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Síndrome do Ovário Policístico: Diagnóstico e Características

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Anne Marques – 5º semestre de Medicina na Universidade Salvador 
 
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• Alta prevalência (8% a 13%) em mulheres no 
período da menacme (idade fértil); 
• Complexidade nas características reprodutivas, 
metabólicas e psicológicas; 
• Inconsistência no diagnóstico e no tratamento 
de SOP; 
• Diretrizes limitadas e ultrapassadas; 
• Insatisfação das mulheres com seu cuidado; 
• Evitar as consequências negativas na qualidade 
de vida. 
• Caracteriza-se, clinicamente, por disfunção 
ovulatória e hiperandrogenismo que pode ser 
clínico (hirsutismo, seborreia, acne, alopecia) 
e/ou laboratorial; 
• Disfunção menstrual em aproximadamente 75% 
dos casos; 
• Níveis elevados de androgênios em 60 a 80% dos 
casos. 
 
• Ainda não é totalmente conhecida; 
• Está relacionada a fatores genéticos e a fatores 
de risco, como: 
 Baixo peso ao nascer; 
 Pubarca precoce: aparecimento dos pelos 
pubianos com ou sem os pelos axilares antes 
dos 8 anos sem o aparecimento da telarca; 
 Puberdade precoce central idiopática: sinais 
de puberdade precoce, como telarca, 
surgimento dos pelos e menarca; 
Critérios diagnósticos: 
 
• Critérios de Rotterdam: o diagnóstico é fechado 
com pelo menos dois dos seguintes critérios; 
 Ciclos espaniomenorréicos (ciclos alongados 
em torno de 60 a 90 dias) ou amenorreia 
(anovulação crônica); 
 Sinais clínicos ou bioquímicos de 
hiperandrogenismo; 
 Ovários policísticos na ultrassonografia. 
• Fenótipos: 
 Anovulação crônica + hiperandrogenismo 
clínico e/ou laboratorial; 
 Hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial + 
Imagens de ovários policísticos 
 Anovulação crônica + Imagens de ovários 
policísticos 
 Anovulação crônica + hiperandrogenismo 
clínico e/ou laboratorial + Imagens de 
ovários policísticos: fenótipo clássico. 
Diagnóstico clínico: 
• Anamnese: 
 Alteração menstrual; 
 Hiperandrogenismo cutâneo: presença de 
hirsutismo, acne; 
 História de infertilidade. 
• Exame físico: 
 Avaliação do hirsutismo: através do Índice 
de Ferriman-Gallwey, o qual avalia por meio 
de uma pontuação as áreas que as mulheres 
não deveriam apresentar pelos. O 
hirsutismo é considerado quando a 
pontuação é > 6 e em mulheres caucasianas 
a partir de 4. 
 
 Acantose nigricans: resistência insulínica; 
 Obesidade troncular; 
 Estrias. 
• Exame ginecológico: pilificação andróide 
(quadrangular). 
• Definição de irregularidade menstrual: 
 Normal :primeiro ano após a menarca; 
 Anormal: primeiro ao terceiro ano - ciclos < 
21 ou > 45 dias; 
 Anormal: > terceiro ano após menarca até a 
perimenopausa - ciclos menores < 21 ou > 
35 dias ou < 8 ciclos por ano; 
 Anormal: primeiro ano pós menarca - > 90 
dias pelo menos um ciclo; 
 Amenorreia primária após os 15 anos ou por 
mais de três anos após a telarca 
• Estabelecido a irregularidade menstrual, o 
diagnóstico de SOP pode ser considerado 
Hiperandrogenismo laboratorial: 
• Cálculo, índice ou biodisponibilidade da 
testosterona livre; 
• Dosagem de testosterona por espectrometria 
de massa, extração ou cromatografia; 
• Androstenediona e/ou sulfato de 
deidroepiandrosterona – só são solicitados 
quando a dosagem da testosterona livre for 
duvidosa; 
• Não dosar diretamente a testosterona livre; 
• Dosagem hormonal quando o hirsutismo não é 
bem definido; 
• Não dosar em uso de contraceptivo; 
• Cuidados com altos níveis ou história sugestiva 
de neoplasia produtora de androgênios. 
Hiperandrogenismo clínico: 
• Sinais: acne, alopecia e hirsutismo; 
• Adolescência: quadro intenso de acne e 
hirsutismo; 
• Índice de Ferriman-Gallwey: 4 a 6 (depende da 
etnicidade); 
• Escala visual de Ludwig para alopecia; 
 
