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AULA 1 – AUMENTO DO VOLUME ABDOMINAL DANIELA FRANCO CAUSAS Pode ter aumento do volume abdominal por causa de flatos, gordura, líquidos (Ascite), feto, fezes e crescimento fatal. ANAMNESE E EXAME FÍSICO - Perda ponderal, anorexia: pode ser neoplasia - Incapacidade de evacuações ou flatos: obstrução intestinal - Consumo de bebidas, icterícia: hepatopatia crônica - Cardiopatias: distúrbios hemodinâmicos - Linfadenopatia (nódulo de Virchow: câncer abdominal - Aumento da pressão venosa jugular, Kussmaul: insuficiência cardíaca - Aranhas vasculares, eritema palmar, cabeça de medusa, ginecomastia: doença hepática OBS: gases > timpânico, líquido ou massa > maciço. Detectamos a ascite clinicamente se for maior que 1500 ml (macicez móvel). NASH: Esteatohepatite não alcoólica. Não é só gordo que tem, tem magros com esteatose também. Forma tecido esponjoso gorduroso que é substituído por uma inflamação, tem infiltrado inflamatório, evolui com fibrose, tem fígado lobulado e começa perder função. É uma das principais causas de cirrose (causa etiológica é obesidade e dislipidemia), e depois vem o álcool e por ultimo vírus. Pode perder função por medicamentos (AINES causa nefropatia e estomago, não tem a ver com fígado) Pode ter hepatite autoimune (raro). Colangite biliar primária Ascite não acontece só por problema de fígado, qualquer causa que leva a aumento de líquido no corpo pode causar ascite. Insuficiência cardíaca congestiva leva a edema de membros inferiores, hepatomegalia e pode ter ascite. Começa a acumular líquido pois tem aumento a capilares do peritônio (ascite é o acumulo de líquido no espaço peritoneal), > 150 ml já é ascite. Se tem condições que aumenta a capilaridade pode causar extravasamento, como carcinomatose peritoneal (câncer causa isso, ovário e do TGI). Normalmente temos líquido no espaço peritoneal para lubrificar e não ter atrito. Se temos acumulo de líquido é porque o sistema linfático não consegue drenar o excesso ou produção exacerbada (aumento da pressão hidrostática por causa de hipertensão portal ou por aumento de capilaridade como no carcinomatose peritoneal tem células cancerosas que obstrui o sistema de drenagem linfática), temos ascite; EXAMES DE IMAGEM - Radiografia vai mostrar se tem alças dilatadas e se tem obstrução intestinal - US abdominal mostra até 1000ml de líquido ascético, massas e nódulos hepáticos. - TC mais indicada para câncer, cirrose, hipertensão portal; precisa de contraste (sem contraste vemos só gás), os pacientes as vezes tem disfunção renal e o contraste que é nefrotóxico tem que tomar cuidado. Na imagem acima vemos na primeira o paciente tem obstrução no sigmoide tendo dilatação do descendente e transverso. Na segunda imagem é obstrução de intestino delgado. Tem sinal de moeda empilhada Na imagem acima é raio x de criança em pé em A, e em B deitado. Vemos os níveis hidroaéreos com intestino delgado. Na terceira imagem é obstrução em criança também. Cirrose Ascite Hipertensão portal Hipoalbuminemia Obstrução de sigmoide e transverso. Tudo isso é gás e, raio X não vemos ascite. Acima vemos uma TC, as bolinhas são fecalomas. Onde está escuro é gás. ASCITE Hipertensão portal é a principal causa de ascite (80%), vai ter extravasamento de líquido pelo aumento de pressão hidrostática nos sinusoides hepáticos e retenção hidrossalina. Diminui volume circulante o rim entende que tem pouco volume e reabsorve Na+ com água. Neoplasia 10%. Tuberculose peritoneal (6-9%). Pancreatite grave pode causar peritonite e ter ascite. Síndrome nefrítica perde muita proteína na urina, e o