade litúrgica. 
 
3 - Traduzindo o pensamento conciliar e o ensinamento da Igreja, queremos dizer então que, 
na Liturgia, não se canta por cantar. Não se canta para encher espaço ou cobrir possíveis vazios 
na celebração. Também não se canta por ser o canto bonito e cheio de mensagens, 
simplesmente. O canto, na Liturgia, não é divertimento nem se destina a tornar a celebração mais 
leve, mais agradável, mais movimentada. O canto litúrgico nunca pode ser mero enfeite, pois ele 
tem, na celebração, uma função ministerial, que lhe é própria. Às vezes, porém, 
certos cantos nos deixam a impressão de estarem apenas embelezando o momento celebrativo. 
 
4 - Na Liturgia, o canto une as pessoas, anima e dá vida à celebração, como afirma Ione 
Buyst. Facilita passar de "uma só voz" a "um só coração" e, finalmente, a "uma só alma", como se 
vê na espiritualidade das comunidades primitivas (cf. At 4,32a).Podemos, pela Liturgia, unir 
nossa voz à dos anjos, em Liturgia terrestre e celeste, como acontece de fato no canto do 
“Santo”, sendo realmente nosso canto exultação de um povo feliz e redimido, que caminha para a 
casa do Pai. 
 
5 - Na linguagem bíblica e litúrgica, canto se associa ao Espírito Santo, e espírito tem relação 
com sopro, vento. O Espírito de Deus suscita em nós o "som", a vibração correta, que nos faz 
pensar e sentir em uníssono com o próprio Deus. O canto produz, pois, a harmonia universal. 
Aliás, a palavra "canto" tem sentido de "harmonia". Assim, podemos dizer que a criação, na sua 
harmonia, é um canto de louvor a Deus, e a Liturgia, nas palavras de Paulo VI, “é o louvor de 
Deus, na linguagem de um povo orante”. E com razão Bento XVI sublinha que “a música sacra 
tem que nos levar para outro mundo, para uma nostalgia do transcendente”. 
 
6 - O canto amplia o sentido das palavras e, por outro lado, sonda o mais profundo da 
interioridade do ser, cativa e faz brotar os sentimentos mais puros e profundos da alma humana. 
Ele liberta-nos dos limites da palavra, do racionalismo intelectual, do mero conceito, para dar-nos 
uma projeção do infinito e do indizível, na alegria que faz o coração exultar diante do mistério. É 
nesse sentido que São Tiago pergunta e, ao mesmo tempo, responde: "Está alguém alegre? 
Então cante!" (cf. Tg 5,13b). 
 
 
 
27 
 
7 - Devemos vivenciar juntos a profundidade espiritual de um canto, pois a música, na 
Liturgia, é chamada a uma densidade teológica e espiritual à altura do mistério que nela 
celebramos. Por isso, não se pode escolher qualquer canto e qualquer música para a celebração, 
pois, como já vimos, ela deve aderir-se à natureza da Liturgia, na sua funcionalidade ministerial. 
A letra e a música deverão, assim, ser feitas no Espírito, levando-se em conta a situação ritual do 
canto, como também o tempo litúrgico ou a festa celebrada. 
João de Araújo 
 
O amém - Nas escrituras e na Liturgia 
 O SENTIDO ORIGINAL DA PALAVRA "AMÉM" 
 
1 - A palavra “Amém” é de origem hebraica e conota noções de estabilidade, verdade e firmeza. 
Na tradição grega, atestada por Justino, a palavra também se firma como auspício, augúrio, 
desejo, querendo dizer, por exemplo, “possa realizar-se tudo o que o sacerdote diz em meu 
nome”, ou ainda “que assim seja”, como nas orações presidenciais. Mas o sentido primitivo do 
“Amém” é mais de afirmação. Assim, dizer “Amém” na hora da Comunhão é o mesmo que dizer 
“Sim, é o Corpo (e o Sangue) de Cristo que vou receber, eu creio!”. 
 
O "AMÉM" NAS SAGRADAS ESCRITURAS 
 
2 - No Antigo Testamento, o “Amém” revela o ponto culminante de participação efetiva do 
povo de Israel, seja nos momentos de oração como nos de bênção. No contexto mais amplo da 
antiga aliança, respondendo 
“Amém” a comunidade ou o fiel se punha por uma asserção positiva sob os sinais então de vida, 
como se vê em Ne 8,6, ou de morte, como se vê em Dt 27,15-26, por exemplo. Contudo, o 
sentido mais pleno do “Amém” no AT é, sem dúvida, quando aparece concluindo doxologias dos 
livros do Saltério, bendizendo a Deus, como em Sl 41(40),14; 72(71),19; 89(88),53 e 106(105),48, 
esta última com claro sentido litúrgico. 
 
