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TUTORIA (neoplasia de tireóide)

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1- ENTENDER A NEOPLASIA DE TIREÓIDE 
(EPIDEMIOLOGIA, CLASSIFICAÇÃO, 
ETIOLOGIA, PATOGENIA, 
FISIOPATOLOGIA, SINAIS E SINTOMAS) 
Epidemiologia 
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que 
para cada ano do triênio 2020/2022, sejam 
diagnosticados no Brasil 13.780 novos casos de 
câncer de tireoide (1.830 em homens e 11.950 em 
mulheres). Esses valores correspondem a um risco 
estimado de 1,72 casos a cada 100 mil homens e 
11,15 casos a cada 100 mil mulheres. 
A taxa de mortalidade por câncer de tireoide 
aumentou ligeiramente de 2008 a 2017 (0,6% ao 
ano), mas aparentemente após esse período. 
O câncer de tireoide é frequentemente 
diagnosticado a uma idade mais precoce do que a 
maioria dos outros tipos de câncer em adultos. As 
mulheres têm três vezes mais chances de 
desenvolver câncer de tireoide do que os homens. 
O diagnóstico do câncer de tireoide tem-se elevado 
nos últimos anos devido ao aumento do uso de 
exames de imagem, como tomografias ou 
ressonância magnética, para o diagnóstico e que 
permitem a detecção de pequenos nódulos, que não 
podiam ser encontrados no passado. 
O câncer da tireoide é o mais comum da região da 
cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as 
mulheres do que os homens. Pela mais recente 
estimativa brasileira (2018), é o quinto tumor mais 
frequente em mulheres nas regiões Sudeste e 
Nordeste (sem considerar o câncer de pele não-
melanoma). 
Os carcinomas diferenciados são os tipos mais 
frequentes. Dentre eles estão o papilífero (entre 
50% e 80% dos casos), o folicular (de 15% a 20% 
dos casos) e o de células de Hürthle. Existem ainda os 
carcinomas pouco diferenciados (cerca de 10% dos 
casos) e os indiferenciados (também cerca de 10%). 
Ele se desenvolve a partir de um tumor maligno, que 
cresce dentro da glândula da tireóide e, normalmente, 
é descoberto por meio do auto-exame. É 
fundamental que o paciente procure um 
endocrinologista, para acompanhar o tratamento. 
Mesmo depois de encerrado é recomendada a visita 
regular ao especialista, para evitar que o câncer 
reapareça. 
Aproximadamente 10% da população adulta 
têm nódulos tireoideanos, mas, desse número, cerca 
de 90% são benignos. A incidência da doença 
aumentou em 10% na última década, mas sua 
mortalidade diminuiu. De 65 a 80% dos casos são 
diagnosticados como câncer de tireóide papilar; de 10 
a 15%, são foliculares; de 5 a 10% são medulares e 
de 3 a 5% dos diagnosticados como anaplásicos. 
Classificação 
– Carcinoma papilifero – é o mais comum. Pode 
aparecer em pacientes de qualquer idade, mas é 
mais freqüente entre 30 e 50 anos. Estima-se que 
uma a cada mil pessoas tem ou já teve este tipo de 
câncer. A taxa de cura é alta, chegando a quase 
100%. 
– Carcinoma folicular – Costuma ocorrer em 
indivíduos com mais de 40 anos. É mais agressivo do 
que o papilífero. Em dois terços dos casos, não têm 
tendência à disseminação. Um tipo de carcinoma 
folicular mais agressivo é o hurthle, que atinge 
pessoas com mais de 60 anos. 
– Carcinoma medular – Afeta as células 
parafoliculares, responsáveis pela produção da 
calcitonia, hormônio que contribui na regulação do 
nível sanguíneo de cálcio. É de difícil tratamento e, 
http://tireoide.org.br/noticias/auto-exame/
usualmente, se apresenta de moderado a muito 
agressivo. 
– Carcinoma anaplásico ou inmedular 
– Extremamente raro. Contudo, é do tipo mais 
agressivo e tem o tratamento mais difícil. É 
responsável por dois terços dos óbitos de câncer da 
tireóide. 
As crescentes taxas de incidência são quase 
inteiramente devidas ao aumento do diagnóstico 
de câncer de tireoide diferenciado (CDT) e câncer de 
tireoide papilar (CPT) em particular. Taxas de 
incidência dos cânceres folicular, anaplásico e medular 
permaneceram relativamente estáveis nos últimos 30 
anos. 
O uso crescente de imagens técnicas, procedimentos 
de biópsia junto com o melhor acesso aos cuidados 
