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Letícia Santos - Medicina GAMMA KNIFE Qual o princípio de funcionamento deste aparelho E como o mesmo pode ser utilizado na área médica Logo depois que Spiegel e Wycis demonstraram o primeiro procedimento estereotáxico em humanos, o neurocirurgião sueco Lars Leksell começou a desenvolver um método para distribuir radiação estereotaticamente ao cérebro. Em vez de colocar uma sonda dentro do cérebro e criar uma lesão térmica, ele usou radiação ionizante focalizada (raios X) para produzir o mesmo efeito sem cirurgia aberta. Em 1953, 4 anos após a primeira descrição da capsulotomia RF, Leksell realizou a primeira capsulotomia radiocirúrgica. A capacidade de tratar patologia intracraniana ou criar lesões funcionais sem cirurgia de crânio aberto representou um grande avanço. (MIGUEL, 2019) Em 1967, Leksell apresentou um aparelho radiocirúrgico destinado à pesquisa e uso clínico rotineiro, para tratamento de doenças neurológicas funcionais, equipado com fontes de um isótopo radioativo de cobalto (60Co) que emite raios gama de alta energia com meia-vida de 5,27 anos. O “gamma knife” (GK) emprega muitas fontes de 60Co, dispostas em uma configuração hemisférica ou cônica dentro de uma parte semelhante a um capacete do dispositivo. Os modelos GK modernos têm 192 60Co-fontes e os feixes de cada fonte passam por um canal cilíndrico separado, ou colimador, para produzir feixes de 4, 8 ou 16 mm de largura conforme medido em sua interseção (foco). Uma única exposição de um volume alvo (geralmente chamada de “um tiro”) produz uma dose máxima no foco dos 192 feixes. A dose depende do tempo de exposição e da taxa de dose. A dose prescrita é a dose administrada para atingir o efeito biológico desejado (destruição de um tumor, obliteração de uma malformação arteriovenosa (MAV) ou formação de uma lesão no cérebro para tratamento do TOC). (MIGUEL, 2019) No plano de dosagem ideal, a dose prescrita está totalmente de acordo com o volume desejado. Vários planos de dosagem diferentes podem atender a esse requisito. Os planos podem diferir no número de disparos usados, nos colimadores usados, no tempo de exposição e no número de canais de feixe usados. Clinicamente, é de grande importância que a distribuição da dose fora e dentro do volume alvo possa diferir significativamente entre planos com a mesma dose de prescrição e conformidade. Essas diferenças se traduzem em diferenças na chance de sucesso e risco de complicações. As primeiras capsulotomias Gamma Knife para TOC refratário e outros transtornos de ansiedade foram realizadas em 1976. (MIGUEL, 2019) Letícia Santos - Medicina A técnica ótima de radiocirurgia depende de vários fatores, como o formato, tamanho e localização da lesão, bem como do planejamento e tempo de irradiação. A comparação entre as técnicas descritas foi realizada por alguns autores, principalmente em relação aos dois métodos mais utilizados. Considerando-se a precisão mecânica, o Gamma Knife apresenta vantagem em relação ao LINAC. Nas lesões de volume limitado e formato irregular, com a utilização de múltiplos isocentros, é possível obter-se um planejamento altamente conformado com o Gamma Knife. Nas lesões de formato regular, a técnica de múltiplos arcos com um único isocentro no LINAC confere uma distribuição de dose mais homogênea dentro do alvo. A eventual desvantagem do LINAC na conformidade para o tratamento de lesões irregulares pode ser superada através da utilização da distribuição de dose com a utilização de múltiplos isocentros e arcos, à semelhança dos múltiplos isocentros no Gamma Knife; no entanto, há dificuldade na implementação desse tipo de tratamento no LINAC. Mais recentemente, a utilização de colimadores com múltiplas micro-folhas e múltiplos campos estáticos ou dinâmicos no LINAC oferece uma técnica alternativa e aplicável a lesões de qualquer formato. Essa estratégia de tratamento também tem demonstrado distribuições de dose e índices de conformidade semelhantes aos relatados nos planejamentos com múltiplos isocentros no Gamma Knife. Portanto, os dois métodos proporcionam resultados semelhantes na distribuição de dose para a cobertura do volume-alvo e restrição para o tecido normal adjacente. (CASTRO, 2006) REFERÊNCIAS: CASTRO, Douglas Guedes de et al. Radiocirurgia nos adenomas hipofisários. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 50, p. 996-1004, 2006. MIGUEL, Euripedes C. et al. Evolution of gamma knife capsulotomy for intractable obsessive- compulsive disorder. Molecular psychiatry, v. 24, n. 2, p. 218-240, 2019. MORENO, Kátia Rayanne Rodrigues; COSTA, Carla Danielle Dias. Radiocirurgia estereotáxica no tratamento de metástases cerebrais: uma revisão narrativa. Revista Eletrônica da Faculdade de Ceres, v. 8, n. 1, 2019.
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