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Amanda Karen - @mundo_fashiion Sistema imune Imunidade é a capacidade de afastar uma lesão ou doença utilizando nossas defesas. É a resistência à doença. O conjunto de células, tecidos e moléculas que medeiam a resistência a infecções é chamado de sistema imune, e a reação coordenada destas células e moléculas aos microrganismos infecciosos compreende uma resposta imune. Função e importância Sua função mais importante é prevenir ou erradicar infecções. Além disso, esse sistema também impede o crescimento de alguns tumores. Segundo Abbas (2013), “alguns canceres podem ser tratados por meio de estimulação das respostas imunes contra células tumorais”. Sobre o contexto do problema da tutoria: Observa-se que, o estímulo de respostas imunes contra microrganismos por meio da vacinação é o método mais eficaz para proteger indivíduos contra infecções; esta abordagem levou a erradicação mundial da varíola. [...] As interrupções dos programas de vacinação nos países em desenvolvimento e em regiões de conflito social levaram ao reaparecimento local de algumas doenças infecciosas tais como a poliomielite. (ABBAS, 2013) Células As células do sistema imune se localizam em diferentes tecidos e apresentam diferentes funções na defesa do hospedeiro. Conforme Abbas (2013), “as células residentes nos tecidos detectam a presença de microrganismos e reagem contra eles.” Estas células incluem: o Macrófagos cuja função é ingerir e destruir as substâncias estranhas. o Mastócitos ajudam no recrutamento de outros leucócitos para destruir os microrganismos. o Os fagócitos, sendo representados principal- mente por neutrófilos e monócitos, são rapida- mente recrutados para os locais de infecção no processo chamado de inflamação. Linfócitos São as únicas células que produzem receptores específicos clonalmente distribuídos para diversos antígenos e são os principais mediadores da imunidade adaptativa (ABBAS, 2013). Essas células muitas vezes são distinguíveis pelas proteínas de superfície que podem ser identificadas usando os painéis dos anticorpos monoclonais. A nomenclatura padrão para essas proteínas é a designação numérica do CD (cluster de diferenciação), que é utilizada para delinear as proteínas de superfície que definem um determinado tipo de célula ou a fase de diferenciação das células e que são reconhecidas por um conjunto ou grupo de anticorpos (ABBAS, 2013). Linfócitos B São as únicas células capazes de produzir anticorpos e são elas que medeiam a imunidade humoral (ABBAS, 2013). As células B expressam formas de anticorpos de membrana que servem como os receptores que reconhecem os antígenos e iniciam o processo de ativação das células. Os antígenos solúveis e os antígenos da superfície dos microrganismos e outras células podem se ligar a esses receptores de antígenos dos linfócitos B, iniciando o processo de ativação dos linfócitos B. Isso leva à secreção de formas solúveis de anticorpos com a mesma especificidade antigênica como a dos receptores de membrana (ABBAS, 2013). Linfócitos T De acordo com Abbas (2013), são “responsáveis pela imunidade celular.” Os receptores de antígenos da maioria dos linfócitos T reconhecem apenas fragmentos peptídicos de antígenos de proteína que estão ligados a moléculas de apresentação de peptídeos especializadas, chamadas de complexo principal de histocompatibilidade (MHC; do inglês, major histocompatibility complex), sobre a superfície de células especializadas, chamadas células apresentadoras de antígenos (ABBAS, 2013). v v Amanda Karen - @mundo_fashiion → Linfócitos T auxiliares (CD4+) Chamados assim porque tem função de ajudar/auxiliar. Segundo Abbas (2013), eles “ajudam os linfócitos B a produzirem os anticorpos e auxiliam os fagócitos na destruição dos microrganismos ingeridos”. → Linfócitos T citotóxicos (CD8+) Também chamadas de CTL; matam as células que contêm microrganismos intracelulares (ABBAS, 2013) → Linfócitos reguladores É composto por algumas células CD4+, é uma espécie de subconjunto especial responsável por impedir e limitar as respostas imunes (ABBAS, 2013). Todos os linfócitos são originados de células-tronco da medula óssea. Os linfócitos B amadurecem na medula óssea, enquanto que os linfócitos T, amadurecem em um órgão chamado timo. Os locais nos quais os linfócitos maduros são produzidos (gerados) são chamados de órgãos linfoides primários. Os linfócitos maduros deixam os órgãos linfoides primários e entram na circulação e nos órgãos linfoides secundários, onde podem encontrar o antígeno para o qual eles expressam receptores específicos. (ABBAS, 2013) Linfócitos imaturos Conforme Abbas (2013), esses linfócitos “expressam receptores para os antígenos, mas não realizam funções que são necessárias para eliminar os antígenos”. Essas células residem e circulam entre os órgãos linfoides primários e secundários e sobrevivem por várias semanas ou meses, esperando para encontrar e responder ao antígeno. Se eles não são ativados pelo antígeno, os linfócitos imaturos morrem por apoptose e são substituídos por novas células que surgiram nos órgãos linfoides primários (ABBAS, 2013). Quando linfócitos imaturos reconhecem os antígenos microbianos e também recebem os sinais adicionais induzidos por microrganismos, os linfócitos específicos para o antígeno proliferam e diferenciam-se em células efetoras e em células de memória (ABBAS, 2013). Essa diferenciação é iniciada por meio de reconhecimen- to de antígeno, assegurando assim que a resposta imune que se desenvolve é específica para aquele antígeno (ABBAS, 2013). Um linfócito que sofre seleção clonal dá origem a dois tipos principais de células no clone: as células efetoras e as células de memória. (TORTORA, 2016) → Linfócitos efetores De acordo com Abbas (2013), esses são a progênie diferenciada de células imaturas, pois “têm a capacidade de produzir moléculas, cuja função é eliminar os antígenos”. A maior parte das células efetoras por fim morre, depois de a resposta imune ter sido concluída. (TORTORA, 2016) As células efetoras da linhagem de linfócito B são as células secretoras de anticorpos, chamadas de plasmócitos. As células plasmáticas se desenvolvem em resposta a estimulação antigênica nos órgãos linfoides secundários, onde eles podem ficar e