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1- Caracterizar a neoplasia de tireoide ( classificação/tipos, epidemiologia, etiologia, fatores de risco, fisiopatologia, quadro clínico) Classificação ADENOMAS: neoplasias benignas derivadas do epitélio folícular geralmente são solitários. A imensa maioria dos adenoma não é funcional mas uma pequena proporção produz hormônios tireoideanos, são os adenomas tóxicos e provocam tireotoxicose clinicamente aparentes. OBS: tireotoxicose - é um síndrome clínica decorrente da exposição do organismo a altas doses de hormônios tireoidianas circulantes. Ex: hipertiroidismo. Eles geralmente não são precursores de carcinoma, mas alterações genéticas podem ocasionar pelo menos um subgrupo de carcinoma folículares que surgem em adenomas pre-existentes. Características clínicas: - As massas maiorias podem produzir sintomas locais (ex: dificuldade de deglutição) - Após a injeção de iodo radioativo a maior parte dos adenomas capta o iodo menos que o parênquima tireoideano normal (ou seja, menos afinidade) - Na varredura com com radionuclídeos, os adenomas surgem como nódulos frios em relação à glândula tireoide adjacente normal. Os adenomas tóxicos como nódulos mornos ou quentes. ( Geralmente, QUENTE - benigno e FRIO - maligno ) - Os adenomas suspeitos da tireoide são, consequentemente, removidos cirurgicamente a fim de excluir a malignidade. - Os adenomas tireoidianos apresentam excelente prognóstico e não recidivam ou metastatizam. OBS: Varredura com radionuclídeos um procedimento utilizando radiofármacos que produz imagens das estruturas internas do corpo. CARCINOMAS Papilíferos: é o tipo mais comum e está presente em cerca de 8 de 10 pessoas com câncer de tireoide (80%). Geralmente cresce muito lentamente e muitas vezes se espalha para os gânglios linfáticos no pescoço. Espalhar para os pulmões ou ossos é raro. Atinge as mulheres duas vezes mais frequentemente que os homens, e a idade do paciente típico é de 30 a 50 anos. Se detectado enquanto o tumor é pequeno (menos de 1 cm) e confinado à glândula tireoide, a taxa de cura é muito alta, perto de 100% em pacientes jovens. Folicular: é o segundo tipo mais comum (cerca de 10 a 15% dos casos). Raramente se espalha para os linfonodos, mas pode às vezes se espalhar para os pulmões ou ossos. Afeta as mulheres duas vezes mais frequentemente que os homens e a idade do paciente típico é de 40 a 60 anos. Se for detectado enquanto o tumor é pequeno e confinado à tireoide, a taxa de cura total é alta, quase 95% em pacientes jovens. A taxa de cura diminui ligeiramente em pessoas mais velhas. Medular: é muito menos comum (cerca de 5% dos casos). Quando não se espalha para além da tireoide, os pacientes têm 90% de chance de sobreviver por 10 anos; chance de 70% quando se espalha para os gânglios linfáticos no pescoço; e chance de 20% quando se espalha para locais distantes (tais como o fígado, ossos ou cérebro). Este tipo de câncer de tireoide pode ocorrer repetidamente em membros de uma mesma família e requer uma avaliação cuidadosa para determinar se outros membros da família estão em risco. Anaplásico: é a forma menos comum (cerca de 1 a 2% dos casos) e o mais agressivo. É comum retornar após o tratamento e as chances de sobreviver mais de 6 a 12 meses é muito baixa. Afeta mais homens do que mulheres e, em sua maioria, pessoas com mais de 65 anos. É muito raro em pacientes jovens. Tipos ( maligno / benigno ) • Apenas 5%-10% dos nódulos representam risco de malignidade para o paciente. Assim, o principal desafio para o clínico é diferenciar um nódulo com potencial maligno de um nódulo tireoidiano inócuo. Para isto, utilizam-se dados de história e exame físico, características ultra-sonográficas e de Doppler, marcadores séricos e a citologia do nódulo, obtida por punção aspirativa com agulha fina (PAAF). • BENIGNOS: ↪ Características: ➢ História familiar de bócio benigno ➢ Nódulo de longa duração sem crescimento recente ➢ Bócio multinodular ➢ Bócio difuso ➢ Nível elevado de anticorpos anti-tireoidianos ➢ Nódulo puramente cístico à US ➢ Nódulo “quente” à