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1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto EPIDEMIOLOGIA ➢ O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma das maiores causas de morbimortalidade do mundo (morte e sequelas neurológicas) ➢ É a 2ª maior causa de óbitos no mundo (cerca de 5,7 milhões por ano) → a primeira causa é a doença cardiovascular, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ➢ No Brasil: • Cerca de 10% das internações hospitalares estão relacionadas ao AVE → dessa porcentagem, cerca de 10% correspondem aos óbitos hospitalares ➢ 85% das mortes ocorrem em países não desenvolvidos ou em países desenvolvidos → porém, a piora da doença e até mesmo o óbito estão diretamente relacionados à assistência hospitalar do país ➢ 1/3 dos AVCs acontecem em pessoas economicamente ativas → assim, tem-se um impacto direto na produtividade ➢ A maioria dos pacientes que sobrevivem à fase aguda do AVC apresenta déficit neurológico que necessita de reabilitação → por isso, também envolve o ponto de vista previdenciário ➢ 75% desses pacientes não retornarão ao seu trabalho e 30% necessitarão de auxílio para caminhar ➢ PROJEÇÃO DO ÓBITO E DA INVALIDEZ AO LONGO DOS ANOS: • Invalidez → as porcentagens mantem-se praticamente estáveis ao longo dos anos • Óbito → seu risco vai aumentando ao longo dos anos, pois os pacientes que sofrem um AVE são pacientes acamados, que tem maior facilidade de desenvolver infecções, maiores chances de trombose e outros problemas de saúde ➢ ESTATÍSTICAS DE 2014 EM RELAÇÃO À MORBIDADE E MORTALIDADE DO AVE NO BRASIL: • O aumento da morbidade tem relação com o avançar da idade • A morbidade é ligeiramente maior no sexo masculino do que no sexo feminino • Incidência → 108 casos a cada 100.000 habitantes • Média de permanência hospitalar devido ao AVC → geralmente, em pessoas acima de 60 anos os dias de internação variam entre 7 a 8 dias • Taxa de mortalidade hospitalar devido ao AVC → a mortalidade aumenta de acordo com o aumento da faixa etária • As internações por AVE no Brasil têm alto valor econômico total → assim, é sempre melhor e mais barato investir em prevenção INTRODUÇÃO ➢ Existem 2 tipos de Acidente Vascular Cerebral/Encefálico (AVC/AVE): • Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEi) → corresponde a 85% dos casos ▪ Tem menor mortalidade e maior morbidade • Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico (AVEh) → 15% dos casos ▪ Tem maior mortalidade e menor morbidade ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO (AVEi) INTRODUÇÃO ➢ Corresponde a 85% dos casos de AVE ➢ Trata-se do infarto de uma determinada área do parênquima cerebral por interrupção do fluxo sanguíneo, permanente ou transitório, levando ou não a prejuízo de funções neurológicas específicas → assim, nem sempre haverá um déficit neurológico. Tem-se, por exemplo, muitos pacientes que fizeram um exame de rotina e descobrem que já tiveram um AVC ➢ Dessa forma, a presença ou não de sequelas depende da área que foi afetada → pode ser uma área silenciosa ou uma área nobre, com grande impacto na morbidade ➢ CONCEITOS: • Ataque Isquêmico Transitório (AIT) → situações em que se tem um déficit neurológico que é reversível em até 24h e que, na grande maioria dos casos, não apresenta alterações nos exames de imagem ▪ É tido como um pré-AVC. Assim, deve-se tomar cuidados específicos com esse paciente para que um AVC real não aconteça → Prevenção • Penumbra Isquêmica → penumbra é toda a área que é irrigada por uma determinada artéria. Assim, quando o AVC ocorre, existe uma área que morre logo no início e outra que se pode salvar com o tratamento, denominada penumbra isquêmica. Porém, se esse paciente não for tratado, toda a área será acometida ▪ Assim, o objetivo do tratamento do AVC é sempre salvar a penumbra isquêmica! 2 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto FATORES DE RISCO ➢ Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) → fator de maior impacto ➢ Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) ➢ Dislipidemia ➢ Obesidade ➢ Sobrepeso ➢ Tabagismo → fator de maior impacto ➢ Etilismo ➢ História familiar de AVE ➢ Sexo masculino → tem ligeira maior incidência em relação ao sexo feminino ➢ Devem ser cuidados e descontinuados tanto como prevenção de um evento quanto após o tratamento de um AVE ETIOLOGIA ➢ Sempre quando se está diante de um AVC, deve-se buscar qual a causa para trata-la e evitar novos eventos ➢ CARDIOEMBOLIA → é a principal causa (30% dos casos) • Situações que podem causar um cardioembolismo: ▪ Fibrilação Atrial ▪ Dilatação do Átrio Esquerdo (por Insuficiência Cardíaca) ▪ Trombo Intracardíaco ▪ Valvulopatias e Endocardite • Como ocorre: ▪ O trombo sai do coração, adentra na circulação e se deposita em uma artéria cerebral, provocando o AVC • No AVC cardioembólico tem-se uma característica muito específica, que é o acometimento de territórios distintos em um mesmo paciente ▪ Territórios Vasculares Distintos → AVC’s em território completamente distintos, que não tem comunicação vascular anatômica entre si, devido ao fenômeno cardioembólico • Paciente