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Objetivo 01: Compreender a Neoplasia da Tireóide DEFINIÇÃO Nódulo tireoidiano é o nome dado ao aumento do volume tireoidiano, ou seja, crescimento excessivo em áreas de parênquima tireoidiano previamente normal podendo ou não cursar com repercussões funcionais. Tipos: diferenciado, não diferenciado e anaplásicos. Nódulo tireoidiano: Podem ser: solitários ou múltiplos; císticos, sólidos ou mistos; funcionantes ou não, milímetros a centímetros, benignos, malignos ou indeterminados. Prevalência na população adulta: 4 a 7% à palpação (6% das mulheres e 1% dos homens); 19 a 67% à ultrassonografia (US); 30 a 60% em necrópsias; cerca de 80% dos indivíduos têm ou terão pelo menos um nódulo até os 80 anos de idade As causas mais comuns são: Benignos (95%): nódulos hiperplásicos, cistos, tireoidites (85%); adenomas (15%). Malignos (5%): carcinomas: papilífero (81%), folicular / células de Hürthle (14%), medular (3%) e anaplásico (2%); outros.. Anatomia da glândula tireóide: => A glândula tireoide está localizada na região anterior do pescoço, abaixo da proeminência da cartilagem cricóide, => Ela tem dois lobos unidos pelo istmo. Eventualmente, pode estar presente um terceiro lobo, o piramidal. Essa glândula tem como unidade funcional o folículo tireoidiano, responsável pela produção dos hormônios tireoidianos. A regulação da produção desses hormônios se dá através do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide pela liberação do hormônio de liberação da tireotrofina (TRH) pelo hipotálamo e do hormônio estimulador da tireoide (TSH) pela hipófise anterior. Esse eixo também sofre autorregulação pelos próprios hormônios T3 e T4. O TSH se liga ao seu receptor, provocando a ativação das proteínas G, liberação de AMP cíclico (cAMP) e a síntese e liberação dos hormônios tireoidianos mediadas pelo cAMP. Na periferia, T3 e T4 interagem com o receptor do hormônio tireoidiano (TR) e formam um complexo que se transloca para o núcleo e se liga aos elementos de resposta tireoidianos (TREs) em genes-alvo, iniciando, assim, a transcrição. Reconhecer a neoplasia de tireoide - Avaliação dos nódulos de tireoide - O nível de TSH é um fator preditor de malignidade na avaliação dos nódulos tireoidianos: pacientes com TSH maior que 5,5 m U/L apresentam risco 11x maior de malignidade. O exame mais importante para diagnóstico é a punção aspirativa de tireóide com agulha fina (PATAF) = baixa taxa de falsos positivos => SE NÃO É POSSÍVEL DISTINGUIR SE A NEOPLASIA É BENIGNA OU MALIGNA => Deve-se fazer a cirurgia Em geral, são assintomáticos, provocando sintomas locais quando alcançam grandes volumes, como disfagia, dispneia, rouquidão e dor local. As principais etiologias dos nódulos são lesões benignas (cistos coloides, tireoidites) ou malignas (carcinomas) Os fatores de risco para lesões malignas são sexo masculino, idade menor que 30 anos ou maior que 60 anos, crescimento progressivo e radioterapia em região cervical. Ao exame clínico => consistência endurecida à palpação, aderência a outras estruturas cervicais, adenomegalias cervicais, rouquidão e disfagia reforçam a suspeita de malignidade. Neste cenário, a avaliação laboratorial e o ultrassom de tireoide (US) são muito úteis para avaliação dos nódulos tireoidianos. Em casos de tireotoxicose (quando há muitos hormônios tireoidianos circulantes), deve-se complementar a investigação com cintilografia de tireoide. Alguns achados no US são associados a maior risco de malignidade: hipoecogenicidade, microcalcificações, margens irregulares, vascularização central no Doppler, diâmetro anteroposterior maior que o transverso (“altura maior que a largura”), composição sólida, ausência de halo periférico, evidência de invasão ou linfoadenopatia ipsilateral. Em geral, nódulos hipocaptantes na cintilografia (“frios”) com pelo menos 1,5cm de tamanho deverão ser puncionados. Nos casos em que se suspeita de neoplasia maligna, está indicada a cirurgia de retirada completa da tireóide. Adicionalmente, em bócios benignos, porém volumosos com manifestações compressivas, também está indicada a cirurgia. EPIDEMIOLOGIA O câncer de tireoide é a neoplasia maligna endócrina mais comum. => Estima-se que ele represente menos de 1-3% de todos os cânceres, acometendo cerca de 40 pessoas para cada um milhão de indivíduos por ano. Entretanto, observa-se um aumento em sua incidência nas últimas décadas, sobretudo devido a melhora nos exames ultrassonográficos, permitindo o diagnóstico de pequenos carcinomas. => 4 a 9 mortes por milhão de habitantes ou de 0,4% a 0,9% de todas as mortes por câncer. Em torno de 90% dos casos de câncer tireoidiano são bem diferenciados e originados de células foliculares. Enquanto isso, o carcinoma medular da tiroide (CMT) representa 6% dos casos e o carcinoma anaplásico, tumor mais agressivo, responde por menos de 1% dos cânceres de tireoide. Os carcinomas diferenciados possuem bons prognósticos, com apenas 10% de recidiva tumoral em décadas de seguimento. Já os carcinomas anaplásicos, têm prognóstico ruim, podendo invadir estruturas nobres do pescoço em pouco tempo após o diagnóstico. A frequência em mulheres é 2x maior que nos homens. O grande problema diagnóstico é que os nódulos tireoidianos são extremamente comuns, ocorrendo em cerca de 5 a 10% dos adultos, chegando até 50% quando se utiliza a ultrassonografia. Porém,apenas 5% desses nódulos são malignos. Quando o diagnóstico é feito, os nódulos tireoidianos são habitualmente de 1 a 4 centímetros e apresentam metástases linfonodais em um terço, mas raras vezes, metástases à distância são encontradas. ETIOLOGIA As causas mais comuns são: • Benignas(95% do total), sendo subdivididos em: nódulos hiperplásicos, cistos, tireoidites e adenomas. Os três primeiros correspondem a 85% do total de nódulos benignos e os adenomas correspondem a cerca de 15%. • Malignas (5% do total), sendo subdivididos em: carcinomas papilífero (81%), folicular/células de Hirtle (14%), medular (3%) e anaplásico (2%). • Algumas síndromes genéticas estão na gênese dos nódulos tireoidianos, sendo, na grande maioria, síndromes raras, mas com diagnóstico essencial para a instituição de tratamentos direcionados. SÍNDROMES GENÉTICAS Algumas síndromes genéticas estão fortemente relacionadas ao desenvolvimento de nódulos tireoidianos, neoplásicos ou não. Assim, o histórico familiar constitui elemento essencial na investigação clínica e seguimento do paciente. PTEN hamartoma (cowden): Mutações no gene phosphatase and tensin homologue deleted on chromosome 10 (PTEN) estão relacionadas a diversas síndromes clínicas, com manifestações variadas a depender dos órgãos e sistemas acometidos. São manifestações raras e de caráter autossômico dominante. As características definidoras das mutações genéticas são o desenvolvimento de tumores hamartomatosos de origem ectodérmica , mesodérmica e endodérmica. A síndrome de Cowden é a mais bem conhecida e detalhada e dentre as manifestações destacam-se alterações dermatológicas (99% dos casos), fibromas orais e queratose palmoplantar. Além disso, o acometimento extracutâneo também é evidente, principalmente com o desenvolvimento de tumores de mama e tireoide, além de acometimento renal e colorretal. Sobre a epidemiologia dessa patologia a prevalência estimada é de 1 a cada 250.000 pessoas, contudo acredita-se que tal número é subestimado pela falta de conhecimento aprofundado sobre a doença e investigação adequada que possa confirmar a síndrome. A manifestação extra cutânea mais comum é a doença da tireoide => ocorrendo em mais da metade dos pacientes. Neste caso, podem surgiradenomas, sendo esta a forma mais frequente de acometimento, ou carcinoma de tireoide. A apresentação clínica varia de acordo com a origem do nódulo e alterações funcionais da glândula. A idade média dos indivíduos é de 35 anos em alguns estudos científicos, contudo, crianças com nódulos tireoidianos devem ter investigação para mutações no gene PTEN de maneira aprofundada. Síndrome de Carney: Essa síndrome é definida comouma desordem de origem endócrina múltipla e rara que pode gerar lesões pigmentadas tanto na pele quanto em superfícies mucosas, além de tumores mixomatosos cardíacos e tumores endócrinos múltiplos. Doença conhecida como complexo de Carney (CNC), tem herança autossômica dominante e envolvimento de genes da via de sinalização dependente de AMPc, mais especificamente associado a mutações no gene da subunidade reguladora da proteína quinase A do tipo