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Fonte: Aula 1 HANSENÍASE Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ Hanseníase é uma infecção bacteriana da pele que é muito comum e importante, tendo grande impacto na saúde pública ➢ Geralmente, é diagnosticada e tratada pelos médicos das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e somente os casos mais graves são encaminhados para as dermatologistas ➢ É uma infecção bacteriana de evolução crônica, assim os sintomas são insidiosos (demoram a aparecer) ➢ Inicialmente, é uma doença do nervo periférico e, consequentemente, da pele (pois o nervo periférico também inerva a pele) ➢ Não acomete Sistema Nervoso Central (SNC) ETIOLOGIA ➢ É causada pelo Bacilo de Hansen (BH), que é o Mycobacterium leprae: • É um Bacilo Ácido-Álcool Resistente (BAAR) • Parasita intracelular obrigatório → se multiplica dentro do macrófago ➢ Alta Infectividade e Baixa Patogenicidade → muita gente adquire a infecção, mas poucos adoecem • Alta infectividade → a probabilidade de adquirir a infecção é muito alta • Baixa patogenicidade → por uma resistência genética, dessas pessoas que adquirem a infecção, a maioria cura espontaneamente e uma pequena parte adoece ➢ TRANSMISSÃO → por vias aéreas (Gotículas da respiração) • Período de Incubação → varia de 2 a 5 anos • A maioria das pessoas que tem Hanseníase não são transmissores, pois para que o paciente transmita a doença é necessário que ele tenha muitos bacilos em sua árvore respiratória, e isso só acontece em algumas formas de Hanseníase • Doente Bacilífero → libera os bacilos, a outra pessoa inala os bacilos, que vão para a árvore traqueobrônquica e, por haver uma continuidade de alvéolos e capilares, caem na circulação sanguínea e linfática. Esses bacilos tem um tropismo pelas Células de Shwann, que ficam na bainha do nervo periférico. Assim, como os nervos periféricos também são responsáveis pela inervação sensorial da pele • Quem mais pega Hanseníase são aquelas pessoas que convivem no mesmo ambiente, por duas razões: 1. Ambiente fechado → faz com que o contato seja muito maior 2. Genética semelhante → essas pessoas que convivem na mesma casa podem ter a genética semelhante (ter ou não uma boa expressão do fator Th1) ➢ IMUNOLOGIA: • O estado imunológico do paciente é bastante importante, pois existe uma resistência específica ao bacilo, e isso é geneticamente determinado • A determinação de que o paciente vai ou não ter a doença ou até mesmo apresentar uma doença mais grave ocorre pelo padrão de linfocinas produzidas, que é geneticamente determinado: ▪ Depois que os bacilos são introduzidos pelas vias aéreas e atingem a corrente sanguínea, eles são fagocitados por macrófagos. Esses macrófagos produzem uma série de linfocinas (IL-1, IL-12 e TNF), que atuam fazendo com que os linfócitos CD4+ aumentem e ativem a atividade macrofágica. Com isso, consegue-se que a maioria dos bacilos sejam destruídos • A maioria das pessoas não desenvolvem a doença devido a essas linfocinas destruírem praticamente todos os bacilos • Em outros casos, o paciente adoece, mas tem uma doença limitada ou os bacilos se multiplicam livremente e ele tem uma doença mais grave • A imunidade celular é a mais importante para localizar ou curar a infecção por hanseníase • Padrão Th1 → forma Tuberculoide ▪ Macrófagos → são os únicos que destroem os bacilos, sendo dependentes do padrão Th1 ▪ Produz citocinas (IL-2 e INF-gama) que levam, no final, ao fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) ▪ Faz com que o paciente não adoeça ou adoeça de forma localizada (Tuberculóide) ▪ Se o padrão Th1 estiver reduzido → há multiplicação dos bacilos e um aumento na produção de linfocinas inflamatórias do tipo