com AVC em territórios distintos → a hipótese é algum problema cardíaco (cardioembolia) ➢ ARTERIOEMBOLIA → corresponde a 15% dos casos • Aterosclerose das Carótidas → essa doença leva à formação de placas que, em algum determinado momento, poderão ter a liberação de algum fragmento que adquire a circulação e fecha uma das artérias ou o ramo de uma das artérias cerebrais, levando a um AVC arterioembólico ➢ TROMBOSE LACUNAR → corresponde a 20% dos casos • É a trombose in situ de pequenos vasos → ocorre o fechamento, pelo trombo, de pequenos vasos • Geralmente, ocorre nos núcleos da base • Causa um AVC pequeno, em lacuna, que, a depender do local, pode ter uma grande repercussão ➢ TROMBOSE DE ARTÉRIA DE MÉDIO CALIBRE → corresponde a 5% dos casos • Ocorre devido a: ▪ Aterosclerose ▪ Tabagismo → doenças vasculares provocadas pelo tabagismo ▪ Trombofilias Imagens de uma Tomografia com Perfusão - Probabilidade de infarto → a área laranja e amarela é a área que morre desde o início e toda a parte azul é a penumbra isquêmica, que pode ser salva com o tratamento precoce e adequado Territórios Vasculares Distintos A → acometimento de Artéria Cerebral Média direita, transição da Cerebral Média esquerda e Cerebral Posterior esquerda B → núcleo basal direito e Artéria Cerebral Posterior direita Assim, quando se vê esse tipo de imagem é sugestivo de que a causa é uma Etiologia Cardioembólica Porém, na maioria das situações têm-se apenas um território acometido Trombose Lacunar - Acometimento da Cápsula Interna, causando grandes repercussões 3 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto ➢ AVC HEMODINÂMICO → AVC em zona de fronteira (watershed) • Corresponde a 10% dos casos • Nesse caso, não se tem uma oclusão por trombo ou êmbolo, mas sim uma diminuição do fluxo sanguíneo • Ocorre nas seguintes situações (em que se tem um hipofluxo cerebral, podendo levar a um AVC em zona de fronteira): ▪ Hipotensão ▪ Insuficiência Cardíaca Descompensada ▪ Pós-parada Cardiorrespiratória • Explicação para esse nome “zona de fronteira” → as fronteiras são os territórios de divisão, localizados entre as áreas de vascularização das artérias cerebrais. Assim, quando o paciente apresenta uma parada cardíaca, por exemplo, a zona de fronteira é afeta primeiro porque é o último local em que a circulação arterial chega, fazendo com que o fluxo sanguíneo diminua primeiramente nessas regiões • Ressonância Magnética → caracteristicamente tem-se uma imagem em colar de contas ou contas de rosário, que é um grande indicativo de AVC em fronteira ➢ CRIPTOGÊNICO → corresponde a 20% dos casos • São classificados nessa etiologia aquelesAVC’s que não se sabe a causa ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO (AVEi) EM JOVEM ➢ O AVC é mais comum em pacientes a partir da 5ª década de vida. Assim, quando ocorre em pessoas mais jovens, tem muitas outras possibilidades etiológicas, como: • Forame oval patente → comunicando as câmaras direita e esquerda do coração • Dissecção de carótida → é a etiologia mais comum em jovens ▪ Ex: durante um exercício físico extenuante, levantando muito peso, e evoluindo com déficit motor ou com uma síncope, muito provavelmente esse paciente pode ter dissecado a carótida e ter evoluído com um AVC isquêmico • Doença de moya-moya → é uma vasculopatia rara • Cocaína/Anfetaminas → segunda maior causa de AVC em jovem. A depender da localização pode ser a primeira causa. É principalmente causado pela cocaína • Anticoncepcional (ACO) → isoladamente não tem nenhuma repercussão, mas pode ter risco quando associado a outras condições (principalmente trombofilias), como: ▪ Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAAF) ▪ Deficiência de proteína C e S ▪ Deficiência de Antitrombina III ▪ Mutação do Fator V de Leiden ▪ Mutação da Protrombina ▪ Hiperhomocistinúria • Vasculites (inflamação dos vasos) → pode levar ao fechamento do vaso ➢ O AVC no jovem costuma ser mais grave que no idoso, pois no jovem todo o efeito de massa provocado pelo AVC não é compensado pela atrofia cerebral RELEMBRANDO A ANATOMIA ➢ POLÍGONO DE WILLIS: • Corresponde às grandes artérias cerebrais Trombose de Artéria de Médio Calibre - Acometimento da Artéria Cerebral Média Territórios de irrigação das artérias cerebrais e, entre eles, as zonas de fronteira Colar de contas ou Contas de rosário - AVC na fronteira da cerebral anterior com a cerebral média AVC pós-parada cardíaca mostrando vários AVC’s em zonas de fronteira - Fronteira Cerebral anterior com média bilateral - Fronteira Cerebral média com posterior bilateral 4 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto ➢ VASCULARIZAÇÃO ENCEFÁLICA: • Território de irrigação das principais artérias cerebrais ➢ HOMÚNCULO MOTOR: • Em vermelho → território de irrigação da artéria cerebral média • Em verde → território de irrigação da artéria cerebral anterior QUADRO CLÍNICO ➢ É de acordo com a artéria acometida, tendo complicações de acordo com a área anatômica irrigada por esse vaso ➢ ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA (ACM): • Quadro Clássico → Hemiparesia, geralmente incompleta (pois envolve