I-alfa (PRKAR1A). Dos pacientes com CNC, cerca de 75% têm alterações tireoidianas com formação de nódulos logo nos primeiros anos de vida. Apesar disso, o câncer de tireoide ocorre em menos de 10% dos casos. Síndrome de Progéria:A Síndrome de Progéria de Hutchinson-Gilford (HGPS) faz parte das variantes patogênicas do gene LMNA no cromossomo 1q que codifica a prelamina A => essa alteração ocasiona instabilidade da membrana nuclear, visto que a lâmina A é componente da estrutura proteica dessa membrana e determina as laminopatias. Esse distúrbio é autossômico dominante, raro e fatal. As características são envelhecimento precoce e acelerado que já é iniciado na infância. O paciente apresenta-se com displasia esquelética, aterosclerose, alopecia, lipoatrofia e complicações como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral, levando a morte. Dentre outras complicações da doença destacam-se os tumores, neoplasias em diversos órgãos e, dentre eles, o câncer de tireoide ainda na infância. Nestes casoso tratamento deve ocorrer de imediato com a identificação do tumor e excisão cirúrgica evitando progressão e metástases. Em casos de impossibilidade cirúrgica segue o tratamento clínico direcionado. SINAIS E SINTOMAS - Os tumores da tireoide são geralmente assintomáticos => descoberto acidentalmente pelo próprio paciente ou pelo médico. - Nódulos metastáticos palpáveis no pescoço ou observados numa radiografia de tórax. - Em alguns casos, podem se manifestar como disfagia ou disfonia devido ao efeito mecânico e infiltrativo do tumor. -Pode ocorrer sangramento no interior do tumor, causando dor no local. - Massas de crescimento gradativo, dolorosas No exame clínico, a depender do tamanho do tumor, podemos palpar na região cervical massas móveis a deglutição em um ou ambos os lobos tireoidianos. Porém em caso de invasão de estruturas adjacentes, os nódulos podem ser fixos à palpação. -Pode ocorrer metástase para linfonodos locais, sendo possível a palpação de gânglios nos triângulos supraclaviculares e nas cadeias cervicais laterais. Por outro lado, taquicardia, sintomas de hipotireoidismo, história familiar de doença nodular benigna da tireoide ou tireoidites sugerem um processo benigno. O Carcinoma do tipo Papilíferogeralmente tem sua disseminação por via linfática, portanto, nesses tipos de cânceres pode ser encontrado, no momento do exame físico, a presença de linfonodos palpáveis. J á no tipo Folicular, assim como o papilífero, geralmente se apresenta por nódulo único na tireoide. No entanto, no tipo Folicular pode ser manifestado por bócio de longa data ou com metástases a distância, principalmente para pulmão e ossos. No caso do carcinoma do tipo Medularapresentam um nódulo palpável, duro, localizado nos dois terços superiores da tireoide, onde estão as células parafoliculares. Além disso, a presença de metástases linfonodais estão presentes em 50% dos pacientes ao diagnóstico. Outra manifestação que pode ocorrer nesse tipo de câncer é a diarreia aquosa => - Devido a secreção por parte das células tumorais de calcitonina e outros peptídeos activos pode provocar sintomas sistémicos tais como diarreia ou rubor facial Cânceres anaplásicos, por ser muito agressivo e invasivo, a maioria dos pacientes apresentam infiltração para músculos, traqueia, esôfago, nervo laríngeo recorrente e laringe => por conta disso, o paciente geralmente se queixa de rouquidão, disfagia, paralisia da corda vocal, dor cervical e até dispneia quando ocorre metástase pulmonar. RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO Anamnese: Inicialmente, é essencial investigar fatores como tempo de crescimento do nódulo, sua progressão, se lenta ou acelerada, alterações em fala, deglutição, sintomas compressivos, presença ou não de dor que representam alterações locais pelo crescimento do nódulo. Em consonância, devem ser investigados sinais e sintomas sistêmicos como alteração de peso, humor, ciclo sono-vigília, sintomas intestinais, sensibilidade ao calor ou frio, sintomas gênito-urinários e cardíacos, disfagia (compressão esofágica) Investigar a ocupação => radiação hábitos de vida e história familiar CLÍNICO: Aparecimento de nodulação cervical anterior (tireoidiana) e/ou linfonodomegalia cervical, em geral, assintomáticas; achado incidental de nodulação (ões) em ultrassonografia cervical ou por outro método de imagem (em geral, nódulos < 1 cm, não palpáveis e chamados de incidentalomas). No exame clínico: detectável se > que 1cm e anterior. A ausculta da tireoide também é parte do exame físico, pois em hipertireoidismo com aumento da vascularização pela atividade excessiva da glândula é possível auscultar sopros na tireoide. Ao exame de imagem – US cervical ou de tireoide: pode detectar nódulos < 1 cm. É fundamental afastar malignidade e avaliar a função nodular. Investigação: Anamnese e exame físico, Testes de função tireoidiana, Exames de imagem e Punção aspirativa com agulha fina (PAAF), se necessário. LABORATORIAL / EXAMES COMPLEMENTARES: A) Laboratoriais: a.1) - TSH e T4 livre: o achado de hipertireoidismo por nódulo hiperfuncionante fala contra o diagnóstico de malignidade. a.2) - Anticorpo antiperoxidase (e anticorpo antitireoglobulina): ver possibilidade de nodulações da tireoidite autoimune ou associação com a mesma. a.3) - Calcitonina: na suspeita de carcinoma medular de tireoide. B) Exames de Imagem: b.1) - Ultrassonografia de tireoide (US): Melhor exame de imagem. Baixo custo; operador dependente. Características sugestivas de malignidade: ➔ Hipoecogenicidade ➔ Contornos mal definidos ➔ Presença de microcalcificações ➔ Fluxo sanguíneo intranodular ➔ Linfonodos cervicais c/ estrutura alterada b.2) - Cintilografia de tireoide com Iodo: - Indicação: Quando TSH baixo. Define nódulos hiperfuncionantes. C) Punção aspirativa com agulha fina (PAAF): - Melhor método para diferenciar lesões benignas das malignas; realizar em todos os nódulos > 1 cm ou 1 cm c/ características suspeitas à US. - Usada com ou sem guia ultrassonográfico. Para o diagnóstico utilizamos o sistema Bethesda 7 para classificação citopatológica de nódulos de tireoide: No HU/UFSC a PAAF é realizada por endocrinologista sob palpação do nódulo na sala de PAAF na área P (Serviço de Patologia) e sob guia ultrassonográfico no Serviço de Radiologia, com equipe da radiologia e patologia. D) Estudos moleculares/genéticos: - Podem auxiliar em casos de citopatologias indeterminadas, como Bethesda III e IV. Limitação: Exame caro e muitas vezes não disponível Exames complementares: Exames laboratoriais: Os testes de função tireoidiana, como TSH, T4 e T3, tem sempre nos ajuda, pois os pacientes com nódulos tireóideos benignos e malignos, em sua maioria, são eutireoidianos. Além disso, os anticorpos antitireóideos são úteis, principalmente em mulheres jovens com bócio difuso, para o diagnóstico diferencial de tireoidite de Hashimoto. O cálcio sérico e a dosagem de paratormônio são importantes para o diagnóstico de hiperparatireoidismo, na suspeita de nódulo de paratireoide. Enquanto, que a calcitonina pode dar o diagnóstico e seguimento pós-operatório dos pacientes com carcinoma medular da tireoide. A tireoglobulina é uma glicoproteína produzida exclusivamente pelas células normais e neoplásicas, ainda diferenciadas, da tireoide. Portanto, essa molécula serve como um marcador tumoral para os cânceres diferenciados (papilífero e folicular). A dosagem de tireoglobulina pode ser feita antes da cirurgia para avaliar se o seu valor está compatível com o volume glandular e nodular, visto que altos níveis, podesugerir a presença de metástases. Além disso, serve para o acompanhamento após a cirurgia. Cintilografia da tireoide: Esse exame possui baixa sensibilidade e especificidade, por conta disso, não é usada na avaliação inicial do tumor tireoidiano. No entanto, ele é usado para determinar se um nódulo é funcionante em um paciente com hipertireoidismo ou determinar o status funcional dos nódulos em um bócio multinodular. Ultrassonografia: É um método simples, acessível e não-invasivo, por isso é muito utilizada para o diagnóstico de câncer de tireoide. Além disso, no nódulo de tireoide, ele oferece aspectos macroscópicos que permite a suspeita de nódulos benignos ou malignos (Quadro 3). A combinação de algumas características, como presença de microcalcificações, hipoecogenicidade e contornos irregulares, aumenta o risco de malignidade de uma lesão (Figura 8). Atualmente, a Associação Americana de Tireoide recomenda a realização