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 Plano de Aula: 7 - Introdução ao Estudo do Direito INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO TÃtulo 7 - Introdução ao Estudo do Direito Número de Aulas por Semana 2 Número de Semana de Aula 7 Tema A Norma JurÃdica Objetivos ·  Compreender o conceito de norma jurÃdica e sua estruturação; ·  Compreender os diversos critérios de classificação das normas jurÃdicas; ·  Estabelecer a distinção entre os diversos critérios de classificação das normas jurÃdicas; ·  Identificar os planos de validade da norma (formal, social e ético). Estrutura do Conteúdo 1. A norma jurÃdica 1.1. Conceito; 1.2. Estrutura lógica e caracterÃsticas da norma jurÃdica; 1.3. Principais caracterÃsticas: a)  Abstração; b)  Generalidade ou universalidade; c)  Imperatividade; d)  Heteronomia; e)  Alteridade; f)   Coercibilidade; g)  Bilateralidade; h)  Atributividade.  1.4 Classificação da norma quanto: a)  À extensão territorial; b)  Às formas de produção; c)  À sua violação (à sanção); d)  Ao conteúdo; e)  À  imperatividade.  1.5 Planos de validade da norma jurÃdica: a)  Formal, b)  Social, c)  Ético.  Referências bibliográficas:  NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito.30. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:Forense, 2008. ISBN 9788530926373  Nome do capÃtulo: CapÃtulo IX – Norma jurÃdica N. de páginas do capÃtulo: 13 Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas de cada turma.  Abaixo seguem alguns conceitos e exemplos de como se pode apresentar o conteúdo em sala de aula, como mera sugestão ao professor:  A Norma JurÃdica. A norma jurÃdica é um comando , um imperativo dirigido à s ações dos indivÃduos – e das pessoas jurÃdicas e demais entes . É uma regra de conduta social; sua finalidade é regular as atividades dos sujeitos em suas relações sociais. A norma jurÃdica imputa certa ação ou comportamento a alguém, que é seu destinatário. Ao se dirigir ao destinatário, a norma jurÃdica proÃbe e obriga, onde aquele que deve cumprir estará diante de uma proibição (“ É proibido fumar neste estabelecimento â€�) ou de uma obrigação (“ É obrigatório o uso de crachá de identificação para a entrada neste setor â€�) .  Segundo o Direito Positivo, a norma jurÃdica é o padrão de conduta social imposto pelo Estado, para que seja possÃvel a convivência entre os homens. Paulo Nader conceitua como sendo a conduta exigida ou o modelo imposto de organização social. Segundo Orlando Secco, trata-se das regras imperativas pelas quais o Direito se manifesta, e que estabelecem as maneiras de agir ou de organizar, impostas coercitivamente aos indivÃduos, destinando-se ao estabelecimento da harmonia, ordem e da segurança da sociedade. A palavra norma ou regras jurÃdicas são sinônimas, apesar de alguns autores utilizarem a denominação regra para o setor da técnica e outros, para o mundo natural. Existe distinção entre norma jurÃdica e lei. Esta é apenas uma das formas de expressão das normas, que se manifestam também pelo direito costumeiro e, em alguns paÃses, pela jurisprudência. Considerando-se, todavia, as categorias mais gerais das normas jurÃdicas, verificam-se que estas apresentam alguns caracteres que, na opinião dominante dos doutrinadores, são: bilateralidade, generalidade, abstratividade, imperatividade, coercibilidade e heteronomia.  Estrutura  Segundo Kant, existem dois tipos de comandos:  Imperativo categórico – É mais comum na religião, na moral e nos costumes, embora existam normas jurÃdicas com este tipo de comando “deve ser Aâ€�, tem caráter taxativo. É constituÃdo por um único elemento (ou enunciado, dispositivo ou consequência) Ex. art. 10, I, II e III do NCC.  Subdividindo-se em: ·  Sentido positivo – determinando-se que se faça alguma coisa. Ex. “silêncioâ€�, “respeite a filaâ€� “mão únicaâ€�. ·  Sentido negativo – determinando-se que determinada coisa não pode ser feita. Ex. “é proibido fumarâ€�, “é proibido falar com o motoristaâ€�.  Imperativo hipotético – O enunciado fica na dependência de ocorrer a hipótese ou fato. A maioria das normas jurÃdicas são deste tipo, representando o comando “se for B, então deve ser Aâ€�, onde “se for Bâ€� é a hipótese, suposto ou fato, e “deve ser Aâ€� é o enunciado, dispositivo ou consequência. Ex. Art. 1.275 NCC.   “Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I....; II.....; III- pelo abandonoâ€� – Se for abandonada a coisa (B), deve ser perdida a propriedade da mesma (A). Porque somente é aplicável na ocorrência da hipótese estipulada, qual seja, o abandono da coisa. Art. 1.521,I NCC:  “Não podem casar: I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;â€� – é uma ordem hipotética proibitiva ou imperativo hipotético em sentido negativo.   CaracterÃsticas substanciais da norma jurÃdica ·  Generalidade. Temos que a norma jurÃdica é preceito de ordem geral, que obriga a todos que se acham em igual situação jurÃdica. Da generalidade da norma, deduzimos o princÃpio da isonomia da lei, segundo o qual todos são iguais perante a lei.  ·  Abstratividade. As normas jurÃdicas visam estabelecer uma fórmula padrão de conduta, aplicável a qualquer membro da sociedade. Regulam casos como ocorrem, via de regra, no seu denominador comum. Se abandonassem a abstratividade para regular os fatos em sua casuÃstica, os códigos seriam muito mais extensos e o legislador não lograria seu objetivo, já que a vida em sociedade é mais rica que a imaginação do homem.  ·  Pela bilateralidade, temos que o direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, conferindo poder a uma parte e impondo dever à outra. Bilateralidade expressa o fato de a norma possuir dois lados: um representado pelo direito subjetivo e o outro pelo dever jurÃdico, de tal modo que um não pode existir sem o outro, pois regula a conduta de um ou mais sujeitos em relação à conduta de outro(s) sujeito(s)(relação de alteridade). Sujeito ativo (portador do Direito Subjetivo). Sujeito passivo (possuidor do dever jurÃdico).  ·  A imperatividade revela a missão de disciplinar as maneiras de agir em sociedade, pois o direito deve representar o mÃnimo de exigências, de determinações necessárias. Assim, para garantir efetivamente a ordem social, o direito se manifesta através de normas que possuem caráter imperativo. Tal caráter significa imposição de vontade e não simples aconselhamento.  ·  A coercibilidade - Quer dizer possibilidade de uso de coação. Essa possui dois elementos: psicológico e material. O primeiro exerce a intimidação, através das penalidades previstas para as hipóteses de violações das normas jurÃdicas. O elemento material é a força propriamente, que é acionada quando o destinatário da regra não a cumpre espontaneamente. As noções de coação e sanção não se confundem. Coação é uma reserva de força a serviço do Direito, enquanto a sanção é considerada, geralmente, medida punitiva para a hipótese de violação de normas.  ·  A atributividade (ou autorizamento) - Esse é, aliás, o elemento distintivo por excelência entre a norma jurÃdica e as demais normas de conduta: a aptidão para atribuir ao lesado a faculdade de exigir o seu cumprimento forçado. Então, a essência especÃfica da norma jurÃdica é a atributividade (ou autorizamento), porque o que lhe compete é autorizar ou não o uso das faculdadeshumanas. Assim, a norma jurÃdica é atributiva por atribuir, à s partes de uma relação jurÃdica, direitos e deveres recÃprocos. Ou seja, atribui à outra parte o Direito de exigir o seu cumprimento. Esta caracterÃstica da norma jurÃdica é contestada por autores de relevo, entre os quais o Prof. Goffredo Telles Jr., que assim se expressa a respeito : "A norma jurÃdica não atribui ao lesado a faculdade de reagir contra quem o lesouâ€�.(TELLES,1980, p.371-3) Não tem a norma jurÃdica nenhuma possibilidade de fazer essa atribuição. Ela própria não possui nenhuma faculdade de reagir contra quem quer que seja. Reagir é agir. A norma não reage. Ela não tem faculdade de agir. Logo, não pode, a norma jurÃdica, atribuir o que não tem. Como poderia ela dar o que ela própria não possui? Não se diga, portanto, que a norma jurÃdica é atributiva. Consideramos erro sobre a natureza dessa norma defini-la: norma atributiva. A faculdade de reagir contra o violador da norma jurÃdica não é atribuÃda pela norma. Tal faculdade, o lesado a possui, exista ou não exista a norma jurÃdica. A faculdade de reagir é uma faculdade própria do ser humano, independentemente de quaisquer normas. O que compete à norma é autorizar ou não autorizar o uso desta faculdade. Não lhe compete nada mais que isto. A faculdade de reação, repetimos, pertence ao lesado. O que pertence à norma é somente o autorizamento, para o uso dessa faculdade. Em termos exatos: a norma é a expressão de tal autorizamento.