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COMPLEMENTO DE CONTEÚDO Professora Amanda Valverde REFLETINDO SOBRE NÓS Introdução A diversidade e a inclusão social são assuntos mais e mais recorrente e necessário em nosso cotidiano. Nós somos pessoas, e pessoas são diversas em suas vivências, sua cultura, seus corpos, suas manifestações... Cada um é um ser único. Dessa forma, cada vez mais o tema é relevante e cada vez mais permeia nosso convívio; inclusive no meio de trabalho as reflexões sobre as questões de diversidade surgem e fazem parte do dia-a-dia. A Diversidade Ética pode ser pensada como: “Maneira de viver ou estilo de vida.” Definindo a Diversidade Diversidade pode ser definido – em seu verbete como: Característica ou estado do que é diverso, diferente, diversificado; não semelhante. Reunião do que contém vários e distintos aspectos, características ou tipos; pluralidade. Conjunto diverso, múltiplo, composto por variadas coisas ou pessoas; multiplicidade. Mas a mais importante para nossa reflexão de hoje é a seguinte definição: Diversidade é o conjunto de características culturais que, observadas em pessoas circunscritas num mesmo espaço geográfico (país, cidade, região etc.), caracteriza costumes, hábitos sociais ou crenças que variam de uma pessoa para outra. A palavra diversidade deriva da palavra Diversitas do latim, que quer dizer: variedade, alteração, mudança, diferença. A partir dessas definições, conseguimos perceber que em seu próprio conceito já podemos extrair a essência do que é diversidade – principalmente dentro do contexto das relações humanas em sociedade. Conceituando a Diversidade A diversidade, conforme apontado, surge da noção da existência do diferente. Dentro da filosofia, a diversidade vai ser refletida e pensada profundamente – a nível existencial. Para muitos filósofos, em particular para os estruturalistas1, é a partir do entendimento de que há diferente de nós que conseguimos nos individualizar e nos entendermos enquanto eu. O outro então, passa a ter um papel fundamental para nossa auto-identificação. Pois, ao enxergarmos o outro como sendo outro, percebemos aquilo que é igual e aquilo que é diferente de nós – e assim percebemos tudo que há de diverso e de fantástico no mundo e ao nosso redor. Diversidade na Natureza Ao pensarmos no fenômeno complexo que é a diversidade, podemos pensar – por exemplo – nas várias formas com que a natureza se apresenta a nós. Nossos próprios corpos, com suas características, fenótipos e particularidades genéticas; demonstram como a biologia é diversa em sua construção. Quando falamos da diversidade natural estamos falando da Biodiversidade. A biodiversidade é, em uma noção imediata da coisa, a variabilidade dos seres vivos, de todas as origens, e sua presença dentro de um ecossistema; bem como suas diferenças genéticas – que irão determinar as taxonomias2 dos seres. É a partir dessa biodiversidade que nós passamos a nos entender como seres diferentes dos outros seres que habitam a natureza; nos percebendo seres-humanos e passando a reparar e a nos agrupar por conta de nossa semelhança em conjunto e diferença de outros animais. Diversidade Social É a partir deste fenômeno antropológico de se entender enquanto seres diferentes de outros animais, e, a partir disso, se agrupar que começam a surgir as diferentes culturas, religiões, línguas, estruturas sociais, filosóficas, nações... Com o passar das eras, os agrupamentos foram se tornando mais e mais compartimentados – passaram a se diferenciar entre si, ao buscarem formar relações com outros que tivessem objetivos, condutas, valores, entre outras características semelhantes; de modo que foram se construindo todo o nosso caldeirão multicultural enquanto seres e enquanto espécie. Dessa forma, desenvolvemos um amplo leque de formas de nos manifestarmos individual e conjuntamente – sendo que estas manifestações de ideias são as bases para as culturas que vemos hoje no mundo. A cultura parte de nossas relações sociais e nossas relações sociais acabam e acabarão por serem influenciadas pela cultura. A cultura, porém, não é um fenômeno espontâneo; ela surge e ocorre dentro de um contexto social, histórico, regional, vivencial e até mesmo biológico. E é por conta dessas diferentes formas de manifestarmos a cultura, que podemos perceber o quanto que a cultura irá impactar em nossa interação com os outros. A DIVERSIDADE REGIONAL Cada nação, bem como cada região de uma nação, vai ter sua própria língua, sua própria culinária, sua própria arte, seu próprio vestuário, suas próprias histórias e lendas, sua própria organização social, sua própria economia... Sua própria tradição e cultura. Isso por termos nos compartimentado e nos organizado de modo a constituirmos (do micro, para o macro e de volta para o micro) uma Nação; por conta de nos “Nacionalizarmos”, passamos a nos identificar dentre este ou aquele lugar e pertencentes a este ou aquele país, estado, cidade, vila e rua. O lugar de onde nascemos, crescemos, vivemos e moramos influencia muito nossa percepção individual e do outro. A DIVERSIDADE RACIAL A diversidade racial surge, então, com a junção dos fatores de genéticos e de fenótipos que cada formação humana irá desenvolver à cultura que esse agrupamento