rim não da conta de produzir proteínas e causa ascites. PARACENTESE: exame obrigatório para paciente com ascite sem etiologia definida ou com alguma complicação. Radiografia é boa pra ver gás, mas líquido não é boa. Acima fígado pequeno (enrugado), o cinza mais escuro ao redor é liquido é a ascite, na TC conseguimos ver ascite. Aqui podemos fazer a paracentese para definir a etiologia. CLASSIFICAÇÃO Pode ser em 3 estágios: • Estágio 1: somente detectada pela USG. • Estágio 2: ascite moderada, detectada no exame físico (moderado, > 1l) • Estágio 3: grande ascite, com importante dissensão abdominal. Cabe unl 10-12 no peritônio. CIRROSE Na cirrose temos fibrose diminuição da NOS, aumenta NO circulante, tem uma vasodilatação esplâncnica, o rim sente a hipovolemia e produz ADH e ativa SRAA. Começa reter água e sal, e o excesso de líquido vai para peritônio. SEM CIRROSE Na carcinomatose peritoneal o câncer pode se primário do peritônio, câncer abdominal (gástrico) ou metástase mamário e pulmonar (mais comum), e genitais também. Pode ter infecção como tuberculose ou pancreatite. PARACENTESE • Ascite de início recente sem diagnóstico • Paciente com ascite que começa a deteriorar (febre, dor abdominal, encefalopatia hepática, leucocitose, piora da função renal), precisamos saber se tem periotonite bacteriana. • Paracentese terapêutica: para remoção de grande volumes de ascite, diurético não é suficiente, tem que fazer para aliviar e melhorar sintomas. Contraindicações para punção do líquido: • Absolutas: coagulopatia (CIVD, fígado produz fatores ai quando tem problema de fígado da coagulopatia), fibrinólise primária, local da punção com sinais de infecção (celulite ou erisipela) • Relativas: coagulopatias (não requer transfusão profilática Complicação: vazamento de líquido da ascite no local puncionada, hemorragia severa (hemoperitoneo) infecção decorrente da punção e morte. Fazemos a paracentese medindo a crista ilíaca anterior (do lado esquerdo, direito tem ceco e apêndice) mede até o umbigo, divide em 3 e entra no ponto lateral. Na hora que entrar com gel 14 ou 16, puxa a pele e entra 90 graus quando solta muda e fica na diagonal. Aspecto macroscópico: Laboratório: • Dosa albumina e proteína total e diferencial • Contagem global e diferencial de células (linfomononuclear ou polimorfonuclear, saber se tem bactéria ou linfoma, tuberculose) • Bacteriscopia de gram e cultura • Nivél sérico de albumina Podemos pedir ADA (tuberculose), TAR (resistente), PCR (bacilo da tuberculose). Fiz a paracentese, para sabermos se é um transudato ou exsudato precisamos da proteína total e fração no líquido ascético e no sangue para calcularmos o gradiente de albumina. • > 1,1 é transudato (aumento de pressão hidrostática por hipertensão portal) • < 1,1 é exsudato (excesso de proteínas, tem infecção) Medimos o gradiente de albumina se deu > 1,1 é um transudato, mede a proteína total se < 2,5 (problema de fígado que não está produzindo proteínas) pode ser cirrose, fase tardia da S. De Budd Chiari ou metástase hepática. Se a proteína total deu > 2,5 (fígado está bom) pode ser ICC, fase inicial da S. Budd-Chiari (trombose da veia porta e todas veias intra-hepáticas) ou obstrução da veia cava inferior. Se o gradiente de albumina deu < 1,1 (exsudato) pode ser extravasamento de bile, síndrome nefrótica, pancreatite, carcinomatose peritoneal ou tuberculose. PROTEINA DO PLASMA – PROTIENA DA ASCITE TRATAMENTO Ascite por cirrose: trata incialmente clínico com restrição hidrosalinica. Se não resolve pode associar diurético de alça (furosemida, causa esfoliação de potássio e fica hipocalemico) e