cintilografia ➢ Citologia benigna à PAAF ↪ Adenoma folicular: ➢ Encapsulado formado por células foliculares ➢ Raros de origem epitelial ➢ Não invadem tecidos nem produzem metástases ➢ Alguns adquirem autonomia após sofrerem mutações no receptor de TSH ou na subunidade alfa da proteína Gs, tornando-se hiperfuncionantes ↪ Bócio endêmico: maior causa é a deficiência de iodo na alimentação e esporádico: lesões pseudotumorais • MALIGNOS: ↪ História: ➢ Câncer de tireoide prévio ➢ História familiar de câncer de tireoide ➢ Nódulo em criança menor de 14 anos ➢ Exposição à radioterapia no pescoço e face ➢ Rouquidão ➢ Nódulo de crescimento rápido, doloroso e recente no sexo masculino ➢ História de metástase a distância ↪ Exame físico: ➢ Nódulo de consistência pétrea, fixo as estruturas vizinhas ➢ Adenopatia cervical ➢ Paralisia da corda vocal ↪ Achados de laboratório ➢ PAAF positiva para câncer 99% ou suspeita 33% ➢ Nódulo “frio” solitário 10-20% de chance ➢ Nódulo que avança sobre estruturas extra-tireoidianas ao US ➢ Calcitonina e CEA elevados em pacientes em risco de câncer medular Epidemiologia CARCINOMA São relativamente raros nos Estados Unidos são responsáveis por cerca de 1,5% de todos os cânceres casos manifestados no início e na metade da vida adulta. Tem predominância feminina casos que se manifestam na infância ou tardiamente na vida adulta estão igualmente distribuídos entre homens e mulheres. A maior parte dos carcinomas da tireoide (exceto os carcinomas medulares) é derivada do epitélio folicular tireoidiano e, destes, a imensa maioria é composta por lesões bem diferenciadas. • Carcinoma papilífero (responsável por mais de 85% dos casos) • Carcinoma folicular (5-15% dos casos) • Carcinoma anaplásico (indiferenciado; menos de 5% dos casos) • Carcinoma medular (5% dos casos) • Estima-se uma sobrevivência global de 95% para carcinomas papilíferos, de 77% em 10 anos para carcinomas foliculares e de 85% em 10 anos para os carcinomas medulares com linfonodos negativos, porém de apenas 40% para aqueles que apresentam invasão ganglionar. ADENOMAS O surgimento de nódulos tireoidianos ocorre na maioria dos casos de forma indolente e são percebidos à palpação em cerca de 4% dos indivíduos, sendo mais prevalentes em mulheres, com idade superior a 40 anos e histórico familiar de nódulos tireoidianos, contudo, não exclui outras faixas etárias. Com relação ao histórico familiar, cerca de 5% a 10% dos casos tem essa relação. A incidência aumenta gradativamente em áreas onde a deficiência de iodo é evidente, por exemplo, por condições socioeconômicas inadequadas e privação de alimentação balanceada. Nestes casos, o bócio endêmico é característico nas alterações gandulares. Etiologia Câncer de tireoide papilífero Foram encontradas várias mutações no DNA do câncer de tireoide papilar. Muitos desses cânceres têm mudanças em partes específicas do gene RET. A forma alterada desse gene, conhecida como oncogene PTC, é encontrada em 10 a 30% dos cânceres de tireoide papilífero e de uma maior porcentagem destes cânceres em crianças e/ou relacionada com a exposição às radiações. As mutações RET geralmente são adquiridas durante a vida de uma pessoa. Elas são encontradas apenas em células cancerígenas e não são transmitidas para os filhos do paciente. Muitos tipos de câncer de tireoide papilar têm o gene BRAF mutado. A mutação BRAF é menos comum em cânceres de tireoide em crianças e naqueles pacientes em que a doença se desenvolve a partir da exposição à radiação. Os cânceres com alterações BRAF tendem a crescer e se disseminar mais rapidamente para outras partes do corpo. Ambas mutações BRAF e RET/PTC fazem com que as células cresçam e se dividam. É extremamente raro que cânceres papilíferos tenham mutações tanto no BRAFe no RET/PTC. Alguns médicos recomendam que as amostras de biópsia da tireoide sejam estudadas quanto a essas mutações genéticas, não só para ajudar no diagnóstico, como também para avaliar o prognóstico do paciente. Alterações em outros genes também têm sido associadas ao câncer de tireoide papilífero, incluindo os do gene