irá estabelecer na região que lhe cabe. Dessa forma, a raça está associada aos costumes, história e tradição que um povo tem em alinhamento a seus fatores físicos. A DIVERSIDADE SEXUAL A diversidade sexual será uma forma de interação e de autoexpressão de um determinado indivíduo ou grupo agindo diretamente na maneira como este ou estes se relacionam com a cultura-social em que está/estão inseridos. Parte da diversidade sexual irá estabelecer as relações que temos com os aspectos antropológicos de masculino, feminino e não-binarismo; bem como nos expressamos e nos percebemos dentro deste escopo. Outra parte da diversidade sexual irá estabelecer como nos relacionamos física e afetivamente com os outros: Se preferimos alguém oposto às nossas características de gênero, alguém semelhante às nossas características de gênero, ambas as características de gênero, ou se não estabelecemos uma relação que passa pela sexualidade ou afetividade. DIVERSIDADE SOCIOECONÔMICA Ao longo de toda a construção sociocultural, passando pelas questões de raça e de sexualidade, bem como todo um longo estabelecimento das relações históricas e econômicas das diversas regiões que compõe nossas nações; foi-se criando uma dinâmica socioeconômica – que estabelece, muitas vezes nossas relações com o poder e em como somos trados e posicionados. A Diversidade Funcional A diversidade funcional é um termo que tem surgido dentro de parte da comunidade PCD – para se autodescrever de modo a se estabelecer no mundo e a se relacionar com ele de forma mais empoderada. Desta forma, podemos colocar que a diversidade funcional está naqueles que possuem alguma divergência física, intelectual ou psíquica daquilo que foi estabelecido ao longo de anos como “Padrão”. Nossos corpos são tão variados quanto nossas vivências. Nascemos, vivemos e habitamos este mundo através da experiência corporal e material; a forma como este corpo será formado ou se modificará conforme o tempo, traz para nossa experiência de vida novas perspectivas. Dado que na sociedade existem pessoas com capacidades diferentes entre si, inclusive grandes variações destas num mesmo indivíduo ao longo de sua vida, é possível afirmar que, em vários momentos, na sociedade a diversidade funcional se apresenta e se manifesta. A Inclusão Social Quando pensamos em inclusão, pensamos em Aceitação, Igualdade (Ou Equidade), Justiça ou até mesmo em Empoderamento. Inclusão social é um fenômeno social que cada vez mais ganha corpo e espaço dentro de nosso cotidiano e trata-se de um fenômeno irreversível– dentro de um Estado Democrático de Direito. Conceituando MINORIAS SOCIAIS Para começarmos a entender o papel da inclusão social, precisamos compreender o que são e quais são os papeis de uma Minoria Social. Uma minoria social é, a rigor, um extrato da sociedade, que possui as características de diversidade, mas que – ao longo de séculos (Quiçá milênios) – foi subalternizado e oprimido por outros grupos e extratos sociais. Um dos grandes impasses sociais, e até jurídicos, da atualidade é a recolocação desses extratos sociais dentro do escopo de visibilidade e de acesso, e o entendimento e aceitação do diverso enquanto manifestação, mas igual enquanto vivência. DEFININDO A INCLUSÃO SOCIAL Inclusão social é, portanto, o conjunto de meios e ações que combatem a exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pelas diferenças de classe social, educação, idade, deficiência, gênero, preconceito social ou preconceitos raciais. É pensando nestes critérios que surge o mote da inclusão social. Este consiste em tornar, toda a sociedade, um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e vivências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades. Por este motivo, os Inclusivistas3 trabalham para mudar a sociedade e a estrutura dos seus sistemas sociais comuns e atitudes em todos os aspectos, tais como educação; trabalho; saúde; lazer... Sobretudo, a inclusão social é uma questão de políticas públicas, pois cada política pública foi formulada e basicamente executada por decretos e leis, assim como em declarações e recomendações de âmbito nacional e internacional. A Inclusão social e PCDs A inclusão social orientou a elaboração de políticas e leis na criação de programas e serviços voltados ao atendimento das necessidades especiais de deficientes nos últimos 50 anos. Este parâmetro consiste em criar mecanismos que adaptem os deficientes aos sistemas sociais comuns e, em caso de incapacidade por parte de alguns deles, criar-lhes sistemas especiais em que possa participar ou tentar acompanhar o ritmo dos que não tenham alguma deficiência específica. Como outras minorias sociais, pessoas com deficiência eram segregadas de parte ou totalmente do convívio social e do acesso a bens e serviços diversos. Alguns eram, inclusive, escondidos e isolados do contato com outras pessoas. Foi através de diversas políticas públicas e ativismo individuais e coletivos que pessoas com deficiência passaram ganhar mais e mais espaço nas dinâmicas sociais, mas ainda há um caminho longo e tortuoso a se percorrer. CONVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA Foi um acordo proposto, em 25 de agosto de 2006, em Nova Iorque, por diversos países em uma convenção preliminar das