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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências Instituto de Matematica e Estatística Erylaine Reis Rubim Moreira Araujo Amanda Moreira de Medeiros Uma proposta de atividade para o ensino de juros simples e compostos com o uso da metodologia de resolução de problemas de Polya Rio de Janeiro 2021 Erylaine Reis Rubim Moreira Araujo Amanda Moreira de Medeiros Uma proposta de atividade para o ensino de juros simples e compostos com o uso da metodologia de resolução de problemas de Polya Trabalho apresentado como uma das avaliações da disciplina Matemática Financeira do curso de Especialização em Aprendizagem em Matemática da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro 2021 RESUMO A Matemática tem se mostrado o quão relevante e indispensável é no dia a dia do homem e do mundo que o rodeia. Contudo, mesmo sendo tão necessária ainda existe o mito de que “Matemática é difícil”, e em virtude dele muitos alunos temem ou até mesmo abominam a disciplina. Surge então o desafio para professoras e professores que ensinam Matemática: buscar frequentemente novas metodologias com o intuito de que o aluno possa desenvolver significativo conhecimento, que o possibilite ter melhor qualidade de vida e que o ajude a superar esse mito. Nesse ínterim, o presente trabalho tem como objetivo propor uma atividade para alunos do 9º ano/ 8ª série do ensino fundamental sobre juros simples e juros compostos, fazendo uso de Resolução de Problemas através dos métodos de Polya. Palavras-chave: Resolução de Problemas. Metodologia. Ensino de Matemática. Matemática Financeira. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Figura 2 – Figura 3 – Atividade de revisão.................................................................................. Solução da atividade de revisão................................................................ Questões relativas a tabela 1..................................................................... 21 23 24 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Atividade principal 1.............................................................................. 24 Tabela 2 – Atividade principal 2.............................................................................. 26 Tabela 3 – Resposta esperada para a atividade principal 2...................................... 30 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BNCC DCN’s ENEF LDB PCNs PNE Base Nacional Comum Curricular Diretrizes Nacionais Curriculares da Educação Básica Estratégia Nacional de Educação Financeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Parâmetros Curriculares Nacionais Plano Nacional de Educação SUMÁRIO 1 2 3 3.1 4 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 5 5.1 5.2 6 7 INTRODUÇÃO................................................................................................... POR QUE ENSINAR MATEMÁTICA FINANCEIRA NO ENSINO FUNDAMENTAL?.............................................................................................. POR QUE UTILIZAR RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS EM MATEMÁTICA? ................................................................................................ Tópicos sobre a metodologia de Polya............................................................... PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................... Primeira etapa da atividade................................................................................ Segunda etapa da atividade................................................................................ Problema 1 para ser apresentado aos alunos......................................................... Problema 2 para ser apresentado aos alunos......................................................... RESULTADOS ESPERADOS .......................................................................... Possível solução para o primeiro problema...................................................... Possível solução para o segundo problema........................................................ CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. REFERÊNCIAS................................................................................................... 