Buscar

Acidente Vascular Encefálico (AVE)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
EPIDEMIOLOGIA 
➢ O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma das maiores causas 
de morbimortalidade do mundo (morte e sequelas neurológicas) 
➢ É a 2ª maior causa de óbitos no mundo (cerca de 5,7 milhões por 
ano) → a primeira causa é a doença cardiovascular, o Infarto 
Agudo do Miocárdio (IAM) 
➢ No Brasil: 
• Cerca de 10% das internações hospitalares estão 
relacionadas ao AVE → dessa porcentagem, cerca de 10% 
correspondem aos óbitos hospitalares 
➢ 85% das mortes ocorrem em países não desenvolvidos ou em 
países desenvolvidos → porém, a piora da doença e até mesmo 
o óbito estão diretamente relacionados à assistência hospitalar 
do país 
➢ 1/3 dos AVCs acontecem em pessoas economicamente ativas → 
assim, tem-se um impacto direto na produtividade 
➢ A maioria dos pacientes que sobrevivem à fase aguda do AVC 
apresenta déficit neurológico que necessita de reabilitação → 
por isso, também envolve o ponto de vista previdenciário 
➢ 75% desses pacientes não retornarão ao seu trabalho e 30% 
necessitarão de auxílio para caminhar 
➢ PROJEÇÃO DO ÓBITO E DA INVALIDEZ AO LONGO DOS ANOS: 
• Invalidez → as porcentagens mantem-se praticamente 
estáveis ao longo dos anos 
• Óbito → seu risco vai aumentando ao longo dos anos, pois 
os pacientes que sofrem um AVE são pacientes acamados, 
que tem maior facilidade de desenvolver infecções, maiores 
chances de trombose e outros problemas de saúde 
➢ ESTATÍSTICAS DE 2014 EM RELAÇÃO À MORBIDADE E 
MORTALIDADE DO AVE NO BRASIL: 
• O aumento da morbidade tem relação com o avançar da 
idade 
• A morbidade é ligeiramente maior no sexo masculino do que 
no sexo feminino 
• Incidência → 108 casos a cada 100.000 habitantes 
• Média de permanência hospitalar devido ao AVC → 
geralmente, em pessoas acima de 60 anos os dias de 
internação variam entre 7 a 8 dias 
• Taxa de mortalidade hospitalar devido ao AVC → a 
mortalidade aumenta de acordo com o aumento da faixa 
etária 
• As internações por AVE no Brasil têm alto valor econômico 
total → assim, é sempre melhor e mais barato investir em 
prevenção 
INTRODUÇÃO 
➢ Existem 2 tipos de Acidente Vascular Cerebral/Encefálico 
(AVC/AVE): 
• Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEi) → 
corresponde a 85% dos casos 
▪ Tem menor mortalidade e maior morbidade 
• Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico (AVEh) → 
15% dos casos 
▪ Tem maior mortalidade e menor morbidade 
 
 
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 
ISQUÊMICO (AVEi) 
INTRODUÇÃO 
➢ Corresponde a 85% dos casos de AVE 
➢ Trata-se do infarto de uma determinada área do parênquima 
cerebral por interrupção do fluxo sanguíneo, permanente ou 
transitório, levando ou não a prejuízo de funções neurológicas 
específicas → assim, nem sempre haverá um déficit neurológico. 
Tem-se, por exemplo, muitos pacientes que fizeram um exame de 
rotina e descobrem que já tiveram um AVC 
➢ Dessa forma, a presença ou não de sequelas depende da área que 
foi afetada → pode ser uma área silenciosa ou uma área nobre, 
com grande impacto na morbidade 
➢ CONCEITOS: 
• Ataque Isquêmico Transitório (AIT) → situações em que 
se tem um déficit neurológico que é reversível em até 24h e 
que, na grande maioria dos casos, não apresenta alterações 
nos exames de imagem 
▪ É tido como um pré-AVC. Assim, deve-se tomar 
cuidados específicos com esse paciente para que um 
AVC real não aconteça → Prevenção 
• Penumbra Isquêmica → penumbra é toda a área que é 
irrigada por uma determinada artéria. Assim, quando o AVC 
ocorre, existe uma área que morre logo no início e outra que 
se pode salvar com o tratamento, denominada penumbra 
isquêmica. Porém, se esse paciente não for tratado, toda a 
área será acometida 
▪ Assim, o objetivo do tratamento do AVC é sempre salvar 
a penumbra isquêmica! 
 
 
2 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
FATORES DE RISCO 
➢ Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) → fator de maior 
impacto 
➢ Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) 
➢ Dislipidemia 
➢ Obesidade 
➢ Sobrepeso 
➢ Tabagismo → fator de maior impacto 
➢ Etilismo 
➢ História familiar de AVE 
➢ Sexo masculino → tem ligeira maior incidência em relação ao 
sexo feminino 
➢ Devem ser cuidados e descontinuados tanto como prevenção de 
um evento quanto após o tratamento de um AVE 
ETIOLOGIA 
➢ Sempre quando se está diante de um AVC, deve-se buscar qual a 
causa para trata-la e evitar novos eventos 
➢ CARDIOEMBOLIA → é a principal causa (30% dos casos) 
• Situações que podem causar um cardioembolismo: 
▪ Fibrilação Atrial 
▪ Dilatação do Átrio Esquerdo (por Insuficiência 
Cardíaca) 
▪ Trombo Intracardíaco 
▪ Valvulopatias e Endocardite 
• Como ocorre: 
▪ O trombo sai do coração, adentra na circulação e se 
deposita em uma artéria cerebral, provocando o AVC 
• No AVC cardioembólico tem-se uma característica muito 
específica, que é o acometimento de territórios distintos 
em um mesmo paciente 
▪ Territórios Vasculares Distintos → AVC’s em 
território completamente distintos, que não tem 
comunicação vascular anatômica entre si, devido ao 
fenômeno cardioembólico 
• Paciente com AVC em territórios distintos → a hipótese 
é algum problema cardíaco (cardioembolia) 
➢ ARTERIOEMBOLIA → corresponde a 15% dos casos 
• Aterosclerose das Carótidas → essa doença leva à 
formação de placas que, em algum determinado momento, 
poderão ter a liberação de algum fragmento que adquire a 
circulação e fecha uma das artérias ou o ramo de uma das 
artérias cerebrais, levando a um AVC arterioembólico 
➢ TROMBOSE LACUNAR → corresponde a 20% dos casos 
• É a trombose in situ de pequenos vasos → ocorre o 
fechamento, pelo trombo, de pequenos vasos 
• Geralmente, ocorre nos núcleos da base 
• Causa um AVC pequeno, em lacuna, que, a depender do local, 
pode ter uma grande repercussão 
➢ TROMBOSE DE ARTÉRIA DE MÉDIO CALIBRE → corresponde a 
5% dos casos 
• Ocorre devido a: 
▪ Aterosclerose 
▪ Tabagismo → doenças vasculares provocadas pelo 
tabagismo 
▪ Trombofilias 
 