de saúde, facilitou a detecção de CPTs pequenos e 
subclínicos. E o portanto, o resultado é o tratamento 
excessivo. 
Recentemente, a European Society for Medical 
Oncology (ESMO) atualizou suas diretrizes de prática 
clínica sobre o câncer de tireoide para diagnóstico, 
tratamento e acompanhamento. Por isso, neste 
artigo veremos algumas coisas que mudaram. 
CÂNCER DE TIREOIDE DIFERENCIADO E 
POUCO DIFERENCIADO 
DIAGNÓSTICO E PATOLOGIA/BIOLOGIA 
MOLECULAR 
A análise diagnóstica dos CDT é feita com avaliações 
da patologia e moleculares pré e pós-operatórias: 
• A PAAF antes da cirurgia para a citologia 
não é necessária para nódulos medindo ≤1 
cm; 
• A PAAF de nódulos maiores deve ser guiado 
pelo tamanho da lesão e aparência 
ultrassonográfica; 
• Os achados citológicos são classificados em 
categorias de diagnóstico associadas a 
diferentes riscos de malignidade – 
BETHESDA; 
o 
Exceto CFT e a neoplasia folicular não invasiva da 
tireoide com lesões nucleares do tipo papilar (NIFTP), 
que são geralmente classificados como 
indeterminados na citologia; 
NIFTPs representam até 20% dos casos em Europa, 
destaca-se seu excelente prognóstico: o NIFTP não 
está associado a nenhum relato de câncer mortes e 
um risco estimado de recorrência; 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda 
classificar os CFTs como ‘minimamente invasivos’ 
quando penetração capsular está presente sem 
envolvimento vascular (uma condição associada à um 
prognóstico extremamente bom). Os termos 
‘angioinvasivo’ e ‘amplamente invasivo’ devem ser 
reservado para cânceres foliculares com embolia 
neoplásica envolvendo < 4 vasos e ≥4 vasos 
respectivamente; 
Os critérios de diagnóstico para carcinomas pouco 
diferenciados permanecem controversos; 
Os carcinomas de células de Hürthle não são mais 
classificados como ‘tumores foliculares’, que são 
geralmente muito menos agressivos e menos 
prováveis de apresentar metástases linfonodais; 
Carcinomas de células de Hürthle associados a 
extensa invasão vascular e/ou capsular deve ser 
gerenciado como outros carcinomas de alto risco; 
CPTs oncocíticos e variantes oncocíticas de 
carcinomas pouco diferenciados, eles não são mais 
agressivos do que convencionado; 
https://pebmed.com.br/tag/cancer-de-tireoide/
https://pebmed.com.br/testes-moleculares-em-nodulos-tireoideanos-um-futuro-promissor/
O perfil molecular distinguiu duas classes principais de 
CPT caracterizadas por assinaturas moleculares 
predominantes no BRAF e no RAS; 
• As formas fatais de carcinoma não 
anaplásico da tireoide são geralmente PTC 
variantes que possuem mutações BRAF ou 
RAS mais outras alterações genômicas 
(por exemplo, mutações envolvendo o 
promotor TERT, efetores de vias P53, 
POLE, PI3K/AKT/mTOR, SWI/SNF 
subunidades e/ou metiltransferases de 
histonas). 
ESTADIAMENTO E AVALIAÇÃO DE RISCO 
Risco de mortalidade 
A 8ª edição do TNM introduziu mudanças 
importantes nos tumores da tireoide, incluindo a 
diminuição extensão extratireoidiana que não é 
macroscopicamente evidente (pT3b). 
Primárias com disseminação extratireoidiana que é 
exclusivamente microscópica são agora realizadas 
apenas no com base no tamanho do tumor como 
pT1, pT2 ou pT3a. 
O estadiamento TNM requer uma revisão completa 
dos parâmetros morfológicos e imunofenotípicos e a 
patologia deve fornecer detalhes sobre a extensão 
da invasão (capsular VERSUS vascular, incluindo o 
número de vasos), tamanho e arquitetura do tumor, 
presença de necrose, atividade proliferativa etc. 
Patogenia 
O mecanismo de formação de nódulos 
tireoidianos é pouco entendido. Sugere-se que fatores 
de crescimento, incluindo o TSH, estejam envolvidos por 
efeito direto nas células foliculares e por associação a 
mutações. 
Quanto à patogênese do câncer de tireoide, 
fatores que têm sido relacionados são exposição à 
radiação, TSH, fatores de crescimento, oncogenes e 
genes supressores tumorais. 
Os tumores malignos da tireoide têm como 
origem três tipos de células, conforme representação 
na figura 
 