braço e perna) e desproporcionada (porque o acometimento do braço é maior do que o da perna – braquial > crural), contralateral à lesão ▪ Paciente tem uma perda de força maior no braço do que na perna ▪ Motivo de a fraqueza ser maior no membro superior do que no inferior → devido ao território de acometimento (relembrar o homúnculo motor): ✓ Território profundo (subcortical) ✓ Território cortical → envolve braço, ombro, cotovelo, boca, língua, nariz, face... É por isso que - Vermelho → Cerebral Anterior - Laranja → Artérias Lentículoestriadas - Azul claro → Artéria Coroidea Anterior - Amarelo → Artéria Cerebral Média - Verde → Artéria Cerebral Posterior - Azul mais escuro (fossa posterior) → Artéria Cerebral Póstero-inferior e Artéria Cerebral Ântero- inferior 5 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto o paciente tem mais acometimento da face e do membro superior do que da perna ✓ Território profundo + cortical • Disartria • Acometimento no hemisfério dominante → Afasia ➢ ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR: • Quadro clínico clássico → Hemiparesia, geralmente incompleta e desproporcionada (crural > braquial – a perda de força é maior na perna do que no braço), ou Monoparesia Crural (fraqueza apenas no membro inferior) • Pois, relembrando o homúnculo motor, ela irriga: ▪ Quadril, perna, pé, torso... • Capsula interna → local que reúne todas as fibras do trato corticoespinhal. Assim, mesmo sendo uma região muito pequena, um AVC nessa capsula causa grande morbidade ▪ Esse AVC lacunar, geralmente, leva a uma Hemiplegia (perda total da força) ou a uma Hemiparesia importante completa (face, braço e perna) e proporcional (gravemente acometida em todos os seguimentos) ➢ ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR: • Tem um quadro clínico mais específico e, muitas vezes, acaba-se descobrindo a manifestação clínica quando se faz o exame físico desse paciente • Caracteristicamente, apresentam Hemianopsia Homônima Contralateral ▪ Hemianopsia → em ambos os olhos ▪ Homônima → para apenas um lado ▪ Contralateral à lesão 1 – Lesão do nervo óptico → Cegueira total do olho homolateral à lesão 2 – Lesão da parte mediana do quiasma óptico → Hemianopsia Heterônima Bitemporal 3 – Lesão do trato óptico (Ex: AVC na artéria Cerebral Posterior) → Hemianopsia Homônima Contralateral AVC DE ACM - Acometimento de um ramo profundo da artéria cerebral média, levando a um AVC nucleocapsular AVC DE ACM completo - Acometimento de todo o território da artéria cerebral média AVC DE ACM - Acometimento de um ramo artéria cerebral média, levando a uma lesão mais cortical AVC de Artéria Cerebral Anterior - Acometimento unilateral (imagem da esquerda) - Acometimento bilateral (imagem da direita) AVC Lacunar na Capsula interna Acometimento da Artéria Cerebral Posterior Esquerda - Repercussão → Hemianopsia Homônima direita 6 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto NIHSS ➢ É uma escala utilizada na emergência para avaliar o grau de comprometimento do paciente com AVC ➢ Varia de 0 a 42 pontos ➢ Quanto menor a pontuação, melhor o quadro do paciente ➢ Quanto maior a pontuação, pior o quadro do paciente ➢ É importante tanto na entrada do paciente no pronto-socorro quanto nas avaliações subsequentes, nas quais se compara o NIHSS do paciente para ver se ele está melhorando ou piorando DIAGNÓSTICO ➢ O diagnóstico é CLÍNICO! → sabe-se que o AVC é um déficit neurológico focal e súbito. Assim, quando um paciente se apresenta com essas características a primeira hipótese, até que se prove o contrário, é o Acidente Vascular Encefálico, mesmo que ainda não se saiba se ele é isquêmico ou hemorrágico ➢ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE CRÂNIO: • É o exame de escolha, pois é barato e amplamente disponível nos hospitais • É um bom exame na fase aguda, principalmente para afastar o AVE hemorrágico • Fase aguda (primeiras horas) → é normal, sem alterações • O principal objetivo é afastar o AVEh, pois, se for hemorrágico, ele tem que aparecer na imagem logo nas primeiras horas (fase aguda) • AVEi → não aparece nas primeiras horas ▪ É uma lesão hipodensa que aparece em 24 a 48h • AVEh → aparece nas primeiras horas • Lembrete! → Nosso lado direito é o lado esquerdo na TC e o nosso lado esquerdo é o lado direito na TC • Na TC de crânio pode-se encontrar sinais precoces de isquemia cerebral (mas nem sempre são encontrados), como: ▪ Perda da diferenciação entre a substância branca e cinzenta, principalmente na ínsula → no local acometido, a ínsula deixa de ser hipodensa e começa a ficar cinza ▪ Apagamento do núcleo lentiforme ▪ Hiperdensidade na Artéria Cerebral Média → sinal de que surgirá um grande AVC ✓ Esse sinal só é válido no contexto de clínica de AVC, pois, às vezes, pode-se encontrar esse sinal em pacientes que fazem TC de crânio por outros motivos • A TC também é responsável por afastar hemorragia intracraniana e outros diagnósticos diferenciais AVE isquêmico - Imagem da esquerda → feita nas primeiras horas, sem alterações, descartando possibilidade de AVE hemorrágico - Imagem da direita → feita 24h após o