( TELLES Jr., Goffredo. 6. ed. O Direito Quântico. São Paulo: Max Limonad,1985) Já Miguel Reale defende o que chamou de bilateralidade atributiva: “Existe bilateralidade atributivaâ€� – escreve Reale – “quando duas ou mais pessoas estão numa relação segundo uma proporção objetiva que as autoriza a pretender ou a fazer garantidamente alguma coisa. Quando um fato social apresenta esse gênero de relação, dizemos que é jurÃdicoâ€�. (REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 51.) Segundo Reale, a diferença entre os fenômenos jurÃdicos e os não jurÃdicos – econômicos, psicológicos etc. – é que nestes a bilateralidade não é atributiva, isto é, a correspondência não está assegurada, não obedece a um padrão uniforme ou obrigatório.   3.1 CaracterÃsticas formais: escrita emanada do Poder Legislativo em processo de formação regular, promulgada e publicada. Lei em sentido formal e em sentido formal-material: em sentido formal, é a que atende apenas aos requisitos de forma (processo regular de formação), faltando-lhe caracteres de conteúdo, como a generalidade ou substância jurÃdica. Ex.: A aprovação, pela assembleia da Revolução Francesa, da lei que  declarava a existência de Deus e a imortalidade da alma. Em sentido formal-material, a lei deve preencher os requisitos de substância e de forma.  Lei Substantiva - Reúne normas de conduta social que definem os direitos e deveres das pessoas em suas relações. Ex.: Direito Civil, Penal, Comercial etc..  Lei Adjetiva - Aglutina regras de procedimento no andamento de questões forenses. Ex.: Lei de Direto Processual Civil, Direito Processual Penal etc..  As Leis substantivas são, em regra, principais; enquanto que as adjetivas são de natureza instrumental.   Os diversos critérios de classificação das normas jurÃdicas:  Os autores variam na apresentação das formas de classificação das normas jurÃdicas; existe mesmo certa ambiguidade e vacilação na terminologia. Fato é que a classificação pode ser realizada de acordo com vários critérios. Com base na ideia acima exposta, apresentamos algumas classificações encontradas na doutrina nacional:  a)  Normas codificadas são aquelas que constituem um corpo orgânico sobre certo ramo do direito, como o Código Civil  b)  Normas consolidadas são as que formam uma reunião sistematizada de todas as leis existentes e relativas a uma matéria; a consolidação distingue-se da codificação, porque sua principal função é a de reunir as leis existentes e não a de criar leis novas, como num Código. Ex: CLT;  c)  Normas extravagantes ou esparsas; na terminologia canônica, diziam extravagantes as constituições pontifÃcias, posteriores à s Clementinas, incluÃdas no mesmo direito. Daà dizer-se hoje “extravagantesâ€� todas as leis que não estão incorporadas à s Codificações ou Consolidações: são as leis que vagam fora; são as editadas isoladamente para tratar de temas especÃficos. Ex: Lei de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, Lei do Inquilinato etc..  Como já foi dito, no campo doutrinário da classificação das normas jurÃdicas, os autores não são unânimes. Cada um utiliza método e terminologia próprios.  Critério da Destinação - normas de organização (normas de sobredireito) ou estrutura e normas de conduta (normas de direito).  Normas de organização (norma de sobredireito) - normas instrumentais que visam à estrutura e funcionamento dos órgãos, ou à disciplina de processos técnicos de identificação e aplicação de normas, para assegurar uma convivência juridicamente ordenada => Destinatário: o próprio Estado.  Normas de conduta (norma de direito) - normas que disciplinam o comportamento dos indivÃduos, as atividades dos grupos e entidades sociais em geral => Destinatário: o corpo social (pessoas fÃsicas, jurÃdicas ou autoridades que estiverem na situação nela prevista). Todavia, quando surge o eventual conflito levado ao Poder Judiciário, este passa a ser seu destinatário.  