 
Tipos de tumores malignos da tireoide. 
 
Oproto-oncogene RET (rearranged during 
transfection) está relacionado ao carcinoma medular 
de tireoide nas suas formas hereditárias, isto é, 
neoplasias endócrinas múltiplas (NEM) 2A, 2B e 
carcinoma medular de tireoide familiar. Além disso, esse 
gene tem sido implicado na patogênese do carcinoma 
medular de tireoide esporádico. 
 
Carcinoma Papilífero 
DEFINIÇÃO 
O carinoma papilífero é uma neoplasia bem 
diferenciada originada nas células foliculares 
tireoidianas. Ele caracteriza-se por manter algumas 
das propriedades do tireócito normal, como a 
captação de iodeto e a síntese e a secreção de 
tireoglobulina. Seu crescimento é lento e apresenta 
baixo grau de malignidade. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Esse tipo de carcinoma é a forma mais comum 
de câncer de tireoide, correspondendo a cerca de 40 
a 70% de todos os carcinomas tireoidianos. Ocorre 
em qualquer faixa etária, porém predomina em 
indivíduos mais jovens (entre os 30 e 40 anos). Entre 
os tumores papilíferos, 20 a 80% são multicêntricos, 
um terço é bilateral, e 10% dos pacientes apresentam 
recorrência do tumor no lobo contralateral. De uma 
maneira geral, o prognóstico é bom. 
 
PATOGÊNESE 
Fatores que têm sido atribuídos a patogênese 
desse câncer incluem irradiação da glândula tireoide na 
infância e mutações genéticas. O carcinoma papilífero 
tende a ser multifocal, e sua disseminação ocorre por 
meio dos linfáticos intraglandulares, evoluindo do foco 
inicial para outras partes da tireoide e para linfonodos 
pericapsulares e cervicais. Pode haver também 
metástase hematogênica, particularmente no osso e 
no pulmão. 
 
CARACTERÍSTICAS 
Achados citológicos característicos do 
carcinoma papilífero são corpos psamomatosos 
(papilas degeneradas calcificadas), núcleos clivados 
com aparência de “órfã Annie” (causada por nucléolo 
grande) e formação de estruturas papilares. As lesões 
papilíferas apresentam comumente áreas de padrão 
papilífero misturadas a áreas de padrão folicular, 
ocorrendo da mesma forma com as metástases. As 
metástases pulmonares podem apresentar distribuição 
miliar ou na forma de imagens numulares. 
Carcinoma Folicular 
DEFINIÇÃO 
Assim como o carcinoma papilífero, o carcinoma 
folicular é uma neoplasia bem diferenciada originada 
nas células foliculares tireoidianas que mantêm algumas 
propriedades do tireócito normal. Esse carcinoma 
apresenta crescimento lento e metástases à distância. 
 
