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1 Aula 4: Transtornos psiquiátricos: espectro autista → Ajuda-me a compreender. Organiza meu mundo e ajuda-me a prever o que vai acontecer. Dá- me ordem, estrutura e não um caos; → Não fiques angustiado comigo, pois isto também me angustia; → Para mim é difícil compreender o sentido de muitas coisas que me pedem para fazer. Ajuda-me a compreender. Procura pedir-me coisas que tenham sentido completo e decifrável para mim. Não deixes que eu me embruteça e fique inativo. * Pessoas com autismo: não tem malícia, não mentem, não fingem e são muito LITERAL (não entendem figuras de linguagem). TGD (Transtornos globais do desenvolvimento) • 1943: (2ª guerra mundial) - Dr. Leo Kanner começou a estudar um grupo de crianças que apresentavam isolamento social, alterações de fala e necessidade extrema de manutenção da rotina; • A partir da década de 70: - Começou a se estudar mais profundamente o TGD; • 2009: - Dificuldades de socialização; - Atraso na linguagem de comunicação; - Comportamentos disruptivos, movimentos repetitivos. - Diagnósticos: autismo clássico, autismo grave, síndrome de Rett e síndrome de Asperger. (deixaram de existir essa classificação) • 2013: - Com o manual diagnóstico e estatístico de saúde mental ( DSM-5) veio uma nova classificação, apenas uma TEA (transtorno do espectro autista) PNE O que nos pediria um autista? Histórico: 2 DEFINIÇÃO: (DSM-5) Distúrbio complexo do neurodesenvolvimento, com amplo espectro de manifestações clínicas, caracterizado por prejuízos na interação social, na comunicação verbal e não verbal e por apresentar padrões restritos, repetitivos e estereotipados do comportamento, interesses e atividades. CLASSIFICAÇÃO: 1. Grau leve: (antiga síndrome de Asperger) - Necessidade de pouco apoio social; 2. Grau moderado: - Déficit notável nas habilidades de comunicação tanto verbais como não-verbais; - Estressa-se com facilidade e tem dificuldade de modificar o foco e a atividade que realiza. 3. Grau severo: - Apresenta grande limitação em iniciar uma interação com novas pessoas e quase nenhuma resposta as tentativas dos outros; - Alto nível de estresse e resistência para mudar de foco ou atividade. - Para realizar procedimentos odontológicos é necessário muita das vezes anestesia geral, em ambiente hospitalar. * Os graus não são estáticos: ou seja, um paciente se for estimulada pode ir de um grau moderado para o leve. Da mesma forma, se a família não conseguir assistência médica para estimula- lo, o paciente pode ir do moderado para o severo. SINTOMAS E CARACTERÍSTICAS: • Pouco interage socialmente e raramente realiza contato olho a olho; • Falha na interação social com seus semelhantes; • Falta de reciprocidade social ou emotiva (não vê conexão entre beijo/abraço e demonstração de afeto); • Apresenta retardo ou falta da linguagem, linguagem repetitiva ou desajuste para manter uma conversação; • Possui falta ou falhas de imaginação e imitação espontânea; TEA: 3 • Preocupa-se com algumas rotinas e rituais não funcionais; • Preocupa-se de maneira repetitiva e estereotipada com partes de objetos; • Realiza movimentos estranhos e bizarros, alguns muito sutis (p/ demonstrar sentimentos); • Age, às vezes, como surdo, às vezes, como tendo hipersensibilidade auditiva; • Possuem hiperfoco (focam muito em alguma coisa específica); • Chora, grita ou ri sem motivo aparente; • Não possui noção de alguns perigos reais; • Desenvolvimento anormal ou desajustado antes do terceiro ano de vida em algumas áreas; • Não gostam do toque, textura; (hipersensibilidade) →O autismo regressivo ocorre quando uma criança parece desenvolver-se normalmente, mas começa a perder habilidades de fala e sociais, tipicamente entre as idades de 15 a 30 meses, e posteriormente é diagnosticada com autismo. → Sem estudos estatísticos, o País não sabe quantas pessoas têm autismo, muito menos quantas já tem diagnóstico. DADOS GERAIS: (TEA) • Epidemiologia: - Quanto ao gênero, são mais homens (3-4 homens/ 1 mulher); - Porém, quanto afeta mulher tende a ser um quadro mais grave. • Prevalência: (população mundo) - Décadas de 50-70: 0,4/10.000 - A partir de 1987: 7/10.000 - Após ano 2000: 2,1/ 1000 * É uma epidemia? Não! São cada vez mais estudos, melhor caracterização, mais acessos a profissionais de saúde, melhora