produzir anticorpos (ABBAS, 2013). Pequenas quantidades de células secretoras de anticorpos também são encontradas no sangue, estes são chamados de blastos. Algumas destas células migram para a medula óssea, onde amadurecem em células plasmáticas de longa duração e continuam a produzir pequenas quantidades de anticorpos muito tempo depois de a infecção ser erradicada, fornecendo proteção imediata caso haja reinfecção (ABBAS, 2013). As células T CD4+ efetoras (células T auxiliares) produzem as proteínas chamadas de citocinas que ativam as células e medeiam assim a função de auxiliar dessa linhagem (ABBAS, 2013). Também incluem as células T citotóxicas. → Células de memória Elas podem sobreviver por longos períodos na ausência do antígeno. São funcionalmente inativas; elas não executam funções efetoras, a menos que sejam estimuladas por antígenos (ABBAS, 2013) Quando as células de memória encontram um mesmo antígeno que induziu o seu desenvolvimento, as células respondem rapidamente para iniciar as respostas imunes secundárias (ABBAS, 2013). A segunda resposta ao antígeno normalmente é tão rápida e vigorosa que o antígeno é destruído antes que quaisquer sinais ou sintomas de doença possam surgir. A maior parte das células de memória não morre ao término de uma resposta imune. (TORTORA, 2016) Amanda Karen - @mundo_fashiion Células dendríticas No Tortora (2016), afirma que estas “são células derivadasdos monócitos.” São células que tem como função capturar os microrganismos e os apresentar para os linfócitos para iniciar as respostas imunes, e por isso são chamadas células apresentadoras de antígenos (APC; do inglês, antingen-presenting cells). (ABBAS, 2013) Para entender bem: As células dendríticas capturam os antígenos de proteína dos microrganismos que entram através do epitélio e transportam os antígenos para os gânglios linfáticos regionais, nos quais as células dendríticas apresentam as porções dos antígenos para o reconhecimento dos linfócitos T (ABBAS, 2013). Estas células especializadas respondem aos microrga- nismos produzindo e secretando proteínas de superfície que são necessárias, em conjunto com os antígenos, para ativar os linfócitos T imaturos a proliferar e diferenciar-se em células efetoras (ABBAS, 2013). Tecidos e órgãos Os órgãos linfoides primários são os locais em que as células-tronco se dividem e se tornam imunocompe- tentes, isto é, capazes de elaborar uma resposta imune (TORTORA, 2016). São eles a medula óssea e o timo. As células-tronco pluripotentes da medula óssea dão origem a linfócitos B maduros e imunocom- petentes, e a células pré-T. As células pré-T por sua vez migram para o timo, onde se transformam em linfócitos T imunocompetentes (TORTORA, 2016) Já os tecidos e órgãos linfoides secundários, de acordo com Tortora (2016), “são os locais em que ocorrem as respostas imunes”. São eles o timo, os linfonodos, o baço e os nódulos linfáticos (folículos). O timo, os linfonodos e o baço são considerados órgãos pois são envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo; os nódulos linfáticos, por outro lado, não são considerados órgãos, devido não serem revestidos por uma cápsula (TORTORA, 2016). Timo – TORTORA, 2016 É um órgão que possui dois lobos e se encontra no mediastino entre o esterno e a aorta. Cada lobo do timo consiste em um córtex externo de coloração escura e uma medula central de coloração mais clara. O córtex do timo é composto por uma grande quantidade de linfócitos T e células dendríticas dispersas, células epiteliais e macrófagos. Os linfócitos T imaturos (células pré-T) migram da medula óssea para o córtex do timo, onde se proliferam e começam a maturar. As células dendríticas auxiliam no processo de maturação. Cada uma das células epiteliais especializadas no córtex tem vários processos longos que cercam e servem como estrutura para aproximadamente 50 linfócitos T. Estas células epiteliais ajudam a “educar” as células pré-T em um processo conhecido como seleção positiva. Além disso, produzem hormônios do timo que, acredita-se, auxiliem na maturação dos linfócitos T. Apenas aproximadamente 2% dos linfócitos T em desenvolvimento sobrevivem no córtex. Os linfócitos restantes morrem por apoptose e os macrófagos do timo ajudam a remover os detritos de células mortas. Os linfócitos T sobreviventes entram na medula. A medula do timo consiste em linfócitos T mais maduros e amplamente dispersos, células epiteliais, células dendríticas e macrófagos. Algumas das células epiteliais se dispõem em camadas concêntricas de células planas que degeneram e ficam cheias de grânulos de querato- hialina e queratina. Estes agrupamentos são chamados corpúsculos tímicos. Embora seu papel seja incerto, eles podem servir como locais de linfócitos T mortos na medula. Os linfócitos T que saem do timo pelo sangue migram para os linfonodos, baço e outros tecidos linfáticos, onde colonizam partes destes órgãos e tecidos. Em razão do seu elevado conteúdo de tecido linfático e do rico suprimento sanguíneo, o timo tem um aspecto avermelhado em um organismo vivo. Com a idade, no entanto, infiltrações de tecido adiposo substituem o Amanda Karen - @mundo_fashiion tecido linfático e o timo assume cada vez mais uma cor amarelada pela invasão de gordura, dando a falsa impressão de um tamanho reduzido. Contudo, o tamanho real do timo, definido pela sua cápsula de tecido conjuntivo, não se altera. Em recém-nascidos, o timo tem massa de aproximadamente 70 g. É depois da puberdade que o tecido adiposo e conjuntivo areolar começa a substituir o tecido do timo. No momento em que a pessoa alcança a maturidade, a parte funcional da glândula está consideravelmente reduzida; na terceira idade, a parte funcional pode pesar apenas 3 g. Antes de o timo atrofiar, ele povoa os órgãos e tecidos linfáticos secundários com linfócitos T. No entanto, alguns linfócitos T continuam proliferando no timo ao longo da vida do indivíduo, mas esta quantidade diminui com a idade. Linfonodos – TORTORA, 2016 O parênquima (parte funcional) de um linfonodo é dividido em um córtex superficial e em uma medula profunda. O córtex é constituído por um córtex externo e um córtex interno. Dentro do córtex externo estão agregados de linfócitos B em forma de ovo chamados de nódulos linfáticos (folí- culos). Um nódulo