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* Graduado no curso de Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade Nove de Julho e Pós Graduado no curso de Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Candido Mendes. E-mail: apecidos@gmail.com. ** Professora de Pós Graduação na Faculdade FECAF. VAIDADE E VIRTUDE: CONHECIMENTO E CRESCIMENTO José Aparecido Soares* Karine Tereza dos Santos Silva** RESUMO Este trabalho discute sobre o comportamento do ser humano a partir das necessidades de crescimento intelectual, comparando o desejo de alcançar os objetivos como um combustível ou uma inspiração para pessoas que não dispunham de atrativos no inicio de suas carreiras, mas que a partir de um pecado capital essa pessoa é capaz de melhorar como ser humano, crescer profissionalmente, obter uma colocação na sociedade e o verdadeiro elemento motivador é algo que ele já possui que é a vaidade. O vício que é uma virtude que liberta que o faz ser corajoso, que o faz adquirir confiança, que o faz ser mais desembaraçado e o diferencia dos demais contribuindo ao seu crescimento. Comparam os cientista e educadores, pessoas que só conseguem adquirir algo com muito trabalho e dedicação diferentemente aos políticos que são movidos pelo poder. Palavras chave: Crescimento Intelectual. Objetivos. Elemento Motivador. Vício. Confiança. 1 Introdução Este trabalho analisa o comportamento do ser humano em sua busca de crescimento e como o alcance dessa busca interfere nas atitudes do individuo após a sua conclusão. A escolha do tema se tornou evidenciado pelo relato de Rosana Pinheiro Machado ao site Carta Capital em vinte e quatro de fevereiro de dois mil e dezesseis (24/02/2016), onde se refere à distancia de status dos portadores de conhecimento com relação aos menos favorecidos e isso é motivo para o desdém daqueles que se "acham" os melhores ignorando os demais. O universo do tema é imenso, mas entre o iniciar e o concluir, determinada tarefa ou projeto, existe um desfiladeiro que não é possível para que todos realizem e se nesse processo se tornam uma mistura de sentimentos, dor, medo vergonha, desanimo, tristeza, orgulho, virtudes e fraquezas e a vaidade, um dos sete pecados capitais, cria um diferencial nas pessoas e se mistura entre ser pecado bom e ser um pecado mau e assim quem passou pelas mazelas sente que não faz sentido não mostrar para o mundo que foi possível, que ele conseguiu, que a sua dedicação o levou até aquele patamar, que ele é um cara "maioral". O inicio deste trabalho transcorre entre os desejos que nos leva a sair da inércia em busca do que realmente queremos em qualquer fase da vida, não há uma sequencia cronológica que direciona determinada pessoa ao objetivo, pode começar em qualquer idade e também não existe um patamar de limite, o que faz significado é a dedicação de cada indivíduo em atingir os seus objetivos. A vaidade intelectual se diferencia da vaidade vã e vazia das pessoas que querem chamar a atenção dos outros por seus dotes e beleza físicos. O tema já é discutido desde muito tempo pelo livro "Reflexões sobre a vaidade dos homens" e "Tratado de Ética". O trabalho se desenvolve citando a motivação como o combustível e a força que cada pessoa adquire ao colocar em pratica a decisão de seguir os seus desejos, superando obstáculos, passando por momentos dolorosos e focando na vaidade de um objetivo ainda não conquistado e em seguida o estudo enaltece a vaidade na dose certa como responsável para que as pessoas consigam através dos adjetivos que a vaidade impõe a quem a possuem de ser desembaraçado, animado, corajoso, etc. 2 O que nos move Em todas as fases da vida temos um desejo de realizar algo, seja no âmbito profissional, pessoal, familiar, religioso, etc., e é esse desejo que nos impulsiona para que encontremos um meio para alcançar esse objetivo. Cada pessoa procura algo de melhor em si ou algo que já possua e que precisa ser lapidado, algo que possa aprender ou desenvolver, algo em que possa colocar todos os seus sentidos e esforços para conseguir atingir os objetivos desejados. Os objetivos se diferem de pessoa para pessoa. Alguém quer ser construtor de casas, outro quer ser construtor de