 
Imagens de uma Tomografia com Perfusão 
- Probabilidade de infarto → a área laranja e amarela é a área 
que morre desde o início e toda a parte azul é a penumbra 
isquêmica, que pode ser salva com o tratamento precoce e 
adequado 
 Territórios Vasculares Distintos 
 
A → acometimento de 
Artéria Cerebral Média 
direita, transição da 
Cerebral Média 
esquerda e Cerebral 
Posterior esquerda 
B → núcleo basal 
direito e Artéria 
Cerebral Posterior 
direita 
Assim, quando se vê 
esse tipo de imagem é 
sugestivo de que a 
causa é uma Etiologia 
Cardioembólica 
Porém, na maioria das 
situações têm-se 
apenas um território 
acometido 
Trombose Lacunar 
- Acometimento da Cápsula Interna, causando grandes 
repercussões 
 
3 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
➢ AVC HEMODINÂMICO → AVC em zona de fronteira (watershed) 
• Corresponde a 10% dos casos 
• Nesse caso, não se tem uma oclusão por trombo ou êmbolo, 
mas sim uma diminuição do fluxo sanguíneo 
• Ocorre nas seguintes situações (em que se tem um hipofluxo 
cerebral, podendo levar a um AVC em zona de fronteira): 
▪ Hipotensão 
▪ Insuficiência Cardíaca Descompensada 
▪ Pós-parada Cardiorrespiratória 
• Explicação para esse nome “zona de fronteira” → as 
fronteiras são os territórios de divisão, localizados entre as 
áreas de vascularização das artérias cerebrais. Assim, 
quando o paciente apresenta uma parada cardíaca, por 
exemplo, a zona de fronteira é afeta primeiro porque é o 
último local em que a circulação arterial chega, fazendo com 
que o fluxo sanguíneo diminua primeiramente nessas 
regiões 
• Ressonância Magnética → caracteristicamente tem-se 
uma imagem em colar de contas ou contas de rosário, 
que é um grande indicativo de AVC em fronteira 
➢ CRIPTOGÊNICO → corresponde a 20% dos casos 
• São classificados nessa etiologia aquelesAVC’s que não se 
sabe a causa 
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO (AVEi) EM JOVEM 
➢ O AVC é mais comum em pacientes a partir da 5ª década de vida. 
Assim, quando ocorre em pessoas mais jovens, tem muitas outras 
possibilidades etiológicas, como: 
• Forame oval patente → comunicando as câmaras direita 
e esquerda do coração 
• Dissecção de carótida → é a etiologia mais comum em 
jovens 
▪ Ex: durante um exercício físico extenuante, levantando 
muito peso, e evoluindo com déficit motor ou com uma 
síncope, muito provavelmente esse paciente pode ter 
dissecado a carótida e ter evoluído com um AVC 
isquêmico 
• Doença de moya-moya → é uma vasculopatia rara 
• Cocaína/Anfetaminas → segunda maior causa de AVC em 
jovem. A depender da localização pode ser a primeira causa. 
É principalmente causado pela cocaína 
• Anticoncepcional (ACO) → isoladamente não tem nenhuma 
repercussão, mas pode ter risco quando associado a outras 
condições (principalmente trombofilias), como: 
▪ Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAAF) 
▪ Deficiência de proteína C e S 
▪ Deficiência de Antitrombina III 
▪ Mutação do Fator V de Leiden 
▪ Mutação da Protrombina 
▪ Hiperhomocistinúria 
• Vasculites (inflamação dos vasos) → pode levar ao 
fechamento do vaso 
➢ O AVC no jovem costuma ser mais grave que no idoso, pois no 
jovem todo o efeito de massa provocado pelo AVC não é 
compensado pela atrofia cerebral 
RELEMBRANDO A ANATOMIA 
➢ POLÍGONO DE WILLIS: 
• Corresponde às grandes artérias cerebrais 
 
 
Trombose de Artéria de Médio Calibre 
- Acometimento da Artéria Cerebral Média 
 
Territórios de irrigação das artérias cerebrais 
e, entre eles, as zonas de fronteira 
 
Colar de contas ou Contas de rosário 
- AVC na fronteira da cerebral anterior com a cerebral média 
 
AVC pós-parada cardíaca mostrando vários AVC’s em 
zonas de fronteira 
- Fronteira Cerebral anterior com média bilateral 
- Fronteira Cerebral média com posterior bilateral 
 
4 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
 
➢ VASCULARIZAÇÃO ENCEFÁLICA: 
• Território de irrigação das principais artérias cerebrais 
 
 
➢ HOMÚNCULO MOTOR: 
• Em vermelho → território de irrigação da artéria cerebral 
média 
• Em verde → território de irrigação da artéria cerebral 
anterior 
QUADRO CLÍNICO 
➢ É de acordo com a artéria acometida, tendo complicações de 
acordo com a área anatômica irrigada por esse vaso 
➢ ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA (ACM): 
• Quadro Clássico → Hemiparesia, geralmente incompleta 
(pois envolve braço e perna) e desproporcionada (porque o 
acometimento do braço é maior do que o da perna – braquial 
> crural), contralateral à lesão 
▪ Paciente tem uma perda de força maior no braço do 
que na perna 
▪ Motivo de a fraqueza ser maior no membro superior do 
que no inferior → devido ao território de 
acometimento (relembrar o homúnculo motor): 
✓ Território profundo (subcortical) 
✓ Território cortical → envolve braço, ombro, 
cotovelo, boca, língua, nariz, face... É por isso que 
 
- Vermelho → Cerebral Anterior 
- Laranja → Artérias Lentículoestriadas 
- Azul claro → Artéria Coroidea Anterior 
- Amarelo → Artéria Cerebral Média 
- Verde → Artéria Cerebral Posterior 
 