linfático que consiste principalmente em linfócitos B é chamado de nódulo linfático primário. A maior parte dos nódulos linfáticos no córtex externo são nódulos linfáticos secundários, que se formam em resposta a um antígeno e são locais de formação de plasmócitos e linfócitos B de memória. Depois que os linfócitos B em um nódulo linfático primário reconhecem um antígeno, o nódulo linfático primário se desenvolve em um nódulo linfático secundário. O centro de um nódulo linfático secundário contém uma região de células de coloração clara chamada centro germinativo. No centro germinativo estão linfócitos B, células dendríticas foliculares (um tipo especial de célula dendrítica) e macrófagos. Quando as células dendríticas foliculares “apresentam” um antígeno, os linfócitos B proliferam e se tornam plasmócitos produtores de anticorpos ou linfócitos B de memória. Os linfócitos B de memória persistem após uma resposta imune inicial e se “lembram” de ter encontrado um antígeno específico. Os linfócitos B que não se desenvolvem corretamente sofrem apoptose e são destruídos por macrófagos. A região de um nódulo linfático secundário em torno do centro germinativo é constituída por densos acúmulos de linfócitos B que migraram de seus locais de origem no interior do nódulo. O córtex interno não contém linfonodos. Ele consiste principalmente em linfócitos T e células dendríticas que entram no linfonodo a partir de outros tecidos. As células dendríticas apresentam os antígenos aos linfócitos T, levando à sua proliferação. Os linfócitos T recentemente formados então migram do linfonodo para áreas do corpo em que há atividade antigênica. A medula de um linfonodo contém linfócitos B, plasmócitos produtores de anticorpos que migraram do córtex para a medula, e macrófagos. As várias células são incorporadas em uma rede de fibras reticulares e células reticulares. Baço – TORTORA, 2016 É a maior massa única de tecido linfático do corpo. Está localizado na região do hipocôndrio esquerdo, entre o estômago e o diafragma. A face superior do baço é lisa e convexa e se adapta à face côncava do diafragma. Os órgãos vizinhos fazem endentações na face visceral do baço – a impressão gástrica (estômago), a impressão renal (rim esquerdo) e a impressão cólica (flexura esquerda do colo). Como os linfonodos, o baço tem um hilo. Através dele passam a artéria esplênica, a veia esplênica e os vasos linfáticos eferentes. Uma cápsula de tecido conjuntivo denso envolve o baço e por sua vez é recoberta por uma túnica serosa, o peritônio visceral. Trabéculas se estendem internamente a partir da cápsula. A cápsula mais as trabéculas, fibras reticulares e fibroblastos constituem o estroma do baço; o parênquima do baço é composto por dois tipos diferentes de tecido chamados de polpa branca e polpa vermelha.A polpa branca é composta por tecido linfático, que consiste principalmente em linfócitos e macrófagos dispostos em torno de ramos da artéria esplênica chamados de artérias centrais. A polpa vermelha é constituída por seios venosos cheios de sangue e cordões de tecido esplênico chamado cordões esplênicos ou cor- dões de Billroth. Os cordões esplênicos são constituídos por eritrócitos, macrófagos, linfócitos, plasmócitos e granulócitos. Na polpa branca, os linfócitos B e os linfócitos T desempenham funções imunológicas, semelhantemente ao que ocorre nos linfonodos, enquanto os macrófagos do baço destroem agentes patogênicos que estão no sangue por fagocitose. Dentro da polpa vermelha, o baço desempenha três funções relacionadas com as células de sangue: Amanda Karen - @mundo_fashiion 1. Remoção de células do sangue e plaquetas que estejam rompidas, desgastadas ou defeituosas pelos macrófagos; 2. Armazenamento de até um terço do suprimento de plaquetas do organismo; e 3. Produção de células sanguíneas (hematopoese) durante a vida fetal. Nódulos linfáticos (folículos) – TORTORA, 2016 São massas ovaladas de tecido linfático que não são cercadas por uma cápsula. Como estão espalhados por toda a lâmina própria (tecido conjuntivo) das túnicas mucosas que revestem os sistemas digestório, urinário e genital e as vias respiratórias, os nódulos linfáticos nessas áreas são também chamados de tecido linfoide associado a mucosa (MALT). Embora muitos linfonodos sejam pequenos e solitários, alguns ocorrem em múltiplos grandes agregados em partes específicas do corpo. Entre estes estão as tonsilas na região da faringe e os nódulos linfáticos agregados do íleo do intestino delgado. Os nódulos linfáticos agregados também ocorrem no apêndice vermiforme. Normalmente há cinco tonsilas, que formam um anel na junção entre a cavidade oral e a parte oral da faringe e na junção entre a cavidade nasal e a parte nasal da faringe. As tonsilas estão estrategicamente posicionadas de modo a participar das respostas imunes contra substâncias estranhas inaladas ou ingeridas. A ímpar tonsila faríngea está embutida na parede posterior da parte nasal da faringe. As duas tonsilas palatinas se situam na região posterior da cavidade oral, uma de cada lado; estas são as tonsilas que costumam ser removidas em uma tonsilectomia. O par de tonsilas linguais, localizadas na base da língua, também podem precisar ser removidas durante uma tonsilectomia. Imunidade inata É uma imunidade inespecífica e inclui barreiras físicas e químicas externas fornecidas pela pele e pelas túnicas mucosas. Inclui também várias defesas internas, como as substâncias antimicrobianas, as células NK, os fagócitos, a inflamação e a febre. Primeira linha de defesa A pele e as túnicas mucosas do corpo são a primeira linha de defesa e fornecem tanto barreiras físicas quanto químicas, que dissuadem patógenos e substâncias estranhas de penetrar no corpo e causar doenças. Com suas muitas camadas de células queratinizadas bem unidas, a camada epitelial externa da pele – a epiderme – fornece uma extraordinária barreira física à entrada de microrganismos. Além disso, a disseminação periódica de células epidérmicas ajuda a remover os microrganismos da superfície da pele. As bactérias raramente penetram na superfície intacta da epiderme saudável. Contudo, se esta superfície for rompida por cortes, queimaduras ou perfurações, agentes patogênicos podem penetrar na epiderme e invadir tecidos adjacentes ou