do exame ultrassonográfico em todos os pacientes com suspeita de nódulos tireóideos. No entanto, o Ministério da Saúde não recomenda livremente essa utilização. Ademais, apesar de ser sugestivo, não é um exame capaz de confirmar o diagnóstico de lesões malignas. Por isso, esse exame apenas seleciona pacientes que devem fazer biópsias da tireoide. Punção aspirativa por agulha fina (PAAF): A PAAF éo método padrão-ouro para o diagnóstico de neoplasias tireoidianas. Ela possui alta sensibilidade e especificidade, especialmente para o carcinoma papilífero. Possui baixos índices de complicações, porém sua eficácia depende da habilidade do operador em coletar uma amostra adequada para o exame citológico. Com o material coletado, é possível a realização de exames imunocitoquímicos para tireoglobulina, calcitonina, bem como a pesquisa de outros marcadores moleculares. O ponto mais importante é que o exame citológico realizado através da PAAF é capaz de dar o diagnóstico definitivo dos canceres papilíferos, medulares e anaplásicos, mas não do folicular. SE LIGA! Dos principais canceres de tireoide, apenas o folicular não pode ser diagnosticado pela PAAF. Nesses casos, o resultado não permite dizer se o nódulo é maligno ou benigno, sendo necessário a realização de tireoidectomia parcial para retirada de material para estudo anatomopatológico e confirmação diagnóstica. Etapas diagnósticas: Entendido sobre os tipos de métodos diagnósticos, vamos entender em qual momento cada um é solicitado. Após uma anamnese ou exame físico suspeito, o primeiro exame a ser solicitado é o TSH. Nesses casos, o TSH sérico serve para identificar pacientes com hipotireoidismo ou tireotoxicose. Se o TSH estiver baixo, devido ao feedback negativo, significa que esta glândula está produzindo muitos hormônios tireoidianos, reforçando a ideia de ser um nódulo benigno produtor de hormônios tireoidianos, conhecido como adenoma tóxico. No entanto, devemos confirmar esse diagnóstico com uma cintilografia. Nesses casos, a cintilografia pode indicar muita atividade nodular ou difusa da glândula, levando ao diagnóstico de adenoma tóxico e Doença de Graves, respectivamente. Por outro lado, se a cintilografia vier sem indícios de hiperatividade nodular, reforça a suspeita de malignidade, indicando como próximo passo, a realização de uma PAAF. Caso o TSH estiver normal, aumenta a possibilidade do nódulo ser maligno, indicando diretamente a realização de uma USG. O exame ultrassonográfico poderá dar indícios de benignidade ou malignidade, indicando ou não a realização de uma PAAF para confirmação diagnóstica Exames laboratoriais Alguns exames são essenciais para avaliar a função tireoidiana na presença de bócio e/ou nódulos associados a repercussões sistêmicas como TSH, T3 e T4 livres e calcitonina. Estes, são representativos da função tireoidiana, no caso de elevação de T4 livre e diminuição de TSH caracteriza-se a hiperfunção tireoidiana (hipertireoidismo) e na diminuição de T3 e T4 livres com elevação de TSH há hipofunção com (hipotireoidismo). A calcitonina é um hormônio que auxilia no processo de absorção de cálcio pelas estruturas ósseas e sua ausência é fator de risco para doenças como osteopenia e osteoporose, também deve ser solicitada para prevenir complicações com a instituição de tratamento adequado se existir alterações. TSH suprimido é indicativo de cintilografia com iodo radioativo para avaliar se o nódulo tem ou não captação de iodo, ou seja, se é um nódulo quente ou frio. Enquanto isso, com TSH normal prosseguem a investigação pelos achados da ultrassonografia. Nas suspeitas de síndromes genéticas como mencionadas acima deve seguir a investigação com pesquisa genética associada a outros exames laboratoriais a depender dos sintomas apresentados como investigação de hiperparatireoidismo, feocromocitoma, hiperprolactinemia, dentre outros. Os anticorpos tireoidianos também são solicitados para avaliar a presença de doenças autoimunes como tireoidite de Hashimoto, tireoidite subaguda e doença de Graves (hipertireoidismo). Anticorpo antiperoxidase (Ac TPO) e anticorpo antitireoglobulina (Ac TG) e anticorpo anti-receptor de TSH (TRAB). Exames de imagem A ultrassonografia é o elemento base na investigação dos nódulos, pois representam tanto a estrutura geral da tireoide quanto as alterações nodulares. Destacam-se os contornos, granulações, regularidade ou irregularidade, tamanho dos nódulos, calcificação e presença de linfonodos cervicais alterados. O complemento a esse exame é a punção por agulha fina (PAAF) que confirma o diagnóstico histológico dos nódulos e será descrito adiante. A cintilografia com iodo radioativo é solicitada se TSH suprimido por demostrar se o nódulo está captando ou não o iodo, logo, se a área é não captante de iodo é denominada de área fria, enquanto isso, se ele é captante significa que quem esta produzindo as alterações é o próprio nódulo. Isso é indicativo de malignidade? Na maioria das vezes não! O indicativo de malignidade é forte em nódulos frios e TSH normal. Neste caso, são avaliadas as demais características na USG. TI-RADS e Punção por agulha fina (PAAF): A PAAF é um elemento essencial na abordagem diagnóstica dos pacientes com nódulos tireoidianos suspeitos de malignidade. Em geral é indicada após realização de USG tireoidiana e evidência de características suspeitas. A partir de então é realizado o estudo histológico do fragmento. Para sistematizar a avaliação dos nódulos foi criado em 2017, pelo Colégio Americano de Radiologia, uma classificação dos nódulos tireoidianos de acordo com as características radiológicas e é dada uma pontuação que indica o risco de malignidade gradualmente. Os elementos considerados são: composição, cor, bordas, formato e presença de focos ecogênicos. • Composição - nódulos com consistência cística e espongiforme em geral estão associados à benignidade, pois cisto significa composição líquida e espongiforme também tem maior tendência a acumular líquido e não há grandes referências de tumores malignos com essa composição, dessa forma, a pontuação é zero. O risco se eleva com nódulos mistos que é formado por componente líquido e sólido pontuando então 1 e, por fim, os nódulos sólidos representam grande risco de malignidade, por isso, maior pontuação: 2 pontos. Cor – a cor anecoide representa nódulo com consistência líquida com zero pontos, enquanto isoecogênico tem cor semelhante da tireoide, logo, ganha apenas um ponto. O fato de ser hipoecogênico indica, em geral, malignidade, por isso ganha 2 pontos. Bordas – a análise do contorno também é essencial para desconfiar de malignidade, neste caso, bordas suaves, com contornos bem definidos normalmente são os tumores benignos e recebem 0 pontos, porém, invasão ou extensão extratireoidiana representa malignidade na maioria dos casos. Sendo assim, a pontuação varia de 2 a 3 pontos. Formato – O formato pode ser mais largo que alto – benignidade – ou pode ser mais alto do que largo que é mais significativo de profundidade e, por isso, malignidade. A pontuação é zero para o primeiro casoe 3 para o segundo. Focos ecogênicos – Focos ecogênicos são achados dos nódulos tireoidianos que podem ou não ser suspeitos. No caso de coloides espessos e aspecto de “casca de ovo” indicam benignidade recebendo 1 ponto; calcificações grandes são sugestivas de malignidade recebendo 2 pontos e calcificações pequenas são bastante sugestivas de malignidade recebendo então 3 pontos Composição - cisto, espongiforme: 0; misto: 1; sólido: 2 • Cor – anecoide: 0; isoecogênico: 1; hipoecogênico: 2/3 • Bordas – suave/regular: 0; irregular/ extensão extratireoidiana: 2/3 • Formato – mais largo que alto: 0; mais alto que largo: 3 • Focos ecogênicos - coloide e casca de ovo: 1 ponto; calcificações grandes: 2 pontos; microcalcificações: 3 pontos. Como avalia-la? Nódulos que pontuam zero ou 2 pontos são, respectivamente, benignos e não suspeitos, assim, não tem indicação de PAAF e recebem alta médica. Nódulos que pontuam 3 pontos são pouco suspeitos, mas já precisam de acompanhamento. Neste caso, nódulos acima de 2.5 cm necessitam de PAAF, acima de 1.5 cm mantém segmento clínico e abaixo disso não necessita de segmento. Tumores de 4 a 6 pontos são muito suspeitos, logo, acima de 1 cm já tem necessidade de acompanhamento semestral ou anual e acima de 1.5 cm já tem indicação de PAAF. Por fim, nódulos acima de 7 cm são altamente suspeitos e acima de 0.5 cm já há indicação de acompanhamento com USG e acima de 1.5 cm tem indicação direta