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EIXO HIPOTÁLAMO-HIPOFISÁRIO FISIOLOGIA II O nosso eixo hipotálamo-hipofisário envolve a liberação de hormônios que vão trabalhar para manter a homeostasia do organismo. O “start” para que os hormônios sejam liberados são provenientes do hipotálamo que recebe aferências de várias partes do SNC. A hipófise possui duas partes: uma que considera-se como parte neural - neurohipófise - e uma parte que não é considerada neural - adenohipófise- por que tem uma comunicação diferente com o hipotálamo, é via corrente sanguínea (sistema porta-hipofisário). Pré-pró-hormônios: são hormônios precursores de pró hormônios. A função da neurohipófise é apenas de armazenar os hormônios produzidos no hipotálamo para liberá-los quando chegar o estímulo. Esses hormônios são o ADH e a ocitocina, produzidos no núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo. A maior parte dos hormônios produzidos nesses núcleos já estão prontos para liberação, mas uma pequena parcela vai maturando durante o percurso pela terminação nervosa até a neurohipófise. Portanto, uma lesão na neurohipófise levará a uma queda na liberação de ADH e ocitocina, mas não irá cessar. Neurofisina: proteínas transportadoras de ocitocina e ADH. O núcleo arqueado comunica-se com a circulação porta hipofisária liberando os pré-pró-hormônios para a adenohipófise que irão encontrar células específicas para cada hormônio. Ex.: quando o TRH (pré-pró-hormônio) for liberado na adeno hipófise e tiver contato com a célula produtora de ACTH, nada vai acontecer. Mas quando houver contato com a célula produtora de TSH (pró-hormônio), ele será liberado. Quando esses hormônios chegam ao tecido alvo eles podem tanto estimular a produção de outro hormônio como já pode atuar diretamente sobre aquela glândula. O hipotálamo é responsável por regular sentimento de proteção, vínculo afetivo e segurança. Algumas das suas funções são: - controle do sistema nervoso autônomo junto com o sistema límbico - regulação da temperatura corporal (anterior -> perda de calor / posterior -> conservação de calor) - controle das emoções - regulação do sono e da vigília: a área posterior reforça a ação do sistema reticular ascendente provocando o estado de vigília. - regulação da fome (hipotálamo lateral) e saciedade (hipotálamo ventro medial) - regulação da sede - regulação da diurese - regulação da adenohipófise Hipotálamo anterior -> PARASSIMPÁTICO (aumento do peristaltismo, contração da bexiga, diminuição do ritmo cardíaco, constrição pupilar) Hipotálamo posterior -> SIMPÁTICO (diminuição do peristaltismo, aumento da pressão arterial, aumento do ritmo cardíaco, dilatação pupilar). FISIOLOGIA DA TIREÓIDE A tireóide normal não é palpável, portanto caso consiga palpar é um forte indício de uma patologia. A tireóide é uma glândula bilateral, tem dois lobos e um istmo. Anteriormente há a presença de músculos, posteriormente encontra-se as carótidas e o esôfago e superiormente a margem inferior da laringe. A irrigação arterial da tireóide é feita pelas artérias tireóideas superiores (ramos da carótida) e inferiores (ramos da subclávia). A drenagem venosa é feita por veias tireóideas superiores, médias e inferiores. A inervação é realizada pelo nervo laríngeo recorrente, gânglios simpáticos cervicais superiores, médios e inferiores e vasomotores. A partir de um corte transversal nos lóbulos da tireóide é possível encontrar células foliculares ou tireócitos, capilares, colóide (tireoglobulina), células C ou parafoliculares. ➔ Colóide (tireoglobulina): é um gel que se encontra no meio das células foliculares. É no colóide que são produzidos os hormônios tireoidianos, mas para isso é preciso que o iodeto atravesse a célula folicular. O bócio é um aumento dessa estrutura. A tirosina é uma estrutura presente no colóide que quando se liga ao iodeto, pode formar tanto o T3 quanto o T4 dependendo da quantidade de iodeto que chega até ela. ➔ Os hormônios tireoidianos são o T3 e o T4, sendo que há maior produção de T4 porque toda célula que tiver ação dos hormônios tireoidianos irá possuir uma enzima chamada desiodase que retira uma molécula de iodo. Então quando o T3 chega nessa célula ele se torna T2 pela ação da desiodase e o T2 não tem ação biológica, é apenas um metabólito. Já o T4 quando desiodado forma T3, que tem ação biológica. A única função do T4 é ser convertido em T3!!!! ➔ As desiodases podem ser de 3 tipos e encontradas em diversas partes do corpo: - Tipo 1: fígado, rins, m. esquelético e tireóide. - Tipo 2: cérebro (células da glia), adeno-hipófise e tireóide. - Tipo 3: inativa T4 em RT3. TR3 é T3 reverso, uma enzima que age quando há excesso de T4 alterando sua estrutura molecular e o converte em T3 reverso que