- Azul mais escuro (fossa posterior) → Artéria 
Cerebral Póstero-inferior e Artéria Cerebral Ântero-
inferior 
 
5 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
o paciente tem mais acometimento da face e do 
membro superior do que da perna 
✓ Território profundo + cortical 
• Disartria 
• Acometimento no hemisfério dominante → Afasia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
➢ ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR: 
• Quadro clínico clássico → Hemiparesia, geralmente 
incompleta e desproporcionada (crural > braquial – a perda 
de força é maior na perna do que no braço), ou Monoparesia 
Crural (fraqueza apenas no membro inferior) 
• Pois, relembrando o homúnculo motor, ela irriga: 
▪ Quadril, perna, pé, torso... 
• Capsula interna → local que reúne todas as fibras do trato 
corticoespinhal. Assim, mesmo sendo uma região muito 
pequena, um AVC nessa capsula causa grande morbidade 
▪ Esse AVC lacunar, geralmente, leva a uma Hemiplegia 
(perda total da força) ou a uma Hemiparesia importante 
completa (face, braço e perna) e proporcional 
(gravemente acometida em todos os seguimentos) 
➢ ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR: 
• Tem um quadro clínico mais específico e, muitas vezes, 
acaba-se descobrindo a manifestação clínica quando se faz 
o exame físico desse paciente 
• Caracteristicamente, apresentam Hemianopsia Homônima 
Contralateral 
▪ Hemianopsia → em ambos os olhos 
▪ Homônima → para apenas um lado 
▪ Contralateral à lesão 
 
 
 
1 – Lesão do nervo óptico → 
Cegueira total do olho 
homolateral à lesão 
2 – Lesão da parte mediana 
do quiasma óptico → 
Hemianopsia Heterônima 
Bitemporal 
3 – Lesão do trato óptico 
(Ex: AVC na artéria 
Cerebral Posterior) → 
Hemianopsia Homônima 
Contralateral 
 
 
AVC DE ACM 
- Acometimento de um ramo 
profundo da artéria cerebral 
média, levando a um AVC 
nucleocapsular 
 
AVC DE ACM completo 
- Acometimento de todo o 
território da artéria cerebral 
média 
 
AVC DE ACM 
- Acometimento de um ramo 
artéria cerebral média, levando 
a uma lesão mais cortical 
 
AVC de Artéria Cerebral Anterior 
- Acometimento unilateral (imagem da esquerda) 
- Acometimento bilateral (imagem da direita) 
 
AVC Lacunar na Capsula interna 
 
Acometimento da Artéria Cerebral Posterior Esquerda 
- Repercussão → Hemianopsia Homônima direita 
 
6 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
NIHSS 
➢ É uma escala utilizada na emergência para avaliar o grau de 
comprometimento do paciente com AVC 
➢ Varia de 0 a 42 pontos 
➢ Quanto menor a pontuação, melhor o quadro do paciente 
➢ Quanto maior a pontuação, pior o quadro do paciente 
➢ É importante tanto na entrada do paciente no pronto-socorro 
quanto nas avaliações subsequentes, nas quais se compara o 
NIHSS do paciente para ver se ele está melhorando ou piorando 
DIAGNÓSTICO 
➢ O diagnóstico é CLÍNICO! → sabe-se que o AVC é um déficit 
neurológico focal e súbito. Assim, quando um paciente se 
apresenta com essas características a primeira hipótese, até que 
se prove o contrário, é o Acidente Vascular Encefálico, mesmo que 
ainda não se saiba se ele é isquêmico ou hemorrágico 
➢ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE CRÂNIO: 
• É o exame de escolha, pois é barato e amplamente disponível 
nos hospitais 
• É um bom exame na fase aguda, principalmente para afastar 
o AVE hemorrágico 
• Fase aguda (primeiras horas) → é normal, sem alterações 
• O principal objetivo é afastar o AVEh, pois, se for 
hemorrágico, ele tem que aparecer na imagem logo nas 
primeiras horas (fase aguda) 
• AVEi → não aparece nas primeiras horas 
▪ É uma lesão hipodensa que aparece em 24 a 48h 
• AVEh → aparece nas primeiras horas 
• Lembrete! → Nosso lado direito é o lado esquerdo na TC e o 
nosso lado esquerdo é o lado direito na TC 
• Na TC de crânio pode-se encontrar sinais precoces de 
isquemia cerebral (mas nem sempre são encontrados), 
como: 
▪ Perda da diferenciação entre a substância branca e 
cinzenta, principalmente na ínsula → no local 
acometido, a ínsula deixa de ser hipodensa e começa a 
ficar cinza 
▪ Apagamento do núcleo lentiforme 
▪ Hiperdensidade na Artéria Cerebral Média → sinal de 
que surgirá um grande AVC 
✓ Esse sinal só é válido no contexto de clínica de 
AVC, pois, às vezes, pode-se encontrar esse sinal 
em pacientes que fazem TC de crânio por outros 
motivos 
• A TC também é responsável por afastar hemorragia 
intracraniana e outros diagnósticos diferenciais 
 
AVE isquêmico 
- Imagem da esquerda → feita nas primeiras horas, 
sem alterações, descartando possibilidade de AVE 
hemorrágico 
- Imagem da direita → feita 24h após o início do 
quadro, evidenciando um AVEi nucleocapsular direitoHiperdensidade na Artéria Cerebral Média 
 
 
- A diferença é que no Hematoma Subdural a clínica vai 
se estabelecendo aos poucos, diferindo do AVC que é 
uma clínica súbita. Assim, na anamnese já se consegue 
diferenciar um do outro 
 
A – primeira tomografia, com território 
semidelimitado e ventrículo sendo comprimido 
B – TC de controle, vê-se um grande AVC 
 
7 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
 
• Na TC também deve-se distinguir uma lesão nova de uma 
lesão antiga: 
▪ Nas duas situações tem-se uma hipodensidade (mais 
escuro) 
▪ AVEi antigo → é mais hipodenso (mais preto) e têm-
se um efeito cicatricial (Ex: aumento do ventrículo) 
▪ AVEi agudo → é menos hipodenso e tem um efeito de 
massa, deslocando as estruturas cerebrais para o lado 
contralateral 
➢ RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA DO CRÂNIO: 
• É o exame mais acurado 
• Mostra a fase aguda com mais eficiência 
• Porém, não é o exame de escolha por uma série de fatores 
• A sequência de escolha é a difusão (DWI) → pois é a que 
mais precocemente mostra a lesão 
▪ Analisa-se o DWI e o mapa ADC, pois é onde se observa 
a lesão 
• Avalia-se também o Mismatch → que corresponde à área 
de penumbra 
• Deve-se evitar o contraste, pois ele irá confundir com o 
sangramento → sempre fazer a RNM sem contraste 
 
