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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 200º VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO/SP Autos nº: 0101010-50.2020.5.02.0200. Reclamante: ÉRICA GRAMA VERDE Reclamada: Auditoria Pente Fino S.A. AUDITORIA PENTE FINO S.A. já qualificada nos autos, por sua representante legal, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO TRABALHISTA Com fundamento no art. 847 da CLT e art. 5º, LV da CF/88, em face da reclamatória trabalhista ajuizada por ÉRICA GRAMA VERDE, pelos fatos e fundamentos que passa a expor: 1 – PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA MATERIAL A reclamante arguiu em sua exordial sobre o recolhimento do INSS relativo ao período trabalhado mês a mês, para fins de aposentadoria. Entretanto, estabelece a súmula 368, I do TST, in verbis: Súmula nº 368 do TST DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. FORMA DE CÁLCULO. FATO GERADOR (aglutinada a parte final da Orientação Jurisprudencial nº 363 da SBDI-I à redação do item II e incluídos os itens IV, V e VI em sessão do Tribunal Pleno realizada em 26.06.2017) - Res. 219/2017, republicada em razão de erro material – DEJT divulgado em 12, 13 e 14.07.2017 I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998). Percebe-se que a súmula em análise deixa claro que somente será competente julgar o recolhimento das contribuições fiscais, onde somente poderia arguir neste juízo quando for relativo a sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e os valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. Sendo assim, a arguição do caso em tela não tem cunho condenatório, portanto a Justiça do Trabalho não é competente. Diante do exposto, requer que seja declarado a incompetência absoluta quanto ao recolhimento do INSS, conforme dispõe súmula vinculante 53 do STF, súmula 368, I, do TST, art. 876, § único da CLT e artigo 114, VIII da CF/88. 2. PREJUDICIAL DE MÉRITO: DA PRESCRIÇÃO Tendo em vista a prescrição trabalhista prevista no art. 7, XXIX da CF/88, a empresa reclamada suscita a prescrição de todas as verbas devidas há mais de 5 (cinco) anos, contados da data do ajuizamento da ação, in verbis: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; Ou seja, a reclamada suscita a prescrição das verbas relativas a horas extras, FGTS, gratificações, adicionais, bem como de reflexos, anteriores a 30/01/2015, cinco anos contados regressivamente a partir da data do ajuizamento da ação. 3. DA DEFESA DE MÉRITO Realmente, a reclamante foi admitida no dia 29/01/2011 para trabalhar como gerente do setor de auditoria de médias empresas. De fato seu salário básico sempre foi de R$ 20.00000 (vinte mil reais), acrescido de gratificação de função de R$ 10.000,00 (dez mil reais). A data que a mesma pediu demissão é, com verdade, 07/01/2020. No entanto, com relação às demais informações contidas na petição inicial, a reclamada não concorda, passando a contestá-las a seguir. 3.1. DAS HORAS EXTRAS No capítulo II da CLT, argui-se sobre a duração de trabalho, onde no artigo 62, inciso II e parágrafo único, deixa claro que não serão abrangidos pelo regime de jornada de trabalhos os gerentes que tiverem gratificação de função superior a 40%, in verbis: Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). Nota-se que a reclamante recebia importe de 50% de gratificação de função, não ficando enquadrada para pleitear horas extras, devido a sua função de gerente da qual exercia. Não tendo direito a limite de jornada. Consequentemente, não tem direito ao pagamento de horas extras. A reclamada contesta a arguição de horas extras feita pela reclamante. 3.2 DO FGTS A reclamada contesta pedido de indenização de 40% sobre o FGTS, pois este, só se fundamentaria se a reclamada despedisse a reclamante sem justa causa, conforme artigo 18, §1º da Lei 8.036/90, in verbis: Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. § 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. Ocorre que, a reclamante não foi demitida, a mesma pediu demissão, então abdicou de tal direito, devendo esta, não acolher o pedido desta indenização, impedindo a pretensão, pois somente cabe a indenização em casos de demissão pelo empregador, onde, a indenização por pedido de demissão não é prevista na norma cogente. 3.3 DA INTEGRAÇÃO DE PRÊMIOS A reclamada contesta o pedido de integração de prêmios. É bem verdade que a partir de 2018, que a reclamada começou a pagar prêmios em pecúnia, em valores variados. Entretanto, embora esses valores tornaram-se habituais, não há de se falar em incorporação ao contrato de trabalho, nem reflexos a qualquer encargo trabalhista e previdenciário, conforme artigo 457, §2º da CLT, in verbis: Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. Portanto, como evidenciado, este pedido feito pela reclamante não merece prosperar, tendo em vista que a lei não abarca esse tido de bonificação nos encargos trabalhistas. 3.4 DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL A Reclamada contesta o pedido feito de equiparação salarial feito pela reclamada, arguindo que outra gerente de igual setor recebia mais do que o salário pretendido da reclamada, é infundada esta alegação, visto que trabalho de igual valor só é considerado pela CLT quando o tempo de função não seja superior a dois anos, sendo que a Gerente Silvana Céu Azul, foi admitida em 15/01/2009, superando dois anos de tempo de função até a admissão da reclamada, conforme art. 461, §§1º e 2º, da CLT, in verbis: Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. § 1o Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempode serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos. § 2o Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão público. Ademais, segundo o parágrafo segundo, argui que não será admitido a equiparação quando adotar norma interna da empresa, que é o caso. 3.5 DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE Não há de se falar em adicional de periculosidade, visto que a situação narrada pela reclamante na exordial não encontra amparo técnico no artigo 193 da CLT, admitindo tamanho adicional de periculosidade, se a mesma trabalhasse com inflamáveis, explosivos ou energia elétrica. Ou exposição a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O que não ocorre, pois a situação narrada é somente a função policial exercida para a realização de interesse judicial, não comportando assim, pedido de adicional de periculosidade. 3.6 DOS PEDIDOS DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS A reclamada contesta o pedido de 20% dos honorários sucumbências, é bem verdade que o Código de Processo Civil preleciona esta porcentagem. Entretanto, a Justiça Trabalhista só poderá observar o CPC se a lei trabalhista for omissão ou tiver pouca fundamentação em sua letra, o que não ocorre, já que no artigo 791-A, preleciona que: Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Ainda que o magistrado conceda para a parte reclamante, honorários sucumbenciais mesmo depois de todo o exposto, não deverá este ultrapassar o limite de 15% sobre o valor que resultar na liquidação da sentença, conforme artigo supracitado. 4. DOS PEDIDOS Com relação aos pedidos formulados na petição inicial, assim manifesta a reclamada: a) CONTESTA. Na verdade, a reclamante não detém direito ao pedido de horas extras por sua classe não gozar de tal direito, como exposto anteriormente; b) CONTESTA. Na verdade, a reclamante não detém direito a indenização de 40% sobre o FGTS como já dito anteriormente; c) CONTESTA. Como já dito, a reclamante não dever ser apreciada com relação a integração de prêmios como já exposto anteriormente; d) CONTESTA. Como já exposto, não deve proceder o pedido de equiparação salarial, como já exposto anteriormente; e) CONTESTA. Como já exposto, não há de se falar em adicional de periculosidade; f) CONTESTA. Ainda que devidos honorários, deverá ser no importe de 15% em seu limite, e não de 20%. Protesta provar por todos os meios em direito admitidos, seja documental ou testemunhal. Termos em que, Pede e Espera Deferimento. São Paulo/SP, 02 de fevereiro de 2020. ____________________________________
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