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1 SÍNDROME DE SJOGREN (SS) Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ DEFINIÇÃO → é uma doença autoimune crônica, caracterizada por infiltração linfocítica das glândulas exócrinas, especialmente as salivares e lacrimais ➢ Trata-se de uma Exocrinopatia Autoimune ➢ O achado mais característico da doença é a “síndrome seca”, que resulta da destruição glandular progressiva e menor produção de saliva e lágrimas ➢ Manifestações mais comum → Xeroftalmia (olhos secos) e Xerostomia (boca seca) ➢ Essa síndrome poder ser imitada/simulada por uma série de outras condições, como: • HIV • Hepatite C • Sarcoidose • Pelo uso de medicamentos que exercem algum efeito anticolinérgico (Ex: anti-histamínicos e antidepressivos) → é o mais comum ➢ A síndrome de Sjogren é a única doença do tecido conjuntivo em que o principal sítio de acometimento (glândulas exócrinas) é facilmente acessível à biópsia ➢ É uma condição benigna, mas pode predispor ao desenvolvimento de Linfoma ➢ Síndrome de Mikulicz (geralmente, é associada a causas secundárias) → corresponde ao aumento bilateral das glândulas parótidas, submaxilares, sublinguais e lacrimais ➢ A síndrome de Sjogren pode ser: • Primária → quando ocorre isoladamente ▪ É a que apresenta maior probabilidade de acometimento extraglandular • Secundária → quando associada a outras doenças autoimunes (principalmente a Artrite Reumatóide - AR) ▪ A forma secundária é encontrada em: ✓ 30 – 50% dos pacientes com AR ✓ 10 – 25% dos pacientes com LES ✓ 1% dos pacientes com Esclerose Sistêmica ➢ Ainda, a Síndrome de Sjogren também pode ser dividida em: • Forma Glandular → manifestações se limitam apenas às glândulas exócrinas • Forma Extraglandular → quando também há acometimento de outros sítios EPIDEMIOLOGIA ➢ Prevalência: • É extremamente variável devido a (ao): ▪ Amplo espectro clínico ▪ Inespecificidade dos sinais e sintomas ▪ Diversidade dos critérios diagnósticos • Sjogren primária → 0,5 – 1% da população em geral • É mais comum em mulheres do que em homens (proporção de 14:1 até 24:1) • 50% dos casos de Sjogren são primários ➢ Incidência: • A incidência aumenta com a idade • É rara em crianças → as crianças, às vezes, não apresentam todo o espectro clínico da doença (Xeroftalmia e Xerostomia). Assim, não se tem critérios classificatórios para Sjogren em crianças. Dessa forma, muitas vezes, isso dificulta o diagnóstico • Principalmente entre os 40 – 50 anos de idade • Mas pode acometer qualquer idade ➢ É a 2ª doença reumatológica mais comum, ficando atrás apenas da Artrite Reumatóide ETIOPATOGENIA ➢ Associação com Antígenos Leucocitários Humanos (HLA): • HLA-B8 • HLA-DR3 • DRW52 • Também tem relação com os loci de: ▪ HLA-DQA1 ▪ HLA-DQB1 ➢ Fatores Ambientais → são gatilhos em indivíduos geneticamente suscetíveis: • Citomegalovírus (CMV) • Epstein-Barr Vírus (EBV) • HTLV-1 ➢ Influências Hormonais → não se tem uma correlação tão bem determinada como no LES, mas estudos mostraram que cada 3 anos de Terapia de Reposição Hormonal (TRH) aumenta em 15% o risco de Xeroftalmia FISIOPATOLOGIA ➢ Os 2 principais mecanismos de destruição tecidual na Síndrome de Sjogren são: 1. Infiltração Linfocitária (Glândulas exócrinas com síndrome seca): ▪ Ocorre uma Infiltração Linfocitária, pois a síndrome de Sjogren é uma exocrinopatia autoimune. Assim, observa-se uma infiltração, nas glândulas exócrinas, de Linfócitos T auxiliares CD4+ ativadas e de Plasmócitos (Linfócitos B com produção de imunoglobulinas). Essa infiltração leva à Fibrose da Glândula, fazendo com que essa glândula fibrótica tenha dificuldade de produzir suas secreções. Além disso, existem alterações funcionais das células epiteliais, sendo rara a apoptose celular. Também ocorrem alterações na dinâmica da concentração do cálcio e déficits da estimulação neuroendócrina ▪ Nas glândulas exócrinas, ocorre uma grande infiltração de células mononucleares, que geralmente resulta em fibrose. Consequentemente, há comprometimento do tecido normal e obstrução ductal, que determinarão o quadro clínico principal da doença, que é a síndrome seca. A presença de citocinas nas glândulas inflamadas inibe também a produção das secreções exócrinas nas regiões das glândulas não lesionadas pelo processo infiltrativo, contribuindo na gênese da síndrome seca 2 SÍNDROME DE SJOGREN (SS) Gizelle Felinto 2. Deposição de Imunocomplexos (Vasculite e Glomerulonefrite): ▪ A deposição de imunocomplexos nos diversos órgãos e tecidos pode causar quadros de Vasculite e Glomerulonefrite MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ É uma doença sistêmica → assim, apresenta sintomas constitucionais, como: ✓ Febre baixa ✓ Fadiga ✓ Poliadenopatia → devido a linfoproliferação ➢ Na maioria dos pacientes a Síndrome de Sjogren segue um curso lento e benigno ➢ Esses pacientes tem uma maior associação com Malignidades Hematológicas, especialmente os Linfomas → assim, dos pacientes reumatológicos que evoluem com linfoma, a maioria tem Síndrome de Sjogren ➢ Manifestações extraglandulares → Os sintomas extraglandulares costumam ser mais comuns na síndrome de Sjogren primária ➢ Manifestações mais comuns → MANIFESTAÇÕES GLANDULARES: • Diagnósticos diferenciais dos principais sintomas encontrados na Síndrome de Sjogren: • Ceratoconjuntivite seca → sensação de “areia nos olhos” ▪ Os pacientes também podem apresentar: ✓ Fotofobia ✓ Diminuição do lacrimejamento ✓ Vermelhidão e Prurido ocular ✓ Acúmulo de secreções espessas nos ângulos mediais ✓ Redução da acuidade visual ▪ O ressecamento das córneas pode ser grave, a ponto de provocar lesões ulcerativas (essa situação é complicada pela blefarite estafilocócica em 2/3 dos casos) • Xerostomia → boca seca ▪ A mucosa oral pode apresentar atrofia, com fissuras inflamatórias e ulcerações, sendo frequentes: ✓ Halitose ✓ Mudança no sabor dos alimentos ✓ Sensação de queimação ✓ Ocorrência de cáries ▪ Pode haver dor na ingestão de alimentos apimentados ou salgados ➢ TRATO GASTROINTESTINAL: • Contribuem para a disfagia da Síndrome de Sjogren (principalmente a alimentos sólidos e secos): ▪ Ausência de saliva ▪ Infiltração da mucosa esofagiana ▪ Alteração da motilidade • Alterações em outras glândulas gastrointestinais podem causar: ▪ Acloridria → Gastrite atrófica crônica com infiltrados linfocitários ▪ Diminuição leve da secreção pancreática → com eventual associação com pancreatite autoimune ▪ Alterações do ritmo intestinal • Boca → o acometimento da cavidade oral é manifestado por meio da ausência de saliva (Xerostomia) ▪ Doença Periodontal (Cáries) ▪ Candidíase/Monilíase oral ▪ Língua saburrosa • Glândulas Salivares: ▪ Aumento das glândulas salivares → ocorre em 2/3 dos pacientes com Síndrome de Sjogren primária, sendo mais rara na forma secundária da doença ▪ Parótidas: ✓ Apresentam aumento de volume difuso, indolor e de consistência firme em 50% dos pacientes → ocorre devido à infiltração celular com obstrução