 
 
Figura 25.2 
Alterações celulares encontradas no carcinoma papilar 
da tireoide. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
A incidência do carcinoma folicular varia em 
diferentes partes do mundo e é mais comum em áreas 
em que há deficiência de iodo. Corresponde a cerca 
de 20 a 40% de todos os carcinomas tireoidianos, 
seu pico de incidência ocorre aos 50 anos, e é três 
vezes mais frequente em mulheres. As taxas de 
mortalidade são menos favoráveis do que as do 
carcinoma papilífero, em parte porque uma grande 
proporção dos pacientes apresenta-se em estágios 
mais avançados da doença. 
 
PATOGÊNESE 
A estimulação excessiva da tireoide pelo TSH 
tem sido relatada na patogênese desse câncer em 
áreas com deficiência de iodo. O carcinoma folicular 
tende a apresentar disseminação hematogênica, 
ocasionando metástases em osso, pulmão e sistema 
nervoso central. Quando esses tumores apresentam 
evidência histológica apenas de invasão da cápsula 
tumoral, são denominados minimamente invasivos 
e comportam-se como carcinomas papilíferos. Já no 
caso de ocorrer invasão vascular, comumente há 
associação à doença metastática à distância, 
especialmente para pulmões e ossos. 
 
CARACTERÍSTICAS 
A distinção entre tumores foliculares benignos e 
malignos baseia-se na evidência de invasão de cápsula, 
vasos, nervos e estruturas adjacentes. O carcinoma 
folicular é caracterizado por diferenciação folicular 
com um padrão de crescimento sólido e sem os 
achados nucleares do carcinoma papilífero. Quando 
75% ou mais das células tumorais exibem manchas 
oxifílicas devido a acúmulo mitocondrial, o carcinoma é 
denominado de células de Hürthle. 
 
Carcinoma Indiferenciado ou Anaplásico 
DEFINIÇÃO 
O carcinoma indiferenciado ou anaplásico é uma 
neoplasia rara, histologicamente indiferenciada e 
clinicamente agressiva. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Esse carcinoma corresponde a até 5% das 
neoplasias malignas da tireoide. Ele é mais prevalente 
em áreas com deficiência de iodo, predominando em 
mulheres (3 mulheres para cada homem) e em idosos 
(pico entre 65 e 70 anos). A sobrevida em geral situa-
se em torno de 2 a 12 meses. 
 
PATOGÊNESE 
O carcinoma indiferenciado ou anaplásico pode 
surgir em um paciente com carcinoma papilar ou 
folicular e pode estar associado a mutações 
inativadoras do gene supressor tumoral p53. Trata-
se de uma das formas mais agressivas e resistentes 
de cânceres, com crescimento rápido, invasão local 
precoce e prognóstico extremamente desfavorável. 
A proteína p53 é um ativador da transcrição 
que age na integração dos sinais: 
DNA danificado aumento da proteína p53 
indução parada do ciclo celular na interface G1/S 
permissão de reparo do dano genômico ou início da 
apoptose (morte celular programada). 
Quando há mutações do gene p53, esse 
processo fica prejudicado, ocorrendo divisão celular 
sem reparação do DNA. Consequentemente, há a 
formação de diversos grupos de malignidade. 
 
CARACTERÍSTICAS 
O exame citológico possibilita a evidência de 
células pleomórficas indiferenciadas grandes. Não há 
cápsula, as células são atípicas e as mitoses são 
frequentes. 
 