 
 
• Acne não há uma definição clara; 
• Hirsutismo: o pelo considerado possui terminal 
com comprimento maior que 0,5cm e 
pigmentado (pelo grosso), podendo variar a 
forma e a textura. 
Diagnóstico laboratorial: 
• Determinações hormonais: 
 Prolactina: caso esteja alterada, podemos 
suspeitar de adenoma hipofisário; 
 Alteração da tireoide (TSH e T4 livre): 
pacientes com hipotireoidismo possuem 
irregularidades menstruais; 
 Perfil androgênico (testosterona); 
 Deficiência enzimática da suprarrenal (17 Oh 
progesterona e teste estímulo com ACTH); 
 Síndrome de Cushing (cortisol basal); 
• Obs.: o hormônio Antimulleriano não é ainda 
critério de diagnóstico. 
Síndrome metabólica: 
• As pacientes com SOP tem uma tendência a 
desenvolver uma síndrome metabólica. Dessa 
forma, é necessário investigar essa síndrome 
através dos seguintes fatores de risco: 
 Obesidade abdominal (circunferência > 
80cm); 
 Triglicérides (> ou = 150mg/dl); 
 3-HDL (< 50mg/dl); 
 4-Pressão arterial > ou = 130x85mmhg; 
 5-Glicemia de jejum > ou = a 100 mg/dl. 
Resistência insulínica: 
• Pacientes com SOP também tem uma tendencia 
a desenvolver resistência à insulina; 
 Insulina = 1/3 glicose; 
 Relação Glicose/insulina < ou = 4,5; 
 Quicki < 0,33 
 HOMA-IR > 2,7 
 Sobrecarga glicêmica 
• Distúrbio dos carboidratos: 
 SOP é um fator de risco para diabetes 
mellitus e gestacional; 
 Avaliação anual se houver outros riscos para 
diabetes mellitus; 
 Curva glicêmica, glicemia de jejum e 
hemoglobina glicada; 
 Teste de tolerância a glicose com 75g deve 
ser oferecido a gestante antes de 20 sem 
gestacionais e repetido entre 24 e 28 sem. 
 Obs.: Apneia do sono: avaliar quando houver 
roncos, fadiga durante dia, sonolência diurna 
Risco cardiovascular: 
• Todas as mulheres com SOP devem ser 
avaliadas (fator de risco independente para 
doença cardiovascular); 
• Pressão arterial, IMC e circunferência 
abdominal em cada visita anual nas mulheres de 
alto risco; 
• Alto risco: obesidade, tabagismo, dislipidemia, 
hipertensão arterial sistêmica, intolerância a 
glicose e sedentarismo; 
• D- Perfil lipídico: sobrepeso e obesas. 
Métodos de imagem: 
• Ultrassonografia: 
 Não deve ser medida de diagnóstico em 
mulheres antes de oito anos da menarca; 
 Preferencial a transvaginal; 
 Sondas de 8 MHz: 20 folículos (< 1 cm) e/ou 
volume acima de 10ml, sem corpo lúteo, 
cistos ou folículo dominante 
 Tecnologia antiga: apenas o volume deve ser 
considerado; 
 Empregar apenas para avaliar o fenótipo 
nos casos de anovulação com 
hiperandrogenismo 
 