início do quadro, evidenciando um AVEi nucleocapsular direitoHiperdensidade na Artéria Cerebral Média - A diferença é que no Hematoma Subdural a clínica vai se estabelecendo aos poucos, diferindo do AVC que é uma clínica súbita. Assim, na anamnese já se consegue diferenciar um do outro A – primeira tomografia, com território semidelimitado e ventrículo sendo comprimido B – TC de controle, vê-se um grande AVC 7 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto • Na TC também deve-se distinguir uma lesão nova de uma lesão antiga: ▪ Nas duas situações tem-se uma hipodensidade (mais escuro) ▪ AVEi antigo → é mais hipodenso (mais preto) e têm- se um efeito cicatricial (Ex: aumento do ventrículo) ▪ AVEi agudo → é menos hipodenso e tem um efeito de massa, deslocando as estruturas cerebrais para o lado contralateral ➢ RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA DO CRÂNIO: • É o exame mais acurado • Mostra a fase aguda com mais eficiência • Porém, não é o exame de escolha por uma série de fatores • A sequência de escolha é a difusão (DWI) → pois é a que mais precocemente mostra a lesão ▪ Analisa-se o DWI e o mapa ADC, pois é onde se observa a lesão • Avalia-se também o Mismatch → que corresponde à área de penumbra • Deve-se evitar o contraste, pois ele irá confundir com o sangramento → sempre fazer a RNM sem contraste - Imagem da esquerda → artéria cerebral média hiperdensa - Imagem da direita → grande AVC AVC na fase aguda com perda da diferenciação cortico-subcortical do lado direito AVEi agudo AVEi antigo A angiorressonância mostra redução do fluxo em um dos ramos da artéria cerebral média esquerda AVEi Agudo - Não se observa lesões no T1, T2 e nem no FLAIR - Na difusão (DWI) e no mapa ADC já se observa a lesão na fase aguda AVEi Crônico - Cicatriz → tem um efeito sobre o ventrículo, puxando-o No T1 (imagem da esquerda) → hiposinal No T2 (imagem da direita) → hipersinal Mismatch - Com a área de difusão (área acometida) e perfusão (área que pode ser acometida) consegue-se calcular a área de penumbra (em azul), que é a área que se deve salvar no tratamento inicial do AVC 8 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto SCORE ASPECTS ➢ É um score utilizado na clínica ➢ Tem relação apenas com os territórios de irrigação da Artéria Cerebral Média ➢ São 10 territórios de acometimento → assim, inicia-se com 10 e vai tirando-se 1 ponto a cada território acometido • Núcleo caudado • Capsula interna • Núcleo lentiforme • Ínsula • M1 • M2 • M3 • M4 • M5 • M6 ➢ Score ≤ 7: • Pior prognóstico funcional em 3 meses • Maior risco de transformação hemorrágica ➢ Score ≤ 8: • Maior risco de sangramento pós trombólise ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR ➢ Existem vários anagramas que ajudam a população leiga a suspeitar de um AVC, como o FAST, que é muito utilizado nos EUA: • Face → a face está caindo? • Arms → os braços podem ser levantados? • Speech → a fala está enrolada? • Time → ligar para a emergência! ➢ No Brasil utiliza-se a ESCALA HOSPITALAR DE CINCINNATI, como mnemônico SAMU: • Sorria → para verificar se a boca está torta • Abraço → para saber se tem alteração de força nos membros superiores • Música → para saber se o paciente consegue repetir uma frase ou alguma música pra ver se há alterações em sua fala • Urgência → se apresentar qualquer uma das alterações acima (S A M), deve-se ligar para o SAMU (192) ATENDIMENTO HOSPITALAR ➢ MEDIDAS INICIAIS: • Suporte Básico de Vida → é o que deve ser aplicado primeiro ▪ Oxigênio ▪ Monitorização... • Exames neurológicos (são exames rápidos para que se constate a suspeição clínica de AVC): ▪ Escala de Coma de Glasgow ▪ Avaliação das Pupilas ▪ Avaliação de Déficits Neurológicos TRATAMENTO DA FASE AGUDA – MEDIDAS ESPECÍFICAS ➢ Após o diagnóstico de AVE e as medidas iniciais, precisa-se definir se esse paciente vai realizar ou não uma terapia trombolítica ➢ TERAPIA TROMBOLÍTICA (rTPA - Alteplase) → é a primeira forma de tratamento na fase aguda • Alteplase → é uma medicação antifibrinolótica, que vai direto no coágulo e dissolve-o, deixando o sangue muito fino e o paciente pode ter sangramento, por isso que se tem vários critérios pra o uso dessa medicação • Tempo sintoma-agulha → primeiro ponto que se deve avaliar ▪ Paciente chegou no hospital em (a partir do início dos sintomas): ✓ ≤ 4,5 horas → administrar Alteplase ✓ > 4,5 horas → não administrar Alteplase • Objetivo da Alteplase → diminuir morbidade, melhorando o déficit que o paciente apresenta • Não diminui mortalidade • Dosagem: ▪ rTPA 0,9 mg/Kg, endovenoso, administrado 10% em bolus em 1 minuto e o restante em 1 hora ▪ Dose máxima → 90 mg • Principais critérios para uso: ▪ Pressão Arterial (PA) ≤ 185mmHg ▪ Até 4,5 horas do início dos sintomas ▪ Tomografia de Crânio sem hemorragia ou doença cerebral ▪ Paciente não pode estar anticoagulado • Critérios para trombólise (para saber se o paciente vai ou não receber a terapia trombolítica): ▪ Critérios absolutos de Exclusão → não se pode fazer a trombólise em: Doença neurológica prévia ou recente ✓ Doença neurológica (como TCE) nos últimos 3 meses ✓ Sintomas sugestivos