ductal ✓ Existe a fibrose das glândulas, mas as áreas que não foram fibrosadas hipertrofiam, na tentativa de compensar a produção da saliva. Por isso que ocorre o aumento volumétrico das glândulas parótidas ✓ Característica nodular ou parótida endurecida → pesquisar por neoplasia ▪ Testes para avaliar alterações nas glândulas salivares → Sialografia e Cintilografia Língua Saburrosa Doença Periodontal Aumento Volumétrico das Parótidas 3 SÍNDROME DE SJOGREN (SS) Gizelle Felinto • Fígado: ▪ 30% dos pacientes apresentam Hepatomegalia, aumento da fosfatase alcalina e anticorpos monoclonais → a síndrome de Sjogren, complica cerca de 75% dos casos de cirrose biliar primária ▪ Como uma doença autoimune aumenta o risco de seter outras doenças autoimunes, os pacientes com Sjogren tem risco aumentado de: ✓ Cirrose biliar primária ✓ Hepatite autoimune ➢ MANIFESTAÇÕES OCULARES: • Ceratoconjuntivite Seca → é o principal acometimento ▪ Em decorrência de uma diminuição da produção lacrimal ▪ Pode evoluir com a formação de úlceras na córnea e perda da visão (Amaurose) ➢ MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS: • Vasculite: ▪ Em geral, as síndromes de vasculite na Sjogren são mais episódicas do que crônicas ▪ Ocorre pela deposição de imunocomplexos (com padrão leucocitário) ▪ Se manifesta por: ✓ Púrpuras cutâneas ✓ Ulcerações ✓ Urticária recorrente ✓ Glomerulonefrite ✓ Mononeurite múltipla ▪ Na maioria das vezes, se manifesta apenas sob forma de alterações cutâneas ▪ Alguns pacientes podem apresentar vasculite sistêmica grave ▪ Pode ocorrer tromboangiíte obliterante, principalmente em pacientes com fenômeno de Raynaud preexistente ▪ Pacientes com vasculite geralmente apresentam anticorpos anti-Ro e anti-La ou Fator Reumatóide positivo ➢ MANIFESTAÇÕES NO TRATO RESPIRATÓRIO • O envolvimento das glândulas da mucosa respiratória é observado com menos frequência, mas quando ocorre produz diminuição das secreções, com ressecamento do trato respiratório, causando: ▪ Rinite ▪ Sinusite ▪ Tosse seca irritativa ▪ Rouquidão ▪ Bronquite recorrente • Vias Aéreas Superiores: ▪ Ressecamento nasal ▪ Tosse crônica ▪ Déficit auditivo neurossensorial • Acometimento Pulmonar: ▪ Geralmente apresenta padrão intersticial, sendo representado pela Doença Pulmonar Intersticial (DPI), característica da Sjogren primária. Geralmente, os pacientes apresentam- se com: ✓ Crepitantes em ambas as bases pulmonares que precedem queixas de tosse e cansaço aos esforços ▪ Bronquiectasias → brônquios dilatados • Deve-se suspeitar sempre de pseudolinfoma quando são encontrados nódulos pulmonares ou hilares nos pacientes com síndrome de Sjogren ➢ MANIFESTAÇÕES RENAIS E DE VIAS URINÁRIAS: • Nefrite Intersticial Linfocítica (forma mais comum): ▪ Caracteriza-se por infiltração linfocitária do interstício renal, frequentemente associada a fibrose Pele Xerotica Lesões Anulares Policíclicas - Associadas ao Anticorpo anti-Ro Lesão Urticariforme - Placas eritematomaculares - Podem ser pruriginosas Púrpura Palpável 4 SÍNDROME DE SJOGREN (SS) Gizelle Felinto ▪ Os túbulos renais se atrofiam e também podem estar infiltrados → assim, os defeitos da função tubular podem estar presentes, como: ✓ Hipostenúria ✓ Acidose tubular renal distal ✓ Síndrome de Fanconi • Glomerulonefrite por Imunocomplexos: ▪ É mais rara ▪ Geralmente, é observada dentro de um contexto de Vasculite Sistêmica ▪ Quando se suspeita de Glomerulonefrite por imunocomplexos, deve-se suspeitar também de LES