NTRK1. Câncer de tireoide folicular As alterações adquiridas no oncogene RAS, bem como as mudanças no rearranjo PAX8-PPAR-γ, podem causar alguns tipos de câncer de tireoide foliculares. Câncer de tireoide anaplásico Estes cânceres tendem a ter algumas das mutações mencionadas acima e muitas vezes têm alterações no gene supressor de tumor TP53. Câncer de tireoide medular Pacientes com câncer de tireoide medular têm mutações em diferentes partes do gene RET, quando comparados aos pacientes com carcinoma papilífero. Quase todos os pacientes com essa mutação hereditária e cerca de 10% com a forma não hereditária têm uma mutação no gene RET. A maioria dos pacientes com câncer de tireoide medular esporádico têm mutações genéticas apenas em suas células cancerígenas. Aqueles com câncer de tireoide medular familiar e MEN 2 herdaram a mutação RET de um dos pais. Essas mutações estão presentes em todas as células do corpo do paciente e podem ser diagnosticadas por exames genéticos. Fatores de risco Idade: pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum na faixa dos 30 aos 50 anos. Sexo: a incidência em mulheres é três vezes maior que a incidência em homens. Exposição à radiação: crianças que fizeram tratamento com radiação na região da cabeça e do pescoço ou radioterapia para câncer, como linfoma de Hodgkin, também correm maior risco de ter câncer de tireoide mais tarde. Isso não ocorre com adultos que fazem radioterapia. Doenças hereditárias: Algumas doenças como síndrome de Gardner e polipose familial aumentam o risco de câncer em vários órgãos, inclusive tireoide. A doença de Cowden, que é rara, também aumenta o risco de câncer de tireoide. Algumas famílias, que representam 5% dos casos, apresentam incidência incomum de carcinoma papilífero. Fatores de risco que não podem ser alterados Gênero e idade: Por razões ainda não esclarecidas o câncer de tireoide, assim como quase todas as doenças da tireoide, ocorre cerca de 3 vezes mais em mulheres do que em homens. O câncer de tireoide pode acontecer em qualquer idade, mas os picos de risco incidem antes nas mulheres, na maioria das vezes entre os 40 a 50 anos, do que nos homens, geralmente entre 60 a 70 anos. Condições hereditárias: Várias condições hereditárias foram associadas a diferentes tipos de câncer de tireoide, assim como o histórico familiar. Ainda assim, a maioria das pessoas que desenvolve câncer de tireoide não tem uma condição hereditária ou um histórico familiar da doença. Câncer medular de tireoide: Aproximadamente 20% dos carcinomas medulares são herdados de um gene anormal. Esses casos são conhecidos como carcinoma medular de tireoide familiar, que pode ocorrer por si só, ou junto com outros tumores. Outros cânceres de tireoide: Pessoas com certas condições clínicas hereditárias têm um risco maior de desenvolver câncer de tireoide. As maiores taxas da doença ocorrem entre pessoas com condições genéticas raras, como: polipose adenomatosa familiar, doença de Cowden, complexo de Carney tipo I e carcinoma de tireoide não medular familiar. Histórico familiar: Ter um parente de primeiro grau (pai, irmão, irmã, ou filho) com câncer de tireoide, mesmo sem uma síndrome hereditária conhecida na família, aumenta o risco de câncer de tireoide. A base genética para esses tipos de câncer não é totalmente clara. Fatores de risco que podem ser alterados Dieta pobre em iodo: O câncer de tireoide folicular é mais comum em regiões onde as pessoas têm uma dieta com baixo teor de iodo. A dieta com baixo teor em iodo também pode aumentar o risco de câncer papilar. A baixa ingestão inadequada de iodo resultará em aumento da estimulação do TSH, aumento da responsividade das células da tireoide ao TSH, aumento da proliferação induzida por EGF por células da tireoide, diminuição da produção de TGFbeta 1 e aumento da angiogênese, todos fenômenos relacionados à promoção do crescimento tumoral. Exposição às radiações Ionizantes: A exposição à radiação é um fator de risco comprovado para o câncer de tireoide. As fontes de radiações incluem determinados tratamentos médicos e radiações resultantes