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Thais Alves Fagundes SÍNDROME DO RESPIRADOR ORAL E RINITE ALÉRGICA Respirador oral apresenta semi-obstrução nasal uni ou bilateral recorrente ou persistente, causando respiração ruidosa (barulho para respirar) e roncos. Devido à obstrução nasal, existe um fluxo de ar através da cavidade oral. o Dorme de boca aberta, mais confortável de decúbito ventral. o Apresenta salivação. o Pode apresentar prurido nasal e distúrbios do sono, chegando à apneia (casos mais graves). Prevalência varia de 1 a 13%, com pico entre 2-8 anos, coincidindo com o crescimento do sistema linfoide. Mais comum em crianças obesas e com sobrepeso. CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS Crianças acometidas pela síndrome podem desenvolver distúrbios comportamentais, cognitivos e neurológicos derivados das alterações do sono. Aumento de problemas posturais, sonambulismos e outras parassonias, comprometimento do crescimento, outros distúrbios hormonais, enurese noturna e problemas cardiovasculares. CAUSAS FREQUENTES Na faixa etária pediátrica duas causas mais frequente são: Rinite alérgica (que aumenta sua prevalência até a adolescência). Hipertrofia de amígdalas e adenoides. Existem várias outras causas menos frequentes (más formações crânio-faciais). SINTOMAS Sintomas diurnos Sintomas noturnos Respiração oral Cefaleia matinal Dificuldade de despertar pela manhã Alterações de humor Déficit de atenção e hiperatividade Dificuldades escolares Sonolência diurna Semi-obstrução nasal (rinorreia) Infecções de vias aéreas superiores frequentes Dificuldade de deglutição Queda do apetite Déficit auditivo Roncos Dificuldade respiratória durante o sono Pausas respiratórias ou apneia. Sono agitado. Sudorese noturna. Xerostomia. Posição anormal para dormir. Enurese. Terror noturno e/ou sonambulismo Bruxismo CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Características encontradas no exame clínico da criança que cronicamente respira pela boca. o Crescimento ósseo da face fica reduzido, principalmente dos seios da face, que dependem de aeração. o Ossos da face tendem a ter a bochecha baixa; o Hipotrofia malar; o Aumento da musculatura perioral, criando um sulco nasolabial profundo. Thais Alves Fagundes o A tendência de manter a boca aberta faz com que a criança não apoie os dentes, provocando uma má oclusão dental, identificada por sinais como a mordida cruzada (incisivos superiores não coincidem com os inferiores, com deslocamento da posição do dente) e o palato ogival (boca de peixe). o Rinoscopia anterior: Mucosa nasal, ao invés de rósea, é pálida. Hipertrofia da mucosa dos cornetos, que quase encostam no septo nasal. DIAGNÓSTICO Essencialmente clínico; Exige uma boa anamnese com coleta ativa de dados e exame clínico detalhado do seguimento cefálico. Realiza rinoscopia anterior com análise das características das mucosas e conchas nasais com iluminação adequada. Exame da cavidade oral medindo o tamanho das amígdalas em relação a entrada da orofaringe: o Grau I: até 25% o Grau II: de 25-50% o Grau III: de 50-75% o Grau IV: > 75% Podem ser necessários exames de imagem, fibronasolaringoscopia e polissonografia para complementar a investigação, a fim de investigar qual nível de obstrução e quais as repercussões sobre o sono e sobre a respiração durante o sono. TRATAMENTO Por se tratar de uma doença multifatorial, geralmente a abordagem necessitará ser multi-disciplinar. Base consiste na correção ou amenização do distúrbio de base, algumas vezes necessitando abordagens cirúrgicas. Casos mais graves e persistentes, ou com alto índice de apneias ou hipertensão pulmonar exigem o uso de assistência ventilatória noturna. Consequências ortodônticas devem ser acompanhadas e tratadas. Controle ambiental e imunoterapia nos casos de alergias. o Hipertrofia de amígdala e adenoide: avaliar necessidade de tratamento clínico ou cirúrgico. o Rinite alérgica: iniciar tratamento (corticoides tópicos), para controlar a doença de base, minimizando as consequências e revertendo alguns sintomas da doença. Thais Alves Fagundes RINITE ALÉRGICA Rinite é a inflamação e/ou disfunção da mucosa de revestimento da cavidade nasal. Caracterizada por: o Obstrução nasal o Rinorreia anterior e posterior o Prurido nasal o Espirros o Hiposmia Tendo caráter recorrente e/ou persistente. Principal causa de síndrome do respirador oral crônico. Rinite alérgica é a principal causa de rinite (alta prevalência no Brasil). Está relacionada com várias complicações do complexo nariz-garganta (otite, asma, etc), principalmente às reinfecções frequentes (ex: paciente queixar de sinusite/otite de repetição, quando na verdade tem uma rinite alérgica que não é bem controlada). FATORES DESENCADEANTES SENSIBILIZAÇÃO Mucosa nasal deixa passar pequenos epítopos/antígenos, que são