 
- Imagem da esquerda → artéria cerebral 
média hiperdensa 
- Imagem da direita → grande AVC 
 
AVC na fase aguda com 
perda da diferenciação 
cortico-subcortical do 
lado direito 
 
 
 AVEi agudo AVEi antigo 
 
 
 
A angiorressonância mostra redução do fluxo em um dos ramos 
da artéria cerebral média esquerda 
 
AVEi Agudo 
- Não se observa 
lesões no T1, T2 e 
nem no FLAIR 
- Na difusão (DWI) e 
no mapa ADC já se 
observa a lesão na 
fase aguda 
 
AVEi Crônico 
- Cicatriz → tem um efeito sobre o ventrículo, puxando-o 
No T1 (imagem da esquerda) → hiposinal 
No T2 (imagem da direita) → hipersinal 
 
Mismatch 
- Com a área de difusão (área acometida) e perfusão (área 
que pode ser acometida) consegue-se calcular a área de 
penumbra (em azul), que é a área que se deve salvar no 
tratamento inicial do AVC 
 
8 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
SCORE ASPECTS 
➢ É um score utilizado na clínica 
➢ Tem relação apenas com os territórios de irrigação da Artéria 
Cerebral Média 
➢ São 10 territórios de acometimento → assim, inicia-se com 10 e 
vai tirando-se 1 ponto a cada território acometido 
• Núcleo caudado 
• Capsula interna 
• Núcleo lentiforme 
• Ínsula 
• M1 
• M2 
• M3 
• M4 
• M5 
• M6 
 
➢ Score ≤ 7: 
• Pior prognóstico funcional em 3 meses 
• Maior risco de transformação hemorrágica 
➢ Score ≤ 8: 
• Maior risco de sangramento pós trombólise 
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 
➢ Existem vários anagramas que ajudam a população leiga a 
suspeitar de um AVC, como o FAST, que é muito utilizado nos EUA: 
• Face → a face está caindo? 
• Arms → os braços podem ser levantados? 
• Speech → a fala está enrolada? 
• Time → ligar para a emergência! 
➢ No Brasil utiliza-se a ESCALA HOSPITALAR DE CINCINNATI, como 
mnemônico SAMU: 
• Sorria → para verificar se a boca está torta 
• Abraço → para saber se tem alteração de força nos 
membros superiores 
• Música → para saber se o paciente consegue repetir uma 
frase ou alguma música pra ver se há alterações em sua fala 
• Urgência → se apresentar qualquer uma das alterações 
acima (S A M), deve-se ligar para o SAMU (192) 
ATENDIMENTO HOSPITALAR 
➢ MEDIDAS INICIAIS: 
• Suporte Básico de Vida → é o que deve ser aplicado 
primeiro 
▪ Oxigênio 
▪ Monitorização... 
• Exames neurológicos (são exames rápidos para que se 
constate a suspeição clínica de AVC): 
▪ Escala de Coma de Glasgow 
▪ Avaliação das Pupilas 
▪ Avaliação de Déficits Neurológicos 
TRATAMENTO DA FASE AGUDA – MEDIDAS ESPECÍFICAS 
➢ Após o diagnóstico de AVE e as medidas iniciais, precisa-se definir 
se esse paciente vai realizar ou não uma terapia trombolítica 
➢ TERAPIA TROMBOLÍTICA (rTPA - Alteplase) → é a primeira 
forma de tratamento na fase aguda 
• Alteplase → é uma medicação antifibrinolótica, que vai 
direto no coágulo e dissolve-o, deixando o sangue muito fino 
e o paciente pode ter sangramento, por isso que se tem 
vários critérios pra o uso dessa medicação 
• Tempo sintoma-agulha → primeiro ponto que se deve 
avaliar 
▪ Paciente chegou no hospital em (a partir do início dos 
sintomas): 
✓ ≤ 4,5 horas → administrar Alteplase 
✓ > 4,5 horas → não administrar Alteplase 
• Objetivo da Alteplase → diminuir morbidade, melhorando 
o déficit que o paciente apresenta 
• Não diminui mortalidade 
• Dosagem: 
▪ rTPA 0,9 mg/Kg, endovenoso, administrado 10% em 
bolus em 1 minuto e o restante em 1 hora 
▪ Dose máxima → 90 mg 
• Principais critérios para uso: 
▪ Pressão Arterial (PA) ≤ 185mmHg 
▪ Até 4,5 horas do início dos sintomas 
▪ Tomografia de Crânio sem hemorragia ou doença 
cerebral 
▪ Paciente não pode estar anticoagulado 
• Critérios para trombólise (para saber se o paciente vai ou 
não receber a terapia trombolítica): 
▪ Critérios absolutos de Exclusão → não se pode 
fazer a trombólise em: 
Doença neurológica prévia ou recente 
✓ Doença neurológica (como TCE) nos últimos 3 
meses 
✓ Sintomas sugestivos de hemorragia 
subaracnóidea 
✓ Hemorragia intracraniana prévia 
ATENÇÃO! 
Como esse score serve apenas para a Artéria Cebral Média, em 
provas de residência pode cair a seguinte pegadinha → 
colocar a seguinte imagem e perguntar o score ASPECTS 
 
 
Não tem como calcular o ASPECTS, pois esse é um AVEi de 
Artéria Cerebral POSTERIOR 
 