13 14 16 17 19 20 23 23 26 28 28 29 31 31 13 1. INTRODUÇÃO A Matemática ao longo da história vem mostrando sua relevância e o quão indispensável é, por estar vinculada a diferentes áreas do conhecimento, ajudando nas necessidades do homem e do mundo que o rodeia. Nas atividades escolares, dinâmicas, jogos e entre outros recursos didáticos são utilizados pelos professores na esperança de quebrar o mito de que “Matemática é difícil”. Assim, surge como um desafio para o professor buscar metodologias com o intuito de que o aluno desenvolva significativo conhecimento e o possibilite ter melhor qualidade de vida. É notório no ensino da Matemática o caráter fortemente cumulativo dessa disciplina, sabe-se que cada passo depende substancialmente dos anteriores. Dessa forma, é possível notar que os primeiros anos da vida escolar possuem importância fundamental no desempenho do aluno em seus estudos posteriores, especialmente na Matemática (Lima, 2007). Torna-se então relevante buscar formas eficazes de ensino nos primeiros anos de maneira que alicerce bem os alunos para os desafios dos anos seguintes. De acordo com D’ambrósio (1996) a matemática que se ensina hoje nas escolas é morta, pois se torna difícil motivar os alunos do mundo atual com uma ciência que foi desenvolvida em outros tempos com outra realidade, necessidades e percepções que são desconhecidas para a atual geração. Ressalta ainda que é interessante ao aluno ser submetido em geral àquilo que tem apelo às suas percepções materiais e intelectuais mais imediatas. O método de ensino onde o professor expõe os conteúdos e os educandos simplesmente absorvem, é criticado por Paulo Freire (1987), onde faz menção a concepção “bancária” da educação. Explica que o professor realiza “depósitos” e a única ação que é outorgada ao aluno é a de receber esses “depósitos”, guardá-los e arquivá-los. Em contradição à concepção “bancária”, Freire aborda a concepção problematizadora, que prega a libertação. Esta por sua vez, possui a compreensão de que os homens não são seres “vazios” onde poderão ser “enchidos” de conteúdos pelo mundo, mas sim que os homens são como “corpos conscientes”. A legítima libertação acarreta na ação e reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Na tentativa de fugir do método tradicional expositivo de ensino, facilitar e motivar a aprendizagem do discente de forma que o mito de que “Matemática é difícil” venha acabar e fazer com que o conteúdo venha realmente ser aprendido e não simplesmente decorado, o presente trabalho tem como objetivo propor uma atividade para alunos do 9º ano/ 8ª série do 14 ensino fundamental sobre juros simples e juros compostos, fazendo uso de Resolução de Problemas através dos métodos de Polya. 2. POR QUE ENSINAR MATEMÁTICA FINANCEIRA NO ENSINO FUNDAMENTAL? O estudo da Matemática Financeira é de grande importância desde as primeiras civilizações até hoje. O principal objetivo da implementação da Matemática Financeira nas escolas é de formar cidadãos que sejam capazes de compreender os conceitos de juros, porcentagem, acréscimos e decréscimos, entre outros, atravésdas operações básicas da matemática. E não somente a matemática pela matemática, mas também uma educação financeira dentro de suas casas, com a conscientização sobre gastos e prioridades no meio familiar, tendo em vista que 40% da população adulta está inadimplente, segundo o site G1 economia (2018). Antes de pensar propriamente na Matemática Financeira já implementada nas escolas, é necessário entender de onde vem essa ideia e desde quando esse assunto está sendo estudado. Com sua elaboração iniciada em 2015, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) surgiu com a ideia de integrar e diminuir a desigualdade do ensino brasileiro com tópicos de assuntos que os estudantes podem ter acesso, contudo a BNCC faz parte de um projeto maior. Em 1996, ela foi criada pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que logo em seguida virou DCN’s (Diretrizes Nacionais Curriculares da Educação Básica). Entre 1997 e 2000, a partir das DCN’s, foram criados os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), que são diretrizes para educadores, com o objetivo de unificar os conteúdos de cada disciplina. Finalmente em 2014, foi aprovado