3 - Se no AT o “Amém” aparece mais em sentido assertivo, concluindo doxologias na 
referência a Deus, no NT aparece como conclusivo nas doxologias em louvor a Cristo, como se 
vê em Rm 9,5; 1Pd 4,11; Jd 25; Hb 13,21; Ap 1,7, dentre outras. É interessante notar que no NT 
o "Amém" torna-se um puro "sim", até mesmo uma espécie de nome próprio, nome divino, 
indicativo então de Jesus, o "sim" de Deus (cf. 2Cor 1,19-20; Ap 3,14). 
 
 
28 
 
 
O “AMÉM” NA LITURGIA 
 
4 - Na Liturgia o “Amém” expressa antes de tudo uma adesão consciente dos fiéis à ação 
sagrada e aos ritos litúrgicos, ou seja, é uma amostra de participação viva e ativa no mistério que 
se celebra. Assim, jamais deve parecer mera conformidade com o que se propõe na celebração, 
como às vezes se pode notar em muitas de nossas assembleias, onde o “Amém” aparece 
raquítico, frágil, quase inaudível, sem aquela qualidade aclamativa que o caracteriza. Sabemos 
também que, felizmente, existem assembleias onde o “Amém” ressoa em uníssono, o que dá à 
Liturgia um rosto de viva participação, de alegria pascal. 
 
5 - Na aplicação litúrgica, respondendo “Amém” depois que foi pronunciada uma oração 
presidencial, a assembleia, por meio dessa aclamação, ao mesmo tempo assertiva e augural, faz 
seu o discurso orante de seu presidente e se associa a ele sem reservas. Daí fica claro como 
pronunciar o “Amém” é tão comprometedor como pronunciar a oração que o “Amém” confirma. 
Como observa Cesare Giraudo, “os mistagogos antigos estavam bem conscientes disso”, citando 
Santo Agostinho, por exemplo. 
 
6 - Na celebração da Eucaristia, o “Amém” das orações presidenciais tem mais importância 
que os demais, sobretudo o conclusivo da Oração Eucarística, na doxologia final, esta como 
plena glorificação e louvor de 
Deus, pois a assembleia, com o “Amém”, ratifica todo o formulário eucarístico recitado pelo 
presidente (cf. IGMR n. 79h). Também nas demais orações presidenciais, tanto da missa como 
de outros formulários, a 
assembleia, com o “Amém” conclusivo, faz suas as orações recitadas (cf. IGMR 54, 77c, e 89). 
João de Araújo 
 As aclamações litúrgicas 
1 - Nos pontos mais importantes da reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II 
destaca-se a redescoberta do povo de Deus como assembléia celebrante, reconhecendo o seu 
protagonismo na ação sagrada e cultual, tornando-a então sujeito da liturgia. “A participação na 
liturgia é parte integrante e constitutiva da própria ação litúrgica” (A. M. Triacca). Por isso, uma 
celebração sem a participação do povo jamais pode ser uma celebração viva, exceto aquela em 
 
 
29 
 
que, por circunstância especial, o sacerdote só pode celebrar sozinho, hipótese em que são 
omitidas as saudações, as exortações e a bênção no final da missa (cf. IGMR nº 254). 
Mas - entendamos - mesmo sendo privada, essa missa tem também dimensão comunitária e 
eclesial. 
 
2 - A liturgia, por sua natureza, é estruturada em linha hierárquica, dados os diversos 
ministérios dos membros da assembléia celebrante, estes sempre a serviço da liturgia. Nesse 
sentido, o Concílio Vaticano II vai dizer: 
“Por isso, os sagrados pastores devem vigiar que na ação litúrgica não só sejam observadas as 
leis para a celebração válida e lícita, mas ainda que os fiéis nela tomem parte de maneira 
consciente, ativa e frutuosa” (cf. 
SC 11), participação aqui então entendida na linha sacramental e, por isso mesmo, mistagógica. 
 
3 - Neste trabalho, dentre as diversas formas de participação que acontece em toda a 
celebração, queremos destacar as aclamações litúrgicas, ora com seu sentido de bendição, ora 
de exaltação, ora de júbilo universal, como ainda de ação de graças, de súplica e de acolhida. 
Vejamos então as aclamações nos diversos momentos da celebração eucarística: 
 
NOS RITOS INICIAIS 
 
4 - Como resposta à saudação inicial do presidente, a assembléia vai aclamar: “Bendito seja 
Deus que nos reuniu no amor de Cristo!” , e aqui devemos notar três elementos fundamentais: a) 
Trata-se de aclamação bendizente, e o bendizer é próprio da oração litúrgica, como herdamos da 
tradição judaica; b) Que somos reunidos por Deus, chamados por ele de nossa dispersão, como 
outrora, através de Moisés, convocou o povo de Israel para as grandes assembléias do deserto 
(cf. Ex 19 e Js 24). Portanto, trata-se de iniciativa de Deus e não de mérito nosso; e c) Que a 
reunião, que agora se efetiva, faz-se no amor de Cristo, o que, desde o início, já supõe um clima 
de amor fraterno e de igualdade. Na liturgia, com essa aclamação dos fiéis, dá-se por constituída 
a assembléia celebrante. 
 