de acidentes nucleares. Os exames de imagem, como raios X e tomografia computadorizada, também expõem as crianças às radiações, mas em doses muito mais baixas, por isso não está claro o quanto podem aumentar o risco do câncer de tireoide (ou outros tipos de câncer). Fisiopatologia Oprincipal fator é irradiação de estruturas da cabeça ou do pescoço, como ocorria no passado, especialmente na infância, no tratamento de hiperplasia ou tumoração de amígdalas e adenoides, de hipertrofia tímica ou de afecções cutâneas como acne. Tem frequência muito mais elevada desses tumores em pessoas expostas a acidentesnucleares. O excesso de TSH como indutor de tumores tireoidianos parece dever-se à estimulação prolongada da atividade mitogênica das células foliculares. Quando embaixas doses, radiações ionizantes causam disfunção tireoidiana, elevando a taxa de TSHno soro. Níveis altos de TSH associados a alterações celulares promovidas porradioisótopos aumentam a incidência de neoplasias da tireoide.Anormalidades em oncogenes e genes supressores de tumor conferem àscélulas vantagens de proliferação e sobrevivência. Os genes que controlam o tempo de vidaeamorte celular, como genes de apoptose, telomerase e reparo do DNA, tambémintervêm diretamente no processo de tumorigênese. Os oncogenes mais envolvidos natumorigênese tireoidiana são RAS, RET, BRAF e PAX8-PPAR-γ. Mutações em RET/PTC,RAS ou BRAF são encontradas em cerca de dois terços dos carcinomas papilíferos. Amutação mais frequente no carcinoma papilífero ocorre no gene BRAF, que codificaproteínas da família das RAF serina/treonina cinases, cuja ativação é desencadeada pelaligação com proteínas RAS. Quadro clínico Várias doenças benignas e outros cânceres de pescoço podem ter os mesmos sintomas que o câncer de tireoide. Por isso, é preciso consultar um médico se você tiver: Nódulo, caroço ou inchaço no pescoço, que às vezes cresce muito depressa Dor na parte da frente do pescoço, que pode irradiar para os ouvidos Inchaço no pescoço Rouquidão ou mudança no timbre de voz que não passa com o tempo Dificuldade para engolir Dificuldade para respirar, como se você estivesse respirando por um canudinho Tosse que não passa e não é causada por gripe Em estágios mais avançados pode ocorrer também o aumento dos gânglios linfáticos e do volume do pescoço e sensação de compressão da traqueia. Carcinoma papilífero: A apresentação var ia na depen dência do está gio tu moral. Geralmente o indivíduo se encontra eutireoidiano (estado normal da tireóide), com uma massa de crescimento lento, não dolorosa, em topografia de tireoide. A presença de linfonodo palpável nesse conte xto é bastante sugestiva de carcinoma papilífero! Em casos avançados surgem sintomas compressivos locai s como disfagia e rouquidão (esta última pelo co mprometimento do nervo laríngeo recorrente). -Carcinoma fo licular: Em geral, temos um nódulo tireoidiano solitário e indo lor (a multicentr icidade é infr equente no Ca folicular). - CMT: Os pacientes tem com CMT esporádico podem se apresentar com uma massa pa lpável. A do ença localmente avançada po de levar à r ouquidão, disfagia e sin ais de comprometimento respiratório. A diarreia se encontra presente em cerca de 30% dos casos, se ndo ocasionada por uma m aior secreç ão jejunal de água e eletrólitosinduzida pela calcitonina. A hipertensão é encontrada em casos associados à NEM devido à presença do feocromocitoma (bilaterais, oco rrendo na segunda e terceira d écadas); hipercalcemia e cálculos ren ais são deco rrentes do h iperparatireoidismo que pode est ar presente (NEM 2A). -Carcinoma Indiferenciado / An aplásico: Geralme nte o tumor se apresenta em mulheres idosas. Há história de nódulo tire oidiano presente po r algum períod o, que aumenta de volume e/ou torna -se doloroso. Disfagia, disfonia e dispneia podem estar presentes. À palpação , o tumor se en contra ader ido à estruturas vizinhas e pode estar ulcerado. Áreas amolecidas representando necrose podem ser palpadas no m eio da massa tumoral e simulam abscessos. 2º objetivo:
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