o segundo Plano Nacional de Educação (PNE). O primeiro foi criado em 1996 e prevaleceu de 2001 até 2010, foi através deste último item que entrou em prática a criação da BNCC. (Superlógica, 2020) Em maio de 2014, ocorreu um evento intitulado Semana Nacional de Educação Financeira, cujo principal objetivo foi mostrar um projeto piloto que levaria a educação financeira para a rede pública de 6 estados, e o Distrito Federal, entre eles, o Rio de Janeiro. O material didático que foi elaborado não teve como propósito tornar uma disciplina extra nas escolas, mas sim atrelar a educação financeira nas disciplinas já existentes no currículo. Partindo da premissa de que Matemática Financeira está presente no dia a dia do aluno, a 15 proposta de inserção desses conceitos nas disciplinas existentes do currículo escolar formalizaria tais conceitos e estabeleceria uma conexão destes com o cotidiano do aluno. (Portal MEC, 2014) Em dezembro de 2017 a BNCC inseriu Educação Financeira entre os temas transversais que deverão aparecer nos currículos de estados e municípios de todo o Brasil. Dessa forma, esse tema integrou-se a uma lista de assuntos que devem ser incorporados às propostas pedagógicas. O tema “aparece sugerido como “contexto” para o desenvolvimento do conteúdo em quatro habilidades (uma no 5º, uma no 6º, uma no 7º e uma no 9º ano), todas ligadas a conteúdos típicos da matemática financeira, como porcentagem e cálculo de juros”. (Annunciato, 2018) Implementar o ensino de Matemática Financeira nos anos iniciais escolares é de fundamental importância para fazer com que o aluno tenha ciência do quanto se gasta em uma compra do mês no supermercado da região, por exemplo, ou então os comerciais de TV que fazem “saldões”, descontos e promoções, para o estudante possa perceber que de fato os conceitos aprendidos em Matemática Financeira são úteis para o seu dia a dia. A Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) é uma mobilização em torno da promoção de ações de educação financeira, em parceria com o canal “Vida e Dinheiro” e “TV Escola” no youtube chamada “Sua escola, Nossa Escola”. Essa série mostra como o ensino de Matemática Financeira é implementado nas mais diversas escolas públicas do país. (ENEF , 2021) Em um dos vídeos, uma professora do 5º ano mostra a importância de pesquisar preços nos mercados quando a família está fazendo compras. Essa dinâmica é feita com a ajuda dos familiares nas compras do mês, e em sala, onde foi montado um mini mercado. Ali, os alunos colocavam em prática o conceito de uma forma geral da Matemática Financeira, que imediatamente reflete nas casas dos alunos. Uma mãe relata no vídeo que o filho começou a observar a casa de um outro ângulo. Segundo ela, ele passou a alertar sobre torneiras que estão pingando, luzes acesas e itens que não precisam ser adquiridos naquele momento, por não ser prioridade. (Canal Vida e Dinheiro, 2017) Portanto, fica clara a importância da educação financeira desde a educação básica, pois com a conscientização de gastos, empréstimos e financiamentos desde a infância, o número de adultos responsáveis seria maior e consequentemente haveriam menos pessoas inadimplentes. Assim, as pessoas teriam o conhecimento básico sobre porcentagem de juros, amortização, entre outros assuntos que facilitariam o seu cotidiano. 16 3. POR QUE UTILIZAR RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS EM MATEMÁTICA? Como se define “problema”? Para Van de Walle (2001, apud. Onuchic e Allevato, 2011, p. 81), “um problema é definido como qualquer tarefa ou atividade para a qual não se tem métodos ou regras prescritas ou memorizadas, nem a percepção de que haja um método específico para chegar à solução correta”. Ensinar Matemática através do método de Resolução de Problemas é um desafio para o professor e para os alunos, pois exige deles novas posturas e atitudes na sala de aula. Através do método, o aluno deve ser capaz de estabelecer conexões entre diferentes ramos da Matemática e consequentemente gerar novos conhecimentos. (Onuchic e Allevato, 2011) Analisar a Resolução de Problemas como uma perspectiva metodológica a serviço do ensino e da aprendizagem de matemática amplia a visão puramente metodológica e derruba a questão da grande dificuldade que alunos