absorvidos pelas células dendríticas. o Células dendríticas: células apresentadoras de atíngeno. Células vão expressar os epítopos no MHC de classe II, recrutando os linfócitos T. Linfócitos T tendem a uma resposta TH2, que produz anticorpos específicos para aquele alérgeno, sendo do tipo IgE principalmente. IgE liga-se a mastócitos, que ficarão sensibilizados. o Mastócitos são as células de defesa da mucosa nasal. A partir disso, em todo contato com esse alérgeno haverá reação. Thais Alves Fagundes CICLO NASAL Regulado pelo SN simpático e parassimpático. No ciclo nasal regular, há uma fase de limpeza e outra fase de respiração. o Fase de limpeza (parassimpático): aumento da vasodilatação, da secreção e do batimento ciliar, para remover as impurezas que foram filtradas. o Fase de respiração (simpático): aumento da vasoconstrição e diminuição do batimento ciliar. Inflamação da mucosa de revestimento nasal tende a desequilibrar essa relação e aumentar a fase parassimpática. o Aumento da vasodilatação, da secreção e do batimento ciliar. o Sendo caracterizada pela presença de um ou mais dos sintomas: Obstrução (produção excessiva de secreção). Coriza Espirros QUADRO CLÍNICO SINTOMAS Coriza: começa clara e tende a ficar amarelada, se ficar muito tempo sem drenagem adequada. Obstrução Prurido Espirros em salva (crise de espirros). Thais Alves Fagundes CARACTERÍSTICAS Persistente Intermitente o Dependendo da gravidade da sensibilização, da persistência do alérgeno no ambiente – controla ambiental, da adesão ao tratamento prescrito. ANTÍGENOS Poeira domiciliar: ácaros, fungos, restos de insetos, pelos, etc. Polens. DIAGNÓSTICO História clínica e antecedentes atópicos Rinoscopia anterior: o Edema e hipertrofia de cornetos o Colocação empalidecida o Secreção aquosa Citologia da secreção nasal: o Eosinófilos Presença de IgE específica: o Teste cutâneo ou RAST (venosos) positivos. o São desnecessários na grande maioria das vezes, pois as pessoas geralmente são alérgicas a vários agentes, não conseguindo isolar apenas um. TRATAMENTO Medidas gerais: controle ambiental e lavagem nasal com soro fisiológico. Medicamentos sintomáticos: o Anti-histamínicos com ou sem associação com descongestionantes. Anti-histamínicos de primeira geração tem como efeito adverso a sonolência. Mas são muito bons para retirada de prurido. o Anticolinérgicos (agonistas simpáticos): Vasoconstrição. Abuso causa dependência. Duração dos efeitos é muito curta. Pode levar a complicações: rinite vasomotora, etc. Medicamento de controle crônico (controlam a resposta imunológica): o Antileucotrienos: diminui a resposta aos alérgenos ambientais. o Corticoides nasais o Cromoglicato dissódico: diminui a resposta aos alérgenos ambientais. Imunoterapia ou dessenbilização. o Carece de grande evidencia cientifica, mas ainda é utilizado. o Vacinas que levam à exposição de pequenas doses do alérgeno ambiental, para aumentar a tolerância. Cirurgias em casos específicos. o No caso de obstruções mecânicas (ex: pólipos). Thais Alves Fagundes MEDICAMENTOS ANTI-HISTAMÍNICOS Interação com a comida, atrapalhando a absorção. Não ingerir próximo de refeições. PRIMEIRA GERAÇÃO / CLÁSSICOS: Todos eles são seguro para crianças Efeito colateral: penetração no SNC, podendo levar a sonolência ou agitação. o Dexclorfeniramina: polaramine o Hidroxizina: hidroxizine o Prometazina: fernegan SEGUNDA GERAÇÃO / NÃO-CLÁSSICOS: Tendem a não trazer esse efeito adverso (sonolência/agitação). Bloqueio mais periférico ou exclusivamente periférico. o Cetirizina o Levocetirizina: vantagem de não interagir com a comida. o Loratadina o Desloratadina: vantagem de vir em bula para crianças a partir de 6 meses (xarope para crianças menores 1x ao dia). o Ebastina o Fexofenadina: alegra Thais Alves Fagundes ASSOCIAÇÃO DE ANTI-HISTAMÍNICOS DE SEGUNDA GERAÇÃO A DESCONGESTIONANTES Resposta sintomática mais rápida. São medicamentos sintomáticos, após parar de usar, a tendência é a retomada dos sintomas. Deve ser realizada apenas em crianças maiores. o Decongex plus: descongestionante combinado com anti-histamínico; Em bula, é liberado a partir dos 2 anos de idade. MEDICAMENTOS DE CONTROLE / CORTICOESTEROIDES DE USO TÓPICO NASAL: Menor risco. Não tem deposição sistêmica. o Budesonina / Beclometasona: tem uma deposição sistêmica um pouco aumentada, mas não é suficiente para causar alteração clínica ou piora do quadro clínico do paciente (ex: aumento de fraturas por uso frequente de corticoide de via oral). o Budesonida: farmácia popular. o Fluticasona / Mometasona: escolha dos pacientes com melhor poder aquisitivo, por causa de uma deposição sistêmica menor e eficácia um pouco maior. Em crise grave de rinite, será necessário o uso de corticoide sistêmico. Mas seu uso deve ser evitado sempre que possível.
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