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1 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 É proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet. Lei de Direitos Autorais n° 9610/98 Material protegido por direitos autorais: compartilhamento não autorizado de arquivos 2 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Códigó Penal CONCEITO DE DIREITO PENAL ASPECTO FORMAL/ ESTÁTICO Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes aplicadas. ASPECTO MATERIAL O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade. ASPECTO SOCIOLÓGICO / DINÂMICO O Direito Penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade. Aprofundando o enfoque sociológico - A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes. - Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais). - Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do direito, como o Direito Civil, Direito Administrativo, etc. O Direito Penal é apenas um dos ramos do controle social. - Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal. IMPORTANTE O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de consequência jurídica, ou seja, pena privativa de liberdade (PPL) - O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima, só atuando quando os outros ramos do direito falham. DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA (CIÊNCIA PENAL) POLÍTICA CRIMINAL (CIÊNCIA POLÍTICA) Analisa os fatos humanos indese- jados, define quais devem ser rotula- dos como crime ou contravenção, anunciando as pe- nas. Ciência empírica que estuda o cri- me, o criminoso, a vítima e o com- portamento da sociedade. Trabalha as estraté- gias e os meios de controle social da criminalidade. Ocupa-se do crime Ocupa-se do cri- Ocupa-se do crime enquanto NOR- MA. me enquanto FATO social. enquanto VALOR. ex.: define como crime lesão no am- biente doméstico e familiar. ex.: quais fatores contribuem para a violência domésti- ca e familiar ex.: estuda como di- minuir a violência doméstica e familiar. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS O direito penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes, indis- pensáveis ao convívio da sociedade. Decorrência do princípio da ofensivi- dade. Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica condicio- nada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), ob- servando somente os casos de relevan- te lesão ou perigo de lesão ao bem ju- rídico tutelado (caráter fragmentário). a) PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDA- DE (ou caráter fragmentário do Direito Penal): estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e da socie- dade. Em razão de seu caráter fragmen- tário, o Direito Penal é a última etapa de proteção do bem jurídico. Deve ser utili- zado no plano abstrato, para o fim de permitir a criação de tipos penais somen- te quando os demais ramos do Direito ti- verem falhado na tarefa de proteção de um bem jurídico. Refere-se, assim, à ativi- dade legislativa. FRAGMENTARIEDADE ÀS AVESSAS: si- tuações em que um comportamento inicialmente típico deixa de interessar ao Direito Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos demais ramos do Direito. IMPORTANTE O princípio da insignifi- cância é desdobramento lógico da frag- mentariedade. b) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: a atuação do Direito Penal é cabível unica- mente quando os outros ramos do Di- reito e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado im- potentes para o controle da ordem pú- 3 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 blica. Assim, o Direito Penal funciona como um executor de reserva ( ultima ratio ) , entrando em cena somente quan- do outros meios estatais de proteção mais brandos, e, portanto, menos invasi- vos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção do bem ju- rídico tutelado. Projeta-se no plano con- creto, isto é, em sua atuação prática o Direito Penal somente se legitima quan- do os demais meios disponíveis já tive- rem sido empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda rela- ção, portanto, com a tarefa de aplicação da lei penal. Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE Princípio da EXTERIORIZAÇÃO ou MATERIALIZAÇÃO DO FATO O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos. ATENÇÃO Veda-se o Direito Penal do autor: consistente na punição do indiví- duo baseada em seus pensamentos, de- sejos e estilo de vida. Conclusão: O Di- reito Penal Brasileiro segue Direito Pe- nal do Fato. RESQUÍCIOS DE DIREITO PENAL DO AUTOR NO DIREITO BRASILEIRO: Até 2009, mendicância era contravenção pe- nal; Vadiagem é contravenção penal. ATENÇÃO Identifica-se a aplicação do direito penal do autor em detrimento ao direito penal do fato: - Fixação da pena - Regime de cumprimento da pena e es- pécies de sanção. Princípio da LEGALIDADE Art. 5º , II, C.F. – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;” Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;” Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei ante- rior que o defina. Não há pena sem pré- via cominação legal.” DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: a) não há crime ou pena sem lei (medida provisória não pode criar crime, nem co- minar pena) b) não há crime ou pena sem lei anteri- or (princípio da anterioridade) c) não há crime ou pena sem lei escrita (proíbe costume incriminador) d) não há crime ou pena sem lei estrita (proíbe-se a utilização da analogia para criar tipo incriminador - analogia in ma- lam partem). e) não há crime ou pena sem lei certa (Princípio da Taxatividade ou da determi- nação; Proibição de criação de tipos pe- nais vagos e indeterminados) f) não há crime ou pena sem lei neces- sária (desdobramento lógico do princí- pio da intervenção mínima) Fundamentos do Princípio da Legali- dade - JURÍDICO: taxatividade, certeza ou de- terminação. - POLÍTICO: garantia contra a devida in- gerência no Estado na vida particular. - HISTÓRICO: Magna Carta (1215) - DEMOCRÁTICO: separação dos pode- res Princípio da OFENSIVIDADE/ LESIVIDADE Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tute- lado. Somente condutas que causem lesão (efetiva/potencial) a bem jurídico, rele- vante e de terceiro, podem estar sujeitas ao Direito Penal. -CRIME DE DANO: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio. -CRIME DE PERIGO: basta risco de le- são ao bem jurídico. Ex.: embriaguez ao volante; porte de arma. a) Perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei. b) Perigo concreto: De vítima determinada: o risco deve ser demonstrado indicando pessoa certa em perigo. De vítima difusa: o risco deve ser demonstrado dispensando vítima determinada. Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO Princípio da RESPONSABILIDADE PESSOAL Proíbe-se o castigo pelo fato de outrem. Está vedada a responsabilidade penal co- letiva. DESDOBRAMENTOS: a) Obrigatoriedade da individualização da acusação (é proibida a denúncia ge- nérica,vaga ou evasiva). O Promotor de Justiça deve individualizar os comporta- mentos. OBS: Nos crimes societários, os Tribunais Superiores flexibilizam essa obrigatoriedade. b) Obrigatoriedade da individualiza- ção da pena (é mandamento constituci- onal, evitando responsabilidade coletiva). 4 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Princípio da RESPONSABILIDADE SUBJETIVA Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua res- ponsabilidade condicionada à existência da voluntariedade (dolo/culpa). Está proibida a responsabilidade penal ob- jetiva, isto é, sem dolo ou culpa. Temos doutrina anunciando CASOS DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA (autorizadas por lei): 1- Embriaguez voluntária Crítica: a teoria da actio libera in causa exige não somente uma análise pretérita da imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente. 2- Rixa Qualificada Crítica: só responde pelo resultado agra- vador quem atuou frente a ele com dolo ou culpa, evitando-se responsabilidade penal objetiva. 3- Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais Princípio da CULPABILIDADE Postulado limitador do direito de punir. Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável, isto é, penalmente capaz, com potencial consciência da ilici- tude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível conduta diversa. Princípio da ISONOMIA A isonomia que se garante é a isonomia substancial. Deve-se tratar de forma igual o que é igual, e desigualmente o que é desigual. Princípio da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA Convenção Americana de Direitos Huma- nos - Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presu- ma sua inocência, enquanto não for le- galmente comprovada sua culpa. Duran- te o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes ga- rantias mínimas:” Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será conside- rado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;” Princípios relacionados com a PENA Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA A ninguém pode ser imposta pena ofen- siva à dignidade da pessoa humana, ve- dando-se a sanção indigna, cruel, desu- mana e degradante. Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA A individualização da pena deve ser ob- servada em 3 momentos: 1- FASE LEGISLATIVA: observada pelo legislador no momento da definição do crime e na cominação de sua pena. Pena abstrata. 2- FASE JUDICIAL: observada pelo juiz na fixação da pena. Pena concreta. 3- FASE DE EXECUÇÃO: garantindo-se a individualização da execução penal (art. 5°, LEP). Princípio da PROPORCIONALIDADE Trata-se de princípio constitucional im- plícito (desdobramento da individualiza- ção da pena). Curiosidade: foi durante o Iluminismo, marcado pela obra “Dos delitos e das pe- nas” (Beccaria) que se despertou maior atenção para a proporcionalidade na res- posta estatal (Beccaria propunha a retri- buição proporcional). RESUMO: a pena deve ajustar-se à gravi- dade do fato, sem desconsiderar as con- dições do agente. Dupla face do princípio da proporcio- nalidade (Lenio Streck): 1a Face: IMPEDIR A HIPERTROFIA DA PUNIÇÃO; GARANTISMO NEGATIVO (Ferrajoli); Garantia do indivíduo contra o Estado. 2a Face: Evitar a insuficiência da inter- venção do Estado (EVITAR PROTEÇÃO DEFICIENTE); Imperativo de tutela; GA- RANTISMO POSITIVO (Ferrajoli); Garan- tia do indivíduo em ver o Estado prote- gendo bens jurídicos com eficiência. Princípio da PESSOALIDADE “Artigo 5º, XLV CF – nenhuma pena pas- sará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre- tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.” Princípio da VEDAÇÃO DO “BIS IN IDEM” Veda-se segunda punição pelo mesmo fato. E xceção : Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diver- sas, ou nela é computada, quando idênticas – possibilidade do sujeito ser processado duas vezes pelo mesmo fato. 5 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Lei penal no tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei pos- terior deixa de considerar crime, CESSANDO em virtude dela a EXECUÇÃO e os EFEITOS PENAIS da sentença condenatória (abolitio criminis) Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em jul- gado (retroatividade de lei penal benéfica) TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR) RETROATIVIDADE Fato atípico Fato típico Irretroatividade Fato típico Aumento de pena, p.ex. Irretroatividade Fato típico Supressão de figura criminosa Retroatividade Fato típico Diminuição de pena, p.ex. Retroatividade Fato típico Migra o conteúdo cri- minoso para outro tipo penal Princípio da conti- nuidade normativo- típica ABOLITIO CRIMINIS CONTINUIDADE NORMATIVA-TÍPICO O crime é revogado formal e materialmente. O crime é revogado formalmente, mas não materialmente. O fato não é mais punível (ocorre extinção da punibilidade – art. 107, III, do CP). O fato continua sendo punível (a conduta criminosa é deslocada para outro tipo penal). Exemplo: crime de adultério (art. 240 do CP), revogado. Exemplo: crime de atentado violento ao pudor passou a ser tipificado no art. 213 em conjunto com o crime de estupro (Lei 12.015/2009). MARTINA, Correia. Direito penal em tabelas: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2017. Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença conde- natória, COMPETE AO JUÍZO DAS EXECUÇÕES a aplicação de lei mais benigna. Lei excepcional ou temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora de- corrido o período de sua duração ou cessadas as circunstân- cias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado duran- te sua vigência (ultratividade) A lei excepcional ou temporária possuem duas características essenciais: - Autorrevogabilidade - Ultratividade Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do re- sultado. TEMPO DO CRIME TEORIA DA ATIVIDADE Considera-se praticado o crime no momen- to da conduta (A/O) Adotada TEORIA DO RESULTADO Considera-se praticado o crime no momen- to do resultado. TEORIA MISTA / UBIQUIDADE Considera-se praticado o crime no momen- to da conduta (A/O) ou do resultado. Territorialidade Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con- venções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como exten- são do território nacional as embarcações e aeronaves bra- sileiras, de natureza pública ou a serviço do governo bra- sileiro onde quer que se encontrem, bem como as aerona- ves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de proprie- dade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes prati- cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspon- dente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Lugar do crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resulta- do. 6 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 LUGAR DO CRIME TEORIA DA ATIVIDADE O crime considera-se praticado no lugar da conduta. TEORIA DO RESULTADO O crime considera-se praticadono lugar do resultado. TEORIA MISTA / UBIQUIDADE O crime considera-se praticado no lugar da conduta ou do resultado. Adotada DICA: LuTa (Lugar do crime = Ubiquidade/Tempo do crime=Atividade) CRIMES À DISTÂNCIA E CRIMES PLURILOCAIS (ART. 6.º DO CP X ART. 70 DO CPP) TEORIA DA UBIQUIDADE (ART. 6.º DO CP) TEORIA DO RESULTADO (ART. 70 DO CPP) O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem o território de dois ou mais países, ou seja, conflitos internacionais de jurisdição. O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem duas ou mais comarcas dentro do Brasil, ou seja, conflitos internos de competência local. Nos CRIMES À DISTÂNCIA (ou crimes de espaço máximo), a prática do delito envolve o território de dois ou mais países. Nos CRIMES PLURILOCAIS, a prática do delito envolve duas ou mais comarcas/ seções judiciárias dentro do mesmo país. MARTINA, Correia. Direito penal em tabelas: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2017. NÃO APLICAÇÃO DA TEORIA DA UBIQUIDADE Crimes Conexos: não se aplica a teoria da ubiquidade, eis que os diversos crimes não constituem unidade jurídica. Deve cada um deles, portanto, ser processado e julgado no país em que foi cometido. Crimes Plurilocais: aplica-se a regra delineada pelo art. 70, caput, do Código de Processo Penal, ou seja, a competência será determinada pelo lugar em que se consumar a infração ou, no caso de tentativa, pelo local em que for praticado o último ato de execução. Na hipótese de crimes dolosos contra a vida, aplica-se a teoria da atividade, segundo pacífica jurisprudência, em razão da conveniência para a instrução criminal em juízo, possibilitando a descoberta da verdade real Infrações penais de menor potencial ofensivo: teoria da atividade - “A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal” (art. 63, L. 9099) Crimes falimentares: foro do local em que foi decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial (art. 183 da Lei 11.101/2005) Atos infracionais: competente a autoridade do lugar da ação ou da omissão (Lei 8.069/1990 – ECA, art. 147, § 1.º). Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 / Cleber Masson. – 9.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi- dos no estrangeiro: I (INCONDICIONADA)- os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repú- blica (P. Defesa ou Real); b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de em- presa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público (P. Defesa ou Real); c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço (P. Defesa ou Real); d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do- miciliado no Brasil (P. Justiça Universal); II ( CONDICIONADA) - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (P. Justiça Universal); b) praticados por brasileiro (P. Nacionalidade Ativa); c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territó- rio estrangeiro e aí não sejam j ulgados (P. Representação). § 1º - Nos casos do inciso I (INCONDICIONADA), o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absol- vido ou condenado no estrangeiro (possibilidade de dupla condenação pelo mesmo fato) § 2º - Nos casos do inciso II (CONDICIONADA), a aplica- ção da lei brasileira depende do concurso das seguintes con- dições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi prati- cado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 7 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometi- do por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil , se, reu- nidas as condições previstas no parágrafo anterior: (HIPER- CONDICIONADA) a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Eficácia de sentença estrangeira Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a resti- tuições e a outros efeitos civis (depende de pedido da parte interessada) II - sujeitá-lo a medida de segurança. (depende da exis- tência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de re- quisição do ministro da justiça). Contagem de prazo +C-F Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do pra- zo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário co- mum. Frações não computáveis da pena Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liber- dade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Legislação especial Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fa- tos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. TÍTULO II DO CRIME Relação de causalidade Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Consi- dera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTE- CEDENTES/ conditio sine qua non/ condição simples/ con- dição generalizada Superveniência de causa independente § 1º - A superveniência de causa relativamente inde- pendente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA. Relevância da omissão § 2º – [Norma de extensão causal] A omissão é penal- mente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigi- lância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de im- pedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. JDPP 29 A responsabilidade a título de omissão imprópria deve observar a assunção fática e real de competências que fundamentam a posição de garantidor. Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os ele- mentos de sua definição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consu- ma por circunstâncias ALHEIAS À VONTADE do agente [NORMA DE EXTENSÃO TEMPORAL] Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consuma- do, diminuída de 1/3 a 2/3. PUNIÇÃO DA TENTATIVA TEORIA OBJETIVA/ REALÍSTICA Observa o aspecto objetivo do deli- to (sob a perspectiva dos atos prati- cados pelo agente). A punição se fundamenta no perigo de dano acarretado ao bem jurídi- co, verificado na realização de par- te doprocesso executório. Conclusão: por ser objetivamente in- completa, a tentativa merece pena re- duzida. 8 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 A tentativa é chamada de tipo man- co. Quanto maior a proximidade da con- sumação menor será a diminuição, e vice-versa (leva-se em conta o iter criminis percorrido pelo agente). Adotado pelo CP. TEORIA SUBJETIVA/ VOLUNTARÍSTICA/ MONISTA Observa o aspecto subjetivo do de- lito (sob a perspectiva do dolo). Conclusão: sob a perspectiva subjeti- va (dolo), a consumação e a tentativa são idênticas, logo, a tentativa deve ter a mesma pena da consumação, sem redução. REGRA: Teoria objetiva (pune-se a tentativa com a pena da consumação reduzida de 1/3 a 2/3). EXCEÇÃO: Teoria subjetiva (pune-se a tentativa com a mes- ma pena da consumação – sem redução). São os CRIMES DE ATENTADO ou empreendimento. CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA “CCHUPAO” Culposo (salvo, culpa imprópria) Contravenções penais (faticamente possível, mas não punível) Habituais Unissubsistentes Preterdolosos Atentado/Empreendimento Omissivos PRÓPRIOS Desistência voluntária (DV) e arrependimento eficaz (AE) Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução (DV) ou impede que o resultado se produza (AE), só responde pelos atos já praticados. - PONTE DE OURO Arrependimento posterior Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, ATÉ O RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa, por ato vo- luntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3 - PONTE DE PRATA A reparação posterior ao recebimento da denúncia e antes do julgamento é circunstância atenuante – Art. 65, III, b. PONTE DE OURO A lei estabelece um tratamento mais favorável em face da voluntá- ria não produção do resultado; evita-se a consumação do crime. Exclui a tipicidade. DV e AE. PONTE DE OURO ANTECIPADA A Lei Antiterrorismo prevê a possi- bilidade de incidência das hipóte- ses de desistência voluntária e ar- rependimento eficaz (art. 15, CP), mesmo antes de iniciada a execu- ção, quando o agente realiza atos preparatórios, mas desiste de ini- ciar a execução do crime de ter- rorismo. Art. 10, Lei 13260/16. Mesmo an- tes de iniciada a execução do cri- me de terrorismo, na hipótese do art. 5º desta Lei (atos preparató- rios), aplicam-se as disposições do art. 15 do Código Penal . PONTE DE PRATA Institutos que atuam após a con- sumação da infração penal, tra- zendo um tratamento penal mais benéfico ao agente. Arrependi- mento Posterior. PONTE DE DIAMANTE OU PONTE DE PRATA QUALIFICADA Institutos penais que, depois da consumação do crime, podem chegar até a eliminar a responsa- bilidade penal do agente. Cola- boração Premiada. PONTE DE BRONZE Confissão qualificada: quando o agente admite a autoria dos fatos, mas suscita, a seu favor, uma cau- sa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do obje- to, é impossível consumar-se o crime. CRIME IMPOSSÍVEL (QUASE-CRIME/CRIME OCO/TENTATIVA INIDÔNEA/ TENTATIVA INADEQUADA/TENTATIVA INÚTIL) TEORIA SINTOMÁTICA Com a sua conduta, demonstra o agen- te ser perigoso, razão pela qual deve ser punido, ainda que o crime se mostre impossível de ser consumado. Por ter como fundamento a periculosi- dade do agente, esta teoria se relacio- na diretamente com o direito penal do autor. TEORIA SUBJETIVA Sendo a conduta subjetivamente per- feita (vontade consciente de praticar o delito), deve o agente sofrer a mesma pena cominada à tentativa, sendo in- diferente os dados (objetivos) relativos à impropriedade do objeto ou ineficácia do meio, ainda quando absolutas. O agente deve ser punido porque revelou vontade de praticar o crime. TEORIA Crime é conduta e resultado. Este confi- 9 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 OBJETIVA gura dano ou perigo de dano ao bem jurídico. A execução deve ser idônea, ou seja, trazer a potencialidade do evento. Caso inidônea, temos configurado o cri- me impossível. O agente não deve ser punido porque não causou perigo aos bens penalmente tutelados. A teoria objetiva subdivide-se: 1) TEORIA OBJETIVA PURA: não há tentativa, mesmo que a inidoneidade seja relativa, considerando-se, neste caso, que não houve conduta capaz de causar lesão. 2) TEORIA OBJETIVA TEMPERADA OU INTERMEDIÁRIA: a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto devem ser absolutas para que não haja puni- ção. Sendo relativas, pune-se a tentati- va. É a teoria Adotada pelo CP. Súmula 145-STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. A existência de sistema de segurança ou de vigilância ele- trônica não torna impossível, por si só, o crime de furto co- metido no interior de estabelecimento comercial. (Tema Re- petitivo: 924) Art. 18 - Diz-se o crime: Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado (TEORIA DA VONTADE) ou assumiu o risco de produzi-lo (TEORIA DO CONSENTIMENTO); Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei (cri- me culposo só se previsto em lei), ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosa- mente. TEORIAS DO DOLO TEORIA DA VONTADE Dolo é a vontade consciente de que- rer praticar a infração penal. Dolo = previsão (consciência) + que- rer OBS: Adotada pelo CP em relação ao dolo direto. TEORIA DO CONSENTIMENTO/ ASSENTIMENTO Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decide pros- seguir com a conduta, assumindo o risco de produzir o evento. Dolo = previsão (consciência) + pros- seguir com a conduta assumindo o risco do evento OBS: Esta teoria, diferente da anterior, não mais abrange no conceito de dolo a culpa consciente. OBS: Adotada pelo CP em relação ao dolo eventual. TEORIA DA REPRESENTAÇÃO Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decidir pros- seguir com a conduta. Dolo = previsão (consciência) + pros- seguir com a conduta ATENÇÃO: Esta teoria acaba abran- gendo no conceito de dolo a culpa consciente. ESPÉCIES DE DOLO DOLO DIRETO O agente “quer a produção do resultado” (CP, art. 18, I, primeira parte). Subdivide-se: dolo direto de primeiro grau e dolo direto de segundo grau. DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU O agente tem intenção (vontade consciente) de produzir o resultado e dirige sua conduta para este fim. Dolo: fim e meios escolhidos. Exemplo: o agente deseja matar um inimigo. DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU (DOLO DE CONSEQUÊNCIAS NECESSÁRIAS) O agente tem intenção (vontade consciente) de produzir o resultado, mas sabe que a sua produção necessariamente dará causa a outros resultados. Exemplo: o agente coloca um explosivo dentro de um carro de seu desafeto. Morte do desafeto: dolo de 1.º grau. Morte de outros passageiros: dolo de 2.º grau. DOLO INDIRETO O agente não dirige sua vontade a um resultado determinado. Subdivide-se: dolo alternativo e dolo eventual. DOLO ALTERNATIVO O agente quer alcançar um ou outro resultado (alternatividade objetiva) ou atingir uma ou outra pessoa (alternatividade subjetiva). DOLO EVENTUAL O agente quer um resultado, mas assume o risco de realizar o outro. Adoção da teoria do assentimento. Há indiferença em relação ao resultado. Diferença (dolo eventual e dolo de segundo grau). Dolo eventual: é possível que o resultado “indiferente” sequer ocorra. Dolo de segundo grau: o resultado certamente 10 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 ocorrerá em virtude do meio de execução. *Informaçõesretiradas do site www.dizerodireito.com.br CULPA CULPA PRÓPRIA o agente não quer o resultado, nem tampouco assume o risco de produzi-lo CULPA INCONSCIENTE É a culpa sem previsão. O agente não prevê o resultado que era previsível para o homem médio (homo medius ou homem standard). CULPA CONSCIENTE É a culpa com previsão. O agente acredita sinceramente que o resultado não ocorrerá. O resultado previsto não é desejado ou assumido, porque o agente acredita, sinceramente, que pode evita-lo. Difere do DOLO EVENTUAL, no qual O resultado previsto não é desejado, mas assume o risco de produzi-lo. CULPA IMPRÓPRIA Também chamada: culpa por extensão, por equiparação ou por assimilação. O sujeito, após prever o resultado, e desejar sua produção, realiza a conduta por erro inescusável quanto à ilicitude do fato. Supõe uma situação fática que, se existisse, tornaria a sua ação legítima. Por política criminal, é a única modalidade de crime culposo que comporta tentativa. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Agravação pelo resultado Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao me- nos culposamente. TEORIAS DA CONDUTA TEORIA CAUSALISTA (Causal-Naturalista/ Clássica/ Naturalísti- ca/ Mecanicista) Idealizada por Von Liszt, Beling, Radbruch. Início do século XIX. Marcadas pelos ideais positivistas. Segue o método empregado pelas ciências naturais Crime: (Teoria tripartite) - Fato típico (conduta), Ilicitude e Culpabi- lidade Conduta: Movimento corporal vo- luntário que produz uma modifica- ção no mundo exterior, perceptível pelos sentidos. Experimentação TEORIA Idealizada por Edmund Mezger. NEOKANTISTA (Causal-Valorativa/ Neoclássica/ Normativista) Desenvolvida nas primeiras déca- das do século XX. Tem base causalista Fundamenta-se em uma visão neo- clássica, marcada pela superação do positivismo, introduzindo a raci- onalização do método Conduta: Comportamento huma- no voluntário causador de um resul- tado. Valoração TEORIA FINALISTA (Ôntico- Fenomenológica) Criada por Hans Welzel. Meados do século XX (1930 – 1960). Percebe que o dolo e a culpa esta- vam inseridos no substrato errado (não devem integrar a culpabilida- de). Conduta: Comportamento huma- no voluntário psiquicamente dirigi- do a um fim (toda conduta é orien- tada por um querer). OBS: Para Welzel, toda consciência é intencional. OBS: Retira do dolo seu elemento normativo (consciência da ilicitu- de). OBS: Culpabilidade formada ape- nas por elementos normativos (potencial consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa, imputabilidade). OBS: Dolo normativo (consciência da ilicitude) passa a ser dolo natu- ral/valorativamente neutro (dolo sem consciência da ilicitude). Dica: supera-se a cegueira do cau- salismo com um finalismo vidente. TEORIA SOCIAL DA AÇÃO Desenvolvida por Wessels, tendo como principal adepto Jescheck. A pretensão desta teoria não é substituir as teorias clássica e finalis- ta, mas acrescentar-lhes uma nova dimensão, qual seja, a relevância so- cial do comportamento. Conduta: Comportamento huma- no voluntário psiquicamente dirigi- do a um fim, socialmente reprová- vel. OBS: para esta teoria, o dolo e a culpa integram o fato típico (fina- lismo), mas são novamente anali- sados no juízo da culpabilidade (causalismo). FUNCIONALISMO Teorias Funcionalistas Ganham força e espaço na década de 1970, discutidas com ênfase na Alemanha. Buscam adequar a dogmática pe- 11 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 nal aos fins do Direito Penal. Percebem que o Direito Penal tem necessariamente uma missão e que seus institutos devem ser com- preendidos de acordo com essa missão – (edificam o Direito Penal a partir da função que lhe é conferi- da). Conclusão: a conduta deve ser compreendida de acordo com a missão conferida ao direito penal. FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO (Dualista/ Moderado/ Da Política Criminal/ Valorativo) ROXIN (ESCOLA DE MUNIQUE) CRIME: fato típico (conduta), ilíci- to e REPROVÁVEL (imputabilida- de, potencial consciência da ilici- tude, exigibilidade de conduta di- versa e necessidade da pena). OBS: Roxin busca a reconstrução do Direito Penal com base em critérios político-criminais. Missão do Direito Penal: proteção de bens jurídicos. Proteger os valo- res essenciais à convivência social harmônica. Conduta: Comportamento huma- no voluntário causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de le- são ao bem jurídico tutelado. FUNCIONALISMO SISTÊMICO (Monista/ Radical) JAKOBS (ESCOLA DE BONN) CRIME: fato típico (conduta), ilíci- to e culpável (imputabilidade, po- tencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa). OBS: Para Jakobs, o Direito Penal deve visar primordialmente à reafir- mação da norma violada e ao for- talecimento das expectativas de seus destinatários. Missão do Direito Penal: Assegu- rar a vigência do sistema. Está re- lativamente vinculada à noção de sistemas sociais (Niklas Luhmann). Conduta: Comportamento huma- no voluntário causador de um re- sultado violador do sistema, frus- trando as expectativas normativas. OBS: Ação é produção de resultado evitável pelo indivíduo (teoria da evitabilidade individual). OBS: O agente é punido porque vi- olou a norma e a pena visa reafir- mar a norma violada. TEORIA CAUSALISTA Conduta: M ovimento corporal volun- tário que produz uma modificação no mundo exterior, perceptível pelos senti- dos. TEORIA NEOKANTISTA Conduta: Comportamento humano voluntário causador de um resultado. TEORIA FINALISTA Conduta: Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim (toda conduta é orientada por um querer). TEORIA SOCIAL DA AÇÃO Conduta: Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim, socialmente reprovável. FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO Conduta: Comportamento humano voluntário causador de relevante e into- lerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. FUNCIONALISMO SISTÊMICO Conduta: Comportamento humano voluntário causador de um resultado violador do sistema, frustrando as ex- pectativas normativas. Erro sobre elementos do tipo Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo le- gal de crime exclui o dolo (SEMPRE), mas permite a puni- ção por crime culposo, se previsto em lei. ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO Inevitável: exclui dolo e culpa Inevitável: isenta o agente de pena Evitável: pune a culpa, se pre- vista em lei Evitável: diminui a pena O agente NÃO SABE o que faz. O agente SABE o que faz, mas pensa que sua condu- ta é lícita Erro sobre os elementos obje- tivos do tipo Erro quanto à ilicitude da conduta Má interpretação sobre os FA- TOS Afasta a POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITU- DE. Não há erro sobre a situação fática, mas não há a exata compreensão sobre os LI- MITES JURÍDICOS DA LICI- TUDE da conduta. Exclui CRIME Exclui PENA Descriminantes putativas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente jus- tificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 12 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 O ERRO sobre os PRESSUPOSTOS FÁTICOS deve ser trata- do como erro de tipo ou de proibição? TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE (prevalece no Brasil) O erro sobre os pressupostos fáti- cos deve equiparar-se a ERRO DE TIPO. Se inevitável, exclui dolo e cul- pa; se evitável, pune a culpa. Prevista na exposição de motivos do CP. Apesar de previso no art. 20, §1° que o agente fica isento de pena, a conse- quência será a exclusão da tipicida- de (ausência de dolo e culpa). TEORIA EXTREMADA DA CULPABILIDADE Equipara-se a erro de proibição. Se inevitável,isenta o agente de pena; se evitável, diminui a pena. TEORIA EXTREMADA “SUI GENERIS” DA CULPABILIDADE De acordo com essa teoria, o art. 20, §1°, CP, reúne as duas teorias anterio- res, seguindo a extremada, quando o erro é inevitável, e a limitada, quando o erro é evitável. Erro determinado por terceiro § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. Erro sobre a pessoa § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado NÃO ISENTA de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pes- soa contra quem o agente queria praticar o crime. Erro sobre a ilicitude do fato (ERRO DE PROIBIÇÃO) Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ile- gal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Causa legal de EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE por inexigibi- lidade de conduta diversa. Exclusão de ilicitude Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato : I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. O rol do art. 23 não é taxativo, pois admite causas suprale- gais, como consentimento do ofendido. As fontes das causas de justificação são: - A lei (estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito), - A necessidade (estado de necessidade e legítima defesa) - A falta de interesse (consentimento do ofendido). Os efeitos das causas excludentes de antijuridicidade se estendem à esfera extrapenal. (CPP, art. 65. Faz coisa jul- gada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regu- lar de direito). RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE TEORIA DA AUTONOMIA OU ABSOLUTA INDEPENDÊNCIA VON BELING (1906) A tipicidade não tem qualquer relação com a ilicitude. CUIDADO: excluída a ilicitude o fato permanece típico. Ex: Fulano mata Beltrano – temos um fato típico. Comprovado que Fulano agiu em legítima defesa, exclui a ilicitude, mas permanece o fato típico. TEORIA DA INDICIARIEDADE OU RATIO COGNOSCENDI Adotada no Brasil MAYER (1915) A existência de fato típico gera presunção de ilicitude. - Relativa dependência. CUIDADO: excluída a ilicitude, o fato permanece típico. Ex: Fulano mata Beltrano. Com- prova a tipicidade, presume-se a ilicitude. Fulano tem que provar que agiu em legítima defesa. Comprovando, desaparece a ilici- tude, mas o fato continua típico. De acordo com a maioria da doutrina, o Brasil seguiu a TEO- RIA DA INDICIARIEDADE, isto é, provada a tipicidade, pre- sume-se relativamente a ilici- tude, provocando inversão do ônus da prova nas descrimi- nantes. TEORIA DA ABSOLUTA DEPENDÊNCIA OU RATIO ESSENDI MEZGER (1930) A ilicitude é essência da tipici- dade, numa relação de absoluta dependência. CUIDADO: excluída a ilicitude, exclui-se o fato típico (tipo total 13 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 injusto). TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO Chega no mesmo resultado da 3ª teoria, mas por outro caminho. De acordo com essa teoria, o tipo penal é composto de ele- mentos positivos (explícitos) e elementos negativos (implíci- tos). ATENÇÃO: para que o fato seja típico, é preciso praticar os ele- mentos positivos do tipo, e não praticar os elementos ne- gativos do tipo. Ex: matar alguém. Elementos positivos: matar al- guém. Elementos negativos: estado ne- cessidade/legítima defesa. Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de PERIGO ATUAL, que não provo- cou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem ti- nha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do di- reito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3. Exige saída cômoda (commodus discessus). Perigo iminente não configura estado de necessidade. TEORIA DIFERENCIADORA CPM arts. 39 e 45 TEORIA UNITÁRIA CP art. 24, §2° Estado de necessidade justi- ficante Exclui a ilicitude Bem jurídico: vale + ou = (vida) Bem sacrificado: vale – (patri- mônio) Estado de necessidade justi- ficante Exclui a ilicitude Bem jurídico: vale + ou = (vida) Bem sacrificado: vale – (patri- mônio) Estado de necessidade ex- culpante Exclui a culpabilidade Bem jurídico: vale - (patrimô- nio) Bem sacrificado: vale + (vida) #E no caso do bem protegi- do valer menos que o bem sacrificado? Pode servir como diminuição de pena. Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando MODERADAMENTE dos MEIOS NECESSÁRIOS, repele injus- ta agressão, atual OU IMINENTE, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no ca- put deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. (LEI 13964/19) Não exige saída cômoda (commodus discessus). O uso moderado é dos meios necessários e não dos meios disponíveis. TÍTULO III DA IMPUTABILIDADE PENAL Inimputáveis Art. 26 – [CRITÉRIO BIOPSICOLÓGICO] É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimen- to mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse enten- dimento. (Causa de exclusão da culpabilidade) Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Menores de 18 anos Art. 27 - [CRITÉRIO BIOLÓGICO] Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às nor- mas estabelecidas na legislação especial. Emoção e paixão Art. 28 - NÃO EXCLUEM a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão; Embriaguez II - a embriaguez, VOLUNTÁRIA OU CULPOSA, pelo ál- cool ou substância de efeitos análogos. § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior , era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. § 2º - A pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3, se o agen- te, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força mai- or, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de deter- minar-se de acordo com esse entendimento. 14 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Quando se fala em embriaguez, trabalha-se com a TEORIA DA AÇÃO LIVRE NA CAUSA (“ACTIO LIBERA IN CAUSA”), segundo a qual na embriaguez, o livre-arbítrio não é aferi- do no momento da prática da conduta,mas sim se ação foi livre no momento da ingestão da substância. TÍTULO IV DO CONCURSO DE PESSOAS Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o cri- me incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (TEORIA UNITÁRIA) § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de cri- me menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até 1/2 (metade), na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. A codelinquência será configurada quando houver reconhe- cimento da prática da mesma infração por todos os agentes. Depende de cinco requisitos para sua configuração: a) pluralidade de agentes culpáveis; b) relevância causal das condutas para a produção do resul- tado; c) vínculo subjetivo; d) unidade de infração penal para todos os agentes; e e) existência de fato punível. CONCURSO DE AGENTES TEORIA MONISTA (UNITÁRIA OU IGUALITÁRIA) O crime é único para todos os concorrentes. Regra no CP. A pena será aplicada na medida da culpabilidade de cada agente. O juiz fixará a pena levando em con- sideração circunstâncias relaciona- das ao fato, à vítima e ao agente. Segundo Luiz Regis Prado, o CP adotou a teoria monista de forma matizada ou temperada, já que es- tabeleceu certos graus de participa- ção e um verdadeiro reforço do princípio constitucional da individu- alização da pena. TEORIA PLURALISTA (TEORIA DA CUMPLICIDADE- DELITO DISTINTO ou TEORIA DA AUTONOMIA DA CONCORRÊNCIA) A cada um dos agentes se atribui conduta, razão pela qual cada um responde por delito autônomo. Ha- verá tantos crimes quanto sejam os agentes que concorrem para o fato. Cada um responde pelo seu crime. Adotada pelo CP em casos excepci- onais. TEORIA DUALISTA Tem-se um crime para os executo- res do núcleo e outro aos que não o realizam, mas concorrem de qualquer modo. Divide a responsa- bilidade dos autores e dos partíci- pes. Crime único para autores principais (participação primária) e outro crime único para os autores secundários/ partícipes (participação secundária). PUNIÇÃO DO PARTÍCIPE TEORIA DA ACESSORIEDADE MÍNIMA Para punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico. TEORIA DA ACESSORIEDADE MÉDIA / LIMITADA (PREVALECE) Para punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico e ilícito, independentemente da culpabili- dade e da punibilidade do agente. TEORIA DA ACESSORIEDADE MÁXIMA (EXTREMADA) Para punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico, ilícito e culpável. TEORIA DA HIPERACESSORIEDADE Para punir o partícipe, o fato prin- cipal deve ser típico, ilícito, cul- pável e punível. Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condi- ções de caráter pessoal, salvo quando elementares do cri- me. Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxí- lio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado (PARTICI- PAÇÃO IMPUNÍVEL) TÍTULO V DAS PENAS CAPÍTULO I DAS ESPÉCIES DE PENA Art. 32 - As penas são: I - privativas de liberdade (PPL); II - restritivas de direitos (PRD); III - de multa. 15 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 SEÇÃO I DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE (PPL) Reclusão e detenção Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regi- me fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em re- gime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transfe- rência a regime fechado. § 1º - Considera-se: a) regime fechado a execução da pena em estabeleci- mento de segurança máxima ou média; b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de alber- gado ou estabelecimento adequado. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser exe- cutadas em forma progressiva, segundo o mérito do conde- nado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipó- teses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 anos deverá come- çar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superi- or a 4 anos e não exceda a 8, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regi- me aberto. § 3º - A determinação do regime inicial de cumpri- mento da pena far-se-á com observância dos critérios pre- vistos no art. 59 deste Código (circunstâncias judiciais). § 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acrésci- mos legais. Regras do regime fechado Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cum- primento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. § 2º - O trabalho será em comum dentro do estabeleci- mento, na conformidade das aptidões ou ocupações anterio- res do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena. § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fe- chado, em serviços ou obras públicas. Regras do regime semi-aberto Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, ca- put, (exame criminológico de classificação para individualiza- ção da execução) ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de ins- trução de segundo grau ou superior. Regras do regime aberto Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. § 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o perí- odo noturno e nos dias de folga. § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime DOLOSO, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cu- mulativamente aplicada. Regime especial Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. Direitos do preso Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingi- dos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autorida- des o respeito à sua integridade física e moral. Trabalho do preso Art. 39 - O trabalho do preso será SEMPRE remunera- do, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social. Legislação especial Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os de- veres e direitos do preso, os critérios para revogação e trans- ferência dos regimes e estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes sanções. Superveniência de doença mental Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença men- tal deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. Detração Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempode prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de 16 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. SEÇÃO II DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS (PRD) Penas restritivas de direitos Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I (PP) - prestação pecuniária; II (PBV)- perda de bens e valores; III (LFS)- limitação de fim de semana. IV (PSC) - prestação de serviço à comunidade ou a enti- dades públicas; V (ITD)- interdição temporária de direitos; Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade (PPL) não supe- rior a 4 anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena apli- cada, se o crime for culposo; II – o réu não for reincidente em crime doloso; III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente (circunstâncias judiciais favoráveis) § 2o Na condenação igual ou inferior a 1 ano, a substi- tuição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a 1 ano, a pena privativa de liberda- de pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por 2 restritivas de direitos. § 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá apli- car a substituição, desde que, em face de condenação anteri- or, a medida seja socialmente recomendável e a reincidên- cia não se tenha operado em virtude da prática do mesmo cri- me (não seja reincidente específico) § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em pri- vativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento in- justificado da restrição imposta. No cálculo da pena privati- va de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de 30 dias de detenção ou reclusão. REQUISITOS CUMULATIVOS PARA A CONVERSÃO DA PPL EM PRD 1º requisito (objetivo): Natureza do crime e quantum da pena 2º requisito (subjetivo): Não ser reincidente em crime doloso 3º requisito (subjetivo): A substituição seja indicada e suficiente a) Crime dolo- so: • igual ou infe- rior a 4 anos; • sem violência ou grave ame- aça a pessoa. b) Crime culpo- so: qualquer que seja a pena aplicada. Regra: não ser reinci- dente em crime do- loso Exceção: § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de con- denação anterior, a medida seja social- mente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. A culpabilidade, os antecedentes, a con- duta social e a per- sonalidade do con- denado, bem como os motivos e as cir- cunstâncias indica- rem que essa substi- tuição seja suficiente (Princípio da sufi- ciência da resposta alternativa ao delito). CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Juiz não deve decretar o arresto dos bens do condenado como forma de cumprimento forçado da prestação pecuniária (pena restritiva de direitos). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.- br/jurisprudencia/detalhes/eb2e9dffe58d635b7d72e99c8e61b5f2> Em caso de descumprimento injustificado da pena restri- tiva de direitos (ex: prestação pecuniária), o CP prevê, como consequência, a reconversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade. Logo, o juiz não deve decretar o arresto dos bens do condenado como forma de cumprimen- to forçado da pena substitutiva. A possibilidade de recon- versão da pena já é a medida que, por força normativa, atri- bui coercividade à pena restritiva de direitos. STJ. 6ª Turma. REsp 1699665-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 07/08/2018 (Info 631). A reconversão da pena restritiva de direitos em pena priva- tiva de liberdade depende da ocorrência dos requisitos le- gais (descumprimento das condições impostas pelo juiz da condenação), não cabendo ao condenado, que nem sequer iniciou o cumprimento da pena, escolher ou decidir a forma como pretende cumprir a sanção, pleiteando aquela que lhe parece mais cômoda ou conveniente. STJ. 6ª Turma. REsp 1524484-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 17/5/2016 (Info 584). § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberda- de, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. Conversão PPL em PRD Crime doloso: PPL não superior a 4 anos + crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa 17 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Crime culposo: qualquer que seja a PPL aplicada Não reincidente em crime doloso OBS: Mesmo reincidente, o juiz pode substituir se a medida for socialmente re- comendada e não seja reincidente espe- cífico Circunstâncias judiciais favoráveis EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE PRD STF STJ O cumprimento da pena so- mente pode ter início com o esgotamento de todos os re- cursos. É proibida a chama - da execução provisória da pena STF. Plenário. ADC 43/ DF, ADC 44/DF, ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, jul- gados em 07/11/2019 Não é possível a execução da pena restritiva de direi- tos antes do trânsito em jul- gado da condenação. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.619.087-SC, julgado em 14/6/2017 (Info 609). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br É lícito ao Juiz estabelecer condições especiais para a con- cessão do regime aberto, em complementação daquelas previstas na LEP (art. 115 da LEP), mas não poderá adotar a esse título nenhum efeito já classificado como pena substi- tutiva (art. 44 do CPB), porque aí ocorreria o indesejável bis in idem, importando na aplicação de dúplice sanção. (Tema Repetitivo: 20) Conversão das penas restritivas de direitos Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. § 1o A PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA consiste no pagamen- to em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixa- da pelo juiz, não inferior a 1 salário mínimo nem superior a 360 salários mínimos. O valor pago será deduzido do mon- tante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. § 2o No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. § 3o A PERDA DE BENS E VALORES pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em fa- vor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conse- quência da prática do crime. Prestação de serviços à comunidade ou a entidades pú- blicas Art. 46. A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ou a entidades públicas é aplicável às condenações superio- res a 6 meses de privação da liberdade. § 1o A prestação de serviços à comunidade ou a entida- des públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. § 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. § 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas con- forme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de 1 hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. § 4o Se a pena substituída for superior a 1 ano, é faculta- do ao condenado cumprira pena substitutiva em menor tem- po (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. Interdição temporária de direitos Art. 47 - As penas de INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS são: I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofí- cio que dependam de habilitação especial, de licença ou auto- rização do poder público; III - suspensão de autorização ou de habilitação para di- rigir veículo (revogado tacitamente pelo CTB) IV – proibição de frequentar determinados lugares. V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO (NÃO AUTOMÁTICOS) I - proibição do exercí- cio de cargo, função ou ativi- dade pública, bem como de mandato eletivo; II - proibição do exercí- cio de profissão, atividade ou ofício que dependam de ha- bilitação especial, de licença ou autorização do poder pú- blico; III - suspensão de auto- rização ou de habilitação para dirigir veículo (revogado tacitamente pelo CTB) IV – proibição de fre- quentar determinados luga- res. I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada PPL por tempo ≥1 ano, nos cri- mes praticados com abuso de poder ou violação de de- ver para com a Administra- ção Pública; b) quando for aplicada PPL por tempo > a 4 anos nos demais casos. II - a incapacidade para o exercício do poder famili- ar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometi- 18 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 V - proibição de inscre- ver-se em concurso, avaliação ou exame públicos. dos contra outrem igualmen- te titular do mesmo poder fa- miliar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utili- zado como meio para a prática de crime doloso . Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima supe- rior a 6 anos de reclusão, poderá ser decretada a per- da, como produto ou pro- veito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito Limitação de fim de semana Art. 48 - A LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro estabeleci- mento adequado. Parágrafo único - Durante a permanência PODERÃO ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. SEÇÃO III DA PENA DE MULTA Multa – SISTEMA BIFÁSICO (circunstâncias judiciais + possibilidades financeiras do acusado) Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calcula- da em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa. § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não po- dendo ser inferior a 1/30 do maior salário mínimo mensal vigenteao tempo do fato, nem superior a 5 vezes esse salá- rio. § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execu- ção, pelos índices de correção monetária. Pagamento da multa Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 dias de- pois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode per- mitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: a) aplicada isoladamente; b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos (PRD); c) concedida a suspensão condicional da pena. § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos in- dispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. Conversão da Multa e revogação Modo de conversão. Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relati- vas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concer- ne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (LEI 13964/19) EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19 Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando- se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. A multa será EXECUTADA PERANTE O JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública. STF R eação legislativa : é uma forma de "ativismo congressual" com o objetivo de o Congresso Nacional reverter situações de autoritarismo judicial ou de comportamento antidialógico por parte do STF, estando, portanto, amparado no princípio da separação de poderes. O ativismo congressual consiste na participação mais efetiva e intensa do Congresso Nacional nos assuntos constitucionais. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de reversão jurisprudencial. No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com a jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de Quem executa a pena de multa? • Prioritariamente: o MP , na vara de execução penal , aplicando-se a LEP. • Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser devidamente intimado: a Fazenda Pública irá executar, na vara de execuções fiscais, aplicando- se a Lei nº 6.830/80. STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927).STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). 19 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 inconstitucionalidade, de forma que caberá ao legislador o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima. Para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e jurídicas sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa. https://www.dizerodireito.com.br/ 2015/10/superacao-legislativa-da- jurisprudencia.html Suspensão da execução da multa Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental. Não se pode mais declarar a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de liberdade quando pendente o pagamento da multa criminal. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1850903-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/04/2020 (Info 671). CAPÍTULO II DA COMINAÇÃO DAS PENAS Penas privativas de liberdade Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limi- tes estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal de crime. Penas restritivas de direitos Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, in- dependentemente de cominação na parte especial, em substi- tuição à pena privativa de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 ano, ou nos crimes culposos. Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos inci- sos III (LFS), IV (PSC), V (ITD) e VI doart. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressal- vado o disposto no § 4o do art. 46. Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime co- metido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código (suspensão de autorização ou de habi- litação para dirigir veículo), aplica-se aos crimes culposos de trânsito. Pena de multa Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo legal de crime, tem os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Códi- go. Parágrafo único - A multa prevista no parágrafo único do art. 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se indepen- dentemente de cominação na parte especial. CAPÍTULO III DA APLICAÇÃO DA PENA Fixação da pena Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antece- dentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção [TEORIA MISTA, ECLÉTICA OU UNIFICADORA] do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplica- da, por outra espécie de pena, se cabível. TEORIAS DAS PENAS TEORIA ABSOLUTA OU RETRIBUTIVA A imposição de pena é a retribuição ao autor de um crime pelo fato come- tido. Não visa qualquer efeito social TEORIA RELATIVA OU PREVENTIVA A imposição de pena visa evitar futu- ros crimes. Meio de proteção social. TEORIA MISTA, ECLÉTICA OU UNIFICADORA A imposição da pena tem função re- tributiva e preventiva Art. 59, CP. TEORIAS DA PREVENÇÃO GERAL (dirige-se à sociedade) POSITIVA Reforça ou conserva a crença das penas na validade da norma NEGATIVA Poder de intimidação da pena, que impediria a prática de crimes ESPECIAL (dirige-se ao agente) POSITIVA Ressocialização NEGATIVA Segregação, inocuização 20 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 SÚMULAS SOBRE APLICAÇÃO DA PENA STF Súmula 718-STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido se- gundo a pena aplicada. Súmula 719-STF: A imposição do regime de cumprimen- to mais severo do que a pena aplicada permitir exige moti- vação idônea. STJ Súmula 171-STJ: Cominadas cumulativamente, em lei espe- cial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa Súmula 231-STJ: A incidência da circunstância atenuante NÃO PODE conduzir à redução da pena abaixo do míni- mo legal Súmula 241-STJ: A reincidência penal não pode ser consi- derada como circunstância agravante e, simultaneamen- te, como circunstância judicial. Súmula 269-STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena ≤ a 4 anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é ve- dado o estabelecimento de regime prisional mais gravo- so do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos poli- ciais e ações penais em curso para agravar a pena-base Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão es- pontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bas- tando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio. Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é docu- mento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 26: APLICAÇÃO DA PENA - CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS 1) O aumento da pena-base em virtude das circunstâncias judiciais desfavoráveis (art. 59 CP) depende de fundamen- tação concreta e específica que extrapole os elementos inerentes ao tipo penal. 2) Não há ilegalidade na análise conjunta das circunstân- cias judiciais comuns aos corréus, desde que seja feita de forma fundamentada e com base nas semelhanças exis- tentes. 3) A culpabilidade normativa, que engloba a consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa e que constitui elementar do tipo penal, não se confunde com a circunstância judicial da culpabilidade (art. 59 do CP), que diz respeito à demonstração do grau de reprovabili- dade ou censurabilidade da conduta praticada. 4) A premeditação do crime evidencia maior culpabilida- de do agente criminoso, autorizando a majoração da pena- base. 5) O prazo de 5 anos do art. 64, I, do Código Penal, afasta os efeitos da reincidência, mas não impede o reconheci- mento de maus antecedentes. As condenações atingidas pelo período depurador quinque- nal do art. 64, inciso I, do CP, embora afastem os efeitos da reincidência, não impedem a configuração de maus antece- dentes, na primeira etapa da dosimetria da pena. STJ. 5ª Tur- ma. AgRg no HC 558.745/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 15/09/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 471.346/MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/05/2019. Não se aplica para o reconhecimento dos maus anteceden- tes o prazo quinquenal de prescrição da reincidência, previs- to no art. 64, I, do Código Penal. STF. Plenário. RE 593818/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/8/2020 (Repercus- são Geral - Tema 150). 6) Os atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação da pena-base, tampouco para a reincidência. 7) Os atos infracionais podem ser valorados negativamente na circunstância judicial referente à personalidade do agen- te. Atos infracionais não podem ser considerados maus antece- dentes para a elevação da pena-base, tampouco podem ser utilizados para caracterizar personalidade voltada para a prática de crimes ou má conduta social (STJ. 5ª Turma. HC 499987/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 30/05/2019). A situação é diferente no caso de decretação da prisão preventiva: anotações de atos infracionais podem ser utilizadas para amparar juízo concreto e cautelar de risco de reiteração delitiva, de modo a justificar a necessidade e adequação da prisão preventiva (STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 572.617/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 09/06/2020). 8) Os atos infracionais não podem ser considerados como personalidade desajustada ou voltada para a criminalida- de para fins de exasperação da pena-base. OBS: A prática de atos infracionais anteriores serve para justificar a decretação ou manutenção da prisão preven- tiva como garantia da ordem pública, considerando que indicam que a personalidade do agente é voltada à crimina- lidade, havendo fundado receio de reiteração (STJ, RHC 63.855-M) 10) O registro decorrente da aceitação de transação penal pelo acusado não serve para o incremento da pena-base acima do mínimo legal em razão de maus antecedentes, tampouco para configurar a reincidência. 12) Havendo diversas condenações anteriores com trânsi- to em julgado, não há bis in idem se uma for considerada como maus antecedentes e a outra como reincidência. 13) Para valoração da personalidade do agente é dispensá- vel a existência de laudo técnico confeccionado por especia- listas nos ramos da psiquiatria ou da psicologia. 14) O expressivo prejuízo causado à vítima justifica o au- mento da pena-base, em razão das consequências do crime. 15) O comportamento da vítima em contribuirou não para a 21 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 prática do delito não acarreta o aumento da pena-base, pois a circunstância judicial é neutra e não pode ser utili- zada em prejuízo do réu. O comportamento da vítima é circunstância judicial ligada à vitimologia, que deve ser necessariamente neutra ou favorá- vel ao réu, sendo descabida sua utilização para incrementar a pena-base. Com efeito, se não restar evidente a interferên- cia da vítima no desdobramento causal, como ocorreu na hi- pótese em análise, tal circunstância deve ser considerada neutra. STJ. 5ª Turma. HC 521.540/PB, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/05/2020. Para fins de comprovação da reincidência, é necessária docu- mentação hábil que traduza o cometimento de novo crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória por crime anterior, mas não se exige, contudo, forma específica para a comprovação. Desse modo, é possível que a reinci- dência do réu seja demonstrada com informações processu- ais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais. STJ. 5ª Tur- ma. AgRg no HC 448972/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018. STF. 1ª Turma. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/6/2020 (Info 982). A circunstância judicial “conduta social”, prevista no art. 59 do Código Penal, representa o comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento com outros indivíduos. Os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus antecedentes criminais. São cir- cunstâncias distintas, com regramentos próprios. Assim, não se mostra correto o magistrado utilizar as condenações ante- riores transitadas em julgado como “conduta social desfavo- rável”. Não é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em julgado como fundamento para negativar a conduta social. STF. 2ª Turma. RHC 130132, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/5/2016 (Info 825). STJ. 6ª Turma. REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/11/2018 (Info 639). STJ. 5ª Turma. HC 494.616-PR, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/06/2019. O fato de o agente ter se aproveitado, para a prática do cri- me, da situação de vulnerabilidade emocional e psicológica da vítima decorrente da morte de seu filho em razão de erro médico pode constituir motivo idôneo para a valoração ne- gativa de sua culpabilidade. STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579). A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena.STF. Plenário. RE 591054/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2014 (repercussão geral) (Info 772). O fato de o réu ser usuário de drogas não pode ser conside- rado, por si só, como má-conduta social para o aumento da pena-base. A dependência toxicológica é, na verdade, um in- fortúnio.STJ. 6ª Turma. HC 201.453-DF, julgado em 2/2/2012. Não é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em julgado como fundamento para negativar a con- duta social. STF. 2ª Turma. RHC 130132, Rel. Min. Teori Za- vascki, julgado em 10/5/2016 (Info 825). STJ. 5ª Turma. HC 475.436/PE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2018. STJ. 6ª Turma. REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/11/2018 (Info 639). A simples menção à personalidade do infrator, desprovida de elementos concretos, não se presta à negativação da circuns- tância judicial a que se refere, impossibilitando o acréscimo da pena-base. STJ. 6ª Turma. HC 340.007/RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 01/12/2015. Condenações transitadas em julgado não constituem funda- mento idôneo para análise desfavorável da personalidade do agente. STJ. 5ª Turma. HC 466.746/PE, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 11/12/2018. STJ. 6ª Turma. HC 472.654-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/02/2019 (Info 643). A simples falta de motivos para o delito não constitui funda- mento idôneo para o incremento da pena-base ante a consi- deração desfavorável da circunstância judicial, que exige a indicação concreta de motivação vil para a prática delituosa. STJ. 6ª Turma. HC 289.788/TO, Rel. Min. Ericson Maranho (Des. Conv. do TJ/SP), julgado em 24/11/2015. Se o comportamento da vítima em nada contribuiu para o delito, isso significa que essa circunstância judicial é neutra, de forma que não pode ser utilizada para aumentar a pena imposta ao réu. STJ. 6ª Turma. HC 217.819-BA, Rel. Min. Ma- ria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/11/2013 (Info 532). Não pode o magistrado sentenciante majorar a pena-base fundando-se, tão somente, em referências vagas, genéricas, desprovidas de fundamentação objetiva para justificar a exasperação. STJ. 5ª Turma. HC 185.633/ES, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/06/2012. Os elementos inerentes ao próprio tipo penal não podem ser considerados para a exasperação da pena-base. A primeira fase da dosimetria é o momento em que o julgador efetiva- mente individualiza a pena pelas circunstâncias ali analisadas. Porém, o julgador não pode agir com livre arbítrio; deve mo- tivar as razões que foram seguidas e demonstrá-las concre- tamente. STJ. 5ª Turma. HC 227.302-RJ, Rel. Gilson Dipp, jul- gado em 21/8/2012 (Info 502). A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e corrupção passiva (arts. 316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena-base alegando que os “motivos do crime” (circunstância judicial do art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. STJ. 3ª Seção. EDv nos EREsp 1.196.136-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2017 (Info 608). O fato de o Estado ter gasto muitos recursos para investigar os crimes (no caso, era uma grande operação policial) e de o réu ter obtido enriquecimento ilícito com as práticas delituo- sas não servem como motivo para aumentar a pena-base. STF. 2ª Turma. HC 134193/GO, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/10/2016 (Info 845). Na dosimetria da pena, as condenações por fatos posteriores 22 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 ao crime em julgamento não podem ser utilizados como fun- damento para valorar negativamente a culpabilidade, a per- sonalidade e a conduta social do réu. STJ. 6ª Turma. HC 189.385-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/2/2014 (Info 535). A condenação por fato anterior ao delito que se julga, mas com trânsito em julgado posterior, pode ser utilizada como circunstância judicial negativa, a título de antecedente crimi- nal. STJ. 5ª Turma. HC 210.787/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/09/2013 REGISTRO DE ATOS INFRACIONAIS PRETÉRITOS PODEM SER UTILIZADOS CONTRA O INVESTIGADO/ACUSADO? Dosimetria: NÃO Atos infracionais não podem ser consi- derados maus antecedentes para a ele- vação da pena-base, tampouco podem ser utilizados para caracterizar personali- dade voltada para a prática de crimes ou má conduta social. STJ. 5ª Turma. HC 499.987/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julga- do em 30/05/2019. Reincidência: NÃO Atos infracionais pretéritos não se pres- tam a configurar reincidência. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1665758/RO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/05/2020. Decretar prisão preventiva: SIM Anotações de atos infracionais podem ser utilizadas para amparar juízo concre- to e cautelar de risco de reiteração deliti- va, de modo a justificar a necessidade e adequação da prisão preventiva. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 572.617/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 09/06/2020. Negar tráfico privilegiado: SIM O registro de atos infracionais pode jus- tificar a negativa da causa especial de di- minuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (tráfico privile- giado), por indicar a dedicação do réu à prática delituosa. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 573.149/SP, Rel.Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/06/2020. Negar o princípio da insignificância: SIM Não se mostra possível reconhecer um reduzido grau de reprovabilidade na conduta de quem, de forma reiterada, comete habitualmente atos infracionais. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1550027/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julga- do em 26/05/2020 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Os atos infracionais não podem ser valorados negativa- mente na dosimetria da pena. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https:// www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/806a19775027cf2f84c129d410- ce1c8a> ENTENDIMENTOS IMPORTANTES SOBRE DOSIMETRIA DA PENA • É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. • Condenação por fato posterior ao crime em julgamento não gera maus antecedentes; • Condenação por fato anterior ao crime em julgamento, mas com trânsito em julgado posterior: antecedente crimi- nal; • Os atos infracionais não podem ser valorados negativa- mente na dosimetria da pena; • Falta de motivos para o crime não é circunstância desfavo- rável; • Exclusão de circunstância judicial reconhecida na sentença deve gerar diminuição da pena; • É possível o aumento da pena pelo fato de a corrupção ter sido praticada por Promotor ou policial; • O fato de o agente querer obter "lucro fácil" não é argu- mento para o juiz aumentar a pena do réu em crimes patri- moniais; • Se o comportamento da vítima nada contribuiu para o deli- to, isso deve ser considerado como uma circunstância neu- tra; • O aumento da pena-base em virtude das circunstâncias ju- diciais desfavoráveis (art. 59 CP) depende de fundamentação concreta e específica que extrapole os elementos inerentes ao tipo penal; • Não há ilegalidade na análise conjunta das circunstâncias judiciais comuns aos corréus, desde que seja feita de forma fundamentada e com base nas semelhanças existentes. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Se o erro do juiz na dosimetria da pena foi apenas na de- nominação da circunstância judicial (chamou de “conduta social”, porém era “maus antece- dentes”), é possível que a pena seja mantida. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/fbe- fa505c8e8bf6d46f38f5277fed8d6>. Critérios especiais da pena de multa Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. Multa substitutiva § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superi- or a 6 meses, pode ser substituída pela de multa, observa- dos os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código (não reincidente em crime doloso e circunstâncias judiciais favorá- veis). 23 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Circunstâncias agravantes Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defe- sa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge - CADI; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de re- lações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, MAIOR de 60 anos, enfermo ou mu- lher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada (aplica-se a teoria da actio libera in causa) Agravantes no caso de concurso de pessoas Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou di- rige a atividade dos demais agentes; II - coage ou induz outrem à execução material do cri- me; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém su- jeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. Reincidência Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente co- mete novo crime, depois de transitar em julgado a senten- ça que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - NÃO PREVALECE a condenação anterior, se entre a DATA DO CUMPRIMENTO ou EXTINÇÃO da pena e a infra- ção posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. REINCIDÊNCIA FICTA/PRESUMIDA REAL Para ser considerado reinciden- te basta a prática de novo cri- me, depois de sentença penal condenatória com trânsito em julgado, mesmo não tendo o réu cumprido a pena do cri- me anterior. Adotado pelo CP. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime depois de ter cumprido pena pelo delito anterior. REINCIDÊNCIA CRIME CONTRAVENÇÃO “Art. 63 C.P. - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a senten- ça que, no País ou no estran- geiro, o tenha condenado por crime anterior.” “Art. 7º LCP. - Verifica-se a reincidência quando o agen- te pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha con- denado, no Brasil ou no es- trangeiro, por qualquer cri- me, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.” Crime-crime Crime-contravenção Contravenção-contravenção SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA DEFINITIVA NOVA INFRAÇÃO PENAL CONSEQUÊNCIA Crime (Brasil ou estrangeiro) Crime Reincidente (art. 63, CP) Crime (Brasil ou estrangeiro) Contravenção Reincidente (art. 7, LCP) Contravenção Penal Contravenção Reincidente (art. 24 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 (Brasil) 7, LCP) Contravenção Penal (Brasil) Crime Maus anteceden- tes Contravenção Penal (estrangeiro) Contravenção Penal (Brasil) Maus anteceden- tes CONSEQUÊNCIAS DA REINCIDÊNCIA Agravante (art. 61, I do CP) Torna mais gravoso o regime inicial de cumprimento de pena (art. 33, § 2º do CP); O reincidente em crime doloso não tem direito à substitui- ção da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 44, II); O reincidente em crime doloso não tem direito à suspensão condicional da pena – sursis (art. 77, I), salvo se condenado apenas a pena de multa (§ 1º do art. 77); O réu reincidente não poderá ser beneficiado com o privilé- gio no furto (art. 155, § 2º), na apropriação indébita (art. 170), no estelionato (art. 171, § 1º) e na receptação (art. 180, § 5º, do CP); A reincidência impede a concessão da transação penal e da suspensão condicional do processo (arts. 76, § 2º, I e 89, ca- put da Lei nº 9.099/95); No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve apro- ximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponde- rantes, entendendo-se como tais as que resultam dos moti- vos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência (art. 67 do CP); Influenciano tempo necessário para a concessão do livra- mento condicional (art. 83); O prazo da prescrição executória aumenta em 1/3 se o con- denado é reincidente (art. 110) (obs.: não influencia na pres- crição da pretensão punitiva); É causa de interrupção da prescrição executória (art. 117, VI); É causa de revogação do sursis (art. 81, I e § 1º), do livramen- to condicional (art. 86, I e II, e art. 87) e da reabilitação, se a condenação for a pena que não seja de multa (art. 95). CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Folha de antecedentes criminais é um documento válido para comprovar maus antecedentes ou reincidência. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Dis- ponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ 033cc385728c51d97360020ed57776f0> Circunstâncias atenuantes Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I - ser o agente menor de 21, na data do fato, ou maior de 70 anos, na data da sentença; II - o desconhecimento da lei; III - ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor so- cial ou moral; b) procurado, por sua espontânea vontade e com efi- ciência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as con- sequências, ou ter, ANTES DO JULGAMENTO, reparado o dano; c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. Possível compensação da CONFISSÃO com agravante da promessa de recompensa. com agravante da reincidência. com agravante da violência con- tra mulher. CONFISSÃO SIMPLES Admite a prática do crime Total: confessa a prática de todo o crime Parcial: confessa a prática de parte do cri- me QUALIFICADA Confessa a prática do crime, mas levanta a seu favor uma excludente de culpabilidade ou ilicitude RETRATADA Ocorre quando o agente confessa a prática do delito e, posteriormente, se retrata, ne- gando a autoria. Se a confissão do agente é utilizada pelo magistrado como fundamento para emba- sar a condenação, a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do CP deve ser aplicada em favor do réu, não importando que, em juízo, este tenha se retratado (vol- tado atrás) e negado o crime (STJ. 5ª Turma. HC 176.405/RO, Rel. Min. Jorge Mussi, jul- gado em 23/04/2013). DE CRIME DIVERSO Ex: réu é acusado de roubo; ele confessa a subtração do bem, negando, porém, o em- prego de violência ou grave ameaça contra a vítima. Dessa forma, confessou a prática de crime diverso, qual seja, furto. Assim, não deverá incidir a atenuante da confis- são espontânea, considerando que o réu não reconheceu a autoria do fato típico im- putado. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br 25 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei (ATENUANTE INOMINADA) É possível, a depender do caso concreto, que o juiz reconhe- ça a teoria da COCULPABILIDADE como sendo uma atenu- ante genérica prevista no art. 66 do Código Penal. STJ. 5ª Turma. HC 411.243/PE, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 07/12/2017. Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos MOTIVOS determinantes do crime, da PERSONALIDADE do agente e da REINCIDÊNCIA. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 29: APLICAÇÃO DA PENA AGRAVANTES E ATENUANTES 1) A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. (Súmula n. 231/ STJ) 2) Em observância ao critério trifásico da dosimetria da pena estabelecido no art. 68 do Código Penal - CP, não é possível a compensação entre institutos de fases distintas. 3) O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indica- ção do número de majorantes. (Súmula n. 443/STJ) 4) Incide a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea d, do CP na chamada CONFISSÃO QUALIFICADA, hipótese em que o autor confessa a autoria do crime, embora alegan- do causa excludente de ilicitude ou culpabilidade. (...) Pedido de aplicação da atenuante da confissão espontâ- nea. O STJ entende que, segundo a orientação sumular n. 545, a confissão espontânea do réu, desde que utilizada para fundamentar a condenação, sempre deve atenuar a pena, na segunda fase da dosimetria, ainda que tenha sido parcial, qualificada ou retratada em juízo. Todavia, a Súmula 630 do STJ preceitua que “a incidência da atenuante da confissão es- pontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio”. (…) STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 566.527/MS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/05/2020. 5) A condenação transitada em julgado pelo CRIME DE POR- TE DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE PARA USO PRÓPRIO NÃO gera reincidência – STF: A CONDENAÇÃO PRÉVIA POR PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PRÓPRIO NÃO GERA REINCIDÊNCIA 6) Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil. (Súmula n. 74/STJ) A certidão de nascimento ou a cédula de identidade não são os únicos documentos válidos para fins de comprovação da menoridade, podendo esta ser demonstrada por meio de ou- tro documento firmado por agente público - dotado, portan- to, de fé pública - atestando a idade do menor (STJ. 6ª Tur- ma. AgRg no HC 574.536/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 02/06/2020). 7) Diante do reconhecimento de mais de uma qualifica- dora, somente uma enseja o tipo qualificado, enquanto as outras devem ser consideradas circunstâncias agravan- tes, na hipótese de previsão legal, ou, de forma residual, como circunstância judicial do art. 59 do Código Penal. 8) A agravante da reincidência pode ser comprovada com a folha de antecedentes criminais, não sendo obrigatória a apresentação de certidão cartorária. Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é docu- mento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência. É desnecessária a juntada de certidão cartorária como prova de maus antecedentes ou reincidência, admitindo, inclusive, informações extraídas do sítio eletrônico de Tribunal como evidência nesse sentido (STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1610246/ES, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, julgado em 13/04/2020). 9) É possível, na segunda fase do cálculo da pena, a compen- sação da agravante da reincidência com a atenuante da con- fissão espontânea. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC) 10) Nos casos em que há múltipla reincidência, é inviável a compensação integral entre a reincidência e a confissão A reincidência e a confissão espontânea se compensam ou prepondera a reincidência? Caso o réu tenha confessado a prática do crime (o que é uma atenuante), mas seja reinci- dente (o que configura uma agravante), qual dessas circuns- tâncias irá prevalecer? 1ª) Posição do STJ: em regra reincidência e confissão se COMPENSAM. Exceção: se o réu for multirreincidente. Em caso de multirreincidência, prevalecerá a agravante e haverá apenas a compensação parcial/proporcional (mas não integral). 2ª Posição do STF: a agravante da REINCIDÊNCIA prevalece. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 713.657/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/04/2018. STF. 2ª Turma. RHC 120677, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 18/03/2014. Cálculo da penaArt. 68 - SISTEMA TRIFÁSICO - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limi- tar-se a um só aumento ou a uma só diminuição , prevale- cendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. 26 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 SISTEMA TRIFÁSICO 1a Fase: circunstâncias judiciais 2a Fase: atenuantes e agravantes 3a Fase: causas de diminuição e de aumento Agravantes e atenuantes Causas de aumento e de diminuição São consideradas na 2a fase do cálculo da pena. São consideradas na 3a fase do cálculo da pena. Localizadas, em regra, na Parte Geral do CP. Legislação extravagante também pode prevê. Localizadas na Parte Geral e na Parte Especial do CP, bem como na legislação extrava- gante. Não há previsão legal do quantum de aumento ou di- minuição (fica a critério do juiz). Existe previsão legal do quan- tum. Agravante e atenuante de- vem respeitar os limites míni- mo e máximo previsto em lei. As causas de aumento e de diminuição de pena podem extrapolar os limites previstos no preceito secundário. CONCURSO ENTRE CAUSA DE AUMENTO E DE DIMINUIÇÃO Duas causa de aumento genéricas Aplicadas isoladamente (Princípio da incidência isolada) Duas causa de diminuição genéricas Aplicadas cumulativamente (Princípio da incidência cumulativa) Causas de aumento e causa de diminuição (ambas genéricas) Aplicadas cumulativamente: 1° aumenta 2° diminui Duas causas de aumento específicas Juiz limita-se a um só au- mento, prevalecendo a que mais aumenta Duas causas de diminuição específicas Juiz limita-se a uma só dimi- nuição, prevalecendo a que mais diminua Causas de aumento e causa de diminuição (ambas específicas) Aplicadas cumulativamente: 1° aumenta 2° diminui Causa de aumento genérica e específica Aplica, isoladamente, os dois aumentos Causa de diminuição ge- nérica e específica Aplica, cumulativamente, as duas diminuições Concurso material Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liber- dade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. SISTEMA DO CÚMULO MATERIAL § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substitui- ção de que trata o art. 44 deste Código. § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direi- tos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. Concurso formal Art. 70 - CONCURSO FORMAL PRÓPRIO - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um 1/6 até 1/2. SISTE- MA DA EXASPERAÇÃO. CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO - As penas apli- cam-se, entretanto, cumulativamente, se a AÇÃO OU OMIS- SÃO É DOLOSA e os CRIMES CONCORRENTES RESULTAM DE DESÍGNIOS AUTÔNOMOS, consoante o disposto no arti- go anterior. SISTEMA DO CÚMULO MATERIAL. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. CONCURSO FORMAL HOMOGÊNEO HETEROGÊNEO O agente, com uma única conduta, pratica dois ou mais crimes idênticos. O agente, com uma única conduta, pratica dois ou mais crimes diferentes. Ex: o sujeito, dirigindo seu veículo de forma imprudente, avança na contramão e atinge outro carro matando as duas pessoas que lá estavam (dois homicídios culposos – art. 302 do CTB). Ex: o sujeito, dirigindo seu veículo de forma imprudente, avança na contramão e atinge outro carro matando uma pessoa que lá estava e ferindo a outra (um homicídio culposo e uma lesão corporal culposa – art. 302 e 303 do CTB). *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br CONCURSO MATERIAL BENÉFICO: ocorre quando o au- mento da pena resultante da fração do concurso formal é maior do que a soma das penas no concurso material, neste caso, apesar dos crimes serem cometidos em uma única ação as penas serão somadas. 27 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 23: CONCURSO FORMAL 1) O roubo praticado contra vítimas diferentes em um único contexto configura o concurso formal (PRÓPRIO) e não crime único, ante a pluralidade de bens jurídicos ofendidos. Segundo decidiu o STJ em caso de roubo praticado no inte- rior de ônibus o fato de a conduta ter ocasionado violação de patrimônios distintos (o da empresa de transporte coleti- vo e o do cobrador não descaracteriza a ocorrência de crime único se todos os bens subtraídos estavam na posse do co- brador. 2) A distinção entre o concurso formal próprio e o impró- prio relaciona-se com o elemento subjetivo do agente, ou seja, a existência ou não de desígnios autônomos. 3) É possível o concurso formal entre o crime do art. 2º da Lei n. 8.176/91 (que tutela o patrimônio da União, proibindo a usurpação de suas matérias-primas), e o crime do art. 55 da Lei n. 9.605/98 (que protege o meio ambiente, proibindo a extração de recursos minerais), não havendo conflito apa- rente de normas já que protegem bens jurídicos distintos. 4) O aumento decorrente do concurso formal deve se dar de acordo com o número de infrações. A exasperação da pena do crime de maior pena, realizado em continuidade delitiva, será determinada, basicamente, pelo número de infrações penais cometidas, parâmetro este que especificará no caso concreto a fração de aumento, den- tro do intervalo legal de 1/6 a 2/3. Nesse diapasão, esta Cor- te Superior de Justiça possui o entendimento consolidado de que, em se tratando de aumento de pena referente à continuidade delitiva, aplica-se a fração de aumento de 1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5 infrações; 1/2 para 6 infrações e 2/3 para 7 ou mais infrações. (...) (STJ. 5ª Turma. HC 543.725/PB, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 11/02/2020) 5) A apreensão de mais de uma arma de fogo, acessório ou munição, em um mesmo contexto fático, não caracteriza concurso formal ou material de crimes, mas delito único. A orientação jurisprudencial recente do Superior Tribunal de Justiça é de que os tipos penais dos arts. 12 e 16 da Lei n. 10.826/2003 tutelam bens jurídicos diversos, razão pela qual deve ser aplicado o concurso formal quando apreendidas ar- mas ou munições de uso permitido e de uso restrito no mes- mo contexto fático. Precedentes. 2. Deve ser mantido o reco- nhecimento de crime único entre os delitos previstos nos arts. 16, caput, e 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/2003, quando ocorrem no mesmo contexto fático. 3. Agravo regi- mental provido para afastar o reconhecimento de concurso material, manter a incidência de crime único entre os crimes dos arts. 16, caput, e 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/2003 e redimensionar as penas. (...) (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1624632/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 28/04/2020). 6) O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano. (Súmula n. 243/STJ) 7) No concurso de crimes, o cálculo da prescrição da pre- tensão punitiva é feito considerando cada crime isolada- mente, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO decorren-te do concurso formal, material ou da continuidade deli- tiva. 8) No caso de concurso de crimes, a pena considerada para fins de competência e transação penal será o resultado da soma ou da exasperação das penas máximas comina- das ao delito. Crime continuado – TEORIA DA FICÇÃO JURÍDICA Art. 71 - CRIME CONTINUADO GENÉRICO - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhan- tes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um 1/6 a 2/3. SISTEMA DA EXASPERA- ÇÃO. Parágrafo único – CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO - Nos CRIMES DOLOSOS, contra VÍTIMAS DIFERENTES, CO- METIDOS COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o tri- plo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. Súmula 711-STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é an- terior à cessação da continuidade ou da permanência. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 17: CRIME CONTINUADO - I 1) Para a caracterização da continuidade delitiva é im- prescindível o preenchimento de requisitos de ordem ob- jetiva - mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução - e de ordem subjetiva - unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos (TEORIA MISTA OU OBJETIVO-SUBJETIVA). 2) A continuidade delitiva, em regra, não pode ser reco- nhecida quando se tratarem de delitos praticados em pe- ríodo superior a 30 dias. 3) A continuidade delitiva pode ser reconhecida quando se tratarem de delitos ocorridos em comarcas limítrofes ou próximas. 4) A continuidade delitiva não pode ser reconhecida quan- do se tratarem de delitos cometidos com modos de exe- cução diversos. 5) Não há crime continuado quando configurada habitua- lidade delitiva ou reiteração criminosa. 6) Quando se tratar de crime continuado, a prescrição re- gula-se pela pena imposta na sentença, não se computando 28 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 o acréscimo decorrente da continuação. (Súmula n. 497/STF) 7) A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade delitiva ou da permanência. (Súmula n. 711/STF) 8) O estupro e atentado violento ao pudor cometidos contra a mesma vítima e no mesmo contexto devem ser tratados como crime único, após a nova disciplina trazida pela Lei n. 12.015/09. 9) É possível reconhecer a continuidade delitiva entre estu- pro e atentado violento ao pudor quando praticados contra vítimas diversas ou fora do mesmo contexto, desde que pre- sentes os requisitos do artigo 71 do Código Penal. 10) A Lei n. 12.015/09, ao incluir no mesmo tipo penal os de- litos de estupro e atentado violento ao pudor, possibilitou a caracterização de crime único ou de crime continuado entre as condutas, devendo retroagir para alcançar os fatos prati- cados antes da sua vigência, por se tratar de norma penal mais benéfica. 11) No concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixação da competência do Juizado Especial Criminal será o resultado da soma, no caso de concurso material, ou da exasperação, na hipótese de concurso formal ou crime continuado, das penas máximas cominadas aos de- litos. EDIÇÃO N. 20: CRIME CONTINUADO - II 1) Para a caracterização da continuidade delitiva, são considerados crimes da mesma espécie aqueles previstos no mesmo tipo penal. O STJ admite exceções: (...) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça compreende que, para a caracterização da continuidade delitiva, é imprescindível o preenchimento de requisitos de ordem objetiva (mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução) e subjetiva (unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos), nos termos do art. 71 do Código Penal. Exige-se, ainda, que os delitos sejam da mesma espécie. Para tanto, não é necessário que os fatos sejam capitulados no mesmo tipo penal, sendo suficiente que tutelem o mesmo bem jurídico e sejam perpetrados pelo mesmo modo de execução. 2. Para fins da aplicação do instituto do crime continuado, art. 71 do Código Penal, pode-se afirmar que os delitos de estupro de vulnerável e estupro, descritos nos arts. 217-A e 213 do CP, respectivamente, são crimes da mesma espécie. (…) STJ. 6ª Turma. REsp 1767902/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2018. 2) É possível o reconhecimento de crime continuado en- tre os delitos de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) e de sonegação de contribuição previden- ciária (art.337-A do CP). Há divergência entre a 5a e 6a Tur- mas do STJ. 3) Presentes as condições do art. 71 do Código Penal, deve ser reconhecida a continuidade delitiva no crime de pecu- lato-desvio. 4) Não é possível reconhecer a continuidade delitiva en- tre os crimes de roubo (art. 157 do CP) e de latrocínio (art. 157, § 3º, segunda parte, do CP) porque apesar de serem do mesmo gênero não são da mesma espécie. 5) Não é possível reconhecer a continuidade delitiva en- tre os crimes de roubo (art. 157 do CP) e de extorsão (art. 158 do CP), pois são infrações penais de espécies di- ferentes. 6) Admite-se a continuidade delitiva nos crimes contra a vida. 8) Na continuidade delitiva prevista no caput do art. 71 do CP, o aumento se faz em razão do número de infrações praticadas e de acordo com a seguinte correlação: 1/6 para duas infrações; 1/5 para três; 1/4 para quatro; 1/3 para cinco; 1/2 para seis; 2/3 para sete ou mais ilícitos. 9) Na continuidade delitiva específica, prevista no parágrafo único do art. 71 do CP, o aumento fundamenta-se no nú- mero de infrações cometidas e nas circunstâncias judici- ais do art. 59 do CP. 10) Caracterizado o concurso formal e a continuidade de- litiva entre infrações penais, aplica-se somente o aumento relativo à continuidade, sob pena de bis in idem. 12) No crime continuado, a pena de multa deve ser aplica- da mediante o critério da exasperação, tendo em vista a inaplicabilidade do art. 72 do CP. 13) O reconhecimento dos pressupostos do crime continua- do, notadamente as condições de tempo, lugar e maneira de execução, demanda dilação probatória, incabível na via es- treita do habeas corpus. Multas no concurso de crimes Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. SISTEMA DO CÚMULO MATERIAL. STJ: "Na hipótese da aplicação da pena de multa no crime continuado, não é aplicável a regra do artigo 72, do Código Penal” Segundo o STJ, a aplicação da hipótese do art. 72 do Código Penal restringe-se aos casos dos concursos material e formal, não lhe estando no âmbito de abrangência da continuidade delitiva (REsp 909.327/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 07/10/2010, DJe 03/11/2010). Erro na execução (ABERRATIO ICTUS) - Atinge mesmo bem jurídico Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofen- der, aplica-se a regra do art. 70 deste Código (concurso for- mal) 29 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Resultado diverso do pretendido (ABERRATIO CRIMI- NIS)- Atinge bem jurídico diverso Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando,por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resulta- do diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Códi- go (concurso formal) Limite das penas Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 anos. (LEI 13964/19) § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (LEI 13964/19) § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, despre- zando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. TEMPO DE CUMPRIMENTO PPL ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19 30 anos 40 anos Novatio legis in pejus (não retroage) Concurso de infrações Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á pri- meiramente a pena mais grave. CAPÍTULO IV DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Requisitos da suspensão da pena Art. 77 - A execução da PPL, não superior a 2 anos, po- derá ser suspensa, por 2 a 4 anos, desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as cir- cunstâncias autorizem a concessão do benefício (circunstân- cias judiciais favoráveis); III - Não seja indicada ou cabível a substituição por PRD. § 1º - A condenação anterior a pena de multa NÃO IMPEDE a concessão do benefício. § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não su- perior a 4 anos, poderá ser suspensa, por 4 a 6 anos, desde que o condenado seja maior de 70 anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. Súmula 499-STF: Não obsta a concessão do "sursis" conde- nação anterior a pena de multa. Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado fi- cará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. § 1º - No 1° ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (PSC) (art. 46) ou submeter-se à li- mitação de fim de semana (LFS) (art. 48). § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo im- possibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 des- te Código lhe forem inteiramente favoráveis (circunstâncias judiciais favoráveis), o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, APLICADAS CUMULATIVAMENTE: a) proibição de frequentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condi- ções a que fica subordinada a suspensão, desde que adequa- das ao fato e à situação pessoal do condenado. Art. 80 - A suspensão NÃO SE ESTENDE às penas restri- tivas de direitos nem à multa. Revogação obrigatória Art. 81 - A suspensão SERÁ REVOGADA se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime DOLOSO; II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Códi- go (PSC ou LFS) Revogação facultativa § 1º - A suspensão PODERÁ SER REVOGADA se o con- denado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por 30 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Prorrogação do período de prova § 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. Cumprimento das condições Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revoga- ção, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. SISTEMAS DO SURSIS FRANCO BELGA ANGLO-AMERICANO Probation System PROBATION OF FIRST OFFEN- DERS ACT O réu é processado O réu é processado O réu é processado É reconhecido culpado É reconhecido culpado Existe condenação Suspende-se a execução da pena Suspende-se o processo evitando a imposição da pena Suspende-se o processo sem o reconhecimento da culpa OBS: Foi adotado pelo Brasil para disciplinar o “sur- sis” (art. 77, CP). OBS: Não tem previsão legal no nosso país. OBS: Adotado pelo Brasil para disciplinar a sus- pensão condici- onal do proces- so (art. 89, lei 9099/95). SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (arts. 77/82 do CP e arts. 156/163 da LEP) SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (art. 89 da lei 9.099/95) Sursis penal. Sursis processual. Adotou o sistema franco- belga: réu é submetido a um período após ser reconhecida sua culpa. Adotou o sistema do probation of first offenders act: o réu é submetido a um período de prova antes de ser reconhecida a sua culpa. Há condenação e a pena é suspensa, se preenchidos os requisitos. Não há condenação. Suspende a ação penal nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 ano. A condenação poderá ser utilizada, futuramente, para caracterizar reincidência ou maus antecedentes. A ausência de condenação impede que o fato seja considerado, futuramente, para caracterizar reincidência ou maus antecedentes. Descumpridas as condições, o processo é retomado para execução da pena. Descumpridas as condições, o processo é retomado. Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br CAPÍTULO V DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Requisitos do livramento condicional Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a PPL ≥2a, desde que: I - cumprida + de 1/3 da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; Se reincidente em crime culposo, tem que cumprir + de 1/3 e não + de 1/2. II - cumprida + de 1/2 se o condenado for reincidente em crime doloso; III – comprovado: (LEI 13964/19) a) bom comportamento durante a execução da pena; (LEI 13964/19) b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses; (LEI 13964/19) JDPP 4 A ausência de falta grave nos últimos 12 (doze) meses como requisito à obtenção do livramento condicio- nal (art. 83, III, "b" do CP) aplica-se apenas às infrações pe- nais praticadas a partir de 23/01/2020, quando entrou em vigor a Lei 13.964/2019. JDPP 5 É prescindível a decisão final sobre a prática de falta grave para obstar o livramento condicional com base no art. 83, III, "b" do CP. JDPP 12 O requisito previsto no art. 83, III, b, do Código Penal, consistente em o agente não ter cometido falta gra- ve nos últimos 12 (doze) meses, poderá ser valorado, com base no caso concreto, para fins de concessão de livramen- to condicional quanto a fatos ocorridos antes da entrada em vigor da Lei 13.964/2019, sendo interpretado como comportamento insatisfatório durante a execução da pena. c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e (LEI 13964/19) d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; (LEI 13964/19) 31 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; V - cumpridos + de 2/3 da pena, nos casos de condena- ção por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado NÃOfor REINCIDENTE ESPECÍFICO em crimes dessa natureza. Parágrafo único - Para o condenado por CRIME DOLOSO, COMETIDO COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PES- SOA, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. LIVRAMENTO CONDICIONAL +1/3 Não reincidente em crime DO- LOSO e bons antecedentes Não reincidente em crime DO- LOSO e maus antecedentes Reincidente em crime CULPO- SO +1/2 Reincidente em crime DOLOSO +2/3 Crimes hediondos e equipara- dos e não ser reincidente es- pecífico Associação para o tráfico (art. 44, parágrafo único, da Lei 11343/06) e não ser reinciden- te específico VEDADO Crime hediondo ou equipara- do ou tráfico de pessoas e ser reincidente específico Arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 da Lei de Drogas e ser reinci- dente específico Crime hediondo ou equipara- do com resultado morte. CORREIA, Martina. Execução penal em tabelas. Salvador: JusPodivm, 2020, p. 257. REQUISITOS LIVRAMENTO CONDICIONAL ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19 III - comprovado comporta- mento SATISFATÓRIO du- rante a execução da pena, bom desempenho no traba- lho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à pró- pria subsistência mediante trabalho honesto; III - comprovado: a) BOM comportamento durante a execução da pena; b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses; c) bom desempenho no tra- balho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover a própria subsistência medi- ante trabalho honesto; Soma de penas Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento. Especificações das condições Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento. Revogação do livramento Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: I - por crime cometido durante a vigência do benefício; II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código. Revogação facultativa Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condena- do, por crime ou contravenção, a pena que não seja priva- tiva de liberdade. Efeitos da revogação Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser nova- mente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o con- denado. Extinção Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, en- quanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do li- vramento. Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revoga- do, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. Súmula 617, STJ: A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do período de pro- va enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumpri- mento da pena. LIVRAMENTO CONDICIONAL Requisitos OBJETIVOS O condenado deve ter: 1) sido sentenciado a uma pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos; 2) reparado o dano causado com o crime, salvo se for impossível fazê-lo; 3) cumprido parte da pena, quantidade que irá variar conforme ele seja reincidente ou não: • condenado não reincidente em crime doloso e com bons antecedentes: basta cumprir mais de 32 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 1/3 (livramento condicional SIMPLES); • condenado reincidente em crime doloso: deve cumprir mais de 1/2 (livramento condicional QUALIFICADO); • condenado por crime hediondo ou equiparado, se não for reincidente específico em crimes dessa natureza: deve cumprir mais de 2/3 (livramento condicional ESPECÍFICO); • condenado por crime hediondo ou equiparado, se for reincidente específico em crimes dessa natureza: não terá direito a livramento condicional. Requisitos SUBJETIVOS O condenado deve ter: 1) bom comportamento carcerário a ser comprovado pelo diretor da unidade prisional; 2) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; 3) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; 4) para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa a concessão do livramento ficará também subordinada àconstatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br CAPÍTULO VI DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO Efeitos genéricos e específicos Art. 91 - São efeitos da condenação (AUTOMÁTICOS): I - tornar certa a OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR o dano causado pelo crime; II - a PERDA em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: a) dos INSTRUMENTOS do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do PRODUTO do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. § 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. § 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias pre- vistas na legislação processual poderão abranger bens ou va- lores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda. Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. (LEI 13964/19) § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e (LEI 13964/19) II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. (LEI 13964/19) § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. § 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. (LEI 13964/19) § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. (LEI 13964/19) § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado , dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes. (LEI 13964/19) JDPP 15 Para fins de aplicação do art. 91-A do Código Pe- nal, cabe ao Ministério Público, e não à Defesa, a com - provação de incompatibilidade entre o patrimônio e os rendimentos lícitos do réu. Art. 92 - São também efeitos da condenação (NÃO AUTOMÁTICOS): I - a perda de cargo, função pública ou mandato eleti- vo: a) quando aplicada PPL por tempo ≥1 ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada PPL por tempo > a 4 anos nos demais casos. II – a incapacidade parao exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena 33 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro des- cendente ou contra tutelado ou curatelado III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso . Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. Crime praticado por intermédio de automóvel é denomina- do DELITO DE CIRCULAÇÃO SÃO EFEITOS NÃO AUTOMÁTICOS DA CONDENAÇÃO (ART. 92, CP) SÃO PRD NA MODALIDADE INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS (ART. 47, CP) - A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo - incapacidade para o exercí- cio do poder familiar, da tute- la ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de re- clusão cometidos contra ou- trem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descen- dente ou contra tutelado ou curatelado - A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. - Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de man- dato eletivo - Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofí- cio que dependam de habili- tação especial, de licença ou autorização do poder públi- co - Suspensão de autorização ou de habilitação para diri- gir veículo - Proibição de frequentar determinados lugares - Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. SÚMULAS SOBRE EFEITOS DA CONDENAÇÃO Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas NÃO ATINGE OS EFEITOS SECUNDÁRIOS, penais ou extrapenais. EFEITOS DA CONDENAÇÃO PRINCIPAIS (PRIMÁRIOS) O efeito principal (primário) da condenação é impor ao condenado uma sanção penal. Efeito principal (primário) = sanção penal. A sanção penal divide-se em: a) pena; b) medida de segurança. SECUNDÁRIOS PENAIS Alguns exemplos: reincidência (art. 63), causa de revogação do sursis (art. 77, I e § 1º), causa de revogação do livramento condicional (art. 86), causa de conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 44, § 5º), impossibilita a transação penal e concessão de suspensão condicional do processo (arts. 76 e 89 da Lei nº 9.099/95) etc. EXTRAPENAIS a) Genéricos: art. 91 do CP; b) Específicos: art. 92 do CP; c) Previstos em “leis” especiais (exs: art. 15, III, CF; art. 83 da Lei de Licitações; art. 181, da Lei de Falências). *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br CAPÍTULO VII DA REABILITAÇÃO Reabilitação Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplica- das em sentença definitiva, assegurando ao condenado O SI- GILO DOS REGISTROS sobre o seu processo e condenação. Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos in- cisos I (perda de cargo, função pública ou mandato eletivo) e II (incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou cu- ratela) do mesmo artigo. Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional , se não sobrevier revogação, desde que o condenado: I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido (2 anos); II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efeti- va e constante de bom comportamento público e privado ; III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou de- monstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da víti- ma ou novação da dívida. Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser re- querida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessá- rios. Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a re- querimento do Ministério Público, se o reabilitado for con- denado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa. 34 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 TÍTULO VI DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA SISTEMA DO DUPLO BINÁRIO SISTEMA VICARIANTE OU UNITÁRIO O semi-imputável cumpriria inicialmente a pena privati- va de liberdade e, ao seu fi- nal, se mantida a presença da periculosidade, seria submetido a uma medida de segurança Ao semi-imputável será apli- cada a pena reduzida de 1/3 a 2/3 OU a medida de segu- rança, conforme seja mais adequado ao caso. Adotado pelo CP. *Explicações retiradas do site https://blog.ebeji.com.br/o-cp-brasileiro-adota-o-sistema-vica- riante-ou-duplo-binario/ Espécies de medidas de segurança Art. 96. As medidas de segurança são: I - Internação em hospital de custódia e tratamento psi- quiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II - sujeição a tratamento ambulatorial. Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido im- posta. MS DETENTIVA MS RESTRITIVA Internação Tratamento ambulatorial Crimes apenados com RECLUSÃO Crimes apenados com DE- TENÇÃO, salvo se a periculo- sidade do agente justificar a aplicação de internação Imposição da medida de segurança para inimputável Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como cri- me for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. Prazo § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo INDETERMINADO, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculo- sidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 a 3 anos. Perícia médica § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. Desinternação ou liberação condicional § 3º - A desinternação, ou a liberação, SERÁ SEMPRE CONDICIONAL devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 ano, pratica fato indica- tivo de persistência de sua periculosidade (o fato não preci- sa ser típico) § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, po- derá o juiz determinar a internação do agente, se essa provi- dência for necessária para fins curativos. Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 a 3 anos, nos termos do artigo anterior e res- pectivos §§ 1º a 4º. PRAZO MÁXIMO DA MEDIDA DE SEGURANÇA STF STJ 40 anos (Pacote Anticrime) Prazo igual ao da pena máxi- ma abstratamente cominada pelo crime Direitos do internado Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será submetido a tra- tamento. INIMPUTÁVEL SEMI-IMPUTÁVEL Absolvição imprópria *Não interrompe o prazo prescricional Condenação Impõe-se medida de segu- rança Impõe-se pena, reduzida de 1/3 a 2/3. OBS: caso seja necessário, o juiz pode impor medida de segurança MS não gera reincidência MS, caso imposta, gera reincidência SÚMULAS SOBRE MEDIDA DE SEGURANÇA STF Súmula 422-STF: A absolvição criminal não prejudica a medida de segurança, quando couber, ainda que importe privação da liberdade. Súmula 520-STF: Não exige a leique, para requerer o exame a que se refere o art. 777 do Código de Processo Penal, tenha o sentenciado cumprido mais de metade do prazo da medida de segurança imposta. Súmula 525-STF: A medida de segurança não será aplicada em segunda instância, quando só o réu tenha recorrido. STJ Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado (STF: não pode ultrapassar 40 anos) 35 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 TÍTULO VII DA AÇÃO PENAL Ação pública e de iniciativa privada Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei ex- pressamente a declara privativa do ofendido. § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Públi- co, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para repre- sentá-lo. § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal (Ação penal privada subsidiária da pública) § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido de- clarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascenden- te, descendente ou irmão. (CADI) A ação penal no crime complexo Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou cir- cunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constitu- em crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. Irretratabilidade da representação Art. 102 - A representação será irretratável DEPOIS DE OFERECIDA a denúncia. Decadência do direito de queixa ou de representação Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime , ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendi- do a indenização do dano causado pelo crime. Perdão do ofendido Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que so- mente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimen- to da ação. Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros; III - se o querelado o recusa, não produz efeito. § 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato in- compatível com a vontade de prosseguir na ação. § 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória. TÍTULO VIII DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Extinção da punibilidade Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso – abolitio criminis; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. CABE RETRATAÇÃO Calúnia Difamação Falso testemunho Falsa perícia Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agra- vante de outro NÃO SE ESTENDE A ESTE. Nos crimes cone- xos, a extinção da punibilidade de um deles NÃO IMPEDE, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da co- nexão. Prescrição antes de transitar em julgado a sentença Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liber- dade cominada ao crime, verificando-se: I - em 20 anos, se o máximo da pena é superior a 12; II - em 16 anos, se o máximo da pena é superior a 8 anos e não excede a 12; 36 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 III - em 12 anos, se o máximo da pena é superior a 4 anos e não excede a 8; IV - em 8 anos, se o máximo da pena é superior a 2 anos e não excede a 4; V - em 4 anos, se o máximo da pena é igual a um 1 ou, sendo superior, não excede a 2; VI - em 3 anos, se o máximo da pena é inferior a 1 ano. Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de di- reito os mesmos prazos previstos para as privativas de li- berdade. PENA PRAZO DE PRESCRIÇÃO < 1 ano 3 anos 1 a 2 anos 4 anos >2 a 4 anos 8 anos >4 a 8 anos 12 anos >8 a 12 anos 16 anos >12 anos 20 anos Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória Art. 110 - PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (PPE) - A prescrição depois de transitar em julgado a sen- tença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica- se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumen- tam de 1/3, se o condenado é reincidente. § 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, EM NENHUMA HIPÓTESE, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a ativida- de criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tor- nou conhecido. V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especi- al, da data em que a vítima completar 18 anos , salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código (PPE), a prescrição começa a correr: I - do dia em que transita em julgado a sentença con- denatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revo- gação do livramento condicional Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revo- gar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. Prescrição da multa Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. Redução dos prazos de prescrição Art. 115 - São reduzidos de metade os prazosde pres- crição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos. Causas impeditivas da prescrição Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, ques- tão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; (LEI 13964/19) III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e (LEI 13964/19) IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. (LEI 13964/19) Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sen- tença condenatória, a prescrição não corre durante o tem- po em que o condenado está preso por outro motivo. 37 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 NÃO CORRE A PRESCRIÇÃO (CAUSAS IMPEDITIVAS) ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DEPOIS DO TRÂNSITO EM JULGADO - Não resolvida, em outro processo, questão de que de- penda o reconhecimento da existência do crime - Estiver preso por outro mo- tivo - enquanto o agente cumpre pena no exterior - na pendência de embar- gos de declaração ou de re- cursos aos Tribunais Superi- ores, quando inadmissíveis; - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. CAUSAS IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19 I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. Causas interruptivas da prescrição Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia (ainda que o Júri venha a desclassifi- car) III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela publicação da sentença ou acórdão condena- tórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela REINCIDÊNCIA. § 1º - Excetuados os casos interrupção referente ao início ou continuação do cumprimento da pena e à reinci- dência, a interrupção da prescrição produz efeitos relativa- mente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos de- mais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo em relação à hipó- tese referente ao início ou continuação do cumprimento da pena, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da in- terrupção. Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. SÚMULAS SOBRE PRESCRIÇÃO STF Súmula 146-STF: A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há recurso da acusação. Súmula 497-STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO decorrente da continuação. Súmula 592-STF: Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no Código Pe- nal. STJ Súmula 191-STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclas- sificar o crime. Súmula 220-STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva (Influi na PPE) Súmula 438-STJ: É inadmissível a extinção da punibilida- de pela prescrição da pretensão punitiva com fundamen- to em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal (Prescrição Virtual) Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isolada- mente. Perdão judicial Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência. SÚMULAS SOBRE PERDÃO JUDICIAL Súmula 18-STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. 38 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de 6 a 20 anos. Caso de diminuição de pena – HOMICÍDIO PRIVILEGIADO § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de re- levante valor social ou moral, ou sob o domínio de violen- ta emoção, logo em seguida a injusta provocação da víti- ma, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3. HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO (HOMICÍDIO HÍBRIDO): possível, desde que as qualificadoras sejam de ordem objetiva (referentes aos MEIOS E MODO DE EXECU- ÇÃO – III e IV) Art. 121, § 1º Art. 65, inc. III, alínea c O privilégio somente é aplicável ao homicídio doloso A atenuante genérica é aplicável para qualquer crime O privilégio reclama o domínio de violenta emoção Para a atenuante genérica basta a influência de violenta emoção Injusta provocação da vítima Ato injusto da vítima Reação imediata Pode ocorrer a qualquer momento Havendo privilégio, exclui-se a atenuante genérica. *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.b Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por ou- tro motivo torpe (motivo abjeto, indigno, desprezível, imoral); NÃO CARACTERIZA BIS IN IDEM o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violên- cia doméstica e familiar. STJ. 6ª Turma. HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julga- do em 24/04/2018 (Info 625). Paga ou promessa de recompensa importam homicídio mer- cenário ou homicídio por mandato remunerado. Motivo do crime é cupidez: busca desesperada por alguma vanta- gem (MASSON, Cleber. Direito Penal esquematizado. São Paulo: Método, 2014) II - por motivo fútil (motivo bobo, insignificante, pequeno, mesquinho); Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve o homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Vale ressaltar, no entanto, que a discussão anterior entre víti- ma e autor do homicídio, por si só, não afasta a qualificadora do motivo fútil. Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1113364-PE, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/08/2013 (Info 525). O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/03/2012. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/06/2017. III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tor- tura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa re- sultar perigo comum; Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reco- nhecimento do meio cruel, na medida em que o dolo do agente, direto ou indireto, não exclui a possibilidade de a prática delitiva envolver o emprego de meio mais reprovável, como veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (art. 121, § 2º, III, do CP). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1573829/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/04/2019. STJ. 6ª Turma. REsp 1829601-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/02/2020 (Info 665).O que é meio cruel? Ocorre quando o agente pratica o ho- micídio de uma forma que causa maior sofrimento à víti- ma, mesmo sendo possível cometer o crime de um modo menos doloroso. IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, IV (traição, emboscada, dissimulação). STF. 2ª Turma. HC 111442/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2012 (Info 677). V - para assegurar a execução (TELEOLÓGICA), a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime (CONSEQUEN- CIAL): Pena - reclusão, de 12 a 30 anos. VI - contra a mulher por razões da condição de sexo femi- nino – Feminicídio (STJ: NATUREZA OBJETIVA) 39 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3° grau, em razão dessa condi- ção: Pena - reclusão, de 12 a 30 anos. AUTORIDADE, AGENTE OU INTEGRANTE da(o) (s): • Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica); • Polícia Federal; • Polícia Rodoviária Federal; • Polícia Ferroviária Federal; • Polícias Civis; • Polícias Militares; • Corpos de Bombeiros Militares; • Guardas Municipais; • Agentes de segurança viária; • Sistema Prisional (agentes, diretores de presídio, carcereiro etc.); • Força Nacional de Segurança Pública. § 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo fe- minino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de 1 a 3 anos. Aumento de pena § 4o No HOMICÍDIO CULPOSO, a pena é aumentada de 1/3, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de pro- fissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar ime- diato socorro à vítima, não procura diminuir as conse- quências do seu ato, ou foge para evitar prisão em fla- grante. Sendo DOLOSO o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos. No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa. STJ. 5ª Turma. HC 269038-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014 (Info 554). É possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP no caso de homicídio culposo come- tido por médico e decorrente do descumprimento de regra técnica no exercício da profissão. Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. STJ. 5ª Turma. HC 181847-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Rel. para acórdão Min. Campos Marques (Desembargador convocado do TJ/PR), julgado em 4/4/2013 (Info 520). § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá dei- xar de aplicar a pena, se as consequências da infração atin- girem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. § 6o A pena é aumentada de 1/3 até 1/2 se o crime for pra- ticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. § 7o A PENA DO FEMINICÍDIO é aumentada de 1/3 até 1/2 se o crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao par- to; II - contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acar- retem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Lei 13771/2018) III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Lei 13771/2018) IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgên- cia previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Lei 13771/2018) Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutila- ção Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (LEI 13968/19) Pena - reclusão, de 6 meses a 2 anos. (LEI 13968/19) § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (LEI 13968/19) Pena - reclusão, de 1 a 3 anos. (LEI 13968/19) § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (LEI 13968/19) Pena - reclusão, de 2 a 6 anos. (LEI 13968/19) § 3º A pena é duplicada: (LEI 13968/19) I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (LEI 13968/19) II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (LEI 13968/19) § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (LEI 13968/19) § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (LEI 13968/19) § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, 40 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. (LEI 13968/19) § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 anos ou contra quem não tem o ne- cessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, res- ponde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código (LEI 13968/19) Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de 2 a 6 anos. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que ou- trem lho provoque: Pena - detenção, de 1 a 3 anos. Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de 3 a 10 anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a ges- tante não é maior de 14 anos, ou é alienada ou débil men- tal, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, gra- ve ameaça ou violência. Forma qualificada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de 1/3, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qual- quer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gesta- ção provocada pela própria gestante (art. 124) ou com o seu consentimento (art. 126) não é crime. É preciso conferir in- terpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da ges- tação efetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nes- sa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionalidade. STF. 1ª Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/11/2016 (Info 849). É inconstitucional a interpretação segundoa qual a interrup- ção da gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificada nos arts. 124, 126 e 128, I e II, do CP. A interrupção da gra- videz de feto anencéfalo é atípica. STF. Plenário. ADPF 54/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11 e 12/4/2012. EXCEÇÕES EM QUE O ABORTO NÃO É CRIME Se não há outro meio de salvar a vida da gestante. É o chamado aborto “necessário” ou “terapêutico”, previsto no inciso I. No caso de gravidez resultante de estupro. Trata-se do aborto “humanitário”, “sentimental”, “ético” ou “piedoso”, elencado no inciso II. Interrupção da gravidez de feto anencéfalo Interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação (Esta decisão foi tomada pela 1ª Turma do STF(não se sabe como o Plenário decidiria) CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gesta- ção. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.- com.br/jurisprudencia/detalhes/db9e6eef2eb4f0d8c55ecc7beaf2d78d> CAPÍTULO II DAS LESÕES CORPORAIS Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de ou- trem (leve): Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano. Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta (grave): I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2° Se resulta (gravíssima): I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incur á vel ; III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; 41 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 V - aborto: Pena - reclusão, de 2 a 8 anos. A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV, do CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade na vítima. Isso porque, o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação, não o afetando providências posteriores, notadamente quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de tratamentos prolongados, dolorosos ou geradores do risco de vida) e promovidas a critério exclusivo da vítima.STJ. 6ª Turma. HC 306.677-RJ, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/5/2015 (Info 562). A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art. 129, § 1º, III, do CP), e não gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP). Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi- lo (crime preterdoloso): Pena - reclusão, de 4 a 12 anos. Diminuição de pena § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de re- levante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima , o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3. Substituição da pena § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substi- tuir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior (lesão corporal privilegiada) II - se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa § 6° Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano. Aumento de pena § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hi- póteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. CRIME PRATICADO POR MILÍCIA PRIVADA, SOB O PRETEXTO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE SEGURANÇA, OU POR GRUPO DE EXTERMÍNIO Art. 121, §6° Art. 129, §7° A pena é aumentada de 1/3 até 1/2 Aumenta-se a pena de 1/3 § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 – perdão judicial Violência Doméstica § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descenden- te, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 3 meses a 3 anos. Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, § 9º, do CP – lesão corporal leve –, qualificada pela violência doméstica, tão somente em razão de o crime não ter ocorrido no ambiente familiar. Sendo a lesão corporal praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, deverá incidir a qualificadora do § 9º não importando onde a agressão tenha ocorrido. STJ. 5ª Turma. RHC 50026-PA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 3/8/2017 (Info 609). A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais cometidas contra HOMEM no âmbito das relações domésticas. STJ. 5ª Turma. RHC 27622-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/8/2012. A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Pet 11.805-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604). Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo (lesão grave, gravíssima e seguida de morte), se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo (violência doméstica), au- menta-se a pena em 1/3. § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo (violência doméstica), a pena será aumentada de 1/3 se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integran- tes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pú- blica, no exercício da função ou em decorrência dela, ou con- tra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3° grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de 1/3 a 2/3. CAPÍTULO III DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE Perigo de contágio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia vené- rea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. 42 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Perigo de contágio de moléstia grave Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem mo- léstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Perigo para a vida ou saúde de outrem Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo di- reto e iminente: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, se o fato não cons- titui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. Abandono de incapaz Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, in- capaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natu- reza grave: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de 4 a 12 anos. Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de 1/3: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônju- ge, irmão, tutor ou curador da vítima. III – se a vítima é maior de 60 anosExposição ou abandono de recém-nascido Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocul- tar desonra própria: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - detenção, de 1 a 3 anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de 2 a 6 anos. Omissão de socorro Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extravia- da, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade (1/2), se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. É crime omissivo PRÓPRIO Não admite tentativa Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendi- mento médico-hospitalar emergencial: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educa- ção, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando- a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de 4 a 12 anos. § 3º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos. CAPÍTULO IV DA RIXA Rixa Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os conten- dores: Pena - detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos (resquício de responsabilidade objetiva no Direito Penal) CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A HONRA Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputa- ção, a propala ou divulga. § 2º - É PUNÍVEL a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 43 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. NÃO SE ADMITE EXCEÇÃO DA VERDADE CRIME DE AÇÃO PRIVADA CRIME DE AÇÃO PÚBLICA Não foi condenado Foi absolvido Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. EXCEÇÃO DA VERDADE CALÚNIA REGRA: Admite EXCEÇÃO: -Crime de ação privada: Não foi condenado -Crime de ação pública: Foi absolvido -Fato imputado ao Presiden- te da República ou chefe de governo estrangeiro DIFAMAÇÃO REGRA: Não admite EXCEÇÃO: se o ofendido é funcionário público e a ofen- sa é relativa ao exercício de suas funções Configura difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual a frase completa do orador é edita- da, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal de negros e pobres. A edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e, quando feita com o ob- jetivo de difamar a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa. Vale ressaltar que esta conduta do agente, ainda que praticada por Deputado Federal, não estará pro- tegida pela imunidade parlamentar. STF. 1ª Turma. AP 1021/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/8/2020 (Info 987). Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. § 1º - O juiz pode DEIXAR DE APLICAR A PENA: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou di- retamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra in- júria. § 2º – INJÚRIA REAL: Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referen- tes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de 1 a 3 anos e multa. A ausência de previsibilidade de que a ofensa chegue ao co- nhecimento da vítima afasta o dolo específico do delito de injúria, tornando a conduta atípica STJ. 6ª Turma. REsp 1.765.673-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/05/2020 (Info 672). INJÚRIA RACIAL Ação penal pública condicionada à representação. A injúria racial é um delito inserido no panorama constituci- onal do crime de racismo, sendo considerado i mprescritível, inafiançável e sujeito à pena de reclusão. INJÚRIA RACIAL (art. 140, § 3º do CP) (alguns autores chamam de racismo impróprio) RACISMO (art. 20 da Lei 7.716/89) Art. 140. Injuriar alguém, ofen- dendo-lhe a dignidade ou o decoro: § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos refe- rentes a raça, cor, etnia, religi- ão, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa. Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, et- nia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa. O agente ofende, insulta, ou seja, xinga alguém utilizando elementos relacionados com a sua raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pes- soa idosa ou portadora de de- ficiência. A ofensa é praticada contra O agente pratica algum ato discriminatório que faz com que a vítima fique privada de algum direito em virtude de sua raça, cor, etnia, religião ou pro- cedência nacional. Há um ato de segregação. 44 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 uma pessoa determinada ou um grupo determinado de indivíduos (exs: cinco amigos negros, árabes etc.). Também pode ser caracteri- zado mediante uma ofensa verbal (sem um ato de se- gregação), desde que a ofensa seja dirigida a to- dos os integrantes de certa raça, cor, etnia, religião etc. A intenção do agente é ata- car a honra subjetiva de uma pessoa ou de um grupo deter- minado de pessoas, utilizando os elementos já mencionados. A intenção é segregar a pessoa ou um grupo de pessoas por conta de um dos elementos já menciona- dos. Ex: “seu macaco”. Ex: “vocês 5 são um bando de terroristas”. Ex: nesta festa não pode en- trar negros. Ex: todos os judeus são la- drões. O agente visa a atingir uma pessoa determinada ou de- terminável. O agente visa a atingir um número indeterminado de pessoas (todos que compõem aquela coletivida- de). O bem jurídico tutelado é a honra subjetiva. O bem jurídico tutelado é a igualdade. Trata-se de crime de ação pe- nal pública condicionada à representação da vítima (art. 145, parágrafo único, do CP). Trata-se de crime deação penal pública incondicio- nada. Há polêmica se seria ou não um crime inafiançável e im- prescritível, ou seja, se está in- cluído no art. 5º, XLII, da CF/ 88. Existe uma decisão do STJ reconhecendo a impres- critibilidade: STJ. 6ª Turma. AgRg no Aresp 686965/DF, j. 18/08/2015. Não há dúvidas de que se trata de crime inafiançável e imprescritível, nos termos do art. 5º, XLII: “a prática do racismo constitui crime ina- fiançável e imprescritível, su- jeito à pena de reclusão, nos termos da lei;” *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br Disposições comuns Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de 1/3, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de defi- ciência, exceto no caso de injúria. §1° Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Exclusão do crime Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou ci- entífica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Retratação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata ca- balmente da CALÚNIA ou da DIFAMAÇÃO, fica isento de pena. Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha prati- cado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de co- municação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. Possibilidade de retratação exclusivamente pessoal - não se estende aos demais ofensores. Não se admite retratação da injúria Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calú- nia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a cri- tério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa (ação penal privada), salvo quan- do, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão cor- poral. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Minis- tro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3° do art. 140 (injúria racial) deste Código. AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA REGRA Ação penal privada EXCEÇÕES Ação penal pública incondicionada – injúria real com lesões corporais 45 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Ação penal pública condicionada: - Requisição do MJ: art. 141, I - Representação do ofendido: art. 141, II e art. 140, §3° CAPÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL SEÇÃO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Constrangimento ilegal Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qual- quer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. Aumento de pena § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de 3 pes- soas, ou há emprego de armas. § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as corres- pondentes à violência. § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti- mento do paciente ou de seu representante legal, se justifica- da por iminente perigo de vida; II - a coação exercida para impedir suicídio. Ameaça Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante repre- sentação. Sequestro e cárcere privado Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante se- questro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos. § 1º - A pena é de reclusão, de 2 a 5 anos: I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 anos; II - se o crime é praticado mediante internação da víti- ma em casa de saúde ou hospital; III - se a privação da liberdade dura mais de 15 dias. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 anos; V – se o crime é praticado com fins libidinosos. § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: Pena - reclusão, de 2 a 8 anos. Redução a condição análoga à de escravo Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escra- vo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua loco- moção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de traba- lho; II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do tra- balhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é co- metido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religi- ão ou origem. Para configurar o delito do art. 149 do Código Penal(redução a condição análoga à de escravo) NÃO É imprescindível a restrição à liberdade de locomoção dos trabalhadores. O delito pode ser praticado por meio de outras condutas como no caso em que os trabalhadores são sujeitados a condições degradantes, subumanas. STJ. 3ª Seção. CC 127937-GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/5/2014 (Info 543). A competência para julgar o crime de redução a condição análoga à de escravo (art. 149 do CP) é da Justiça Federal (art. 109, VI, da CF/88). Tráfico de Pessoas Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, trans- ferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ame- aça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de es- cravo; III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; IV - adoção ilegal; ou V - exploração sexual. Pena - reclusão, de 4 a 8 anos, e multa. § 1o A pena é aumentada de 1/3 até a metade (1/2) se: I - o crime for cometido por funcionário público no exercí- cio de suas funções ou a pretexto de exercê-las; II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, do- mésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência 46 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. § 2o A pena é reduzida de 1/3 a 2/3 se o agente for primário e não integrar organização criminosa. SEÇÃO II DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIOViolação de domicílio Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astucio- samente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de 1 a 3 meses, ou multa. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lu- gar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por 2 ou mais pessoas: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, além da pena cor- respondente à violência. § 2º - (REVOGADO PELA LEI 13869/19) § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: I - durante o dia, com observância das formalidades le- gais, para efetuar prisão ou outra diligência; II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde al- guém exerce profissão ou atividade. § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. SEÇÃO III DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA Violação de correspondência Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de corres- pondência fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Sonegação ou destruição de correspondência § 1º - Na mesma pena incorre: I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou te- lefônica II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pes- soas; III - quem impede a comunicação ou a conversação refe- ridas no número anterior; IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioe- létrico, sem observância de disposição legal. § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem. § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico: Pena - detenção, de 1 a 3 anos. § 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. Correspondência comercial Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo: Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos. Parágrafo único - Somente se procede mediante repre- sentação. SEÇÃO IV DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS Divulgação de segredo Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa pro- duzir dano a outrem: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. § 1º Somente se procede mediante representação. § 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sis- temas de informações ou banco de dados da Administração Pública: Pena – detenção, de 1 a 4 anos, e multa. § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada. Violação do segredo profissional Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou pro- fissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante repre- sentação. Invasão de dispositivo informático Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa 47 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no ca- put. § 2o Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 se da invasão resulta prejuízo econômico. § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comu- nicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou indus- triais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o con- trole remoto não autorizado do dispositivo invadido: Pena - reclusão, de 6 meses a 2 anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de 1/3 a 2/3 se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. § 5o Aumenta-se a pena de 1/3 a 1/2 se o crime for pratica- do contra: I - Presidente da República, governadores e prefeitos; II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Fede- ral, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legisla- tiva do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. Ação penal Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se o crime é come- tido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos. TÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO CAPÍTULO I DO FURTO Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia MÓVEL: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado durante o repouso noturno (não é necessário que a casa es- teja habitada) É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º). Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferen- tes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A posição topográfica do § 1º (vem antes do § 4º) não é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º). STF. 2ª Turma. HC 130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851). STJ. 6ª Turma. HC 306450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554). § 2º - [FURTO PRIVILEGIADO] Se o criminoso é PRIMÁ- RIO, e é de PEQUENO VALOR a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa. FURTO PRIVILEGIADO 1) Primariedade do agente 2) Pequeno valor da coisa furtada O agente (criminoso) deve ser primário. Primário é o indivíduo que não é reincidente, nos termos do art. 63 do CP. Segundo a jurisprudência, para os fins do § 2º do art. 155, coisa de pequeno valor é aquela cujo preço, no momento do crime, não seja superior a 1 salário-mínimo. *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado § 4º – [FURTO QUALIFICADO] A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub- tração da coisa; A conduta de violar o automóvel, mediante a destruição do vidro para que seja subtraído bem que se encontre em seu interior — no caso, um aparelho de som automotivo — con- figura o tipo penal de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa, previsto no art. 155, § 4º, in- ciso I, do CP. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1364606-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 22/10/2013 (Info 532). STJ. 3ª Seção. EREsp 1079847/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Se- ção, julgado em 22/05/2013. II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca- lada ou destreza; É imprescindível, para a constatação da qualificadora refe- rente à escalada no crime de furto, a realização do exame de corpo de delito, o qual pode ser suprido pela prova tes- temunhal ou outro meio indireto somente quando os vestí- gios tenham desaparecido por completo ou o lugar se tenha tornado impróprio para a constatação dos peritos, o que não foi evidenciado nos autos. STJ. 6ª Turma. HC 456.927/SC, Rel. 48 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Min. Laurita Vaz, julgado em 12/03/2019. No crime de furto, não deve ser reconhecida a qualificadora da “destreza” (art. 155, § 4º, II, do CP) caso inexista compro- vação de que o agente tenha se valido de excepcional – in- comum – habilidade para subtrair a coisa que se encon- trava na posse da vítima sem despertar-lhe a atenção . Destreza, para fins de furto qualificado, é a especial habilida- de física ou manual que permite ao agente subtrair bens em poder direto da vítima sem que ela perceba o furto. É o cha- mado “punguista”. STJ. 5ª Turma. REsp 1.478.648-PR, Rel. para acórdão Min. Newton Trisotto (desembargador convo- cado do TJ/SC), julgado em 16/12/2014 (Info 554). III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de 2 ou mais pessoas . § 4º-A A pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 5º - A pena é de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. § 6o A pena é de reclusão de 2 a 5 anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. § 7º A pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabrica- ção, montagem ou emprego. FURTO DE ENERGIA ELÉTRICA: o pagamento integral do débito, desde que efetuado em momento anterior ao recebi- mento da peça acusatória, NÃO configura causa de extinção da punibilidade (RHC 101299/RS STJ-2019). FURTO FAMÉLICO: é a hipótese de se subtrair alimento para saciar a fome; pode, em tese, configurar estado de necessi- dade. STJ: NÃO SE APLICA o princípio da insignificância em furto qualificado. Furto de coisa comum Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa co- mum: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - NÃO É PUNÍVEL a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. SÚMULAS SOBRE FURTO Súmula 442-STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualifica- do, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo. Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por moni- toramento eletrônico ou por existência de segurança no in- terior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 47: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - FURTO 1) Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo PRESCINDÍVEL A POSSE MANSA E PACÍFICA OU DESVIGIADA. 2) Não há continuidade delitiva entre roubo e furto, porquanto, ainda que possam ser considerados delitos do mesmo gênero, não são da mesma espécie. 3) O rompimento ou destruição do vidro do automóvel com a finalidade de subtrair objetos localizados em seu interior qualifica o furto. 4) Todos os instrumentos utilizados como dispositivo para abrir fechadura são abrangidos pelo conceito de chave falsa, incluindo as mixas. 5) É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. (Súmula n. 511/STJ) (Tese julgada sob o rito do Art. 543-C/1973 - TEMA 561) 6) A prática do delito de furto qualificado por escalada, destreza, rompimento de obstáculo ou concurso de agentes indica a reprovabilidade do comportamento do réu, sendo inaplicável o princípio da insignificância. 7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu faz do crime o seu meio de vida , ainda que a coisa furtada seja de pequeno valor. 8) Para reconhecimento do crime de furto privilegiado é indiferente que o bem furtado tenha sido restituído à vítima, pois o critério legal para o reconhecimento do privilégio é somente o pequeno valor da coisa subtraída. 9) Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção entre valor insignificante e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime e o segundo pode caracterizar o furto privilegiado. 10) É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo. (Súmula n. 442/STJ) 11) Para a caracterização do furto privilegiado, além da primariedade do réu, o valor do bem subtraído não deve exceder à importância correspondente ao salário mínimo vigente à época dos fatos. 12) O reconhecimento das qualificadoras da escalada e rompimento de obstáculo previstas no art. 155, § 4º, I e II, do CP exige a realização do exame pericial, salvo nas hipóteses de inexistência ou desaparecimento de 49 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 vestígios, ou ainda se as circunstâncias do crime não permitirem a confecção do laudo. 13) Reconhecido o privilégio no crime de furto, a fixação de um dos benefícios do § 2º do art. 155 do CP exige expressa fundamentação por parte do magistrado. 14) A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada insignificante quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário mínimo vigente à época dos fatos. 15) Nos casos de contituidade delitiva o valor a ser considerado para fins de concessão do privilégio (artigo 155, § 2º, do CP) ou do reconhecimento da insignificância é a soma dos bens subtraídos. O STJ tem decidido que, em regra, não se aplica o princípio da insignificância em caso de continuidade delitiva: A prática de crimes de furto em continuidade delitiva evidencia o maior grau de reprovabilidade da conduta do agente, não admitindo a aplicação do princípio da insignificância. Assim, o princípio da insignificância não tem aplicabilidade em casos de reiteração da conduta delitiva, salvo excepcionalmente, quando as instâncias ordinárias entenderem ser tal medida recomendável diante das circunstâncias concretas (STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 396.667/SC, Rel.Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/12/2018). CAPÍTULO II DO ROUBO E DA EXTORSÃO Roubo Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou- trem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa [VIO- LÊNCIA PRÓPRIA], ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência [VIOLÊN- CIA IMPRÓPRIA]: Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou gra- ve ameaça [VIOLÊNCIA PRÓPRIA], a fim de assegurar a im- punidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro [ROUBO IMPRÓPRIO]. Não é possível roubo impróprio com violência imprópria ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO Violência/grave ameaça an- tes ou durante a subtração, objetivando alcançar a sub- tração do bem. Violência/grave ameaça logo após a subtração a fim de as- segurar impunidade do crime ou a detenção da coisa. § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 até metade (1/2): II - se há o concurso de 2 ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res- tringindo sua liberdade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com em- prego de arma branca; (LEI 13964/19) § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3: I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo medi- ante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (LEI 13964/19) § 3º Se da violência resulta: I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 a 18 anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 a 30 anos, e multa ROUBO COM EMPREGO DE ARMA ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19 Emprego de arma branca não era causa de aumento de pena A pena aumenta-se de 1/3 até 1/2 se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de ARMA BRANCA A pena aumenta-se de 2/3 se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo A pena aumenta-se de 2/3 se a violência ou ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO Aplica-se a pena em DOBRO se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO SÚMULAS SOBRE ROUBO STF Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima STJ 50 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Súmula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado EXIGE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. TEORIAS SOBRE O MOMENTO CONSUMATIVO DO FURTO E DO ROUBO CONTRECTATIO Para que o crime se consuma basta o agente tocar na coisa. AMOTIO (APPREHENSIO) O crime se consuma quando a coisa sub- traída passa para o poder do agente, mesmo que não haja posse mansa e pacífica e mesmo que a posse dure cur- to espaço de tempo. Não é necessário que o bem saia da esfe- ra patrimonial da vítima. ABLATIO Consuma-se quando o agente consegue levar a coisa, tirando-a da esfera patri- monial do proprietário. ILATIO Para que o crime se consuma, é necessá- rio que a coisa seja levada para o local desejado pelo agente e mantida a salvo. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou- trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por 2 ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até me- tade (1/2). § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da li- berdade da vítima, e essa condição é necessária para a ob- tenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 a 12 anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2 e 3, res- pectivamente. Emprego de arma branca Emprego de arma de fogo Roubo MAJORADO (aumento de 1/3 a ½) – pacote anticrime Extorsão majorada (aumento de 1/3 a 1/2) Roubo majorado (aumento de 2/3) Extorsão majorada (aumen- to de 1/3 a 1/2) Extorsão mediante sequestro Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de 8 a 15 anos.. § 1o Se o sequestro dura mais de 24 horas, se o seques- trado é menor de 18 ou maior de 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão, de 12 a 20 anos. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 16 a 24 anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de 24 a 30 anos. § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorren- te que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 Extorsão indireta Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. SÚMULA SOBRE EXTORSÃO Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se indepen- dentemente da obtenção da vantagem indevida. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 51: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - II 1) Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 916) 2) O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. (Súmula n. 443/STJ) 3) Há concurso material entre os crimes de roubo e extorsão quando o agente, após subtrair bens da vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça, a constrange a entregar o cartão bancário e a respectiva senha para sacar dinheiro de sua conta corrente. 4) Não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de roubo e de extorsão, pois são infrações penais de espécies diferentes. 5) O roubo praticado em um mesmo contexto fático, mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, enseja o reconhecimento do concurso formal de crimes, e não a ocorrência de crime único. STF: crime único 6) É prescindível a apreensão e perícia da arma de fogo para a caracterização de causa de aumento de pena prevista no art. 157,§ 2º, I, do CP, quando evidenciado o 51 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 seu emprego por outros meios de prova. 7) Cabe a defesa o ônus da prova de demonstrar que a arma empregada para intimidar a vítima é desprovida de potencial lesivo. 8) A utilização de arma sem potencialidade lesiva, atestada por perícia, como forma de intimidar a vítima no delito de roubo, caracteriza a elementar grave ameaça, porém, não permite o reconhecimento da majorante de pena. 9) O crime de porte de arma é absorvido pelo de roubo quando restar evidenciado o nexo de dependência ou de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram praticados em um mesmo contexto fático o que caracteriza o princípio da consunção. 10) A gravidade do delito de roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e/ou emprego de arma de fogo não constitui motivação suficiente, por si só, para justificar a imposição de regime prisional mais gravoso, na medida em que constituem circunstâncias comuns à espécie. 11) Não há continuidade delitiva entre roubo e furto, porquanto, ainda que possam ser considerados delitos do mesmo gênero, não são da mesma espécie. 12) Não é possível o reconhecimento da continuidade delitiva entre os crimes de roubo e latrocínio pois, apesar de se tratarem de delitos do mesmo gênero, não são da mesma espécie, devendo incidir a regra do concurso material. 13) Há tentativa de latrocínio quando a morte da vítima não se consuma por razões alheias à vontade do agente. 14) Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima. (Súmula n. 610/STF) 15) Há concurso formal impróprio no crime de latrocínio nas hipóteses em que o agente, mediante uma única subtração patrimonial provoca, com desígnios autônomos, dois ou mais resultados morte. 16) Nos crimes de roubo praticados em detrimento da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos a fixação da competência é verificada de acordo com a natureza econômica do serviço prestado na forma de agência própria, cuja competência é da Justiça Federal; ou na forma de franquia, explorada por particulares, hipótese em que a Justiça Estadual terá competência para julgamento dos processos. EDIÇÃO N. 87: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - IV 1) O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento em que a violência ou a grave ameaça é exercida, independentemente da obtenção da vantagem indevida. 2) No crime de extorsão, a ameaça a que se refere o caput do art. 158 do CP, exercida com o fim de obter a indevida vantagem econômica, pode ter por conteúdo grave dano aos bens da vítima. 3) O delito de dano ao patrimônio público, quando praticado por preso para facilitar a fuga do estabelecimento prisional, demanda a demonstração do dolo específico de causar prejuízo ao bem público (animus nocendi), sem o qual a conduta é atípica. 5) Não é possível a aplicação do princípio da insignificância nas hipóteses de dano qualificado, quando o prejuízo ao patrimônio público atingir outros bens de relevância social e tornar evidente o elevado grau de periculosidade social da ação e de reprovabilidade da conduta do agente. 6) O crime de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) é de natureza material e exige a constituição definitiva do débito tributário perante o âmbito administrativo para configurar-se como conduta típica. 7) O delito de apropriação indébita previdenciária constitui crime omissivo próprio, que se perfaz com a mera omissão de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais, prescindindo, portanto, do dolo específico. 8) A apropriação indébita previdenciária é crime instantâneo e unissubsistente, sendo a mera omissão de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais suficiente para a caracterização da continuidade delitiva. 9) É possível o reconhecimento da continuidade delitiva de crimes de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP), bem como entre o crime de apropriação indébita previdenciária e o crime de sonegação previdenciária (art. 337-A do CP) praticados na administração de empresas distintas, mas pertencentes ao mesmo grupo econômico. 10) O pagamento integral dos débitos oriundos de apropriação indébita previdenciária, ainda que efetuado após o recebimento da denúncia, mas antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, extingue a punibilidade, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/03. 11) Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de apropriação indébita previdenciária, quando, na ocasião do delito, o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002. Não é possível a aplicação do aos crimes e sonegação contribuição, independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais protegem a própria subsistência Previdência Social modo que é elevado o grau reprovabilidade conduta do agente que atenta contra este bem jurídico supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo delito é a subsistência financeira Previdência Social. Logo, não há como afirmar-se que a reprovabilidade conduta atribuída paciente é grau reduzido, considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação já deficitária Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O reconhecimento atipicidade material nesses casos implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019. 12) O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades transportar, conduzir ou ocultar, é crime permanente, cujo flagrante perdura enquanto o agente se mantiver na posse do bem que sabe ser produto de crime. 52 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 13) No crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do acusado, caberá à defesa apresentar prova acerca da origem lícita da res ou de sua conduta culposa (art. 156 do CPP), sem que se possa falar em inversão do ônus da prova. 14) Talonário de cheques pode ser objeto material do crime de receptação, dada a existência de valor econômico do bem e a possibilidade de posterior utilização fraudulenta para obtenção de vantagem ilícita. 15) É inaplicável o princípio da consunção entre os crimes de receptação e porte ilegal de arma de fogo por serem delitos autônomos e de natureza jurídica distinta, devendo o agente responder por ambos os delitos em concurso material. 16) Justifica-se a opção do legislador pela imposição de pena mais grave ao delito de receptação qualificada em relação à figura simples pois a comercialização ou industrialização do produto de origem ilícita lesiona o mercado e os consumidores. CAPÍTULO III DA USURPAÇÃO Alteração de limites Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qual- quer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar- se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem: Usurpação de águas I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias; Esbulho possessório II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifí- cio alheio, para o fim de esbulho possessório. § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a estacominada. § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. Supressão ou alteração de marca em animais Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa. CAPÍTULO IV DO DANO Dano Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Dano qualificado Parágrafo único - Se o crime é cometido: I - com violência à pessoa ou grave ameaça; II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, em- presa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Não há previsão de dano culposo Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo: Pena - detenção, de 15 dias a 6 meses, ou multa. Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou históri- co Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, ar- queológico ou histórico: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Alteração de local especialmente protegido Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa. Ação penal Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu pa- rágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa. CAPÍTULO V DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA Apropriação indébita Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Aumento de pena § 1º - A pena é aumentada de 1/3, quando o agente re- cebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatá- rio, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão. 53 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Apropriação indébita previdenciária Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra impor- tância destinada à previdência social que tenha sido descon- tada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arre- cadada do público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III - pagar benefício devido a segurado, quando as res- pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à em- presa pela previdência social. § 2o É EXTINTA A PUNIBILIDADE se o agente, esponta- neamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as infor- mações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. § 3o É facultado ao juiz DEIXAR DE APLICAR A PENA ou APLICAR SOMENTE A DE MULTA se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e an- tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces- sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela pre- vidência social, administrativamente, como sendo o míni- mo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclu- sive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, admi- nistrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. A apropriação indébita previdenciária é uma espécie de crime tributário A apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) é crime omissivo material (e não formal), de modo que, por força do princípio da isonomia, aplica-se a ele também a SV 24 (STJ. 6ª Turma. HC 270.027/RS, julgado em 05/08/2014) A prescrição da pretensão punitiva do crime de apropria- ção indébita previdenciária (art. 168-A do CP) permanece suspensa enquanto a exigibilidade do crédito tributário estiver suspensa em razão de decisão de antecipação dos efeitos da tutela no juízo cível. Isso porque a decisão cível acerca da exigibilidade do crédito tributário repercute direta- mente no reconhecimento da própria existência do tipo pe- nal, visto ser o crime de apropriação indébita previdenciária um delito de natureza material, que pressupõe, para sua consumação, a realização do lançamento tributário definiti- vo.STJ. 5ª Turma. RHC 51596-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julga- do em 3/2/2015 (Info 556). Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de apropriação indébita previdenciária Não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de apro- priação indébita previdenciária e de sonegação de contribui- ção previdenciária, independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais protegem a própria subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de repro- vabilidade da conduta do agente que atenta contra este bem jurídico supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo, não há como afirmar- se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, considerando que esta conduta causa pre- juízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, confi- gurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos im- plicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019. Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre: Apropriação de tesouro I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; Apropriação de coisa achada II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, to- tal ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legíti- mo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. CAPÍTULO VI DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilíci- ta, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, dequinhentos mil réis a dez contos de réis. § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no 54 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 art. 155, § 2º (substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa). § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imó- vel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; Defraudação de penhor III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Fraude na entrega de coisa IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Fraude para recebimento de indenização ou valor de se- guro V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequên- cias da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; Fraude no pagamento por meio de cheque VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. § 3º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de insti- tuto de economia popular, assistência social ou beneficên- cia. Estelionato contra idoso § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. § 5º Somente se procede mediante representação, SALVO SE A VÍTIMA FOR: (LEI 13964/19) I - a Administração Pública, direta ou indireta; (LEI 13964/19) II - criança ou adolescente; (LEI 13964/19) III - pessoa com deficiência mental; ou (LEI 13964/19) IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz. (LEI 13964/19) JDPP 8 Nos casos de Estelionato (art. 171, CP) cometido por meio virtual, a competência para processo e julga- mento da ação será do local da agência bancária da con - ta depositária, se a vítima realizou depósito bancário em dinheiro, ou o local da agência bancária da vítima, se ela realizou transferência bancária (TED) . AÇÃO PENAL NO CRIME DE ESTELIONATO ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19 Ação penal pública INCONDICIONADA REGRA Ação penal pública CONDICIONADA à representação da vítima EXCEÇÃO Ação penal pública INCONDICIONADA quando a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz. A exigência de representação no crime de estelionato, trazi- da pelo Pacote Anticrime, não afeta os processos que já es- tavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 13.964/2019. Assim, se já havia denúncia oferecida quando entrou em vigor a nova Lei, não será necessária representa- ção do ofendido. STJ. 5ª Turma. HC 573.093/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2020. A jurisprudência NÃO aplica o princípio da insignificância no estelionato envolvendo o INSS, sob o argumento de que esse tipo de conduta contribui negativamente com o déficit da Previdência. Defende-se que, não obstante ser ínfi- mo o valor obtido com o estelionato praticado, se a prática de tal crime se tornar comum, sem qualquer repressão penal da conduta, certamente se agravará a situação da Previdên- cia, responsável pelos pagamentos das aposentadorias e dos demais benefícios dos trabalhadores brasileiros. Daí porque se conclui que é elevado o grau de reprovabilidade da con- duta praticada. Desse modo, o princípio da insignificância não pode ser aplicado para abrigar conduta cuja lesividade transcende o âmbito individual e abala a esfera coletiva. STF. 1ª Turma. HC 111918, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/05/2012. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 627891/RN, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015. Não se aplica o princípio da insignificância para estelio- nato envolvendo o seguro-desemprego considerando que se trata de bem protegido a partir do interesse público. STF. 1ª Turma. HC 108674, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 28/08/2012. O STF já decidiu que não deve ser aplicado o princípio da insignificância em caso de estelionato envolvendo o FGTS porque a conduta do agente é dotada de acentuado grau de reprovabilidade, “na medida em que a fraude foi perpetrada contra programa social do governo que beneficia inúmeros trabalhadores”. Essa circunstância, aliada à expres- sividade financeira do valor auferido pela paciente à época dos fatos, inibe a aplicabilidade do postulado da insignifi- cância ao caso concreto. STF. 1ª Turma. HC 110845, Rel. Min. 55 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Dias Toffoli, julgado em 10/04/2012. O estelionato previdenciário é crime “permanente” ou “instantâneo de efeitos permanentes”? • Quando praticado pelo próprio beneficiário: é PERMA- NENTE. • Quando praticado por terceiro diferente do beneficiário: é INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES. STF. 1ª Turma. HC 102049, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/11/2011. STJ. 6ª Turma. HC 190071/RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 02/05/2013. Não extingue a punibilidade do crime de estelionato previ- denciário (art. 171, § 3º, do CP) a devolução à Previdência Social, antes do recebimento da denúncia, da vantagem per- cebida ilicitamente. O fato de o agente ter pago integralmente o prejuízo tra- rá algum benefício penal? SIM. O agente poderá ter direito de receber o benefício do arrependimento posterior, tendo sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 16 do CP). STJ. 6ª Turma. REsp 1380672-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 24/3/2015 (Info 559). SÚMULAS SOBRE ESTELIONATO STF Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos Súmula 521-STF: O foro competente para o processo e jul- gamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de FUNDOS, é o do LOCAL onde se deu a RECUSA do pagamento pelo saca- do. Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, NÃO OBSTA AO PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL. OBS: a referida súmula não se aplica ao estelionato no seu tipo fundamental (art. 171, caput) (STJ. 5ª Turma. HC 280.089-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 18/2/2014). STJ Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. Súmula 24-STJ: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência soci- al, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal. Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da VANTAGEM ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante FALSIFICAÇÃO de cheque. Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. Súmula 244-STJ: Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de FUNDOS. ESTELIONATO MEDIANTE FALSIFICAÇÃO DE CHEQUE Juízo do local da OB- TENÇÃO DA VANTA- GEM ILÍCITA ESTELIONATO MEDIANTE EMIS- SÃO DE CHEQUE SEM FUNDOS Foro do local da RE- CUSA “GATO” ALTERAÇÃO DO SISTEMA DE MEDIÇÃO O agente desvia a energia elétrica de sua fonte natural por meio de ligação clandestina, sem passar pelo medidor. O agente altera o sistema de medição,mediante fraude, para que aponte resultado menor do que o real consumo. Trata-se de FURTO. Trata-se de ESTELIONATO. No furto, a fraude tem por objetivo diminuir a vigilância da vítima e possibilitar a subtração da coisa (inversão da posse). O bem é retirado sem que a vítima perceba que está sendo despojada de sua posse. A concessionária não sabe que está fornecendo energia elétrica para aquele indivíduo. Ele está desviando (subtraindo) a energia da rede. A fraude tem por finalidade fazer com que a vítima incida em erro e, voluntariamente, entregue o objeto ao agente criminoso, baseada em uma falsa percepção da realidade. A concessionária sabe que está fornecendo energia elétrica para aquele consumidor, mas a fraude faz com que ela não perceba que ele está pagando menos do que deveria. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar menos que o devido: estelionato (não é furto mediante fraude). Buscador Dizer o Direi- to, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/deta- lhes/11704817e347269b7254e744b5e22dac> ESTELIONATO FURTO MEDIANTE FRAUDE Aponta como elementos do ilícito-típico a necessidade que o indivíduo (i) utilize-se de artifício, ardil ou outro meio de fraude; (ii) induzido ou mantendo a vítima em erro; (iii) obtendo vantagem ilícita. Logo, é indispensável que ocorra dois resultados – vantagem ilícita e prejuízo alheio –o dolo no estelionato existe desde o início, ao passo que na apropriação indébita ele é subseqüente. A fraude é utilizada para iludir a atenção ou vigilância da vítima, que acaba não percebendo que a coisa foi subtraída, ao passo que no estelionato a fraude é anterior ao apossamento da coisa e é causa por sua entrega ao sujeito pela vítima. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br 56 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 MUDANÇA NA AÇÃO PENAL DO ESTELIONATO E RETROATIVIDADE A mudança na ação penal do crime de estelionato, pro- movida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso? Mesmo que já houvesse denúncia oferecida, será necessário intimar a vítima para que ela manifeste interesse na continuidade do processo? 1ª corrente: NÃO 2ª corrente: SIM A retroatividade da representa- ção prevista no § 5º do art. 171 do CP deve se restringir à fase policial. A retroatividade da repre- sentação prevista § 5º do art. 171 alcança todos os processos em curso. A exigência de representação no crime de estelionato, trazi- da pelo Pacote Anticrime, não afeta os processos que já esta- vam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 13.964/2019. Assim, se já havia denúncia oferecida quando entrou em vigor a nova Lei, não será ne- cessária representação do ofendido. A exigência de representa- ção no crime de esteliona- to, trazida pelo Pacote Anti- crime, afeta não apenas os inquéritos, mas também os processos em curso, desde que ainda não tenham tran- sitado em julgado. Assim, mesmo que já hou- vesse denúncia oferecida quando a Lei entrou em vi- gor, o juiz deverá intimar a vítima para manifestar inte- resse na continuidade da persecução penal, no prazo de 30 dias, sob pena de de- cadência. O novo comando normativo apresenta caráter híbrido, pois, além de incluir a representação do ofendido como condição de procedibilidade para a per- secução penal, apresenta po- tencial extintivo da punibilida- de, sendo tal alteração passível de aplicação retroativa por ser mais benéfica ao réu. Contudo, além do silêncio do legislador sobre a aplicação do novo entendimento aos pro- cessos em curso, tem-se que seus efeitos não podem atingir o ato jurídico perfeito e acaba- do (oferecimento da denúncia), de modo que a retroatividade da representação no crime de estelionato deve se restrin- gir à fase policial, não alcan- çando o processo. Do contrá- rio, estar-se-ia conferindo efei- to distinto ao estabelecido na nova regra, transformando-se a representação em condição de prosseguibilidade e não As normas que disciplinam a ação penal, mesmo aquelas constantes do CPP, são de natureza mista. Logo, são re- gidas pelos princípios da re- troatividade e da ultrativida- de benéficas ao réu. Isso por- que disciplinam o exercício da pretensão punitiva. A retroação do § 5º do art. 171 do Código Penal alcança todos os processos em curso, ainda sem trânsito em julga- do, sendo que essa não gera a extinção da punibilidade automática dos processos em curso, nos quais a vítima não tenha se manifestado fa- voravelmente à persecução penal. Deve-se aplicar, por analo- gia, a regra do art. 91 da Lei nº 9.099/95: Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir re- presentação para a proposi- tura da ação penal pública, procedibilidade. o ofendido ou seu repre- sentante legal será intima- do para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência. STJ. 5ª Turma. HC 573.093-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. em 09/06/2020 (Info 674). STF. 2ª Turma. ARE 1230095 AgR, Rel. Gilmar Mendes, jul- gado em 24/08/2020. STJ. 6ª Turma. HC 583.837/ SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/08/2020. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A mudança na ação penal do crime de estelionato, pro- movida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso?. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodirei - to.com.br/jurisprudencia/detalhes/2983e3047c0c730d3b7c022584717f3f> ESTELIONATO (art. 171) O sujeito quer se apropriar da coisa alheia móvel desde o iní- cio APROPRIAÇÃO INDÉBITA (art. 168) O sujeito recebe a coisa alheia móvel e depois decide se apro- priar Correia, Martina. Direito penal em tabelas: parte especial / Martina Correia - Salvador: Editora JusPodivm, 2018. Duplicata simulada Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. Pena - detenção, de 2 a 4 anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. Abuso de incapazes Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de ne- cessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuí- zo próprio ou de terceiro: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. Induzimento à especulação Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex- periência ou da simplicidade ou inferioridade mental de ou- trem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especula- ção com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Fraude no comércio Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; 57 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 II - entregando uma mercadoria por outra: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualida- de ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pe- dra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Outras fraudes Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de re- cursos para efetuar o pagamento: Pena- detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante repre- sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Fraudes e abusos na fundação ou administração de soci- edade por ações Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular. § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou co- municação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa so- bre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudu- lentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à socie- dade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral; IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da própria soci- edade; VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lu- cros ou dividendos fictícios; VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer; VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos menciona- dos nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assem- bléia geral. Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "war- rant" Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Fraude à execução Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des- truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 84: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - III - ESTELIONATO 1) Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. (Súmula n. 17/STJ) 2) O princípio da insignificância é INAPLICÁVEL ao crime de estelionato quando cometido contra a administração pública, uma vez que a conduta ofende o patrimônio público, a moral administrativa e a fé pública, possuindo elevado grau de reprovabilidade. Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato “qualificado” por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do hospital. A jurisprudência do STJ não tem admitido, nos casos de prática de estelionato “qualificado”, a incidência do princípio da insignificância (princípio inspirado na fragmentariedade do Direito Penal). Isso porque se identifica, neste caso, uma maior reprovabilidade da conduta delitiva. No caso concreto, o STJ afirmou que não era possível o trancamento da ação penal, sob o fundamento de inexistência de prejuízo expressivo para a vítima, considerando que, em se tratando de hospital universitário, os pagamentos aos médicos são provenientes de verbas federais. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 548.869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 12/05/2020 (Info 672). 3) Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal. (Súmula n. 107/STJ) 4) O delito de estelionato previdenciário (art. 171, § 3º do CP), praticado pelo próprio beneficiário, tem natureza de crime permanente uma vez que a ofensa ao bem jurídico tutelado é reiterada, iniciando-se a contagem do prazo prescricional com o último recebimento indevido da remuneração. 5) O delito de estelionato previdenciário, praticado para que terceira pessoa se beneficie indevidamente, é crime instantâneo com efeitos permanentes, iniciando-se a contagem do prazo prescricional a partir da primeira 58 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 parcela do pagamento relativo ao benefício indevido. 6) Aplica-se a regra da continuidade delitiva (art. 71 do CP) ao crime de estelionato previdenciário praticado por terceiro, que após a morte do beneficiário segue recebendo o benefício regularmente concedido ao segurado, como se este fosse, sacando a prestação previdenciária por meio de cartão magnético todos os meses. 7) A devolução à Previdência Social da vantagem percebida ilicitamente, antes do recebimento da denúncia, NÃO EXTINGUE A PUNIBILIDADE do crime de estelionato previdenciário, podendo, eventualmente, caracterizar arrependimento posterior, previsto no art. 16 do CP. 8) O ressarcimento integral do dano no crime de estelionato, na sua forma fundamental (art. 171, caput, do CP), não enseja a extinção da punibilidade, salvo nos casos de emissão de cheque sem fundos, em que a reparação ocorra antes do oferecimento da denúncia (art. 171, § 2º, VI, do CP). 9) O delito de estelionato é consumado no local em que se verifica o prejuízo à vítima. 10) Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. (Súmula n. 244/STJ) 12) O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. (Súmula n. 554/STF) 13) A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. (Súmula n. 73/STJ) CAPÍTULO VII DA RECEPTAÇÃO Receptação Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. RECEPTAÇÃO PRÓPRIA (art. 180, caput, 1ª parte) IMPRÓPRIA (art. 180, caput, 2ª parte) Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em pro- veito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime I nfluir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, rece- ba ou oculte Adquirir (ocorre a transmissão de propriedade), receber (não ocorre transmissão da proprie- dade), transportar (levar de um lugar para outro), conduzir (dirigir algum meio de locomo- ção) ou ocultar (esconder), em proveito próprio ou alheio, coi- sa que sabe ser produto de cri- Influir para que terceiro de boa-fé a adquira, receba ou oculte. Se o terceiro estiver de má-fé, será punido como receptador próprio, caso em que o influencia- dor será partícipe. me. Consuma-se quando o agente pratica uma das condutas acima descritas Consuma-se com a simples influência idônea, inde- pendente de o terceiro adquirir, receber ou ocul- tar (crime formal). Nas formas aquisição e recebi- mento o crime é instantâneo. Nas modalidades transportar, conduzir e ocultar o crime é permanente (DPE/ES-2016) Atentativa não é admiti- da, por se tratar de crime unissubsistente. Porém, há decisões no sentido de se tratar de crime material, exigindo, assim, que o ter- ceiro pratique a conduta típica. https://www.buscadordizerodireito.com.br/juscom/artigo/bdd8817990ef209f0fb6b049f2d2e- a0c?lei=2&artigo=3311 Receptação qualificada § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa. § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condi- ção de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas. § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o dispos- to no § 2º do art. 155 (substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa). § 6º - Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica- se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. Receptação SIMPLES Receptação QUALIFICADA Receptação CULPOSA O agente SABE ser produto de crime. O agente DEVE SABER ser produto de crime. O agente DEVE PRESUMIR ser produto de crime. 59 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 1 a 4 anos 3 a 8 anos 1 mês a 1 ano CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Constitucionalidade do § 1º do art. 180 do CP. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurispru- dencia/detalhes/c73dfe6c630edb4c1692db67c510f65c> CTB. Art. 278-A. O condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de receptação, descaminho, contraban- do, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), condena- do por um desses crimes em decisão judicial transitada em julgado, terá cassado seu documento de habilitação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir veícu- lo automotor pelo prazo de 5 anos . (Lei nº 13.804/2019) § 1º O condutor condenado poderá requerer sua reabilita- ção, submetendo-se a todos os exames necessários à ha- bilitação, na forma deste Código.(Lei nº 13.804/2019) § 2º No caso do condutor preso em flagrante na prática dos crimes de que trata o caput deste artigo, poderá o juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, se houver necessidade para a garantia da ordem pública, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, de- cretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.(Lei nº 13.804/2019) Receptação de animal Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produ- to de crime: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 181 - É ISENTO DE PENA quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo [ESCUSA AB- SOLUTÓRIA – EXCLUDENTE DE PUNIBILIDADE]: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. JDPP 26 A escusa absolutória do artigo 181, inciso II, do Código Penal abrange também a paternidade e filiação socioafetivas. Art. 182 - Somente se procede mediante representa- ção, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos an- teriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pes- soa; II - ao estranho que participa do crime. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos TÍTULO III DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL Violação de direito autoral Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são cone- xos: Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. § 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qual- quer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. § 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à ven- da, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em de- pósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra inte- lectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titula- res dos direitos ou de quem os represente. § 3o Se a violação consistir no oferecimento ao públi- co, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os repre- sente: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. § 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra inte- lectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto. 60 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 SÚMULAS SOBRE VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS Súmula 502-STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afi- gura-se típica, em relação ao crime previsto no artigo 184, parágrafo 2º, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. Súmula 574-STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e é desne- cessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem. AÇÃO PENAL NOS CRIMES PREVISTOS NO ART. 184 DO CP Caput: ação penal privada. §§ 1º e 2º (ex.: venda de DVD pirata): ação pública incondicionada. § 3º: ação penal pública condicionada. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Usurpação de nome ou pseudônimo alheio Art. 186. Procede-se mediante:I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184; II – ação penal pública incondicionada, nos crimes previs- tos nos §§ 1o e 2o do art. 184; III – ação penal pública incondicionada, nos crimes come- tidos em desfavor de entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público; IV – ação penal pública condicionada à representação, nos crimes previstos no § 3o do art. 184. TÍTULO IV DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Atentado contra a liberdade de trabalho Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça: I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo pe- ríodo ou em determinados dias: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência; II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade econô- mica: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não for- necer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Atentado contra a liberdade de associação Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de deter- minado sindicato ou associação profissional: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Paralisação de trabalho, seguida de violência ou pertur- bação da ordem Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coi- sa: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Para que se considere coletivo o aban- dono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, 3 empregados. Paralisação de trabalho de interesse coletivo Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou ser- viço de interesse coletivo: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrí- cola. Sabotagem Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embara- çar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danifi- car o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Frustração de direito assegurado por lei trabalhista Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: Pena - detenção de 1 ano a 2 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1º Na mesma pena incorre quem: I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de deter- minado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida; II - impede alguém de se desligar de serviços de qual- quer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais. § 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a vítima é me- nor de 18 anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obriga- ção legal relativa à nacionalização do trabalho: 61 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Exercício de atividade com infração de decisão adminis- trativa Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa: Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa. Aliciamento para o fim de emigração Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro. Pena - detenção, de 1 a 3 anos e multa. Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional: Pena - detenção de 1 a 3 anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho, dentro do territó- rio nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quan- tia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local de origem. § 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a vítima é menor de 18 anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. TÍTULO V DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por mo- tivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar ce- rimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa. Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de 1/3, sem prejuízo da correspondente à violên- cia. CAPÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia fu- nerária: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa. Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de 1/3, sem prejuízo da correspondente à violên- cia. Violação de sepultura Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Destruição, subtração ou ocultação de cadáver Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Vilipêndio a cadáver Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa. TÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 a 10 anos. § 1 Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 ou maior de 14 anos: Pena - reclusão, de 8 a 12 anos. § 2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 a 30 anos Súmula 608-STF: No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada A Súmula 608 do STF prevê que “no crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.” O entendimento dessa súmula pode ser aplicado independentemente da existência da ocorrência de lesões corporais nas vítimas de estupro. A violência real se caracteriza não apenas nas situações em que se verificam lesões corporais, mas sempre que é empregada força física contra a vítima, cerceando-lhe a liberdade de agir segundo a sua vontade. Assim, se os atos foram praticados sob grave ameaça, com imobilização de vítimas, uso de força física e, em alguns casos, com mulheres sedadas, trata-se de crime de estupro que se enquadra na Súmula 608 do STF e que, portanto, a ação é pública incondicionada. STF. 2ª Turma. RHC 117978, Rel. Min.Dias Toffoli, julgado em 05/06/2018 (Info 905). A Súmula 608 do STF permaneceu válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009. Assim, em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada mesmo após a Lei nº 12.015/2009. STF. 1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/2/2018 (Info 892). 62 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Violação sexual mediante fraude Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Importunação sexual Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: Pena – reclusão, de 1 a 5 anos, se o ato não constitui crime mais grave IMPORTUNAÇÃO SEXUAL ATO OBSCENO Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. O sujeito passivo é determinado (uma pessoa determinada ou um grupo de pessoas determinado). Sujeito passivo é a coletividade (crime vago). Exige-se um elemento subjetivo especial. O agente pratica a conduta “com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”. O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo do sujeito nenhuma finalidade específica. A conduta não precisa ter sido praticada em lugar público, ou aberto ou exposto a público. Ex: pode ser praticado no interior de uma casa. Para que o crime se configure, é indispensável que o ato obsceno tenha sido praticado em lugar público, ou aberto ou exposto ao público. Para que o crime se configure, é indispensável que o ato libidinoso tenha sido praticado contra alguém que não concordou com isso. A análise da anuência ou não da pessoa atingida é fundamental. Não importa se houve ou não anuência das pessoas que estavam presentes. Se o ato obsceno foi praticado em lugar público, ou aberto ou exposto ao público, haverá o crime. Infração de médio potencial ofensivo. Infração de menor potencial ofensivo. *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br Assédio sexual Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascen- dência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou fun- ção (decorrentes de relação de trabalho). Pena – detenção, de 1 a 2 anos. § 2o A pena é aumentada em até 1/3 se a vítima é me- nor de 18 anos. CAPÍTULO I- A DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL (LEI 13772/2018) Registro não autorizado da intimidade sexual Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qual- quer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes: Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza mon- tagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. CAPÍTULO II DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente A experiência sexual anterior e a eventual homossexualidade do ofendido, assim como não desnaturam (descaracterizam) o crime sexual praticado contra menor de 14 anos, NÃO SERVEM também para JUSTIFICAR A DIMINUIÇÃO DA PENA-BASE, A TÍTULO DE COMPORTAMENTO DA VÍTIMA. STJ. 6ª Turma. REsp 897.734-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 3/2/2015 (Info 555). ESTUPRO BILATERAL: ocorre o “estupro bilateral” quando dois menores de 14 anos praticam conjunção carnal ou outro ato libidinoso entre si “EXCEÇÃO DE ROMEU E JULIETA”: Trata-se de uma tese defensiva segundo a qual se o agente praticasse sexo consensual (conjunção carnal ou ato libidinoso) com uma pessoa menor de 14 anos, não deveria ser condenado se a diferença entre o agente e a vítima não fosse superior a 5 anos. A “exceção de Romeu e Julieta” não é aceita pela jurisprudência, ou seja, mesmo que a diferença entre autor e vítima seja menor que 5 anos, mesmo que o sexo seja consensual e mesmo que eles sejam namorados, há crime. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br 63 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Estupro de vulnerável Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidi- noso com menor de 14 anos: Pena - reclusão, de 8 a 15 anos. § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, NÃO TEM O NECESSÁRIO DISCERNIMENTO para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, NÃO PODE OFERECER RESISTÊNCIA. § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave Pena - reclusão, de 10 a 20 anos. § 4o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 a 30 anos. § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste arti- go aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais an- teriormente ao crime. O crime de estupro de vulnerável é material Para determinadas idades, a conotação sexual é uma ques- tão de poder, mais precisamente de abuso de poder e confi- ança. No caso concreto, estão presentes a conotação sexual e o abuso de confiança para a prática de ato sexual. Logo, não há como desclassificar a conduta do agente para a con- travenção de molestamento (que não detém essa conotação sexual). O art. 227, § 4º, da CF/88 exige que a lei imponha punição severa à violação da dignidade sexual da criança e do adolescente. Além do mais, a prática de qualquer ato li- bidinoso diverso ou a conduta de manter conjunção car- nal com menor de 14 anos se subsome, em regra, ao tipo penal de estupro de vulnerável, restando indiferente o consentimento da vítima. STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Mo- raes, julgado em 1/10/2019 (Info 954). Não é possível a desclassificação da figura do estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) para o crime do art. 215-A do CP (importunação sexual). Isso porque o tipo penal do art. 215-A é praticado sem violência ou grave ameaça e o delito do art. 217-A inclui a presunção absoluta de violência ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14 anos. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.969/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/06/2019. Em caso de estupro de vulnerável praticado contra duas ou mais vítimas, mediante violência presumida, não há conti- nuidade delitiva específica (art. 71, parágrafo único, do CP). Isso porque a violência de que trata a continuidade deliti - va especial é a real, não abarcando a violência presumida. STJ. 5ª Turma. HC 232709/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julga- do em 25/10/2016. A jurisprudência do STJ entende que, nas hipóteses de es- tupro praticado com violência presumida, não incide a regra do concurso material nem da continuidade delitiva específica. Neste caso, deverá ser aplicada a continuidade delitiva simples (art. 71, caput, do CP), desde que estejam preenchidos, cumulativamente, os requisitos de ordem obje- tiva (pluralidade de ações, mesmas condições de tempo, lu- gar e modode execução) e o de ordem subjetiva, assim en- tendido como a unidade de desígnios ou o vínculo subjetivo havido entre os eventos delituosos. STJ. 6ª Turma. REsp 1602771/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/10/2017. A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físi- co, mediante pagamento, menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal para a apu- ração do delito de estupro de vulnerável. STJ. 5ª Turma. RHC 70976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587). O agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por dentro de sua roupa, pratica, em tese, o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). Não importa que não tenha havido penetração vaginal (con- junção carnal). STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min. Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837). A consumação do delito de estupro de vulnerável (art. 217- A do Código Penal) dá-se não apenas quando há conjun- ção carnal, mas sim todas as vezes em que houver a prática de qualquer ato libidinoso com menor de 14 anos. No caso, o agente deitou-se por cima da vítima com o membro viril à mostra, após retirar-lhe as calças, o que de per si, configura ato libidinoso para a consumação do delito de estupro de vulnerável. O STJ entende que é inadmissível que o Julgador de forma manifestamente contrária à lei e utilizando-se dos princípios da razoabilidade e da proporcio- nalidade, reconheça a forma tentada do delito, em razão da alegada menor gravidade da conduta. STJ. 6ª Turma. REsp 1353575-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/12/2013 (Info 533). Para que o crime seja considerado consumado, não é indis- pensável que o ato libidinoso praticado seja invasivo (intro- dução do membro viril nas cavidades da vítima). Logo, to- ques íntimos podem servir para consumar o delito. STJ. 6ª Turma. REsp 1309394-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, jul- gado em 05/02/2015 (Info 555). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Corrupção de menores Art. 218. Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos. CORRUPÇÃO DE MENORES CP ECA Art. 218. Induzir alguém me- nor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem: Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 anos, com ele praticando infração penal 64 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 ou induzindo-o a praticá-la a vítima, menor de 14 (qua- torze) anos, é induzida a satis- fazer a lascívia de outrem me- diante a prática de alguma conduta sem contato físico, meramente contemplativa. o agente pratica crime ou contravenção penal na companhia de menor de 18 (dezoito) anos, ou o induz a praticá-lo, fazendo com que aquela pessoa, que ainda não atingiu a maioridade, passe a fazer parte do mundo do crime. Trata-se de crime formal, que não exige resultado naturalístico para a sua consumação *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adoles- cente Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: Pena - reclusão, de 2 a 4 anos. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de explora- ção sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 a 10 anos. § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2o Incorre nas mesmas penas: I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 e maior de 14 anos na situação descrita no caput deste artigo; II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obriga- tório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. O cliente que conscientemente se serve da prostituição de adolescente, com ele praticando conjunção carnal ou outro ato libidinoso, incorre no tipo previsto no inciso I do § 2º do art. 218-B do CP (favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável), ainda que a vítima seja atuante na prostituição e que a relação sexual tenha sido eventual, sem habitualidade. STJ. 6ª Turma. HC 288374-AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julga- do em 5/6/2014 (Info 543). O “cliente” pode ser punido sozinho, ou seja, mesmo que não haja um proxeneta. Assim, ainda que o próprio cliente tenha negociado o programa sem intermediários, haverá o crime Nos termos do art. 218-B do Código Penal, são puni- dos tanto aquele que capta a vítima, inserindo-a na prosti- tuição ou outra forma de exploração sexual (caput), como também o cliente do menor prostituído ou sexualmente ex- plorado (§ 1º). STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). No art. 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima, devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou doente mental, não tem o ne- cessário discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer resistência. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). O crime previsto no inciso I do § 2º do art. 218 do Código Penal se consuma independentemente da manutenção de relacionamento sexual habitual entre o ofendido e o agente. Em outras palavras, é possível que haja o referido delito ain- da que tenha sido um único ato sexual. Logo, como não se exige a habitualidade para a sua consumação, é possível a incidência da continuidade delitiva, com a aplicação da causa de aumento prevista no art. 71 do Código Penal. STJ. 5ª Tur- ma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vul- nerável, de cena de sexo ou de pornografia Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática –, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: Pena – reclusão, de 1 a 5 anos, se o fato não constitui crime mais grave. Aumento de pena § 1º A pena é aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. Exclusão de ilicitude § 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 anos. 65 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 CAPÍTULO IV DISPOSIÇÕES GERAIS Ação penal Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública INCONDICIONA- DA. Aumento de pena Art. 226. A pena é aumentada: I – de 1/4, se o crime é cometido com o concurso de 2 ou mais pessoas; II – de 1/2, se o agente é ascendente, padrasto ou ma- drasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregadorda vítima ou por qualquer ou- tro título tiver autoridade sobre ela IV – de 1/3 a 2/3, se o crime é praticado: Estupro coletivo a) mediante concurso de 2 ou mais agentes; Estupro corretivo b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima Inciso I Inciso IV A pena é aumentada de 1/4, se o crime é cometido com o concurso de 2 ou mais pessoas A pena é aumentada de 1/3 a 2/3, se o crime é praticado mediante concurso de 2 ou mais agentes Aplicado para os casos de- mais crimes contra a dignida- de sexual. Aplicado apenas para os ca- sos de estupro (arts. 213 e 217-A do CP). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br CAPÍTULO V DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL Mediação para servir a lascívia de outrem Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de ou- trem: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos. § 1o Se a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem es- teja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos. § 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, além da pena correspon- dente à violência. § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica- se também multa. Favorecimento da prostituição ou outra forma de explora- ção sexual Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou ou- tra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. § 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, ir- mão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, pre- ceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 a 8 anos. § 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, além da pena correspon- dente à violência. § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica- se também multa. Casa de prostituição Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, esta- belecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou geren- te: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Rufianismo Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, partici- pando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1o Se a vítima é menor de 18 e maior de 14 anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, ir- mão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, pre- ceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilân- cia: Pena - reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. § 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifes- tação da vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, sem prejuízo da pena corres- pondente à violência. Promoção de migração ilegal Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. § 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país estrangeiro. § 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se: 66 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 I - o crime é cometido com violência; ou II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante. § 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuí- zo das correspondentes às infrações conexas. CAPÍTULO VI DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR Ato obsceno Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. Escrito ou objeto obsceno Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de expo- sição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qual- quer dos objetos referidos neste artigo; II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, re- presentação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno. CAPÍTULO VII DISPOSIÇÕES GERAIS Aumento de pena Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é au- mentada III – de 1/2 a 2/3, se do crime resulta gravidez; IV – de 1/3 a 2/3, se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência. Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 151: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL - I 1) É facultado aos Tribunais de Justiça atribuir às Varas da Infância e da Juventude competência para processar e julgar crimes de natureza sexual praticados contra crianças e adolescentes. 2) Em delitos sexuais, comumente praticados às ocultas, a palavra da vítima possui especial relevância, desde que esteja em consonância com as demais provas acostadas aos autos. 3) Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor praticados antes da edição da Lei n. 12.015/2009, ainda que em sua forma simples, configuram modalidades de crime hediondo. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 581) 4) Os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor foram reunidos em um único dispositivo após a edição da Lei n. 12.015/2009, não ocorrendo abolitio criminis do delito do art. 214 do Código Penal - CP, diante do princípio da continuidade normativa. 