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corpo como construção social A percepção humana como algo limitado a sua humanidade > percepção do mundo que é inteiramente parcial > restrição ao alcance dos sentidos humanos A percepção humana do mundo depende se suas lentes e submetido aos próprios limites do ser A cultura corresponde a lente especifica pelo qual o homem enxerga o mundo > com ela, os sentidos adquirem um dom diferenciado e o mundo passa a possuir uma fisionomia humana Com a cultura, o mundo passa a ser percebido a partir das convenções sociais > codificação do mundo a partir dos sentidos A cultura tem a capacidade, também de enfatizar determinados sentidos em detrimento de outros > isso faz com que os próprios sentidos - meio do qual o homem toma ciência do mundo - seja condicionado e variável culturalmente O mundo real, em realidade, é constituído de códigos de sociedade > construção inconsciente > uma especie de gramatica cultural estabelecida no qual somos submetidos Temos a crença de que estamos em um mundo intrinsecamente ordenado > os mesmos estímulos podem ser lidos, processados e interpretados segundo códigos diferentes > os homens, na realidade estão mergulhados em uma lógica especial que se baseia no elemento cultural O corpo é algo que faz parte do universo convencional > o ser humano não tem um corpo único ao qual esteja para sempre confinado As concepções de corpo variam segundo as culturas > diferentes imagens ou representações sobre o corpo humano O corpo enquanto representação social e enquanto coisa material Enquanto coisa material, o corpo pode apresentar diferenças materiais que estão relacionadas a resistência física, ênfase em determinado órgão do sentido ou automatismos corporais A representação de corpo não se limita apenas a acontecimentos intelectuais Cada cultura modela ou fabrica um corpo humano de determinado modo > toda sociedade se preocupa em imprimir no corpo - fisicamente - elementos culturais No texto Técnicas Corporais, Marcel Mauss observa como as técnicas de nado variam ao comparar a tecnica francesa e a tecnica Polinésia > Mauss confiava que era possível diferenciar e reconhecer a nacionalidade de pessoas apenas ao observar o seu comportamento e o modo de colocar seu corpo Não ha sociedade que não fira semioticamente o corpo de seus membros > corpos que servem como insígnias da identidade grupal Através da educação - formal ou informal - que essas tendências corporais se tornam comuns aos membros da sociedade > a tarefa da educação sobre os corpos é fundamental, pois: 1) o corpo humano é, por excelência, uma expressão simbólica da própria sociedade; 2) a sociedade se faz ao produzir os corpos daqueles em que ela se materializa Produção de corpos específicos de que uma sociedade necessita para viver A desigualdade que se grava no corpo quando este não se enquadra nos modelos socialmente aprovados > expressão de uma assimetria de classes ou de exclusão social É possível compreender o corpo e as praticas corporais como elementos que pertencem ao universo do símbolo e da comunicação Expressão entre o cultural e o biológico no organismo humano > conteúdo conotativo e inconsciente que, sutilmente apresentam princípios estruturares de mundo de uma sociedade e das atitudes dos homens A manifestação do corpo no mundo como uma linguagem que é tão coletiva quanto qualquer outra 1) o corpo humano é muito menos biológico do que se pensa 2) O corpo humano é muito menos individual do que costumamos postular > apesar do individualismo que caracteriza a sociedade ocidental 3) O corpo humano é socialmente construído > imitação > a presença do outro como um estimulo 4) O corpo humano apresenta as características dos fenômenos culturais, sendo relativo e histórico > relativo pois varia entre as sociedades > histórico pois varia segundo o tempo de indivíduos, grupos e sociedades 5) As sociedades constroem corpos > a sociedade faz sua vida fazendo corpos em que existe > o corpo como a única materialidade efetiva de qualquer sociedade O corpo pode ser considerada uma instituição social que possui historia > uma historia especifica de um corpo de uma sociedade em particular Durante o período medieval, o corpo possui em escala reduzida a comunidade, os desígnios divinos e a ordem cósmica > um conjunto de interdependências e interinfluencias que faziam com que o corpo formasse uma unidade O espirito e a matéria eram considerados elementos inseparáveis O corpo individual não se separava muito nitidamente dos demais > sepulturas coletivas e as covas ficavam entreabertas Nas casas, que possuíam um único cômodo, diferentes funções eram desempenhadas A ideia de privacidade ainda não era consagrada > o individualismo burguês não se preponderava Apenas em 1652 que Philippe Aries determinou que seu corpo e de sua esposa deveriam ser colocados em jazigos particulares A vida, entretanto, não passou por muitas alterações como no cemitério > o corpo estava ligado ao feudo e não podiam ir e vir livremente O casal medieval era definido por premissas diferentes em relação as premissas modernas > os relacionamentos não eram deformidades por emoções autenticas a outro individuo Romeu e Julieta são responsareis por ilustrar a emergencia do sentimento moderno de amor > ambos são considerados marginais em relação ao seu tempo > desviantes da normatividade social que desejam sobrepor seus sentimentos individuais aos desígnios coletivos Ao se emancipar do poder feudal, os burgueses passam a tomar posse de seus próprios corpos > o corpo material passa a ser visto de outra forma > novos interesses no corpo por conta do surgimento de uma nova classe Um marco fundamental da historia é o momento em que o corpo é conquistado e transformada em propriedade individual e privada > corpo-produtor e corpo-instrumento > o corpo que deve rentabilizar e frutificar O corpo enquanto meio de produção se torna insatisfeito com o sistema produtivo e passa, progressivamente, a sair das fabricas > o corpo que se transforma em corpo-consumidor Um corpo que está “livre" O corpo que sabe o que quer, que pode ir e vir, que consegue gozar e é dono de si > o meu corpo O corpo com sua originalidade, genuinidade e especialidade > detentor de individualidade O corpo que é individual, mas ao mesmo tempo é banal, medíocre e comum > o corpo original banalizou-se > o corpo extraordinário que se tornou uma regra geral O corpo individual em um contexto em que a coisa mais comum e coletiva é exatamente o individualismo O corpo de um sistema que cultua a individualidade > o corpo em que cada um esta “na sua”, mas são paradoxalmente impotentes enquanto indivíduos O corpo que se pensa brevemente liberado de morrer O corpo que acredita poder tudo
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