associado • Diabetes Insipidus nefrogênico → também pode ocorrer • Cistite Intersticial • Acidose Tubular Renal ➢ MANIFESTAÇÕES DO APARELHO OSTEOLOCOMOTOR: • A maioria dos pacientes apresentam episódio de Artrite Simétrica não Erosiva (dor, edema e calor) em algum momento de evolução da doença • A manifestação mais comum é a Artralgia • Em alguns casos, a artrite pode preceder a Síndrome seca • Eventualmente, há o desenvolvimento da Artrite de Jaccoud • Mialgias difusas ➢ MANIFESTAÇÕES CARDIOVASCULARES: • Distúrbios autonômicos • Fenômeno de Raynaud → é a mais frequente manifestação cutânea (35% dos pacientes com Sjogren primária) ▪ Frequentemente precede os sintomas da síndrome seca por vários anos • Linfadenomegalias • Derrame pericárdico ➢ MANIFESTAÇÕES TIREOIDIANAS: • Aumenta o risco de Tireoidite Autoimune ▪ A síndrome de Sjogren é comumente acompanhada da doença autoimune da tireoide, semelhante à Tireoidite de Hashimoto ▪ Alguns pacientes podem necessitar de reposição de hormônios tireoidianos ➢ MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS: • Neuropatias Periféricas Sensitivo-Motoras → resultam da vasculite dos “vasa nervorum” • Polineuropatia • Mononeurite Múltipla • Mielopatia • Acometimento de Nervos cranianos → Trigêmeo (V), Facial (VII) e Vestibulococlear (VIII) • Lesões da Substância Branca → é mais raro o acometimento do SNC • Pode haver acometimento do SNC com doença multifocal, recorrente e progressiva (“esclerose múltipla like”) ➢ MANIFESTAÇÕES LINFOPROLIFERATIVAS: • Pacientes com síndrome de Sjogren têm um risco 40 vezes maior de desenvolverem linfoma, quando comparados à população normal, geralmente em estágios mais tardios da doença • Cerca de 10% dos pacientes desenvolvem o Pseudolinfoma → é um processo linfoproliferativo, mas com evolução benigna, que costuma se manifestar por linfadenopatia generalizada, esplenomegalia, aumento de volume das parótidas e nódulos pulmonares. Ademais, 10% dos pacientes com síndrome de Sjogren e pseudolinfoma acabam desenvolvendo um linfoma linfocitário não Hodgkin • A variedade mais comum do Linfoma Não Hodgkin na Sjogren é o linfoma MALT, agora chamado de linfoma extranodal de células B da zona marginal. Além disso, os sítios mais comuns de desenvolvimento dessa neoplasia são as glândulas salivares e lacrimais e os linfonodos cervicais • Achados clínicos que sugerem um maior risco de linfoma (assim como também sugerem maior risco de Glomerulonefrite por imunocomplexos): ▪ Aumento persistente das parótidas ▪ Vasculite cutânea ▪ Presença de Crioglobulinemia ▪ Leucopenia ▪ Consumo de Complemento (C4) DIAGNÓSTICO ➢ Para se pensar na possibilidade de uma Síndrome de Sjogren, é necessário mensurar se de fato há um Xeroftalmia e uma Xerostomia. Para isso, lança-se mão de alguns testes, como: • Teste de Schirmer: ▪ Consiste em se colocar um papel filtro na pálpebra inferior do paciente, deixando-o nesse local por 5 minutos, e ao final desse tempo pega-se uma régua 5 SÍNDROME DE SJOGREN (SS) Gizelle Felinto milimetrada e vê-se quantos milímetros de lágrima escorreram pelo papel filtro ▪ Síndrome de Sjogren → < 5mm (pouca produção de lágrima) • Teste de Rosa Bengala: ▪ Esse teste utiliza o corante rosa bengala que tem propriedade de aderir às áreas desnudas do epitélio da córnea. Ou seja, o ressecamento do globo ocular faz com que o atrito do ato de piscar promova o desgaste/desepitelização da córnea ▪ Caso essa lesão aumente em tamanho, o indivíduo pode perder