5 - Ainda nos ritos iniciais,vamos ter o canto do “Senhor, tende piedade” (Kyrie eleison), que 
é, ao mesmo tempo, de aclamação ao Senhor e de súplica de sua misericórdia (cf. IGMR nº 52). 
 
 
 
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NA LITURGIA DA PALAVRA 
 
6 - O canto de aclamação, que antecede imediatamente o Evangelho, é uma aclamação de 
acolhida e de saudação ao Senhor pela assembléia. O ideal é que essa aclamação seja sempre 
constituída do Aleluia e de um versículo do Evangelho, omitindo-se na Quaresma o Aleluia. 
Quando não cantado, pode ser omitido (cf. IGMR nº 62 e 63c). Em resposta ao diácono ou ao 
sacerdote, no início ("Proclamação do evangelho de NSJC segundo...), e no fim ("Palavra da 
salvação!"), os fiéis aclamam "Glória a vós, Senhor!" (cf. IGMR nº 175). 
 
NA LITURGIA EUCARÍSTICA 
 
7 - Também na preparação e apresentação dos dons, há uma aclamação bendizente da 
assembléia quando o presidente recita em voz alta a oração prescrita, também bendizente: 
“Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão... Bendito sejais pelo vinho...”, a que os fiéis 
respondem, aclamando: “Bendito seja Deus para sempre!” (cf. IGMR nº 142). 
 
8 - Uma grande aclamação está presente no início da Oração Eucarística, após o Prefácio: é 
o Santo, entendida também na liturgia como aclamação universal. É cantada por todo o povo e 
pelo sacerdote. Mais propriamente nesse momento, a assembléia terrestre se une aos espíritos 
celestes, em liturgia única, aclamando o nosso Deus, três vezes santo, como proclamam os 
serafins. Também os querubins estão vivamente presentes nessa aclamação com as suas 
bendições, nela também presentes os santos e nossos defuntos. Na compreensão litúrgica, aqui 
se fazem presentes as três dimensões da Igreja: Peregrina ou militante, padecente ou de 
purgação, e triunfante ou gloriosa. A aclamação do Santo encontra sua fundamentação bíblica 
em Is 6,3; Ez 3,12; Ap 4,8; Sl 118[117],26; e Mt 21,9). Como se vê, trata-se de uma aclamação de 
profundo sentido teológico, bíblico e litúrgico, o que exige de todos mais zelo em sua 
proclamação litúrgica. 
 
9 - Durante a Oração Eucarística, e variando de acordo com cada uma, estão as aclamações 
dos fiéis, como plena participação litúrgica. São elas colocadas na mesma temática do momento 
literário e teológico da Oração Eucarística, devendo então ser rezadas ou cantadas pelos fiéis na 
mesma tonalidade em que é recitada pelo sacerdote. Dentre essas aclamações, destaca-se a 
aclamação memorial após o “Eis o mistério da fé!”, nas três propostas da liturgia: “Anunciamos, 
 
 
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Senhor, a vossa morte...”, “Todas as vezes que comemos deste pão...” e “Salvador do mundo, 
salvai-nos...”. Dentre as três, destaca-se ainda a primeira, não só por seu valor anamnético 
(memória do sacrifício da cruz), como pela proclamação da ressurreição no “hoje” da liturgia e de 
nossa vida, e ainda pelo seu conteúdo de fundo escatológico: “Vinde, Senhor Jesus!” 
 
10 - Se o Amém das quatro orações presidenciais, além de ser conclusivo e de ratificação 
pela assembléia, tornando sua a oração, é também aclamativo segundo o Missal (cf. IGMR nº 
127, 146, 151 e 165), muito mais aclamativo é então o Amém após a Doxologia final (“Por Cristo, 
com Cristo e em Cristo...”), chamado, por isso, de “grande Amém”, pois a Oração Eucarística é a 
mais importante oração presidencial, e o Amém que a conclui ratifica, com mais firmeza litúrgica, 
todo o seu conteúdo, tornando a anáfora mais ainda oração de toda a assembléia celebrante. 
Nesse sentido, deve distinguir-se, em solenidade, de qualquer outro Amém da celebração 
eucarística. 
 
