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TBL 3 - HIPERTIREOIDISMO DANIELA FRANCO FISIOLOGIA DOS HORMÔNIOS DA TIREOIDE As células foliculares da glândula tireoide são especializadas em sintetizar proteína precursora tireoglobulina, concentrar o iodo proveniente da circulação sanguínea intracelularmente e expressar um receptor que se liga ao tireotrofma (TSH), o qual promove o crescimento dos tirócitos e suas funções biossintéticas. A síntese de T4 e T3 pela glândula tireoide envolve seis etapas principais: (1) transporte ativo do iodo através da membrana basal para dentro da célula tireóidea (aprisionamento); (2) oxidação do iodo e iodização dos resíduos de tirosil na tireoglobulina (organificação); (3) ligação de pares de moléculas de tirosina na tireoglobulina para a formação das iodotireoninas T 3 e T4 (pareamento); (4) pinocitose e proteólise da tireoglobulina com liberação das iodotironinas e iodotirosinas livres para a circulação; (5) deiodinação das iodotirosinas nas células da tireoide, com conservação e reutilização do iodo liberado; (6) 5' -deiodinação intratireoidiana do T4 em T 3 Os hormônios tireoidianos circulam na corrente sanguínea ligados a transferrina (pré-albumina) e albumina. O hipotálamo libera TRH estimula as células tireotróficas na adeno-hipófise a produzir o TSH, o qual, por sua vez, promove o crescimento da glândula tireoide e a secreção hormonal. Além disso, as deiodinases na hipófise e nos tecidos periféricos modulam os efeitos dos hormônios da tireoide por meio da conversão específica tecidual do T4, em T3, uma iodotironina mais ativa. Por fim, os efeitos moleculares do T3 nos tecidos individuais são modulados pelo receptor específico de T3 com o qual interage; pela resposta de ativação ou repressão do gene especifico que induz; O TRH é armazenado na eminência mediana do hipotálamo e então transportado via sistema venoso porta-hipofisário pela haste hipofisária até a hipófise anterior, onde controla a síntese e a liberação de TSH. O TSH controla o crescimento das células da tireoide e a produção hormonal. A ligação do TSH ativa AMPc e as vias fosfoinositol para a transdução. A causa mais comum de distúrbio do receptor de TSH que ocasiona hipertireoidismo é a doença de Graves, na qual anticorpos ligam-se e estimulam o receptor de TSH. TSH: causa alteração morfológica nas células da tireoide (acelera a reabsorção de tireoglobulina), crescimento celular, metabolismo do iodo (desde um aumento na absorção e no transporte do iodo até o aumento da iodinação da tireoglobulina e o aumento da secreção dos hormônios da tireoide e da tireoglobulina) A síntese e a liberação de TSH são inibidas por altos níveis séricos de T4 e T3 (hipertireoidismo) e é estimulada por baixos níveis dos hormônios da tireoide (hipotireoidismo). Além disso, certos hormônios e fármacos inibem a secreção de TSH. Tais substâncias incluem a somatostatina, a dopamina e os agonistas da dopamina, como a bromocriptina, e altas doses de glicocorticoides. AÇÃO DOS HORMONIOS DA TIREOIDE O T3 aumenta o consumo de O2 e a produção de calor, em parte devido à estimulação da Na+ -K+ ATPase em todos os tecidos exceto cérebro, baço e testiculos. Isto contribui para o aumento da taxa metabólica basal e para o aumento da sensibilidade ao calor no hipertireoidismo - e o efeito oposto no hipotireoidismo. Os hormônios da tireoide estimulam a mitocondriogênese, aumentando a capacidade oxidativa da célula. Eles também induzem alterações na composição da proteína da membrana interna e dos lipídeos da mitocôndria, os quais aumentam o metabolismo oxidativo. O T 3 estimula a transcrição do retículo sarcoplasmático Ca