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Hanseníase: Características e Classificação


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Glaziele Odawara – 6° Período – Dermatologia 
Ana Paula Oliveira 101B 
HANSENÍASE 
CARACTERÍSTICAS DEFINIÇÃO PELA OMS EPIDEMIOLOGIA 
• Mycobacterium leprae – parasita intracitoplasmático do macrófago (pele e nervos 
periféricos) 
• Doença infectocontagiosa crônica (período de incubação longo e multiplicação do agente 
etiológico lenta) 
• Mata apenas em casos excepcionais por meio das reações 
• Notificação compulsória! 
• Endêmica em áreas subdesenvolvidas 
• Imunidade específica ao bacilo = fator N = forma clínica leve = Teste Mitsuda 
 
Um caso de hanseníase é uma pessoa 
que apresenta 1 ou + características e 
que requer poliquimioterapia: 
1. Lesão de pele com alteração de 
sensibilidade 
2. Acometimento de nervo com 
espessamento neural 
3. Baciloscopia positiva 
• 83% dos casos são na Índia e Brasil 
• Sem predileção por sexo ou raça 
• Incidência abaixo dos 15 anos: cerca de 10% dos 
casos 
MODO DE TRANSMISSÃO FATORES QUE FAVORECEM O ADOECER OBSERVAÇÃO 
Indivíduo → indivíduo 
Germes eliminados pela mucosa nasal pela 
inoculação de gotículas penetram na mucosa 
nasal 
Bacilíferos sem tratamento 
• Paciente com 1 mês de tratamento já 
tem bacilos inviáveis, não podendo 
então ser transmitidos 
 
Intensidade da exposição: contato com o portador de forma contagiosa intra ou 
extradomiciliar e residir em área endêmica 
Susceptibilidade: 70 a 90% dos adultos são resistentes, pois possuem um fator N (natural), 
crianças são mais sensíveis 
• A maioria das infecções ocorre na infância, em casa ou na escola 
• Necessário contato íntimo e prolongado 
Outros fatores: baixo nível socioeconômico, desnutrição, superpopulação, fatores ambientais 
• Alta infectividade, baixa virulência e patogenicidade 
• Período de incubação: 2 a 7 anos 
 
Há 6 pacientes com hanseníase, porém 5 são não infectantes 
(paucibacilíferos – poucos bacilos viáveis) e apenas 1 paciente 
infectante (multibacilar – muitos bacilos viáveis). Resumindo, 
poucas pessoas que terão a forma multibacilífera devido à 
resistência natural 
ETIOLOGIA PATOGENIA TESTE DE MITSUDA E IMUNIDADE CELULAR 
• Divide-se lentamente, em 12 a 14 dias. 
• Tropismo por nervos periféricos (célula 
de Schwann): sintomas neurológicos e 
deformidades 
• Não cultivado em laboratório 
• Inoculação restrita a camundongo e 
tatu (Dasypus novemcinctus) 
 
Atravessa o tegumento → invade os gânglios 
linfáticos → resposta imunológica determina o 
grau de patogenicidade 
• Resistência natural com eliminação da 
infecção 
• Infecção subclínica com regressão 
espontânea 
• Evolução para hanseníase 
Teste intradérmico: teste prognóstico que consegue avaliar qual a forma clínica que o paciente vai 
desenvolver 
Imunidade celular 
• Indeterminada: inicial, transitória, a maioria cura espontaneamente 
• Tuberculoide: imunidade específica presente, forma benigna, com escassas lesões e escassos 
bacilos → paucibacilar 
• Borderline: está entre as formas polares, em que a imunidade varia, são instáveis 
• Virchowiana: imunidade específica ausente, forma grave e generalizada → multibacilar 
 
CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL CLASSIFICAÇÃO DE MADRI CLASSIFICAÇÃO DE RIDLEY E JOPLING HANSENÍASE INDETERMINADA 
Número de lesões + baciloscopia cutânea 
Utilizada em situações de carência de meios 
complementares para a confirmação diagnóstica: 
• Paucibacilares (PB): até 5 lesões de pele 
e/ ou apenas um tronco nervoso 
acometido 
• Multibacilares (MB): mais que 5 lesões 
de pele e/ou mais de um tronco 
nervoso acometido 
• Baciloscopia positiva: classifica o caso 
como MB independentemente do 
número de lesões 
Hanseníase indeterminada que pode evoluir para: 
• Polo tuberculoide (T) 
• Polo Virchowiano (V) 
• Hanseníase dimorfa/Borderline (BB) 
• Tuberculoide 
• Borderline Tuberculoide 
• Borderline Borderline 
• Borderline Virchowiana 
• Virchowiana 
 