Critério da Existência - norma explÃcita e norma implÃcita:  A norma explÃcita é a norma tal qual está escrita nos códigos e nas leis. A norma implÃcita é aquela subentendida a partir da norma explÃcita.  Só a existência deste direito implÃcito pode responder pela afirmativa de que o ordenamento jurÃdico não tem lacunas. Serve ele, portanto, não apenas à interpretação da lei, como, igualmente, à integração do Direito. Por seu intermédio é que o Direito positivo se completa, garantindo-se. (Arnaldo Vasconcelos )   Critério da extensão territorial - normas federais, estaduais e municipais: As normas jurÃdicas são classificadas desta forma em razão da esfera do Poder Público de que emanam, pois todo território de um Estado acha-se sob a proteção e garantia e um sistema de Direito. Assim, as normas jurÃdicas são federais, estaduais ou municipais, na medida em que sejam instituÃdas respectivamente pela União, pelos Estados-Membros e pelos MunicÃpios. Para sabermos se existe hierarquia entre estas normas, faz-se necessário a distinção da competência legislativa da União, dos Estados-Membros e dos MunicÃpios. Segundo Miguel Reale, não há, pois, uma hierarquia absoluta entre leis federias, estaduais e municipais, porquanto esse escalonamento somente prevalece quanto houver possibilidade de concorrência entre as diferentes esferas de ação. A rigor, as únicas normas jurÃdicas que primam no sistema do Direito brasileiro são as de Direito Constitucional. (REALE,1996)   Critério do Conteúdo - direito público, direito privado e direito social: A diferenciação entre essas normas já foi abordada quando falamos sobre as divisões do Direito. Contudo, é bom ressaltar que a teoria que prevalece atualmente para a distinção dessas normas é a teoria formalista da natureza da relação jurÃdica:  Normas de Direito Privado: regulam o vÃnculo entre  particulares => Plano de igualdade => Relação jurÃdica de coordenação. Ex.: As normas que regulam os contratos.  Normas de Direito Público: regulam a participação do poder público, quando investido de seu imperium, impondo a sua vontade => Relação jurÃdica de subordinação. Ex.: As normas de Direito Administrativo.   Normas de DireitoMisto => Tutelam simultaneamente o interesse público ou social e o interesse privado. Ex.: Normas de Direito FamÃlia.  Critério da Imperatividade - normas impositivas (cogentes) e dispositivas (permissivas) e proibitivas.  Imperativas - ordenam, impõem. Ex.: Art. 876, Art. 1643 do CC.  Normas impositivas  (ou cogentes)                                 Proibitivas - vedam, proÃbem. Ex.: Art. 228, 1860 do CC.  Interpretativas - esclarecem a vontade do indivÃduo manifestada de forma duvidosa. Ex.: Art. 1899 do CC.  Normas dispositivas (ou permissivas)                       Integrativas - preenchem lacunas deixadas por ocasião da manifestação da vontade. Ex.: Art. 1640, 1904 do CC.   Enquanto que as normas impositivas são taxativas, ora ordenando, ora proibindo, as normas dispositivas limitam-se a dispor, com grande parcela de liberdade.   Critério da Sanção - normas perfeitas, mais que perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas  Normas perfeitas - estabelecem a sanção na exata proporção do ato praticado. Invalidam quaisquer atos quando resultantes de transgressões a dispositivos legais. Ex.: Art. 1548 do CC.  Normas mais que perfeitas - estabelecem sanções em proporções maiores do que os atos praticados mediante transgressão de normas jurÃdicas. A sanção é mais intensa do que a transgressão. Ex.: Art. 939 do CC.  Normas menos que perfeitas - não invalidam o ato, mas impõem uma sanção ao agente transgressor. Ex.: Art. 1254 do CC.  Normas imperfeitas - Representam um caso muito especial. Nem invalidam o ato nem estabelecem sanção ao transgressor. Tal procedimento se justifica por razões relevantes de natureza social e, sobretudo, ética. Ex.: Art. 1551 do CC.   Critério da Natureza: normas substantivas e normas adjetivas  Normas substantivas - reúnem normas de conduta social que definem os direitos e os deveres das pessoas em suas relações. Ex.: Direito Civil, Penal, Comercial etc..  