CARCINOMA MEDULAR 
DEFINIÇÃO 
O carcinoma medular tem sua origem nas células 
parafoliculares (células C) da tireoide e caracteriza-
se por produzir inúmeros neuropeptídeos, como a 
calcitonina e a cromogranina A, e glicoproteínas, como 
o antígeno carcinoembrionário (CEA). 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Esse câncer representa menos de 5% das 
neoplasias de tireoide. Ele afeta indivíduos de ambos 
os sexos e em qualquer faixa etária. Comparado aos 
carcinomas diferenciados, tem pior prognóstico e 
maior mortali- dade. Pode apresentar-se de duas 
formas: esporádica (80% dos casos) ou familiar (20 a 
25% dos casos). Na forma esporádica, tem pico de 
incidência entre os 50 e 60 anos e é mais frequente 
em mulheres (1,5 mulheres para cada homem). 
Nas formas familiares, é transmitido de modo 
autossômico dominante, e em 80 a 85% dos 
pacientes, o carcinoma medular de tireoide está 
associado a outras alterações endócrinas, constituindo 
as neoplasias endócrinas múltiplas (NEMs) dos tipos 2A 
e 2B*. Nos outros 10 a 15% dos casos, o carcinoma 
medular ocorre de forma isolada (carcinoma medular 
de tireoide familiar). 
Na Tabela 25.1, estão descritos os principais 
achados das formas familiares de carcinoma medular 
de tireoide. 
* Para obter mais informações, ver Capítulo 
Hiperparatireoidismo. 
PATOGÊNESE 
O carcinoma medular esporádico origina-se de 
uma única célula C, que evolui para um tumor solitário, 
possivelmente por mutações somáticas, ou, em alguns 
casos, por mutações no proto-oncogene RET. 
Já as formas familiares de carcinoma medular 
da tireoide são causadas por mutações no gene que 
codifica a tirosinocinase RET (uma subunidade do 
receptor para o fator de crescimento derivado da glia), 
conforme representado na Figura 25.3. 
As associações entre as diferentes neoplasias 
descritas na NEM tipo 2 (A e B) explicam-se pelo fato 
de que as estruturas afetadas (células C da tireoide, 
da medula suprarrenal, da paratireoide e do plexo 
nervoso autonômico entérico) compartilham uma 
mesma origem embriológica: a crista neural. 
 
 
 
As principais células derivadas da crista neural 
estão mostradas na Figura 25.4. 
A principal via de disseminação do carcinoma 
medular é linfática, sendo alta a frequência de 
metástases em gânglios linfáticos regionais. Outros 
sítios comuns de metástases são mediastino, gânglios 
do hilo pulmonar, pulmões, fígado e ossos. 
 
CARACTERÍSTICAS 
Laboratorialmente, o carcinomamedular 
caracteriza-se por níveis séricos elevados de 
calcitonina e de CEA. O exame citopatológico possibilita 
evidência de células parafoliculares agrupadas ou 
isoladas, amiloide, necrose, células inflamatórias e 
componentes papilares (Fig. 25.5). 
O diagnóstico definitivo é dado pela análise 
imuno-histoquímica, em que se observa marcação 
para calcitonina e cromogranina A e ausência de 
marcação para tireoglobulina. 
Ao diagnosticar carcinoma medular de tireoide, 
é importante procurar definir se é esporádico ou 
familiar e se é isolado ou associado a outras neoplasias 
endócrinas. Dessa forma, pode-se determinar 
prognóstico, seguimento e necessidade de 
rastreamento familiar e/ou aconselhamento genético. 
 
Linfoma Primário de Tireoide 
DEFINIÇÃO 
O linfoma primário de tireoide é uma neoplasia 
de células não tireoidianas, sendo, na maioria das 
vezes, do tipo não Hodgkin. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
O linfoma é um tumor relativamente raro e 
corresponde a cerca de 1% de todos os cânceres 
tireoidianos. O pico de incidência ocorre entre 50 e 80 
anos de idade, é três vezes mais comum no sexo 
feminino e está associado à tireoidite de Hashimoto. 
Com o tratamento intensivo, a sobrevida em oito anos 
é de quase 100%. 
 
 
 
Figura 25.3 
Forma familiar de carcinoma medular da tireoide. 
Fonte: Adaptada de Kronenberg e colaboradores.² 
 
 
 
Figura 25.4 
Principais células derivadas da crista neural. 
Fonte: Adaptada de Knecht e Bronner-Fraser.³ 
 
 
 
Figura 25.5 
Achados citopatológico no carcinoma medular. 
 
PATOGÊNESE 
A apresentação típica desse câncer é de uma 
massa tireoidiana com crescimento rápido em um 
paciente com tireoidite de Hashimoto. 
 
CARACTERÍSTICAS 
O exame citológico possibilita o diagnóstico de 
linfócitos abundantes sem outros achados celulares de 
tireoidite autoimune. Imuno-histoquímica e citometria 
de fluxo de amostras de material podem caracterizar 
uma população monoclonal de linfócitos. 
 