não tem atividade biológica. É uma prevenção do organismo para não haver grande liberação de hormônios tireoidianos, como por exemplo quando uma pessoa viaja de um lugar muito quente para um local de frio intenso, visto que o frio é um fator liberador de T3, a pessoa iria sofrer uma descarga desse hormônio. ➔ Estímulos para secreção: - Frio - TRH -> TSH -> receptores na tireóide -> estímulo para formação de T3 e T4. ➔ Feedback Quando a tireóide produz T3 e T4 é gerado um feedback negativo para o hipotálamo e para a adeno-hipófise. Espera-se que quando há uma grande produção de T3 e T4, o TRH e o TSH sejam encontrados em baixos níveis Se houver um aumento de T3, T4 e TSH => patologia na adeno-hipófise. ➔ Efeito Wolff-Chaikoff O aumento da ingestão gera uma insensibilização do NIS para transportar o iodeto. A diminuição da ingesta de iodo é um estímulo molecular para que o receptor NIS possa captar qualquer iodeto que esteja na circulação sanguínea. Temos 2 transportadores para o iodeto: - NIS (lado basal) - Pendrina (lado apical): transporta o iodeto para o colóide ➔ Síntese dos hormônios tireoidianos A tirosina que está na tireoglobulina quando: - recebe um iodeto: forma MIT (monoiodotirosina) - recebe dois iodetos: forma DIT (diiodotirosina) T3 = MIT + DIT T4 = DIT + DIT Maior produção de T4: as moléculas de tirosina tem muita afinidade por iodo, mas só dois pontos de ligação. Então quando houver muito iodo no colóide irá formar DIT. Quando a concentração de iodo cair será formado o MIT. O receptor megalina transporta o hormônio para a célula folicular porque o capilar sanguíneo está próximo à célula. Transporte ativo de iodeto em direção ao colóide pelo NIS e pendrina. No colóide são encontradas tireo peroxidases - enzima que vai desiodar o iodeto - para que ele se ligue a tirosina. O iodo não sofre nenhuma conversão, sua afinidade é natural. O que sofre reação é o iodeto para se tornar iodo. A célula folicular armazena iodeto na célula por pelo menos um mês como um mecanismo de proteção, para formar hormônios caso não haja ingestão. Quando o complexo Tg se forma ele perde a afinidade pelo colóide e é vesículado para ser transportado pela megalina para o interior do folículo. A célula folicular vai secretar apenas o T3 e o T4, sobrando o MIT e o DIT que sofrem ação da desiodase tipo I, separando a tirosina do iodo - que permanece armazenada na célula folicular. Então, devido a esse mecanismo, um paciente que apresente alguma patologia relacionada a deficiência de iodo, já está desenvolvendo-a há algum tempo. ➔ Transporte Através de proteínas que aumentam a meia vida dos hormônios tireoidianos, pois quando ligadas eles não sofrem ação das desiodases teciduais. - Globulinas ligadoras de tiroxina (TGB) - Transtirretina (TTR) - Albumina As células terão receptores para os hormônios, o T3 terá respostas genômicas e não genômicas, ou seja, pode alterar constituintes do genoma humano - receptor de retinóide X (RXR) que realiza resposta tireoidiana no DNA - ou apenas alterar funções biológicas - como geração de calor pelo estímulo da contração muscular. ➔ Efeitos fisiológicos O principal estímulo para a produção dos hormônios é o frio.T3 aumenta consumo de O2, produção de calor, lipólise (beta 3), aumento do receptor LDL - consequentemente diminuindo os níveis de colesterol -, aumenta frequência respiratória, aumenta a frequência cardíaca (volume de ejeção e força de contração), aumento de tônus muscular (em excesso gera fraqueza), aumenta catecolaminas, aumenta fome, aumenta estado de vivacidade, estimula o TGI, estimula o desenvolvimento dos órgãos reprodutores, etc. *se acontece um aumento da contratilidade pode haver hipertrofia concêntrica, que caracteriza o início do ICC (insuficiência cardíaca congestiva). *T3 desenvolve o SNC da criança gerando brotamentos, fazendo sinapses, etc. Por isso, logo ao nascer é feito o teste do pezinho para detectar anomalias tireoidianas. ➔ Doenças da tireóide 1. Hipertireoidismo primário ou Doença de Graves (AUTOIMUNE) Ocorre a criação de uma imunoglobulina estimulante da tireóide (TSI) muito parecida com o TSH que estimula a produção de hormônios tireoidianos. Ou seja, haverá aumento de T3 e T4 e uma diminuição do TSH. Então, o problema não está na adeno-hipófise pois o feedback está acontecendo. O TSI (biomarcador) é detectado em altos níveis. ↓TSH ↑T4 livre↑TSI 2. Adenoma tireoideano Tumor que se desenvolve na tireóide e é hipersecretório , então por si só ele já provoca um aumento de hormônios tireoidianos. ↓TSH ↑T4 livre ↓TSI 3. Hipertireoidismo secundário Ocorre um aumento de secreção dos hormônios por um adenoma hipofisário. O perfil desse paciente será incapacidade de supressão do TSH, ou seja, não realiza feedback. ↑TSH ↑T3 ↑T4 Sintomas do hipertireoidismo: - estado de alta excitabilidade - intolerância ao calor - perda de peso - fraqueza muscular - diarréia - nervosismo - fadiga extrema e insônia - tremor nas mãos Tratamento: remoção cirúrgica uni ou bilateral (mais comum) 4. Hipotireoidismo primário Decorrente da perda da capacidade de produzir T3 e T4, ainda que chegue estímulo do TSH. ↓T3 ↓T4 ↑TSH Tireoidite de Hashimoto: doença AUTOIMUNE que produz anticorpos que promovem uma inflamação da glândula com posterior destruição. 