Normas adjetivas - aglutinam regras de procedimento no andamento das questões forenses. Ex.: Lei de Direito Processual Civil, Direito Processual Penal etc..  As leis substantivas são, em regra, principais, enquanto que as adjetivas são de natureza instrumental.  Validade das Normas JurÃdicas.  O professor pode iniciar este assunto fazendo a seguinte pergunta a seus alunos: O que é necessário para que uma coisa seja válida? Esta pergunta, em nosso entender, nos dá a chave para encontrarmos o conceito de validade. Um contrato, no qual uma das partes é incapaz, é válido? Não, porque lhe falta um dos elementos. Vemos assim que válido é aquilo que é feito com todos os seus elementos essenciais. Por elementos essenciais entendem-se aqueles requisitos que constituem a própria essência ou substância da coisa, sem os quais ela não existiria; é parte do todo. Para que o ato ou negócio sejam válidos, terão que estar revestidos de todos os seus elementos essenciais. Faltando um deles, o negócio é inválido, nulo, não alcançando os seus objetivos. Podemos dizer que a validade decorre, invariavelmente, de o ato haver sido executado com a satisfação de todas as exigências legais. Uma norma jurÃdica, para que seja obrigatória, não deve estar apenas estruturada logicamente segundo um juÃzo categórico ou hipotético, pois é indispensável que apresente certos requisitos de validade.  Na lição de Miguel Reale, a validade de uma norma jurÃdica pode ser vista sob três aspectos: ·  Técnico-formal = vigência; ·  Social = eficácia; ·  Ético = fundamento.  Validade formal Vigência vem a ser “a executoriedade compulsória de uma norma jurÃdica, por haver preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou elaboraçãoâ€� .(REALE,1986)  Desta forma, a norma jurÃdica tem vigência quando pode ser executada compulsoriamente pelo fato de ter sido elaborada com observância aos requisitos essenciais exigidos: ·  Emanada de órgão competente; ·  Com obediência aos trâmites legais; ·  E cuja matéria seja da competência do órgão elaborador.  Validade Social ou Eficácia. Sob o prisma técnico-formal, uma norma jurÃdica pode ter validade e vigência, ainda que seu conteúdo não seja cumprido; mesmo descumprida, ela vale formalmente. Porém, o Direito autêntico é aquele que também é reconhecido e vivido pela sociedade, como algo que se incorpora ao seu comportamento. Assim, a regra do Direito deve ser não só formalmente válida, mas também socialmente eficaz. Eficácia vem a ser o reconhecimento e vivência do Direito pela sociedade, “é a regra jurÃdica enquanto monumento da conduta humanaâ€� (REALE,1986). Desta forma, quando as normas jurÃdicas são acatadas nas relações intersubjetivas e aplicadas pelas autoridades administrativas ou judiciárias, há eficácia. Como esclarece Maria Helena Diniz, “vigência não se confunde com eficácia; logo, nada obsta que uma norma seja vigente sem ser eficaz, ou que seja eficaz sem estar vigorandoâ€�. Pode ser que determinadas normas jurÃdicas, por estarem em choque com a tradição e valores da comunidade, não encontrem condições fáticas para atuar, não sejam adequadas à realidade. Todavia, o fato é que não existe norma sem o mÃnimo de eficácia, de execução ou aplicação na sociedade a que se destina. Daà a relevância da valoração do fato social, para que a norma seja eficaz. Sobre a matéria, temos ainda a contribuição de Paulo Nader, ao se referir à s causas do desuso, dizendo que elas estão em certos defeitos das leis, e em função disso as classifica em: “anacrônicasâ€�, isto é, as que envelheceram enquanto a vida evoluÃa, havendo uma defasagem entre as mudanças sociais e a lei; “leis artificiaisâ€�, ou seja, fruto apenas do pensamento, mera criação teórica e abstrata, estão distanciadas da realidade que vão governar; “leis injustasâ€�, ou seja, aquelas que, traindo a mais significativa das missões do direito que a de espargir justiça, nega ao homem aquilo que lhe é devido; “leis defectivasâ€�, que são as que, por não terem sido planejadas com suficiência, revelam-se na prática, sem condições de aplicabilidade, não fornecendo todos os recursos técnicos para a sua aplicação (por exemplo: quando prescreve uso de certa máquina pelo operário, mas que não existe no mercado).  