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MODULO 3 - SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO

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Podemos já vislumbrar o modo pelo qual a mobilidade dos capitais internacionais 
prepara-nos para enfrentar situações atípicas decorrentes do remanejamento dos 
quadros funcionais. No mundo atual, a estrutura atual da organização causa im-
pacto indireto na reavaliação das posturas dos órgãos dirigentes com relação às 
suas atribuições. Do mesmo modo, a valorização de fatores subjetivos faz parte de 
um processo de gerenciamento do fluxo de informações. Por conseguinte, o de-
senvolvimento contínuo de distintas formas de atuação maximiza as possibilidades 
por conta do investimento em reciclagem técnica. Acima de tudo, é fundamental 
ressaltar que o novo modelo estrutural aqui preconizado garante a contribuição de 
um grupo importante na determinação dos índices pretendidos. Do mesmo modo, 
a valorização de fatores subjetivos faz parte de um processo de gerenciamento do 
fluxo de informações. Por conseguinte, o desenvolvimento contínuo de distintas 
formas de atuação maximiza as possibilidades por conta do investimento em re-
ciclagem técnica. Acima de tudo, é fundamental ressaltar.
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Solange M
enezes da Silva D
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Código Logístico
57312
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6423-6
9 788538 764236
Apresentamos nesta obra uma síntese dos temas 
mais relevantes da sociologia como ciência social, 
com foco em tentar explicar a vida social em seus 
múltiplos aspectos. Optamos por privilegiar alguns 
tópicos que são considerados básicos e depois 
relacioná-los à educação. O objetivo maior é que 
você conheça e analise a inter-relação entre 
o homem, a sociedade e a educação, à luz de 
diferentes teorias sociológicas, bem como 
das práticas pedagógicas ratificadoras e/ou 
transformadoras dos contextos cultural, social, 
político, econômico e ecológico.
IESDE BRASIL S/A
2018
Sociologia da Educação
Solange Menezes da Silva Demeterco
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: trendobjects/johavel/iStockphoto
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D449s
3. ed. Demeterco, Solange Menezes da Silva
Sociologia da educação / Solange Menezes da Silva Demeterco. - 
 3. ed. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2018. 
182 p. : il. ; 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6423-6
1. Sociologia educacional. I. Inteligência Educacional e Sistemas 
de Ensino. II. Título. 
18-47328 CDD: 306.43CDU: 316.74:37
© 2003-2018 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito 
da autora e do detentor dos direitos autorais.
Apresentação
O que você espera deste livro? Quais são suas expectativas em rela-
ção à sociologia? No que a sociologia se aproxima da educação? Essas e 
outras perguntas nortearão nossos estudos.
Mas, antes disso, é importante esclarecer algumas questões. 
Inicialmente, deve-se destacar que apresentamos aqui uma síntese dos 
temas mais relevantes da sociologia como ciência social, com foco em ten-
tar explicar a vida social em seus múltiplos aspectos. Optamos por privi-
legiar alguns tópicos que são considerados básicos e depois relacioná-los 
à educação. 
O objetivo maior é conhecer e analisar a inter-relação entre o ho-
mem, a sociedade e a educação, à luz de diferentes teorias sociológicas, 
bem como das práticas pedagógicas ratificadoras e/ou transformadoras 
dos contextos cultural, social, político, econômico e ecológico.
A proposta é despertá-lo para discussões futuras a partir do emba-
samento teórico que essa ciência oferece e, sempre que possível, trazer o 
debate para a realidade educacional brasileira. Para tanto, textos de apoio, 
atividades para autoavaliação, indicações de leituras complementares e 
filmes acompanharão o texto-base e são importantes para aprofundar os 
temas abordados. 
A obra pretende desenvolver temas que possibilitem a compreen-
são da constituição da realidade social e sua relação com a educação, por 
meio do estudo de aspectos dos processos sociais presentes na produção 
e configuração do sistema educacional. 
Apresentamos, assim, a discussão de alguns conceitos fundamen-
tais para a reflexão aqui proposta. No capítulo intitulado Educação e famí-
lia, expomos uma síntese das transformações pelas quais passou a família 
ao longo do tempo e sua importância quando se discute educação. Para 
tanto, também se faz necessário observar como a percepção de infância 
surge socialmente e se modifica, inclusive com o surgimento dos colégios 
e de novas visões em relação à infância e à juventude. 
A discussão sobre a escola à luz de alguns conceitos sociológicos compõe 
os próximos capítulos: A escola como instituição social, A escola e o controle social 
e A escola e o desvio social. Em seguida, são abordados outros conceitos também 
importantes para a sociologia da educação: A mudança social, A estratificação 
social, A mobilidade social, Educação e movimentos sociais e A educação e o Estado.
Finalmente, são apresentados alguns temas mais amplos que dizem 
respeito à realidade do país – Educação e desenvolvimento, Educação e cotidiano 
no Brasil e Problemas da educação no Brasil –, da escola e do professor – A profis-
são de professor –, além de chamar a atenção para questões que exigem muita 
reflexão por parte do docente, no sentido de avaliar sua prática pedagógica 
– Perspectivas da educação no Brasil.
Vale ressaltar, enfim, que vivemos um momento privilegiado na his-
tória, uma vez que a presença da sociologia colabora para uma melhor 
fundamentação da discussão consciente, racional e bem fundamentada 
do educador na realidade social.
Bom estudo!
Sobre a autora
Solange Menezes da Silva Demeterco
Doutora e mestre em História do Brasil pela Universidade Federal do 
Paraná (UFPR). Especialista em Currículo e Prática (Tutoria a Distância) 
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). 
Graduada em Ciências Sociais pela UFPR. Professora de Ensino Médio e 
Superior nas áreas de Sociologia, História, Geografia e Geopolítica.
6 Sociologia da Educação
SumárioSumário
1 A sociologia e a educação 9
1.1 O que é sociologia? 10
1.2 A sociologia da educação e alguns conceitos básicos 13
1.3 A socialização e seus agentes 14
2 A sociologia da educação 17
2.1 Os primeiros grandes sociólogos: a educação como tema e objeto de estudo 18
2.2 As teorias sociológicas e a educação 24
3 A sociologia da educação no Brasil 27
3.1 Formação da sociedade brasileira: economia 
agrário-exportadora e economia industrial 28
3.2 A sociologia continua seu caminho: dos anos 1970 aos dias atuais 30
4 Educação e família 33
4.1 As transformações da família 34
4.2 Educação e família no Brasil 38
5 Concepções de infância e juventude 41
5.1 O sentimento de infância – o trabalho de Ariès 42
5.2 O surgimento das escolas e as visões da infância 44
6 A escola como instituição social 51
6.1 A escola como organização 54
6.2 Algumas possibilidades 55
7 A escola e o controle social 59
7.1 Padrões sociais de comportamento 61
Sociologia da Educação 7
SumárioSumário
8 A escola e o desvio social 67
8.1 Comportamentos desviantes 69
8.2 Conformidade versus conformismo 70
9 A mudança social 75
9.1 Fatores que desencadeiam a mudança 77
9.2 A ação pedagógica e a mudança social 80
10 A estratificação social 85
10.1 Formas de estratificação social 88
10.2 A educação e a estratificação social 91
11 A mobilidade social 95
11.1 Tipos de mobilidade social 96
11.2 Educação como fator de mobilidade social 98
12 Educação e movimentos sociais 103
12.1 As formas de luta e ação coletiva 106
12.2 Alguns tipos de movimentos sociais e educação 109
13 A educação e o Estado 115
13.1 O conceito de Estado e suas funções 118
13.2 Estado e educação no Brasil 119
14 Educação e desenvolvimento 123
14.1 As desigualdades sociais e osubdesenvolvimento 126
14.2 Origens históricas do subdesenvolvimento 127
14.3 As desigualdades sociais e o papel transformador da educação 128
8 Sociologia da Educação
Sumário
15 Educação e cotidiano no Brasil 131
15.1 O difícil cotidiano dos “menos iguais” 134
16 Problemas da educação no Brasil 139
16.1 O fracasso escolar: uma tentativa de explicação 143
17 A profissão de professor 149
17.1 A questão da formação profissional 151
17.2 O ofício de professor e seu papel na sociedade 153
18 Perspectivas da educação no Brasil 159
18.1 A questão da diversidade cultural – o multiculturalismo 163
18.2 A democratização da educação 164
Sociologia da Educação 9
1
A sociologia e a educação
A sociologia nasceu como ciência com o objetivo de explicar as mudanças sociais 
produzidas em um momento histórico, que teve em seu contexto grandes transfor-
mações sociais, cujos marcos principais foram a Revolução Industrial, a Revolução 
Francesa e a formação dos Estados Nacionais. Esse momento de mudanças radicais na 
sociedade e na mentalidade das pessoas, chamado de Modernidade, em decorrência do 
surgimento e da consolidação do capitalismo como modo de produção, trará consigo 
a necessidade de se pensar teoricamente os novos paradigmas da sociedade.
Mas por que sempre que se fala em sociologia não falta quem pergunte para que 
ela serve? Por que não acontece o mesmo com a maioria das outras ciências? A resposta 
está relacionada com a própria natureza dessa ciência que tem o homem em interação 
e a sociedade como objeto de estudo. As questões que se colocam de imediato são: por 
que isso se tornou necessário? O que teria mudado tanto na vida do homem ou da 
sociedade como um todo que demandaria a existência de uma nova ciência para dar 
conta de explicar essas transformações? Assim, está feito o convite à reflexão sobre a 
relação existente entre sociedade e educação pela perspectiva sociológica.