ATPase, aumentando a taxa de relaxamento miocárdico diastólico. Os hormônios tireóideos aumentam o número dos receptores adrenérgicos no coração e no músculo esquelético, no tecido adiposo e nos linfócitos. Eles também podem amplificar a ação das catecolaminas no sítio pós- receptor. Muitas manifestações clínicas da tireotoxicose parecem refletir o aumento da sensibilidades às catecolaminas. HIPERTIREOIDISMO Explicar a fisiopatologia do hipertireoidismo e conhecer seus principais tipos de apresentação e causas; caracterizar clinicamente o hipertireoidismo; A tireotoxicose é a síndrome clínica que resulta da exposição dos tecidos a altos níveis de hormônios tireóideos circulantes. Como resultado, ocorre uma aceleração generalizada do processo metabólico. Na maioria das vezes, a tireotoxicose é causada por uma hiperatividade da glândula tireoide, ou hipertireoidismo. Manifestações clínicas: paciente mais agitado, bócio, alterações oculares, piscar frequente, taquicardia, palpitação, mãos úmidas, tremor, hipermenorreia, hiperdefecação (acelera o intestino), paciente emagrece (metabolismo acelerado) Diagnóstico sindrômico: avalia o eixo hipotálamo-hipófise- tireoide. Quando o problema central em hipófise e hipotálamo o TSH fica alto e T3 e T4 altos, quando é na tireoide o TSH fica baixo ou normal e T3 e T4 ficam altos (tireoide muito estimulada, por anticorpos por ex). No hipertireoidismo clínico (T3 e T4 altos) e subclínico (T3 e T4 normal) Podemos diferenciar hipertireoidismo e tireotóxicos sem hipertireoidismo (quando a pessoa ingere o hormônio não é a tireoide que está produzindo), faz exame de cintilografia que da iodo marcado por radiação se a tireoide funciona demais capta muito iodo e aparece, sem hipertireoidismo a tireoide não quer ido então fica menos marcado. DOENÇA DE GRAVES É o bócio tóxico difuso. É autoimune (autoanticorpos estimula receptor de hormônio tireoestimulante TRAb). O sexo feminino é acometido aproximadamente cinco vezes mais do que o sexo masculino. A doença pode ocorrer em qualquer idade, com pico de sua incidência na faixa etária entre os 20 e os 40 anos. OBS: Bócio Atóxico não produz hormônio; o toxico sim produz PATOGÊNESE: os linfócitos T tornam-se sensibilizados aos antígenos no interior da glândula tireoide e estimulam os linfócitos B a sintetizar anticorpos contra esses antígenos. Tal anticorpo é direcionado contra o receptor de TSH na membrana da célula da Tireoide, estimulando o crescimento e a função da glândula tireoide. O anticorpo é denomínado anticorpo estimula dor da tireoide (TSAb). A presença deste anticorpo circulante é positivamente correlacionada com doença em atividade. Existe uma predisposição genética subjacente, porém não está claro o fator desencadeante inicial do hipertireoidismo. Alguns fatores que podem provocar a resposta imune da doença de Graves são (I) gestação, período pós-parto; (2) excesso de iodo; (3) interferon-alfa, talvez devido à modificação da resposta imune; (4) infecções virais ou bacterianas; e (5) estresse psicológico. A patogênese da oftalmopatia pode envolver linfócitos citotóxicos (Células killer) e anticorpos citotóxicos sensibilizados a um anígeno comum, como o receptor de TSH que é encontrado nos fibroblastos orbitais, músculo orbital e tecido tireóide. As citocínas destes linfócitos sensibilizados podem ocasionar a ativação e a proliferação dos fibroblastos orbitais e dos pré-adipócitos, resultando em quantidades crescentes de gordura retro-orbital e de glicosaminoglicanos, assim como edema dos músculos oculares; isto resulta em proptose (protrusão) dos globos oculares. O tabagismo é um fator de risco para desenvolver. CLÍNICA: Em mais jovens, as manifestações mais comuns incluem palpitações, nervosismo, fadigabilidade, hipercinesia, polievacuações, sudorese excessiva, intolerância ao calor e preferência pelo frio. Com frequência há perda acentuada de peso sem perda de apetite. O aumento da tireoide, sinais oculares de tireotoxicose e taquicardia leve. Em crianças, ocorre um rápido crescimento com aceleração da maturação óssea. Mais de 60 anos de idade, predominam as manifestações cardiovasculares e miopáticas;as queixas mais comuns são palpitações, dispneia aos esforços, tremores, nervosismo e perda de peso A dermatopatia tireoidiana (em casca de laranja) consiste em um espessamento da pele, particularmente sobre a região inferior da tibial, devido ao acúmuJo de glicosaminoglicanos. Em geral está associada a uma oftalmopatia significativa e com títulos séricos bastante altos de TSAb. A pele encontra-se acentuadamente espessada, com uma superfície cutânea em casca de laranja, a qual não pode ser apreendida pelo pinçamento dos dedos. Acropatia: dedos em baquetas. E unhas quebradiças. SINAIS LABORATORIAIS: A combinação de um T4 elevado e um TSH suprimido completa o diagnóstico de hipertireoidismo. COMPLICAÇÕES: Crise tireotóxica (tempestade tireóidea) consiste na exacerbação aguda de todos os sinais e sintomas da tireotoxicose, com frequência apresentando-se na forma de uma síndrome que pode representar risco de morte. Apresentar-se simplesmente como uma reação febril sem causa aparente após uma cirurgia de tireoide em um paciente que foi preparado de modo inadequado. ADENOMA TÓXICO Um adenoma funcionante hipersecretor de T3 e T4 causa hipertireoidismo. Estas lesões iniciam na forma de um nódulo pequeno e de funcionamento autônomo que aumenta lentamente suas dimensões, produzindo quantidades excessivas de hormônios da tireoide. Isso suprime gradualmente a secreção endógena de TSH, resultando em uma redução da função do lobo glandular contralateral. BÓCIO TÓXICO MULTINODULAR Este distúrbio geralmente ocorre em pacientes idosos com bócio multinodular eutireóideo de longa duração. O paciente apresenta taquicardia, insuficiência cardíaca ou arritmia e ocasionalmente perda de peso, nervosismo, fraqueza, tremores e sudorese. O exame flsico revela um bócio multinodular que pode ser pequeno ou bastante grande, podendo até mesmo estender-se para a região subesternal. TIREOTOXICOSE INDUZIDA POR AMIODARONA A amiodarona é um fármaco antiarritmico que contém 37,3% de iodo por peso. No corpo, é armazenada na gordura, no miocárdio, no fígado e no pulmão, possuindo uma meia- vida de 50 dias. Em alguns pacientes, a tireotoxicose é ocasionada pelo excesso de iodo; em outros, é devida a uma tireoidite induzida por amiodarona, com inflamação e liberação do hormônio armazenado na corrente sanguínea em decorrência da inflamação da tireoide. TIREOTOXICOSE FACTÍCIA Trata-se de um distúrbio psiconeurótico no qual o paciente ingere furtivamente quantidades excessivas de T4 ou preparações de hormônios tireóideos, normalmente com a finalidade de controlar o peso. Os achados de tireotoxicose, incluindo perda de peso, nervosismo, palpitações, taquicardia e tremores podem estar presentes, porém o bócio e os sinais oculares estão ausentes. Caracteristicamente, o TSH está suprimido, os níveis séricos de T4 e T3 estão elevados, a tireoglobulina sérica é baixa e a captação de IR é nula. TIREOTROPINOMA É raro, um adenoma hipofisário produtor de TSH, diferencial com resistência ao hormônio tireoidiano TUMORES TROFOBLASTICOS Espermatozoide fertiliza um óvulo que não tem núcleo aí vira uma mola hidatiforme (benigna ou coriocarcinoma (maligna). Os altos níveis