Th2 • Padrão Th2 → forma Virchowiana ▪ Faz com que haja uma inibição do TNF-α ▪ Não haverá a atividade de destruição dos bacilos pelos macrófagos. Assim, os bacilos continuarão se multiplicando ▪ Junto a essa multiplicação dos bacilos, começa-se a produzir anticorpos (IL-10 ativa linfócitos B). Porém, esses anticorpos não são capazes de matar os bacilos ▪ Esses pacientes evoluem para a forma grave da doença (Virchowiana) • Imunidade Humoral: ▪ Não é capaz de destruir o bacilo ▪ Produção específica → Faz com que o organismo produza um anticorpo específico do bacilo, o Anti- PGL-1, que é direcionado contra um lipídeo da parede do Mycobacterium leprae ✓ Esse anti-PGL-1 não é utilizado como ferramenta para o diagnóstico. Faz-se uso dele apenas em centros de pesquisa ✓ No paciente Virchowiano, que tem muito bacilo, tem-se muitos anticorpos anti-PGL-1. E, mesmo assim, esses anticorpos não conseguem destruir o bacilo ▪ Tuberculóide → títulos baixos ou negativos de anti- PGL-1 ▪ Virchowiano → títulos altos de anti-PGL-1 Fonte: Aula 2 HANSENÍASE Gizelle Felinto • Produção Inespecífica de outros anticorpos (sempre em títulos baixos e de uma forma inespecífica): ▪ VDRL → falsamente positivo ▪ Fator Reumatóide ▪ ASO ▪ FAN ▪ Níveis elevados de Imunoglobulinas PATOGENIA ➢ Após a Infecção pelo BH, o paciente pode ter: • Cura Espontânea (maioria dos pacientes) → a atividade macrofágica é capaz de curar ▪ Pacientes sem sintomas ou pode apresentar gripe leve e sensação de mal estar, que passam rapidamente • Doença Subclínica → paciente tem alguma sintomatologia, mas ainda não tem alteração específica da Hanseníase ▪ Dentro desses pacientes com a doença subclínica: ✓ Cura Espontânea (maioria dos casos) ✓ Hanseníase Indeterminada (HI) → é a forma inicial o Nesse caso já se tem manifestação de Hanseníase o 70% → cura espontânea ❖ Quando se dá o diagnóstico nessa fase deve-se tratar, pois não se vai esperar que o paciente tenha uma cura espontânea (mesmo que a chance seja de 70%) o 30% → forma mais avançada da doença ❖ Forma Tuberculóide → dipolo ❖ Forma Borderline ou Dimorfa → forma intermediária (é instável, às vezes tem características da tuberculoide, às vezes da Vichowiana. Ele fica alterado suas características de acordo com a imunidade) - Na maioria das vezes, esses pacientes são multibacilares ❖ Forma Virchowiana → dipolo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ HANSENÍASE INDETERMINADA: • MANCHA HIPOCRÔMICA: ▪ Circular ou ovalada → pois o bacilo cresce de forma centrífuga, assim esse crescimento circular/oval é muito característico ▪ Geralmente é apenas uma ou em pequeno número, podendo ser múltipla ▪ Alteração de sensibilidade → apresenta de imediato, sendo um marco na Hanseníase! Não existe outra doença de pele que curse com mancha com alteração da sensibilidade. Ordem progressiva de perda da sensibilidade: ✓ 1º) Sensibilidade Térmica → o paciente não percebe se é quente ou frio ✓ 2º) Sensibilidade Dolorosa → Ex: o médico fura ou o paciente pisa em algum objeto e não sente ✓ 3º) Sensibilidade Tátil ➢ Relembrando: • Imunidade Celular Preservada (tem atividade macrofágica satisfatória) → geralmente tem-se poucos bacilos e, assim, o paciente desenvolve poucas lesões ▪ Forma Tuberculóide → a imunidade não foi suficiente para destruir todos os bacilos, mas ela consegue localizar, fazendo com que o paciente tenha poucas lesões • Sem Resposta Celular Adequada → imunidade humoral é exacerbada, mas não consegue matar o bacilo. Assim, os bacilos vão se multiplicar livremente, tendo-se muitos bacilos e muitas lesões ▪ Forma Virchowiana → o bacilo se multiplica bastante e tem-se lesão em praticamente todo o corpo • Forma Dimorfa → está entre as outras duas formas Paciente com