A sociologia e a educação1
Sociologia da Educação10
A sociologia da educação é uma ciência produtora de conhecimentos específicos que 
levam à discussão a democratização e o papel do ensino, promovendo uma reflexão sobre a 
sociedade e seus problemas relacionados à educação, tendo como subsídios alguns concei-
tos sociológicos como processos sociais, socialização, poder, status, grupo social, ação social, 
mudança social e outros. Vamos procurar perceber quais são os valores sociais que definem 
os objetivos da educação, do ensino e seus métodos, além de tentar estabelecer as relações 
existentes entre a sociedade e o que se privilegia ensinar, e como isso é feito no cotidiano da 
escola e fora dela, por outras instituições sociais – tais como a família, por exemplo.
É fundamental entendermos que os sistemas educacionais relacionam-se com as insti-
tuições sociais e com as determinantes culturais que regem a vida em sociedade.
Também é importante discutir sobre o papel do educador no atual contexto educacio-
nal, bem como alguns dos vários problemas educacionais brasileiros. O saber docente tem 
sua especificidade a partir do princípio de que é um ofício cuja necessidade de capacitação 
nunca se esgota. Além disso, o papel da escola cresceu e se modificou, exigindo ainda mais 
de todos os atores envolvidos no processo educativo.
1.1 O que é sociologia?
Partindo do conceito de Sociologia, sabemos que os homens diferenciam-se dos animais 
devido a sua capacidade de se relacionar com os demais de maneiras diferentes, especial-
mente pela linguagem, código que lhe possibilita a comunicação com seus semelhantes,tor-
nando-o um ser social. E qual a importância disso para nós? Esse é um dado fundamental 
para entendermos como o homem biológico torna-se um ser social capaz de ter e produ-
zir cultura – que envolve a todos e modela nossa personalidade – e como internalizam-se 
as regras sociais, maneiras de ser, de pensar e de agir, transmitidas através do processo 
de socialização. O antropólogo brasileiro Roque de Barros Laraia (1989, p. 46) nos diz que 
“o homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado”.
O homem precisa compreender-se, compreender os outros e buscar respostas para as 
perguntas que a vida lhe coloca, participando de forma diferente de sua cultura. Ao fazer isso, 
está sempre produzindo e internalizando padrões e caracteres culturais. A cultura é dinâmica 
e opera de várias formas, condicionando a visão de mundo do homem e interferindo no plano 
biológico. Finalmente, é preciso destacar que a cultura é dinâmica e tem sua própria lógica 
(LARAIA, 1989). Tentar captar essa lógica é o começo para respeitar as diferenças e a plurali-
dade cultural, como sendo algo que deveria agregar e não separar os homens.
Devemos sempre lembrar que “o modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral 
e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim 
produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado da operação de uma determinada 
cultura”. (LARAIA, 1989, p. 70). Caso contrário, cai-se no chamado etnocentrismo que, ain-
da conforme esse estudioso (1989, p 75), constitui-se na “crença de que a própria sociedade é 
o centro da humanidade ou mesmo a sua única expressão”, o que desencadeia a autodeter-
minação de alguns povos, a intolerância e o preconceito nos mais variados graus.
A sociologia e a educação
Sociologia da Educação
1
11
Vimos, então, que a sociologia é uma ciência e, como tal, deve ter uma base 
teórico-metodológica que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los e 
analisando os homens em suas relações de interdependência. Utiliza-se de estratégias e téc-
nica de pesquisa que lhe são próprias e que lhe garante o caráter de cientificidade.
Assim, compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociolo-
gia, que irá tomar como objeto de estudo exatamente essa nova sociedade, que se configurou 
por meio das transformações pelas quais passou a humanidade, a partir do final do século 
XVIII. Essas mudanças estão relacionadas com as revoluções burguesas que eclodem em 
um momento em que a ordem reinante não conseguia mais dar respostas às demandas das 
populações cada vez mais empobrecidas e oprimidas, em meio à nobreza, que usufruía de 
privilégios estabelecidos às custas do trabalho e da exploração desse povo, durante o cha-
mado Antigo Regime1.
Nesse contexto, a Revolução Francesa constitui-se num dos momentos de maior expres-
são na história do Ocidente – no tocante aos movimentos sociais e políticos – apresentando 
uma proposta baseada nas ideias de liberdade, igualdade e fraternidade. Seu poder transforma-
dor se concretizou em várias regiões do mundo e repercutiu a ponto de mudar para sempre 
a história do homem e da sua vida em sociedade.
Sendo decisiva para a transição do feudalismo2 ao capitalismo, essa revolução aconte-
ceu num período de violentos conflitos e lutas sociais, levando ao poder uma nova classe 
social, a burguesia, que viria a acabar com os privilégios feudais e colocar abaixo a aristocra-
cia que deles usufruía. Essa elite social vivia indiferente à pobreza da maioria, especialmente 
as populações rurais, que se debatiam com a alta dos preços, as más colheitas, o êxodo rural 
em razão do avanço das atividades têxteis, o descaso e o abandono. As graves repercus-
sões sociais e econômicas desse quadro foram a base que impulsionou os revolucionários. 
Essa revolução ultrapassou os limites da França e seus ideais se estenderam por toda a 
Europa, ameaçando hierarquias e privilégios.
Outros momentos de ruptura geraram transformações significativas para o mundo. 
A Revolução Industrial constituiu-se em outro momento importantíssimo para entender-
mos o contexto do surgimento da sociologia como ciência. Trata-se de acontecimentos que 
mudaram a história para sempre.
A partir da instalação definitiva do capitalismo e da nova sociedade industrial, tem-se 
um modelo de produção pautado na industrialização, que dissocia tecnologia, natureza e 
homem. Ocorreuinicialmente na Inglaterra, que criou as condições políticas e econômicas 
que possibilitaram a implantação dos ideais burgueses. Dentre os fatores que contribuíram 
para esse pioneirismo, pode-se citar a superioridade tecnológica e científica, a consolidação 
1 Termo que designa a organização político-institucional e a ordem social vigente na França, até a 
Revolução de 1789, pautada na monarquia absoluta, sociedade estamental e direitos feudais.
2 Feudalismo foi um fenômeno histórico restrito à Europa na Idade Média; tratava-se de um sistema 
econômico, político, social e cultural, definido pelas relações servis de produção, em que o senhor é o 
proprietário da terra e o servo depende dele, devendo cumprir obrigações servis, tanto da prestação 
de serviços gratuitos quanto na entrega de parte da produção agrícola.
A sociologia e a educação1
Sociologia da Educação12
da monarquia parlamentar, a disponibilidade de mão de obra, a exploração do carvão como 
fonte de energia e a acumulação de bens de capital.
Novas formas de organização, que de certa maneira “abalaram” a ordem social esta-
belecida, trouxeram inquietações aos setores mais conservadores da sociedade europeia da 
época e representaram mais que uma revolução técnico-científica. A separação do homem, 
dos meios de produção, do local de trabalho e o processo de urbanização que cresceu in-
tensamente, trazem consigo uma profunda mudança social – que transformou a vida dos 
homens com novas formas de trabalho, elevados custos sociais e ambientais. A exploração 
dos recursos naturais se realizavam em uma intensidade nunca vista e sem nenhum critério 
que não fosse o avanço da própria industrialização.
Além das novas formas de trabalho, o próprio significado do que era o trabalho mudou 
nesse momento. O trabalho, que antes era visto como um castigo divino em razão do pecado 
original, adquiriu novo sentido. Tornou-se uma condição básica para a salvação e, além disso, 
uma forma de se conseguir riqueza, prosperidade e dignidade. O trabalho passa a ser visto 
e vivido de outra maneira, não mais como algo humilhante, degradante ou “privilégio” dos 
escravos (tal como era visto na Antiguidade) ou dos servos (no mundo feudal). Adquire um 
caráter de atividade que dignifica e qualifica o homem, podendo gerar lucro e riqueza.
Passa a existir uma separação entre o trabalhador e o produto final do seu trabalho, uma 
vez que o capitalista é quem passa a exercer o controle técnico do processo de produção e 
a deter os chamados meios de produção (terra, ferramentas e instrumentos de trabalho). 
O trabalhador tem “apenas” sua força de trabalho e passa a vendê-la em troca de um salário, 
alienando-se do processo e perdendo a visão global da produção.
A transição do século XIX para o século XX foi marcada por movimentos operários e 
sindicais – que já eram fruto dos novos ideais iluministas e das revoluções que eclodiram 
nesse período – que abalaram ainda mais a ordem social estabelecida, exigindo ferramentas 
para pensar os conflitos e as contradições deles decorrentes. A sociedade de classes que 
aparece nesse novo contexto e que viria substituir a ordem feudal, passa a ser marcada pela 
divisão do trabalho que, por sua vez, traz conquistas e frustrações para todos os atores so-
ciais. A sociedade industrial vive crises e conflitos, especialmente pelo rompimento entre o 
capital e o trabalho, que divide e agita a sociedade como um todo.
Ao lado dessas, outras mudanças aconteceram, especialmente na maneira das pes-
soas viverem, morarem, trabalharem e se organizarem em sociedade. As cidades mudam 
e muitas delas, especialmente as industriais, transformaram-se em locais insalubres e desa-
gradáveis para os operários viverem. Faltam moradias (e as existentes, em sua maioria, aco-
modam muitas pessoas de forma precária); as jornadas de trabalho são longas e exaustivas; 
crianças, idosos, gestantes e mulheres, em geral, são empregados em péssimas condições. 
A noção de privacidade emerge e transforma profundamente a vida em família, a concepção 
de criança, juventude e as relações entre os homens. Hábitos, costumes e ideias se transfor-
mam rapidamente, gerando, inclusive, uma nova mentalidade e a separação entre o público 
e o privado – explicitada, sobretudo, pela separação do local de trabalho e moradia.
