Buscar

OBSTETRÍCIA - 39. Puerpério Patológico

Prévia do material em texto

OBSTETRÍCIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 
 6º Semestre – 2021.1 
1 
 
 
Assistência e Patologias 
Obstétricas 
Disciplina de Obstetrícia 
FASM 
MAYARA SUZANO DOS SANTOS 
TURMA XIV A 
6º Semestre – 2021.1 
OBSTETRÍCIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 
 6º Semestre – 2021.1 
2 
 
PUERPE RIO PATOLO GICO 
EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA FATORES DE RISCO FISIOPATOLOGIA 
Infecção puerperal 
(IP): 3ª causa de 
morte materna 
(óbito = 6,3%) 
▪ 20% dos 
quadros febris 
pós parto 
normal 
▪ 70% dos 
quadros febris 
pós cesárea 
▪ Endometrite 1-
3% 
 
Alteração no ciclo 
de amamentação 
(ACA): 
▪ Mastite 
incidência 8-
20% nos 
primeiros 6 
meses pós 
parto 
IP: polimicrobiana bacteriana (aeróbios + 
anaeróbios 
▪ Gram + → Streptococcus β-hemolítico A 
(exógeno), B e D, Enterococcus, S. aureus, S. 
epidermidis 
▪ Gram - → E. coli, Kebsiella, Enterobacter, 
Proteus, Psudomonas, Haemophilus 
influenzae, Gardnerella vaginalis 
▪ Anaeróbios (40-60% de infecções pós 
cesárea) → bacterioides, cocos, clostrídios 
▪ Outros → Mycoplasma e Clamídia 
 
Hipogalactia: 
▪ Primária → hipoplasia de mama, nutrição 
deficiente, doenças consuptivas, 
psicossomática 
▪ Secundária → erro de técnica, alteração 
do RN, vícios de conformação do mamilo 
 
Ingurgitamento mamário: esvaziamento 
incompleto das mamas, início tardio da 
amamentação, mamadas com horários rígidos, 
sucção incorreta, obstrução dos ductos 
lactíferos, malformação mamilar, 
prematuridade 
 
Mastite: S. aureus (50%), S. albus, E. coli, 
Estreptococcus grupo A ou B, Pseudomonas, 
Serratia ou anaeróbios 
▪ Fissuras → sucção, anomalias do mamilo, 
manipulação ou higiene precárias 
 
Distúrbios de Coagulação: coagulopatias 
hereditárias (PTT, hemofilias) , CIVD, Sd de 
HELLP 
 IP1: cesárea (5-30x), 
aminiorrexe, TP 
prolongado, 
manipulação vaginal 
excessiva, ↓ imune, más 
condições assepsia, 
desnutrição, traumas, ↓ 
nível socioeconômico 
 
ACA: primiparidade, 
erro de técnica de 
amamentação 
 
 
Endometrite: cavidade uterina, especialmente área de descolamento da placenta 
constitui zona com grande potencial para infecção (necrose) + desequilíbrio da 
flora (proliferação dramática da flora anaeróbia durante 6 semanas) → infecção 
▪ Mecanismo de defesa → atividade contrátil do útero + reação leucocitária + 
hemostasia trombótica na zonha de implantação da placenta → torna a 
superfície provavelmente estéril 
▪ Cesárea → bactérias no tecido cirúrgico desvitalizado, exposição dos vasos 
intramiometriais, contaminação peritoneal com germes da cavidade 
amniótica, perda sanguínea moderada, ↓ resposta imune 
 
Parametrite: laceração do colo uterino e vagina → propagação linfática do 
microrganismo → instalação no paramétrio laterocervical (70%) ou invasão 
anterior (paracistite) ou posterior (pararretite) 
 
Anexite: infecção e inflamação das tubas uterinas e ovários 
 
Tromboflebite Pélvica Séptica (TPS): extensão da infecção puerperal ao longo 
dos canais venosos, causando trombose e êmbolos sépticos, geralmente por 
anaeróbios → abscessos renais, pulmonares e em outros órgãos 
▪ Trombose de v ovariana (TVO) → 90% à D pela dextroversão uterina → 
compressão desta veia 
 