de PAAF. Condições especiais: Gestantes: Gestantes com nódulo volumoso, com invasão aparente ou linfonodos suspeitos à US são prontamente avaliadas com PAAF. Nas gestantes, quando o TSH estiver espontaneamente suprimido, acompanha-se com US. Se o TSH for normal ou elevado, a PAAF é indicada conforme a tabela 2, mas também poderão ser somente acompanhadas com US. Se a PAAF não foi realizada na avaliação inicial, será solicitada no caso da ocorrência de crescimento significativo do nódulo durante a gestação. Em caso de citopatologia indeterminada, a cirurgia será considerada no segundo trimestre, caso haja crescimento significativo do nódulo. Também podemos realizar cirurgia no segundo trimestre se a citopatologia for suspeita ou maligna, caso haja crescimento significativo do tumor ou se a doença for avançada. Pacientes com citopatologia positiva para malignidade serão mantidas com TSH diminuído (< 0,5 mUI/L) enquanto aguardam a cirurgia. ESTADIAMENTO Os sistemas de estadiamento mais utilizados são: MACIS => é um sistema fácil de ser utilizado , pois dispensa informações histopatológicas TNM => é recomendado pela maioria das literaturas O último consenso europeu sobre o manejo de câncer de tireóide recomenda agrupar os pacientes em 3 categorias de risco para simplificar o manejo: O TNM NÃO É MUITO UTILIZADO, MAS SIM O pTNM => USADO NO PROBLEMA - estadiamento patológico, pós cirurgia - pT1pN1 p TNM - Classificação Patológica As categorias pT,pN e pM correspondem às categorias T, N e M. pN0 O exame histológico do espécime de um esvaziamento cervical seletivo incluirá, geralmente, 6 ou mais linfonodos. Se os linfonodos são negativos, mesmo que o número usualmente examinado seja não encontrado, classifica-se como pN0. Tipos Histopatológicos Os quatro principais tipos histopatológicos são: • Carcinoma papilífero (incluindo aqueles com arranjo folicular • Carcinoma folicular (incluindo os denominados carcinomas de células de Hürthle) • Carcinoma medular • Carcinoma indiferenciado/anaplásico -Estadiamento pós-operatório: O estadiamento pós-operatório é realizado com base nos achados cirúrgicos e na faixa etária. O sistema de estadiamento recomendado pela ATA é o sistema TNM, pois é conhecido universalmente para todos os tumores, fornece um método prático para descrever a extensão do tumor e considera muitos dos fatores prognósticos no Carcinoma Diferenciado de Tireoide (CDT). Baseia-se no exame anátomo-patológico e na descrição cirúrgica, analisando três componentes principais: tamanho e extensão do tumor primário; presença ou não de metástases linfonodais regionais e presença ou ausência de metástases à distância. CONSEQUÊNCIAS Riscos de complicaçẽos pós operatṕrias: - Hipoparatireoidismo permanente: causado pela deficiência do PTH - paratormônio (causa a redução das concentrações de cálcio) - Alterações laríngeas e vocais pela cirurgia: Lesão do nervo laríngeo => disfonia, voz soprada, diminuição do pitch, diminuição da extensão vocal na região aguda do espectro vocal e fadiga vocal => ESSAS CONSEQUÊNCIAS PIORAM SE A LESÃO FOR BILATERAL => estridor/dispneia (aumento transversal da fenda glótica) Consequências do câncer de tireoide: - embolia angiolinfática e invasão capsular - tireoidectomia e laringectomia total - Anastomose término-terminal da traqueia - Anastomose entre cricóide e traqueia - Paralisia das cordas vocais por obstrução Estruturas que podem ser invadidas pelo carcinoma bem diferenciado da tireóide (alta morbidade): músculos pré-tireoidianos, traquéia, nervo aríngeo, laringe e esôfago. Câncer e embolia: Pacientes com tumor maligno apresentam um risco elevado de coagulação do sangue (trombose) em suas veias profundas. Além do desconforto local, há inflamação e o surgimento de varizes regionais => o maior perigo reside no fato de que esses coágulos podem se soltar e migrar dentro da corrente sanguínea e chegar aos pulmões e obstruir artérias => se chama embolia pulmonar. - Uso de anticoagulantes pelos pacientes - Injeções subcutâneas diárias Esvaziamento cervical radical: é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção em bloco dos grupos de linfonodos e vasos linfáticos que compõem as principais vias de drenagem da cabeça e do pescoço Embolia angiolinfática: embolia do vaso linfático Invasão capsular: Objetivo 02: Conhecer os tipos de neoplasia da tireóide, fisiologia e tratamento TIPOS Os principais tipos de câncer de tireoide são: Câncer de Tireoide Diferenciado -Carcinoma Papilifero. -Carcinoma Folicular. -Carcinoma de Células Hürthle Carcinoma Medular -Carcinoma Medular Esporádico -Carcinoma Medular Hereditário Outros Tipos -Carcinoma Anaplásico -Linfoma de Tireóide Sarcoma de Tireoide NEOPLASIAS ENDÓCRINAS MÚLTIPLAS As neoplasias endócrinas múltiplas são síndromes hereditárias que se caracterizam pelo desenvolvimento de tumores, hiperplasias ou adenomas em diversas regiões do corpo como nas ilhotas pancreáticas, hipófise, glândulas paratireoides e glândula tireoide, dentre outras manifestações. Seus subtipos são NEM1, NEM 2A e NEM2B, descritos a diante. Sobre a patogênese, o NEM 1 ocorre por mutação no gene que faz a codificação da proteína nuclear menin, de forma inativadora e o NEM 2 é caracterizado por mutações no proto- -oncogene RET, estes que afetam 4 subtipos de células: células C tireoidianas, células das paratireoides, células cromafins da medula adrenal e a região entérica. NEM1 Este subtipo de neoplasia endócrina múltipla é causado por mutação no gene que faz a codificação da proteína nuclear menin, de forma inativadora. Sabe-se que tal alteração tem efeitos de supressão tumoral, apesar de não ser muito bem detalhada na literatura. O acometimento é exclusivo de ilhotas pancreáticas, hipófise e glândulas paratireoides, não atingindo diretamente a glândula tireoide. Cerca de 40% dos pacientes apresentam tumores nas três glândulas supracitadas em associação. Não há correlação entre diferença de prevalência entre os sexos e a idade geral para o pico da doença é em torno dos 20 aos 40 anos de idade, sendo que pode ocorrer desde a primeira infância até a idade superior aos 80 anos. A apresentação clínica varia de acordo com a glândula afetada e estágio dos tumores pelo comprometimento anatômico e funcional progressivo. Dentre as principais alterações clínicas destacam-se o hiperparatireoidismo e hipercalcemia assintomática. O hiperparatireoidismo é um marco da doença, presente em mais de 95% dos casos, bem como a hipercalcemia assintomática, contudo, neste caso, pode haver evolução com nefrolitíase agravando o quadroclínico. Sobre o acometimento pancreático surgem tumores multicêntricos que podem sintetizar hormônios secretados por essa glândula, pela sua função endócrina. As características também variam entre benignidade e malignidade, sendo 30% malignos e com possibilidade de metástase à distância. O principal tumor pancreático é o gastrinoma que pode estar presente tanto no pâncreas quanto no duodeno e cerca de 80% dos pacientes apresentam úlceras pépticas pela agressão tumoral com maior secreção de ácidos no ambiente gástrico. Os tumores hipofisários são prolactinomas, podem cursar com secreção exacerbada de prolactina e GH ou ambos e as repercussões clínicas são a galactorreia, amenorreia, e/ou acromegalia. Em menor escala, é possível que os tumores sejam secretores de ACTH dando origem à síndrome de Cushing. O diagnóstico dessa síndrome é realizado por exame genético a partir da suspeita por avaliação da história clínica e alterações específicas. Deve haver investigação dos níveis de prolactina, PTH e cálcio plasmático, além da solicitação de exame de imagem para confirmar a presença tumoral, neste caso, a ressonância magnética é o exame de escolha, mas podem ser realizadas tomografias ou ultrassonografia da área suspeita. Exames endoscópicos do trato gastrointestinal bem como avaliação laboratorial da função renal, hepática e dosagem de eletrólitos devem ser solicitados a partir das apresentações clínicas e suspeitas de comprometimento multifuncional. Confirmado o diagnóstico o tratamento é realizado com controle hormonal bem como excisão cirúrgica dos tumores, se estes forem acessíveis. NEM 2A A neoplasia endócrina tipo 2 é referente a presença de carcinoma medular de tireoide (CMT) (95%), feocromocitoma (30-50%) e hiperparatireoidismo (10-20%) sem alterações na aparência. O CMT se desenvolve como uma massa ou nódulo na glândula. Inicialmente há, na maioria dos casos, hiperplasia da célula C parafolicular de tireoide, com