• Adolescentes com irregularidade menstrual: 
discutir o momento apropriado (oportuno); 
• Imaturidade do eixo HHG (80%-2 anos após a 
menarca); 
• Uso de ACO pelas adolescentes precoces; 
• Estabelecida a irregularidade menstrual o 
diagnóstico de SOP pode ser considerado.; 
• Direcionado para a queixa; 
Tratamento direcionado para a queixa: 
• Anticoncepção + irregularidade menstrual; 
• Irregularidade menstrual sem desejo de 
contracepção; 
• Tratamento do hiperandrogenismo; 
• Prevenção de lesões proliferativas; 
• Tratamento da infertilidade. 
Intervenção do estilo de vida: 
• 5-10% da perda de peso: pode melhorar a 
função menstrual; 
• Reeducação alimentar, restrição de 
carboidratos; 
• Exercício físico regular; 
• Programa de intervenção psicológica e 
psiquiátrica. 
Contraceptivos orais combinados (ACO): 
• ACO com baixa dose de etinil estradiol (risco de 
TVP); 
• Progestogênios isolados; 
• Atenção especial com índice massa corpórea, 
dislipidemia e HÁ; 
Irregularidade menstrual + contracepção + 
hiperandrogenismo: 
• Anticoncepcional oral combinado (ACO); 
• ACO de terceira geração que contenham 
progesterona com ação neutra (desogestrel ou 
norgestimato) ou atividade antiandrogênica 
(drospirenona e clormatidona); 
• Progesteronas que possuem mais efeito nas 
acnes (melhor atividade antiandrogênica): 
Ciproterona > drospirenona > clormatidona > 
desogestrel > norgestimato > levonorgestrel; 
Irregularidade menstrual + proteção endometrial: 
• Hiperplasia de endométrio e câncer: risco 
relativo é 2 a 6 vezes maior do que a população 
geral; 
•Ultrassonografia e avaliação histopatológica de 
endométrio são recomendados quando há 
fatores de risco associados, como amenorreia 
prolongada, sangramento uterino excessivo e/ou 
aumento excessivo do peso; 
• Ciclos com frequência maior que 90 dias, 
recomenda-se progestagênio isolado ou 
combinação estrogênio e progesterona. 
Irregularidade menstrual + proteção endometrial: 
• Progestagênio isolado: mensal ou a cada 60-90 
dias; 
• Dihidrogesterona (duphaston) 20mg/dia (10-14 
dias mês); 
• Acetato de medroxiprogesterona (AMP) 
10mg/dia (10-14 dias mês) - Provera; 
• Mirena. 
SOP e desejo de engravidar: 
• Avaliação tubárea (HSG) e parâmetros seminais 
(espermograma); 
• Excluir gestação antes do início da indução; 
• Indução da ovulação: 
 Letrozole 2,5mg-7,5mg dia (Femara) usado 
do 3º ao 7º dia do ciclo (efeitos 
gastrointestinais e custo); 
 Citrato de clomifeno 5—150 mg dia (clomid, 
serofene, indux) - taxa de ovulação de 60-
85%; 
 Associação com metformina; 
 3º ao 7º dia do ciclo. 
 
Hirsutismo: 
Pode ser de três formas: 
• Farmacológico; 
• Cosmético; 
• Mudança do estilo de vida. 
Objetivos: 
• Atenuar o hirsutismo / melhorar a autoestima; 
• Prevenir e ou tratar alterações metabólicas 
associadas; 
• Tratar a causa de base quando possível. 
Tratamento farmacológico: 
• Supressão da produção androgênica; 
• Bloqueio do receptor androgênico; 
• Supressão da enzima 5 alfa redutase: essa 
enzima transforma a testosterona em di-
hidrotestosterona, a qual tem uma atividade 
mais potente. Sendo assim, ao suprimir a 
enzima, suprimimos também a atividade 
potente da testosterona; 
 Minimizar ação androgênica no folículo 
pilossebáceo; 
Supressão da produção androgênica no 
hiperandrogenismo mais leve: 
• CHO: primeira opção (terapia inicial); 
• ↓ LH e FSH → ↓ ANDROGÊNIOS E ↑ SHBG; 
• Melhora evidente quando comparado ao placebo; 
• CHO: a-progestágenos neutros b-
progestágenos com ação antiandrogênica: 
ciproterona, drospirenona, desogestrel e 
gestodeno; 
• OBS.: Dose de EE e tipo de P não influenciam o 
declínio da T total e livre. 
Antiandrogênios no hiperandrogenismo 
moderado/severo: 
• Deve ser associado aos CHO no hirsutismo 
moderado/severo; 
• No hirsutismo leve, após 6 meses a 1 ano, na 
ausência de resposta satisfatória ao CHO isolado; 
• Primeira opção quando há contraindicação aos 
CHO, com contracepção adequada. 
• CPA 50-100 mg/dia 5-15 dia ciclo menstrual 
ou 1-15 do CHO; 
• Espironolactona (100-200mg 12/12 horas), 
Finasterida (2,5-5 mg/dia) e Flutamida (250-
500 mg/dia), a qual é muito hepatotóxica e não 
é mais prescrita; 
• Resultados comparáveis; 
• Ineficácia terapêutica em pelo menos 6 meses: 
reconsiderar fármaco e dose. 
Tratamento de exceção: hirsutismo grave em que 
não houve melhora com os CHO e antiandrogênios; 
• Análogos do GnRH; 
• Glicocorticoides: HAC-NC; 
• Prednisona (5-7,5mg/dia); 
• Dexametasona (0,25-0,5mg/dia). 
Sensibilizadores da insulina: 
 Evidências recomendam CONTRA sua utilização 
para o tratamento de hirsutismo na ausência de 
resistência insulínica. 
Tratamento cosmético do hirsutismo 
• Métodos: 
 Camuflagem; 
 Remoção temporária; 
 Remoção permanente; 
 Agentes tópicos. 
• Unidade pilo sebácea: o laser remove 
permanentemente os pelos, pois age na fase 
anágena do folículo piloso (lugar de replicação dos 
pelos – células tronco); 
 