9 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
✓ Neoplasia intracraniana 
✓ Malformação arteriovenosa 
✓ Aneurisma cerebral 
✓ Recente cirurgia intracraniana ou intraespinhal 
Coagulopatias 
✓ Sangramento interno ativo 
✓ Plaquetas < 100.000/mm3 
✓ Uso de heparina nas últimas 48 horas ou 
apresenta um TTPA prolongado 
✓ INR > 1,7 ou TTP > 15 segundos 
Território de acometimento 
✓ Território acometido > 1/3 da região da artéria 
cerebral → em grandes AVC’s não se pode 
realizar trombólise, pois esses pacientes tem um 
grande risco de transformar uma isquemia em 
hemorragia 
➢ TROMBECTOMIA MECÂNICA: 
• Procedimento no qual, com um cateter através das artérias, 
localiza-se o trombo e retira-o → a partir da Artéria 
Femoral 
• Pode-se realizar em até 6 horas do início dos sintomas 
• Pacientes que podem precisar de Trombectomia 
Mecânica: 
▪ Pacientes que apresentam um Rankin score (mRS) de 
0 a 1 
✓ É um ranking de performance 
✓ 0 a 1 são pacientes que estão hígidos 
▪ A causa do AVC é uma oclusão/trombose da Artéria 
Carótida Interna ou do segmento M1 da artéria cerebral 
média (ou seja, em grandes vasos) → pois em 
pequenos vasos o cateter não consegue chegar até 
eles 
▪ Idade ≥ 18 anos 
▪ NIHSS ≥ 6 
▪ ASPECTS ≥ 6 
▪ Tratamento pode ser iniciado até 6 horas do início dos 
sintomas 
• Resumindo as indicações de uso da trombectomia mecânica: 
▪ Oclusão de grandes vasos 
▪ Contraindicação ou falta de resposta ao rTPA 
endovenoso 
▪ < 6h do ictus (do início dos sintomas) 
✓ Hoje em dia tem estudos que permitem um 
intervalo maior (podendo ser realizado em até 24h 
do início dos sintomas), mas na prática clínica não 
se utiliza. Tem-se como referência as 6h 
 
TRATAMENTO DA FASE AGUDA – MEDIDAS GERAIS 
➢ Ventilação → verificar se o paciente necessita de ventilação 
mecânica ou apenas oxigenioterapia, por exemplo 
➢ Controle da Pressão Arterial 
➢ Controle da Glicemia → deve ficar entre 120 – 180 mg/dL, 
assim não pode ficar muito hiperglicêmico e nem muito 
hipogligêmico 
➢ Controle da Temperatura → deve-se tratar principalmente a 
hipertermia/febre 
➢ Tratar Infecções 
➢ Tratar Crises Convulsivas (nunca realizar profilaxia) → trata-
se apenas se a criseconvulsiva ocorrer 
➢ Nutrição 
TRATAMENTO DA FASE AGUDA – OUTROS MEDICAMENTOS E 
MEDIDAS 
➢ Antiagregação: 
 ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS) 325mg → tomar 1 vez após o 
almoço durante 48h 
➢ Estatinas → Inibidores da HMG-CoA redutase 
 SINVASTATINA 40mg 
 ATORVASTATINA 10mg 
 ROSUVASTATINA 
➢ Heparinização profilática (HNF ou HBPM): 
• Faz-se a heparinização PROFILÁTICA 
• Não se faz heparinização PLENA na fase aguda, exceto 
quando o AVC for de etiologia Cardioembólica (pois na 
cardioembolia precisa-se também tratar o foco, como a 
fibrilação atrial), realizando-se a heparinizaçã Plena 
(devendo-se esperar alguns dias para que seja realizada): 
▪ Após o 3º dia → se for um AVC pequeno 
▪ Após 1 semana → se for um AVC grande 
QUANDO TRATAR A PRESSÃO ARTERIAL NO AVE ISQUÊMICO 
➢ Normalmente, na grande maioria das situações, NÃO se trata a 
PA no AVEi, exceto em algumas situações 
➢ Exceções (em que se deve tratar a PA): 
• PA > 220 x 120mmHg → devido ao risco benefício, deve-se 
tratar essa hipertensão 
▪ Deve-se reduzir 15% dessa pressão no 1º dia e após 1 
semana essa pressão deve chegar ao normal 
▪ Drogas de escolha: 
 NITROPRUSSIATO DE SÓDIO 
 LABETALOL 
• PA > 185 x 110mmHg em candidato a trombólise → se não 
tratar essa pressão o paciente vai sangrar no cérebro 
• Emergências Hipertensivas (Ex: IAM, Edema Agudo do 
Pulmão, Lesão Renal Aguda com Hipertensão, Eclampsia, 
Pré-eclampsia...) 
 
ATENÇÃO 
Quando o paciente acorda com um AVC, com a sintomatologia, o 
tempo de início dos sintomas é considerado a hora em que o 
paciente foi dormir, pois não se sabe exatamente quando 
ocorreu o AVC. Assim, o tempo de início é a partir da hora em 
que o paciente foi dormir 
ATENÇÃO 
O AAS e a Heparina só podem ser utilizados 24h após o uso do 
trombolítico, caso tenha sido utilizada a Alteplase 
 
10 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
NÍVEIS DE EVIDÊNCIA (NE) DO TRATAMENTO 
 
INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA 
➢ Após o manejo dessa fase aguda, deve-se investigar de onde veio 
esse AVC, qual a sua etiologia 
➢ EXAMES: 
• ECG/HOLTER 24h → para saber se o paciente tem alguma 
arritmia 
▪ Lembrete → a principal causa de AVC é a fibrilação 
atrial 
• ECOCARDIOGRAMA, preferencialmente Transesofágico 
• DOPPLER DE CARÓTIDAS E VERTEBRAIS → mostrando se 
existe um processo de aterosclerose sugestivo de 
arterioembolia 
TRATAMENTO CRÔNICO 
➢ É de acordo com a sua etiologia 
➢ AVEi CARDIOEMBÓLICO: 
• Anticoagulação: 
 MAREVAN 
 XARELTO 
• Antiagregação (AAS) + Estatina 
➢ AVEi ARTERIOEMBÓLICO: 
• Antiagregação (AAS) + Estatina 
• Endarterectomia da Carótida (abertura da carótida para 
retirada do coágulo) → indicado quando o paciente 
apresenta um déficit compatível com a lesão e uma 
obstrução > 70% no Doppler 
➢ AVEi TROMBÓTICO E HEMODINÂMICO: 
• Antiagregação + Estatina 
➢ AVEi HEMODINÂMICO → cuidado com a Hipotensão 
• Deve-se ter muito cuidado no tratamento da pressão desses 
doentes, caso contrário eles podem piorar ainda mais o fluxo 
sanguíneo cerebral 
➢ MEDIDAS GERAIS: 
• Controlar fatores de risco (Hipertensão, Diabetes, 
Tabagismo...) 
➢ REABILITAÇÃO: 
• Fisioterapia motora 
• Fonoaudiologia → tanto para a vocalização quanto para a 
deglutição, pois ambos podem ser afetados 
HEMICRANIECTOMIA DESCOMPRESSIVA 
INTRODUÇÃO 
➢ Normalmente, o tratamento do AVE é clínico, porém, em algumas 
situações específicas, lança-se mão da cirurgia para tratar a 
hipertensão intracraniana 
➢ Na cirurgia altera-se a mortalidade, mas não se altera a 
morbidade 
➢ Tem sido cada vez mais realizada em AVE isquêmico 
INDICAÇÕES 
➢ Para que a cirurgia seja feita, é necessário que o paciente 
preencha todas as seguintes condições: 
• Ictus até 48h ou mais (mais de 48h do início dos sintomas) 
• Grandes AVE’s (extensão do infarto) → > 50% do 
território ou > 145cc na Ressonância Magnética de difusão 
• Clínica compatível com a radiologia 
• Piora do NIHSS em relação à admissão ou história de 
deterioração neurológica desde o início dos sintomas 
• Idade < 80 anos → independente da lateralidade 
 
