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CURSO SUPERIOR BACHAREL EM ENFERMAGEM NOME COMPLETO ALTERAÇÕES SISTÊMICAS E SEQUELAS NO PACIENTE ACOMETIDO PELO COVID-19 E SUA RELAÇÃO COM A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA ÁREA DA SAÚDE. ALTERAÇÕES SISTÊMICAS E SEQUELAS NO PACIENTE ACOMETIDO PELO COVID-19 E SUA RELAÇÃO COM A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA ÁREA DA SAÚDE. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 2 DESENVOLVIMENTO ...................................................................................... 4 2.1 BIOLOGIA CELULAR ....................................................................................... 5 2.2 CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS TEGUMENTAR, LOCOMOTOR E REPRODUTOR ............................................................................... 9 2.3 CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS DIGESTÓRIO, ENDÓCRINO E RENAL ............................................................................................ 11 2.4 CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS IMUNE E HEMATOLÓGICO ..................................................................................................... 13 2.5 SAÚDE PÚBLICA ........................................................................................... 14 3 CONCLUSÃO ................................................................................................. 16 1 INTRODUÇÃO As pesquisas sobre o covid-19 não param e sempre estão sendo reveladas novas descobertas. Sabe-se que o vírus é extremamente agressivo e que os sintomas podem ser múltiplos ou nem se manifestar. Sabe-se também que pessoas com comorbidades são mais suscetíveis a morte. Para conter o vírus, a OMS recomendou o isolamento social e diversos cuidados básicos. O vírus de espalhou tão rapidamente que, infelizmente, tirou milhares de vidas em muito pouco tempo. A vigilância epidemiológica teve um papel fundamental na pandemia. Coletou, organizou e divulgou dados importantes para controle do vírus. Graças a esses dados, milhares de vidas foram salvos e foi possível identificar possíveis focos, controlar melhor a propagação do vírus e ter um melhor controle sanitário. A seguir, será possível observar como o vírus entra no corpo humano, como se comporta e entender melhor todo o funcionamento do corpo frente a ação do vírus. 2 DESENVOLVIMENTO A situação problema aponta o principal cenário mundial e um relato em comum diante dos grandes casos de infectados sintomáticos. O proposto no trabalho é explicar não somente os sintomas, mas a relação entre tais, apontando como o vírus age antes, durante e depois da infecção. O coronavírus ainda merece a devida atenção, visto que, apesar da queda do números de mortos, milhares de pessoas ainda convivem com sequelas e todos, independente de já ter sido infectado, precisam tomar os cuidados necessários para evitar novos casos. Os sintomas relatados por pacientes contagiados por covid-19 resultaram em uma conclusão através de pesquisas: O covid-19 está causando doenças neurológicas e, consequentemente, afetando o sistema motor. As doenças neuromusculares como o próprio nome diz são aquelas que afetam o sistema nervoso e o muscular. Como o sistema respiratório normalmente é afetado num indivíduo acometido pela COVID-19 tanto o músculo diafragma como os intercostais também podem sofrer afecção, apresentando, assim, sequelas nos principais músculos envolvidos no mecanismo de expiração e inspiração. As manifestações neurológicas já foram relacionadas a COVID-19 por causa dessas pesquisas realizadas. Decorrente dos primeiros sintomas iniciais, outras complicações vieram surgindo como doenças neuromusculares, em que acarretavam uma série de fatores em pessoas assintomáticas e sintomáticas sem saber que eram provenientes do SARS- CoV19. Atualmente, sabe-se mais sobre a potencialidade do vírus e sobre seus sintomas baseados em consequência, já que, ao atingir diretamente uma parte do corpo, acaba causando consequências indiretas em outras partes, já que os sistemas se interligam. A longo prazo, os pacientes, no