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Urgência e Emergência Habilidade (Rodrigo) Daniela Rocha Fonseca 2021-2 XABCDE Distribuição Trimodal das mortes no trauma • 1º período: Mortes imediatas : - Esse período compreende as mortes que acontecem na cena, ou seja, a forma de preveni-la é evitar o próprio acidente. - A principal causa de morte é a apneia, seja decorrente de lesões cerebrais, medulares ou de grandes vasos. • 2º período: Mortes precoces (Hora de ouro): - São as mortes que ocorrem de minutos a horas após o trauma e onde o médico preparado é capaz de intervir priorizando as lesões que matam mais rápido. - A principal causa de morte deste período são as perdas sanguíneas (visceral, hemopneumotórax, hematomas epi/subdural). • 3º período: Mortes tardias: - São as que ocorrem dias ou meses após o trauma, geralmente por um quadro de sepse ou falência de múltiplos órgãos. • O atendimento precisa ser ágil, e por isso, é sistematizado na seguinte sequência: 1. Preparação → Fase pré-hospitalar: • Envolve condutas que seguem um protocolo específico (PHTLS). • Essa fase requer que os socorristas abreviem o máximo a permanência da vítima na cena do trauma e notifique o hospital de destino antes de iniciar o transporte, para que os médicos se preparem. - Nesse momento, é importante que o socorrista esteja a par de algumas informações da vítima, como: Documentação, história do trauma, horário e mecanismo, e eventos relacionados. → Fase intra-hospitalar • Se inicia a partir do momento da notificação dos socorristas, pois consiste num planejamento antecipado à chegada do paciente. Compreende: - Desligar o ar-condicionado da sala de trauma; - Promover a proteção da equipe, com máscaras, óculos, luvas e avental impermeável; - Área de reanimação; - Equipamentos de via aérea (testar todos); - Soluções de cristaloides aquecidas; - Equipamento para monitorização; - Protocolo Onda vermelha : Sistema de alarmes localizado na sala de Trauma e, ao ser acionado, emite sinais nos corredores, centro cirúrgico, laboratório e radiologia para que o politrauma se torne prioridade em todos os setores envolvidos. 2. Triagem • Importante quando há mais de uma vítima para classificá-las de acordo com o tratamento necessário e recursos disponíveis e, assim, obter uma ordem de prioridade estabelecida. • Há 2 tipos de situações de triagem: → Múltiplas vítimas • Quando os recursos presentes são suficientes para atender a quantidade total de vítimas e manejar a gravidade das lesões. • Nesses casos, a prioridade de atendimento são pacientes com risco de vida iminente ou traumatismos multissistêmicos. → Vítimas em massa • O número de vítimas e a gravidade das lesões excedem a capacidade de atendimento. - Portanto, têm prioridade de atendimento aqueles com maior chance de sobrevida. • Existem alguns protocolos para auxiliar o profissional de saúde a realizar a triagem em situação com diversas vítimas. • O protocolo START é um fluxo para realizar de maneira rápida e fácil no atendimento pré- hospitalar. - Essa abordagem baseia-se no lema “Tratar primeiro o que representa maior ameaça à vida”. - Dessa forma, a avaliação inicial prioriza a abordagem e tratamento de sistemas numa ordem: XABCDE. • O XABCDE é um mnemônico que padroniza o atendimento inicial ao paciente politraumatizado e define prioridades na abordagem ao trauma = Ou seja, é uma forma rápida e fácil de memorizar todos os passos que devem ser seguidos com o paciente em politrauma. - Ele foi pensado para identificar lesões potencialmente fatais ao indivíduo, e é aplicável a todos as vítimas com quadro crítico, independentemente da idade. - O protocolo tem como principal objetivo reduzir índices de mortalidade e morbidade em vítimas de qualquer tipo de trauma. 3. Abordagem Inicial 1º) Avaliar se a cena está segura (Risco de explosão, atropelamento, desabamento e choque). - Para a ambulância a 10 m do local do acidente com a ambulância em 45º. - Paciente encarcerado: SAMU não entra. É o CB que atende. • Pergunta-se: “Olá, sou médico (a) e estou aqui para te ajudar. O que aconteceu?”