de hemorragia subaracnóidea ✓ Hemorragia intracraniana prévia ATENÇÃO! Como esse score serve apenas para a Artéria Cebral Média, em provas de residência pode cair a seguinte pegadinha → colocar a seguinte imagem e perguntar o score ASPECTS Não tem como calcular o ASPECTS, pois esse é um AVEi de Artéria Cerebral POSTERIOR 9 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto ✓ Neoplasia intracraniana ✓ Malformação arteriovenosa ✓ Aneurisma cerebral ✓ Recente cirurgia intracraniana ou intraespinhal Coagulopatias ✓ Sangramento interno ativo ✓ Plaquetas < 100.000/mm3 ✓ Uso de heparina nas últimas 48 horas ou apresenta um TTPA prolongado ✓ INR > 1,7 ou TTP > 15 segundos Território de acometimento ✓ Território acometido > 1/3 da região da artéria cerebral → em grandes AVC’s não se pode realizar trombólise, pois esses pacientes tem um grande risco de transformar uma isquemia em hemorragia ➢ TROMBECTOMIA MECÂNICA: • Procedimento no qual, com um cateter através das artérias, localiza-se o trombo e retira-o → a partir da Artéria Femoral • Pode-se realizar em até 6 horas do início dos sintomas • Pacientes que podem precisar de Trombectomia Mecânica: ▪ Pacientes que apresentam um Rankin score (mRS) de 0 a 1 ✓ É um ranking de performance ✓ 0 a 1 são pacientes que estão hígidos ▪ A causa do AVC é uma oclusão/trombose da Artéria Carótida Interna ou do segmento M1 da artéria cerebral média (ou seja, em grandes vasos) → pois em pequenos vasos o cateter não consegue chegar até eles ▪ Idade ≥ 18 anos ▪ NIHSS ≥ 6 ▪ ASPECTS ≥ 6 ▪ Tratamento pode ser iniciado até 6 horas do início dos sintomas • Resumindo as indicações de uso da trombectomia mecânica: ▪ Oclusão de grandes vasos ▪ Contraindicação ou falta de resposta ao rTPA endovenoso ▪ < 6h do ictus (do início dos sintomas) ✓ Hoje em dia tem estudos que permitem um intervalo maior (podendo ser realizado em até 24h do início dos sintomas), mas na prática clínica não se utiliza. Tem-se como referência as 6h TRATAMENTO DA FASE AGUDA – MEDIDAS GERAIS ➢ Ventilação → verificar se o paciente necessita de ventilação mecânica ou apenas oxigenioterapia, por exemplo ➢ Controle da Pressão Arterial ➢ Controle da Glicemia → deve ficar entre 120 – 180 mg/dL, assim não pode ficar muito hiperglicêmico e nem muito hipogligêmico ➢ Controle da Temperatura → deve-se tratar principalmente a hipertermia/febre ➢ Tratar Infecções ➢ Tratar Crises Convulsivas (nunca realizar profilaxia) → trata- se apenas se a criseconvulsiva ocorrer ➢ Nutrição TRATAMENTO DA FASE AGUDA – OUTROS MEDICAMENTOS E MEDIDAS ➢ Antiagregação: ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (AAS) 325mg → tomar 1 vez após o almoço durante 48h ➢ Estatinas → Inibidores da HMG-CoA redutase SINVASTATINA 40mg ATORVASTATINA 10mg ROSUVASTATINA ➢ Heparinização profilática (HNF ou HBPM): • Faz-se a heparinização PROFILÁTICA • Não se faz heparinização PLENA na fase aguda, exceto quando o AVC for de etiologia Cardioembólica (pois na cardioembolia precisa-se também tratar o foco, como a fibrilação atrial), realizando-se a heparinizaçã Plena (devendo-se esperar alguns dias para que seja realizada): ▪ Após o 3º dia → se for um AVC pequeno ▪ Após 1 semana → se for um AVC grande QUANDO TRATAR A PRESSÃO ARTERIAL NO AVE ISQUÊMICO ➢ Normalmente, na grande maioria das situações, NÃO se trata a PA no AVEi, exceto em algumas situações ➢ Exceções (em que se deve tratar a PA): • PA > 220 x 120mmHg → devido ao risco benefício, deve-se tratar essa hipertensão ▪ Deve-se reduzir 15% dessa pressão no 1º dia e após 1 semana essa pressão deve chegar ao normal ▪ Drogas de escolha: NITROPRUSSIATO DE SÓDIO LABETALOL • PA > 185 x 110mmHg em candidato a trombólise → se não tratar essa pressão o paciente vai sangrar no cérebro • Emergências Hipertensivas (Ex: IAM, Edema Agudo do Pulmão, Lesão Renal Aguda com Hipertensão, Eclampsia, Pré-eclampsia...) ATENÇÃO Quando o paciente acorda com um AVC, com a sintomatologia, o tempo de início dos sintomas é considerado a hora em que o paciente foi dormir, pois não se sabe exatamente quando ocorreu o AVC. Assim, o tempo de início é a partir da hora em que o paciente foi dormir ATENÇÃO O AAS e a Heparina só podem ser utilizados 24h após o uso do trombolítico, caso tenha sido utilizada a Alteplase 10 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto NÍVEIS DE EVIDÊNCIA (NE) DO TRATAMENTO INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA ➢ Após o manejo dessa fase aguda, deve-se investigar de onde veio esse AVC, qual a sua etiologia ➢ EXAMES: • ECG/HOLTER 24h → para saber se o paciente tem alguma arritmia ▪ Lembrete → a principal causa de AVC é a fibrilação atrial • ECOCARDIOGRAMA, preferencialmente Transesofágico • DOPPLER DE CARÓTIDAS E VERTEBRAIS → mostrando se existe um processo de aterosclerose sugestivo de arterioembolia TRATAMENTO CRÔNICO ➢ É de acordo com a sua etiologia ➢ AVEi CARDIOEMBÓLICO: • Anticoagulação: MAREVAN XARELTO • Antiagregação (AAS) + Estatina ➢ AVEi ARTERIOEMBÓLICO: • Antiagregação (AAS) + Estatina • Endarterectomia da Carótida (abertura da carótida para retirada do coágulo) → indicado quando o paciente