período mais agudo da doença, podem apresentar síndromes que desencadeiem disfunção muscular, fadiga, dor e dispneia. Diante disso, há risco de desenvolvimento de sequelas musculoesqueléticas, respectivas de inflamação e perda de massa muscular, adquirida pela imobilidade, que ocasiona incapacidade motora ainda não avaliável, com quanto, é preciso melhores planejamentos de intervenção e reabilitação para esses pacientes. Assim sendo, é esperado que os pacientes acometidos pela COVID-19 possam vir a sofrer sequelas musculoesqueléticas em decorrência do processo inflamatório e perda de massa muscular causada pela imobilidade, que geram incapacidades motoras ainda não quantificáveis. 2.1 BIOLOGIA CELULAR FIBRA MUSCULAR As células musculares são conhecidas como fibras musculares ou também como miócitos. São células alongadas, podendo ter um ou mais núcleos. Elas irão formar os tecidos musculares, que poderão ser de três tipos: muscular estriado cardíaco, muscular estriado esquelético ou muscular liso, cada um possuindo características funcionais e morfológicas próprias. No entanto, estes tipos de fibras musculares possuem em comum a característica a capacidade de gerar movimento pela contração. Isso se deve à presença de proteínas contráteis, principalmente actina e miosina. Estas proteínas estão organizadas de diferentes formas em cada tipo de tecido muscular. A cor avermelhada das fibras musculares é devido à mioglobina, uma proteína semelhante à hemoglobina presente nos glóbulos vermelhos, que cumpre o papel de conservar O2 que vem da circulação para o metabolismo. Os tecidos musculares estriado cardíaco e estriado esquelético apresentam as proteínas organizadas em estriações, também conhecidas como bandas transversais. Já o tecido muscular liso não apresenta este tipo de organização com estriações, sendo essencialmente liso. Característica das fibras: - Fibras Musculares Estriadas Esqueléticas: suas células possuem o formato de longos cilindros, com seu comprimento podendo variar de acordo com o músculo a que pertencem. Possuem mais de um núcleo e eles se situam próximo à membrana da célula. Possuem bandas ou estriações transversais; - Fibras Musculares Estriadas cardíacas: as células têm o formato de curtos cilindros, com um ou dois núcleos no centro da célula. Assim como as fibras musculares estriadas esqueléticas, as cardíacas também possuem estriações. Devido ao seu comprimento curto, as fibras se aderem umas às outras pelas suas extremidades, através de comunicações chamadas de junções intercelulares; - Fibras Musculares Lisas: as células têm o formato fusiforme, o que significa que são alongadas e com as extremidades mais estreitas que o centro. Ao contrário das fibras estriadas, as lisas não possuem estriações. As células musculares estriadas apresentam pacotes muito finos de fibras contráteis em seu citoplasma, conhecidas como miofibrilas. O conjunto das duas principais proteínas, miosina (espessura grossa) e actina (espessura fina), corresponde à miofibrila. As estriações transversais são originárias das duas principais proteínas. As estriações das fibras só podem ser observadas em células com corte longitudinal, entretanto, os núcleos podem ser melhor observados em cortes transversais. Os filamentos de miosina irão formar as bandas escuras (banda A), enquanto os filamentos de actina, irão formar as bandas claras (banda l). A banda A possui uma faixa mais clara - conhecida como banda H - que pode ser observada com mais facilidade quando os músculos estão relaxados e vai se tornado cada vez menos perceptível à medida que o músculose contrai. Na banda l é vista uma linha mais escura, conhecida como linha Z, e cada unidade de repetição desta linha é chamada de sarcômero (ou miômero), sendo esta a unidade contrátil da célula muscular. Quando ocorre o encurtamento dos sarcômeros, toda célula muscular irá se contrair. MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO: ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO- CONTRAÇÃO (AEC) O termo Acoplamento Excitação-Contração designa o processo que ocorre desde a despolarização da membrana excitável da célula