múltiplas lesões hipocrômicas. Pacientes com muitas lesões, provavelmente, evoluem para a Forma Virchowiana Mancha Hipocrômica Fonte: Aula 3 HANSENÍASE Gizelle Felinto ➢ HANSENÍASE TUBERCULÓIDE: ➢ HANSENÍASE DIMORFA OU BORDERLINE: • Tem características da forma Virchowianae da forma Tuberculóide • Fóvea ou Lesão em Queijo Suíço → lesão característica da Hanseníase Dimorfa ➢ HANSENÍASE VIRCHOWIANA: • Há uma grande quantidade de lesões, chamadas Hansenomas = tubérculos • Alguns pacientes tem Madarose (perdem a cauda da sobrancelha), reforçando o aspecto de fácies leonina • Múltiplos bacilos = Múltiplas lesões = Múltiplos nervos MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS ➢ Ordem dos nervos periféricos mais acometidos: 1. Cubital/Ulnar 2. Ciático Poplíteo Externo (CPE) 3. Radial 4. Mediano 5. Tibial Posterior 6. Auricular ➢ Qualquer nervo periférico pode ser acometido, tendo-se os mais comuns, que foram listados acima Mancha hipocrômica + Infiltração (elevação) do bordo - Esse paciente começou com a hipocromia, que é típico da forma indeterminada, e de repente começa a infiltrar o bordo, tendo coloração eritematosa e ferruginosa 2 lesões com infiltração e eritema mais intenso - Como o nervo é acometido primeiro, quando se tem duas lesões ou mais, elas estão dentro do mesmo trajeto do nervo Fovea - Ao redor → Lesão eritemato-infiltrado - No meio → pele aparentemente normal - Essa característica se deve ao fato de que o organismo estivesse tentando, em algumas regiões, destruir a lesão, conseguindo apenas uma parte, dando esse aspecto faveolar (“um buraco no meio da lesão”) Foveas - Nervo ulnar (no cotovelo) → é o nervo mais acometido - Devido a essa quantidade de lesão, provavelmente esse paciente é multibacilar Hansenomas Infiltração Difusa da Face - Eritema + Infiltração - Nódulo - Dá o aspecto de Fácies Leonina Hansenomas Tubérculos ricos em bacilos - O pavilhão auricular é outra região bastante afetada Placas Eritemato-infiltradas - Déficit de Sensibilidade → paciente não sente o pé - Esse é o tipo de paciente que complica facilmente com o “Mal perfurante plantar” Madarose - Não é específico de Hanseníase Fonte: Aula 4 HANSENÍASE Gizelle Felinto ➢ NERVO ULNAR OU CUBITAL: • Território de inervação: • Comprometimento significativo do nervo ulnar → GARRA ULNAR (ou do Nervo Cubital) ▪ Dentro do nervo tem-se bacilos, pois eles têm tropismo pelas células de Schwann. Além disso, dentro desse tecido também se tem macrófagos, que irão destruir o bacilo e também, consequentemente, o nervo ▪ Embora a forma Tuberculóide seja caracterizada pela presença de poucos bacilos (paucibacilar) e por ser localizada, também é uma forma que tem comprometimento neural importante, pois a imunidade celular, ao mesmo tempo em que destrói o bacilo, acaba destruindo o nervo ➢ NERVO MEDIANO: • Território de inervação: • Geralmente, o comprometimento do nervo mediano vem associado, depois que o nervo ulnar é acometido. Assim, quando o paciente tem a GARRA DO NERVO MEDIANO, ele tem a Garra total (Ulnar + Mediano) • Os pacientes que tem comprometimento neurológico, depois, necessitam de reabilitação/fisioterapia para recuperar a função • Quando o diagnóstico é dado de forma recente, o tratamento é bem mais fácil. Porém, se for uma garra muito antiga o tratamento é mais difícil ➢ NERVO RADIAL: • Território de inervação: • MÃO CAÍDA: ➢ PÉ: • NERVO CIÁTICO POPLÍTEO EXTERNO → PÉ CAÍDO ▪ O paciente se arrasta, “levando o pé consigo” • NERVO TIBIAL POSTERIOR: ▪ Desce pela parte externa da coxa, indo para a planta do pé ▪ MAL PERFURANTE PLANTAR → Ex: paciente tinha uma lesão no pé, fazendo com que ele perdesse a sensibilidade da região, ele fura/machuca o local e, por não sentir, continua andando, piorando