e professores enfrentam quando se propõe a Resolução de Problemas nas aulas de matemática. A utilização de recursos da comunicação pode resolver ou fazer com que não existam essas dificuldades. (Smole e Diniz, 2001, apud, Fernandes et.al. 2014, p.3) Polya (1995) evidencia a importância fundamental do papel do professor no desenvolvimento da inteligência do aluno, instigando-o a pensar e a desenvolver suas próprias estratégias para chegar a uma solução do problema. Dessa forma o aluno irá aprender investigar e a construir seu próprio conhecimento. É interessante ressaltar que na Matemática, diferente de algumas disciplinas, não se faz necessário o uso de caros equipamentos para se fazer de uma sala de aula um laboratório. Fita métrica, cartolina, dado (de jogo) e tantos outros recursos acessíveis são suficientes para se fazer uma boa atividade. Nesse contexto o método de Resolução de Problemas apresenta-se como uma ferramenta útil no processo Ensino-Aprendizagem, pois com poucos recursos é possível realizar uma boa atividade com a turma. O ensino da Matemática deve ser dinâmico, no sentido de sempre estar se atualizando e interagindo com as demais áreas de conhecimento a fim de satisfazer as demandas da sociedade. A preocupação com o aprimoramento do ensino da Matemática é foco de estudo de muitos professores e pesquisadores. Como é o caso de Neres e Costa (2018) que fizeram uso da metodologia de Polya para resolução de problemas em duas turmas da 2ª série do ensino médio em escolas do Maranhão. Objetivou a investigação da aprendizagem de probabilidade através de jogos de loteria. A atividade constou com dois exercícios sobre o tema e durante sua aplicação houve 17 momentos em que foi necessária a intervenção dos autores para sanar algumas dúvidas dos discentes. Por fim, os autores comprovaram a eficiência do método de Polya, notando enorme aceitação dos alunos e a facilidade na aquisição de novos conhecimentos. Afirmando que esse método corrobora significativamente para a aprendizagem da Matemática. Nunes et.al. (2017) aplicou uma dinâmica com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II. Utilizando o método de resolução de problemas para introduzir o conteúdo de equação do segundo grau. O problema gerador de sua atividade foi elaborado de forma que incentivasse o pensamento dedutivo do aluno que por fim chegaria a uma equação do segundo grau. Como resultado constatou que houve boa aceitação dos alunos com relaçãoà atividade proposta e em alguns momentos houve a necessidade de intervenção da pesquisadora a fim de esclarecer algumas dúvidas. Por fim observou-se que o uso da metodologia de ensino- aprendizagem-avaliação de matemática por meio de resolução de problemas viabiliza a exploração dos conhecimentos prévios dos alunos e as diversas formas de solução para um mesmo problema. 3.1 – Tópicos sobre a metodologia de Polya George Polya, considerado o pai da Resolução de Problemas, publicou em 1945 o livro “How to solve it” que teve uma reimpressão para o português em 1986 com o título “A Arte de Resolver Problemas”. Em seu trabalho, apresentou quatro fases para resolução de problemas, que são: compreender o problema, estabelecer um plano, executar o plano e fazer um retrospecto da resolução completa. (Onuchic e Allevato, 2011; Puti, 2011; Polya, 1995) Cada uma destas fases tem a sua importância. Pode acontecer que a um estudante ocorra uma excepcional ideia brilhante e, saltando por sobre todas as preparações, ele chegue impulsivamente à solução. [...] mas alguma coisa muito inconveniente e desastrosa pode resultar se o estudante deixar de lado qualquer uma das quatro fases sem dela ter uma perfeita noção. (Polya, 1995, p.4) Pode-se entender a metodologia de Polya como um algoritmo que fomenta o pensamento linear, além de ser um método de generalização do conhecimento. Cada uma de suas fases deve ser analisada minunciosamente, pois sem compreender o problema não será possível estabelecer um plano adequado para sua resolução e consequentemente produzirá uma resposta incorreta. 