 
 
 
 
 
 
• Epilação com laser e luz pulsada: 
 Laser: Light Amplification by The Stimulated 
Emission of Radiation); 
 Primeira escolha, mais eficiente e mais 
duradouro; 
 Coadjuvante do tratamento medicamentoso. 
 Modo de ação: Laser são absorvidos pela 
melanina → superaquecimento dos pelos 
pigmentados → destruição total ou parcial 
do folículo piloso e na papila. A melanina da 
epiderme compete com a melanina 
presente no pelo, pela absorção da luz 
diminuindo a eficácia e aumentando as 
chances de efeitos colaterais. O 
resfriamento da epiderme mostrou-se 
efetivo na minimização das lesões 
epidérmicas. 
 Resultados: remoção duradoura dos pelos 
com 3 a 6 sessões com intervalos de 1 a 3 
meses, repilação variável, alopécia total 
raramente é conseguida. Virilha e axilas com 
melhor resultado em relação ao buço e 
mento. 
• Luz pulsada: 
 Fonte de luz (não é laser): fototermólise; 
 Resultados similares ao laser. 
• Eletroepilação ou eletrolise: 
 Áreas limitadas (pouco extensas); 
 Pelos brancos; 
 Pelos tratados devem estar na fase 
anágena; 
 Raspagem dos pelos 5 dias antes da 
eletrólise; 
 Profilaxia antiviral, se necessário. 
Tratamento tópico do hirsutismo: 
• Hirsutismo Facial 
• Eflornitina (Vaniqa) + Laser: melhores 
resultados; 
Considerações finais: 
• Hirsutismo leve sem anormalidades endócrinas: 
Farmacológico ou remoção pilosa (fotoepilação 
ou eletrolise); 
• Hirsutismo acentuado: já iniciar com a associação 
do tratamento farmacológico e medidas de 
remoção pilosa; 
• Resultados demorados e variáveis 
• Alopecia total raramente é conseguida. 
• Trazer a expectativa da paciente à realidade 
 Acne e Seborreia: 
• Etiopatogenia multifatorial; 
• Ação androgênica no folículo pilossebáceo; 
• Hipersecreção sebácea; 
• Hipercornificação do ducto folicular; 
• Proliferação do P-acnes; 
• Inflamação; 
Tratamento: 
• Tópico: produtos para higiene, queratolíticos (ac 
retinóico), antibióticos (clindamicina, 
eritromicina); 
• Sistêmico: antibióticos (tetraciclina, azitromicina) 
• Isotretinoína oral; 
• Contraceptivo Hormonal Oral Combinado; 
 Progestágenos neutros (desogestrel e 
gestodeno) e progestágenos com ação 
antiandrogênica (Ciproterona e 
Drospirenona); 
 Associação com fármacos com ação 
antiandrogênica: espironolactona e 
ciproterona.

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