a lesão, que vai abrindo e não cicatriza D ER M A TO LO G IA Manifestações neurológicas ULNAR OU CUBITAL GARRA CUBITAL Garra Cubital D ER M A TO LO G IA Manifestações neurológicas MEDIANO GARRA MEDIANO – CUBITAL Garra Mediano-Cubital D ER M A TO LO G IA Manifestações neurológicas RADIAL MÃO CAÍDA Mão Caída Pé Caído Mal Perfurante Plantar e Garra dos Pododáctilos Fonte: Aula 5 HANSENÍASE Gizelle Felinto ▪ O mal perfurante plantar é uma síndrome. Não é visto apenas na Hanseníase, podendo ser observado em pacientes que tem neuropatia periférica da planta (Ex: Diabético) ▪ O mal perfurante plantar é de difícil cicatrização ➢ NERVO AURICULAR: • Não tem nenhuma função motora, assim não há nenhuma deformidade • Vê-se o nervo apenas ligeiramente espessado ➢ NERVO FACIAL: • Acometimento de um ramo do nervo facial que é responsável por fechar a pálpebra → LAGOFTALMO RESUMINDO AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ HANSENÍASE INDETERMINADA: • Mancha Hipocrômica: ▪ Geralmente tem poucas manchas ▪ Podem ser muitas manchas → o que pode indicar uma possível evolução para a forma Virchowiana ➢ HANSENÍASE TUBERCULÓIDE: • Eritemato-Infiltrada • Geralmente com poucas lesões • Coloração eritematosa-acastanhada (“cor de ferrugem”) • Comprometimento neural é muito intenso! → geralmente cursa com uma neuropatia muito significativa, pois a imunidade celular bem funcionante acaba destruindo o nervo, ao mesmo tempo em que destrói o bacilo • Geralmente há o comprometimento de 1 ou poucos nervos, porém esse acometimento é intenso ➢ HANSENÍASE BORDERLINE/DIMORFA: • Apresentação clássica → Fóvea (“queijo suíço”) ➢ HANSENÍASE VIRCHOWIANA: • Pode-se ter qualquer tipo de manifestações, como: ▪ Hansenoma disseminado ▪ Mal perfurante plantar ▪ Infiltração de pavilhão auricular ▪ Infiltração de face ▪ Sintomas sistêmicos de infecção... • Tem-se múltiplos nervos acometidos (acometimento simétrico e disseminado) → Ex: paciente com lesão simétrica em botas e luvas CLASSIFICAÇÃO (Segundo a OMS) ➢ Essa classificação facilita o diagnóstico para que a Hanseníase seja reconhecida rapidamente pela equipe de saúde da família (a própria equipe de enfermagem pode fazer o diagnóstico e o tratamento) ➢ PAUCIBACILAR: • Paciente com poucos bacilos e, consequentemente, poucas lesões • Até 5 lesões e só 1 tronco neural acometido • Geralmente, esses pacientes paucibacilares não transmitem a doença ➢ MULTIBACILAR: • Muitos bacilos e muitas lesões • > 5 lesões e > 1 Tronco neural acometido • Transmitem a doença, caso não sejam tratados ➢ Depois de diagnosticar o paciente com Hanseníase, deve-se saber se ele é paucibacilar ou multibacilar para fins de tratamento e para que haja um fim na cadeia de transmissão e para evitar a evolução da doença DIAGNÓSTICO ➢ Para o diagnóstico da Hanseníase basta ter pelo menos 1 dos seguintes elementos: • LESÃO COM ALTERAÇÃO DE SENSIBILIDADE → pois não há outra doença de pele que curse com sensibilidade alterada • ACOMETIMENTO NEURAL COM ESPESSAMENTO • BACILOSCOPIA POSITIVA • HISTOPATOLÓGICO COMPATÍVEL ➢ Como testar a sensibilidade no local da lesão: • Normalmente faz-se pela seguinte sequência: 1. Térmica 2. Dolorosa 3. Tátil • Térmica → pega um tubinho com água fria e outro com água quente. Primeiramente coloca na pele normal do paciente, ele com os olhos abertos, e pede pra ele diferenciar as duas. Depois, com o paciente com os olhos fechados, testa-se os tubinhos em uma área normal e em outra acometida, sempre perguntando ao paciente. Ele não consegue perceber a diferença quando ele tem um nervo alterado Espessamento do Nervo Auricular Lagoftalmo Fonte: Aula 6 HANSENÍASE Gizelle Felinto • Dolorosa → pega-se uma agulha/alfinete e vai alternando entre a ponta grossa e a