maquinas, talvez alguém queira ser um simples lavrador, tudo depende de onde se quer chegar. Este ingrediente que nos move é o combustível para que possamos ir em frente, é aquela força, aquele incentivo dentro de nós para que possamos sair da inércia e colocar em prática tudo o que for necessário para se possa atingir o objetivo desejado. E pode-se dizer que o desejo de alcançar o objetivo é a inspiração fundamental para superar todos os obstáculos que possam vir a se opor a obtenção desse resultado final. Segundo Massimi & Silva, (2001), o desejo era considerado capaz de, por meio da fantasia do objeto, mover à busca de algo que, na realidade, nem mesmo existiria. Além do desejo existem outros fatores que nos propicia a obtenção de resultados que muitas vezes não nos foi dado ou planejado ou que não estava no plano familiar ou até se parecia impossível de ser conquistado. Somos seres humanos e o que nos define como seres humanos é a incrível capacidade de cometermos erros. Entre os defeitos humanos um em especial é a vaidade. Segundo a Bíblia a vaidade é algo enganoso, sem valor, que leva a ostentação e a idolatria. A vaidade, um dos sete pecados capitais, tem como significado a valorização sobre a própria aparência ou outra qualidade física, intelectual ou fundamentada no desejo de que tal qualidade seja reconhecida ou admirada por outras pessoas. A vaidade parece ser a paixão da contemporaneidade. Homens e mulheres parecem, mais do que nunca, condicionarem sua felicidade e realização pessoal aos ideais ditados pela vaidade. E isso não se limita à exibição da beleza, juventude e poder econômico (SILVA, 2009, p. 367). A vaidade física sendo cultuada de forma moderada não é algo ruim, ela faz com que mantenhamos nossos hábitos básicos de higiene e saúde e tenhamos um cuidado saudável com a imagem de nós mesmos. Mas a vaidade motivacional é a que modifica comportamentos e a vida das pessoas, causando uma falsa ideia de felicidade condicionando e causando o desejo (SILVA, 2009, p. 368). E é por causa dessa falsa ideia de felicidade que causa o desejo que pessoas como o aluno de origem humilde FSJ de 19 anos de uma cidade que fica a 242 km de Cuiabá, estudou 15 horas por dia durante três anos para ser aprovado em quatro universidades de medicina, assim como também o jovem aluno também de origem humilde, AG de 18 anos de Embu das Artes, aprovado na universidade Yale nos estados Unidos e aguardando outros processos seletivos em outras universidades americanas. Pode-se considerar que a vaidade intelectual não prejudicou os referidos alunos, após horas de estudo eles conquistaram os seus objetivos e logo após a conclusão de seus cursos eles sentirão muito orgulho pelos seus feitos, segundo Matias Aires (1752) entendia que a vaidade não era apenas fonte de muitos males, mas também de alguns bens. A vaidade por ser causa de alguns males, não deixa de ser principio de alguns bens: das virtudes meramente humanas, poucas se havião de achar nos homens, se nos homens não houvesse vaidade: não só serião raras as acções de valor, de generosidade, e de constância, mas ainda esses termos, ou palavras ferião como barbaras, e ignoradas totalmente (MATIAS AIRES, 1752, p. 9). 3 A vaidade na medida certa Em muitas das situações, pessoas passam horas e horas malhando seus corpos em academias para atingir o corpo ideal, como padrão de beleza, mas pelo fator saúde, é a melhor coisa a ser feita. Pessoas sem nenhuma condição financeira e nenhum histórico intelectual familiar, decidem se ingressar em alguma formação acadêmica. Eles sabem que será difícil, sabem que vão passar por muitas dificuldades, haverá momentos de desânimo, momentos de dor, e o que os levaa essa decisão de ingressar em um curso superior para se tornar uma pessoa com mais graduação escolar é a vaidade intelectual. Vaidade essa que motiva as pessoas também é um diferencial nas atitudes individuais do ser humano, conforme o que relata Matias Aires, (1752). O homem de huma medíocre vaidade he incapaz de premeditar emprezas, nem de formar projectos: tudo nelle he sem calor: a sua mesma vida he huma especie de lethargo: tudo o que procura he com passos vagarosos, cobardes, e descuidados; porque a