A sociologia e a educação
Sociologia da Educação
1
13
As novas formas de organização do trabalho e da família seguiram modificações. 
Isso foi decisivo para a constituição da sociologia como ciência, uma vez que será a área do 
conhecimento que terá a “missão” de pensar essa nova sociedade que surgia.
Do que vimos até agora, podemos concluir que o homem passa a ser o grande objeto 
de estudo da nova ciência – num contexto que estava se tornando cada vez mais racional e 
científico – em detrimento às análises baseadas nas explicações e dogmas religiosos, filosó-
ficos e do senso comum. Essa inquietude intelectual estimulou e instigou a reflexão sobre o 
homem, a vida social e a sociedade como objetos de estudo.
1.2 A sociologia da educação e 
alguns conceitos básicos
E assim como existem várias culturas e várias sociedades, tem-se também mais de uma 
sociologia. Dentre essas várias sociologias, a sociologia da educação – ciência que investiga 
a escola como instituição social, analisando os processos sociais envolvidos – assim como 
as demais áreas sociológicas, tem como base as teorias sociológicas. O que importa discutir, 
neste momento, é que todas aquelas transformações vividas pela sociedade trouxeram no-
vos temas para discutir a educação.
Xavier Carmuro Pessoa afirma que a sociologia da educação
põe em relevo a transmissão da cultura através da educação sistemática, paras-
sistemática e assistemática, bem como a mútua influência entre a educação e os 
grupos sociais, as instituições sociais, a estratificação social, o controle social, o 
desvio social, o desenvolvimento social, a mudança social etc. Enfoca, também, 
as relações intergeracionais e o condicionamento sociocultural da personalidade. 
Estuda, ademais, a escola como instituição social, como grupo social e o status e 
papéis na organização escolar. Apresenta, ainda, como a educação se situa nas 
diversas formações sociais [...]. Investiga, por fim, as perspectivas da educação. 
(1997, p. 15)
Partindo desse conceito, pode-se perceber como o campo de estudos da sociologia da 
educação pode ser amplo e diversificado, uma vez que não se pode esquecer que a educação 
e o processo educativo não estão descolados da sociedade na qual estão inseridos.
Tanto o educando quanto o educador, assim como todo o sistema educacional, estão 
inseridos nesse contexto, sendo produtores e resultados da interação que acontece durante 
todo o tempo, construindo social e historicamente os fatos e eventos que serão – ou não – 
eleitos pela sociologia para serem analisados. Deve-se frisar aqui que a sociologia pode ter 
um caráter conservador ou transformador, conforme a teoria que se busca para pautar as 
pesquisas e análises sociológicas.
É importante ressaltar que os primeiros teóricos da sociologia não analisaram diretamen-
te os problemas educacionais, o que não os impediu de perceberem a ligação entre o sistema 
escolar e o restante da sociedade, discutindo questões relacionadas à educação, seus diferentes 
A sociologia e a educação1
Sociologia da Educação14
atores, os projetos educacionais, a questão do poder, a questão curricular, entre outras. A escola 
surge como uma instituição cuja função principal é “preparar” o indivíduo para a vida em so-
ciedade, além de desenvolver suas potencialidades e capacidades individuais.
1.3 A socialização e seus agentes
Podemos começar pela noção de interação social, processo por meio do qual o homem 
se constrói como ser social, isto é, adquire seu caráter de humanidade, diferenciando-se de 
outros seres vivos. Ao estar em relação com outro, o homem concebe sua identidade.
A ideia de processo social é básica para se entender a própriadinâmica da sociedade, 
que não é estática. Trata-se da maneira como os atores sociais se relacionam. É a comunica-
ção que garante que o ser biológico se torne um ser social e sociável. Podem ser processos 
associativos (que tendem a aproximar) ou dissociativos (que tendem a separar), sendo que 
os mais comuns são o isolamento, o contato, o conflito, a competição, a interação, a coopera-
ção, a adaptação, a acomodação e a assimilação. Em diferentes graus, cada um deles implica 
uma maior ou menor proximidade entre os indivíduos, de acordo com seus interesses, que 
ligam-se à classe social, ao status e aos papéis desempenhados pelos indivíduos.
O conceito de classe social, por sua vez, relaciona-se com mobilidade social, diferen-
temente da noção de estamentos3, que se baseavam em hierarquia e/ou códigos de honra, 
muitos ligados à própria condição de nascimento. De acordo com Vieira (1996, p. 58), as 
classes sociais
organizam-se em camadas sociais fundadas na separação entre trabalhadores e 
proprietários dos meios de produção, às vezes com consciência social correspondente 
às suas condições de existência [...] e admitem mobilidade entre si, abrindo-se 
aos movimentos sociais e revelando também conflitos, principalmente quanto à 
distribuição do poder entre elas, na disputa sobre o domínio econômico, político e 
intelectual na sociedade industrial.
Já status social é definido socialmente e diz respeito ao lugar ou à posição que o indiví-
duo ocupa na estrutura social, de acordo com o consenso do grupo social, podendo advir 
mais ou menos prestígio, conforme os elementos que o determinam e as funções a ele re-
lacionadas. A partir dessa posição, ao indivíduo caberão determinados papéis, que podem 
ser definidos como conjuntos de imagens e expectativas que são ligadas a cada status, deter-
minando como as pessoas deverão se comportar em suas relações com ocupantes de status 
superior e/ou inferior.
Um indivíduo desempenha também vários papéis na sociedade, por exemplo, o pro-
fessor que em determinadas sociedades faz parte de uma categoria social de certo prestígio, 
além de desempenhar também outros papéis, como de marido, pai, membro de um clube 
etc. Na verdade, o que está em jogo aqui é uma relação de poder, visto que o comportamento 
3 Estamento é uma camada social semelhante à casta, porém, mais aberta. Numa sociedade esta-
mental, a possibilidade de ascensão social é difícil, mas não impossível como na sociedade de castas. 
A sociedade feudal é um exemplo de sociedade estamental (OLIVEIRA, 2003, p. 240).
A sociologia e a educação
Sociologia da Educação
1
15
dos indivíduos está ligado aos papéis que desempenham e ao seu status na sociedade, o que, 
por outro lado, implica em normas e sanções que compõem esses papéis. A superioridade 
de um indivíduo advém do poder, isto é, da força, do prestígio e do reconhecimento que o 
grupo vê nele, com base em sua posição social.
Mas o que vem a ser socialização, fundamental para se entender o processo social e tam-
bém o processo educativo? A criança quando internaliza valores e regras aprendidos com 
a família, principal grupo de socialização, está se “capacitando” para a vida em sociedade, 
garantindo inclusive a perpetuação do próprio grupo social (entendido como coletividade) 
e a formação da sua personalidade. A família é vista como um órgão de controle social e 
agente da socialização na medida em que norteia e regula comportamentos (LENHARD, 
1985, p. 115).
A socialização é importante para a formação da consciência humana e social, e interna-
lização da cultura, que acontece ao longo da vida inteira. A difusão dos valores comuns que 
compõem a cultura de um grupo social se dá de várias formas, especialmente na atualidade, 
quando os diversos meios de comunicação, como as redes sociais, colocam-se ao lado da 
família e da escola como agentes da socialização. Como existem várias culturas e várias 
sociedades, pode-se deduzir que a socialização deve respeitar e considerar essa pluralidade 
cultural. E a educação exerce um papel fundamental nesse processo.
Conhecer os aspectos culturais de seu grupo possibilita a transformação de um indiví-
duo em um ser social. A socialização começa na infância e segue pela vida toda, sempre que 
se interiorizam aspectos da cultura.
O processo educativo adquire cada vez mais importância ao longo da vida, uma vez 
que é pela ação educativa e no contexto da aprendizagem que se aprendem os papéis que se 
deve representar. Sempre que houver um processo educativo, haverá socialização.
 Dicas de estudo
Filmes:
• GERMINAL. Direção: Claude, Berri, França, 1996, 170 min.
Mostra a realidade dos operários franceses nas minas de carvão, no final do século XIX, 
convivendo com a fome, a miséria e as más condições de trabalho, que acabam gerando 
conflitos e manifestações contra os patrões. O que acontece nessa mina é um retrato do 
que acontecia nas fábricas em geral, nos primórdios da Revolução Industrial. Sem o 
amparo de uma rede de proteção social, os trabalhadores eram expostos a todo tipo de 
exploração, em nome do alto lucro dos capitalistas. Observe as mudanças que já acon-
teceram na realidade das fábricas até os dias atuais.
• SOCIEDADE dos poetas mortos. Direção: Peter Weir. EUA, Abril Vídeo, 1989, 128 min.
A história se passa num internato masculino, em meados de 1959, e apresenta um mo-
delo de escola de ensino tradicional, em que tudo acontece com base em concepções 
de tempo e espaço predeterminados, num modelo dominador de ensino. Por meio da 
A sociologia e a educação1
Sociologia da Educação16
prática de um professor que passa a atuar na instituição, tem-se a ideia do que seria um 
profissional representante de um novo ideal pedagógico e a discussão de vários dos 
conceitos apresentados neste capítulo. Procure analisar o filme sob o ponto de vista dos 
conceitos apresentados, tais como poder, status, papel social, ação educativa e socializa-
ção. De que forma eles aparecem?
Leituras:
Todas as obras a seguir são introdutórias aos temas discutidos ao longo do capítulo e 
fornecem mais elementos sobre os fatos/eventos decisivos para se entender as profundas 
mudanças que se verificaram no mundo, do final do século XVIII ao final do século XIX, 
e que contribuíram para o surgimento da sociologia. 
• CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo? Ed. rev. e amp. São Paulo: 
Brasiliense, 2011. (Coleção Primeiros Passos).