18 Polya (1995) evidencia que o professor tem papel fundamental em sua metodologia e descreve as quatro fases como: • Compreensão do problema: O problema deve ser bem escolhido pelo professor de forma que não seja nem tão fácil, nem tão difícil e deve ser apresentado ao aluno de modo que lhe desperte o interesse. Algumas perguntas nesse processo são necessárias como, por exemplo: “Qual é a incógnita? Quais são os dados?” O aluno por sua vez, deve ter condições de identificar as partes principais do problema, os dados, a incógnita entre outros. • Estabelecimento de um plano: nesta fase o aluno deve lembrar-se de tudo o que já aprendeu que pode ser utilizado no problema, deve estabelecer então uma relação entre os dados fornecidos e o que está sendo pedido. O professor deve auxiliar o aluno de maneira discreta, fazendo perguntas estratégicas a fim de incitar nele a busca pelo plano correto para a resolução do problema, tais como: “Conhece algum problema correlato? É possível utilizá-lo? Você está usando todos os dados fornecidos no problema?”. • Execução do plano: para concluir essa fase com êxito é necessário ter muita paciência e atenção, cada passo dado deve ser minunciosamente analisado a fim de chegar à resolução correta. Se a fase anterior foi devidamente concluída, nesta etapa o professor tem um período relativo de tranquilidade. • Retrospecto: esta fase não se limita apenas a conferir as etapas anteriores a fim da verificação de um resultado correto para o problema. Se o aluno examinar todo o passo a passo que o levou à solução ele poderá consolidar o seu conhecimento e aperfeiçoar a sua capacidade de resolver problemas. O professor pode fazer perguntas do tipo: “É possível verificar o resultado? Dá pra chegar nesse resultado por um caminho diferente, um caminho mais curto?”. Cabe ao professor deixar claro que os assuntos em Matemática são encadeados e deve encorajar seus alunos a imaginar casos onde eles poderão utilizar novamente os conceitos aprendidos. 19 4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: A metodologia proposta para o presente trabalho é uma adaptação da sugestão de atividade desenvolvida pelo time de autores da Nova Escola (2021) para 9° ano do Ensino Fundamental sobre cálculo de juros simples e juros compostos, reorganizando-a com os passos da metodologia de Resolução de Problemas sugeridos por Polya. Habilidade da BNCC relacionada: (EF09MA05). Resolver e elaborar problemas que envolvam porcentagens, com a ideia de aplicação de percentuais sucessivos e a determinação das taxas percentuais, preferencialmente com o uso de tecnologias digitais, no contexto da educação financeira. (Brasil, 2017) Pré-requisitos: Para a execução da atividade proposta, o aluno deve conhecer previamente o conceito de como calcular porcentagem. Tempo de Duração: Estima-se que o tempo de duração necessário para a aplicação da atividade é de 2 horas/aulas. Recursos Educacionais Necessários: - Folha de papel A4 branca; - Atividades impressas em folhas, coladas no caderno ou não/data show; - Calculadora Organização da turma: Para a realização da tarefa a turma deve ser organizada em grupos de 2 a 3 alunos. Objetivo: Ensinar o aluno comparar diferentes situações que envolvem o cálculo de juros simples e juros sobre juros. 20 Metodologia Proposta: De acordo com o método de Polya como visto acima, a estratégia para a resolução de um problema possui quatro fases: compreensão, elaboração de um plano, execução de um plano e o retrospecto. Na atividade proposta do presente trabalho, antes de apresentar o problema para o aluno (o cálculo dos juros) sugere-se fazer uma breve revisão de maneira lúdica sobre os conceitos que serão necessários para a solução do problema. Polya em seu método propõe que o professor deve questionar o aluno a fim instigá-lo a achar a solução. Baseando-se nessa sugestão, a própria revisão não deve ser dada de um modo expositivo, mas questionamentos devem ser feitos ao aluno constantemente, a fim de que o conteúdo venha ser relembrado. A atividade está dividida em duas etapas. Na primeira deve ser realizada uma breve revisão sobre os conceitos relacionados ao cálculo de juros simples através de um problema, caso a turma apresente bastante dificuldade em realizar operações de porcentagem, deve-se então realizar uma breve atividade de revisão desse assunto. Na segunda etapa devem ser feitas as resoluções de dois problemas envolvendo o cálculo de juros simples e composto. Estas duas etapas serão detalhadas a seguir: 4.1 Primeira etapa da atividade: As primeiras perguntas a serem feitas a turma devem ser: “Você conhece alguma situação na qual se paga juro?”, “Conhece ou já ouviu falar de algum juro diferente do juro simples?”