Metástases para a Tireoide 
As metástases de outras neoplasias primárias 
para a tireoide são raras, sendo as mais comuns as 
de rim, colo do intestino e mama. 
 
Sinais e Sintomas 
Os nódulos tireoidianos em geral apresentam 
evolução insidiosa e assintomática, sendo 
frequentemente notados pelo paciente, por seus 
familiares ou, então, pelo médico em exame clínico de 
rotina. Também podem ser detectados incidentalmente 
em avaliações por imagens da região cervical anterior, 
como ultrassonografia de carótidas e tomografia 
computadorizada ou ressonância magnética cervical. 
A maioria das neoplasias de tireoide incide na 
forma de nódulos de tireoide, os quais podem ser 
assintomáticos ou estarem associados a sintomas 
cervicais locais ou linfonodomegalia. Menos 
frequentemente, o câncer de tireoide apresenta-
se primeiramente com manifestações de doença 
metastática, como dor torácica, dispneia, dor óssea, 
fraturas patológicas ou achados neurológicos. 
Sintomas que sugerem compressão ou invasão 
de tecidos adjacentes indicam possível malignidade 
para o nódulo. Isso inclui dor na região cervical anterior, 
tosse ou dispneia por compressão traqueal, hemoptise 
por invasão traqueal, disfonia por comprometimento 
do nervo laríngeo recorrente e disfagia ou odinofagia 
por compressão esofágica. 
Praticamente todos os pacientes com câncer de 
tireoide apresentam-se eutireóideos. 
Na realização de exame físico, a malignidade é 
sugerida pela presença de nódulo fixo e 
linfonodomegalia ipsilateral ou paralisia de corda vocal. 
 
Diagnóstico 
A avaliação de um paciente com um nódulo 
tireoidiano deve incluir o exame detalhado do pescoço 
com ênfase em algumas características do nódulo (p. 
ex., tamanho, consistência, mobilidade e sensibilidade) e 
na presença de adenomegalia cervical. 
 
Fisiopatologia 
A tireoide é uma glândula localizada na região 
anterior do pescoço, responsável pela produção dos 
hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), os quais 
estão envolvidos com diversos processos relacionados, 
principalmente, ao metabolismo do organismo. O 
carcinoma de tireoide classifica-se em subtipos, 
levando-se em consideração as características 
histológicas que ele apresenta, bem como o curso 
clínico da doença. Dentre os vários tipos de 
neoplasias malignas que podem acometer a glândula, 
o câncer papilífero se apresenta como o subtipo mais 
comum. 
No carcinoma papilar, as alterações genéticas 
ocorridas em células foliculares, por exemplo, 
caracterizam um cenário ideal para a multiplicação 
celular descontrolada e a instauração do processo 
cancerígeno. Dentre as mutações envolvidas no 
surgimento do câncer de tireoide, as ocorridas no 
gene responsável pelos receptores de tirosina-
quinase e no gene BRAF da via da MAPK (MAP 
quinase), figuram entre as principais quando se trata 
do carcinoma papilar. 
O segundo subtipo mais comum de câncer de tireoide 
é o carcinoma folicular, e a sua gênese está 
relacionada a mutações pontuais no gene RAS e na 
via de sinalização da fosfatidilinositol 3-quinase 
(PI3K/AKT). Além disso, mutação no gene supressor 
de tumor PTEN, pode levar a sua inativação e o 
desencadeamento do câncer. Já o terceiro e menos 
comum subtipo de câncer de tireoide é o carcinoma 
medular, o qual está relacionado as alterações 
ocorridas nas células parafoliculares da glândula. 
Sinais e sintomas 
Nódulo, caroço ou inchaço no pescoço, às vezes 
crescendo rapidamente. 
Inchaço no pescoço. 
Dor na parte anterior do pescoço, às vezes, 
irradiando para a região dos ouvidos. 
Rouquidão ou outras alterações na voz que não 
desaparecem. 
Dificuldade para engolir. 
Problemas respiratórios. 
Tosse constante. 
Muitas condições benignas podem provocar os 
mesmos sintomas. Nódulos da tireoide são comuns e 
geralmente são benignos. Ainda assim, se você tem 
algum desses sinais ou sintomas, é importante 
consultar um médico para que a causa possa ser 
diagnosticada e tratada, se necessário. 
 