5) Por força da aplicação do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, a Lei n. 12.015/2009 deve alcançar os delitos previstos nos arts. 213 e 214 do Código Penal, cometidos antes de sua vigência. 6) Após o advento da Lei n. 12.015/2009, que tipificou no mesmo dispositivo penal (art. 213 do CP) os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, é possível o reconhecimento de crime único entre as condutas, desde que tenham sido praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto-fático. 7) Sob a normativa anterior à Lei n. 12.015/2009, na antiga redação do art. 224, a, do CP, já era absoluta a presunção de violência nos crimes de estupro e de atentado violento ao pudor quando a vítima não fosse maior de 14 anos de idade, ainda que esta anuísse voluntariamente ao ato sexual. 8) O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente. (Súmula n. 593/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 918) 9) O estado de sono, que diminua a capacidade da vítima de oferecer resistência, caracteriza a vulnerabilidade prevista no art. 217-A, § 1º, do Código Penal - CP. 10) No crimede estupro em que a vulnerabilidade é decorrente de enfermidade ou deficiência mental (art. 217- A, § 1º, do CP), o magistrado não está vinculado à existência de laudo pericial para aferir a existência de discernimento ou a possibilidade de oferecer resistência à prática sexual, desde que a decisão esteja devidamente fundamentada, em virtude do princípio do livre convencimento motivado. 11) O beijo lascivo integra o rol de atos libidinosos e configura o crime de estupro se obtido mediante emprego de força física do agressor contra vítima maior de 14 anos. EDIÇÃO N. 152: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL - II 1) É incabível a desclassificação do crime de atentado violento ao pudor para quaisquer das contravenções penais dos arts. 61 ou 65 do Decreto-Lei n. 3. 688/1941, pois aquele se caracteriza pela prática de atos libidinosos ofensivos à dignidade sexual da vítima, praticados mediante violência ou grave ameaça, com finalidade lasciva, sucedâneo ou não da conjunção carnal, evidenciando-se com o contato físico entre agressor e ofendido. 67 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 2) Em razão do princípio da especialidade, é descabida a desclassificação do crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal - CP) para o crime de importunação sexual (art. 215-A do CP), uma vez que este é praticado sem violência ou grave ameaça, e aquele traz ínsito ao seu tipo penal a presunção absoluta de violência ou de grave ameaça. 3) O delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) se consuma com a prática de qualquer ato de libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima. 4) A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art. 213 e art. 217-A do CP, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e vítima. 5) É possível a configuração do crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) na relação entre professor e aluno. 6) A prática de crime contra a dignidade sexual por professor faz incidir a causa de aumento de pena prevista no art. 226, II, do Código Penal, por sua evidente posição de autoridade e ascendência sobre os alunos. 7) Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f, concomitantemente com a causa de aumento de pena do art. 226, II, ambas do CP, no crime de estupro. 8) No estupro de vulnerável (art. 217-A, caput, do CP), a condição de a vítima ser criança é elemento ínsito ao tipo penal, tornando impossível a aplicação da agravante genérica prevista no art. 61, II, h , do Código Penal Brasileiro, sob pena de bis in idem . 9) O fato de o ofensor valer-se de relações domésticas para a prática do crime de estupro não pode, ao mesmo tempo, ser usado como circunstância judicial desfavorável (art. 59 do CP) e como agravante genérica (art. 61, II, ,f, do CP), sob pena de bis in idem. 10) No estupro de vulnerável, o trauma psicológico que justifica a valoração negativa das consequências do crime (art. 59 do CP) é aquele cuja intensidade for superior à inerente ao tipo penal. 11) No estupro de vulnerável, a tenra idade da vítima pode ser utilizada como circunstância judicial do art. 59 do CP e, portanto, incidir sobre a pena-base do réu. EDIÇÃO N. 153: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL - III 1) Aquele que adere à determinação do comparsa e contribui para a consumação crime de estupro, ainda que não tenha praticado a conduta descrita no tipo penal, incide nas penas a ele cominadas, nos exatos termos do art. 29 do Código Penal. O Código Penal adota, como regra, a teoria monista, segundo a qual, presentes a pluralidade de agentes e a convergência de vontades voltada à prática da mesma infração penal, todos aqueles que contribuem para o delito incidem nas penas a ele cominadas, na medida da sua culpabilidade. Assim, o acusado, ao permitir a entrada e a permanência dos agentes em sua residência para a prática dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor, aos quais permaneceu assistindo da porta do quarto, facilitou e assegurou a consumação dos delitos, concorrendo para a conduta típica, aplicando-lhe a norma de extensão do art. 29 do CP. STJ. 6ª Turma. REsp 1175623/GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 01/12/2015. 2) Nas hipóteses em que há imprecisão acerca do número exato de eventos abusivos à dignidade sexual da vítima, praticados em um longo período de tempo, é adequado o aumento de pena pela continuidade delitiva (art. 71 do CP) em patamar superior ao mínimo legal. A despeito de não haver menção do exato número de eventos ocorridos ao longo de quase um ano, tendo sido indicada com precisão apenas a data do último delito, a vítima assevera terem ocorrido múltiplos episódios de abusos, em ocasiões diferentes, com uma descrição vívida de condutas sexuais impróprias variadas (carícias, beijos, tentativas de introdução do pênis do réu em suas partes íntimas, assim como introdução do pênis em sua boca etc.), o que não permite seja a conduta considerada como crime único. Nos crimes sexuais envolvendo vulneráveis é adequada a fixação de aumento referente à continuidade delitiva em patamar superior ao mínimo, quando o delito foi perpetrado durante certo lapso temporal, sendo, nesse contexto, desnecessário precisar exatamente quantas vezes ocorreu o evento criminoso. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 539.857/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/04/2020. Em regra, a escolha da quantidade de aumento de pena em virtude do reconhecimento da continuidade delitiva considera o número de infrações praticadas pelo agente. Porém, na hipótese de crimes sexuais em que os episódios ocorrem durante longo período, não é viável exigir a quantificação exata do número de eventos criminosos. No presente caso, o aumento da pena decorrente da continuidade delitiva encontra-se devidamente justificado, uma vez que os abusos foram perpetrados durante tempo relevante. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1608536/PE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 28/04/2020 3) Nos crimes de estupro ou de atentado violento ao pudor praticados com violência presumida, não incide a regra da continuidade delitiva específica (art. 71, parágrafo único, do CP), que condiciona a sua incidência às situações de emprego de violência real. Em caso de estupro de vulnerável praticado contra duas ou mais vítimas, mediante violência presumida, não há continuidade delitiva específica (art. 71, parágrafo único, do CP). Isso porque a violência de que trata a continuidade delitiva especial é a real, não abarcando a violência presumida. STJ. 5ª Turma. HC 232.709/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2016. A jurisprudência do STJ entende que, nas hipóteses de estupro praticado com violência presumida, não incide a regra do concurso material nem da continuidade delitiva específica. Neste caso, deverá ser aplicada a continuidade delitiva simples (art. 71, caput, do CP), desde que estejam preenchidos, cumulativamente, os requisitos de ordem objetiva (pluralidade de ações, mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução) e o de ordem subjetiva, assim entendido como a unidade de desígnios ou o vínculo subjetivo havido entre os eventos delituosos. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. REsp 1602771/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/10/2017. 68 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 4) A orientação da Súmula n. 593/STJ não importa na retroatividade de lei penal mais gravosa (novatio legis in pejus) e apresenta adequada interpretação jurisprudencial das modificações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009. 5) A prática de conjunção carnal ou de atos libidinosos diversos contra vítima imobilizada configura ocrime de estupro de vulnerável do art. 217-A, § 1º, do CP, ante a impossibilidade de oferecer resistência ao emprego de violência sexual. Se completamente inerte e incapaz de usar seu potencial motor (oferecer resistência) contra a violência sexual, haverá crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). Se ainda lhe restar capacidade de discernir sobre a ilicitude da conduta, possibilidade de ofertar alguma resistência e não houver elementos biológicos incapacitantes, haverá o crime de estupro do art. 213 do CP. Agressão sexual contra vítima completamente impossibilitada de esboçar reação (vítima amarrada com as mãos para trás) configura estupro de vulnerável (art. 217-A, § 1º, do CP). STJ. 5ª Turma. REsp 1706266/MT, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/10/2018. 6) O avançado estado de embriaguez da vítima, que lhe retire a capacidade de oferecer resistência, é circunstância apta a revelar sua vulnerabilidade e, assim, configurar a prática do crime de estupro previsto no § 1º do art. 217-A do Código Penal. 7) Com o advento da Lei n. 12.015/2009, o crime de corrupção sexual de maiores de 14 e menores de 18 anos, previsto na redação anterior do art. 218 do CP, deixou de ser tipificado, ensejando abolitio criminis. 8) No crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (art. 218-B do CP), a vulnerabilidade relativa do menor de 18 anos deve ser aferida pela inexistência do necessário discernimento para a prática do ato ou pela impossibilidade de oferecer resistência, inclusive por más condições financeiras. 9) A conduta daquele que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 18 anos e maior de 14 anos em situação de prostituição ou de exploração sexual somente foi tipificada com a entrada em vigor da Lei n. 12.015/2009, que incluiu o art. 218-B, § 2º, I, no CP, não podendo a lei retroagir para incriminar atos praticados antes de sua entrada em vigor. 10) O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange o autor e a vítima de crimes sexuais, devendo constar da autuação apenas as iniciais de seus nomes. 11) O Juizado Especial de Violência Doméstica é competente para julgar e processar o delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) quando estiver presente a motivação de gênero ou quando a vulnerabilidade da vítima for decorrente da sua condição de mulher. Vale ressaltar, contudo, que se essa motivação ou vulnerabilidade não estiverem presentes, a competência não será do Juizado Especial de Violência Doméstica: Caso em que se apura a prática de crime de estupro de vulnerável, em tese praticado por genitor contra filha de 4 anos de idade. Assim, ainda que fosse o caso de violência doméstica, deve prevalecer, para fins de fixação de competência, a condição de criança da vítima, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1490974/RJ, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 20/08/2019. Para que a competência dos Juizados Especiais de Violência Doméstica seja firmada, não basta que o crime seja praticado contra mulher no âmbito doméstico ou familiar, exigindo-se que a motivação do acusado seja de gênero, ou que a vulnerabilidade da ofendida seja decorrente da sua condição de mulher. No caso dos autos, verifica-se que o fato de a vítima ser do sexo feminino não foi determinante para a caracterização do crime de estupro de vulnerável, mas sim a tenra idade da ofendida, que residia sobre o mesmo teto do agravante, que com ela manteve relações sexuais consentidas, motivo pelo qual não há que se falar em competência do Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/08/2018. 12) Reconhecida a existência de crime único entre as condutas descritas nos art. 213 e art. 214 do CP, unificadas pela Lei n. 12.015/2009 na redação do novo art. 213, compete ao Juízo das Execuções o redimensionamento de pena imposta ao condenado, conforme a Súmula n. 611 do Supremo Tribunal Federal. 13) Nos crimes sexuais praticados contra criança e adolescente, admite-se a oitiva da vítima por profissional preparado e em ambiente diferenciado na modalidade do "depoimento sem dano", prevista na Lei n. 13.431/2017, medida excepcional que respeita sua condição especial de pessoa em desenvolvimento. 14) Na apuração de suposta prática de crime sexual, é lícita a utilização de prova extraída de gravação telefônica efetivada pelo ofendido, ou por terceiro com a sua anuência, sem o conhecimento do agressor. TÍTULO VII DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO Bigamia Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casa- mento: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos. § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casa- mento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 1 a 3 anos. § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamen- to, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime. Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimen- to Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essen- cial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. 69 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão de- pois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. Ação Penal Privada Personalíssima Conhecimento prévio de impedimento Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano. Simulação de autoridade para celebração de casamento Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebra- ção de casamento: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, se o fato não constitui crime mais grave. Simulação de casamento Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. CAPÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO Registro de nascimento inexistente Art. 241 - Promover no registro civil a inscrição de nasci- mento inexistente: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos. Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: Pena - detenção, de 1 a 2 anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. Sonegação de estado de filiação Art. 243 - Deixar em asilo de expostos ou outra institui- ção de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a fili- ação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. CAPÍTULO III DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR Abandono material Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistên- cia do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 anos , não lhes proporcionando os recursos necessários ou fal- tando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de so- correr descendente ou ascendente, gravemente enfermo: Pena - detenção, de 1 a 4anos e multa, de 1 a 10 vezes o maior salário mínimo vigente no País. Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majo- rada. Entrega de filho menor a pessoa inidônea Art. 245 - Entregar filho menor de 18 anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo: Pena - detenção, de 1 a 2 anos. § 1º - A pena é de 1 a 4 anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior. § 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exteri- or, com o fito de obter lucro. Abandono intelectual Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar: Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa. Art. 247 - Permitir alguém que menor de 18 anos, sujei- to a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância: I - frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida; II - frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza; III - resida ou trabalhe em casa de prostituição; IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comise- ração pública: Pena - detenção, de 1 a 3 meses, ou multa. CAPÍTULO IV DOS CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA CURATELA Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes Art. 248 - Induzir menor de 18 anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; 70 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de 18 anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa. Subtração de incapazes Art. 249 - Subtrair menor de 18 anos ou interdito ao po- der de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial: Pena - detenção, de 2 meses a 2 anos, se o fato não constitui elemento de outro crime. § 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda. § 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode dei- xar de aplicar pena. TÍTULO VIII DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA CAPÍTULO I DOS CRIMES DE PERIGO COMUM Incêndio Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a in- tegridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. Aumento de pena § 1º - As penas aumentam-se de 1/3: I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio; II - se o incêndio é: a) em casa habitada ou destinada a habitação; b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura; c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo; d) em estação ferroviária ou aeródromo; e) em estaleiro, fábrica ou oficina; f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Incêndio culposo § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de 6 meses a 2 anos. Explosão Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou sim- ples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos: Pena - reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosi- vo de efeitos análogos: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Aumento de pena § 2º - As penas aumentam-se de 1/3, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visa- da ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo. Modalidade culposa § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um ano. Uso de gás tóxico ou asfixiante Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Modalidade Culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano. Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabrica- ção: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Inundação Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de 3 a 6 anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção, de 6 meses a 2 anos, no caso de culpa. Perigo de inundação Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio pró- prio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Desabamento ou desmoronamento Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, ex- pondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano. Subtração, ocultação ou inutilização de material de salva- mento Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de in- cêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamida- de, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço 71 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Formas qualificadas de crime de perigo comum Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberda- de é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de 1/3. Difusão de doença ou praga Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Modalidade culposa Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de deten- ção, de um a seis meses, ou multa. CAPÍTULO II DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS Perigo de desastre ferroviário Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de fer- ro: I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte ou instalação; II - colocando obstáculo na linha; III - transmitindofalso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia; IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Desastre ferroviário § 1º - Se do fato resulta desastre: Pena - reclusão, de 4 a 12 anos e multa. § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. § 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de comunicação em que circulem veícu- los de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo. Atentado contra a segurança de transporte marítimo, flu- vial ou aéreo Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, pró- pria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos. Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave: Pena - reclusão, de 4 a 12 anos. Prática do crime com o fim de lucro § 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem. Modalidade culposa § 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. Atentado contra a segurança de outro meio de transpor- te Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte públi- co, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento: Pena - detenção, de 1 a 2 anos. § 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de 2 a 5 anos. § 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano. Forma qualificada Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão cor- poral ou morte, aplica-se o disposto no art. 258. Arremesso de projétil Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movi- mento, destinado ao transporte público por terra, por água ou pelo ar: Pena - detenção, de 1 a 6 meses. Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço. Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pú- blica Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcionamen- to de serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 até a 1/2, se o dano ocorrer em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços. Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, tele- fônico, informático, telemático ou de informação de utilidade pública Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o res- tabelecimento: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa. § 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço tele- mático ou de informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o restabelecimento. § 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública. 72 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 CAPÍTULO III DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA Epidemia Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena - reclusão, de 10 a 15 anos. § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em do- bro. § 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de 1 a 2 anos, ou, se resulta morte, de 2 a 4 anos. Infração de medida sanitária preventiva Art. 268 - Infringir determinação do poder público, desti- nada a impedir introdução ou propagação de doença contagi- osa: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/3, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Omissão de notificação de doença Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pú- blica doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Envenenamento de água potável ou de substância ali- mentícia ou medicinal Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo: Pena - reclusão, de 10 a 15 anos. § 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consu- mo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada. Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. Corrupção ou poluição de água potável Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso co- mum ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de subs- tância ou produtos alimentícios Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar subs- tância ou produto alimentício destinado a consumo, tor- nando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo: Pena - reclusão, de 4 a 8 anos, e multa. § 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado. § 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 a 2 anos, e multa. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar pro- duto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena - reclusão, de 10 a 15 anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em di- agnóstico. § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III - sem as características de identidade e qualidade ad- mitidas para a sua comercialização; IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua ati- vidade; V - de procedência ignorada; O STJ decidiu que é inconstitucional a pena (preceito secun- dário) do art. 273, § 1º-B, V, do CP. Em substituição a ela, deve-se aplicar ao condenado a pena prevista no caput do art. 33 da Lei 11.343/2006, com possibilidade de incidência da causa de diminuição de pena do respectivo § 4º . Corte especial. AI no HC 239363-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Jú- nior, julgado em 26/2/2015 (Info 559). OBS: o STJ, em entendimento Sumulado, proíbe a combi- nação de leis, entretanto, no julgamento acima, acabou por combinar leis penais(lex tertia) VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da auto- ridade sanitária competente. Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa. 73 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Emprego de processo proibido ou de substância não permitida Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra não expressamente permitida pela legislação sanitária: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. Invólucro ou recipiente com falsa indicação Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de produ- tos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a existência de substância que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a mencionada: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto nas condições dos arts. 274 e 275. Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. Substância destinada à falsificação Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ce- der substância destinada à falsificação de produtos alimentí- cios, terapêuticos ou medicinais Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. Outras substâncias nocivas à saúde pública Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósi- to para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação ou a fim medicinal: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano. Medicamento em desacordo com receita médica Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, ou multa. Modalidade culposa Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano. Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêuti- ca Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lu- cro, aplica-se também multa. Charlatanismo Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. Curandeirismo Art. 284 - Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitual- mente, qualquer substância; II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III - fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remu- neração, o agente fica também sujeito à multa. Forma qualificada Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267. TÍTULO IX DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA Incitação ao crime Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de 3 a 6 meses, ou multa. Apologia de crime ou criminoso Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato crimino- so ou de autor de crime: Pena - detenção, de 3 a 6 meses, ou multa. Associação Criminosa Art. 288. Associarem-se 3 ou mais pessoas, para o FIM ESPECÍFICO DE COMETER CRIMES: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade (1/2) se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA o aumento de pena é o mesmo quando há emprego de arma ou a participação de criança ou adolescente (até a metade) o aumento é diferente, a depender do emprego de arma (até a metade) ou participação de criança ou adolescente (1/6 a 2/3) *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Constituição de milícia privada Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esqua- 74 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 drão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previs- tos neste Código: Pena - reclusão, de 4 a 8 anos. TÍTULO X DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA CAPÍTULO I DA MOEDA FALSA Moeda Falsa Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moe- da metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no es- trangeiro: Pena - reclusão, de 3 a 12 anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta pró- pria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé , como verdadei- ra, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. § 3º - É punido com reclusão, de 3 a 15 anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emis- são: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autoriza- da. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circu- lar moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. NÃO SE APLICA O INSTITUTO DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR AO CRIME DE MOEDA FALSA. No crime de moeda falsa — cuja consumação se dá com a falsificação da moeda, sendo irrelevante eventual dano patrimonial imposto a terceiros —, a vítima é a coletividade como um todo, e o bem jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de reparação. Desse modo, os crimes contra a fé pública, semelhantes aos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. STJ. 6ª Turma. REsp 1242294- PR, Rel. originário Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/11/2014 (Info 554). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Crimes assimilados ao de moeda falsa Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes ver- dadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutili- zação; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, e multa. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a 12 anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que tra- balha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. Petrechos para falsificação de moeda Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instru- mento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsifi- cação de moeda: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. Se o agente que possui o aparelho destinado à falsificação da moeda o utiliza e efetivamente cria uma cédula falsa, ele responderá pelo crime do art. 291 em concurso com o delito de moeda falsa (art. 289 do CP)? Conforme explica Cleber Masson (ob. cit., p. 470), existem duas posições sobre o tema: 1ª corrente: SIM.O agente deve ser responsabilizado pelo crime de pretrechos para falsificação de moeda (art. 291) em concurso material com o delito de moeda falsa (art. 289 do CP). É a posição do próprio Masson e do Rogério Greco. Trata-se da corrente majoritária. 2ª corrente: NÃO. Incide o princípio da consunção, resultando na absorção do crime-meio (art. 291) pelo crime- fim, que é o de moeda falsa (art. 289). Foi defendida por Nelson Hungria. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Emissão de título ao portador sem permissão legal Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em di- nheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pes- soa a quem deva ser pago: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de 15 dias a 3 meses, ou multa. CAPÍTULO II DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS Falsificação de papéis públicos Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; II - papel de crédito público que não seja moeda de cur- so legal; III - vale postal; IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entida- de de direito público; 75 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu- mento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósi- to ou caução por que o poder público seja responsável; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Muni- cípio: Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, e multa. § 1o Incorre na mesma pena quem: I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis fal- sificados a que se refere este artigo; II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, em- presta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, pro- duto ou mercadoria: a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a con- trole tributário, falsificado; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributá- ria determina a obrigatoriedade de sua aplicação. § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando le- gítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carim- bo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alte- rado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anteri - or. § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do in- ciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clan- destino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logra- douros públicos e em residências. Petrechos de falsificação Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6. CAPÍTULO III DA FALSIDADE DOCUMENTAL Falsificação do selo ou sinal público Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. § 1º - Incorre nas mesmas penas: I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pú- blica. § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6. Falsificação de documento público Art. 297 - FALSIFICAR, no todo ou em parte, documen- to público, ou ALTERAR documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de 1/6. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documen- to público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de socie- dade comercial, os LIVROS MERCANTIS e o TESTAMENTO PARTICULAR. § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inse- rir: I – na folha de pagamento ou em documento de in- formações que seja destinado a fazer prova perante a pre- vidência social, pessoa que não possua a qualidade de se- gurado obrigatório; II – na CTPS do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III – em documento contábil ou em qualquer outro docu- mento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos docu- mentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus da- dos pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de traba- lho ou de prestação de serviços. De quem é a competência para julgar o crime de omissão de anotação de vínculo empregatício na CTPS (art. 297, § 4º, do CP)? * STJ: Justiça FEDERAL. O sujeito passivo primário do crime omissivo do art. 297, § 4.º, do Diploma Penal, é o Estado, e, eventualmente, de forma secundária, o particular, terceiro prejudicado, com a omissão das informações, referentes ao vínculo empregatício e a seus consectários da CTPS. Cuida- se, portanto de delito que ofende de forma direta os interes- ses da União, atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88. Nesse sentido: STJ. 3ª Se- ção. CC 145567/PR , Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 27/04/2016. * 1ª Turma do STF: Justiça ESTADUAL. Nesse sentido: 1ª Turma. Ag.Reg. na Pet 5084, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado 76 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 em 24/11/2015 . *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Falsificação de documento particular Art. 298 - FALSIFICAR, no todo ou em parte, documen- to particular ou ALTERAR documento particular verdadei- ro: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. Falsificação de cartão Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equi- para-se a documento particular o CARTÃO DE CRÉDITO ou DÉBITO. Falsidade ideológica Art. 299 - OMITIR, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou NELE INSERIR ou fa- zer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser es- crita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa,se o documento é público, e reclusão de 1 a 3 anos, e multa, se o documento é particular. Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsifica- ção ou alteração é de assentamento de registro civil, au- menta-se a pena de 1/6. NÃO É TÍPICA A CONDUTA DE INSERIR, EM CURRÍCULO LATTES, DADO QUE NÃO CONDIZ COM A REALIDADE. Isso não configura falsidade ideológica (art. 299 do CP) por- que: 1) currículo Lattes não é considerado documento por ser eletrônico e não ter assinatura digital; 2) currículo Lattes é passível de averiguação e, portanto, não é objeto material de falsidade ideológica. Quando o docu- mento é passível de averiguação, o STJ entende que não há crime de falsidade ideológica mesmo que o agente te- nha nele inserido informações falsas. STJ. 6ª Turma. RHC 81451-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 22/8/2017 (Info 610). É ATÍPICA a mera declaração falsa de estado de pobreza realizada com o intuito de obter os benefícios da justiça gratuita. A conduta de firmar ou usar declaração de pobreza falsa em juízo, com a finalidade de obter os benefícios da gratuidade de justiça, não é crime, pois aludida manifestação não pode ser considerada documento para fins penais, já que é passível de comprovação posterior, seja por provoca- ção da parte contrária seja por aferição, de ofício, pelo ma- gistrado da causa. STJ. 6ª Turma. HC 261074-MS, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora convocada do TJ-SE), jul- gado em 5/8/2014 (Info 546). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Falso reconhecimento de firma ou letra Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é público; e de 1 a 3 anos, e multa, se o documento é particular. Certidão ou atestado ideologicamente falso Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano. Falsidade material de atestado ou certidão § 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certi- dão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a ob- ter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos. § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica- se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. Falsidade de atestado médico Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano. Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lu- cro, aplica-se também multa. Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. Uso de documento falso Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsifica- dos ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. É possível a condenação pelo crime de uso de documen- to falso (art. 304 do CP) com fundamento em documen- tos e testemunhos constantes do processo, acompanha- dos da confissão do acusado, sendo DESNECESSÁRIA A PROVA PERICIAL para a comprovação da materialidade do crime, especialmente se a defesa não requereu, no momento 77 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 oportuno, a realização do referido exame. O crime de uso de documento falso se consuma com a simples utilização de documento comprovadamente falso, dada a sua natureza de delito formal. STJ. 5ª Turma. HC 307586-SE, Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador convocado do TJ/SP), julgado em 25/11/2014 (Info 553). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Supressão de documento Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício pró- prio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de 1 a 5 anos, e multa, se o documento é particular. CAPÍTULO IV DE OUTRAS FALSIDADES Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou si- nal dessa natureza, falsificado por outrem: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou com- provar o cumprimento de formalidade legal: Pena - reclusão ou detenção, de 1 a 3 anos, e multa. Falsa identidade Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identi- dade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial É TÍPICA, ainda que em situação de alegada autodefesa. ART. 307 FALSA IDENTIDADE ART. 304 USO DE DOCUMENTO FALSO Consiste na simples atribuição de falsa identidade, sem a utilização de documento falso. Aqui, há obrigatoriamente o uso de documento falso. Ex.: ao ser parado em uma blitz, o agente afirma que seu nome é Pedro Silva, Ex.: ao ser parado em uma blitz, o agente, João Lima, afirma que seu nome é Pedro Silva e quando, na verdade, ele é João Lima. apresenta o RG falsificado com este nome. *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de elei- tor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identi- dade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, docu- mento dessa natureza, próprio ou de terceiro: Pena - detenção, de 4 meses a 2 anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave. Fraude de lei sobre estrangeiro Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa. Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou pos- suidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a pos- se de tais bens: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa. Adulteração de sinal identificador de veículo automotor Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: Pena - reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da fun- ção pública ou em razão dela, a pena é aumentada de 1/3 § 2º- Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo re- marcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial. CAPÍTULO V DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO Fraudes em certames de interesse público Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a cre- dibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: I - concurso público; II - avaliação ou exame públicos; III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às infor- mações mencionadas no caput. § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pú- blica: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. 78 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 § 3o Aumenta-se a pena de 1/3 se o fato é cometido por funcionário público. TÍTULO XI DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CRIME FUNCIONAL PRÓPRIO CRIME FUNCIONAL IMPRÓPRIO A ausência da condição de servidor público torna o fato atípico (atipicidade absoluta) A ausência da condição de servidor público faz com que o crime deixe de ser funcional e passe a ser incriminado por outro tipo penal incriminador (atipicidade relativa) SÚMULA SOBRE CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância É INAPLICÁ- VEL aos crimes contra a administração pública EXCEÇÃO: A jurisprudência é pacífica em admitir a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho (art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no Título XI do Código Penal, que trata sobre os crimes contra a Admi- nistração Pública. De acordo com o STJ, “a insignificância nos crimes de desca- minho tem colorido próprio, diante das disposições trazidas na Lei n. 10.522/2002”, o que não ocorre com outros delitos, como o peculato etc. (AgRg no REsp 1346879/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/11/2013). OBS: No STF, há julgados admitindo a aplicação do princípio mesmo em outras hipóteses além do descaminho, como foi o caso do HC 107370, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/04/2011 e do HC 112388, Rel. p/ Acórdão Min. Cezar Pe- luso, julgado em 21/08/2012. Segundo o entendimento que prevalece no STF, a prática de crime contra a Admi- nistração Pública, por si só, não inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância, devendo haver uma análise do caso concreto para se examinar se incide ou não o re- ferido postulado. CAPÍTULO I DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Peculato Art. 312 - APROPRIAR-SE o funcionário público de di- nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou parti- cular, de que tem a posse em razão do cargo, ou DESVIÁ- LO, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o SUB- TRAI, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe pro- porciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano. § 3º - No caso de peculato culposo, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a puni- bilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena im- posta. REPARAÇÃO DO DANO NO PECULATO CULPOSO ANTES DA SENTENÇA APÓS A SENTENÇA Extingue a punibilidade Reduz a pena de metade Peculato mediante erro de outrem Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Inserção de dados falsos em sistema de informações Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de da- dos da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. PECULATO PRÓPRIO PECULATO-APROPRIAÇÃO: tem a posse do bem em virtude do cargo e passa a agir como dono. PECULATO-DESVIO: tem a posse do bem em virtude do cargo e o desvia em proveito próprio ou de terceiro. IMPRÓPRIO PECULATO-FURTO: não tem a posse do bem, mas se vale das facilidades do cargo para subtrair ou concorrer para subtração. CULPOSO O agente não observa seu dever de cuidado, concorrendo para que outrem subtraia, desvie ou se aproprie do bem. É infração de menor potencial ofensivo, admitindo transação penal e suspensão condicional do processo. Se o agente reparar o dano até a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se após isso, reduz a pena pela metade. ESTELIONATO Apropria-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem. ELETRÔNICO O funcionário insere ou facilita a inserção de dados falsos, altera ou exclui 79 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da Administração Pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de 1/3 até 1/2 se da modificação ou alteração resulta dano para a Ad- ministração Pública ou para o administrado. Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documen- to Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inuti- lizá-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, se o fato não constitui cri- me mais grave. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação di- versa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de 1 a 3 meses, ou multa. Concussão Art. 316 - EXIGIR, para si ou para outrem, direta ou indi- retamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, VANTAGEM INDEVIDA: Pena - reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. (LEI 13964/19) PENA NO CRIME DE CONCUSSÃO ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19 Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa Reclusão, de 2 a 12 anos, e multa Novatio legis in pejus (não retroage) Excesso de exação § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devi- do, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos co- fres públicos: Pena - reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementa- res dos tipos de concussão e corrupção passiva (arts. 316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las para aumentar a pena-base alegando que os “motivos do crime” (circunstân- cia judicial do art. 59 do CP) seriam desfavoráveis. STJ. 3ª Se- ção.EDv nos EREsp 1196136-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/5/2017 (Info 608). Em caso de condenação do réu por concussão, na dosi- metria da pena o juiz pode (e deve) aumentar a pena- base pelo fato de o réu ser policial. Para cometer o crime, basta ser funcionáriopúblico, mas o grau de reprovabilida- de do réu é maior, tendo em vista que se trata de policial, agente público responsável pelo combate à criminalidade. Assim, não é possível nivelar a concussão de um funcionário público comum com a de um policial, de um parlamentar, de um juiz etc. Aquele que está investido de parcela de autori- dade pública — como é o caso de um juiz, um membro do Ministério Público ou uma autoridade policial — deve ser avaliado, no desempenho da sua função, com maior rigor do que as demais pessoas não ocupantes de tais cargos. STF. 2ª Turma. RHC 117488 AgR/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julga- do em 1º/10/2013 (Info 722). STF. 1ª Turma. HC 132990/PE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 16/8/2016 (Info 835). No crime de concussão, a situação de flagrante delito con- figura-se no momento da exigência da vantagem indevi- da (e não no instante da entrega). Isso porque a CONCUS- SÃO É CRIME FORMAL, que se consuma com a exigência da vantagem indevida. Assim, a entrega da vantagem indevida representa mero exaurimento do crime que já se consumou anteriormente. STJ. 5ª Turma. HC 266460-ES, Rel. Min. Rey- naldo Soares da Fonseca, julgado em 11/6/2015 (Info 564). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Corrupção passiva Art. 317 - SOLICITAR ou RECEBER, para si ou para ou- trem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou ACEITAR promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de 1/3, se, em consequên- cia da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica in- fringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou re- tarda ato de ofício, com infração de dever funcional, ceden- do a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. 80 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 CORRUPÇÃO PASSIVA PRÓPRIA IMPRÓPRIA Prática de ato funcional ILÍCI- TO Prática de ato funcional LÍCI- TO O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a solicitação ou recebimento de vantagem indevida, ou a aceitação da promessa de tal vantagem, esteja relaciona- da com atos que formalmente não se inserem nas atri- buições do funcionário público, mas que, em razão da função pública, materialmente implicam alguma forma de facilitação da prática da conduta almejada. Ao contrário do que ocorre no crime de corrupção ativa, o tipo penal de corrupção passiva não exige a comprovação de que a vantagem indevida solicitada, recebida ou acei- ta pelo funcionário público esteja causalmente vinculada à prática, omissão ou retardamento de “ato de ofício”. A expressão “ato de ofício” aparece apenas no caput do art. 333 do CP, como um elemento normativo do tipo de corrup- ção ativa, e não no caput do art 317 do CP, como um ele- mento normativo do tipo de corrupção passiva. Ao contrário, no que se refere a este último delito, a expressão “ato de ofí- cio” figura apenas na majorante do art 317, § 1.º, do CP e na modalidade privilegiada do § 2.º do mesmo dispositivo. STJ. 6ª Turma. REsp 1745410-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz, julgado em 02/10/2018 (Info 635). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br CONCUSSÃO Funcionário público exige vantagem inde- vida. CORRUPÇÃO PASSIVA Funcionário público solicita, recebe ou aceita vantagem indevida. CORRUPÇÃO ATIVA Particular oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público. PREVARICAÇÃO O agente viola o dever funcional para sa- tisfazer interesse ou sentimento pessoal, de modo que não envolve um terceiro corruptor Facilitação de contrabando ou descaminho Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa. Prevaricação Art. 319 - RETARDAR ou DEIXAR de praticar, indevida- mente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA PREVARICAÇÃO § 2º - Se o funcionário prati- Art. 319 - RETARDAR ou ca, deixa de praticar ou re- tarda ato de ofício, com in- fração de dever funcional, ce- dendo a pedido ou influên- cia de outrem DEIXAR de praticar, indevi- damente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfa- zer interesse ou sentimento pessoal Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a co- municação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano. Condescendência criminosa Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de res- ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa. Advocacia administrativa Art. 321 - PATROCINAR, direta ou indiretamente, inte- resse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de 1 a 3 meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, além da multa. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA PATROCINAR, direta ou indiretamen- te, interesse privado perante a admi- nistração pública, valendo-se da qua- lidade de funcionário Crime praticado por funcionário públi- co contra a administração em geral TRÁFICO DE INFLUÊNCIA SOLICITAR, EXIGIR, COBRAR ou OB- TER, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funci- onário público no exercício da fun- ção Crime praticado por particular contra a administração em geral EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO SOLICITAR ou RECEBER dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Mi- nistério Público, funcionário de justi- ça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha Crime contra a administração da justiça Violência arbitrária 81 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da pena cor- respondente à violência. Abandono de função Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos per- mitidos em lei: Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa. § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolonga- do Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa. Violação de sigilo funcional Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. § 2oSe da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: Pena – reclusão, de 2 a 6 anos, e multa. Violação do sigilo de proposta de concorrência Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena - Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa. Funcionário público Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re- muneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço con- tratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será aumentada de 1/3 quando os auto- res dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assesso- ramento de órgão da administração direta, sociedade de eco- nomia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo po- der público. Diretor de organização social STF. 1ª Turma. HC 138484/ DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915). Administrador de Loteria STJ. 5ª Turma. AREsp 679.651/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/09/2018. Advogados dativos STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579). Médico de hospital particular credenciado/conveniado ao SUS (após a Lei 9.983/2000) STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1101423/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/11/2012. Estagiário de órgão ou entidade públicos STJ. 6ª Turma. REsp 1303748/AC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 25/06/2012. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br CAPÍTULO II DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Usurpação de função pública Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Resistência Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante vi- olência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de 2 meses a 2 anos. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de 1 a 3 anos. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Desobediência Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário pú- blico: Pena - detenção, de 15 dias a 6 meses, e multa. Desacato Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: 82 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa. O crime de desacato é compatível com a Constituição Fe- deral e com o Pacto de São José da Costa Rica . A figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade de expres- são, não retirando da cidadania o direito à livre manifesta- ção, desde que exercida nos limites de marcos civilizatórios bem definidos, punindo-se os excessos. STF. 2ª Turma.HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/3/2018 (Info 894). Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela continua a ser crime, conforme previsto no art. 331 do Código Penal. STJ. 3ª Seção. HC 379.269-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Rel. para acórdão Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 24/5/2017 (Info 607). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Tráfico de Influência Art. 332 - SOLICITAR, EXIGIR, COBRAR ou OBTER, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário pú- blico no exercício da função: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada da metade (1/2), se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. Corrupção ativa Art. 333 - OFERECER ou PROMETER vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/3, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcio- nal. Descaminho Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direi- to ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consu- mo de mercadoria Pena - reclusão, de 1 a 4 anos. § 1o Incorre na mesma pena quem: I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permiti- dos em lei; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de proce- dência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser pro- duto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mer- cadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clan- destino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que in- vestiga o cometimento do delito previsto no art. 334, § 1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria es- trangeira, permitida pela ANVISA, desacompanhada de nota fiscal e sem comprovação de pagamento de imposto de im- portação. STJ. Plenário. CC 159680-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 08/08/2018 (Info 631). Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho, ainda que inexistentes indí- cios de transnacionalidade na conduta. STJ. 3ª Seção. CC 160748-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2018 (Info 635). O descaminho é crime tributário FORMAL. Logo, para que seja proposta ação penal por descaminho não é necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário. Não se aplica a Súmula Vinculante 24 do STF. O crime se consuma com a simples conduta de iludir o Esta- do quanto ao pagamento dos tributos devidos quando da importação ou exportação de mercadorias. STJ. 6ª Turma. REsp 1.343.463-BA, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/3/2014 (Info 548). STF. 2ª Turma. HC 122325, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/05/2014. É dispensada a existência de procedimento administrati- vo fiscal com a posterior constituição do crédito tributá- rio para a configuração do crime de descaminho (art. 334 do CP), tendo em conta sua natureza formal. STF. 1ª Turma. HC 121798/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julga- do em 29/5/2018 (Info 904). *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br Contrabando Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida Pena - reclusão, de 2 a 5 anos. § 1o Incorre na mesma pena quem: I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão públi- co competente; III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira desti- nada à exportação; 83 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 IV - vende, expõe à venda,mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clan- destino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. SÚMULAS SOBRE CONTRABANDO/DESCAMINHO Súmula 151-STJ: A competência para o processo e julga- mento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens CONTRABANDO DESCAMINHO Tipificado no art. 334-A do CP. Tipificado no art. 334 do CP. Consiste em “importar ou exportar mercadoria proibida”. Consiste em “iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria” Corresponde à conduta de importar ou exportar mercadoria PROIBIDA. Obs: essa proibição pode ser absoluta ou relativa. Corresponde à entrada ou à saída de produtos PERMITIDOS, todavia elidindo o pagamento do imposto devido. É a fraude utilizada para iludir o pagamento de impostos relacionados com a importação ou exportação de produtos. NÃO é uma espécie de crime tributário. É uma espécie de crime tributário. Bem jurídico: a moralidade administrativa, a saúde e a segurança pública. O bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território nacional. Bem jurídico protegido: interesse do Estado na arrecadação dos tributos. Além disso, alguns autores apontam que este crime também protege o controle estatal das importações e das exportações. É INAPLICÁVEL o princípio da insignificância. Exceção: contrabando de pequena quantidade de medicamento para uso próprio (STJ EDcl no AgRg no REsp 1708371/PR). APLICA-SE o princípio da insignificância se o valor do tributo cujo pagamento foi iludido não superar R$ 20 mil (posição majoritária). NÃO admite suspensão condicional do processo (a pena é de 2 a 5 anos). Admite suspensão condicional do processo (a pena é de 1 a 4 anos). *CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Competência da Justiça Federal. Buscador Dizer o Direi- to, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/deta- lhes/58ee2794cc87707943624dc8db2ff5a0> Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pú- blica ou venda em hasta pública, promovida pela administra- ção federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraesta- tal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abs- tém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. Inutilização de edital ou de sinal Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa. Subtração ou inutilização de livro ou documento Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, li- vro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, se o fato não constitui cri- me mais grave. Sonegação de contribuição previdenciária Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de do- cumento de informações previsto pela legislação previdenciá- ria segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segu- rados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; 84 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros aufe- ridos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos gera- dores de contribuições sociais previdenciárias: Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. § 1o É EXTINTA A PUNIBILIDADE se o agente, esponta- neamente, declara e confessa as contribuições, importân- cias ou valores e presta as informações devidas à previ- dência social, na forma definida em lei ou regulamento, ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessó- rios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdên- cia social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 reais, o juiz poderá reduzir a pena de 1/3 até 1/2 ou aplicar apenas a de multa. § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será rea- justado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. CAPÍTULO II-A DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA Corrupção ativa em transação comercial internacional Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indireta- mente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial inter- nacional: Pena – reclusão, de 1 a 8 anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3, se, em ra- zão da vantagem ou promessa, o funcionário público estran- geiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Tráfico de influência em transação comercial internacio- nal Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funci- onário público estrangeiro no exercício de suas funções, rela- cionado a transação comercial internacional: Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/2, se o agen- te alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro. Funcionário público estrangeiro Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público es- trangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empre- sas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas in- ternacionais. CAPÍTULO III DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Reingresso de estrangeiro expulso Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso:Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, sem prejuízo de nova ex- pulsão após o cumprimento da pena. Denunciação caluniosa Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judi- cial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito ci- vil ou de ação de improbidade administrativa contra al- guém (pessoa certa e determinada), imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente (LEI 14110/20): Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de 1/6, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º - A pena é diminuída de 1/2, se a imputação é de prática de contravenção. Para que seja configurado o crime de denunciação caluniosa EXIGE-SE DOLO DIRETO. Não há crime de denunciação caluniosa caso o agente tenha agido com dolo eventual. STF. 2ª Turma. HC 106466/SP, rel. Min. Ayres Britto, 14/2/2012. *Informações retiradas do site www.dizerodireito.com.br LEI 14110/20 ANTES DEPOIS Dar causa à instauração de investigação policial, de pro- cesso judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de im- probidade administrativa contra alguém, imputando- lhe crime de que o sabe ino- cente Dar causa à instauração de inquérito policial, de proce- dimento investigatório cri- minal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infra- ção ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe ino- cente 85 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Comunicação falsa de crime ou de contravenção Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comuni- cando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado (consciência atual de que o crime inexiste): Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (ART. 339) COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME (ART. 340) O agente imputa a uma pessoa determinada ou determinável a prática de um crime ou contravenção mesmo sabendo que ela é inocente. O agente comunica a prática de um crime ou contravenção mesmo sabendo que ele não existiu. Aqui o agente não "acusa" nenhuma pessoa (determinada ou determinável). *Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime ine- xistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa. Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou in- térprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito po- licial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. § 1o As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo pe- nal, ou em processo civil em que for parte entidade da ad- ministração pública direta ou indireta. § 2o O fato DEIXA DE SER PUNÍVEL se, antes da senten- ça no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retra- ta ou declara a verdade Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: Pena - reclusão, de 3 a 4 anos, e multa. Parágrafo único. As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satis- fazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permi- te: Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so- mente se procede mediante queixa. Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa pró- pria, que se acha em poder de terceiro por determinação judi- cial ou convenção: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Fraude processual Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de pro- cesso civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. Favorecimento pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de 15 dias a 3 meses, e multa. § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen- dente, cônjuge ou irmão do criminoso, FICA ISENTO DE PENA. Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de coauto - ria ou de receptação , auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, e multa. Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação mó- vel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabeleci- mento prisional. 86 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano. Exercício arbitrário ou abuso de poder Art. 350 - (REVOGADO PELA LEI 13869/19) Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segu- rança Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legal- mente presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de re- clusão, de 2 a 6 anos. § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica- se também a pena correspondente à violência. § 3º - A pena é de reclusão, de 1 a 4 anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o pre- so ou o internado. § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. Evasão mediante violência contra a pessoa Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o in- divíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, além da pena cor- respondente à violência. Arrebatamento de preso Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, além da pena correspon- dente à violência. Motim de presos Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, além da pena cor- respondente à violência. Patrocínio infiel Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procura- dor, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocí- nio, em juízo, lhe é confiado:Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa. Patrocínio simultâneo ou tergiversação Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advoga- do ou procurador judicial que defende na mesma causa, si- multânea ou sucessivamente, partes contrárias. Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa. Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer ou- tra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de 1/3, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade tam- bém se destina a qualquer das pessoas referidas neste ar- tigo. Violência ou fraude em arrematação judicial Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação ju- dicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano, ou multa, além da pena correspondente à violência. Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspen- são de direito Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judici- al: Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa. CAPÍTULO IV DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS Contratação de operação de crédito Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: Pena – reclusão, de 1 a 2 anos. Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal; II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pa- gar Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenha- da ou que exceda limite estabelecido em lei: Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos. 87 MARINNA CALDARELI PORTES - 115.789.596-40 Assunção de obrigação no último ano do mandato ou le- gislatura Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos 2 últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exer- cício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibi- lidade de caixa: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos. Ordenação de despesa não autorizada Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: Pena – reclusão, de 1 a 4 anos. Prestação de garantia graciosa Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei: Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano. Não cancelamento de restos a pagar Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promo- ver o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei: Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos. Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou legislatura Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acar- rete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oi- tenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura: Pena – reclusão, de 1 a 4 anos. Oferta pública ou colocação de títulos no mercado Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pú- blica ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívi- da pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia: Pena – reclusão, de 1 a 4 anos. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 57: CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1) O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes cometidos contra a Administração Pública, ainda que o valor seja irrisório, porquanto a norma penal busca tutelar não somente o patrimônio, mas também a moral administrativa. Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância É INAPLICÁVEL aos crimes contra a administração pública 2) É possível o agravamento da pena-base nos delitos praticados contra a Administração Pública com fundamento no elevado prejuízo causado aos cofres públicos, a título de consequências do crime. 3) A regularidade contábil atestada pelo Tribunal de Contas não obsta a persecução criminal promovida pelo Ministério Público, ante o princípio da independência entre as instâncias administrativa e penal. 4) A agravante prevista no art. 61, II, g, do Código Penal não é aplicável nos casos em que o abuso de poder ou a violação de dever inerente ao cargo configurar elementar do crime praticado contra a Administração Pública. 5) Somente após o advento da Lei n. 9.983/2000, que alterou a redação do art. 327 do Código Penal, é possível a equiparação de médico de hospital particular conveniado ao Sistema Único de Saúde - SUS a funcionário público para fins penais. 6) Os advogados dativos, nomeados para exercer a defesa de acusado necessitado nos locais onde não existe Defensoria Pública, são considerados funcionários públicos para fins penais, nos termos do art. 327 do Código Penal. 7) A notificação do funcionário público, nos termos do art. 514 do Código de Processo Penal, não é necessária quando a ação penal for precedida de inquérito policial. (Súmula n. 330/STJ) 8) A prática de crime contra a Administração Pública por ocupantes de cargos de elevada responsabilidade ou por membros de poder justifica a majoração da pena-base. 9) A elementar do crime de peculato se comunica aos coautores e partícipes estranhos ao serviço público. 10) A consumação do crime de peculato-apropriação (art. 312, caput, 1.ª parte, do Código Penal) ocorre no momento da inversão da posse do objeto material por parte do funcionário público. 11) A consumação do crime de peculato-desvio (art. 312, caput, 2ª parte, do CP) ocorre no momento em que o funcionário efetivamente desvia o dinheiro, valor ou outro bem móvel, em proveito próprio ou de terceiro, ainda que não obtenha a vantagem indevida. 12) A reparação do dano antes do recebimento da denúncia NÃO EXCLUI o crime de peculato doloso, diante da ausência de previsão legal, podendo configurar arrependimento posterior, nos termos do art. 16 do CP. 13) A instauração de ação penal individualizada para os crimes de peculato e sonegação fiscal em relação aos valores indevidamente apropriados não constitui bis in idem. 14) Compete à Justiça Federal o julgamento do crime de peculato se houver possibilidade de utilização da prova do referido delito para elucidar sonegação fiscal consistente na falta de declaração à Receita Federal do recebimento dos valores indevidamente apropriados. 15) Compete à Justiça Federal processar e julgar desvios de verbas públicas transferidas por meio de convênio e sujeitas a fiscalização de órgão federal. 16) Não há bilateralidade entre os crimes de corrupção passiva e ativa, uma vez que estão previstos em tipos penais distintos e autônomos, são independentes e a comprovação de um deles não pressupõe a do outro. 17) No crime de corrupção passiva, é indispensável haver nexo de causalidade entre