. Nesse momento o professor deverá escrever na lousa, apresentar no data show ou entregar de forma impressa o seguinte problema: 21 Figura 1 – Atividade de revisão Legenda: Problema para revisão de juros simples. Fonte: Nova Escola (2021) Nessa etapa o professor deverá incentivar os alunos a calcular as porcentagens mentalmente achando primeiro 10% e depois 1%. Visando verificar se os alunos compreenderam como calcular taxas de juros mentalmente, deve-se apresentar as seguintes perguntas de forma oral, escrito na lousa, no data show ou impresso: - De acordo com a situação descrita do problema o que devemos fazer primeiro? - O que significa taxa fixa? Com o propósito de explorar várias estratégias de resolução, o professor pode convidar um dos alunos para resolver na lousa, pode perguntar se alguém resolveu de uma maneira diferente e pode convidá-lo também para ir à lousa. O professor deve incentivar os alunos a avaliarem os diferentes meios de se chegar à resolução e que tomem suas próprias conclusões no que diz respeito ao método mais adequado. Se houver alunos que não conseguiram resolver o problema, deve-se ajuda-los a identificar a dificuldade propondo novos questionamentos. Para esta atividade é interessante explorar no mínimo duas resoluções diferentes, o professor deve incentivar os alunos a resolver de diversas maneiras: • Visualmente: atravésde desenhos ou esquemas; • Algoritmo convencional: convertendo a porcentagem em número decimal; 22 • Calculadora ou planilha eletrônica: através do Excel ou usando fórmulas. (caso a escola possua um laboratório de informática) Se os alunos apresentarem muitas dúvidas em relação ao cálculo da porcentagem, o professor pode fazer os seguintes questionamentos: - O que você entende por porcentagem? (Investigando se o aluno sabe o que significa a palavra porcentagem). - Faça um desenho que representa 100%? - Agora desenhe 50%? E depois 25%? E 10%? - Como você representaria 12%? - Se 100% é o desenho todo como podemos encontrar 12%? O intuito de fazer essas perguntas é tentar fazer com que o aluno perceba que para encontrar 12% deve-se dividir por 100 e depois multiplicar por 12, em outras palavras, multiplicar por 0,12. Nesse momento o professor pode também relembrar o aluno a como escrever porcentagem em forma de fração. Pode então apresentar alguns exemplos: 100% = ; 50% = ; 5% = Em seguida, pode-se ensinar a transformar frações decimais em números decimais: 100% = 100 100 = 1 50% = 50 100 = 0,50 5% = 5 100 = 0,05 Por meio dessas perguntas espera-se que o aluno relembre/compreenda como é feito o cálculo de porcentagem. Pode-se pedir para que os alunos resolvam para 25%, 10% e 12%. Logo em seguida, deve ser apresentada a resolução do problema: 23 Figura 2 – Solução da atividade de revisão Legenda: Resolução do problema para revisão de juros simples. Fonte: Nova Escola (2021) Posteriormente, o professor pode indagar aos alunos: “É possível descobrir essa multa e esse juros utilizando apenas cálculo mental?”, “Qual porcentagem é fácil de achar mentalmente?”, “Como calcular uma multa de 15% mentalmente?” ou ainda “Como calcular um juros de 0,5% mentalmente?” 4.2 Segunda etapa da atividade: 4.2.1 Problema 1 para ser apresentado aos alunos: Nessa etapa o professor deve escrever na lousa, apresentar no data show ou entregar de forma impressa o seguinte problema: Joana comprou um carro financiado em 10 parcelas iguais, a taxa de juros combinada foi de 2% ao mês. O valor do carro à vista é R$ 20 000,00. Analise os dois tipos de cálculo: 24 Tabela 1 – Atividade principal 1 Legenda: Problema 1 para apresentar a turma Fonte: Nova Escola (2021) Logo em seguida deve ser apresentado as perguntas da figura 3 aos alunos: Figura 3 – Questões relativas a tabela 1 Legenda: Questões relativas ao problema 1 Fonte: Nova Escola (2021) 25 A partir desse momento o professor analisará o comportamento dos alunos visando a metodologia de Polya. Assim sendo, na fase de: • Compreensão: Caso seja preciso, para que o professor possa auxiliar na compreensão, deve perguntar: - O