NOS RITOS DE COMUNHÃO 
 11 – Se o “Pai Nosso” é rezado por todos, o embolismo (“Livrai-nos de todos os males, ó Pai,...”) 
é acrescentado só pelo sacerdote, e o povo vai conclui-lo com uma aclamação doxológica, isto é, 
de louvor: 
“Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre!”, aclamação que herdamos da igreja primitiva 
(cf. Didaqué 9,4). 
 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS: 
- IGMR - Instrução Geral sobre o Missal Romano 
- Missal Dominical da Assembléia Cristã 
- Dicionário de Liturgia (Paulus) 
- Didaqué (Catecismo dos primeiros cristãos) João de Araújo A procissão de entrada 
1 - Conforme a Instrução Geral sobre o Missal Romano, os ritos iniciais têm por finalidade 
fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembleia, constituam uma comunhão e se disponham 
para ouvir atentamente a palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia (n° 46b). 
Deveríamos perguntar-nos se em nossas comunidades esses ritos têm atingido a finalidade 
apontada pelo Missal. Neste trabalho, queremos refletir um pouco somente sobre o primeiro 
deles, a procissão de entrada. 
 
 
 
32 
 
2 - Com os olhos da fé, podemos ver na entrada solene dos ministros a presença viva da 
Igreja, já nela também presente a pessoa de Cristo, visivelmente representada pelo sacerdote, 
como seu ícone sacramental. Além das pessoas, também objetos sagrados se fazem presentes 
na procissão, como as velas, o incenso, a cruz, o Evangeliário e outros símbolos da comunidade, 
quando úteis à celebração. Às vezes, em certas celebrações, temos a impressão de que o rito de 
entrada fica muito “carregado”, com elementos demais, desnecessários. Aqueles, porém, 
apontados pelo Missal são ricamente simbólicos e nos ajudam a entrar no mistério da celebração. 
 
3 - Parece não ser importante, mas a procissão de entrada, como o primeiro dos ritos iniciais, 
já pode nos dar uma ideia de como será a celebração: se sóbria, simples e objetiva, então todos 
os demais ritos são convidados a dar os mesmos passos da simplicidade, que caracteriza a 
Liturgia. Ao contrário, se alheia aos dados da objetividade litúrgica, poderá inaugurar ela os 
descompassos de toda uma celebração. 
 
4 - A imagem descrita acima como negativa pode ser resultado da introdução na procissão 
de entrada de elementos secundários, sem força simbólica, em nome da criatividade, mas 
prescindindo do essencial, do que é verdadeiramente simbólico. Para um bom início de 
celebração, a procissão de entrada pode ser enriquecida, por exemplo, quando, pelo menos em 
alguns domingos e solenidades, nela se leva o Evangeliário, ou o Círio, este no Tempo Pascal. 
Quanto ao Círio Pascal, quando usado, ele deve guiar a procissão, dispensando então a cruz 
processional e as velas, isto para que não haja duplicidade de sinais cristológicos no mesmo rito. 
 
5 - Outra verificação que podemos fazer no rito de entrada diz respeito ao canto que a 
acompanha. Nem sempre esse canto “cumpre” a sua finalidade de abrir a celebração e introduzir 
a assembleia celebrante no mistério do tempo litúrgico, isto porque seu conteúdo quase sempre 
fica distante dessa função ministerial tão importante. Às vezes o canto se prolonga após o rito, 
pelo simples fato de ter qualidade musical, o que não se justifica liturgicamente. O canto pode, 
sim, prolongar-se, mas quando há incensação no início da celebração. 
 
6 - Não havendo canto, principalmente nos dias feriais, a antífona proposta no Missal pode 
ser recitada, como também o próprio sacerdote pode adaptá-la a modo de exortação inicial (cf. 
IGMR nº 48b). Resumindo, diríamos: o canto de entrada acompanha um rito, o rito de entrada; 
terminado o rito, termina-se também o canto, é lógico. 
 
 
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7 - Numa referência mais espiritual, podemos dizer que a procissão de entrada simboliza a 
marcha do povo de Deus para a casa do Pai. Aqui, então, a sua marca escatológica que, por si 
só, já nos mostra a sua importância litúrgica. Ela marca inicialmente a passagem do cotidiano 
para o simbólico, do mundo “ferido pelo pecado para o mundo da vida nova ao qual todos somos 
chamados”. Finalmente, podemos dizer que, embora os fiéis permaneçam em seus lugares na 
igreja, liturgicamente a procissão dos ministros os conduz também ao altar de 
Deus. 
 
 A saudação inicial do presidente 
1- Nos ritos iniciais

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