apresenta um déficit compatível com a lesão e uma obstrução > 70% no Doppler ➢ AVEi TROMBÓTICO E HEMODINÂMICO: • Antiagregação + Estatina ➢ AVEi HEMODINÂMICO → cuidado com a Hipotensão • Deve-se ter muito cuidado no tratamento da pressão desses doentes, caso contrário eles podem piorar ainda mais o fluxo sanguíneo cerebral ➢ MEDIDAS GERAIS: • Controlar fatores de risco (Hipertensão, Diabetes, Tabagismo...) ➢ REABILITAÇÃO: • Fisioterapia motora • Fonoaudiologia → tanto para a vocalização quanto para a deglutição, pois ambos podem ser afetados HEMICRANIECTOMIA DESCOMPRESSIVA INTRODUÇÃO ➢ Normalmente, o tratamento do AVE é clínico, porém, em algumas situações específicas, lança-se mão da cirurgia para tratar a hipertensão intracraniana ➢ Na cirurgia altera-se a mortalidade, mas não se altera a morbidade ➢ Tem sido cada vez mais realizada em AVE isquêmico INDICAÇÕES ➢ Para que a cirurgia seja feita, é necessário que o paciente preencha todas as seguintes condições: • Ictus até 48h ou mais (mais de 48h do início dos sintomas) • Grandes AVE’s (extensão do infarto) → > 50% do território ou > 145cc na Ressonância Magnética de difusão • Clínica compatível com a radiologia • Piora do NIHSS em relação à admissão ou história de deterioração neurológica desde o início dos sintomas • Idade < 80 anos → independente da lateralidade ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO (AVEh) INTRODUÇÃO ➢ O AVE hemorrágico é o extravasamento de sangue para o parênquima, ventrículo e espaço subaracnóide ➢ EPIDEMIOLOGIA: • As doenças cerebrovasculares (AVE) são a 2ª causa de mortalidade no mundo, correspondendo a 9,7% dos óbitos em 2004 • Tem-se Hipertensão Intracraniana (HIC) em 10 – 20% dos acidentes vasculares • Afeta cerca de 4 milhões de pessoas por ano • A mortalidade é cerca de 40% no primeiro mês → dado que evidencia que o AVEh é muito mais mortal do que o AVEi • É o subtipo de AVE com pior prognóstico, com até 65% de mortalidade em 1 ano ➢ O AVEh tem alta mortalidade, mas tem baixa morbidade, deixando menos sequelas quando comparado ao AVE isquêmico FISIOPATOLOGIA ➢ O AVE hemorrágico é causado por uma ruptura arterial ou venosa dentro do encéfalo ➢ Ocorre a expansão do hematoma, sempre pelo caminho de menor resistência (disseca a substância branca) – Dinâmico ➢ A pressão tecidual crescente tampona o local da ruptura → assim, o hematoma vai expandir apenas até determinado ponto, 11 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto formando um coágulo, pois o próprio tecido tampona e evita a perpetuação desse sangramento ➢ O AVEh é um coágulo (é sólido) FATORES DE RISCO ➢ NÃO MODIFICÁVEIS: • Idade avançada • Raça negra e orientais • Sexo masculino ➢ MODIFICÁVEIS: • Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS): ▪ 70 a 80% dos pacientes ▪ Redução de 41% • Angiopatia Amilóide • Tabagismo • Álcool: ▪ Consumo nas 24h anteriores pode precipitar o ictus • Coagulopatias → em pacientes que usam: ▪ Anticoagulantes orais (8 a 10x) ▪ Antiplaquetários → crescimento do hematoma ▪ Trombolíticos → como a trombólise com Alteplase • Simpatomiméticos → drogas como: ▪ Fenilpropanolamina ▪ Cocaína ▪ Anfetaminas ▪ Efedrina • Outros: ▪ Obesidade ▪ Perfil lipídico ▪ Fatores genéticos ETIOLOGIA ➢ Apresenta diversas etiologias ➢ CAUSAS PRIMÁRIAS (são as mais comuns): • Hipertensão Arterial Crônica → é a causa mais comum • Angiopatia Amilóide Cerebral ➢ CAUSAS SECUNDÁRIAS: • Malformações vasculares: ▪ Malformação arteriovenosa ▪ Telangiectasia ▪ Angioma cavernoso ▪ Angioma venoso • Aneurismas (saculares, infecciosos, traumáticos, neoplásicos) • Coagulopatias: ▪ Coagulopatias primárias → Hemofilia A e B, Doença de Von Wilebrand, Afibrinogenemia ▪ Coagulopatias secundárias → púrpura trombocitopênica idiopática, coagulação intravascular disseminada, púrpura trombocitopênica trombótica, síndrome HELLP, trombocitopenia em síndromes mieloproliferativas, mieloma múltiplo ▪ Fármacos antitrombóticos → antiagregantes, anticoagulantes, trombolíticos • Tumores Cerebrais Primários ou Metastáticos • Vasculopatias: ▪ Vasculites sistêmicas ▪ Vasculite isolada do sistema nervoso central ▪ Outras → sarcoidose, doença de Behçet, Doença de Moya-Moya, dissecção arterial, vasculite infecciosa, anemia falciforme • Relacionadas a variações bruscas da pressão arterial ou do fluxo sanguíneo: ▪ Fármacos ou drogas com efeito simpatomimético → anfetaminas, efedrina, descongestionantes nasais, cocaína... ▪ Eclampsia ▪ Exposição ao frio ▪ Após estimulação do nervo trigêmeo ▪ Após picas de escorpião ▪ Após endarterecetomia ou angioplastia para estenose carotídea crítica ▪ Após intervenção cirúrgica para cardiopatia congênita ▪ Após procedimentos cirúrgicos em fossa posterior ▪ Após transplante cardíaco ▪ Após eletroconvulsoterapia • Outras: ▪ Trombose venosa cerebral ▪ Transformação hemorrágica de infarto isquêmico ▪ Migrânea ▪ Endometriose cerebral ▪ Intoxicação por metanol ▪ Síndrome de Zieve AVEh HIPERTENSIVO ➢ A causa mais comum de AVEh éa hipertensão ➢ Localizações específicas no cérebro para se pensar que o AVE é hipertensivo: • 4 sítios hipertensivos: ▪ Núcleos da base → putame e