Validade Ética ou Fundamento. Toda a norma jurÃdica, além da validade formal (vigência) e validade social (eficácia), deve possuir ainda validade ética ou fundamento. O fundamento é, na verdade, o valor ou o fim visado pela norma jurÃdica. De fato, toda a norma jurÃdica deve ser sempre uma tentativa de realização de valores necessários ao homem e à sociedade. Se ela visa atingir um valor ou afastar um desvalor, ela é um meio de realização desse fim valioso, encontrando nele a sua razão de ser ou o seu fundamento. As regras que protegem, por exemplo, as liberdades são consideradas como tendo fundamento, porque buscam um valor considerado essencial ao ser humano. Realmente, é o valor que legitima uma norma jurÃdica, que lhe dá uma legitimidade; daà a distinção entre legal (que possui validade formal) e legÃtimo (que possui validade ética). Podemos dizer que o valor é que dá a razão última da obrigatoriedade da norma. Ela obriga porque contém preceito capaz de realizar o valor; em última análise, esta é a fonte primordial da obrigatoriedade de uma regra de direito (imperatividade em termos axiológicos). Ter-se  que é a coerção ou a coação que asseguram a obrigatoriedade do Direito é atitude que resulta no amesquinhamento da natureza humana. Nem a coação-ato, nem a coerção-potência podem substituir satisfatoriamente o sentimento jurÃdico; só o entendimento do Direito sob o prisma de valor dignifica a condiçãodo ser humano. Aplicação Prática Teórica Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reflexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito, para ser entendido e estudado enquanto fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado enquanto sistema disciplinador de relações de poder, a partir da metodologia utilizada em sala com a aplicação dos casos concretos, a saber: Caso Concreto 1 Critério da Imperatividade - normas impositivas (cogentes) e dispositivas (permissivas) Em tempos de eleições municipais marcadas pela ameaça da violência do crime organizado e das milÃcias, um assunto tem sido bastante comentado na mÃdia nacional: a intervenção federal nos Estados. Aliás, este assunto tem sido frequentemente citado nestes últimos anos, uma vez que escândalos e falcatruas vêm sendo constantemente desvendados, polÃticos perdendo seus mandatos e, pouco a pouco, a credibilidade na classe polÃtica sendo colocada em xeque. No entanto, nossa Constituição Federal dispõe de dispositivos protetivos que podem ser aplicados em casos extremos, como o art. 34, que assim dispõe: Art. 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I. Manter a integridade nacional; II. Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III. Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV. Garantir o livre exercÃcio de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; (...) A partir da leitura do trecho acima, responda: A) Ao impor uma conduta a ser observada pela União em relação aos Estados e ao Distrito Federal, levando em conta o critério da imperatividade, como se pode classificar o art. 34 da CF/88? Fundamente. B) É correto afirmar que, no que diz respeito ao critério da imperatividade, o caput do art. 37 da Constituição Federal de 1988 se equipara ao art. 34 acima citado? Questão Objetiva Em sua teoria da norma jurÃdica, Noberto Bobbio distingue as sanções jurÃdicas das sanções morais e sociais. Segundo esta distinção, a sanção jurÃdica, diferentemente da sanção moral, é sempre uma resposta de grupo e, diferentemente da sanção social, a sanção jurÃdica é regulada em geral com as mesmas formas e através das mesmas fontes de produção das regras primárias. Para o autor, tal distinção oferece um critério para distinguir, por sua vez, as normas jurÃdicas das normas morais e das normas sociais. Considerando-se este critério, pode-se afirmar que são normas jurÃdicas as normas cuja execução é garantida por uma sanção a) interna e não-institucionalizada. b) interna e institucionalizada. c) externa e não-institucionalizada. d) interna e informal. e) externa e institucionalizada.
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