distribuição multifocal e multicêntrica e com a evolução da doença linfonodos cervicais são acometidos podendo atingir órgãos distantes por metástase. A doença tem pico entre os 30 e 40 anos de idade. Há acometimento das paratireoides em cerca de 20% dos casos, inicialmente também como hiperplasia glandular e com processo adenomatoso subsequente. O NEM 2A também é relacionado a lesões pruriginosas em região escapular, conhecidas como líquen amiloide cutâneo. A hiperplasia adrenal ocorre pelo feocromocitoma e geralmente é bilateral e multicêntrica. Como principais manifestações clínicas destacam-se a hipertensão arterial e fáscies cushingoide devido à elevação exacerbada de hormônios como a adrenalina, que, neste caso, é desproporcional a elevação de noradrenalina. O diagnóstico e tratamento seguem a lógica de investigação laboratorial e por exames de imagem (ressonância magnética, tomografia computadorizada ou USG) que identifiquem a localização tumoral e extensão da doença e a confirmação da síndrome ocorre pelo exame genético. Para complementar a investigação devem ser solicitados níveis séricos de cálcio, PTH e catecolaminas urinárias que sugerem as alterações hormonais e o tratamento adequado. Por fim, a doença é tratada se possível com excisão tumoral, além de controle sintomático. Tratamentos com quimioterapia e radioterapia ainda são controversos na literatura, sem dados consistentes sobre melhora na qualidade de vida e sobrevida dos pacientes. Vale salientar que após tratamento os pacientes devem continuar em seguimento clínico, pois a recorrência de novos tumores é evidente, principalmente em áreas ainda não afetadas ou se não existir a possibilidade de excisão cirúrgica dos tumores já identificados. NEM 2B O NEM 2B acomete principalmente indivíduos mais jovens, ainda na infância. Tem o surgimento ganglioneuromatose difusa na face (100%), principalmente em lábios e olhos e no trato gastrointestinal, de CMT em 90% dos casos, além de hábitos marfanoides (65%). Os hábitos marfanoides caracterizam-se por estarem presentes exclusivamente nesse subtipo quando o paciente apresenta extremidades longas, articulações com capacidade de hiperextensão e epífises anormais. O feocromocitoma surge em 45% dos casos. O diagnóstico precisa da confirmação genética, associado a exames laboratoriais a depender da região acometida e sintomas característicos e exames de imagem para evidenciar os tumores. O tratamento ocorre com a excisão cirúrgica se a neoplasia for acessível. No caso do carcinoma medular de tireoide é indicada tireoidectomia total associada a esvaziamento cervical e cadeias remanescentes BENIGNA Nódulos císticos: Os cistos tireoidianos são sempre benignos, por isso, não há necessidade de maiores investigações ou seguimento rotineiro. São identificados no exame de ultrassonografia pelo preenchimento líquido em seu interior, ou seja, coleções líquidas. De maneira geral, são inferiores a 1cm, mas mesmo que maiores não causam riscos. Há possibilidade de involução própria do cisto que já não será mais visualizado em uma USG seguinte. Contudo, é possível que cause sintomas a depender do tamanho e neste caso é indicada a punção cística para esvaziá-lo e realizar a investigação histológica. Caso haja componente misto, ou seja, líquido e componente sólido associado é possível haver câncer de tireoide, mas esse é um diagnóstico raro! Os sintomas dos nódulos císticos, quando presentes, são relacionados a compressão de outras estruturas em caso de aumento de tamanho, pode haver rouquidão e compressão esofágica, mas também é algo raro. Não há indicação formal de tratamento para os nódulos císticos pelo seu caráter essencialmente benigno, exceto na identificação de conteúdo sólido maligno em associação. Neste caso, a remoção cirúrgica pode ser uma opção. FISIOPATOLOGIA MALIGNA Tipos de câncer de tireoide: Carcinoma papilífero: O carcinoma papilífero é o principal tipo de tumor maligno da tireoide, representando cerca de 75 a 80% dos casos. Ele se apresenta, na maioria das vezes em pessoas do sexo feminino de idade entre 20 a 40 anos. Geralmente é uma lesão sólida, de contornos irregulares, não encapsulada e com infiltração do parênquima glandular adjacente. Pode apresentar alteração cística e calcificações distróficas. De todos as neoplasias tireoidianas, o carcinoma papilífero é o que mais tem associação com a exposição a radiação, sobretudo na infância. Em termos histopatológicos, podem conter os chamados Corpos psamomatosos que são calcificações laminadas concêntricas que podem ser encontradas em associação com células tumorais, dentro dos vasos linfáticos ou dentro do estroma tumoral. Essa neoplasia, quando avançada tem preferência por disseminação linfática, sendo comum a presença de linfonodos acometidos já no diagnostico. Apesar disso, dentre todos os tumores, esse apresenta um ótimo prognóstico, sendo infrequente a mortalidade associada. Carcinoma folicular: Esse é o segundo tipo mais frequente de tumor maligno de tireoide, representando cerca de 10 a 15% dos casos. Geralmente acomete pessoas do sexo feminino e com mais de 50 anos. Em termos morfológicos, ele se apresenta como um tumor sólido, arredondado ou ovoide e encapsulado. Tem muita associação com áreas com deficiência de iodo, sendo a reposição de iodo, um fator protetor. Caracteriza-se por frequentemente se apresentar com invasão da capsula tireoidiana pelo tumor. Além disso, também é comum a invasão vascular, sendo por isso, sua via de disseminação mais comum a hematogênica, com metástases preferencialmente para o pulmão e ossos. As metástases ganglionares são pouco frequentes. O Carcinoma folicular tem bom prognostico, porém, existe um subtipo desse tumor, chamado de Tumor de Células de Hurthle, formado por células oxínticas, que acomete pessoas mais idosas, entre 60 a 75 anos e possui um pior prognóstico. Nesse último caso, ocorre rápida invasão de estruturas vizinhas e pouco tempo de sobrevida após o diagnóstico. Carcinoma Medular:O carcinoma medular origina-se das células C da tireoide. Vale lembrar queas Células C são produtoras de várias substâncias bioativas, entre elas, a calcitonina (Figura 5). Por conta disso, desde o início desse tipo de câncer ocorre uma hiperplasia das células C, que pode ocupar boa parte do espaço folicular e elevar os níveis de calcitonina no sangue. Por isso, o exame imuno-histoquímico positivo para calcitonina confirma o diagnóstico histopatológico desse tumor. Devido ao efeito da calcitonina, alguns pacientes podem apresentar diarreia, fator marcante no quadro clínico. Além disso, cerca de 20% dos carcinomas medulares de tireoide tem associação com as Neoplasias Endócrinas Múltiplas (NEM), um tipo de síndrome genética familiar. Por conta disso, é frequente a presença de câncer de tireoide com outros tipos de tumores, como o feocromocitoma, neuromas de mucosa ou até hiperparatireoidismo e alterações esqueléticas. Em geral, essa neoplasia localiza-se entre os terços superior e médio dos lobos tireoidianos, sendo, via de regra, multicêntricos. Metástases para linfonodos cervicais são frequentes e metástases à distância ocorrem mais comumente para o pulmão, seguido de fígado, osso e cérebro. Obs: De todos os tumores primários da tireoide, o Carcinoma Anaplásico é o único tipo que tem predominância no sexo masculino. A mortalidade é muito alta, e a sobrevida raramente ultrapassa 6 meses após o diagnóstico. Devido ao crescimento rápido e invasão das estruturas adjacentes, frequentemente cursa com rouquidão, disfagia, paralisia da corda vocal, dor cervical e dispneia. Por conta disso, alguns pacientes podem evoluir inclusive com asfixia. Quase metade dos pacientes apresentam metástase no diagnóstico. Carcinoma Anaplásico: Esses tumores são raros, mas altamente malignos compostos parcial ou totalmente por células indiferenciadas. Geralmente ocorre em pacientes mais idosos e em homens. - É O MAIS AGRESSIVO FISIOPATOLOGIA A origem dos tumores malignos da tireoide, como outros tumores, ocorre pelo desequilíbrio entre a proliferação celular e a apoptose. Acredita-se que na presença de mutações em alguns genes, o tumor se desenvolva. Essas mutações ocorrem em três tipos de genes: oncogenes, genes supressores de tumor e genes de reparo de DNA. Os proto-oncogenes são responsáveis pelo crescimento celular normal, enquanto que os genes supressores de tumor promovem a restrição do crescimento. Alterações nesses genes geram um desbalanço celular e consequentemente o tumor. Os oncogenes são