tálamo ▪ Ponte ▪ Cerebelo • Do mais acometido para o menos acometido → Putame – Tálamo – Ponte – Cerebelo • Quando o AVC ocorre em outras localizações que não sejam essas, deve-se pensar em outras etiologias que não sejam a Hipertensiva • Ocorrem por sangramentos de: ▪ Ramos lenticuloestriados da Artéria Cerebral Média ▪ Ramos paramedianos da Artéria Basilar ➢ São os Aneurismas de Charcot-Bouchard → é diferente do aneurisma cerebral sacular ➢ Aquele paciente que tem hipertensão de longa data e que não trata essa hipertensão, vai fazendo com que, ao longo dos anos, ocorra um processo inflamatório na parede do vaso até chegar em um ponto de ficar bastante delgada e ocorrer o sangramento ➢ FISIOPATOLOGIA → é uma Lipo-hialinose com fraqueza na parede arterial, levando à ruptura dos aneurismas de Charcot- Bouchard 12 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto LOCALIZAÇÃO DOS SANGRAMENTOS ➢ 80% Supratentoriais e 20% Infratentoriais ➢ 50% Profundos → com 51% de mortalidade ➢ 35% Lobar → com 57% de mortalidade ➢ 10% Cerebelar → com 42% de mortalidade ➢ 6% Tronco Encefálico → com 65% de mortalidade MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ Ocorrem déficits neurológicos por destruição direta do tecido e compressão indireta de estruturas neurais ➢ Há um Déficit neurológico focal: • De início súbito • A manifestação depende da região cerebral acometida ➢ Esses pacientes podem apresentar Cefaleia (mas não ocorre em todos os casos) → ocorre se existir: • Irritação meníngea ou Hipertensão Intracraniana (HIC) ➢ Vômitos ➢ Alteração do nível de consciência ➢ Isoladamente, o quadro clínico é insuficiente para diferenciar os diferentes tipos de AVC (hemorrágico e isquêmico) → por isso que é necessária a realização de uma Tomografia Computadorizada do Crânio • Se a TC feita não demonstrar alterações/hemorragias, significa que é um AVE isquêmico TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE CRÂNIO ➢ É o exame mais usado, tendo elevada sensibilidade ➢ Mostra o local do AVC e, às vezes, essa localização já diz a etiologia do AVEh ➢ PODE SUGERIR A ETIOLOGIA DO SANGRAMENTO: • Núcleos da Base → Hipertensivo • Hematomas Lobares + Leucoaraiose → Angiopatia Amilóide, mas também podem ser hipertensivos • Níveis fluídos dentro do hematoma → Coagulopatia • Traumática → contusões, fraturas... • Cerebelares → Tumorações, Malformações Vasculares, Discrasias Sanguíneas, HAS... ➢ Também estima o volume do hematoma → pois o volume é o principal fator prognóstico • Quando maior o volume, pior o prognóstico do paciente ➢ VOLUME DO HEMATOMA: • É um volume de um elipsoide, que apresenta 3 dimensões: ▪ Ântero-posterior ▪ Látero-lateral ▪ Crânio caudal • Forma de calcular o volume dos AVC’s → multiplica-se essas três dimensões e divide por 2, obtendo-se o volume do hematoma 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝐴𝑉𝐸ℎ = 𝐴𝑥𝐵𝑥𝐶 2 ▪ A → maior diâmetro ▪ B → maior diâmetro perpendicular a A ▪ C → soma da espessura dos cortes ✓ > 75%: 1 ✓ 25 – 75%: 0,5 ✓ < 25%: zero ✓ Observação → deve-se multiplicar o resultado de C pela espessura do corte RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ➢ É um exame importante para o Acompanhamento ➢ Quando há suspeita de uma etiologia não hipertensiva (Cavernomas, Angiopatia Amiloide, Neoplasias...) → faz-se a ressonância magnética ➢ Gradiente-echo → é tão acurado quanto a tomografia para quadros agudos. Assim, na fase aguda, o TC é o exame de escolha DENSIDADE DO SANGRAMENTO EM RELAÇÃO AO TEMPO Estágio Tempo T1 T2 Derivado da Hemoglobina (Hb) Hiperagu do 12h Hipodenso/Isode nso Hiperden so Oxi-Hb Agudo 12 – 72h Hipodenso Hipodens o Deoxi-Hb 13 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto Subagudo Precoce 72h – 1 semana Hiperdenso Hipodens o Meta-Hb Intracelular Subagudo Tardio 1 a 4 semana s Hiperdenso Hiperdes o Meta-Hb Extracelular Crônico > 1 mês Hipodenso Hipodens o Ferritina hemossideri na ANGIOGRAFIA ➢ É um exame que pode ser necessário em situações específicas ➢ Necessita-se da Angiografia: • HEMATOMA INTRAPARENQUIMATOSO de localização atípica: ▪ Hemorragia Subaracnoide (HSA) ▪ Malformação Arteriovenosa (MAV) → é uma das principais causas de AVE hemorrágico em jovens ▪ Aneurismas ▪ Fístulas ▪ Trombose de seio venoso ▪ Vasculites • Hemoventrículo isolado ➢ Realizar apenas em pacientes < 45 anos → pois a angiografia é um procedimento invasivo EVOLUÇÃO E PROGNÓSTICO ➢ A deterioração neurológica é frequente: • 22% no pré-hospitalar • 1/3 na admissão ➢ Prognóstico a curto prazo: • Tem elevada mortalidade e incapacidade • 35 – 52% de óbito no final do primeiro mês → elevada mortalidade ➢ Prognóstico a longo prazo: • 60 – 80% de mortalidade em até 2 anos após o evento ➢ Principal índice para se avaliar prognóstico no AVC hemorrágico → ICH ESCORE ICH SCORE ➢ É uma escala de pontuações baseada na clínica do paciente DETERMINAÇÃO DO ICH SCORE Componente Pontuação Escala de Coma de Glasgow 3 - 4 2 5 - 12 1 13 - 15 0 Volume do Hematoma (cm3) ≥ 30 1 < 30 0 Sangramento intraventricular Hiperagudo Agudo Subagudo Precoce Subagudo Tardio AVC hemorrágico - AVC parietal do lado esquerdo, com