• LALLEMENT, Michel. História das ideias sociológicas. Das origens a Max Weber 
e de Parsons aos contemporâneos. Petrópolis: Vozes, 2004. 2 v.
• MARTINS, Carlos Benedito. O que é sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2001.
• SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura? São Paulo: Brasiliense, 2006. (Coleção 
Primeiros Passos).
 Atividades
1. Procure escrever, com base no que estudamos até o momento, o que é a sociologia, 
destacando qual seria seu objetivo maior.
2. A partir do século XVIII, a humanidade passou por muitas transformações e espe-
cialmente dois fatos históricos estão entre os principais geradores dessas mudanças. 
Quais foram eles? Como isso se relaciona com o surgimento da sociologia?
3. Pense na sua família e procure perceber como ela exerceu sua ação socializadora com 
você. Faça um pequeno comentário explicando como isso aconteceu.
Sociologia da Educação 17
2
A sociologia da educação
As teorias sociológicas fornecem alguns conceitos que servem de embasamento 
teórico também para a sociologia da educação. Mas é interessante lembrar que os gran-
des sociólogos não fizeram da educação o seu objeto de estudo prioritário, o que não 
impede de buscar em suas obras algumas referências, e até mesmo algumas análises, 
que tenham feito sobre alguma questão que colabore para a compreensão dos proble-
mas educacionais.
O desenvolvimento da sociologia como ciência não foi linear ou sem embates 
entre os teóricos, pelo contrário, em toda ciência os confrontos aconteceram e em 
alguns momentos o que parecia ser uma “lei” foi questionado, repensado e isso acabougerando novas referências teórico-metodológicas.
A sociologia da educação2
Sociologia da Educação18
É muito importante lembrar sempre que a
sociologia é uma disciplina potencialmente humanista porquanto pode aumen-
tar a área de escolha que os homens têm sobre suas ações. Ela lhes permite lo-
calizar as fontes a que devem recorrer se quiserem mudar as coisas, e os meios 
necessários, dando ao homem, dessa forma, uma base científica potencial para 
ação, reforçando-o, em vez de constrangê-lo numa camisa de força do determi-
nismo. (COULSON; RIDDELL, 1979, p. 123)
Assim, fica evidente o caráter questionador e, de acordo com o embasamento teórico 
que se adote, potencialmente transformador da sociologia. Pensar sociologicamente é pen-
sar de forma crítica e, segundo o sociólogo Cláudio Souto (1987, p. 5), “a atitude sociológica 
é uma atitude de conhecimento”. Portanto, é preciso conhecer a sociedade para melhor com-
preendê-la e transformá-la.
Novas formas de pensamento, como era de se esperar, visto que nenhuma ciência está 
descolada de seu tempo, vão tomar conta dos pensadores da época à medida que novos pro-
blemas se apresentam para análise. E é nesse momento que os primeiros teóricos começam 
a tentar dar à nova ciência um caráter de cientificidade, dotando-a de um corpo conceitual e 
de um método próprio para estudar os fenômenos sociais.
2.1 Os primeiros grandes sociólogos: a 
educação como tema e objeto de estudo
Entende-se educação como um caminho para propiciar o pleno desenvolvimento da per-
sonalidade, das aptidões e das potencialidades, tendo como objetivo final o exercício pleno 
da cidadania. Trabalha-se com a ideia de que se deve lutar para combater qualquer visão 
de que a educação não seria mais do que mera instrução. De acordo com o professor Juan 
Carlos Tedesco (2004, p. 34), educação
é mais do que apenas a transmissão de conhecimentos e a aquisição de competên-
cias valorizadas no mercado. Envolve valores, forja o caráter, oferece orientações, 
cria um horizonte de sentidos compartilhados, em suma, introduz as pessoas 
numa ordem moral. Por isso mesmo, também deve dar conta das transformações 
que experimenta o contexto cultural imediato em que se desenvolvem as tarefas 
formativas, ou seja, o contexto de sentidos e significados que permite que os sis-
temas educacionais funcionem como meio de transmissão e integração culturais.
Assim, mudanças culturais, valores e sentimentos que são partilhados por grupos 
sociais acabam definindo novos padrões que, invariavelmente, refletirão no processo 
educativo. A sociologia da educação surge pensando nesses termos e buscando contri-
buir para levantar questões relacionadas às demandas impostas pela própria sociedade. 
Dessa forma, de acordo com a socióloga Eva Maria Lakatos (1999, p. 25), a sociologia da 
educação “examina o campo, a estrutura e o funcionamento da escola como instituição 
social e analisa os processos sociológicos envolvidos na instituição educacional”. Essa 
A sociologia da educação
Sociologia da Educação
2
19
definição dá conta de explicar o que é pensar sociologicamente a educação. Mas, até 
chegar a isso, muito se avançou.
Auguste Comte (1798-1857) deu o primeiro passo e a quem é atribuído o uso, pela pri-
meira vez, da palavra sociologia1. É de Comte também a preocupação de dotar a sociologia 
de um método, preferencialmente alguma coisa bem parecida com os métodos usados pelas 
ciências naturais, para que não restassem dúvidas sobre o fato de ser ela uma ciência – a físi-
ca social, como ele a definia inicialmente.
Acreditava ser necessário que fossem elaboradas leis do desenvolvimento social, isto é, 
leis que deveriam ser seguidas para que a vida em sociedade fosse possível. Essa maneira de 
ver a sociedade (como alguma coisa que poderia ser controlada apenas por normas, regras 
e leis) e a sociologia (como a ciência que se encarregaria de fornecer os instrumentos para 
isso), se dá no contexto do Positivismo.
Comte priorizou a noção de consenso, que se apoiaria em ideias e crenças comuns, se 
não a todos, ao menos à maioria da sociedade, e na supremacia do todo sobre as partes. 
Entretanto, não problematizou o consenso, ou seja, não viu o consenso social como algo que 
não acontece por si só, mas quando os indivíduos estabelecem relações entre si, durante a 
socialização. Também desconsiderou o caráter problemático do consenso, já que o homem é 
um ser sociável, apesar de nem sempre essa socialização se dar de forma tranquila ou pací-
fica, existindo os confrontos, as divergências e os conflitos. Finalmente, deve-se lembrar que 
a sociedade é dinâmica e não pode ser controlada apenas por um conjunto de leis.
Vamos apontar alguns aspectos centrais das obras dos três grandes sociólogos – 
Durkheim, Marx e Weber –, lembrando que muitos outros deram sua contribuição para a 
discussão dos fenômenos sociais ligados à educação. 
Émile Durkheim (1858-1917), baseado nas contribuições de Comte, publicou os pri-
meiros trabalhos de pesquisa2 na sociologia e mostrou os limites das concepções anteriores, 
porque acreditava que, à medida que a sociedade cresce, inclusive em termos numéricos, 
aumentam os papéis a serem desempenhados pelos atores sociais, o que acarreta mudanças 
nas regras e normas da sociedade.
Durkheim analisou as estruturas e instituições sociais, bem como as relações entre o 
indivíduo e a sociedade, considerando as novas relações de poder que se configuravam na 
Europa da sua época. A sociedade consumista que surgia e o crescente individualismo preo-
cupavam o autor, que via aí uma forte possibilidade de desagregação social.
Ele via a educação como um processo contínuo e como um caminho em direção à or-
dem e à estabilidade, conforme determinados valores éticos fossem passados. Refletir, co-
nhecer e tentar explicar os processos da ação educativa, sempre considerando sua evolução 
histórica, possibilitaria a tomada de decisões que pudessem levar à transformação social.
Em suas obras, Durkheim afirma que a educação é uma parte da sociedade, uma ins-
tituição social, um produto histórico, um reflexo da sociedade na qual se insere, em que 
a coletividade se impõe sobre o indivíduo. Ela deve procurar restabelecer o consenso, a 
1 Palavra como radical latino socio (sociedade) e o radical grego sofia (saber, conhecimento).
2 Intitulados A divisão do trabalho social, As regras do método sociológico e O suicídio.
A sociologia da educação2
Sociologia da Educação20
manutenção e a continuidade do grupo social, transformando o homem em um ser social, 
interiorizando os valores e as maneiras de ser, pensar e agir do seu grupo. Isso tudo serviria 
para se criar e manter mecanismos de regulação social, valorizando, então, a disciplina, a 
obediência e o respeito à autoridade. Dizia também que a sociedade é mais do que a soma 
de seus membros e que, portanto, deveriam ser analisadas as suas interações e o sistema que 
delas se origina. Enfatiza em sua obra que o comportamento dos grupos sociais não pode ser 
reduzido ao comportamento dos indivíduos que fazem parte desse grupo.
Parte da noção de fato social, isto é, da maneira de pensar, agir e sentir de um grupo 
social, entendendo a sociedade como um conjunto de fatos sociais que só poderiam ser 
estudados se fossem tratados como coisas. Caracterizou o fato social como sendo comum a 
todos os membros da sociedade ou à sua maioria (princípio da generalidade); externo ao in-
divíduo, ou seja, que existe independentemente da sua vontade (princípio da exterioridade); 
e coercitivo, uma vez que pressiona os indivíduos para que sigam o comportamento espe-
rado, estabelecido como sendo o padrão (princípio da coercitividade). Daí a possibilidade 
concreta que Durkheim percebeu de tratar o fato social como coisa.