circular no sangue até outras partes do corpo. A camada epitelial das túnicas mucosas, que reveste as cavidades do corpo, secreta um líquido chamado de muco que lubrifica e umedece a superfície da cavidade. Como o muco é um pouco viscoso, retém muitos microrganismos e substâncias estranhas. A túnica mucosa do nariz tem pelos revestidos de muco que aprisionam e filtram microrganismos, poeira e poluentes do ar inalado. A túnica mucosa das vias respiratórias superiores contém cílios, projeções microscópicas pilifor- mes na superfície das células epiteliais. A ação de ondu- lação dos cílios impulsiona a poeira inalada e os microrganismos que ficam presos no muco em direção à garganta. A tosse e os espirros aceleram a expulsão do muco e de seus patógenos aprisionados do corpo. A deglutição do muco envia os agentes patogênicos para o estômago, onde o suco gástrico os destrói. Outros líquidos produzidos por vários órgãos também ajudam a proteger as superfícies epiteliais da pele e túnicas mucosas: O aparelho lacrimal dos olhos produz e drena as lágrimas em resposta a substâncias irritantes. O piscar espalha as lágrimas sobre a superfície do bulbo do olho e a ação contínua de lavagem das lágrimas ajuda a diluir microrganismos e a impedir que eles se fixem à superfície do olho. As lágrimas também contêm lisozima, uma enzima capaz de quebrar as paredes celulares das bactérias. Além das lágrimas, a lisozima é encontrada na saliva, no suor, nas secreções nasais e nos líquidos teciduais. A saliva, produzida pelas glândulas salivares, “lava” os microrganismos das superfícies dos dentes e da túnica mucosa da boca, de modo semelhante a como as lágrimas lavam os olhos. O fluxo de saliva reduz a colonização da boca por microrganismos. A limpeza da uretra pelo fluxo de urina retarda a colonização microbiana do sistema urinário. As secreções vaginais igualmente movem os microrga- nismos para fora do corpo nas mulheres, são discreta- mente ácidas, o que inibe o crescimento bacteriano. Amanda Karen - @mundo_fashiion A defecação e o vômito também expulsam microrganis- mos. Por exemplo, em resposta a algumas toxinas microbianas, a musculatura lisa da parte baixa do sistema digestório se contrai vigorosamente; a diarreia resultante expele rapidamente muitos dos microrganismos. Determinados produtos químicos também contribuem para o elevado grau de resistência da pele e das túnicas mucosas à invasão microbiana. As glândulas sebáceas da pele secretam uma substância oleosa chamada sebo, que forma uma película de proteção sobre a superfície da pele. Os ácidos graxos insaturados do sebo inibem o crescimento de determinadas bactérias e fungos patogênicos. A acidez da pele (pH de 3 a 5) é causada em parte pela secreção de ácidos graxos e ácido láctico. A transpiração ajuda a eliminar os microrganismos da superfície da pele. O suco gástrico, produzido pelas glândulas gástricas, é uma mistura de ácido clorídrico, enzimas e muco. A forte acidez do suco gástrico (pH 1,2 a 3,0) destrói muitas bactérias e a maior parte das toxinas bacterianas. Segunda linha de defesa Defesa interna, composta por: substâncias antimicrobianas internas, fagócitos, células NK, inflamação e febre. Substâncias antimicrobianas Existem quatro tipos principais de substâncias antimicro- bianas que inibem o crescimento microbiano: interfero- nas, complemento, proteínas de ligação ao ferro e proteí- nas antimicrobianas. Os linfócitos, macrófagos e fibroblastos infectados com vírus produzem proteínas chamadas interferonas (IFN). Uma vez liberadas por células infectadas por vírus, as IFN se difundem para as células vizinhas não infectadas, onde induzem à síntese de proteínas antivirais que interferem na replicação viral. Embora a IFN não impeça que os vírus se fixem e penetrem nas células hospedeiras, eles interrompem sua replicação. Os vírus só causam doença se conseguirem se replicar dentro das células do corpo. A IFN é uma importante defesa contra a infecção por muitos vírus diferentes. Os três tipos de interferonas são IFN alfa, IFN beta e IFN gama. Um grupo de proteínas normalmente inativas no plasma sanguíneo e nas membranas plasmáticas compõe o sistema complemento. Quandoativadas, essas proteínas “complementam” ou melhoram determinadas reações imunológicas. O sistema complemento provoca citólise de microrganismos, promove a fagocitose e contribui para a inflamação. As proteínas de ligação ao ferro inibem o crescimento de determinadas bactérias, reduzindo a quantidade de ferro disponível. Exemplos incluem a transferrina (encontrada no sangue e nos líquidos teciduais), a lactoferrina (encon- trada no leite, na saliva e no muco), a ferritina (encontra- da no fígado, no baço e na medula óssea) e a hemoglo- bina (encontrada nos eritrócitos). As proteínas antimicrobianas (PAM) são peptídios curtos que têm um largo espectro de atividade antimicrobiana. Exemplos de PAM são a dermicidina (produzida pelas glândulas sudoríferas), as defensinas e catelicidinas (produzidas por neutrófilos, macrófagos e epitélios) e a trombocidina (produzida pelas plaquetas). Além de matar uma vasta gama de microrganismos, as PAM podem atrair células dendríticas e mastócitos, que participam das respostas imunes. Curiosamente, os microrganismos expostos à PAM não parecem desenvolver resistência, como muitas vezes acontece com os antibióticos. Células NK e fagócitos Quando microrganismos penetram na pele e nas túnicas mucosas ou passam pelas substâncias antimicrobianas do sangue, a próxima defesa inespecífica consiste nas células NK e fagócitos. Aproximadamente 5 a 10% dos linfócitos do sangue são células NK (natural killer). Elas também são encontradas no baço, nos linfonodos e na medula óssea. As células NK não apresentam moléculas de membrana que identificam os linfócitos B e T, mas têm a capacidade de matar uma vasta variedade de células infectadas do corpo e algumas células tumorais. As células NK atacam as células do corpo que apresentam proteínas de membrana plasmática anormais ou incomuns. A ligação das células NK a uma célula-alvo, como uma célula humana infectada, provoca a liberação de grânulos que contêm substâncias tóxicas das células NK. Alguns grânulos contêm uma proteína chamada perforina, que se insere na membrana plasmática da célula-alvo e cria canais na