proto-oncogenes que sofreram mutações ativadoras e com isso, geram o aumento da proliferação celular, além de inibir a apoptose, levando ao início da neoplasia. Vários oncogenes associa-se aos tumores tireoidianos, entretanto, eles não são específicos. Exemplos incluem, ras, c-myc, c-fos e PTC/RET. Além disso, há alterações que inativam os genes supressores e liberam as células do controle desses genes, permitindo assim o crescimento de células tumorais. Existem também genes protetores que atuam reparando danos ao DNA e mantendo a sua integridade genômica. Mutações nesses genes não levam a formação de neoplasia, pois não induzem a proliferação celular. Entretanto, facilitam a ocorrência de mutações nos genes protetores que podem dar início à carcinogênese. A principal alteração relacionada ao surgimento do carcinoma papilífero é a mutação no gene BRAF. Esse gene é responsável pela ativação e superexpressão de uma quinase serina-treonina RAF que pode estar mutada em vários outros tipos de canceres como melanoma e testicular. Além disso, a presença de BRAF está relacionada a um pior prognóstico, como a associação com invasão extratiroideana, estádio avançado e metástases. A segunda causa mais comum na patogênese do carcinoma papilífero da tireoide é o rearranjo RET/CP. No carcinoma medular da tireoide, geralmente se relacionam a mutações germinativas do oncogene RET. Essas mutações estão associadas a ativação descontrolada da atividade tirosina-quinase do receptor tireoidiano. Nos tumores anaplásicos as mutações BRAF e do RAS são encontradas em até 10% dos casos. Além disso, acredita-se que a ativação de proteínas quinases ativadas por mitogênio (MAPK) e fosfinositida quinase-AKT-quinases (PI3K-AKT), são importantes para iniciação e progressão do câncer de tireóide. Em relação ao carcinoma folicular (CF) observa- -se mutações no gene RAS, além da expressão ou perda de outros genes. Algo interessante é que em pacientes que vivem em áreas deficientes em iodo têm menor incidência de mutações no gene RAS em comparação com pessoas que vivem em áreas com oferta normal de iodo. Outro fato é que as mutações no RAS também aparecem com maior frequência em cânceres papilíferos induzidos pela radiação. Com isso, acredita-se que a oncogenese tumoral nos cânceres tireoidianos não está apenas relacionadas a mutações, mas também em fatores genéticos e ambientais. TRATAMENTO No câncer tireoidiano, a principal forma de tratamento é a cirurgia. O grande problema é que não há consenso entre os diferentes autores em quando é indicado a tireoidectomia total ou a tireoidectomia subtotal. Independente de qual seja o tipo cirúrgico, é importante a compensação do paciente no pré-operatório, com o objetivo de reduzir os riscos de morbimortalidade para o paciente. Dentro do contexto pré-operatório devemos realizar laringoscopia em todos os pacientes que apresentarem alteração da voz ou rouquidão para avaliar a suspeita de extensão extratireoidiana do tumor. Além disso, outros tratamentos como iodo radioativo, radioterapia e quimioterapia também podem ser utilizados. No caso especial do carcinoma anaplásico, devido a sua elevada mortalidade e rápida invasão metastática, os resultados do tratamento cirúrgico não são bons. Por conta disso, nem sempre é possível a indicação cirúrgica e a radioterapia pós-operatória acrescenta pouco ao prognóstico do paciente, sendo realizado nesses casos o tratamento paliativo. Muitas vezes esse tratamento se baseia principalmente na realização de traqueostomia, pois frequentemente ocorre o risco de asfixia pela invasão tumoral TIREOIDECTOMIA TOTAL: Apesar de não ser consenso, a maioria das literaturas recomendam realização da tireoidectomia total em todos os tumores maiores que 2 a 4 centímetro (cm), em qualquer tipo histológico. Além disso, esse procedimento também é feito em todos os canceres medulares, independente do tamanho. Ademais, muitos autores indicam tireoidectomia total nos canceres papilíferos com tamanho superior a 1 a 2 cm e sempre que houver linfonodos acometidos pela extensão da doença. Devemos lembrar que nesse último caso, independente do tipo histológico do tumor, é indicado retirada total da glândula quando há metástase linfonodal. TIREOIDECTOMIA PARCIAL:Nesses casos, é feito a lobectomia mais a istmectomia da glândula tireoide, deixando somente uma pequena quantidade de tecido. Ela é indicada em carcinomas papilíferos menores que 1 cm ou tumores foliculares menores que 2 a 4 cm. Embora a lobectomia possa ser considerada em microcarcinomas papilíferos únicos, intratireoidianos e sem comprometimento ganglionar, prefere-se, sempre que possível, indicar tireoidectomia total, independentemente do tamanho. Observe que apesar de o carcinoma folicular ter pior prognóstico que o papilífero, é indicada a sua retirada apenas em tamanhos maiores. Isso pode parecer controverso, mas acontece devido ao fato de não podermos ter certeza da malignidade do tumor papilífero apenas com a PAAF, correndo o risco de retirar um nódulo benigno. Nesses casos, somos mais conservadores. Após a tireoidectomia parcial nos nódulos foliculares, a peça é mandada para patologia, em casos de malignidade comprovada, é feita uma reabordagem cirúrgica para retirada do restante da glândula que ficou. Por fim, na presença de fatores de risco para malignidade, como história familiar de carcinoma da tireoide e história de exposição à radiação ionizante, a tireoidectomia total deve ser considerada. Por fim, em pacientes submetidos à lobectomia, a totalização da tireoidectomia deve ser realizada nos que tiveremdiagnóstico anatomopatológico de carcinoma. DISSECÇÃO LINFONODAL:A dissecção dos linfonodos cervicais é feita em todos os tipos de câncer medular, pois há um alto grau de invasão ganglionar. Além disso, nos demais tipos de tumores, a dissecção ganglionar está indicado sempre que for diagnosticado acometimento metastático no pré-operatório. COMPLICAÇÕES DA TIREOIDECTOMIA:Como em todo procedimento cirúrgico, na tireoidectomia existem complicações. As principais complicações são o hipoparatireoidismo e a lesão do nervo laríngeo recorrente. No primeiro caso, ocorre lesão das glândulas paratireoides, levando a hipocalcemia transitória ou permanente. Quando grave, a hipocalcemia pode levar a espasmos musculares. A lesão do nervo laringe recorrente, pode cursar com rouquidão, quando ocorre apenas de um lado ou até insuficiência respiratória aguda, por fechamento da glote, quando acontece bilateralmente (Figura 10). Devemos fazer o diagnóstico diferencial desses casos, com o hematoma cervical em expansão, que também é uma complicação da tireoidectomia e pode levar a insuficiência respiratória. SEGUIMENTO: Após a ressecção total da tireoide, devemos lembrar que esse paciente ficará impossibilitado de produzir os hormônios tireoidianos. Por conta disso, esse paciente deverá utilizar para toda a vida a reposição de T4. Isso é feito utilizado a levotiroxina. Nas tireoidectomias totais em que há evidencia de sobras de tecido, também pode ser empregado o iodo radioativo. Esse medicamento tem a capacidade de destruir células tireoidianas remanescentes, incluindo metástases, funcionando como uma terapia adjuvante no câncer de tireoide. SE LIGA! O iodo radioativo nunca pode ser usado em gestantes, pelo risco de acometimento fetal. Ademais, para o seguimento, devemos solicitar a tireoglobulina a casa 6 meses para acompanhamento. Se a tireoglobulina estiver alta, isso pode indicar restos de tecido, podendo nesses casos, ser novamente instituído o uso de iodo radioativo ou o uso de quimioterapia ou radioterapia Objetivo 03: Compreender os fatores de risco INTRÍNSECOS Genes de suscetibilidade: Acredita-se que o principal fator de risco relacionado ao CA de tireoide seja a herança genética. Entretanto, apenas cerca de 5 a 10% dos casos são considerados de natureza familiar, ficando a maioria relacionada ao câncer esporádico. Como já foi dito, mutações em diversos genes estão potencialmente associadas ao surgimento do câncer. Os principais agentes relacionados são os proto-oncogenes, como o RET, Met, c-erb-2, BRAF, Ras responsáveis pela proliferação celular descontrolada e genes supressores tumorais. Nessa perspectiva, diversos estudos têm demonstrado aumento de cerca de 10 a 20% do câncer de tireoide papilar em parentes próximos, representando um aumento triplo do risco geral da população. Diversas síndromes familiares raras, como a síndrome de Gardner e de Cowden, também são associadas ao aumento da