ponta fina da agulha/alfinete, sempre perguntando ao paciente se ele está sentido grosso ou fino. O procedimento é semelhante ao teste da sensibilidade térmica (olhos abertos e depois fechados). Quandoo paciente tem o nervo alterado, ele não consegue sentir a agulha na lesão • Tátil → faz-se com um algodão com éter/álcool e outro com nada • Limitações desses testes: ▪ Crianças → pois não colaboram ▪ Deficiente auditivo ▪ Paciente com nível intelectual baixo, que dificulte o entendimento → pois pode ser duvidoso em algumas situações (ele não entende a importância do diagnóstico) ▪ Face → pois a parte sensitiva é responsável pelo nervo trigêmeo, que tem vários ramos que se comunicam com outros ramos. Assim, tem-se um ramo acometido, mas a inervação de outro ramo que se comunica atinge essa reunião, confundindo o procedimento ➢ Acometimento neural com espessamento: • Se o médico tiver experiencia, pode-se conseguir palpar o nervo periférico espessado • Paciente com alguma garra (Ex: garra ulnar) • É um procedimento bem mais difícil, pois é necessário se ter um conhecimento muito grande de exame físico de nervo periférico ➢ Baciloscopia: • Como colhe → colhe-se a linfa • 5 locais de coleta da linfa: ▪ Pavilhões auriculares ▪ Cotovelos ▪ Uma das Lesões (se tiver lesão) • Baciloscopia negativa NÃO afasta o diagnóstico! ▪ Ex: paciente paucibacilar tem poucos bacilos e, provavelmente, a baciloscopia dará negativa ▪ A forma indeterminada e a Tiberculóisa, às vezes, negativam na baciloscopia • Assim, não se pode utilizar apenas a baciloscopia com critério, a menos que ela dê positiva ➢ Histopatológico Compatível: • Faz-se quando se tem dúvida em relação aos outros procedimentos (Baciloscopia negativa ou não conseguiu palpar o nervo espessado ou não se conseguiu realizar o teste de sensibilidade) • Tira-se um pedaço da lesão, que será analisada pelo Patologista ➢ TESTE DE MITSUDA: • Não serve para diagnóstico → no momento da doença ele não vai ser útil • Esse teste é importante na epidemiologia, para a investigação de contactantes • É um teste de memória imunológica • A maioria dos pacientes que tiveram Hanseníase irão positivar esse teste • Basta ter tido o contato com o bacilo uma única vez que o teste já positiva ➢ ANTICORPO ANTI-PGL-1 → não está disponível na clínica, sendo utilizado apenas em centros de pesquisa TRATAMENTO ➢ Deve-se tratar os Paucibacilares e Multibacilares de forma diferente ➢ MEDICAÇÕES: RIFAMPICINA 600mg (dose mensal supervisionada) → é a droga que mata os bacilos, sendo a mais importante CLOFAZIMINA 300mg (dose mensal supervisionada) e 50mg (dose diária autoadministrada) DAPSONA 100mg (dose mensal supervisionada) e 100mg (dose diária autoadministrada) • Clofazimina e Dapsona → diminuem o processo inflamatório e atuam como bacilostáticos, mas são menos capazes de matar o bacilo • Faz-se o esquema de 3 doses para diminuir resistência e processo inflamatório • Dose supervisionada → o paciente vai no posto com sua carteirinha e toma as medicações na frente do técnico • A primeira dose é sempre supervisionada, incluindo: ▪ 600mg de Rifampicina (são 2 comprimidos) ▪ 300mg de Clofazimina (3 comprimidos) ▪ 100mg de Dapsona (1 comprimido) • Depois dessa dose supervisionada, o paciente vai para casa com: ▪ Clofazimina 50mg ▪ Dapsona 100mg ➢ Tanto a Paucibacilar quanto a Multibacilar fazem o mesmo esquema, o que muda é apenas o tempo de tratamento ➢ TEMPO DE TRATAMENTO: • PAUCIBACILAR → 6 MESES • MULTIBACILAR → 12 MESES ➢ É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA! Os de cima são a dose supervisionada e os demais são autoadministrados Fonte: Aula 7 HANSENÍASE Gizelle Felinto PROFILAXIA ➢ BUSCA ATIVA → após o diagnóstico, deve-se fazer uma busca ativa