membrana. Como resultado, o líquido extracelular flui para a célula-alvo e a célula explode, em um processo chamado de citólise. Outros grânulos de células NK liberam granzimas, que são enzimas que digerem as proteínas que induzem as célula-alvo à apoptose, ou autodestruição. Este tipo de ataque mata as células infectadas, mas não os microrganismos intracelulares; os microrganismos liberados, os quais podem ou não estar intactos, podem ser destruídos pelos fagócitos. Os fagócitos são células especializadas que realizam a fagocitose, a ingestão de microrganismos ou outras partículas como os restos celulares. Os dois tipos principais de fagócitos são os neutrófilos e os macrófa- gos. Quando ocorre uma infecção, os neutrófilos e monócitos migram para a área infectada. Amanda Karen - @mundo_fashiion Durante essa migração, os monócitos aumentam de tamanho e se desenvolvem em macrófagos ativamente fagocíticos chamados macrófagos errantes. Outros macrófagos, chamados de macrófagos fixos, montam guarda em tecidos específicos. Entre os macrófagos fixos estão os histiócitos (macró- fagos do tecido conjuntivo), as células reticuloendoteliais estreladas presentes no fígado, macrófagos álveola- res encontrados nos pulmões, células microgliais no sistema nervoso e macrófagos teciduais no baço, nos linfonodos e na medula óssea. Além de ser um mecanismo da defesa inata, a fagocitose desempenha um papel vital na imunidade adaptativa. A fagocitose ocorre em cinco fases: quimiotaxia, aderência, ingestão, digestão e morte: 1. Quimiotaxia. A fagocitose começa com a qui- miotaxia, um movimento estimulado química- mente dos fagócitos para um local de dano. Os produtos químicos que atraem os fagócitos poderiam vir de microrganismos invasores, leu- cócitos, células teciduais danificadas ou proteínas do complemento ativadas. 2. Aderência. A fixação do fagócito ao microrganismo ou outro material estranho é denominada aderência. A ligação de proteínas do complemento ao agente patogênico invasor aumenta a aderência. 3. Ingestão. A membrana plasmática do fagócito estende projeções, chamadas pseudópodos, que engolfam o microrganismo em um processo chamado de fagocitose. Quando os pseudópo- dos se encontram, eles se fundem, envolvendo o microrganismo em uma bolsa chamada de fagossomo. 4. Digestão. O fagossomo entra no citoplasma e se funde aos lisossomos para formar uma estrutura única e maior chamada fagolisossomo. O lisos- somo auxilia a lisozima, que quebra as paredes célulares microbianas, e outras enzimas digesti- vas que degradam carboidratos, proteínas, lipídios e ácidos nucleicos. O fagócito também forma oxidantes letais, como ânion superóxido (O2–), ânion hipoclorito (OCl–) e peróxido de hidrogênio (H2O2), em um processo chamado de explosão oxidativa. 5. Morte. O ataque químico fornecido pela lisozima, pelas enzimas digestivas e pelos oxidantes dentro de um fagolisossomo mata rapidamente muitos tipos de microrganismos. Qualquer material que não pode ser degradado permanece em estruturas chamadas corpos residuais. Inflamação É uma resposta de defesa não específica do organismo à lesão tecidual. Entre as condições que podem provocar inflamação estão patógenos, abrasões, irritações químicas, distorções ou distúrbios celulares, e tempera- turas extremas. Os quatro sinais e sintomas característicos da inflamação são vermelhidão, dor, calor e edema. A inflamação também pode causar uma perda funcio- nal no local da lesão (p. ex., a incapacidade de detectar sensações), dependendo da localização e extensão da lesão. A inflamação é uma tentativa de eliminar microrga- nismos, toxinas ou material estranho do local da lesão, evitar sua propagação para outros tecidos, e preparar o local para o reparo tecidual em uma tentativa de restaurar a homeostasia do tecido. Como a inflamação é um dos mecanismos de defesa inespecíficos do corpo, a resposta de um tecido a um corte é semelhante à resposta aos danos causados por queimaduras, radiação ou invasão bacteriana ou viral. Em cada caso, a resposta inflamatória tem três fases básicas: (1) vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, (2) migração dos fagócitos do sangue para o líquido intersticial e, por fim, (3) reparo tecidual. → Vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos Duas alterações imediatas ocorrem nos vasos sanguíneos em uma região de lesão tecidual: dilatação das arteríolas e aumento da permeabilidade dos capilares. O aumento da permeabilidade significa que as substâncias normalmente retidas no sangue são autorizadas a sair dos vasos sanguíneos. A vasodilatação possibilita maior fluxo sanguíneo na área danificada, e o aumento da permeabilidade possibilita que as proteínas de defesa, como os anticorpos e fatores de coagulação, entrem na área da lesão provenientes do sangue. O aumento do fluxo sanguíneo também ajuda a eliminar toxinas microbianas e células mortas. Entre as substâncias que contribuem para a vasodilatação, aumento da permeabilidade e outros aspectos da resposta inflamatória estão: Histamina. Em resposta a uma lesão, os mastócitos no tecido conjuntivo e os basófilos e plaquetas no sangue liberam histamina. Os neutrófilos e macrófagos atraídos ao local da lesão também estimulam a liberação de Amanda Karen - @mundo_fashiion histamina, que causa vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos Cininas. Polipeptídios formados no sangue a partir de precursores inativos chamados cininogênios (cininas) induzem vasodilatação e aumento da permeabilidade e servem como agentes quimiotáticos para os fagócitos.Um exemplo de cinina é a bradicinina Prostaglandinas. As prostaglandinas (PG), especialmente aquelas da série E, são liberadas por células danificadas e intensificam os efeitos da histamina e das cininas. As PG também podem estimular a migração de fagócitos através das paredes dos capilares Leucotrienos. Produzidos por basófilos e mastócitos, os leucotrienos (LT) causam aumento da permeabilidade; também atuam na adesão dos fagócitos aos patógenos e como agentes quimiotáticos que atraem os fagócitos. Complemento. Diferentes componentes do sistema complemento estimulam a liberação de histamina, atraem neutrófilos por quimiotaxia e promovem a fagocitose; alguns componentes também podem destruir bactérias. A dilatação das arteríolas