Nações Unidas sobre os direitos da pessoa com deficiência. Neste acordo foi delimitado as convenções para estabelecer-se, enquanto sociedade, uma maior inclusão às pessoas PCDs e garantir o acesso às diversas áreas do convívio – em particular o acesso a trabalho e escola. NEURODIVERSIDADE Um aspecto da inclusão e acessibilidade de PCDs que vem surgindo e tomando espaço atualmente é o aspecto das neurodivergências. Neurodivergências fogem um pouco da então definição de deficiência intelectual, visto que, nem sempre, vão ser aparentes ou precisarão de uma adaptação ambiental para garantir sua acessibilidade. Porém, quando não bem endereçadas, essas neurodivergências podem causar dificuldades de interação no meio “neurotípico” – visto que, por ser uma diferença muitas vezes comportamental, nem sempre a neurodivergência é percebida ou mesmo aceita como um aspecto que deve ser pensado na inclusão social de pessoas PCDs. Algumas neurodivergências são o Autismo, o TDAH, os transtornos psicoemocionais... Acessibilidade Acessibilidade se refere à possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo ou pessoal, tanto na zona urbana como na rural. Podemos pensar, então, em acessibilidade como: Aquilo que é feito para que qualquer pessoa tenha acesso, consiga ver, usar ou compreender; diz-se, principalmente, daquilo que se destina à inclusão social de pessoas com alguma deficiência – seja física ou intelectual. As políticas públicas cada vez mais se voltam para acessibilidade e, particularmente para as pessoas com deficiência, que haja amplo e irrestrito convívio e interação social das pessoas PCDs, respeitando assim, a diversidade funcional. No Trabalho Por conta desse processo complexo e contínuo de abertura para a diversidade e de entrada de diversas pessoas inseridas em minorias sociais nas mais diversas camadas do convívio societário, o próprio mercado de trabalho passou por um processo de acolhimento e propagação dessa diversidade. A IMPORTÂNCIA DA DIVERSIDADE NO TRABALHO Um ambiente de trabalho, conforme já vimos, se torna um ecossistema social muito próprio; esse ecossistema irá emular e espelhar as relações sociais. Além disso, o ambiente profissional é, antes de mais nada, formado, tocado e vivenciado por pessoas – e pessoas, como vimos nesta aula, são diversas. Dessa forma, ao valorizarmos a diversidade no ambiente de trabalho, estamos valorizando o nosso “Capital Humano” – as potências de cada indivíduo que irá colaborar com todo o projeto, entre sua constituição e sua manutenção, de trabalho. Algumas vantagens de se valorizar a Diversidade ALCANCE DE MELHORES RESULTADOS A diversidade nas organizações contribui para que a equipe alcance resultados mais positivos. Isso acontece porque o ambiente de trabalho é cooperativo, estimulante e acolhedor. Assim, os colaboradores se sentem mais motivados e engajados para realizarem suas atividades. Com a melhor qualidade de vida da equipe, todos trabalham melhor e com mais efetividade. Esses fatores contribuem para que os resultados sejam melhores na corporação. Com essas consequências benéficas, a equipe fica mais estimulada, gerando um ciclo positivo no negócio. REDUÇÃO DOS CONFLITOS Em organizações em que há uma cultura de respeito à diversidade, os conflitos são bem menos recorrentes. Como há uma política de boa convivência entre as diferenças, os colegas de trabalho podem ter mais facilidade para lidar com divergências entre eles. A política de respeito e tolerância estimula a capacidade de escuta e de buscar acordos dos profissionais. Dessa forma, diferenças de opinião não desencadeiam em desentendimentos, rompimentos ou atritos. Elas são estímulos para a formação de uma construção cooperativa e para a busca de um consenso. DIMINUIÇÃO DA ROTATIVIDADE Quando há muita exclusão na equipe devido às dificuldades de convivência com diferenças, é comum acontecerem desligamentos da empresa. Às vezes, por não suportarem a dinâmica de segregação entre os colegas, alguns membros do time preferem sair do emprego. Esse processo é muito problemático. Equipes intolerantes tendem a ter um alto índice de rotatividade porque os profissionais não dão conta da exclusão. Com um grupo diversificado e que acolhe as diferenças, os colaboradores se sentem mais seguros e acolhidos. Isso contribui para a cooperatividade e o senso de pertencimento. Assim, o turnover é bem menor na companhia. AUMENTO DA CRIATIVIDADE NO AMBIENTE Em um ambiente que valoriza a diferença e que coloca a diversidade como um elemento que acrescenta para o negócio, os colaboradores sentem que têm mais liberdade para ter autenticidade e genuinidade no trabalho. Esse fator contribui para que haja mais originalidade na produção. Além disso, o ambiente diversificado propicia condições para que novas ideias circulem entre os membros do time. Os profissionaisficam mais engajados e criativos, prontos para liberarem os seus potenciais. Encerrando Perceberam o quão importante é a diversidade e como ela impacta em todas as nossas experiências sociais e vivenciais, inclusive no trabalho? Portanto, é importante que vocês valorizem suas próprias diversidades e as assumam com orgulho e empoderamento. Não se esqueçam: REFLETINDO SOBRE NÓS
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