associa um poupador de potássio que é espironolactona. Se com isso não resolve é ascite refratária ai é indicado paracentese. OBS: se resolver a hipertensão portal resolve a ascite, logo criou os TIPS tipo um by-pass que faz um shunt intra- hepático transjugular peritoneal, e diminui hipertensão portal. A complicação é que todas as substancias tóxicas que seriam filtradaspelo fígado passa direto, como amônia principal, pode ter encefalopatia hepática. Ou seja, serve só para paciente que não tem mais jeito ou que vai entrar em transplante rápido. Não adianta em pacientes que não tem perspectiva de cura como câncer. Toda vez que drena 5l de ascite cria um desbalanço bioquímico, tira muita albumina e o fígado demora repor. Tem que repor albumina endovenosa para diminui o baque da retirada do líquido. Da 6 a 8g para cada L de ascite drenado (SE TIRAR MAIS DE 5 LITRO). Complicações: Quando fazemos paracentese a infecção pode acontecer por 2 motivos: 1 – Peritonite bacteriana espontânea (PBE): por translocação bacteriana, na alça de intestino cheio de bactéria circundado por líquido cheio de proteínas aí as bactérias vão. Diagnóstico é pela celularidade da paracentese. Mais comum é E. Coli, Klebsiella, Enterococos e estreptococo. 2 – Peritonite secundária a ruptura de víscera ou abcesso: ou na hora de fazer paracentese vc errou e furou intestino, contagem de neutrófilos mais alta, proteína total elevada. Tratamento de PBE: Ceftriaxona (cobre gram negativo) 2g IV 1x ao dia. Nova paracentese diagnóstica em 48 horas. Infusão de albumina humana: Reduz mortalidade de 29 para 10%. ▫ 1,5g/kg no primeiro dia. ▫ 1,0g/kg nos segundo e terceiro dias Profilaxia de PBE: Faz para paciente que tem fatores de risco apenas Primária: ▫ HDA (hemorragia digestiva alta). ▫ Proteína total no LA < 1,0g/dL. ▫ Dose: Norfloxacino 400mg 12/12h 7 dias. ▫ Alternativa: Ceftriaxona 1g por dia por 7 dias. Secundária: ▫ Norfloxacino 400mg por dia CASOS CLÍNICOS CASO 1: • ID: CSS, masculino, 56 anos, natural de Marechal Deodoro, AL, em Palestina, SP, há 25 anos. • QD: Inchaço nas pernas e aumento do volume abdominal há 6 meses. • HPMA: Paciente era previamente assintomático até há 6 meses, quando apresentou inchaço de pernas e aumento do volume abdominal, progressivos, atualmente importante. Teve várias passagens por Prontos-socorros de outros serviços, sendo prescritos diuréticos e realizadas paracenteses de alívio, última há 15 dias, sempre com recorrência do quadro. • AP: Ex-tabagista (1 maço/dia durante 18 anos), tendo interrompido este hábito há 2 anos (precisa de 25 anos para se igualar); etilista social (5 cervejas nos finais de semana). Pai e 1 irmão falecidos com doença no fígado (sic), hipertenso em uso de enalapril há 6 anos. Etilista 1,5 de latinha de cerveja por dia, umas 30 por mês. Tem relação com a chance de o indivíduo desenvolver cirrose. Em relação ao tabagismo podemos fazer relação com o câncer a partir de 25 anos/maço. O álcool ainda se relaciona com a chance de ter insuficiência cardíaca e o paciente ainda é hipertenso. • EF: Bom estado geral; acianótico; anictérico; hipocorado +; hidratado, afebril. PA: 110 x 90 mmHg, FC 72. ACV: pulsos periféricos cheios e simétricos; bulhas normofonéticas, em dois tempos, sem sopros. AR: murmúrios vesiculares bilaterais diminuídos em bases com estertores crepitantes em 1/3 inferiores bilateralmente. AD: abdome globoso, distendido; palpação de visceromegalias prejudicada; manobra do rechaço positiva em loja esplênica, macicez móvel semicírculo de Skoda positivos. Ou seja, tem ascite, derrame pleural pode acontecer por ascite. • EXT: edema de