 
 
2- COMPREENDER OS FATORES DE RISCO 
PARA NEOPLASIA DE TIREÓIDE 
(ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA, IODO, 
FATOR GENÉTICO); 
Um fator de risco é algo que afeta sua chance de 
contrair uma doença como o câncer. Diferentes tipos 
de câncer apresentam diferentes fatores de risco. 
Alguns como fumar, por exemplo, podem ser 
controlados; no entanto outros não, por exemplo, 
idade e histórico familiar. Embora os fatores de risco 
possam influenciar o desenvolvimento do câncer, a 
maioria não causa diretamente a doença. Algumas 
pessoas com vários fatores de risco nunca 
desenvolverão um câncer, enquanto outros, sem 
fatores de risco conhecidos poderão fazê-lo. 
Ter um fator de risco ou mesmo vários, não significa 
que você vai ter a doença. Muitas pessoas que 
contraem a enfermidade podem não estar sujeitas a 
nenhum fator de risco conhecido. Se uma pessoa 
com câncer de tireoide tem algum fator de risco, 
muitas vezes é muito difícil saber o quanto esse 
fator pode ter contribuído para o desenvolvimento da 
doença. 
Fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa 
desenvolver câncer de tireoide: 
Fatores de risco que não podem ser alterados 
• Gênero e idade. Por razões ainda não 
esclarecidas o câncer de tireoide, assim como 
quase todas as doenças da tireoide, ocorre 
cerca de 3 vezes mais em mulheres do que 
em homens. O câncer de tireoide pode 
acontecer em qualquer idade, mas os picos 
de risco incidem antes nas mulheres, na 
maioria das vezes entre os 40 a 50 anos, 
do que nos homens, geralmente entre 60 a 
70 anos. 
 
• Condições hereditárias. Várias condições 
hereditárias foram associadas a diferentes 
tipos de câncer de tireoide, assim como o 
histórico familiar. Ainda assim, a maioria das 
pessoas que desenvolve câncer de tireoide 
não tem uma condição hereditária ou um 
histórico familiar da doença. 
 
• Câncer medular de 
tireoide. Aproximadamente 20% dos 
carcinomas medulares são herdados de um 
gene anormal. Esses casos são conhecidos 
como carcinomamedular de tireoide familiar, 
que pode ocorrer por si só, ou junto com 
outros tumores. 
 
• Outros cânceres de tireoide. Pessoas com 
certas condições clínicas hereditárias têm um 
risco maior de desenvolver câncer de tireoide. 
As maiores taxas da doença ocorrem entre 
pessoas com condições genéticas raras, 
como: polipose adenomatosa familiar, doença 
de Cowden, complexo de Carney tipo I e 
carcinoma de tireoide não medular familiar. 
 
• Histórico familiar. Ter um parente de primeiro 
grau (pai, irmão, irmã, ou filho) com câncer de 
tireoide, mesmo sem uma síndrome 
hereditária conhecida na família, aumenta o 
risco de câncer de tireoide. A base genética 
para esses tipos de câncer não é totalmente 
clara. 
Fatores de risco que podem ser alterados 
• Dieta pobre em iodo. O câncer de tireoide 
folicular é mais comum em regiões onde as 
pessoas têm uma dieta com baixo teor de 
iodo. A dieta com baixo teor em iodo também 
pode aumentar o risco de câncer papilar. 
 