prevalência de câncer de tireoide. A síndrome de Gardner caracteriza-se pela presença de polipose adenomatosa, osteomas, tumores de partes moles, fibromatose mesentérica, alto risco para câncer de cólon e aumento no risco de câncer papilífero de tireoide. Já a síndrome de Cowden se caracteriza por pólipos hamartomatosos, ceratose das mãos e pés e alta taxa de malignidade sistêmica, incluindo para CA de tireoide. Obs: Até então, o único tipo de CA tireoidiano que não se tem evidência de associação com síndromes familiares é o folicular. Sexo feminino: O risco de câncer de tireoide é de duas a quatro vezes mais frequente em mulheres do que em homens. Apesar de não ser um fator bem esclarecido, acredita-se que exista um papel do estrogênio no aumento da incidência desse câncer. Estudos indicam que na tiroide existem receptores de estrogênio e essa molécula pode levar ao aumento da proliferação celular. No entanto, ainda não há associação comprovada entre o câncer tireoidiano e a menarca, gravidez, ou uso de contraceptivos orais. Aumento dos níveis do TSH: O hormônio TSH, através do receptor de TSH, estimula o crescimento e função das células tireoidianas. Diversos estudos demonstraram aumento da expressão dos receptores de TSH em cânceres tireoidianos bem diferenciados. Além disso, estima-se que exista um risco quatro vezes maior do desenvolvimento de malignidade nos nódulos tireoidianos expostos a altos níveis de TSH. Ademais, o aumento do TSH também parece estimular a agressividade desses canceres. Nessa perspectiva, estudos com medicamentos supressores de TSH também tem melhorado a sobrevida de pacientes com câncer diferenciado de tireoide. Doença autoimune da tireoide: Acredita-se que a presença de inflamação crônica da tireoide devido a doenças autoimunes, esteja associada a maior incidência de câncer tireoidiano. Sendo assim, estudos indicam que pacientes com Tireoidite de Hashimoto tem risco de 50% de desenvolver linfoma de tireoide, corroborando a associação entre a autoimunidade e o surgimento de câncer da tireoide. Antecedentes de neoplasia tireoidiana: O câncer de tireoide anaplásico possui forte associação com o antecedente pessoal de neoplasia de tireoide bem diferenciada. Acredita-se que a origem do carcinoma anaplásico esteja associada ao ganho de algumas mutações que levam a alterações na célula cancerígena prévia, gerando células do câncer anaplásico. EXTRÍNSECOS Radiação: A radiação é um conhecido agente cancerígeno que promove a suscetibilidade ao CA de tireoide pela produção de mutações em locais sensíveis. As células irradiadas também apresentam instabilidade genômica. Esse efeito ocorre sobretudo quando a exposição se inicia desde a infância, período muito radiossensível da tireoide. Além disso, a exposição ao radioiodo leva a morte de células da glândula e pode causar insuficiência tireoidiana. Essa associação entre o CA de tireoide e a radiação ocorre principalmente no tipo papilífero, mas pode ser encontrada em menor quantidade no tipo folicular. SE LIGA! Considerando todos os cânceres conhecidos, o Ca papilífero da tireoide é o que tem maior associação com a com exposição à radiação. Níveis de Iodo na dieta:Como sabemos, o iodo é um elemento fundamental para produção dos hormônios tireoidianos. Com isso, a deficiência de iodo leva a redução no nível de hormônios da tireoide e por autorregulação, induz ao aumento da secreção de TSH, que é um fator de crescimento para as células do folículo tireoidiano (Ver tópico de anatomia e fisiologia da tireoide). Sendo assim, a hipótese é de que o estímulo crônico às células da tiroide pelos níveis elevados de TSH, poderiam levar ao aparecimento, sobretudo do câncer do tipo folicular. Em contrapartida, alguns estudos evidenciaram que com a suplementação de iodo em áreas com deficiência, há uma redução do câncer de tireoide do tipo folicular, mas um aumento na incidência de câncer do tipo papilar. Os estudiosos acreditam que pode haver um aumento excessivo na captação de iodo secundária a presença de deficiência prévia de iodo e isso poderia se relacionar ao desenvolvimento do câncer papilar. Diagnóstico prévio de câncer de tireoide tratado com tireoidectomia parcial Alimentação - carência de iodo O iodo é um oligoelemento essencial para a síntese do hormônio tireoidiano. Tanto a deficiência crônica de iodo quanto o excesso de iodo foram associados a hipertrofia e hiperplasia das células foliculares, atribuídas à secreção excessiva de TSH. Isso pode estar associado ao risco de câncer de tireoide, principalmente em mulheres. Exper estudos mentais documentaram a indução de câncer de tireoide pela elevação de TSH endógeno, embora em um pequeno número de animais. Deficiência de iodo asso ciado com agentes carcinogênicos e mutagênicos químicos resultará em uma maior incidência origem de malignidade da tireoide. A ingestão inadequada de baixa quantidade de iodo resultará em aumento Estimulação de TSH, aumento da responsividade das células da tireoide ao TSH, aumento da tireoide proliferação celular induzida por EGF, diminuição da produção deTGFβ 1 e aumento de angio gênese, todos os fenômenos relacionados à promoção do crescimento tumoral. Epidemiológico estudos que associam a ingestão de iodo e câncer de tireoide levaram a controvérsias e controvérsias resultados flicting. Não há dúvida de que a introdução da profilaxia universal de iodo está na população anteriormente em deficiência crônica de iodo leva a um padrão de mudança tern de câncer papilar de tireoide mais prevalente e declínio da tireoide folicular Câncer. Além disso, o câncer anaplásico da tireoide praticamente não é visto após anos de iodo suplementação. O excesso de iodo também tem sido apontado como um possível fator nutricional fator na prevalência de câncer diferenciado de tireoide na Islândia, Havaí e, mais recentemente, na China. Em conclusão: evidências disponíveis de experimentos com animais mentos, estudos epidemiológicos e profilaxia com iodo demonstraram uma mudança em direção a um aumento no carcinoma papilífero, mas nenhuma relação clara entre incidência de câncer de tireoide e ingestão de iodo. Relevância da Ingestão de Iodo como Fator Predisponente ao Câncer de Tireóide. O iodo é essencial para a síntese de hormônios tireóideos e tanto a deficiência crônica deste halogênio como o excesso nutricional de iodo levam a hiperplasia e hipertrofia dos elementos foliculares (por excesso de TSH). Esse fenômeno pode se associar a um maior risco de câncer de pneu, especialmente no sexo feminino. Estudos experimentais documentais indução de câncer de tireóide após prolongado excesso circulante de TSH, o qual induz aumento da pro liferação celular medida por fator de crescimento epidérmico (EGF), decréscimo de sintéticos de fator de transformação do crescimento (TGFβ 1) e aumento da angiogênese. Estudos epidemiológicos entre nutrição de iodo e câncer de tireóide são conflitantes. É, todavia, aceito que a correção de prévia deficiência de iodo com aporte nutricional adequado deste halogeno leva à maior pre valência de carcinoma papilífero (e decréscimo de carcinoma folicular). Em alguns países, o excesso de iodo foi apontado como causa aparente de maior câncer de câncer de tireóide. Em conclusão: não existe uma relação causa-efeito entre iodo nutricional e prevalência de câncer de tireóide, e outros. a incidência entre todas as idades aumentou de forma constante em diferentes países nos últimos 10 anos, enquanto suas taxas de mortalidade caíram (2) As taxas de mortalidade em declínio são em grande parte devido ao diagnóstico e terapia eficaz aplicada em um tumor inicial estágio em que é mais passível de cirurgia e 131 I terapia. Esses tumores têm uma variabilidade acentuada em agressividade de papilar altamente diferenciado carcinomas com bom prognóstico, se encontrados e tratados precocemente, a cânceres anaplásicos indiferenciados ocorrendo principalmente em pessoas idosas e com mau prognóstico (3). O iodo é um oligoelemento essencial na síntese de hormônios da tireóide. Ambos de iodo crônico deficiência e ingestão cronicamente alta de iodo têm foi associado ao desenvolvimento de bócio (ou seja, hipertrofia e hiperplasia das células da tireóide) e atribuído à secreção excessiva de TSH pela hipófise itário. Por sua vez, o bócio foi associado à tireóide risco de câncer, principalmente em mulheres (4). Uma relação clara entre o fornecimento de iodo para a população e a incidência de câncer de tireoide não foi comprovado e ainda é debatido (3). Em