prática médica e mais informações fazem com que as pessoas busquem mais os diagnósticos e essa prevalência tem aumentado. E ainda, a associação de síndromes genéticas ao TEA: angelman, X-frágil, Down, Noonan, Prader-Willi, Cornelia De Lange, Sotos, Joubert, etc, fazendo com que a epidemiologia seja mais incidente nos dias de hoje. 4 ETIOLOGIA: • Fatores genéticos: - Transmissão genética complexa e multifatorial; • Fatores pré-natais: - Rubéola, caxumba, citomegalovírus, toxoplasmose, sífilis e varicela, exposição química; • Fatores perinatais: - Prematuridade, baixo peso ao nascer, infecções graves neonatais, traumatismo de parto; • Fatores neurológicos: - Tamanhos anormais das amígdalas, hipocampos e corpo caloso; maturação atrasada do córtex frontal. * Os estudos atuais apontam que os fatores genéticos são a principal causa dos 80% dos casos confirmados de TEA. E os outros 20% vão ter fatores ambientais influenciando. COMORBIDADES FREQUENTES NO AUTISMO: • Distúrbio do sono- 80%; • Problemas motores-70%; • Deficiência intelectual- 45%; • TDRH (transtorno de déficit de atenção e hiperatismo) - 44%; • Epilepsia- 30%; • Distúrbios gastrointestinais- 10%. SINAIS PRECOCES DO TEA: • Mau contato visual; • Indiferença ao colo; • Pobres gestos sociais; • Ato de brincar “pobre”; • Autoagressividade; • Gestos repetitivos (ex: com as mãos); • Andar de ponta de pés (incomoda o contato do pé com o chão); • Movimento pendular na cadeira; • Rodar objetos; • Dificuldade de manter contato visual/olhar pra foto. CONDIÇÕES ODONTOLÓGICAS NO TEA: • O paciente autista apresenta dificuldades na vida diária como: higienização bucal e dieta inadequada, rica em carboidratos; • Alta prevalência de cárie e doença periodontal; • Aspectos bucais dos portadores do TEA não 5 diferem dos apresentados por pacientes neurótipicos. • Preocupações relacionadas diretamente à doença acabam deixando a saúde bucal negligenciada ou colocada em segundo plano; • Dieta cariogênica, higiene bucal precária e uso de medicamentos xerostômicos; • Quadro de saúde bucal desfavorável, pois ainda tem difícil acesso a dentistas especializados ao espectro autista. EXAMES COMPLEMENTARES: • Costuma-se pedir panorâmica para todo paciente autista, afim de entender melhor a condição bucal; • Pode ser difícil de identificar, pois paciente não fica parado para realização; TRATAMENTO ODONTOLÓGICO NO TEA: • Dificuldade de relacionamento; • Ações do profissional consideradas invasivas; • Sensibilidade aumentada a estímulos externos; • Procura de atendimento odontológico tardia; • Tratamento odontológico comprometido. • Uso de abridores de boca é fundamental. TÉCNICAS DE CONDICIONAMENTO: • Eliminação de estímulos sensoriais estressantes; • Ordens claras e objetivas; • Estabelecer uma rotina de atendimento; • Paciente deve ser atendido pelo mesmo profissional; • Móveis e equipamentos mantidos no mesmo lugar; • Ambiente tranquilo e sessões curtas; • Uso de contenção física em alguns casos; • Sedação ou anestesia geral: - Uso de agentes farmacológicos; - Drogas mais usadas: óxido nitroso; midazolan; hidrato de clorar; hidroxizina e prometazina. - Sedação inalatória; - Tratamentos odontológicos mais invasivos e em pacientes com grandes necessidades curativas; -Pacientes autistas com grande barreira comportamental. 6 NOVOS DESAFIOS: • Condicionamento odontológico ao autista em tempos de COVID-19. • O que o CD pode fazer: - Educação em saúde: metodologias á distância; telemonitoramento; orientações por escrito ou vídeos curtos; imagens ou vídeos curtos sobre paramentação e ebooks. IMPORTÂNCIA DO PECS: • Sistema de comunicação por trocas de figuras; • PECS começa ensinando uma pessoa a dar uma figura de um item desejado para um “parceiro de comunicação”, que imediatamente aceita a troca como um pedido; • O sistema passa a ensinar a discriminação de figuras e como juntá-las formando sentenças. CONSIDERAÇÕES FINAIS: • CD reconheça desvio de comportamento: proporcionar uma abordagem odontológica específica: • Correta abordagem de tratamento para paciente autista: É necessário individualizar cada procedimento; Recursos lúdicos, técnicas convencionais, paciência e muito amor; • Sucesso do tratamento: vínculo entre cirurgião- dentista, paciente, família é fundamental.
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