e o aumento da permeabilidade dos capilares produzem três dos sinais e sintomas da inflamação: calor, vermelhidão (eritema) e tumefação (edema). O calor e a vermelhidão resultam da grande quantidade de sangue que se acumula na área danificada. À medida que a temperatura local sobe discretamente, as reações metabólicas decorrem mais rapidamente e liberam calor adicional. O edema resulta do aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, que possibilita que mais líquido se mova do plasma sanguíneo para os espaços teciduais. A dor é o principal sintoma da inflamação. É decorrente da lesão dos neurônios e de produtos químicos tóxicos liberados por microrganismos. As cininas afetam algumas terminações nervosas, causando grande parte da dor associada à inflamação. As prostaglandinas intensificam e prolongam a dor associada à inflamação. A dor também pode ser decorrente do aumento da pressão pelo edema. O aumento da permeabilidade dos capilares possibilita o vazamento de fatores de coagulação do sangue para os tecidos. A cascata de coagulação é colocada em movimento, e o fibrinogênio é por fim convertido em uma malha espessa insolúvel de fios de fibrina que localiza e aprisiona microrganismos invasores e bloqueia sua propagação. → Migração dos fagócitos Dentro de 1 h do início do processo inflamatório, os fagócitos aparecem em cena. Como grandes quantidades de sangue se acumulam, os neutrófilos começam a aderir à superfície interna do endotélio dos vasos sanguíneos. Em seguida, os neutrófilos começam a se espremer através da parede do vaso sanguíneo para alcançar a área danificada. Este processo, chamado de migração, depen- de da quimiotaxia. Os neutrófilos tentam destruir os microrganismos invasores por fagocitose. Um fluxo constante de neutrófilos é assegurado pela produção e liberação de células adicionais pela medula óssea. Esse aumento de leucócitos no sangue é chamado de leucocitose. Embora os neutrófilos predominem nas fases iniciais da infecção, eles morrem rapidamente. Conforme a resposta inflamatória continua, os monócitos seguem os neutrófilos em direção à área infectada. Uma vez no tecido, os monócitos se transformam em macrófagos errantes, que contribuem para a atividade fagocitária dos macrófagos fixos já presentes. Fiéis ao seu nome, os macrófagos são fagócitos muito mais potentes do que os neutrófilos. Eles são grandes o suficiente para engolfar o tecido danificado, os neutrófilos rompidos e os microrganismos invasores. Por fim, os macrófagos também morrem. Dentro de alguns dias, forma-se um bolsão de células fagocíticas mortas e tecidos danificados; esta coleção de células mortas e líquido é chamada de pus. A formação de pus ocorre na maior parte das respostas inflamatórias e geralmente continua até que a infecção desapareça. Às vezes, o pus alcança a superfície do corpo ou drena para dentro de uma cavidade interna e é dispersado; em outras ocasiões, o pus permanece mesmo depois de a infecção ter terminado. Neste caso, o pus é destruído gradualmente ao longo de um período de dias e é absorvido. Febre Consiste em uma temperatura anormalmente elevada do corpo que ocorre porque o termostato hipotalâmico é reconfigurado. Geralmente ocorre durante uma infecção e inflamação. Muitas toxinas bacterianas elevam a temperatura corporal, às vezes ao desencadear a liberação de citocinas que causam febre, como a interleucina-1 dos macrófagos. A temperatura corporal elevada intensifica os efeitos das interferonas, inibe o Amanda Karen - @mundo_fashiion crescimento de alguns microrganismos e acelera a reação do corpo que auxilia no reparo. Imunidade adaptativa É a capacidade do corpo de se defender contra agentes invasores específicos, como bactérias, toxinas, vírus e tecidos estranhos, uma imunidade específica. As substâncias que são reconhecidas como estranhas e provocam respostas imunes são chamadas de antígenos (Ag). Duas propriedades distinguem a imunidade adaptativa da imunidade inata: 1. especificidade para determinadas moléculas estranhas (antígenos), que também envolve a distinção entre moléculas suas e não suas. 2. memória para a maior parte dos antígenos encontrados previamente, de modo que um segundo contato pede uma resposta ainda mais rápida e vigorosa. Tipos de imunidade adaptativa Existem dois tipos de imunidade adaptativa: a imunidade celular e a imunidade humoral. Ambos os tipos são desencadeados por antígenos. Na imunidade celular, os linfócitos T citotóxicos atacam diretamente os antígenos invasores. Na imunidade humoral, os linfócitos B se transformam em plasmócitos, que sintetizam e secretam proteínas específicas que são chamadas anticorpos (Ac) ou imuno- globulinas (Ig). Um dado anticorpo pode se ligar a um antígeno específico e inativá-lo. Os linfócitos T auxiliares ajudam nas respostas imunes, tanto celular quanto humoral. A imunidade celular é particularmente efetiva contra: 1. Agentes patogênicos intracelulares, que incluem quaisquer tipos de vírus, bactérias ou fungos que estejam no interior das células; 2. Algumas células cancerígenas; 3. e, tecidos transplantados. Assim, a imunidade celular sempre envolve células que atacam células. A imunidade humoral atua principalmente contra microrganismos patogênicos extracelulares, os quais incluem vírus, bactérias ou fungos que estejam nos líquidos corporais fora das células. Uma vez que a imunidade humoral envolve anticorpos que se ligam a antígenos em humores ou líquidos corporais (como sangue e linfa), ela recebe este nome. Seleção clonal As inúmeras cópias do antígeno inicialmente superam o pequeno grupo de linfócitos T auxiliares, linfócitos T citotóxicos e linfócitos B com os receptores de antígenos corretos para responder a esse antígeno. Por conseguinte, quando cada um destes linfócitos encontra uma cópia do antígeno e recebe sinais estimulatórios, ele subsequentemente sofre seleção clonal. A seleção clonal é o processo pelo qual um linfócito pro- lifera e se diferencia em resposta a um antígeno específi- co que resulta a formação de uma população de células idênticas, chamada clone, que é capaz de reconhecer o mesmo antígeno específico que o linfócito original. Antes da primeira exposição a um determinado antígeno, apenas alguns linfócitos são capazes de reconhecê-lo, mas uma vez que a seleção clonal