Distingue dois tipos de sociedades, pautadas no que chamou de solidariedade mecânica 
e solidariedade orgânica, dependendo da intensidade dos laços que unem os indivíduos. Para 
esse sociólogo,
as sociedades antigas apresentavama divisão do trabalho fundamentada na so-
lidariedade mecânica. Nesta, cada indivíduo conseguia realizar um conjunto de 
atividades [...] onde havia um pequeno número de habitantes e certa semelhança 
de funções [...] permitindo a um indivíduo ou a outro executar tais ou quais tare-
fas devido à aproximação entre elas. (VIEIRA, 1996, p. 53)
Esse novo quadro estimula o desenvolvimento tecnológico e uma maior divisão do 
trabalho, criando uma distinção importante entre as tarefas e levando à solidariedade 
orgânica, “que significa que cada tarefa é uma função relacionada com as outras funções 
que representam outras tarefas, não ocorrendo fragmentação, e sim, vinculação organiza-
da das atividades na sociedade” (VIEIRA, 1996, p. 54). Assim, toda e qualquer atividade 
teria um objetivo social e isso levaria ao consenso e ao equilíbrio social, ideia de certa 
forma bastante conservadora, uma vez que não contempla a mudança social. Acredita 
que as desigualdades seriam entendidas por meio do estudo do poder e da dominação. 
Estuda a religião, por exemplo, com base na premissa de que ela, assim como a educação, 
é um fenômeno universal de integração social.
Para Durkheim, os conflitos sociais de sua época seriam transitórios e poderiam ser 
resolvidos a partir do momento em que os indivíduos aceitassem ocupar sua função e seu 
lugar na sociedade. Acreditava que na regulação realizada no campo social poderia conter 
excessos e/ou desvios que percebia na sociedade do seu tempo.
Sua preocupação com a ordem e com a integração social é que o leva a se interessar pe-
los problemas da educação. Segundo a pedagoga e socióloga Maria de Lourdes R. Tura, para 
Durkheim, a educação “estava assim envolvida em um espírito de missão (...) [Seria] preciso 
criar novos mecanismos de regulação social e a educação moral tinha aí um papel funda-
mental a cumprir, internalizando os valores da coletividade, a importância da disciplina, 
A sociologia da educação
Sociologia da Educação
2
21
do atendimento à autoridade e do controle da violência” (2002, p. 59). Segundo a autora, 
a sociologia orientaria a ação educativa, atribuindo-lhe significado (p. 60). Uma vez que as 
práticas educativas são, como os fatos sociais, parte de um todo, se integram para a reali-
zação de um fim comum que, para Durkheim, seria a forma pela qual o indivíduo tomaria 
consciência da coletividade e da melhor maneira para agir em comunhão com os demais 
membros dessa sociedade.
Outro teórico que muito contribuiu para o desenvolvimento da sociologia e das teo-
rias sociológicas foi Karl Marx (1818-1883), que vê a sociedade como um todo composto de 
várias partes, como a economia, a política e as ideias (a cultura). Mas, para ele, a economia 
seria a base de toda a organização social e as explicações para os fenômenos sociais viriam 
do aprofundamento da análise econômica.
Marx pensou de forma crítica sobre o Estado, que de alguma forma legitimaria a apro-
priação por uma minoria dos meios de produção, com o objetivo de explorar a força de 
trabalho do proletariado, classe que para Marx seria revolucionária. Mas, para tanto, deve-
ria conhecer a si mesma em termos teóricos, ao mesmo tempo em que implementaria uma 
prática social que seria reflexo dessas escolhas conscientes.
Ele parte da premissa de que é em torno da produção que a sociedade se organiza, 
sendo o homem o sujeito de sua própria história, pelo trabalho e pelas atividades criativas 
que desenvolve. É pelo trabalho, segundo Marx, que o homem se constrói e é em torno da 
produção que toda a sociedade se organiza – as condições de trabalho são determinantes. 
Entretanto, para que a transformação se realize, com base na atuação do proletariado, é 
preciso que a prática seja orientada pela teoria. Daí a importância da sociologia para Marx.
De acordo com a socióloga Maria Cristina C. Costa (2005, p. 125),
a ideia de uma sociedade “doente” ou “normal”, preocupação dos cientistas so-
ciais positivistas, desaparece em Marx. Para ele, a sociedade é constituída de 
relações de conflito e é de sua dinâmica que surge a mudança social. Fenômenos 
como luta, contradição, revolução e exploração são constituintes dos diversos 
momentos históricos e não disfunções sociais.
A noção de classe social é fundamental na análise que Marx faz dos problemas oriun-
dos, a seu ver, da nova ordem instaurada pelo capitalismo, pautada, segundo ele, na explo-
ração da força de trabalho (classe dominante sobre classe dominada – a burguesia sobre o 
proletariado). Para ele, a mudança social estaria relacionada com a luta de classes e os estu-
dos sociológicos deveriam ter como objetivo a transformação social, que só aconteceria com 
a destruição do capitalismo e sua substituição pelo socialismo.
A questão da divisão social do trabalho, a luta de classes e o papel desempenhado pela 
ideologia das classes dominantes poderiam ter seus efeitos diminuídos com a construção do 
conhecimento como forma de superação do que chamou de alienação, conceito extremamen-
te importante para a teoria marxista que, segundo Costa (2005, p. 113), torna-se
uma peça-chave de sua teoria para a compreensão da exploração econômica 
exercida sobre o trabalhador no capitalismo. Indústria, a propriedade privada e 
o assalariamento alienavam ou separavam o operário dos ‘meios de produção’ 
A sociologia da educação2
Sociologia da Educação22
– ferramentas, matéria-prima, terra e máquina – e do fruto de seu trabalho, que 
se tornaram propriedade privada do empresário capitalista.
Politicamente, também o homem se tornou alienado, pois o princípio da represen-
tatividade, base do liberalismo, criou a ideia de Estado como um órgão político im-
parcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos 
indivíduos. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classes, esse Estado 
representa apenas a classe dominante e age conforme o interesse desta.
Assim, superar a prática da alienação dependeria diretamente da prática que o homem, 
visto como sujeito histórico, empreendesse no sentido de transformar a sociedade. E, para 
dar conta de entender não só o capitalismo, mas também a própria natureza da organiza-
ção econômica do homem, é que Marx cria uma teoria cujos princípios fundamentais são 
explicitados no materialismo-dialético, seu método de análise por excelência, que propõe 
exatamente perceber que de um embate, de um conflito, sempre surge alguma coisa nova e 
diferente daquelas que o originaram. A maneira como as forças produtivas e as relações de 
trabalho estão organizadas é o que mostraria como a sociedade se estrutura, uma vez que as 
forças produtivas compõem o que ele chamou de condições materiais de existência, constituin-
do-se nas mais importantes formas de relações humanas.
A luta de classes e a valorização da mercadoria, guiadas por uma ideologia da classe 
dominante, segundo Marx, só pode ser superada com uma prática consciente, em que se 
busque a construção do conhecimento para poder promover a transformação social.
Diante de tudo isso, não é difícil imaginar como Marx via o processo educativo. 
Não acreditava na ideia de que a educação poderia ser a atividade que seria capaz de pro-
mover por si mesma a transformação que a sociedade necessitaria. Pelo contrário, o filósofo 
Leando Konder explica que para Mark
a atividade do educador era parte do sistema e, portanto, não podia encaminhar 
a superação efetiva do modo de produção entendido como um todo. O educador 
não deveria nunca ser visto como um sujeito capaz de se sobrepor à sua socieda-
de e capaz de encaminhar a revolução e a criação de um novo sistema.
A atividade do educador tem seus limites, porém, é atividade humana, é práxis. 
É intervenção subjetiva na dinâmica pela qual a sociedade existe se transforman-
do. Contribui, portanto, em certa medida, para o fazer-se da história. (KONDER, 
2002, p. 19-20)
A ideia central nessa concepção de educador como parte do sistema é de que o educa-
dor não está descolado da sociedadeem que vive, pelo contrário, é sujeito histórico e pro-
duto dessa sociedade, portanto, resultado das condições materiais em que foi “formado”. 
Isso determinava a forma como se comportava diante das demandas impostas pela socie-
dade capitalista, em sua essência desigual e excludente. Mas, mesmo não vendo a educação 
como uma instituição que seria capaz de promover a transformação revolucionária, acredi-
tava que ela pudesse ser o meio pelo qual se poderia inserir novas formas de ver o mundo, 
desde que estimulassem a reflexão crítica para combater o imobilismo e a apatia diante do 
quadro de exploração da sociedade capitalista.
A sociologia da educação
Sociologia da Educação
2
23
Assim, apesar de não haver escrito sobre educação, Marx trouxe grande contribuição 
para a sociologia da educação, principalmente por ter chamado a atenção para o fato de que 
o homem é um ser social construído historicamente, sempre que duvida de alguma coisa e 
questiona o que parece já estar estabelecido. Podemos pensar então que, segundo essa teo-
ria, a educação é sempre uma via de mão dupla: questiona-se tudo, discute-se, buscam-se 
novos caminhos, às vezes passando pelo conflito de interesses. Suas análises da vida social 
e do homem repercutem na educação na medida em que apontam para o importante papel 
que o educador pode vir a desempenhar, caso esteja convencido da necessidade de sempre 
duvidar do ideal de sua prática pedagógica e de questionar a sociedade na qual se insere 
(e da qual seus alunos e sua escola também fazem parte). Caso contrário, a educação se tor-
na “uma das mais importantes formas de perpetuação da exploração de uma classe sobre 
a outra, utilizada pelo capitalista para disseminar a ideologia dominante, para inculcar no 
trabalhador o modo burguês de ver o mundo” (RODRIGUES, 2001, p. 49).
Max Weber (1864-1920) analisa a sociedade de seu tempo, quando o capitalismo se con-
solidou como modo de produção, e trava um diálogo profundo com a obra de Marx, de 
quem discorda em muitos pontos. Weber partia do princípio de que, para entender a socie-
dade, era preciso entender a ação do homem, tentando compreender, explicar e interpretar o 
social em análises não valorativas, sempre considerando seu caráter dinâmico. Afasta-se de 
Marx ao explicar a sociedade com base nas relações estabelecidas pelos homens no capita-
lismo, e não apenas baseado na economia. Para ele, há vários grupos sociais em sociedades 
diferentes, com culturas diferentes, que devem ser consideradas, inclusive na ação educati-
va. Ele não nega a luta de classes, mas não enxerga aí todas as causas ou possibilidades de 
mudanças sociais.