• Mácula hipocrômica ou eritemato-hipocrômica com 
hipoestesia térmica e dolorosa, usualmente única 
• Teste de sensibilidade = nesses pacientes, a perda 
de sensibilidade ocorre de forma respectiva: 
térmica, dolorosa e tátil 
• É a forma inicial da doença, ocorre em qualquer 
idade e pode permanecer por anos ou evoluir 
• Doentes não tratados podem curar 
espontaneamente (70% dos casos) 
CLASSIFICAÇÃO PELA OMS 
Pauci (até 5 lesões) ou Multibacilar (mais de 5 
lesões) 
• Na prática, se você não consegue 
classificar o paciente, é preferível tratá-
lo como Multibacilar 
Glaziele Odawara – 6° Período – Dermatologia 
Ana Paula Oliveira 101B 
HANSENÍASE TUBERCULOIDE HANSENÍASE VIRCHOWIANA 
• Placa com bordo composto por pequenos tubérculos (granulomas tentando 
conter o bacilo), bem definida, anestésica e em geral única ou poucas 
• Eritematosas, eritemato-hipocrômicas, eritemato-pigmentadas, 
uniformemente infiltradas, papulosas ou circinadas 
• São alopécicas, anidróticas, com anestesia térmica total, precoce e definitiva 
• Envolvimento neural expressivo (neurite) – teremos dor à palpação do nervo 
1. Espessamento de filete nervoso próximo à lesão (sinal da raquete) 
ou do tronco nervoso mais próximo 
2. Pode cursar com dor e tumefação ou fraqueza, paralisia e atrofia 
muscular levando a deformidades 
3. Pode ser puramente neural, sem lesão cutânea 
 
Pele: máculas ou placas eritematosas ou acobreadas de limites mal definidos, infiltração difusa, tubérculos, nódulos e 
Ictiose (descamação em losango que ocorre nas pernas) 
Face: infiltração dos pavilhões auriculares, e madarose (fácies leonina) 
Pode acometer mucosas (nariz (rinite persistente), boca, faringe e laringe) 
• Difícil diagnóstico precoce 
• Manifestações iniciais podem ser sintomas nasais ou edema de MMII 
SNP: anestesia em bota/luva, ausência de sudorese e de pelos, paralisia e atrofia muscular que leva a deformidades 
Olhos: ceratite, irite, uveíte anterior e lesões nervosas 
Pode afetar: linfonodos, fígado, baço e S.R., músculos, ossos das mãos, pés e crânio – atrofia e osteomielite 
Traumas, infecções e o dano a irrigação e inervação levam a reabsorção óssea 
Testículos: infiltração, atrofia e orquiepididimite, levando a esterilidade, ginecomastia e impotência. 
Rim: amiloidose (grave) e glomerulonefrite 
 
HANSENÍASE BORDERLINE LESÕES NEUROLÓGICAS ESTADOS REACIONAIS 
• Máculas ou placas infiltradas, eritematosas 
ou acobreadas, com área de pele 
aparentemente sã no interior (lesões 
foveolares ou com aspecto de “queijo suíço” 
ou esburacadas) 
• Lesões anulares e lesões com contornos 
geográficos 
• Limites internos nítidos, lembrando perfil 
imunológico tuberculoide e externos 
imprecisos, lembrando perfil imunológico 
Virchowiano 
• Às vezes, há tubérculos e nódulos associados 
• As lesões cutâneas variam em número e 
aspecto 
• O n° de troncos nervosos acometidos 
também é variável 
• Tendência a neurites durante os estados 
reacionais 
• Assimetria é característica. A infiltração de 
um único lóbulo da orelha sela o diagnóstico 
 