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 
HEMORRÁGICO (AVEh) 
INTRODUÇÃO 
➢ O AVE hemorrágico é o extravasamento de sangue para o 
parênquima, ventrículo e espaço subaracnóide 
➢ EPIDEMIOLOGIA: 
• As doenças cerebrovasculares (AVE) são a 2ª causa de 
mortalidade no mundo, correspondendo a 9,7% dos óbitos 
em 2004 
• Tem-se Hipertensão Intracraniana (HIC) em 10 – 20% dos 
acidentes vasculares 
• Afeta cerca de 4 milhões de pessoas por ano 
• A mortalidade é cerca de 40% no primeiro mês → dado que 
evidencia que o AVEh é muito mais mortal do que o AVEi 
• É o subtipo de AVE com pior prognóstico, com até 65% de 
mortalidade em 1 ano 
➢ O AVEh tem alta mortalidade, mas tem baixa morbidade, 
deixando menos sequelas quando comparado ao AVE isquêmico 
FISIOPATOLOGIA 
➢ O AVE hemorrágico é causado por uma ruptura arterial ou 
venosa dentro do encéfalo 
➢ Ocorre a expansão do hematoma, sempre pelo caminho de 
menor resistência (disseca a substância branca) – Dinâmico 
➢ A pressão tecidual crescente tampona o local da ruptura → 
assim, o hematoma vai expandir apenas até determinado ponto, 
 
11 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
formando um coágulo, pois o próprio tecido tampona e evita a 
perpetuação desse sangramento 
➢ O AVEh é um coágulo (é sólido) 
FATORES DE RISCO 
➢ NÃO MODIFICÁVEIS: 
• Idade avançada 
• Raça negra e orientais 
• Sexo masculino 
➢ MODIFICÁVEIS: 
• Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS): 
▪ 70 a 80% dos pacientes 
▪ Redução de 41% 
• Angiopatia Amilóide 
• Tabagismo 
• Álcool: 
▪ Consumo nas 24h anteriores pode precipitar o ictus 
• Coagulopatias → em pacientes que usam: 
▪ Anticoagulantes orais (8 a 10x) 
▪ Antiplaquetários → crescimento do hematoma 
▪ Trombolíticos → como a trombólise com Alteplase 
• Simpatomiméticos → drogas como: 
▪ Fenilpropanolamina 
▪ Cocaína 
▪ Anfetaminas 
▪ Efedrina 
• Outros: 
▪ Obesidade 
▪ Perfil lipídico 
▪ Fatores genéticos 
ETIOLOGIA 
➢ Apresenta diversas etiologias 
➢ CAUSAS PRIMÁRIAS (são as mais comuns): 
• Hipertensão Arterial Crônica → é a causa mais comum 
• Angiopatia Amilóide Cerebral 
➢ CAUSAS SECUNDÁRIAS: 
• Malformações vasculares: 
▪ Malformação arteriovenosa 
▪ Telangiectasia 
▪ Angioma cavernoso 
▪ Angioma venoso 
• Aneurismas (saculares, infecciosos, traumáticos, 
neoplásicos) 
• Coagulopatias: 
▪ Coagulopatias primárias → Hemofilia A e B, Doença de 
Von Wilebrand, Afibrinogenemia 
▪ Coagulopatias secundárias → púrpura 
trombocitopênica idiopática, coagulação intravascular 
disseminada, púrpura trombocitopênica trombótica, 
síndrome HELLP, trombocitopenia em síndromes 
mieloproliferativas, mieloma múltiplo 
▪ Fármacos antitrombóticos → antiagregantes, 
anticoagulantes, trombolíticos 
• Tumores Cerebrais Primários ou Metastáticos 
• Vasculopatias: 
▪ Vasculites sistêmicas 
▪ Vasculite isolada do sistema nervoso central 
▪ Outras → sarcoidose, doença de Behçet, Doença de 
Moya-Moya, dissecção arterial, vasculite infecciosa, 
anemia falciforme 
• Relacionadas a variações bruscas da pressão arterial 
ou do fluxo sanguíneo: 
▪ Fármacos ou drogas com efeito simpatomimético → 
anfetaminas, efedrina, descongestionantes nasais, 
cocaína... 
▪ Eclampsia 
▪ Exposição ao frio 
▪ Após estimulação do nervo trigêmeo 
▪ Após picas de escorpião 
▪ Após endarterecetomia ou angioplastia para estenose 
carotídea crítica 
▪ Após intervenção cirúrgica para cardiopatia congênita 
▪ Após procedimentos cirúrgicos em fossa posterior 
▪ Após transplante cardíaco 
▪ Após eletroconvulsoterapia 
• Outras: 
▪ Trombose venosa cerebral 
▪ Transformação hemorrágica de infarto isquêmico 
▪ Migrânea 
▪ Endometriose cerebral 
▪ Intoxicação por metanol 
▪ Síndrome de Zieve 
AVEh HIPERTENSIVO 
➢ A causa mais comum de AVEh éa hipertensão 
➢ Localizações específicas no cérebro para se pensar que o 
AVE é hipertensivo: 
• 4 sítios hipertensivos: 
▪ Núcleos da base → putame e tálamo 
▪ Ponte 
▪ Cerebelo 
• Do mais acometido para o menos acometido → Putame – 
Tálamo – Ponte – Cerebelo 
• Quando o AVC ocorre em outras localizações que não sejam 
essas, deve-se pensar em outras etiologias que não sejam a 
Hipertensiva 
• Ocorrem por sangramentos de: 
▪ Ramos lenticuloestriados da Artéria Cerebral Média 
▪ Ramos paramedianos da Artéria Basilar 
➢ São os Aneurismas de Charcot-Bouchard → é diferente do 
aneurisma cerebral sacular 
➢ Aquele paciente que tem hipertensão de longa data e que não trata 
essa hipertensão, vai fazendo com que, ao longo dos anos, ocorra 
um processo inflamatório na parede do vaso até chegar em um 
ponto de ficar bastante delgada e ocorrer o sangramento 
➢ FISIOPATOLOGIA → é uma Lipo-hialinose com fraqueza na 
parede arterial, levando à ruptura dos aneurismas de Charcot-
Bouchard 
 