ocorre, existem milhares de linfócitos que podem responder a esse antígeno. A seleção clonal dos linfócitos ocorre nos órgãos e tecidos linfáticos secundários. O aumento de tamanho das tonsilas ou dos linfonodos em seu pescoço que você apresentou da última vez que esteve doente provavelmente foi causado pela seleção clonal dos linfócitos que participam de uma resposta imune. Antígenos e receptores de antígenos Os antígenos têm duas características importantes: imunogenicidade e reatividade. A imunogenicidade é a capacidade de provocar uma resposta imune, estimulando a produção de anticorpos específicos, a proliferação de linfócitos Tespecíficos, ou ambos. O termo antígeno deriva de sua função como um gerador de anticorpo. A reatividade é a capacidade do antígeno de reagir especificamente aos anticorpos ou células que o provocaram. Microrganismos inteiros ou partes de microrganismos podem atuar como antígenos. Componentes químicos de estruturas bacterianas, como flagelos, cápsulas e paredes celulares, são antigênicos, como o são as toxinas bacterianas. Exemplos não microbianos de antígenos incluem os componentes químicos do pólen, clara de ovo, células sanguíneas incompatíveis e tecidos e órgãos transplantados. A enorme variedade de antígenos no ambiente proporciona inúmeras oportunidades para provocar respostas imunológicas. Normalmente, apenas partes pequenas específicas de uma grande molécula de antígeno atuam como gatilhos para as respostas imunes. Estas pequenas partes são Amanda Karen - @mundo_fashiion chamadas de epítopos, ou determinantes antigênicos. A maior parte dos antígenos tem muitos epítopos, cada um dos quais induz à produção de um anticorpo específico ou ativa um linfócito T específico. Os antígenos que ultrapassaram as defesas inatas geralmente seguem uma de três vias até o tecido linfático: (1) a maior parte dos antígenos que entra na corrente sanguínea (p. ex., por meio de um vaso sanguíneo lesionado) é aprisionada enquanto flui através do baço. (2) Os antígenos que penetram na pele entram nos vasos linfáticos e se alojam nos linfonodos. (3) Os antígenos que penetram nas túnicas mucosas são aprisionados pelo tecido linfoide associado a mucosa (MALT). Natureza química dos antígenos Os antígenos são moléculas grandes e complexas. Na maior parte das vezes, são proteínas. No entanto, ácidos nucleicos, lipoproteínas, glicoproteínas e determinados polissacarídeos grandes também podem atuar como antígenos. Os antígenos completos geralmente têm grandes pesos moleculares, de 10.000 dáltons ou mais; porém, moléculas grandes que têm subunidades simples e repetitivas – como por exemplo a celulose e a maior parte dos plásticos – geralmente não são antigênicas. É por isso que materiais de plástico podem ser usados em valvas cardíacas protéticas ou próteses articulares. Uma substância que tem menor reatividade, mas sem imunogenicidade, é denominada um hapteno. Um hapteno pode estimular uma resposta imune apenas se estiver acoplado a uma molécula transportadora maior. Um exemplo é a pequena toxina lipídica da hera venenosa, que desencadeia uma resposta imune após combinação com uma proteína do corpo. Do mesmo modo, alguns medicamentos, como a penicilina, podem se combinar a proteínas do corpo para formar complexos imunogênicos. Estas respostas imunológicas estimuladas pelo hapteno são responsáveis por algumas reações alérgicas a medicamentos e outras substâncias do ambiente. Como regra geral, os antígenos são substâncias estranhas; eles geralmente não fazem parte dos tecidos do corpo. No entanto, às vezes, o sistema imunológico não é capaz de distinguir o “self” (próprio) do “não self” (não próprio). O resultado é uma doença autoimune, em que moléculas ou células do indivíduo são atacadas como se fossem estranhas. Diversidade de receptores de antígeno Uma característica surpreendente do sistema imunológico humano é a sua capacidade de reconhecer e se ligar a pelo menos um bilhão (109) de epítopos diferentes. Antes de um antígeno específico entrar no corpo, linfócitos T e linfócitos B que podem reconhecer e responder ao intruso estão prontos e à espera. As células do sistema imunológico podem até mesmo reconhecer moléculas produzidas artificialmente que não existem na natureza. A base para a capacidade de reconhecer tantos epítopos é uma diversidade igualmente grande de receptores de antígeno. A diversidade de receptores de antígeno nos linfócitos B e nos linfócitos T é decorrente do embaralhar e rearranjar de algumas centenas de versões de vários segmentos de pequenos genes. Este processo é chamado de recombi- nação genética. Os segmentos de genes são unidos em diferentes combinações conforme os linfócitos estão se desenvolvendo a partir das células-tronco da medula óssea e do timo. A situação é semelhante à quando se embaralha um baralho de 52 cartas e, em seguida, distribui três cartas. Se você fizer isso repetidamente, pode produzir muito mais do que 52 conjuntos diferentes de três cartas. Por causa da recombinação genética, cada linfócito B ou linfócito T tem um conjunto único de segmentos de gene que codifica para um receptor de antígeno único. Após a transcrição e a tradução, as moléculas receptoras são inseridas na membrana plasmática. Antígenos do complexo principal de histocompatibili-dade Localizados na membrana plasmática das células do corpo estão os “autoantígenos”, os antígenos do complexo principal de histocompatibilidade (MHC). Estas glicoproteínas transmembrana são também chamadas de antígenos leucocitários humanos (HLA), porque foram primeiramente identificadas em leucócitos. A menos que você tenha um irmão gêmeo idêntico, seus antígenos do MHC são únicos. Milhares de moléculas de MHC marcam a superfície de cada uma das células do seu corpo, exceto os eritrócitos. Embora os antígenos do MHC sejam o motivo de os tecidos serem rejeitados quando são transplantados de uma pessoa para outra, sua função normal é ajudar os linfócitos T a reconhecer que um antígeno é estranho, não próprio. Este reconhecimento é um primeiro passo importante em qualquer resposta imune adaptativa. Os dois tipos de antígenos do complexo principal de histocompatibilidade são os de classe I e classe II. As moléculas do MHC de classe I (MHC-I) são construídas nas membranas plasmáticas de todas