que está sendo pedido no problema? - Quais são os dados fornecidos pelo enunciado? - Pelo enunciado o regime de juros está definido? • Estabelecimento de um plano: deve-se fazer as seguintes perguntas: - Já resolveram um problema parecido? - Como calcular em regime de juros simples? - Como foi feito o segundo cálculo? Caso perceba que os alunos possuam muitas dúvidas em relação à comparação entre os juros pode-se ainda questionar: - Qual a diferença entre os cálculos de cada tabela? - Os juros são sempre iguais? - Porque no segundo cálculo os juros são diferentes? - Porque o resultado de um dos juros foi maior que o outro? Dessa forma o professor deve ajudar o aluno a perceber de maneira indireta, que em uma tabela o juro é sempre igual e na outra ele vai aumentando porque vai sendo incorporado ao cálculo. • Execução do plano: o professor deve então aguardar os alunos realizarem a atividade, podendo fazer também as perguntas: - Como calculamos um juros simples? - Como é calculada a taxa de juros simples? - A taxa de juros é sempre calculada sobre o capital inicial? - Observe as duas tabelas, qual a diferença entre elas? 26 - Em qual delas o juros é sempre igual? • Retrospecto: o professor pode questionar os alunos: - Utilizou todos os dados fornecidos? - É possível verificar o resultado? - Dá pra chegar nesse resultado por um caminho diferente? - Existe algo em comum nas tabelas? - Observe o primeiro cálculo, qual a relação entre suas linhas? - Porque no segundo cálculo os valores ficaram diferentes do primeiro cálculo? - Aonde mais você poderia utilizar os conceitos abordados nesse problema? 4.2.2 Problema 2 para ser apresentado aos alunos: Finalizado o problema um, o segundo problema deve ser apresentado à turma: Mariana fez um empréstimo de R$ 8000,00 e se comprometeu a pagar após 8 meses. A taxa de juros combinada foi de 15% ao mês. Complete os cálculos de cada tabela. E responda qual destes cálculos a financiadora deve utilizar? Tabela 2 – Atividade principal 2 Legenda: Problema 2 para apresentar a turma Fonte: Nova Escola (2021) 27 • Compreensão: Espera-se que os alunos resolvam mais rapidamente este problema, visto que verificaram um problema similar anteriormente. Contudo, caso seja preciso o professor pode auxiliar na compreensão perguntando: - O que está sendo pedido no problema? - Quais são os dados fornecidos pelo enunciado? - Pelo enunciado o regime de juros está definido? • Estabelecimento de um plano: da mesma maneira, espera-se que os alunos elaborem um plano com menos dificuldades. Se necessário deve-se fazer as seguintes perguntas: - Como devemos fazer para continuar o preenchimento da tabela? - Qual a diferença entre os cálculos de cada tabela? - Os juros são sempre iguais? - Esse é o melhor caminho para resolver esse problema? • Execução do plano: o professor deve então aguardar os alunos realizarem a atividade, podendo fazer também as perguntas: - Como é calculada a taxa de juros simples? - A taxa de juros é sempre calculada sobre o capital inicial? - Qual a diferença entre as duas tabelas? • Retrospecto: o professor pode questionar os alunos: - Utilizou todos os dados fornecidos? - É possível verificar o resultado? - Existe alguma maneira diferente de fazer os cálculos observando o que foi apresentado nas tabelas? Avaliação da atividade: A avaliação da atividade deve ser feita por meio de observação do professor e pelas resoluções dos alunos. 28 5. RESULTADOS ESPERADOS: Nesta seção foram conjecturados possíveis resultados dos alunos à proposta de atividades do presente trabalho. 5.1 Possível solução para o primeiro problema: “Joana comprou um carro financiado em 10 parcelas iguais, a taxa de juros combinada foi de 2% ao mês. O valor do carro à vista é R$ 20 000,00.” Para a solução desse problema através do método de Polya espera-se que: • Na fase de compreensão: espera-se que os alunos percebam as diferenças nas colunas da tabela 1, que se lembrem de como se realiza o cálculo da porcentagem, que estejam atentos quanto ao que está sendo solicitado em cada item da questão e que utilizem todos os dados fornecidos. • Estabelecimento de um plano: espera-se que o aluno lembre as diferenças entre os juros simples e composto, também que estabeleça estratégias adequadas para resolver os itens da questão. • Execução do plano: para cada um dos item pedidos, espera-se que o aluno resolva da seguinte maneira: a) Qual a diferença em cada cálculo? Espera-se como resposta: A diferença é que no primeiro cálculo a taxa de juros foi cobrada em todos os meses sobre o capital inicial, já o segundo cálculo a taxa de juros foi cobrada sobre o montante do período anterior. b) Quanto pagará de parcela alguém que optar pelo primeiro cálculo? E pelo segundo cálculo? 