 
12 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
LOCALIZAÇÃO DOS SANGRAMENTOS 
➢ 80% Supratentoriais e 20% Infratentoriais 
➢ 50% Profundos → com 51% de mortalidade 
➢ 35% Lobar → com 57% de mortalidade 
➢ 10% Cerebelar → com 42% de mortalidade 
➢ 6% Tronco Encefálico → com 65% de mortalidade 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
➢ Ocorrem déficits neurológicos por destruição direta do tecido 
e compressão indireta de estruturas neurais 
➢ Há um Déficit neurológico focal: 
• De início súbito 
• A manifestação depende da região cerebral acometida 
➢ Esses pacientes podem apresentar Cefaleia (mas não ocorre em 
todos os casos) → ocorre se existir: 
• Irritação meníngea ou Hipertensão Intracraniana (HIC) 
➢ Vômitos 
➢ Alteração do nível de consciência 
➢ Isoladamente, o quadro clínico é insuficiente para diferenciar os 
diferentes tipos de AVC (hemorrágico e isquêmico) → por isso 
que é necessária a realização de uma Tomografia 
Computadorizada do Crânio 
• Se a TC feita não demonstrar alterações/hemorragias, 
significa que é um AVE isquêmico 
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE CRÂNIO 
➢ É o exame mais usado, tendo elevada sensibilidade 
➢ Mostra o local do AVC e, às vezes, essa localização já diz a 
etiologia do AVEh 
➢ PODE SUGERIR A ETIOLOGIA DO SANGRAMENTO: 
• Núcleos da Base → Hipertensivo 
• Hematomas Lobares + Leucoaraiose → Angiopatia 
Amilóide, mas também podem ser hipertensivos 
• Níveis fluídos dentro do hematoma → Coagulopatia 
• Traumática → contusões, fraturas... 
• Cerebelares → Tumorações, Malformações Vasculares, 
Discrasias Sanguíneas, HAS... 
➢ Também estima o volume do hematoma → pois o volume é o 
principal fator prognóstico 
• Quando maior o volume, pior o prognóstico do paciente 
➢ VOLUME DO HEMATOMA: 
• É um volume de um elipsoide, que apresenta 3 dimensões: 
▪ Ântero-posterior 
▪ Látero-lateral 
▪ Crânio caudal 
• Forma de calcular o volume dos AVC’s → multiplica-se 
essas três dimensões e divide por 2, obtendo-se o volume do 
hematoma 
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝐴𝑉𝐸ℎ =
𝐴𝑥𝐵𝑥𝐶
2
 
▪ A → maior diâmetro 
▪ B → maior diâmetro perpendicular a A 
▪ C → soma da espessura dos cortes 
✓ > 75%: 1 
✓ 25 – 75%: 0,5 
✓ < 25%: zero 
✓ Observação → deve-se multiplicar o resultado de 
C pela espessura do corte 
 
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
➢ É um exame importante para o Acompanhamento 
➢ Quando há suspeita de uma etiologia não hipertensiva 
(Cavernomas, Angiopatia Amiloide, Neoplasias...) → faz-se a 
ressonância magnética 
➢ Gradiente-echo → é tão acurado quanto a tomografia para 
quadros agudos. Assim, na fase aguda, o TC é o exame de escolha 
DENSIDADE DO SANGRAMENTO EM RELAÇÃO AO TEMPO 
 
Estágio 
 
Tempo 
 
T1 
 
T2 
Derivado da 
Hemoglobina 
(Hb) 
Hiperagu
do 
12h Hipodenso/Isode
nso 
Hiperden
so 
Oxi-Hb 
Agudo 12 – 
72h 
Hipodenso Hipodens
o 
Deoxi-Hb 
 
13 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
Subagudo 
Precoce 
72h – 1 
semana 
Hiperdenso Hipodens
o 
Meta-Hb 
Intracelular 
Subagudo 
Tardio 
1 a 4 
semana
s 
Hiperdenso Hiperdes
o 
Meta-Hb 
Extracelular 
Crônico > 1 mês Hipodenso Hipodens
o 
Ferritina 
hemossideri
na 
 
ANGIOGRAFIA 
➢ É um exame que pode ser necessário em situações específicas 
➢ Necessita-se da Angiografia: 
• HEMATOMA INTRAPARENQUIMATOSO de localização 
atípica: 
▪ Hemorragia Subaracnoide (HSA) 
▪ Malformação Arteriovenosa (MAV) → é uma das 
principais causas de AVE hemorrágico em jovens 
▪ Aneurismas 
▪ Fístulas 
▪ Trombose de seio venoso 
▪ Vasculites 
• Hemoventrículo isolado 
➢ Realizar apenas em pacientes < 45 anos → pois a angiografia 
é um procedimento invasivo 
 
EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO 
➢ A deterioração neurológica é frequente: 
• 22% no pré-hospitalar 
• 1/3 na admissão 
➢ Prognóstico a curto prazo: 
• Tem elevada mortalidade e incapacidade 
• 35 – 52% de óbito no final do primeiro mês → elevada 
mortalidade 
➢ Prognóstico a longo prazo: 
• 60 – 80% de mortalidade em até 2 anos após o evento 
➢ Principal índice para se avaliar prognóstico no AVC 
hemorrágico → ICH ESCORE 
ICH SCORE 
➢ É uma escala de pontuações baseada na clínica do paciente 
DETERMINAÇÃO DO ICH SCORE 
Componente Pontuação 
Escala de Coma de Glasgow 
3 - 4 2 
5 - 12 1 
13 - 15 0 
Volume do Hematoma (cm3) 
≥ 30 1 
< 30 0 
Sangramento intraventricular 
 