• Exposição às radiações Ionizantes. A 
exposição à radiação é um fator de risco 
comprovado para o câncer de tireoide. As 
fontes de radiações incluem determinados 
tratamentos médicos e radiações resultantes 
de acidentes nucleares. Os exames de 
imagem, como raios X e tomografia 
computadorizada, também expõem as 
crianças às radiações, mas em doses muito 
mais baixas, por isso não está claro o quanto 
podem aumentar o risco do câncer de 
tireoide (ou outros tipos de câncer). 
Dietas vegetarianas e veganas estão se 
tornando cada vez mais populares no Reino 
Unido. A exclusão de produtos de origem animal 
pode contribuir para diferenças significativas na 
ingestão de micronutrientes de onívoros, 
vegetarianos e veganos, e isso foi estudado em 
uma pesquisa recentemente publicada. 
Um total de 62 mulheres foram acompanhadas: 
26 onívoras, 16 vegetarianas e 20 veganas; 
com idade média de 31,6 (± 12,4 anos) e IMC de 
24,1 (± 1,6 kg /m2). Diários alimentares foram 
preenchidos durante 4 dias e os dados de 
ingestão de dieta foram analisados usando um 
software de nutrição. Os níveis de ingestão de 
nutrientes foram avaliados e comparados com as 
recomendações dietéticas nacionais (RDN). 
A ingestão de vitamina D, ferro, iodo e selênio se 
apresentaram abaixo das recomendações em 
todas as pacientes estudadas. Em comparação 
com mulheres vegetarianas e onívoras, o grupo 
vegano apresentou ingestão significativamente 
menor de vitamina D, vitamina B12, cálcio, selênio 
e iodo (p <0,05), e a ingestão de selênio e iodo 
foi particularmente baixa: 24,7 (± 11,9 μg) e 
24,4 (± 12,7 μg), respectivamente. 
Esses resultados sugerem que a exclusão de 
produtos de origem animal confere a mulheres 
adultas no Reino Unido um risco de baixa 
ingestão de várias vitaminas e minerais. 
Particularmente com relação ao selênio e iodo, 
identifica-se vulnerabilidade adicional, o que pode 
comprometer a produção de hormônio da tireoide 
nestes grupos. 
O estudo destaca que a ingestão de iodo e 
selênio é uma preocupação entre as mulheres 
que seguem dietas veganas e há a necessidade 
de mais pesquisas para identificar se essa baixa 
ingestão desses nutrientes se confirma nos 
marcadores bioquímicos e estado funcional. 
3- IDENTIFICAR DIAGNÓSTICO, 
PROGNÓSTICO E TRATAMENTO DA 
NEOPLASIA DA TIREÓIDE. 
Diagnóstico 
Durante o exame físico, a percepção de tireoide com 
pouca mobilidade e nódulo com aspecto endurecido 
pode apontar indício de malignidade. Além disso, a 
presença de linfonodomegalia na região cervical, 
associada ao quadro anteriormente descrito, levanta 
indícios de metástase. 
A pulsão aspirativa por agulha fina (PAAF) é utilizada 
como método diagnóstico para o carcinoma papilífero 
e o folicular, podendo-se identificar inclusões e até 
calcificações nas papilas no primeiro e infiltração da 
cápsula que envolve os folículos no segundo. Durante 
a realização da PAAF, a agulha deve ser direcionada 
para a parte sólida do nódulo. Além disso, através da 
Ultrassonografia (USG) da região cervical no 
carcinoma papilar, pode-se identificar focos de 
metástase. No carcinoma medular, além da 
realização da PAAF, a dosagem de calcitonina 
também pode auxiliar no diagnóstico. 
O câncer de tireoide pode ser diagnosticado quando 
o paciente consulta um médico devido a sintomas que 
está apresentando ou pode ser diagnosticado 
durante um exame físico de rotina ou outros exames 
de imagem. Entretanto, se houver suspeita de câncer 
de tireoide, o médico solicitará mais exames para 
confirmar o diagnóstico. 
Histórico clínico e exame físico 
Será perguntado durante a consulta seu histórico 
clínico completo, incluindo informações sobre os 
sintomas apresentados, possíveis fatores de risco, 
histórico familiar, e outras condições clínicas. 
O exame físico dará ao médico informações sobre 
possíveis sinais de câncer de tireoide e outros 
problemas de saúde. Durante o exame, o médico 
prestará especial atenção ao tamanho e consistência 
da tireoide e dos linfonodos do pescoço. 
Prognóstico 
 
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