dos contactantes intradomiciliantes dos últimos 5 anos, ou seja, todos aqueles que tiverem contato no mesmo domicílio com o paciente. Deve-se examinar os contactantes para ver se eles têm alguma lesão • Lesão compatível → deve-se encaminhá-lo para o tratamento • Sem lesão compatível → deve-se ver o esquema vacinal do contactante ▪ A vacina da Hanseníase é a BCG → a proteção é de apenas 50%, mas vale a pena, pois se o paciente estiver com Hanseníase ele não evolui para uma das formas mais graves ▪ Deve-se ver a cicatriz de BCG do contactante (normalmente, a maioria das pessoas tem apenas 1 e outra parte tem 2 cicatrizes): ✓ Sem cicatriz ou 1 cicatriz → reforço da BCG ✓ 2 cicatrizes → não faz mais nada (não é preciso vacinar) ESTADOS REACIONAIS OU REAÇÕES HANSENICAS ➢ A hanseníase é uma doença de evolução crônica, com sintomas insidiosos e o paciente não tem manifestações sistêmicas, podendo-se ter, no meio dessa doença, estados de agudização, que são chamados de reação. Assim, às vezes, o paciente está bem e tratando a doença, mas de repente entra em reação ➢ Existem 2 tipos de reação: • REAÇÃO TIPO 1 (REVERSA): ▪ Geralmente nos pacientes Paucibacilares ▪ Ocorre no início do tratamento → paciente começou ou tratamento (1º mês), as lesões já estão desinfiltrando e o paciente já está melhor, mas de repente surgem outras lesões em outras partes do corpo e a lesão que ele tinha começa a ficar dolorosa. A impressão que o paciente tem é que ele piorou, mas isso não é uma piora, trata-se apenas da morte dos bacilos que levou a uma produção de citocinas contra a esse bacilo. Por isso é tão comum no início do tratamento, pois é quando se tem uma maior morte de bacilos ▪ Agudização das lesões já existentes e surgimento de novas lesões ▪ É muito comum o paciente parar o tratamento, pois acha que está piorando ▪ Deve-se continuar o tratamento e tratar a reação ▪ Neurite (dor no nervo) → é muito comum o desenvolvimento de neurite devido ao processo inflamatório ▪ Sem sintomas sistêmicos → é uma doença localizada ▪ Tratamento do Estado Reacional: CORTICOIDE 1 a 2 mg/Kg até as lesões desaparecerem ✓ Mantém-se o tratamento da Hanseníase ✓ Quando as lesões desaparecerem → desmame do corticoide • REAÇÃO REVERSA (ERITEMA NODOSO): ▪ Em pacientes Multibacilares ▪ São múltiplos nódulos com eritema que se disseminam por todo o corpo, além de serem dolorosos ▪ Muitos nervos estão envolvidos na patologia → pode- se ter dor neural em muitos nervos ✓ Mão reacional → edema nos pés e nas mãos ▪ Pode ocorrer em qualquer época do tratamento, até mesmo após o tratamento (pós-cura) ▪ Tratamento do Estado Reacional: TALIDOMIDA → é o tratamento de escolha, mas não pode ser usada em mulheres em idade fértil, pois causa um tipo de reação chamada FOCOMELIA, que é, por exemplo, faltar um braço/perna no bebê CORTICOIDE → faz-se em mulheres em idade fértil, da mesma forma que no tratamento da Reação Tipo 1 ESTADO REACIONAL ≠ RECIDIVA ➢ Uma reação Hansenica ocorreu tardiamente, no final ou até mesmo após o tratamento, como saber se é uma reação ou se o paciente está recidivando? ➢ RECIDIVA: • É muito raro de ocorrer (se o paciente tiver feito o tratamento de maneira correta, sem abandono ao tratamento), mas pode acontecer, pois a doença não deixa o paciente imune e livre de não ter a doença novamente • Características: ▪ Poucas lesões ▪ Ocorre muito tempo depois ▪ Sem resposta ao corticoide → quando se está com dúvida entre ser uma recidiva ou um estado reacional, deve-se administrar corticoide. Se houver resposta, tratava-se de uma reação e se não responder é uma recidiva ➢ ESTADO REACIONAL: • São com as características da Reação Reversa ou do Eritema Nodoso
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