vaidade he em nós como hum espirito dobrado, que nos anima; por isso o homem, em que a vaidade não domina he timido, e sempre cercado de duvida, e de receyo: a vaidade logo traz consigo o desembaraço, a confiança, o arrojo, e a certeza. (MATIAS AIRES, 1752, p.26). O ser com vaidade consegue se diferenciar dos demais por querer ter mais visibilidade do que a maioria. Na verdade algumas pessoas se sentem vitoriosas por conseguir atingir os seus objetivos e essa satisfação lhes impõe um enorme sentimento de gloria. A gloria de provar para muitos que a capacidade, a vitoria, a devoção, as horas de dedicação, as horas mal dormidas não foram em vão. O filho de um mestre de obras RFSJ de 32 anos após uma viajem ao exterior se convenceu que deveria se ingressar no curso de engenharia civil, mas nem tinha o segundo grau completo, então se dedicou, arrumou em emprego de servente de pedreiro, e iniciou seus estudos até concluir sua formação em 2012. Também tem o relato de CRV de 34 anos que cursa engenharia civil, filho de pai analfabeto e mãe que não concluiu a terceira série do ensino fundamental, trabalha como almoxarife em uma empresa, "a rotina é puxada. Acordo antes das seis horas e volto para casa sé depois da aula, por volta das vinte e duas horas e ainda vou brincar com a minha filha, que gruda em mim. Vou dormir só meia noite. Faço no ritmo possível". Esses relatos mostram que a vitoria no âmbito profissional requer um elemento que diferencie um ser humano de outro porque nem todos conseguem e também nem todos tem a consciência de que é necessário se expor a dificuldades e dores para poder crescer e chegar a algum lugar. Segundo Antonio Paim (2002), que compara a vaidade entre algumas atividades a vaidade dos cientistas é algo mais valorizado do que nos políticos. A vaidade é um traço comum e, talvez, não haja pessoa alguma que dela esteja inteiramente isenta. Nos meios científicos e universitários, ela chega a constituir-se numa espécie de moléstia profissional. Contudo, quando se manifesta no cientista, por mais antipatia que provoque, mostra-se relativa - mente inofensiva, no sentido de que, via de regra, não lhe perturba a ativi - dade científica. Coisa inteiramente diversa ocorre quando se trata do político. O desejo do poder é algo que o move inevitavelmente (PAIM, 2003, p. 20). O profissional de ciências, o estudioso, o universitário são pessoas que a vaidade só se apresenta depois de muito estudo de muita atividade intelectual e portanto a sua vaidade se justifica sobre a do político. 4 Conclusão O texto de referencia sobre a vaidade na vida acadêmica comenta sobre um ego inflado de determinados profissionais da educação, mas a vaidade é própria do ser humano que se dedica e luta por um espaço ao sol e, portanto acredito que o pecado desses seres humanos que se acham os maiorais não é a vaidade e sim o orgulho o seu maior pecado. O orgulho é um sentimento de satisfação de alguém pela capacidade de realizações próprias, menosprezando os demais e tratando os outros com insignificância, o que lhe dá prazer é sentir que é superior aos demais e no meio acadêmico pessoas com esse perfil somente tem para humilhar os que dele dependem para conquistar seus objetivos. Os detentores da vaidade intelectual que realmente lutaram para conseguir os seus méritos, veem seus seguidores como o fruto de seus melhores trabalhos e se reconhece em seus pupilos, como ele era nos anos de busca pelo conhecimento com todas as dificuldades que ele passou. Para um profissional de educação ignorar os demais e se achar melhor do que os outros é uma falta de educação, não tem nada a ver com vaidade, porque o vaidoso quer ser bem visto pelos demais e a melhor maneira para isso é se mostrar, estar participando com outros cérebros para que ele divida com outros aquele conhecimento que ele, quero dizer o professor, o educador, o intelectual, o ser humano, e dividindo o que ele sabe é que pode comparar o quanto se é melhor, mas, não é possível ser conhecedor de tudo, caso contrario ele será alguém vazio que acha que é melhor do que os outros. REFERÊNCIAS AGGIO, Juliana Ortegosa. Prazer e desejo em Aristóteles. 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