5. Hipotireoidismo secundário Decorrente da incapacidade da adeno-hipófise de liberar TSH. ↓TSH ↓T3 ↓T4 Bócio colóide endêmico: deficiência dietética. Bócio colóide atóxico idiopático: aumento da tireóide mesmo nas pessoas com níveis hormonais normais. Sintomas do hipotireoidismo: - fadiga e sonolência extremos - lentidão muscular - redução da FC - redução do DC - aumento de peso - constipação - lentidão mental - redução do crescimento capilar - mixedema:ácido hialurônico e sulfato de condroitina formam uma bolsa de gel - patognomônica. 6. Cretinismo É uma condição onde há hipotireoidismo extremo. Pode ser congênito - criança nasceu sem tireóide - ou endêmico - incapacidade de produção hormonal por motivos genéticos ou deficiência de iodo dietético -. Tratamento com tiroxina. **O hipertireoidismo/hipotireoidismo é PRIMÁRIO quando a patologia se encontra NA TIREÓIDE. Será SECUNDÁRIO caso a patologia se encontre em locais que influenciem o funcionamento da tireóide, como a adeno hipófise. FISIOLOGIA DA PARATIREÓIDE A paratireóide regula o metabolismo do cálcio e do fosfato, que possuem papéis muito importantes no organismo como: 01. Cálcio - co-fator da cascata de coagulação - participa do mecanismo de excitabilidade de membrana - contração muscular - exocitose - sinalização celular 02. Fósforo - ligações de alta energia (ATP) - está incorporado a proteínas, lipídios e ácidos nucleicos - regulação da atividade proteica (fosforilação e desfosforilação) - tampão Não pode haver grandes variações na concentração sérica de cálcio porque um dos órgãos que utilizam esse íon para um bom funcionamento é o coração. Excesso -> fibrilação / Falta -> parada cardíaca por falta de força de contração. Baixa [Ca++]: - ossos liberam - rins estimulam a reabsorção - intensificação da absorção de cálcio no TGI pela vitamina D Mecanismo molecular de liberação de cálcio A principal fonte de cálcio no organismo humano é na matriz óssea. Paratormônio é hipercalcemiante, ou seja, para liberar cálcio no sangue. O paratormônio não se liga ao osteoclasto, sim ao osteoblasto. Se liga ao receptor presente no osteoblasto (PTHR1) e expressa na sua superfície uma proteína chamada de RANKL. Quando a RANKL se expressa ela ganha afinidade por uma outra proteína, a RANK, que está presente em uma célula precursora de osteoclasto, que irá maturar esse osteoclasto, acidificando a região da matriz que possui hidroxiapatita, fazendo com que o cálcio perca a afinidade com a matriz. Osteoprotegerina é um finalizador do processo, seu estímulo é a acidez da hidroxiapatita e desfaz a ligação entre RANK e RANKL fazendo com que o osteoclasto “suma” da matriz = fenômeno de remodelamento. ● Importância da vitamina D A 25 OH vitamina D, no rim, através da enzima 1-alfa hidroxilase (produzida a partir do estímulo do PTH), é convertida a 1,25 dihidroxi vitamina D. Então para a conversão da vitamina D, o PTH é fundamental. - aumenta a reabsorção óssea de cálcio - aumenta a absorção de cálcio a nível intestinal pois todas as formas de passagem (paracelular, canais de cálcio, etc) de cálcio pelos enterócitos são estimulados pela vitamina D. Calbindina = proteína ligadora de cálcio permite que o cálcio chegue ao seu transportador. Também é estimulada pela vitamina D ***O aumento de cálcio na circulação mediante vitamina D é um mecanismo direto (feedback negativo) para inibir a liberação de PTH. Portanto, na falta da vitamina D quem atua no osso é o PTH. Mecanismo molecular de absorção de cálcio Na tireóide existem células chamadas células do tipo C ou parafoliculares que produzem calcitonina. A calcitonina é o antagonista do PTH no osso, não permitindo a ligação do PTH com o PTHR1 para que o osteoblasto possa ser formado. A calcitonina é um hormônio hipocalcemiante, pois é ativado quando há excesso de cálcio na corrente sanguínea que precisa ser retirado. Em um quadro de deficiência de vitamina D o PTH aumenta muito o cálcio no sangue, mas com a calcitonina os impactos são diminuídos. A liberação de calcitonina é estimulada por hormônios gastrointestinais como gastrina, glucagon, secretina, CCK e GRP (hormonio liberador de gastrina). A calcitonina estimula a 1-alfa hidroxilase renal
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