29 1º cálculo: 24000 : 10 = 2400 cada parcela. 2º cálculo: 24379,88 : 10 = 2437,98 cadaparcela. c) Qual dos cálculos corresponde a um regime de juro simples. Justifique o porquê? O primeiro cálculo porque em todos os meses a taxa de juros foi cobrada sobre o capital inicial e no regime de juros simples a taxa de juros é fixa, ou seja, é sempre igual em todos os meses. d) Como podemos nomear o segundo cálculo? Juros sobre juros. e) Qual dos cálculos a maioria das revendedoras de automóveis utilizam? Porquê? O segundo cálculo porque é mais vantajoso, o lucro será maior, pois o montante final é maior que o primeiro cálculo. • Retrospecto: espera-se que o aluno tenha compreendido a atividade e que possa conjecturar onde mais aquele conceito pode ser aplicado. 5.2 Possível solução para o segundo problema: “Mariana fez um empréstimo de R$ 8000,00 e se comprometeu a pagar após 8 meses. A taxa de juros combinada foi de 15% ao mês. Complete os cálculos de cada tabela. E responda qual destes cálculos a financiadora deve utilizar?” Para a solução desse problema através do método de Polya espera-se que: • Na fase de compreensão: espera-se que os alunos se lembrem de como se realiza o cálculo da porcentagem, que estejam atentos quanto ao que está sendo solicitado em cada item da questão e que utilizem todos os dados fornecidos. • Execução do plano: espera-se que os alunos lembrem dos cálculos para os diferentes tipos de juros. • Execução do plano: espera-se que o aluno tenha bastante atenção para realizar os cálculos dos juros e resolva da seguinte maneira: 30 Tabela 3 – Resposta esperada para a atividade principal 2 Legenda: Solução esperada para o problema 2 Fonte: Nova Escola (2021) Finalmente, espera-se que o aluno conclua que é bem provável que a financiadora utilize juros sobre juros porque o lucro é maior. • Retrospecto: espera-se que o aluno tenha compreendido a atividade e que possa conjecturar onde mais aquele conceito pode ser aplicado. Por fim, espera-se que através da atividade os alunos venham aprender/relembrar os conceitos de cálculo de porcentagem, cálculo dos juros simples e composto, entre outros. Que possam pensar em seus gastos e de suas famílias de maneira consciente e que possam também incentivar amigos e familiares a agir da mesma maneira. 31 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ensinar matemática através da resolução de problemas é uma metodologia onde o aluno assume a primeira pessoa nas narrativas na construção do próprio conhecimento, proporcionando-lhe certa autonomia. Entende-se também que através do método de Polya o professor norteia – mesmo que implicitamente – a construção deste conhecimento, através de perguntas estratégicas que instiguem a curiosidade e incentivem os alunos a pensar e a relacionar os conceitos matemáticos. Assim, compreende-se que ao usar o método de Polya, a cada problema resolvido pelo aluno, ele estará mais apto para resolver o próximo. Fica evidente também a importância de cada uma das etapas do método, onde devem ser analisadas minunciosamente para a execução perfeita da solução do problema e consequentemente na construção do conhecimento do aluno. Portanto espera-se que a proposta do presente trabalho contribua para a prática docente de professoras e professores que ensinam matemática, levando-os a visibilizar o ensino da Matemática Financeira através do método de resolução de problemas, em especial o método de Polya. 7. REFERÊNCIAS: ANNUNCIATO, Pedro. BNCC inclui Educação financeira em Matemática. Nova Escola. 2018. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/9798/bncc-inclui-educacao- financeira-em-matematica>. Acesso em 05 de Fevereiro de 2021. BRASIL. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília: MEC, 2017. 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