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MODELO DE CONTESTAÇÃO CÍVEL

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01- Qual é a peça processual cabível?
	A peça processual cabível é a contestação.
02- Qual a Justiça, Foro e Juízo competentes?
	Justiça Comum, na 2ª Vara Judicial de Estrela – RS.
03- Qual o processo e o procedimento?
	Processo cível, procedimento comum, especificamente ação indenizatória.
04- Quem é o autor? Quem é o réu?
	Autor: NADA CONSTA FUTEBOL CLUBE
	Réu: ROBERTO MIGUEL REY JÚNIOR (DR. REY)
05- Há preliminares? Quais?
	Sim. Há duas preliminares a serem indicadas: 
	a) Inépcia da petição inicial de pedido genérico por dano moral, vedado no artigo 292, V, CPC em consonância com o artigo 330.	Comment by Izadora Lombardi: Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;	Comment by Izadora Lombardi: § 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico330
	b) Impugnação do valor da causa porque é preciso quantificar o dano moral e recolher as custas respectivas.
06- O que deve alegar no mérito, ou seja, qual(is) tese(s) deve (m) ser desenvolvida(s)?
A tese é que não houve erro médico, por não haver indícios de imperícia. Não há de se falar em dano moral, pela inexistência de nexo causal.
	a) O objeto da ação – operação médica – trata-se de obrigação de meio, ou seja, o resultado não é garantido.
	b) Juntar o laudo pericial a fim de comprovar que o método adotado para a operação também era indicado no tratamento.
	