Sua sociologia compreensiva tem como premissa básica que para entender a sociedade 
capitalista em seus sistemas sociais e intelectuais, seria necessário compreender a ação do 
homem em interação. Pautado no recurso metodológico do tipo ideal, preocupava-se com o 
estudo da ação social e da interação, vista por ele como o processo básico de constituição do 
ser social, da cultura e da própria sociedade, sempre partindo de uma base teórico-metodo-
lógica consistente. É o pioneiro nos estudos empíricos na sociologia.
Base da interação social, a comunicação é um aspecto fundamental do pensamento 
 weberiano e exigiria a compreensão das partes envolvidas. À medida que há uma aceitação 
das semelhanças e diferenças entre os indivíduos e uma certa padronização na forma de 
pensar e de agir com base em valores e padrões que foram interiorizados tem-se o equilíbrio 
social, objetivo maior a ser alcançado na vida social.
Mesmo enfatizando as relações de poder e não negando os conflitos de classe, Weber 
discorda de Marx ao afirmar que haveria muitas causas para se explicar o capitalismo – cau-
salidades múltiplas. A realidade poderia ser compreendida pelo fato de que é determinada 
por vários fatores que se influenciam mutuamente. Diferente de Marx, para Weber, segun-
do a pedagoga Rita Vilela, o foco da análise “é como os homens (individuais e culturais) 
atuaram especificamente na construção desta forma econômica” (2002, p. 84). Daí sua ideia 
de uma sociologia compreensiva, uma ciência que deve se reconhecer como analítica, mas, 
também, parcial. Conclui que nenhuma ciência poderá dizer aos homens o que devem fazer, 
A sociologia da educação2
Sociologia da Educação24
mas que sempre poderão dizer “não” a qualquer determinismo, inclusive ao econômico. 
Aqui, novamente, se distancia de Marx.
Mais uma vez vale a pena recorrer a Vilela (2002, p. 90), quando a autora diz que “o eixo 
da sociologia da educação de Weber está na demonstração de que através dos sistemas esco-
lares (e das práticas sociais no interior desses sistemas) se desenvolve um processo peculiar 
de imposição dos caracteres dos grupos sociais e do poder estabelecido”.
Assim, o importante para Weber é entender como e por meio de que tipo de relações so-
ciais se mantém o modelo de sociedade e de que maneira os processos de dominação estru-
turariam a vida social. Considera que os valores cultivados pelo indivíduo dizem respeito 
ao seu lugar ideal na sociedade e à sua posição, não apenas ao fato de ser ou não possuidor 
dos meios de produção.
Os sistemas de educação serão por ele discutidos, também, com base na tipologia ideal. 
E a partir desse recurso metodológico é que elabora o quadro composto por três tipos-ideais 
de educação, todos correspondentes a um tipo de dominação que os sustentariam: educação 
carismática (um dom), formativa (para orientar atitudes e comportamentos) e especializada 
(instrução em busca de conhecimentos e saberes importantes para o exercício dos papéis 
sociais). Esse último tipo estaria relacionado à dominação legal e ligado ao processo de ra-
cionalização e burocratização da sociedade do seu tempo.
Mas, talvez, a maior contribuição de Weber esteja no fato de que ele, por meio de suas 
análises da escola, trouxe para a sociologia da educação novos temas para serem discutidos, 
muitos deles ainda bastante atuais, especialmente aqueles ligados à questão da dominação e 
reprodução social. E mesmo não produzindo uma teoria sociológica da educação, em muito 
contribui para a percepção do papel e da função da educação – os sistemas escolares e a 
ordem burocrática e as diferentes formas de acesso à educação; enfim o processo educativo, 
sua estrutura, funcionamento e ideologia.
2.2 As teorias sociológicas e a educação
De acordo com o que foi apresentado nessa síntese das ideias dos pioneiros da sociolo-
gia, o que você observou? Percebeu que sempre há uma preocupação central que norteia a 
trajetória de vida e, consequentemente, a caminhada intelectual de cada um dos pensadores 
cujas ideias conhecemos? Isso acontece porque sempre há uma ideologia, isto é, um conjun-
to de valores que formam a consciência do indivíduo, resultante de sua posição de classe e 
dos interesses a ela relacionados.
Em alguns momentos, a ideologia teve uma conotação negativa, sinônimo de “falsa 
consciência”, como em Marx, para quem esse é um conceito fundamental e tem forte cono-
tação política. Mas é um conceito que pouco aparece em Durkheim e Weber, quase sempre 
associado a um conjunto de crenças e valores que norteiam o pensamento e a ação dos in-
divíduos e dos grupos sociais, gerando uma visão de mundo que orienta a ação individual 
e coletiva. Aproxima-se muito, para alguns teóricos, da noção de cultura. Pode espelhar ou 
não os ideais da classe dominante. Seja como for, nota-se uma tendência à reprodução dos 
valores ligados às camadas dominantes da sociedade.
A sociologia da educação
Sociologia da Educação
2
25
Esse e outros conceitos, tais como hegemonia, de Gramsci, ou de aparelhos ideológicos de 
Estado, de Louis Althusser3, decorrem da noção de ideologia. Mas é importante destacar que 
vários autores discutiram as relações de poder que acontecem na sociedade.
Para Gramsci, por exemplo, a cultura seria o espaço no qual se travaria a luta de classes 
e, portanto, seria por meio de uma revoluçãocultural que se poderia mudar a estrutura da 
sociedade. Destaca, então, o papel fundamental que a escola e os intelectuais exerceriam 
nesse processo, estratégias para que o sucesso pudesse ser alcançado. Essa escola, que cha-
mou de única (e unitária do ponto de vista do conhecimento) seria frequentada tanto por 
operários quanto por intelectuais, todos recebendo uma formação profissional e a cultura 
clássica. Esse processo resultaria na formação do intelectual orgânico, comprometido com 
sua classe social e com um saber (erudito e técnico-profissional).
Acreditava que somente dessa maneira não se teria mais a separação entre trabalho 
intelectual e trabalho material, possibilitando que esse intelectual fosse promotor da mobi-
lização política que levaria à revolução cultural que, por sua vez, transformaria a sociedade.
Já Althusser identificava-se bastante com o marxismo, sendo, portanto, crítico do capi-
talismo e engajado com as questões do seu tempo e do seu país, especialmente o maio de 
19684. Concorda, mas vai além de Marx ao discutir o conflito e fazer uma conexão entre a 
educação e o que chamou de aparelhos ideológicos de Estado, certos dispositivos que quando 
acionados tendem a manter as classes dominantes no poder. As instituições escolares seriam 
um desses aparelhos5 e funcionariam como aparelhos de reprodução e alienação, meios atra-
vés dos quais o Estado exerceria o controle da sociedade, sem utilizar a violência e/ou a 
repressão, gerando e mantendo a reprodução social e submetendo o indivíduo à ideologia 
dessa classe dominante. A escola seria, então, o aparelho ideológico mais expressivo, até em 
função do tempo em que o indivíduo permanece “exposto” à sua influência.
Quando esse processo não atinge seu objetivo, isto é, controlar os indivíduos, “mode-
lando-os” para a vida em sociedade, entraria em ação, segundo Althusser, um dos aparelhos 
repressivos do Estado, a polícia, para conter qualquer manifestação de descontentamento 
ou resistência ao sistema.
Essa discussão se coloca no momento em que se entende o processo educativo como 
uma das maneiras por meio das quais é transmitida a ideologia dominante que, conforme o 
momento histórico, pode estar ligada à Igreja ou ao Estado. A escola, vista como instituição, 
efetivamente assume esse papel, quer tenhamos ou não consciência disso. A mudança social 
3 Ver algumas obras desses autores, em especial:
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado. 10. ed. São Paulo: Graal, 2007.
 ______. Sobre a reprodução. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
______. Intelectuais e a organização da cultura. São Paulo: Civilização Brasileira, 1989.
4 Maio de 1968 foi um momento de intensas transformações políticas, sociais e comportamentais 
que marcaram a segunda metade do século XX, no Ocidente, e que atingem o auge quando as mani-
festações estudantis ocorridas nas universidades de Nanterre e Sorbonne, na França, repercutem em 
diversas universidades de países da Europa e das Américas, ganhando uma dimensão ainda maior 
com a ampliação das revoltas para a classe trabalhadora. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.
br/folha/especial/2008/maiode68/>. Acesso em: 7 jun. 2018.
5 Ao lado da Igreja e de outras instituições sociais.
A sociologia da educação2
Sociologia da Educação26
pode ou não acontecer, segundo os valores que estejam sendo transmitidos e internalizados 
pelas crianças e pelos jovens educandos. A educação pode ou não reproduzir a ordem social 
vigente, fato para o qual chamou a atenção o sociólogo francês Pierre Bourdieu.
A ideologia se faz presente em todo o sistema educacional, em especial nos livros didá-
ticos e no currículo. Como profissional de educação, certamente você já percebeu o quanto 
os livros podem ser veículos de transmissão de valores distorcidos, preconceituosos, até 
porque na sociologia, na educação, como em qualquer outra área do conhecimento humano, 
sabe-se que não há neutralidade. 
Na sua disciplina ou na sua prática pedagógica, já notou ideias e/ou atitudes preconcei-
tuosas? Como você lida com essas situações? 
 Dicas de estudo
Filmes:
• A ONDA. Direção: Dennis Gansel. Alemanha: Hat Pack Filmproduktion, 107 min.