Ingurgitamento mamário: retenção de leite → distensão alveolar → compressão 
de ductos → obstrução do fluxo de leite → congestão vascular e linfática 
 
Mastite puerperal: condição inflamatória da mama, em geram associada à 
lactação → pega incorreta → fissura ou obstrução de ductos → infecção ductal ou 
glandular → disseminação linfática → chegada ao tecido intersticial → abscesso 
mamário 
 
Distúrbios de coagulação: ↑ risco de eventos tromboembólicos em puérperas 
que, fisiologicamente, estão em estado de hipercoagulabilidade após a gentação e 
o parto 
OBSTETRÍCIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 
 6º Semestre – 2021.1 
3 
 
PUERPE RIO PATOLO GICO 
QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO 
IP: 
▪ Febre puerperal (principal) → > 38°C 
medida em 4 ocasiões distintas nos 
primeiros 10 d, excluída as primeiras 24h 
▪ Calafrios 
▪ Pulso conforme curva térmica 
▪ Dor abdominal, à palpação uterinaTchau 
prof, e ao toque vaginal 
▪ Abcesso pélvico, peritonite (Bloomberg +, 
dor intensa, obstrução intestinal, 
taquicardia), TPS, se não tratado, choque 
séptico 
TPS: podem apresentar sintomas vagos 
associados à febre 
▪ 2/3 apresentam febre persistente e 
calafrios 
▪ Taquicardia e taquipneia 
▪ 1/5 refere dor torácica, tosse e hemoptise 
▪ TVO → febre + massa abdominal palpável + 
dor pélvica → embolia pulmonar (10%), 
infarto ovariano, obstrução ureteral e óbito 
ACA: 
▪ Ingurgitamento mamário → edema, 
distensão, dor restrito à região areolar ou 
mesmo ambas as mamas; retração do 
mamilo; ↓ ejeção de leite 
▪ Mastite → dor mamária e sinais flogísticos, 
febre alta, mal estar, ingurgitamento, 
eritema; bebe pode apresentar 
võmito/fezes com sangue 
 