Cabeça 
Facial: paralisia ou lagoftalmo 
Trigêmeo: anestesia de córnea e conjuntiva 
Auricular: sem alteração 
MMSS 
Cubital: amiotrofia dos interósseos, 
aplanamento da eminência hipotenar, garra 
cubital 
Mediano: aplanamento da eminência tenar, 
garra cúbito mediana 
Radial: mão caída 
MMII 
Ciático poplíteo externo ou fibular: pé caído, 
marcha escarvante e úlceras na borda 
externa do pé 
Tibial posterior: anestesia e anidrose plantar 
levando a mal perfurante 
Reações hansênicas são intercorrências agudas que podem cursar com alterações cutâneas, neurológicas 
e sistêmicas, de modo isolado ou simultâneo, variando de acordo com a gravidade e o tipo de reação 
• Ocorrem por alterações no sistema imunológico 
• Devem ser consideradas como emergência 
• Diagnóstico e tratamento devem ser precoces 
• Apresentam sinais e sintomas de inflamação aguda 
• Episódios de hipersensibilidade aos antígenos do M. leprae por distúrbio do equilíbrio 
imunológico 
• Multibacilares 60% x Paucibacilares 20% 
• 27%dos pacientes têm reações após o fim do tratamento 
• Deve-se reconhecer e tratar prontamente pelos danos graves e irreversíveis 
Tipos 
• Tipo 1 ou reação reversa: imunidade celular, manifestação de hipersensibilidade tardia 
• Tipo 2 ou eritema nodoso hansênico: imunidade humoral, síndrome de imunocomplexos, MMSS 
Fenômenos de Lúcio 
• Vasculite em pacientes com hanseníase de Lúcio, que é um tipo de HV difusa, sem tubérculos, 
sem nódulos 
• Rica em bacilos e ocorre em pacientes que não foram tratados 
 
FATORES PRECIPITANTES DAS REAÇÕES DIAGNÓSTICO 
1. Infecções e doenças debilitantes. 
2. Tratamento da doença – carca de 4 meses de 
tratamento – multibacilar – reação 
3. Gravidez e puerpério. 
4. Estresse emocional. 
5. Desgaste físico e/ou mental. 
6. Traumas, cirurgias. 
7. Vacinações, teste de PPD fortemente positivo 
Clínico + confirmado com baciloscopia e 
biópsia com histopatologia 
Pesquisa da sensibilidade: térmica, dolorosa, 
tátil 
Baciloscopia: pesquisa de bacilos na linfa 
colhida de 4/6 sítios, avaliação quantitativa 
e morfológica (uma cruz já é classificada 
como hanseníase multibacilar) 
Teste de Mitsuda: classifica 
doença e prognóstico 
0,1ml de suspensão de bacilos 
mortos via ID 
Leitura após 3 a 4 semanas 
 Negativo: ausente ou menor 
que 5mm 
 Positivo: maior que 5 mm 
 
Exame histopatológico: 
H. Tuberculoide: infiltrado granulomatoso tuberculoide e pesquisa de 
BAAR negativa. 
H. Virchowiana: infiltrado de macrófagos espumosos ou células de 
Virchow (macrófagos cheios de bacilos) e pesquisa de BAAR positivo 
H. Borderline: presença desses dois achados em graus variáveis 
H. Indeterminada: infiltrado inflamatório linfo-histiocitário 
inespecífico, perivascular e peri-anexial 
Glaziele Odawara – 6° Período – Dermatologia 
Ana Paula Oliveira 101B 
TRATAMENTO TRATAMENTO DAS REAÇÕES 
Classificação e critérios 
 Paucibacilares Multibacilares 
Clínico HI e HT HB, HV e não classificados 
Baciloscópico Negativa em todos os esfregaços (IB = 0) e no 
exame histopatológico 
Baciloscopia positiva em qualquer esfregaço ou no 
exame histopatológico 
 
Esquema padrão de poliquimioterapia da OMS 
 Paucibacilares Multibacilares 
Dose mensal supervisionada 
(garantir a quebra da cadeia 
de transmissão da doença) 
Rifampicina 600mg+ Dapsona 100mg Rifampicina 600mg + Clofazimina 300mg + Dapsona 
100mg 
Dose diária autoadministrada Dapsona 100mg Dapsona 100mg + Clofazimina 50mg 
Seguimento dos casos Comparecimentos mensais para 6 doses Comparecimentos mensais para 12 doses 
Critério de alta por cura 6 doses supervisionadas em até 9 meses, 
independentemente do número de faltas 
consecutivas. 
12 doses de supervisionada, em até 18 meses, 
independentemente do número de faltas 
consecutivas 
Cartela (cada cartela contém 
tratamento para 4 semanas) 
 
 
 
1. Episódios reacionais: 60% dos pacientes multibacilares e até 
20% dos paucibacilares podem apresentar reações. 
2. Continuar o tratamento específico. 
3. Tratar infecções intercorrentes ou fatores predisponentes. 
4. Reação do Tipo 1: Prednisona 1 a 2mg/kg/dia (com 
desmame gradual) 
5. Reação do Tipo 2: Talidomida 100 a 400mg/dia, associada à 
Prednisona 1 a 2mg/kg/dia nas reações mais intensas.