a visão por uma úlcera de córnea, podendo necessitar de um transplante de córnea • Teste da Lissamina Fluoresceína: ▪ Coloca-se o corante lissamina fluoresceína nos olhos do paciente e ele capta nas áreas desnudas do epitélio da córnea ▪ Tem o escore que gradua o grau de desapitelização da córnea: ✓ 0 → sem captação ✓ 1 ✓ 2 ✓ 3 ✓ 4 → toda a córnea é corada CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS – ACR/EULAR 2016 ➢ Síndrome de Sjogren → deve preencher os critérios de inclusão e de exclusão (não apresentar nenhuma outra patologia que cause sintomas parecidos com os de Síndrome de Sjogren) ➢ CRITÉRIOS DE INCLUSÃO (com pelo menos 1 dos seguintes ele preenche os critérios de inclusão): 1. Sensação diária e persistente de olho seco ≥ 3 meses 2. Sensação recorrente de corpo estranho ocular (necessidade de ficar piscando várias vezes ao dia) 3. Uso de lágrimas artificiais ≥ 3 vezes por dia 4. Sensação diária de boca seca ≥ 3 meses 5. Utiliza líquidos para auxiliar na deglutição de alimentos secos ➢ CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO (Diagnóstico prévio de alguma dessas patologias = não se trata de Sjogren): 1. História de tratamento radioterápico em cabeça e pescoço ▪ Radioterapia pode causar fibrose das glândulas salivares e lacrimais 2. Hepatite C em atividade 3. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida 4. Amiloidose 5. Sarcoidose 6. Doença do Enxerto vs Hospedeiro 7. Doença relacionadaà IgG4 Após realizar os critérios de inclusão (apresenta pelo menos 1 das 5) e de exclusão (não apresenta nenhuma das 7), aplica-se os critérios classificatórios ➢ CRITÉRIOS CLASSIFICATÓRIOS: Diagnóstico Estabelecido ≥ 4 pontos • Teste de vazão de saliva total não estimulada → é um teste simples, no qual pede-se para que o paciente cuspa em um pote milimetrado e faz-se o cálculo de quantas mL ele conseguiu, para mensurar a produção de saliva • Biópsia de glândula salivar → é um procedimento invasivo e nem sempre é disponível. Às vezes a biópsia pode ser inconclusiva em pacientes com clínica muito sugestiva de Sjogren ➢ Outros exames que podem ser utilizados para mensurar a produção de saliva, mas que não se encaixam nesses critérios de 2016: • Ultrassonografia das Paróticas → se essa USG não mostrar cálculos nos ductos das parótidas e mostrar áreas de edema difuso ou de fibrose das glândulas seria sugestivo de Síndrome de Sjogren • Cintilografia de glândulas salivares → nesse exame, dá-se contraste para o paciente. Esse contraste é excretado na saliva e consegue-se mensurar: no paciente que produz pouca saliva, haverá menor excreção de contraste DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➢ XEROFTALMIA: • Deficiência de Mucina: ▪ Hipovitaminose A ▪ Penfigóide ocular ▪ Queimadura química ▪ Síndrome de Stevens-Johnson • Anormalidades dos Lipídeos Oculares: 6 SÍNDROME DE SJOGREN (SS) Gizelle Felinto ▪ Blefarite • Epiteliopatia Corneal: ▪ Disfunção do nervo Trigêmeo (V) ▪ Uso de lentes de contato • Função Palpebral Prejudicada ➢ XEROSTOMIA • Drogas: ▪ Antidepressivos ▪ Antihistaminicos ▪ Anticolinégicos ▪ Diuréticos ▪ Neurolépticos ▪ Relaxantes musculares de ação central (Ciclobenzaprina) • Psicogênica: ▪ Ansiedade • Doenças Sistêmicas: ▪ Amiloidose ▪ Sarcoidose ▪ HIV ▪ Diabetes Mellitus Descompensado • Desidratação ➢ AUMENTO DAS GLÂNDULAS SALIVARES: • Usualmente Unilateral: ▪ Infecções bacterianas → Ex: Parotidite infecciosa ▪ Sialoadenite crônica ▪ Obstrução por cálculos ▪ Neoplasia