Hiperagudo 
 
Agudo 
 
Subagudo Precoce 
 
Subagudo Tardio 
 
AVC hemorrágico 
- AVC parietal do lado esquerdo, com localização não hipertensiva 
 
Angiografia 
- Demostra malformação arteriovenosa 
- O tratamento é cirúrgico, necessitando ser ressecado 
 
14 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
Presente 1 
Ausente 0 
Origem Infratentorial – sangramento na fossa posterior 
Presente 1 
Ausente 0 
Idade 
≥ 80 anos 1 
< 80 anos 0 
Pontuação total do Score 0 – 6 
 
➢ De acordo com a pontuação desse score, prevê-se a 
mortalidade em 30 dias: 
• 5 – 6 pontos → mortalidade em 30 dias é cerca de 100% 
➢ Com essas informações obtidas, tem-se mais informações para 
se passar para os familiares, como a não indicação de cirurgia 
em um caso muito grave em que não mudará o prognóstico, por 
exemplo 
PROGNÓSTICO A LONGO PRAZO 
➢ 60 a 80% de mortalidade em até 2 anos após o evento 
➢ Depende de uma série de fatores, inclusive do score ICH 
➢ Glasgow Outcome Scale (GOS) → escala que avalia a 
performance do doente após o evento 
TRATAMENTO 
➢ Abordagem Pré-hospitalar → igual a do AVE isquêmico 
➢ Fase Aguda → pacientes precisam ficar na UTI 
• Preferencialmente na UTI neurológica, pois tem menor 
letalidade que nas UTIs convencionais 
➢ Reavaliações neurológicas em intervalos curtos → pois é 
frequente a rápida progressão nas primeiras horas 
➢ CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL: 
• Tratamento é mais intenso que no AVE isquêmico 
• Alvo para a PA → 160 x 100mmHg 
• Lembrete → sempre que se diminui a pressão, diminui-se o 
fluxo sanguíneo cerebral, causando mais danos cerebrais 
➢ HIPERTENSÃO INTRACRANIANA: 
• Elevar a cabeceira a 30° 
• Analgesia 
• Sedação 
• Caso necessário → MANITOL a 20% ou SOLUÇÃO SALINA 
HIPERTÔNICA 
• Hiperventilação (PaCO2 de 20 a 32mmHg) 
• CORTICOIDE → não tem benefícios e revelou aumento no 
risco de infecções 
➢ REVERSÃO DA ANTICOAGULAÇÃO ORAL (se o paciente teve um 
sangramento por coagulopatia): 
• Ex: Paciente que sangrou por intoxicação por WARFARINA, 
deve-se utilizar: 
▪ Plasma fresco congelado ou Concentrado de Complexo 
Protrombínico 
+ 
▪ Vitamina K 
➢ DROGAS ANTIEPILÉPTICAS (se o paciente tiver crise 
convulsiva): 
• 80% tem crises epilépticas em 30 dias (lobar) 
• Estado de mal epiléptico → em 1 a 2% 
• Tratamento profilático → geralmente não se faz, mas os 
seguintes casos são exceções: 
▪ Pacientes toporosos e comatosos 
▪ Hemorragias lobares 
▪ Naqueles com sinais de Hipertensão intracraniana 
• Drogas de escolha → níveisterapêuticos por 1 mês e 
depois retirada gradual 
 FENITOÍNA 
 FENOBARBITAL 
➢ TEMPERATURA: 
• Manter em níveis normais 
• Febre é deletéria para o cérebro 
• Febre é comum, principalmente no hemoventrículo 
➢ PROFILAXIA DE TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP): 
• O ideal é → Compressão pneumática intermitente de 
membros inferiores (classe I, nível de evidência B) 
▪ Nas UTI’s tem-se aparelhos que realizam compressão 
dos membros inferiores e superiores para evitar que o 
paciente forme trombos 
• Heparina profilática parece ser segura 
após 48h do evento (estabilidade do 
hematoma) → assim, inicia-se 48h após o sangramento 
• Hemorragia intraparenquimatosa (HIP) com TVP ou TEP 
→ filtro de veia cava (Classe IIb, nível de evidência C) 
▪ Ex: Paciente com sangramento na cabeça e 
trombose de membro inferior 
 
 
Evolução do Coágulo 
- Ele vai retraindo/diminuindo e no final passa a ser apenas uma fenda 
residual 
 
15 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 
Gizelle Felinto 
TRATAMENTO CIRÚRGICO 
➢ Tem indicações muito divergentes, pois é necessário “mexer” 
dentro do cérebro, podendo causar lesões. Assim, para realizar a 
cirurgia é necessário ter certeza de que o paciente irá se 
beneficiar da cirurgia 
➢ Atua-se sobre a mortalidade 
➢ A cirurgia serve para tratar a Hipertensão intracraniana 
➢ Exemplo → em paciente com Glasgow muito baixo, que tem um 
grande AVC que chega até a superfície do cérebro, é necessário 
evacuar esse AVC hemorrágico 
➢ Na maioria dos pacientes o tratamento é clínico, sendo 
encaminhado a cirurgia se tiver deterioração neurológico 
➢ Situação em que a cirurgia é indicada desde o início (antes mesmo 
do tratamento clínico): 
• Hemorragia cerebelar > 3 cm com deterioração 
neurológica, sinais de herniação, compressão do tronco 
ou hidrocefalia → realizar a CRANIECTOMIA 
DESCROMPRESSIVA DE FOSSA POSTERIOR E DRENAGEM DO 
HEMATOMA (Classe I, nível de evidência B) 
 
➢ Corticectomia (retirada cirúrgica de uma determinada região do 
cérebro) → faz-se esse procedimento, escolhendo-se um local 
pequeno para adentrar no cérebro e conseguir alcançar o 
hematoma 
• Não realizar esse procedimento em áreas eloquentes, caso 
contrário o paciente ficará com déficit permanente → como 
a área motora, a área da fala... 
PREVENÇÃO DO AVC HEMORRÁGICO 
➢ Tratar Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) → é a melhor 
maneira de reduzir o risco de Hemorragia intraparenquimatosa 
(Classe I, nível de Evidência A) 
➢ Interrupção de Tabagismo, Etilismo e Cocaína → pois são 
fatores de risco, assim, sua interrupção previne a recorrência da 
hemorragia intraparenquimatosa (Classe I, nível de evidência B) 
 
 
Exemplos de grandes AVC’s com indicação de tratamento cirúrgico

Continue navegando