. • Uma resposta apropriada para esta pergunta já nos traz as informações: a) Não há comprometimento de vias aéreas (A), pois, como ele respondeu, estão pérvias; b) Não há comprometimento da ventilação (B), pois, o ar teve que passar para formar a voz; c) Há perfusão suficiente para raciocinar (C); d) E, por fim, não há diminuição do sensório (D); • Todo paciente grave: ganha MOV 2º) XABCDE → X: Hemorragia exsanguinante: • Contenção de hemorragia externa grave = A abordagem deve ser antes mesmo do manejo das vias aérea uma vez que, apesar da obstrução de vias aéreas ser responsável pelos óbitos em um curto período de tempo, o que mais mata no trauma são as hemorragias graves. • Medidas para o controle da hemorragia: - Compressão - Torniquete: 5 a 10 cm do local da lesão. Pode ficar até 6 h, mas deve soltar o torniquete de hora em hora para perfundir o membro. - Transamin: Ácido Tranexâmico (anticoagulante) 4 amp em 200 ml de soro fisiológico (só pode ser feita nas 3 primeira horas do trauma). Após 3 h, ele não consegue mais ativar a casta de coagulação. - Pinçar a artéria com uma pinça se for em local que não consegue fazer torniquete (como a femoral proximal, por exemplo. Atenção! (Entrada do X): • O "x' de hemorragia exsanguinante ou seja hemorragia externa grave. • Dá mais ênfase às grandes hemorragias externas, antes mesmo do controle cervical ou da abertura das vias aéreas! → A: Abertura de Vias Aéreas e Controle Cervical • No paciente consciente: Solicita que o paciente abra a boca; • No paciente desacordado: Realiza manobra de abertura de VA, como o Jaw Thrust (preferencial) ou Chin Lift, sempre mantendo a coluna cervical estabilizada; • Caso haja de fato obstruindo, qual a conduta? - Corpo estranho (CE): retirar com uma pinça; - Sangue/secreções: aspirador de ponta rígida; • Inconsciente e não respira: Passa cânula de Guedel (evita obstrução da via aérea por queda de base de língua). • Caso o paciente não tenha capacidade de manter a via aérea pérvia, uma via aérea definitiva deve ser considerada. • Avaliar a região cervical: Se tiver algum objeto ou sangramento em região cervical não passa colar cervical. - Fratura de C1 e C2 comprime o forame magno e o centro respiratório -> parada - Depois que estiver na maca, com colar, hadblocks e o bachal, pode soltar o pescoço. → B: Respiração • Inspeção: Expansão está simétrica? - FR, Movimento torácico, alterações na ausculta, fratura de arcos costais (tórax instável), se tem desvio de traqueia, enfisema de subcutâneo. • Palpação: Há fratura palpável? Crepitação ou dor à palpação? • Ausculta: MV bem distribuído e simétrico? - Pneumotórax hipertensivo (MV aumentado + enfisema de subcutâneo); - Hemotórax (MV abolido); Quilotórax (MV abolido): traqueia desvia contralateral à lesão. • Percussão: Se, ao invés do som claro pulmonar (timpânico), estiver maciço pode indicar hemotórax/ hipertimpânico pode indicar pneumotórax; ❖ Pneumotórax hipertensivo • Significa ar na cavidade pleural e cursa com repercussão hemodinâmica e seu mecanismo cria uma válvula unidirecional, que permite apenas a entrada de ar, e não a sua saída. • Assim, o grande volume de ar acumulado aumenta a pressão torácica, o que reduz o retorno venoso e causa a estase de jugular. • Como também acaba comprimindo o mediastino para o lado contralateral, leva ao desvio de traqueia. • Encontramos timpanismo à percussão e abolição de murmúrios vesiculares na ausculta. • Conduta é simples: drenar o conteúdo gasoso. ❖ Hemotórax maciço • Sangue na cavidade pleural. • Considera-se maciço quando o volume é maior que 1,5L. • Assemelha-se ao pneumotórax hipertensivo, logo, o paciente também se mostra com dortorácica, dispneia, possível desvio de traqueia, macicez (e não timpanismo!) à percussão e abolição dos MV. • É importante ressaltar que a estase de jugular pode estar presente (por conta do aumento da pressão torácica), no entanto pode não estar, afinal, o paciente perdeu muito sangue. • Apresenta sinais de choque. • O tratamento também consiste em drenagem torácica, porém, considerando o choque associado, realiza-se reposição volêmica. ❖ Tamponamento cardíaco • É o acúmulo de líquido na cavidade pericárdica e, como o pericárdio fibroso é pouco elástico, o