muscular, até a liberação de íons cálcio dos estoques intracelulares. Fisiologicamente, a despolarização da membrana citoplasmática atinge o cerne da célula muscular, através dos túbulos-T. Tal evento induz, por mecanismos ainda não completamente esclarecidos, a liberação de íons cálcio do retículo. A transdução do sinal elétrico a partir dos receptores DHP é realizada, https://www.infoescola.com/citologia/citoplasma/ provavelmente, graças à projeção de parte da molécula do RyR na membrana do retículo sarcoplamático (FRANZINI-ARMSTRONG & PROTASI, 1997, FELDER et al., 2002, PROTASI, 2002). Além de um possível acoplamento elétrico entre os receptores DHP e RyR, outros mecanismos também têm sido propostos para se explicar a liberação de íons cálcio do retículo sarcoplasmático (VERGARA et al., 1985). Alguns trabalhos demonstram que a partir da despolarização do sarcolema, a liberação de íons cálcio do retículo sarcoplasmático poderia ser ocasionada pela presença de mediadores intracelulares, como o trifosfato de inositol (IP3) (VALDIVIA et al., 1992; VERGARA et al., 1985; MISSIAEN et al., 1992; TALON et al., 2000; VOLPE et al., 1985). Vários estudos demonstram que este composto pode estar envolvido na liberação de íons cálcio de estoques intracelulares de músculo liso e de outros tipos celulares (PERES et al., 1991; FINCH et al., 1991; ROJAS et al., 1992). Um trabalho desenvolvido por LÓPEZ & TEZIC (1996), mostra que o IP3, mas não outros fosfatos de inositol, induz um aumento da liberação de cálcio em músculo esquelético intacto, sendo este efeito bloqueado pela heparina. Algumas pesquisas têm demonstrado que, em músculo estriado, o IP3 provavelmente promove contratura por induzir a mobilização de uma quantidade de íons cálcio, a qual não é mobilizada pela cafeína (ROJAS et al., 1992). Seu papel na liberação de íons cálcio do retículo sarcoplasmático de células de músculo esquelético e cardíaco permanece contudo, controvertido (ASHLEY et al., 1991). Menos controvertido tem sido o mecanismo de liberação de íons cálcio do retículo sarcoplasmático induzido pela cafeína ( ROUSSEAU & MEISSNER, 1989; MEISSNER et al., 1991; ASHLEY et al., 1991; SU & CHANG, 1993). Acredita-se que esta droga promove a abertura dos canais de cálcio do retículo sarcoplasmático por um mecanismo similar ao da “liberação de cálcio induzida por cálcio”, provocando a contração, sem mudar o potencial de membrana (DELAY ET AL., 1986; KONISHI & KURIHARA, 1987; RIOS & PIZZARRO, 1991; QUINN et al., 1998; SEKIGUCHI & SHIMIZU, 1987). Em músculo cardíaco de vertebrados e músculos estriados de crustáceos, acredita-se que a liberação de íons cálcio do RS seja ocasionada em consequência do influxo de íons cálcio, que ocorre durante a despolarização do sarcolema. Este mecanismo tem sido descrito como “liberação de cálcio induzida por cálcio” (FABIATO & FABIATO, 1978; FABIATO, 1981; FABIATO, 1992). O influxo de cálcio ocorre através dos canais de cálcio sensíveis às drogas do grupo das dihidropiridinas (POSTERINO & LAMB, 1998). Em músculo estriado de invertebrados este mecanismo parece desempenhar um importante papel na liberação de íons cálcio do RS (SUAREZ-KURTZ & SORENSON, 1977a; GYÖRKE & PALADE, 1992). A teoria mais aceita atualmente sobre o AEC, seria a de um possível acoplamento mecânico entre os receptores DHP e RyR e foi originalmente proposta por CHANDLER et al., 1976. De acordo com este princípio, haveria uma interação física entre esses dois receptores, onde domínios do receptor DHP se acoplam, ou interagem com o RyR na membrana do retículo sarcoplasmático (SCHNEIDER & CHANDLER, 1973). Tal interação alteraria a atividade deste canal, influenciando o processo de liberação de cálcio para o citoplasma. De lá para cá, muito tem se discutido acerca desta teoria. Alças citoplasmáticas que participam desta interação funcional já foram identificadas em cada proteína, porém o completo mecanismo e a natureza molecular da interação proteína-proteína permanecem desconhecidos (DULHUNTY, et al., 2002). Estudos mais recentes sugerem ainda a participação de outras proteínas, como a FKBP12, mediando o acoplamento entre os receptores