geral, cron deficiência de iodo ic e residência em um bócio endêmico área estão associadas a um risco aumentado de folicular tipo histológico de câncer, enquanto cronicamente alto a ingestão de iodo pode aumentar o risco de mais mon tipo histológico papilar de câncer de tireoide. Este esboço resume os dados disponíveis de experimentos com animais, estudos epidemiológicos e de a introdução da profilaxia com iodo no possível associação entre a deficiência de iodo e o desenvolvimento tratamento de carcinoma diferenciado de tireoide. INDUÇÃO EXPERIMENTAL DE TUMORES TIREOIDES A neoplasia da tireóide pode ser induzida pela exposição de animais experimentais para uma variedade de regimes de tratamento homens, produtos químicos exógenos ou agentes físicos. Indução de tumor por elevação de TSH Há algum tempo que se reconhece que as neoplasias induzida em animais experimentais por uma série de mentos resultam em disfunção da glândula tireoide, mais frequentemente hipotireoidismo. Entre os fatores que causam câncer de tireoide induzem em um estado de hipotireoidismo são a deficiência de iodo (5,6) e tireoidectomia subtotal (7). Além disso, os tumores da tireóide pode resultar do transplante de secreção de TSH tumores hipofisários (7-9). O único fator comum a cada duas condições, TSH elevado resulta de estimulação crônica ulação da hipófise em resposta a uma deficiência no dessas condições é que todas elas levam a um aumento redução de TSH e estimulação prolongada da tireoide glândula por TSH sérico continuamente elevado. Em primeiro níveis circulantes de hormônio tireoidiano. Vale a pena mencionar observe que nada foi administrado a esses animais. Portanto, os tumores se desenvolveram na ausência de fatores que estão normalmente presentes nos animais (ou seja, iodo e massa da glândula tireóide). Deve ser corretamente apontado, no entanto, que os animais estavam sob estresse crônico devido a deficiência de hormônio da tireóide. No terceiro caso, o excesso TSH vem do tumor hipofisário transplantado. Assim, independentemente da causa, parece que o estímulo prolongado da hipófise tireoidiana que resulta na liberação de níveis oscilados de TSH pelos tireotróficos podem levar à sua neoplasia da glândula roide (10). Indução de tumor pela baixa ingestão de iodo A hipótese de uma associação entre a ingestão de iodo e o risco de câncer de tireoide é baseado nos resultados de estudos em animais experimentais, que mostraram que animais com dieta restrita em iodo eram mais prováveis desenvolver câncer (6,11). Nesta base, overstimula ção pelo hormônio estimulador da tireóide (TSH) foi con considerada a desempenhar um papel importante na tumorigênese. Em vari ance, estudos recentes têm mostrado, no entanto, que o os níveis séricos de TSH são de fato mais baixos nos indivíduos com deficiência de iodo leve a moderada (12). Em hamsters dourados submetidos a longo prazo dieta pobre em iodo, foi demonstrado experimentalmente hiperplasia, então bócio nodular e, eventualmente, em um pequena porcentagem de animais, carcinomas. A esponta neoplasias malignas relatadas na deficiência de iodo os animais eram adenocarcinomas foliculares; 18% de mulheres, mas nenhuma lesão da tireoide foi encontrada em homens após uma dieta deficiente em iodo de 70 semanas. (11). Camundongos da linhagem C3H / Hey foram colocados em dieta de iodo para induzir tireóide benigna e maligna tumores. Após um ano desse estado nutricional, adenomas foliculares desenvolvidos em 60% e foliculares os carcinomas se manifestaram em 10% dos animais (6). Ratos machos Sprague-Dawley (Han: SPRD) submetem de deficiência de iodo crônica induzida por um longo prazo ingestão de iodo de aproximadamente 10% do iodo normal suprimento dietético desenvolvido hipertrofia folicular e sub sequentemente hiperplasia de células foliculares e hiper troféu (13). Suplementação de iodo para aproximadamente 16 vezes a concentração normal leva à hiperplasia de células foliculares, hipertrofia de órgãos e um grande aumento da taxa de proliferação. Curiosamente, o alto pro As taxas de liferação não induziram quaisquer alterações malignas. O risco de que um tumor benigno da tireoide possa se desenvolver após a deficiência ou excesso de iodo é 2 a 3 vezes maior do que em controles. Foi sugerido que sob o experimental condiciona a deficiência e o excesso de iodo em longo prazo são insuficientes para estimular a carcinogênese, enquanto tumores benignos, detectáveis em aproximadamente 90% dos animais após 110 semanas de tratamento, eram claramente mais frequentemente encontrado em comparação com o grupode controle com fornecimento normal de iodo. Parece que estudos anteriores contradizem esses dados (5,14). Ratos Fisher com deficiência de iodo foram mostrados para desenvolver anormalidades cromossômicas (aneuploidia) de alguma população heterogênea de células da tireoide. Esses as células podem ter adquirido características neoplásicas, por quando tal população de células é transplantada, uma neoplasia tumor de tique é produzido (15). Estudos com combinação de indução de tumor fatores Várias investigações indicaram que combinados regimes de tratamento estão associados a carcinoma da tireóide respostas cinogenéticas superiores às produzidas por um único tratamento sozinho. Alguns compostos químicos exógenos de ação direta foram identificados quilos que produzem a tireóide tumores que não parecem influenciar a tireóide estado da hipófise, uma vez que esses compostos não aumentaram pesos da tireóide não relacionados ao desenvolvimento do tumor ou causar uma elevação persistente dos níveis séricos de TSH (16). Dois deles são N-nitrosometilureia (NMU) e N bis (2-hidroxipropil) -nitrosamina (DHPN), classificado como genotóxico, uma vez que envolve efeitos carcinogênicos diretos ao nível do DNA nas células foliculares. Agentes não genotóxicos, como o iodo, podem alterar o sistema de feedback negativo da tireóide-pituitária eixo do hipotálamo, levando ao aumento do TSH e seu estimulação prolongada do epitélio folicular (17) como já mencionado. Os estudos de tratamento combinado da tireóide são consistente com os conceitos de iniciação-promoção. O agente genotóxico pode alterar permanentemente a célula de roide de modo que seu crescimento acentuado sob um goitro o estímulo gênico resultaria em neoplasias (6). Ratos previamente tratados com NMU e depois colocado em uma dieta deficiente em iodo, aumentou a incidência dência de carcinomas de células foliculares da tireoide (90%) em comparação com 10% dos ratos expostos à deficiência de iodo sozinho. Por outro lado, cerca de 20% dos ratos desenvolvem carcinomas foliculares abertos quando tratados com o mesmo cancerígeno, mas em condições normais para iodo nutri ção Estas observações indicaram que o iodo-defi dieta eficiente é um potente promotor de tumores da tireoide inicial Além disso, os resultados sugeriram que o não genotóxico componente ic, ou seja, elevação de TSH, desempenha um papel fundamental na o desenvolvimento de lesões da tireoide (19). Em outro estudo, ratos F344 receberam o mutagênico químico DHPN e suplementado com var Ious quantidades de iodeto de potássio na água potável para geram condições que se estendem ao iodo crônico deficiência ao excesso severo de iodo. Em tratamento com DHPN ratos, ambas as condições aumentaram significativamente a tireoide tumorigênese folicular. Em ratos não tratados com DHPN, a deficiência de iodo produziu hiperplasia difusa da tireoide, juntamente com uma diminuição na tiroxina sérica e um aumento do TSH sérico. Por outro lado, iodo excesso de bócio colóide produzido, juntamente com normal T4 sérico e TSH ligeiramente diminuído. Sob influência cia de DHPN, houve um rápido aumento na incidência de tumor dência com níveis cada vez mais baixos de iodo na dieta. Curiosamente, neste estudo, houve um ligeiro aumento na incidência de tumor em níveis elevados de iodeto. Esses efeitos foram diretamente proporcionais à gravidade do iodo deficiência ou extensão do excesso de iodo e sugerem que cada condição tem uma promoção diferente de tumor de tireoide mecanismo de compressão (20) (figura 1). Em ratos, a deficiência de iodo é muito mais eficaz como um promotor de tumor em comparação com seu carcinogênico efeito, sugerindo que uma relação semelhante pode existir em populações humanas. No entanto, deve ser enfatizado avaliou os dados de estudos com animais em relação ao seu os tumores de roóide não podem ser estendidos à tireóide humana.
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