líquido comprime o coração e limita seu movimento- causando um choque restritivo. • Tríade de Beck : Hipotensão, Estase de jugular e Abafamento de bulhas cardíacas. • Para tratarmos essa condição, o ideal seria uma toracotomia de emergência, mas, caso não haja tempo hábil ou profissional capacitado, realiza-se uma pericardiocentese (que é uma medida de alívio, ou seja, depois o paciente precisará de uma toracotomia). → C: Circulação • Refere-se a hemorragias internas, onde deve-se investigar perdas de volume sanguíneo não visível, analisando os principais pontos de hemorragia interna no trauma (pelve, abdômen e membros inferiores); • Avaliar sinais clínicos de hemorragia como tempo de enchimento capilar lentificado, pele fria e pegajosa e comprometimento do nível e qualidade de consciência. • Realizar a ausculta cardíaca no final e investigamos a presença de sinais de choque**. • O ATLS fala que uma vez afastado o pneumotórax hipertensivo, todo choque no trauma é hipovolêmico até que se prove o contrário. • Quais sinais indicam que o paciente está em choque? 3Ps: pele, pulso, perfusão. - Pele: pálida e fria. - Pulso: acelerado (taquicardíaco) - Perfusão: pelo tempo de enchimento capilar, que está alterado se >3s. • Outros fatores que também nos ajudam a identificar um possível choque são: - Hipotensão - Rebaixamento do nível de consciência - Débito urinário reduzido OBS: Devemos ter uma atenção especial com: • Idosos: Possuem capacidade limitada de aumentar sua FC em resposta à perda sanguínea, logo podem apresentar choque sem taquicardia. • Crianças: Possuem uma reserva fisiológica muito grande e costumam não apresentar sinais de choque; mas, quando descompensam, acontece de forma rápida e catastrófica. • Atletas: Também possuem mecanismos de compensação semelhantes aos das crianças, e podem inclusive apresentar bradicardia relativa. • Olhar se tem fratura de pelve -> Pode dar choque hipovolêmico devido ao grande volume de sangue que a pelve pode abarcar. - Fecha a pelve com as duas mãos e movimenta para cima -> se sentir crepitação ou se o paciente referir dor -> fratura de pelve -> travar com lençol na altura dos trocânteres maiores, coxim entre as pernas (entre as coxas) e travar os pés. -> pelve estabilizada • Toda vez que identifiquei e corrigi alguma coisa, tenho que voltar fazendo correção sistemática do início. - Nunca passa para a próxima letra sem corrigir. → D: Neurológico • Avalia Glasgow (vai de 3 a 15) e Glasgow p (inclui o reflexo pupilar – vai de 1 a 15). - Glasgow < ou = a 8 -> IOT → E: Exposição • Temos que despir completamente o paciente (cortando as roupas) para procurar lesões externas; • Nessa etapa é fundamental a atenção a hipotermia; • Olhar se tem fraturas, se tiver: alinhar o membro, imobilizar o membro com as talas • Atenção aos locais! - Se for fêmur medial -> usa o tracionador de fêmur - Se for proximal ou distal -> só alinha o membro • Fratura exposta: Lava SF, coloca uma gaze em cima e faz ATB já na ambulância (Ceftriaxona ou Gentamicina -> os disponíveis no APH). • Tenoxicam, cetoprofeno e opioides -> analgésicos que tem no APH OBS: Dependendo do local do acidente, do tempo que for levar para chegar no hospital e da gravidade do quadro, devemos sondar o paciente para acompanhar o débito urinário e chegar a possibilidade de rabdomiólise (lesões por esmagamento, que foram ejetados do veículo). - A SVD é feita na letra E - Se tiver equimose em região genital, não passa sonda pelo risco de lesão de uretra. 4. Avaliação secundária • Terminado o ABCDE, agora vamos para a avaliação secundária = Consiste em realizar o exame físico de todos os sistemas e fazer a anamnese do trauma. • FR, FC, saturação, PA, Tax. • AMPLA: - Alergias - Medicamentos em uso - Passado médico/ prenhez - Líquidos e alimentos ingeridos recentemente - Ambiente e eventos do trauma (nessa parte é importante colher informações do mecanismo envolvido). • Pode ter resposta do trauma até 12 h depois do trauma = Então sempre leve o paciente para o hospital, a menos que ele solicite que não seja levado e assine um termo de consentimento.
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