localização não hipertensiva Angiografia - Demostra malformação arteriovenosa - O tratamento é cirúrgico, necessitando ser ressecado 14 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto Presente 1 Ausente 0 Origem Infratentorial – sangramento na fossa posterior Presente 1 Ausente 0 Idade ≥ 80 anos 1 < 80 anos 0 Pontuação total do Score 0 – 6 ➢ De acordo com a pontuação desse score, prevê-se a mortalidade em 30 dias: • 5 – 6 pontos → mortalidade em 30 dias é cerca de 100% ➢ Com essas informações obtidas, tem-se mais informações para se passar para os familiares, como a não indicação de cirurgia em um caso muito grave em que não mudará o prognóstico, por exemplo PROGNÓSTICO A LONGO PRAZO ➢ 60 a 80% de mortalidade em até 2 anos após o evento ➢ Depende de uma série de fatores, inclusive do score ICH ➢ Glasgow Outcome Scale (GOS) → escala que avalia a performance do doente após o evento TRATAMENTO ➢ Abordagem Pré-hospitalar → igual a do AVE isquêmico ➢ Fase Aguda → pacientes precisam ficar na UTI • Preferencialmente na UTI neurológica, pois tem menor letalidade que nas UTIs convencionais ➢ Reavaliações neurológicas em intervalos curtos → pois é frequente a rápida progressão nas primeiras horas ➢ CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL: • Tratamento é mais intenso que no AVE isquêmico • Alvo para a PA → 160 x 100mmHg • Lembrete → sempre que se diminui a pressão, diminui-se o fluxo sanguíneo cerebral, causando mais danos cerebrais ➢ HIPERTENSÃO INTRACRANIANA: • Elevar a cabeceira a 30° • Analgesia • Sedação • Caso necessário → MANITOL a 20% ou SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA • Hiperventilação (PaCO2 de 20 a 32mmHg) • CORTICOIDE → não tem benefícios e revelou aumento no risco de infecções ➢ REVERSÃO DA ANTICOAGULAÇÃO ORAL (se o paciente teve um sangramento por coagulopatia): • Ex: Paciente que sangrou por intoxicação por WARFARINA, deve-se utilizar: ▪ Plasma fresco congelado ou Concentrado de Complexo Protrombínico + ▪ Vitamina K ➢ DROGAS ANTIEPILÉPTICAS (se o paciente tiver crise convulsiva): • 80% tem crises epilépticas em 30 dias (lobar) • Estado de mal epiléptico → em 1 a 2% • Tratamento profilático → geralmente não se faz, mas os seguintes casos são exceções: ▪ Pacientes toporosos e comatosos ▪ Hemorragias lobares ▪ Naqueles com sinais de Hipertensão intracraniana • Drogas de escolha → níveisterapêuticos por 1 mês e depois retirada gradual FENITOÍNA FENOBARBITAL ➢ TEMPERATURA: • Manter em níveis normais • Febre é deletéria para o cérebro • Febre é comum, principalmente no hemoventrículo ➢ PROFILAXIA DE TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP): • O ideal é → Compressão pneumática intermitente de membros inferiores (classe I, nível de evidência B) ▪ Nas UTI’s tem-se aparelhos que realizam compressão dos membros inferiores e superiores para evitar que o paciente forme trombos • Heparina profilática parece ser segura após 48h do evento (estabilidade do hematoma) → assim, inicia-se 48h após o sangramento • Hemorragia intraparenquimatosa (HIP) com TVP ou TEP → filtro de veia cava (Classe IIb, nível de evidência C) ▪ Ex: Paciente com sangramento na cabeça e trombose de membro inferior Evolução do Coágulo - Ele vai retraindo/diminuindo e no final passa a ser apenas uma fenda residual 15 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Gizelle Felinto TRATAMENTO CIRÚRGICO ➢ Tem indicações muito divergentes, pois é necessário “mexer” dentro do cérebro, podendo causar lesões. Assim, para realizar a cirurgia é necessário ter certeza de que o paciente irá se beneficiar da cirurgia ➢ Atua-se sobre a mortalidade ➢ A cirurgia serve para tratar a Hipertensão intracraniana ➢ Exemplo → em paciente com Glasgow muito baixo, que tem um grande AVC que chega até a superfície do cérebro, é necessário evacuar esse AVC hemorrágico ➢ Na maioria dos pacientes o tratamento é clínico, sendo encaminhado a cirurgia se tiver deterioração neurológico ➢ Situação em que a cirurgia é indicada desde o início (antes mesmo do tratamento clínico): • Hemorragia cerebelar > 3 cm com deterioração neurológica, sinais de herniação, compressão do tronco ou hidrocefalia → realizar a CRANIECTOMIA DESCROMPRESSIVA DE FOSSA POSTERIOR E DRENAGEM DO HEMATOMA (Classe I, nível de evidência B) ➢ Corticectomia (retirada cirúrgica de uma determinada região do cérebro) → faz-se esse procedimento, escolhendo-se um local pequeno para adentrar no cérebro e conseguir alcançar o hematoma • Não realizar esse procedimento em áreas eloquentes, caso contrário o paciente ficará com déficit permanente → como a área motora, a área da fala... PREVENÇÃO DO AVC HEMORRÁGICO ➢ Tratar Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) → é a melhor maneira de reduzir o risco de Hemorragia intraparenquimatosa (Classe I, nível de Evidência A) ➢ Interrupção de Tabagismo, Etilismo e Cocaína → pois são fatores de risco, assim, sua interrupção previne a recorrência da hemorragia intraparenquimatosa (Classe I, nível de evidência B) Exemplos de grandes AVC’s com indicação de tratamento cirúrgico
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