de HCG que estimula produzir TSH. TRATAMENTO Controle de sintomas adrenérgicos (betabloqueadores, propranolol ou atenolol) + redução da produção hormonal. Tionamidas: reduz produção de hormônios na tireoide Radioterapia: iodo radioativo destrói parte da tireoide Cirurgia: tira uma parte da tireoide. TRATAMENTO: Três bons métodos são disponíveis: (1) tratamento com medicação antitireoidiana, (2) cirurgia e (3) tratamento com iodo radiativo. A escolha do tratamento varia de acordo com a natureza e a gravidade da doença e os costumes predominantes. De modo geral, os fármacos antitireoidianos consistem em crianças, adolescentes e para adultos com doença leve e bócios pequenos. Em todos os outros pacientes, o iodo radiativo é o tratamento de escolha. A cirurgia pacientes com bócios grandes. A. Tratamento com fármacos antitireoidianos: (bloqueiam a ação das peroxidases, que organiza toda síntese de produção hormonal). Os fármacos antitireoidianos metimazol, carbimawl (não tem no Brasil) e PTU (propiltiuracil, usado na gestação e crise tireotóxica, +hepatotóxico) agem inibindo a iodinação mediada por TPO da tireoglobulina para a formação de T4 e T3 no interior da glândula tireoide. Adicionalmente, cada um desses medicamentos pode apresentar efeitos imunossupressivos que podem ser responsáveis pela remissão da doença que alguns pacientes apresentam após 1 a 2 anos de tratamento. De modo geral, a terapia com fármacos antitireoidianos como primeira linha de tratamento é mais útil em pacientes jovens com glândulas pequenas e doença leve. O fármaco é administrado durante 1 a 2 anos. Pode ter de reação rash e agrunolocitose (com febre e dor de garganta, se tiver uma vez não usa nunca mais). Tratamento de 12 meses, passou disso pensa em uma segunda opção. Tem 50% de chance de reincidiva. B. Tratamento com iodo radiativo: Nos EUA, o iodeto sódico ml é o tratamento preferido para a maioria dos pacientes acima dos 21 anos de idade. O hipotireoidismo é uma complicação quase inevitável do tratamento com iodo radiativo. O hipotireoidismo em geral ocorre nos primeiros 6 a 12 meses após o tratamento e consiste no melhor parâmetro de que o paciente não apresentará uma recorrência do hipertireoidismo. Os niveis séricos de T4 e TSH devem ser acompanhados a cada seis a oito semanas e, quando ocorre o hipotireoidismo, é insituituida a terapia de reposição. A doença ocular de Graves consiste em uma contraindicação relativa ao tratamento com iodo radiativo; o iodo radiativo pode exacerbar os problemas oculares quando são graves. C. Tratamento cirúrgico: A tireoidectomia total ou subtotal é o tratamento de escolha para pacientes com glândulas muito grandes ou bócios multinodulares, para pacientes com nódulo maligno ou suspeito concomitante, para pacientes alérgicos ou não aderentes com o tratamento medicamentoso, pacientes que se recusam ao tratamento com iodo radioativo e para gestantes com doença de Graves grave que sejam alérgicas ou desenvolvam reações aos fármacos antítireoidíanos. No preparo da cirurgia faz tionaminas (eutireoideo) e administrar iodeto de potássio ou lugol (reduz vascularização). OBS: A crise tireotóxica é a exacerbação dos sintomas de tireotóxicos + disfunção orgânica (insuficiência cardíaca, confusão mental, icterícia, diarreia, vômitos etc). Trata com bloqueio da produção e bloqueio da conversão para T3 (O T4 age menos). Usamos tionamidas, betabloqueadores, corticoide e iodeto. REFERÊNCIAS a) Endocrinologia básica e clínica de Greenspan – 9 ed. David G. Gardner e Dolores Shoback. LANGE. (OBS: Tem na Biblioteca) b) Sanarfix – aula hipertireoidismo
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