membros inferiores ++/4, simétricos, com panturrilhas livres Conduta: É resolvida por nova paracentese diagnóstica (dados abaixo) e de alívio, sendo retirados 6 litros de líquido ascético (parece xixi pois ta cheio de proteínas). • Bioquímica do líquido ascítico: Proteína total: 2,2 (2,5 a 3,0 g/dL); Albumina:1,1 (< 1,1 g/dL) • Celularidade do líquido ascítico: 120 cel/mm3 75% de neutrófilos • Bioquímica sérica: Proteína total: 4,3 (6 a 8 g/dL); Albumina: 2,4 (3 a 5 g/dL); Globulinas: 1,9 (2 e 4 g/dL) GASA: Albumina do plasma – albumina da ascite GASA: 2,4 – 1,1 = 1,3 É maior que 1,1 então fala a favor de um transudato, significa que a albumina do líquido ascético está maior que a do plasma. Aí agora olha a proteína do líquido ascitico. Proteína total de 2,2, é menor que 2,5 então quer dizer que é um problema hepático (fígado está com dificuldade de produzir proteínas). Paciente acabou de fazer paracentese temos que ver se tem ou não peritonite bacteriana, tem que olhar o número de polimorfonucleares, que ta 75% de 120, ou seja, tem 90 não é maior que 250 então não tem peritonite bacteriana. Então provavelmente ele tem hipertensão portal. • Dentro desse contexto, utilizando o cálculo do gradiente de albumina soro-ascítico (GASA) e os demais dados até aqui apresentados, elabore 2 hipóteses diagnósticas compatíveis com o quadro. Paciente com hipertensão portal pode ser cirrose alcoólica e esquistossomose • Quais exames complementares auxiliariam na confirmação de suas 2 hipóteses diagnósticas? Diagnóstico de cirrose ideal seira biópsia hepática, mas pode sangrar muito, melhor fazer USG (fígado pequeno lobulado, denso), um que “substitui” a biópsia é o fibroelastograma que vê a densidade do parênquima, vê o grau de fibrose e inflamação. Para esquistossomose vemos eosinofilia, para diagnóstico fazemos pesquisa do parasita da região perianal. • Seria necessária a reposição de albumina? Quantas ampolas? Sim, depois de 5l de retira colocamos entre 6 e 8 g por litro feito, foi feito 6l então umas 36-48 ampolas. CASO 2: Conduta: É resolvida por nova paracentese diagnóstica (dados abaixo) e de alívio, sendo retirados 6 litros de líquido ascítico. • Bioquímica do líquido ascítico: Proteína total: 3,2 (2,5 a 3,0 g/dL); Albumina: 1,5 (< 1,1 g/dL) • Celularidade do líquido ascítico: 400 cel/mm3 75% de neutrófilos • Bioquímica sérica: Proteína total: 4,3 (6 a 8 g/dL); Albumina: 2,4 (3 a 5 g/dL); Globulinas: 1,9 (2 e 4 g/dL) GASA: Albumina do plasma – albumina da ascite GASA: 2,4 – 1,5 = 0,9 Abaixo de 1,1 é um exsudato pensar em causas inflamatórias tuberculose peritoneal, carcinomatosa, pancreatite. Não pensar em cirrose e nem insuficiência cardíaca descompensada. Em relação a PBE tem 400 cel 75% de neutrófilo, da 300, é maior que 250, logo tem PBE (PBS normalmente fica acima de 500). CASO 3: Conduta: É resolvida por nova paracentese diagnóstica (dados abaixo) e de alívio, sendo retirados 6 litros de líquido ascítico. • Bioquímica do líquido ascítico: Proteína total: 3,2 (2,5 a 3,0 g/dL); Albumina: 1,5 (< 1,1 g/dL) • Celularidade do líquido ascítico: 250 cel/mm3 80 % de neutrófilos • Bioquímica sérica: Proteína total: 4,3 (6 a 8 g/dL); Albumina: 2,4 (3 a 5 g/dL); Globulinas: 1,9 (2 e 4 g/dL) GASA: Albumina do plasma – albumina da ascite GASA: 2,4 – 1,5 = 0,9 Abaixo de 1,1 é um exsudato pensar em causas inflamatórias. Para saber se tem PBE ou PBS: tem 250 cel com 80% de neutrófilo, isso da 200. Logo não tem PBE. OBS: Pode dar a porcentagem dos linfomononucleares, por ex 20%, aí tem que subentender que 80% é polimornucleares.
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