primária da glândula • Usualmente Bilateral: ▪ Infecção viral (Citomegalovírus, Epstein-Barr, Coxsackie A) ▪ Amiloidose ▪ Doenças granulomatosas infecciosas ou não (Tuberculose, Sarcoidose) ▪ HIV ▪ Hiperlipidemia ▪ Cirrose e Alcoolismo ▪ Acromegalia ▪ Anorexia TRATAMENTO ➢ O tratamento do Sjogren é de acordo com a manifestação que está predominando no momento ➢ Não há terapia específica comprovadamente capaz de mudar o curso da doença, logo, o tratamento da síndrome de Sjogren deve ser dirigido para o alívio sintomático do ressecamento das mucosas ➢ Medidas gerais: ▪ Ingerir mais água ▪ Ter maiores cuidados com a higiene bucal ➢ TRATAMENTO DO OLHO SECO: • Uso de lágrimas artificiais → para lubrificação dos olhos • Colírios à base de ciclosporina → é um imunossupressor que aumenta a secreção das glândulas • Medicamentos colinérgicos por via oral que estimulam a secreção lacrimal → como: CEVIMELINA PILOCARPINA • Evitar anticolinérgicos, anti-histamínicos e diuréticos → pois pioram o quadro • Pacientes podem se submeter a cirurgias → como Oclusão de pontos lacrimais com implantes (plugs de silicone) ou Oclusão térmica (cauteriza-se o ducto nasolacrimal, fazendo com que a lágrima não escorra por esse ducto e fique mais tempo nos olhos) ➢ BOCA SECA: • Medicamentos colinérgicos: CEVIMELINA PILOCARPINA • Uso de umidificadores, cremes hidratantes ou vaselina nos lábios • Saliva artificial → para aqueles pacientes que tem dificuldade de deglutir alimentos secos ➢ FADIGA: • HIDROXICLOROQUINA (HCQ) • Sempre que houver fadiga deve-se considerar concomitância do Sjogren com Hipotireoidismo, Fibromialgia, Linfoma ou Depressão ➢ SINTOMAS MUSCULOESQUELÉTICOS: • Analgésicos simples/comuns → para Artralgias • Para Artrite: Ciclo curto de Corticosteroides (corticoide em dose baixa durante um curto período de tempo) HIDROXICLOROQUINA (HCQ) METOTREXATO ➢ OUTRAS MANIFESTAÇÕES AXTRAGLANDULARES → quando mais importante o órgão acometido, mais intenso será o tratamento CORTICOSTERÓIDES CICLOFOSFAMIDA → Ex: para Doença Pulmonar Intersticial AZATIOPRINA MICOFENOLATO DE MOFETILA → Ex: para Doença Pulmonar Intersticial IMUNOGLOBULINA RITUXIMABE → Ex: linfoma e manifestação renal decorrente do Sjogren (O rituximabe trata o linfoma e a manifestação do Sjogren) COMPLICAÇÕES ➢ ASSOCIAÇÃO DO SJOGREN COM NEOPLASIAS: • Incidência de linfoma em pessoas com Síndrome de Sjogren → aproximadamente 5% ▪ Pessoas com Sjogren tem 40 vezes mais risco de desenvolver Linfoma do que a população geral ▪ É preciso ensinar o paciente a reconhecer sinais de alarme e os linfonodos suspeitos → paciente começa a evoluir com: ✓ Fadiga ✓ Febre vespertina ✓ Sudorese noturna 7 SÍNDROME DE SJOGREN (SS) Gizelle Felinto ✓ Perda de peso ✓ Linfonodo aderido a planos profundos, dolorido a aumenta de tamanho → investigar com a biópsia incisional • Normalmente essa transformação maligna requer alguns anos após o diagnóstico → geralmente após 5 – 7 anos de doença • Fatores de risco para o desenvolvimento de Linfoma em pacientes com Sjogren: ▪ Presença de vasculite cutânea (60% dos pacientes com Sjogren que desenvolvem linfoma tem histórico de vasculite cutânea) ▪ Neuropatia periférica (48%) ▪ Fator Reumatóide positivo (96%) ▪ Crioglobulinemia tipo II (80%) ▪ Anti-Ro e Anti-La positivos • Principais tipos de linfomas em pacientes com Síndrome de Sjogren: ▪ Linfoma MALT (50% dos casos) ▪ Linfoma Difuso de Células B ▪ Linfoma Folicular
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