as células do corpo, exceto os eritrócitos. As moléculas do MHC de classe II (MHC-II) aparecem na superfície das células apresentadoras de antígeno. Amanda Karen - @mundo_fashiion Vias do processamento de antígeno Para que uma resposta imune ocorra, os linfócitos B e os linfócitos T devem reconhecer que um antígeno estranho está presente. Os linfócitos B podem reconhecer e se ligar a antígenos na linfa, líquido intersticial ou plasma sanguíneo. Os linfócitos T reconhecem apenas fragmentos de proteínas antigênicas que são processados e apresentados de uma determinada maneira. No processamento do antígeno, as proteínas antigênicas são divididas em fragmentos peptídicos que, em seguida, se associam a moléculas do MHC. Em seguida, o complexo antígeno-MHC é inserido na membrana plasmática de uma célula do corpo. A inserção do complexo na membrana plasmática é chamada de apresentação do antígeno. Quando um fragmento de peptídeo vem de uma autoproteína, os linfócitos T ignoram o complexo antígeno-MHC. No entanto, se o fragmento de peptídeo vem de uma proteína estranha, os linfócitos T reconhecem o complexo antígeno-MHC como um intruso, e ocorre uma resposta imune. O processamento e apresentação de antígenos ocorrem de duas maneiras, dependendo de o antígeno estar localizado no exterior ou no interior das células. Processamento de antígenos exógenos Antígenos estranhos existentes nos líquidos corporais fora das células são chamados antígenos exógenos. Eles incluem invasores como bactérias e toxinas bacterianas, helmintos, pólen e poeira inalados e vírus que ainda não infectaram uma célula do corpo. Uma classe especial de células chamadas células apresentadoras de antígeno (CAA) processam e apresentam os antígenos exógenos. As CAA incluem as células dendríticas, os macrófagos e os linfócitos B. Elas estão estrategicamente posicionadas em lugares onde os antígenos são suscetíveis de penetrar as defesas inatas e entrar no corpo, como a epiderme e a derme da pele (os macrófagos intraepidérmicos sãoum tipo de célula dendrítica); as túnicas mucosas que revestem os sistemas respiratório, digestório, urinário e genital; e os linfonodos. Após o processamento e apresentação de um antígeno, as CAA migram dos tecidos para os linfonodos por meio dos vasos linfáticos. As etapas do processamento e apresentação de um antígeno exógeno por uma célula apresentadora de antígeno ocorrem do seguinte modo: 1. Ingestão do antígeno. As células apresentadoras de antígenos ingerem os antígenos exógenos por fagocitose ou endocitose. A ingestão pode ocorrer em qualquer lugar do corpo em que invasores, como os microrganismos, tenham penetrado as defesas inatas. 2. Digestão do antígeno em fragmentos peptídicos. Dentro do endossoma ou fagossomo, enzimas que digerem proteínas dividem grandes antígenos em fragmentos peptídicos curtos. 3. Síntese de moléculas de MHC-II. Ao mesmo tempo, a CAA sintetiza moléculas de MHC-II no retículo endoplasmático (RE). 4. Envolvimento das moléculas de MHC-II. Uma vez sintetizadas, as moléculas de MHC-II são envolvidas em vesículas. 5. Fusão de vesículas. As vesículas contendo fragmentos peptídicos de antígenos e moléculas MHC-II são misturadas e fundidas. 6. Ligação de fragmentos peptídicos a moléculas de MHC-II. Depois da fusão dos dois tipos de vesículas, fragmentos peptídicos de antígeno se ligam a moléculas de MHC-II. 7. Inserção dos complexos antígeno-MHC-II na membrana plasmática. A vesícula combinada que contém complexos antígeno-MHC-II sofre exocitose. Como resultado, os complexos antígeno-MHC-II são inseridos na membrana plasmática. Depois de processar um antígeno, a célula apresentadora de antígeno migra para o tecido linfático para apresentar o antígeno aos linfócitos T. Dentro do tecido linfático, uma pequena quantidade de linfócitos T que tenha receptores com forma compatível reconhece e se liga ao complexo fragmento de antígeno-MHC-II, desencade- ando uma resposta imune adaptativa. A apresentação do antígeno exógeno em conjunto com as moléculas de MHC-II pelas células apresentadoras de antígenos informa os linfócitos T que invasores estão presentes no corpo e que uma ação combativa deve ser iniciada. Processamento de antígenos endógenos Antígenos estranhos no interior das células do corpo são denominados antígenos endógenos. Estes antígenos podem ser proteínas virais produzidas depois que um vírus infecta a célula e assume seu aparato metabólico, toxinas produzidas por bactérias intracelulares, ou proteínas anormais sintetizadas por uma célula cancerígena. Amanda Karen - @mundo_fashiion As etapas do processamento e apresentação de um antígeno endógeno por uma célula do corpo infectada ocorrem do seguinte modo: 1. Digestão de um antígeno em fragmentos peptídicos. Dentro da célula infectada, enzimas que digerem proteínas clivam o antígeno endógeno em fragmentos peptídicos curtos. 2. Síntese de moléculas MHC-I. Ao mesmo tempo, a célula infectada sintetiza moléculas do MHC-I no retículo endoplasmático (RE). 3. Ligação dos fragmentos peptídicos às moléculas do MHC-I. Os fragmentos peptídicos de antígeno entram no RE e, em seguida, se ligam às moléculas do MHC-I. 4. Envolvimento das moléculas de antígeno-MHC- I. A partir do RE, as moléculas de antígeno-MHC- I são envolvidas em vesículas. 5. Inserção de complexos antígeno-MHC-I na membrana plasmática. As vesículas que contêm complexos de antígeno-MHC-I sofrem exocitose. Como resultado, os complexos de antígeno- MHC-I são inseridos na membrana plasmática. A maior parte das células do corpo é capaz de processar e apresentar antígenos endógenos. A exibição de um antígeno endógeno ligado a uma molécula de MHC-I sinaliza que uma célula foi infectada e precisa de ajuda. Citocinas São pequenos hormônios proteicos que estimulam ou inibem muitas funções celulares normais, como o crescimento e a diferenciação celular. Os linfócitos e as células apresentadoras de antígeno secretam citocinas, assim como os fibroblastos, as células endoteliais, os monócitos, os hepatócitos e as células renais. Algumas citocinas estimulam a proliferação de células progenito- ras do sangue na medula óssea. Outras regulam as atividades das células envolvidas nas defesas inatas ou respostas imunes adaptativas.
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