Para propor uma reflexão sobre o papel da ideologia e como a educação pode ser fun-
damental para propagar ideias, transformar ou manter sistemas já consolidados na so-
ciedade, um professor alemão resolve fazer uma experiência prática sobre o fascismo 
e, conforme os alunos aderem à experiência, ele acaba perdendo o controle. Vale a pena 
assistir ao filme para entender melhor o poder da palavra, do discurso, da necessidade de 
ser aceito a fazer parte de um grupo, algo tão importante especialmente para os jovens.
Leituras:
• CARVALHO, Alonso Bezerra de; SILVA, Wilson Carlos Lima. Sociologia e educa-
ção: leituras e interpretações. São Paulo: Avercamp, 2006.
• OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia de educação. 3. ed. São 
Paulo: Ática, 2007.
• SOUZA, João Valdir Alves de. Introdução à Sociologia da educação. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2007.
 Atividades
1. Com base no que você viu até aqui, aponte algumas diferenças entre Durkheim, 
Marx e Weber quanto à função e o papel da educação na sociedade capitalista.
2. Sempre se diz que a Sociologia é fundamental para o desenvolvimento do espírito 
crítico de um indivíduo. Tanto é assim que sempre há, especialmente em governos 
menos populares e/ou democráticos, uma ação no sentido de retirar a disciplina 
dos currículos das escolas. Por que isso ocorre?
3. O que é e por que é importante o “pensar sociologicamente”?
Sociologia da Educação 27
3
A sociologia da educação 
no Brasil
A trajetória da sociologia no Brasil, como não poderia deixar de ser, está rela-
cionada com o contexto histórico-social do país, intercalando momentos de livre 
expressão com outros de forte repressão, chegando até mesmo ao banimento das 
instituições educacionais.
Não se pode deixar de pensar que, diante desse quadro, a sociologia brasileira 
tenha adquirido um caráter particular, marcado pela busca de explicações/análises/
soluções que respondessem às demandas geradas pela sociedade capitalista brasileira, 
tão distinta em sua essência de outros países também capitalistas. Lembre-se de que 
uma das características do capitalismo é o aprofundamento da divisão social do traba-
lho e a luta de classes. Por mais que a produção dos bens materiais e do próprio conhe-
cimento sejam coletivos, nessas sociedades esses bens tendem a ser distribuídos de 
maneira desigual, reforçando, também, as diferenças entre os homens e cristalizando 
relações de poder pautadas na submissão, na exploração e na exclusão.
A sociologia da educação no Brasil3
Sociologia da Educação28
Segundo a socióloga e pedagoga Sônia M. P. Kruppa (1994, p. 29),
uma das contradições da sociedade capitalista está na existência simultânea da 
concentração de saber e das técnicas que permitiriam democratizá-lo, mas que 
não são usadas com essa finalidade. Na sociedade capitalista, quem detém o 
poder detém as condições de determinados saberes, que permitem controlar a 
sociedade. Assim, na sociedade capitalista, não só saber é poder, como poder e, 
geralmente, condição de saber.
De acordo com a autora e com outros teóricos, em especial aqueles ligados às teorias 
críticas da sociologia, o papel dessa ciência seria então pensar sobre tudo isso.
Mas ela chama a atenção para o fato de que, além da divisão social do trabalho, é pre-
ciso “que a organização da produção e da sociedade esteja montada de forma a prevalecer 
uma hierarquia entre quem tem conhecimento e poder e quem não tem” (1994, p. 28). Essa 
questão é de fundamental importância para se começar a pensar a sociologia da educação 
no Brasil – país marcado pela desigualdade em vários níveis e de vários tipos, inclusive de 
oportunidades – onde a opção histórica feita pelo Estado tem sido pelas camadas da socie-
dade mais favorecidaseconomicamente, refletindo-se esse modelo de sociedade também na 
escola e no processo educativo.
3.1 Formação da sociedade brasileira: economia 
agrário-exportadora e economia industrial
No Brasil, os problemas educacionais tornaram-se objeto de estudo recentemente tam-
bém a partir do enfoque sociológico. E isso ocorre exatamente em função das demandas 
geradas por essas desigualdades históricas, que se mantêm ao longo do tempo, desde a 
colonização, passando pelas marcas deixadas pelo escravismo, por uma vida política mar-
cada pela falta de participação da maioria nos processos decisórios, por períodos ditatoriais 
e por um lento e gradual processo de abertura e amadurecimento político. Mas a presença 
da sociologia nas escolas é um pouco mais antiga, remonta ao início do século XX, quando 
a disciplina começou a ser ministrada no Ensino Médio e em algumas faculdades. Esse pro-
cesso de institucionalização da sociologia, e inclusive da sociologia da educação, insere-se 
no contexto da época, na medida em que o Positivismo dominava a cena intelectual do 
momento. Sendo assim, partindo das teorias clássicas da ciência social, também no Brasil se 
começou a tentar investigar os problemas sob a ótica científica, com um corpo conceitual e 
uma metodologia específica. Pedro Demo (1998, p. 158) chama a atenção para a necessidade 
que a sociologia no Brasil teria de poder tratar dos nossos principais problemas, preferen-
cialmente vinculada à prática, contemplando o tema da desigualdade social e discutindo a 
questão da dependência, do imperialismo, dos obstáculos ao desenvolvimento, sempre con-
siderando que nós mesmos somos os atores desta sociedade e que é preciso “desmascarar” 
as desigualdades.
No contexto do Positivismo, a educação era vista como um instrumento para formar 
uma nova mentalidade, voltada mais para as ciências ditas positivas, isto é, mais objetivas. 
A sociologia da educação no Brasil
Sociologia da Educação
3
29
A elite que surgia de outros segmentos da sociedade brasileira e que tinha acesso à educação 
tentava assim manter seus privilégios. O contexto histórico do final do século XVIII, espe-
cialmente após a Proclamação da República e primeiras décadas do século XX, é marcado 
pelo colapso do modelo agroexportador, por uma crescente urbanização, pela industrializa-
ção e por uma certa “desordem” social.
Tal como aconteceu na Europa, as mudanças decorrentes da consolidação do capitalis-
mo também deixam suas marcas na vida social e na mentalidade da população brasileira. 
Especialmente com a emergência de novas classes sociais ligadas às novas atividades econô-
micas, ao lado da insatisfação com o modelo de educação que se tinha no país na década de 
1920 e a instabilidade política que marca a década de 1930, formava-se o cenário ideal para 
o desenvolvimento da sociologia no país.
Na busca por soluções para os problemas que apareciam nessa nova ordem, a socio-
logia passa a fazer parte do currículo do Ensino Médio e Superior. Um pouco mais tarde, 
passa a fazer parte também dos cursos de formação de professores. Várias reformas de 
ensino aconteceram em pouco mais de 10 anos (entre 1925 e 1935). É por meio das facul-
dades de Pedagogia, após 1930, que passa a fazer parte do currículo regular, como foi o 
caso da Faculdade de Educação da Universidade do Distrito Federal (1937), por Anísio 
Teixeira. Os cursos de Magistério e Ensino Médio também ensinam a disciplina nesse 
momento, o que não se constitui exatamente numa novidade, visto que a sociologia ain-
da associada à moral já era ministrada em alguns cursos secundários, por volta de 1890. 
É preciso destacar que nesse momento, e por algum tempo ainda, a educação não era o 
foco dos estudos sociológicos.
Somente após 1932, o ensino de sociologia é incentivado como forma de preparar as 
novas gerações para o país que surgia após tantas e tão intensas mudanças econômicas, so-
ciais e políticas, e a educação passa, assim, a ter um fim específico. Os problemas brasileiros 
pedem soluções urgentes para restabelecer a “ordem”. Aliás, a própria educação passa a 
ser vista como um problema social e um fator de mudança. Era preciso propor reformas que 
ajustassem a educação à nova ordem social. Mas é fundamental entendermos que, nesse 
momento, educadores e pensadores sociais – os cientistas sociais – se distanciam muito, 
uma vez que, para estes, a educação não desperta interesse como objeto de pesquisa. Isso só 
aconteceria mais tarde, depois de alguns trabalhos sem muito embasamento teórico e com 
grandes deficiências em termos metodológicos. Apesar de tudo, no final da década de 1940, 
a sociologia se institucionalizava como um campo específico de conhecimento.
Nos anos 1950-1960, com o avanço do nacionalismo e do populismo, formam-se os pri-
meiros sociólogos. Com o objetivo, naquele momento, de analisar os problemas brasileiros 
de forma mais independente em termos teóricos, isto é, produzir uma sociologia “abrasilei-
rada”, mais de acordo com as necessidades do país. Nessa conjuntura, a educação é vista 
como agente de transformação social e as escolas são analisadas de acordo com suas especi-
ficidades e diferenciações regionais. Isso se explica por toda uma política governamental que 
se volta para as diferenças regionais, particularmente entre o Sudeste rico e industrializado e 
o Nordeste arcaico e atrasado. Surgem iniciativas tais como a criação das superintendências 
regionais (Sudan, Sudene etc.). É estabelecida uma relação entre educação e desenvolvimento, 
A sociologia da educação no Brasil3
Sociologia da Educação30
enquanto os aspectos sociológicos da educação, como, por exemplo, o estudo da escola como 
instituição social, são pouco trabalhados. Age-se como se a educação, a escola e todos os atores 
envolvidos no processo educativo estivessem fora da realidade social como um todo. Como 
consequência, tem-se uma dispersão dos temas de pesquisa e pouco aprofundamento nos pro-
blemas educacionais propriamente ditos. O analfabetismo é um dos temas que adquire maior 
visibilidade, até por conta das funções que eram atribuídas à educação. Mas há mais descrição 
do que análise e interpretação dos problemas.