07- Existe a possibilidade de reconvenção?
	Sim, pode-se solicitar reconvenção por danos morais do médico que foi publicamente chamado de açougueiro.
08- Qual o pedido?
Inépcia
Impugnação ao valor da causa
Improcedência
Pedido = R$ 50.000,00
Condenação solidária
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA JUDICIAL DE ESTRELA – RS 
Processo n.º nº 123/21
	ROBERTO MIGUEL REY JÚNIOR já qualificado nos autos da AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS pelo PROCEDIMENTO COMUM movida por NADA CONSTA FUTEBOL CLUBE, FLÁVIO CAÇA-RATO, WALTER MINHOCA e ADEMIR SOPA, todos já qualificados, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por seu advogado (por sua advogada), com fundamento nos artigos 335 e 343 do Código de Processo Civil, apresentar CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
I. RESUMO DA DEMANDA
	Trata-se de ação indenizatória proposta pelos requerentes, clube e respectivos jogadores, com o objetivo de obter indenização por danos morais em virtude de um suposto erro médico cometido nas cirurgias.
	Não quantificaram o pedido por danos morais, deixando para o arbítrio deste Juízo e deram à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).
II. PRELIMINARES
	Estando a ação direcionada ao insucesso, o requerido aguarda que sejam analisadas as preliminares adiante levantadas para que seja que o presente processo seja extinto sem julgamento do mérito e que haja a correção do valor atribuído à causa, com a intimação dos requerentes para correção e recolhimento das respectivas custas.
I. DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL
	Os requerentes postularam a condenação do requerido réu ao pagamento de indenização por danos morais em valor a ser arbitrado pelo Juízo, face à alegação de erro médico.
	Entretanto, o pedido de condenação ao pagamento de indenização por danos morais deve ser certo e determinado com fulcro no artigo 291 do CPC. 
	Ainda, o artigo 292, V, do CPC determina que deve constar na Petição Incial o valor da causa, inclusive em tratando-se de indenização por dano moral.
	Destaque-se que, era perfeitamente possível aos requerentes atribuírem um valor no tocante a indenização por dano moral, vez que delinearam na inicial os supostos danos e constrangimentos advindos do suposto erro médico.	
	Destarte, deve ser acolhida a preliminar de inépcia da petição inicial, com fundamento nos arts. 292, V e 330, inc. I, do CPC para que o processo seja extinto sem julgamento do mérito nos termos do art. 485, I do CPC.
II. DA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA:
	Como se não bastasse a inépcia da petição inicial supramencionada, os requerentes também se equivocaram ao dar à causa o valor de somente R$ 1.000,00 (mil reais).
	Com efeito, os requerentes devem quantificar o dano moral pretendido e dar à causa o valor respectivo, recolhendo às custas judiciais proporcionalmente.
	Desta forma, deve ser acolhida a presente impugnação ao valor da causa, com fulcro no art. 337, III do CPC para que o requerente seja intimado para a correção.
III. DO DIREITO
	O requerido passa agora a analisar o mérito da demanda.
	É notável que não há qualquer elemento trazido pelos requerentes que comprove a imperícia do requerido.
	A prova técnica trazida foi bastante clara em suas conclusões:
“Na análise do caso não foram observados sinais de irregularidades nos procedimentos cirúrgicos realizados, não foram encontrados erros da técnica cirúrgica realizada. A referida cirurgia encontra-se descrita na literatura ortopédica como uma técnica adequada para o tratamento das lesões de joelhos como as sofridas.”
	 Na medicina, há diferentes linhas metodológicas para tratamento. O requerido agiu com correção e técnica e utilizou um procedimento adotado por muitos médicos. 
	Não se demonstrou que técnica é incorreta ou ultrapassada. Também não se provou que, no período pós-operatório, tenham sido tomadas todas as cautelas prescritas pelo requerido.
	Ademais, o médico – tal como outros profissionais liberais (advogado, dentista, psicólogo, engenheiro, arquiteto) -, comprova a conclusão de curso superior específico, estágio de residência e especialização para determinadas áreas, necessita autorização expressa do Poder Público para atuar e, ainda, de credenciamento especial por parte do órgão de classe, no caso, o Conselho Regional de Medicina.
	Esse credenciamento que às vezes é precedido de exigência de prova de capacitação, significa habilitação para o exercício da profissão.
	Importante ressalvar que, nos casos controvertidos ou duvidosos, o erro profissional não pode ser considerado imperícia, imprudência ou negligência. Sendo distintos ainda o “erro profissional” e “imperícia”.
	Ocorre o “erro profissional” quando a conduta médica é correta, mas a técnica empregada é incorreta. Significa que o médico aplica corretamente uma técnica ruim para aquele caso. 
	Diante o exporto pode-se concluir que o erro profissional não pode ser objeto de valoração pelo juiz, nem pode ser considerado como hipótese de imperícia, imprudência ou negligência.
	Sendo assim, a ação não merece prosperar porque não há qualquer elemento que demonstre a alegada imperícia atribuída ao requerido.
IV. DA RECONVENÇÃO
	Controvertidos todos os argumentos trazidos na petição inicial, a requerida, com fulcro no artigo 343 do Código de Processo Civil, apresenta neste ato RECONVENÇÃO em face dos requerentes, narrando uma abominável caça à reputação do requerido, atribuindo-lhe falsamente o cometimento de “erro médico”.
	Em longa entrevista para a “Gazeta de Estrela” o presidente do requerente e os próprios pacientes fizeram uma série de declarações públicas que atribuíram uma “habilidade duvidosa” a imagem do requerido por um suposto erro médico que não cometeu, gerando repercussão que certamente maculou de forma grave a imagem profissional do mesmo.
	Desta forma, o requerido faz jus a indenização no valor de R$ 12.500,00 para cada requerente reconvindo totalizando o valor de R$ 50.000,00.
	Neste sentido:
RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS E MORAIS. RECONVENÇÃO. DANOS MORAIS. Demanda na qual a agremiação esportiva autora reclamava indenização decorrente de supostas falhas havidas na atuação profissional do requerido, médico ortopedista. Demanda conexa movida pelas pessoas físicas dos atletas diretamente prejudicados pelos erros médicos referidos, reclamando estes últimos, danos morais. Sentença de improcedência dos pedidos veiculados nas ações, procedente o pleito reconvencionaldo médico requerido, condenados, todos os requerentes ao pagamento de indenizações autônomas por danos morais. Recurso de Apelação da agremiação esportiva. Ação. Alegação de erro médico imputada ao requerido que não resta comprovada sob o crivo do contraditório. Laudo pericial oficial que conclui no sentido da inexistência de irregularidades nos procedimentos cirúrgicos realizados pelo requerido, adotada por este último técnica cirúrgica adequada para o tratamento de lesões do joelho. Pedidos veiculados nas ações que se mostravam improcedentes. Reconvenção. Existência de matéria jornalística na qual, tanto o presidente do clube, quanto os atletas em si considerados, lançam declarações no sentido de ter o médico reconvinte incorrido em erro. Requerido que teve seu nome exposto de modo temerário e em contexto de repercussão local capaz de trazer abalo à sua imagem profissional, com o que se mostra caracterizado o dano moral. Quantum indenizatório (R$ 50.000,00 - para cada coautor) que, todavia, se mostra manifestamente exagerado. Pretensão recursal de redução da indenização que deve alcançar todos os coautores, representados pelo mesmo patrono, ainda que na peça recursal tivesse constado formalmente apenas o nome do clube. Readequação do valor da indenização devida pelos coautores-reconvindos, passando-se ao montante individualizado de R$ 12.500,00 (doze mil e quinhentos reais) com o que se respeita as funções ressarcitória e punitiva da indenização. Recurso de Apelação provido em parte. (TJ-SP - APL: 00118558620058260038 SP 0011855-86.2005.8.26.0038, Relator: Alexandre Bucci, Data de Julgamento: 17/11/2015, 9ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/11/2015)
	Calcada neste entendimento, diante da comprovada humilhação causada, requer-se a procedência da reconvenção para condenar os reconvindos ao pagamento de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) pelos danos morais causados.
V. DA CONCLUSÃO
	Diante de todo o exposto, requer-se:
	a) o acolhimento da preliminar da preliminar de inépcia da petição inicial, com fundamento nos arts. 292, V e 330, inc. I, do CPC para que o processo seja extinto sem julgamento do mérito nos termos do art. 485, I do CPC.
	b) o acolhimento da preliminar de impugnação ao valor da causa, com fulcro no art. 337, III do CPC para que os requerentes sejam intimados para a correção da mesma.
	Caso Vossa Excelência, entenda por analisar o mérito, requer-se a improcedência total da presente demanda, condenando-se os requerentes ao pagamento de honorários e custas processuais.
VI. DO PEDIDO – RECONVENÇÃO
Diante de todo o exposto, requer-se condenação do reconvindo ao pagamento de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) pelos danos morais causados.
	Dá-se a causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
	Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, sem exceção de nenhum.
	 
	Termos em que,
	Pede Deferimento.
	São Paulo, 11 de setembro de 2021.
	___________________________________________
	Advogada, OAB/SP nº ________________________

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