Depressão pós-parto5 
IP: Qualquer infecção bacteriana que acomete os 
órgãos genitais femininos pós parto → infecção do 
canal de parto, da FO, endometrite, parametrite, 
anexite, abcesso pélvico, peritonite, choque séptico, 
fasciite necrotizante, tromboflebite pélvica séptica 
▪ Infecção da episiotomia (não é comum)2 
▪ Endometrite → infecção da implantação 
placentária → pct BEG, tríade de Bumm (dor a 
palpação do útero + amolecido + útero 
hipoinvoluído), lóquios purulentos e fétidos, se 
anaeróbios. 
▪ Parametrite → febre alta por > 10 dias + 
endurecimento dos paramétrios com dor ao toque 
▪ Anexite → dor abdominal aguda, 
predominantemente em fossas ilíacas + febre alta + 
Sinal de Bloomberg discreto 
▪ Hemograma → leucocitose (esperado no puerpério 
normal) 
▪ Cultura → pouco efetiva, por ser infecção 
polimicrobiana 
▪ USG → líquido livre na cavidade, abcesso 
tubovariano e pélvico 2 semanas pós parto 
▪ TC → identifica TVO 
ACA: hipogalactia, ingurgitamento, mastite, inibição da 
lactação 
▪ Hipogalactia → observar lactente (insatisfação da 
mamada, perda ponderal), proctractibilidade do 
mamilo 
▪ Ingurgitamento → observar sinais e sintomas 
▪ Mastite → classificar3, USG para investigar abscesso 
Distúrbios de coagulação: solicitar hemograma e 
coagulograma 
IP: notificar CCIH, para seguir protocolo do hospital 
▪ Laceração/infecção da episiotomia → ATB EV (Cefalosporina, 
Oxacilina) + antissépticos locals; exploração cirúrgica da infecção 
da episiotomia em 24-48h, se não houver resposta 
▪ Esquema terapêutico → manter ATB EV 24-48h após último pico 
febril → se não houver melhora, considerar RPS 
REGIME 1 → Clindamicina 900 mg EV 8/8h ou Metronidazol 
500 mg EV 8/8h + Gentamicina 1,5 mg/kg EV 8/8h ou Amicacina 
REGIME 2 → Clindaminina/Metronidazol OU 
Gentamicina/Amicacina + Ampicilina 2g EV 6/6h ou Penicilina 
▪ Cirúrgico → curetagem, drenagem de abscesso, debridamento, se 
necrose, colpotomia4, histerectomia total, laparotomia (abscesso 
de alças, peritonite generalizada) 
TPS: associar ATB e anticoagulação 
▪ Enoxaparina dose terapêutica (1 mg/kg SC 12/12h), inicialmente, 
substituir por Varfarina (10 mg/dia) durante 7-10 dias ou 90 dias, 
se o trombo se estender até v renal e VCI → controle de INR entre 2 
e 3 
▪ Filtro de VCI, se TEP 
▪ Laparotomia, se não responsiva à heparina 
ACA: 
▪ Hipogalactia → orientar mamada, medicações que estimulam 
galactorreia (Metoclopramida, antidepressivos) e técnica de 
relactação 
▪ Ingurgitamento → suporte emocional, sustentação das mamas, 
massagem, esvaziamento mamário, amamentação irrestrita, bolsa 
de gelo e Ocitocina nasal 
▪ Mastite → Cefalexina + Paracetamol + Ibuprofeno/Piroxicam + 
esvaziamento mamário + inibição da lactação6; se abscesso, 
drenagem + Cefazolina/Oxacilina 
▪ Inbidores da lactação → Cabergolina ou 
 
OBSTETRÍCIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 
 6º Semestre – 2021.1 
4 
 
QUADRO 1. Grupos de risco para infecção puerperal 
PUERPE RIO PATOLO GICO 
DETALHES IMPORTANTES: 
 
 
 
 
QUADRO 2. LocalizaçãoManifestações 
 
Infecção simples Pele e fáscia superficial adjacente Sinais flogísticos + deiscência de sutura 
Infecção de fáscia superficial Fáscia superficial Sinais flogísticos em parede abdominal, glúteos e coxas 
Necrose de fáscia superficial Fáscia superficial (grave) Aspecto gangrenoso com formação de vesículas e bolhas 
Fascite necrosante Fáscia de Camper e Colles (muito grave), pode atingir fáscia da parede abdominal Aspecto gangrenoso → septicemia → choque séptico → óbito 
Mionecrose Mm perineais Gangrena da musculatura 
QUADRO 1. Grupos de risco para infecção puerperal 
QUADRO 3. Classificação e tipos de mastites 
Classificação: 
1. Lobar 2. Ampolar 3. Glandular 
 
Tipos: 
 
OBSTETRÍCIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 
 6º Semestre – 2021.1 
5 
 
 PUERPE RIO PATOLO GICO 
DETALHES IMPORTANTES: 
 
 
 
 
QUADRO 4. Colpotomia em abscesso de fundo 
de saco de Douglas para drenagem de coleção 
QUADRO 6. Inibição da Lactação 
▪ Enfaixamento mamário por 10 dias 
▪ Bolsa de gelo 10’ 4x/dia 
▪ Não estimular ou permitir sucção 
▪ Medicação → Cabergolina 1 mg dose única para prevenção + 0,25 mg 12/12h por 2 dias na 
suspensão ou Bromocriptina 5 mg/dia por 14 dias ou Lisurida 0,2 mg 8/8h por 14 dias 
QUADRO 5. Depressão pós parto 
OBSTETRÍCIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 
 6º Semestre – 2021.1 
6 
 
REFERE NCIAS: 
REZENDE,J. Obstetrícia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 
OBSTETRÍCIA de Williams. 24. Porto Alegre AMGH 2016

Continue navegando