Foi na Universidade de São Paulo (USP) que, nos anos 1960, alguns cientistas sociais 
começam a efetivamente se interessar pelo tema educação, muitos norteados pelo funcio-
nalismo1, constituindo centros de estudos com o objetivo de analisar as relações de poder, 
particularmente aquelas entre a educação e a estrutura social.
Mesmo não seguindo mais adiante, nesse momento, a sociologia (e também a sociologia 
da educação) procura pensar o real, com o objetivo de encontrar maneiras de modificá-lo 
quando necessário, sempre partindo da ideia de diminuir as diferenças e as injustiças so-
ciais. Trata-se de fornecer bases teóricas para a ação, inclusive educacional. Ao mesmo tem-
po, tem-se um grande movimento em defesa da escola pública, vista como o caminho para 
a democratização do acesso à educação e meio de transformação social.
3.2 A sociologia continua seu caminho: 
dos anos 1970 aos dias atuais
Infelizmente, o caráter econômico ainda iria direcionar boa parte dos estudos nessa 
área, de acordo com o modelo desenvolvimentista da época, que priorizava o desenvol-
vimento econômico sobre o social. Especialmente após o Golpe Militar de 1964, quando 
muitos cursos são fechados e a disciplina é suspensa nas escolas e universidades. Muitos 
pesquisadores e professores são afastados do trabalho, alguns até do país, por se oporem ao 
regime político.
Em razão da repressão imposta pela Ditadura Militar, a década de 1970 é marcada por 
estudos quantitativos sobre administração escolar e pouco se fala de temas “incômodos” 
como evasão, reprovação ou rendimento escolar. Mesmo assim, aparecem críticas ao mo-
delo econômico e político da época, bem como uma contestação da própria política educa-
cional dos militares, eminentemente voltados para a formação de técnicos e não de pessoas 
com espírito crítico.Diante do quadro social e político desse momento, há um certo pessimismo em relação 
ao papel transformador da educação, em sua capacidade de promover mudanças sociais efe-
tivas. Apesar de se ter durante a década de 1970 um bom número de trabalhos em educação, 
1 Doutrina que concebe a sociedade como um sistema que deve estar em harmonia para “funcionar 
bem” e no qual os conflitos são apenas uma etapa de uma preparação para uma ordem cada vez maior. 
Busca relacionar um sistema normativo e a situação que seria definida por esse conjunto de restrições 
estáveis e coerentes aos olhos daqueles que não desejam que alguma coisa mude na ordem social. 
É vista como uma teoria conservadora.
A sociologia da educação no Brasil
Sociologia da Educação
3
31
não há estudos na área de sociologia da educação; discutem-se teorias da aprendizagem, 
teorias do currículo, programas, a atividade docente, entre outros temas.
O desenvolvimento de reflexões de caráter marxista estabelece relações entre algumas 
variáveis que antes eram consideradas isoladamente, pouco acrescentando em termos teóri-
cos. É o caso das condições socioeconômicas do aluno e seu rendimento escolar: ao estabe-
lecer essa correlação, tem-se o que se chama de explicação sociológica para os fenômenos da 
evasão e/ou da repetência, por exemplo. O sociólogo Roberto Martins Ferreira afirma que é 
observada uma mudança em termos de percepção do processo educativo, que é visto como 
conjunto de relações externas (interdependência, por exemplo) e internas (o sistema edu-
cacional é um todo composto de partes que têm relação entre si) (FERREIRA, 1993, p. 26).
A preocupação com a democratização do ensino, como já se disse, torna-se o foco 
dos educadores e sociólogos, que agora são muito mais críticos, denunciando o quanto o 
sistema educacional estava a serviço do poder político. É aqui que teóricos como Pierre 
Bourdieu e Louis Althusser, entre outros, divulgam suas teorias, chamadas de teorias do 
conflito. Voltando ao exemplo dado, nesse momento, a reprovação e a evasão que a ela se 
seguia passam a ser vistas como exclusão, problemas que exigem solução na qualidade de 
fenômenos sociais ligados ao subdesenvolvimento brasileiro.
Com a abertura política, como ficou conhecido o período de transição que marcou o fim 
da Ditadura Militar no Brasil e que ficou marcado, entre outras coisas, pela promulgação 
de uma nova Constituição em 1988 e pelo restabelecimento da ordem democrática (ainda 
que muito devagar), consolidaram-se os estudos marxistas e os questionamentos sobre o 
caráter ideológico do material didático, por exemplo. Entretanto, não se estuda a dinâmica 
interna da escola, nem os movimentos educacionais. O que se tinha eram trabalhos ainda 
muito marcados pelos levantamentos estatísticos, sem muita reflexão teórica ou proposições 
práticas, a partir dos dados coletados. Outras ciências viriam colaborar com a sociologia da 
educação, fornecendo-lhe subsídios em termos metodológicos, indicando procedimentos de 
pesquisa mais adequados aos temas que os pesquisadores se propunham a trabalhar.
Com tudo isso, o que se pode notar é que ainda permanece uma certa distância entre os 
educadores e os sociólogos, tendo, inclusive, nos anos 1990, aumentado o desinteresse pela 
sociologia da educação, apesar do esforço de muitos e do fato de que a maioria dos proble-
mas com os quais o Brasil se debatia há mais de 30 anos permanecem. Apesar do inegável 
avanço e melhoria dos indicadores sociais do país, amplamente divulgados pelo governo, 
ainda vivemos uma situação de profundas desigualdades sociais, decorrentes da absurda 
concentração de renda e da falta de um projeto real de reforma agrária.
Apesar das dificuldades, a sociologia e a sociologia da educação estão consolidadas no 
país, em centros de ensino e pesquisa, publicações especializadas e com vários trabalhos 
que alcançaram o reconhecimento internacional. Os profissionais da área trabalham no sen-
tido de pensar a realidade brasileira e fornecer subsídios para a implementação de políticas 
públicas voltadas para o atendimento das necessidades das populações mais carentes, mas, 
sobretudo, para propor temas para debate nacional.
A sociologia da educação no Brasil3
Sociologia da Educação32
 Dicas de estudo
Filme: 
• CENTRAL do Brasil, de Walter Salles Jr. Direção: Walter Salles. Produção: Donald 
Ranvaud; Arthur Gohn. Brasil: Europa Filmes, 1998. 105 min. 
Procure retirar do filme alguns elementos que demonstram o quanto o acesso à educa-
ção é desigual no país. Avalie o peso do analfabetismo para boa parte da população, que 
se vê excluída e privada de seus direitos fundamentais.
Leitura: 
• GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artimed, 2005.
 Atividades
1. Partindo do que foi apresentado neste capítulo, qual a importância da sociologia da 
educação para o Brasil?
2. Leia o fragmento abaixo.
A sociologia mostra a necessidade de assumir uma visão mais ampla sobre porque 
somos como somos e porque agimos como agimos. Ela nos ensina que aquilo que 
encaramos como natural, inevitável, bom ou verdadeiro, pode não ser bem assim e 
que os “dados” de nossa vida são fortemente influenciados por forças históricas e 
sociais (GIDDENS, 2005, p. 24).
Explique como isso se relaciona com a educação.
Sociologia da Educação 33
4
Educação e família
Quando se fala em educação, pensamos logo em escola, educação formal ou coisas 
do gênero, não é? E quando o assunto é família, o que você logo pensa? Na verdade,-
são dois temas bastante complexos, cuja própria definição demanda esclarecimentos. 
O que se entende por família? E por educação? 
Educação é muito mais do que escola e escolarização, é um processo social e um 
dos agentes de socialização que tem como objetivo a transformação do homem bioló-
gico em um ser social.
Educação e família4
Sociologia da Educação34
Entretanto, quando se tenta definir a noção de família, a situação se complica um pou-
co. De qual família estamos falando? De que tipo? Em qual contexto? Com quais funções? 
Calma! Não desanime, porque vamos juntos tentar perceber como, ao longo do tempo, a 
família foi mudando e se constituindo tal como a entendemos hoje. Em seguida, vamos 
verificar como família e educação podem ter os mesmos objetivos, em certos momentos da 
história. Estudar a história da família é importante para tentar entender a natureza das so-
ciedades. Sendo uma instituição social fundamental, suas características influenciam todas 
as demais instâncias da vida social, em particular, o processo de socialização e, por fim, o 
processo educativo.
Mas o que vem a ser o processo de socialização, que nunca termina, e que em cada 
momento da vida do indivíduo pode apresentar uma influência maior ou menor de um 
determinado agente desse processo? Qual seria então o papel da família? Ao mesmo tempo 
em que o indivíduo é moldado pela sociedade, ele age no sentido de transformá-la. Nesse 
processo, mesmo que não se perceba claramente, sempre há alguém que ensina e alguém 
que aprende. Essa é a essência da socialização. É por meio da socialização que o homem se 
faz um ser social, isto é, torna-se apto para conviver em sociedade e vivenciar aquilo que o 
torna diferente de outros seres vivos. É o que lhe dá humanidade!
Socialização, segundo Lakatos (1999, p. 90), é
o processo pelo qual o indivíduo biológico se transforma em pessoa social [...], 
aprende e interioriza os elementos socioculturais do seu meio, integrando-os na 
estrutura de sua personalidade sob a influência de experiências de agentes so-
ciais significativos, e adaptando-se assim ao ambiente social em que deve viver.
Portanto, de acordo com a autora, somente a pessoa socializada “consegue comparti-
lhar ideias, gostos, crenças e sentimento com os componentes do grupo, e assim pode a eles 
‘pertencer’” (LAKATOS, p. 91) e é esse compartilhar da cultura que garante a identidade do 
grupo, a preservação de suas tradições e, principalmente, a transmissão de valores, senti-

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