DHP e RyR (HAMILTON, 2000; ÁVILA, et al., 2003). Uma vez liberado o íon cálcio para o citoplasma, o íon Ca2+ irá se ligar a sítios de baixa afinidade existentes na molécula da troponina C, induzindo modificações conformacionais do complexo troponina-tropomiosina. Tais modificações permitem a interação cíclica de pontes transversas, entre os filamentos de miosina e os de actina, resultando no encurtamento e/ou produção de força pelo sistema contrátil (Figura 5) (GUTH & POTTER, 1987; BRENNER, 1986). Para que ocorra o relaxamento da fibra muscular é necessário que a concentração intracelular de íons cálcio diminua para os valores de repouso (10- 7 M). Isto é obtido graças a mecanismos de transporte ativo do íon cálcio do citoplasma para as organelas citoplasmáticas, principalmente para o retículo sarcoplasmático. Merecem destaque neste processo uma Ca2+ ATPase presente na membrana desta organela, denominada SERCA (“Sarcoplasmic Endoplasmic Reticulum Calcium ATPase”) e ainda mecanismos de transporte iônico acoplado, principalmente o sistema de troca Na+ /Ca2+ existente na membrana citoplasmática (BERS et al., 1990; WOLSKA & LEWARTOWSKI, 1993). 2.2 CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS TEGUMENTAR, LOCOMOTOR E REPRODUTOR As doenças neuromusculares afetam o sistema nervoso periférico que abrange os músculos e nervos periféricos. Esse tipo de doença não altera as funções cerebrais, como consciência, memória, raciocínio e linguagem, mas podem trazer dificuldades para locomoção e uma série de outras atividades que antes eram consideradas rotineiras. Os principais sintomas das doenças neuromusculares são fraqueza e alteração de sensibilidade. A fraqueza muscular pode ser constante ou variar ao longo do dia e pode, ou não, ser acompanhada de atrofia – que é a perda de massa muscular. As alterações de sensibilidade podem acontecer com a diminuição da percepção até uma percepção anormal, como dormência, formigamento, queimação e dor. O tratamento depende da doença neuromuscular que o paciente apresenta e qual sua causa, podendo envolver medicamentos que alteram diretamente o curso da doença e que agem sobre os sintomas; além de técnicas de reabilitação, tais como fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. PROCESSO DE MOVIMENTO DO MÚSCULO Mover um músculo implica habitualmente uma comunicação entre o músculo e o cérebro, através dos nervos. O impulso para mover um músculo pode ser originado nos órgãos dos sentidos. Por exemplo, as terminações nervosas especiais da pele (receptores sensitivos) permitem que as pessoas determinem como algo é sentido, como quando sentem a textura de uma roupa ou procuram uma moeda no bolso dentre várias outras. Essa informação é enviada ao cérebro e este envia uma mensagem ao músculo sobre como responder. Esse tipo de troca envolve duas vias de nervo complexas: via do nervo sensitivo ao cérebro e via do nervo motor ao músculo. 1) Quando receptores sensitivos da pele detectarem uma textura ou forma, transmitem um impulso (sinal) em direção ao cérebro. 2) O impulso viaja, ao longo de um nervo sensitivo, até a medula espinhal. 3) O impulso cruza uma sinapse(a junção entre duas células nervosas) entre o nervo sensitivo e a célula nervosa, localizado na medula espinhal. 4) O impulso cruza desde a célula nervosa na medula espinhal até o lado oposto. 5) O impulso é enviado à medula espinhal e pelo tronco cerebral até o tálamo, que é um centro de processamento para informações sensoriais localizadas profundamente no cérebro. 6) O impulso cruza uma sinapse no tálamo até as fibras nervosas que transportam o impulso até o córtex sensitivo do telencéfalo (a área que recebe e interpreta as informações dos receptores sensitivos). 7) O córtex sensitivo percebe o impulso. Uma pessoa pode então decidir iniciar o movimento, que aciona o córtex motor (a área que planeja, controla e executa os movimentos voluntários) até gerar um impulso. 8) O nervo que conduz o impulso cruza para o lado oposto, na base do cérebro. 9) O impulso é enviado para baixo até a medula espinhal. 10) O impulso cruza uma sinapse entre as fibras nervosas na medula espinhal e um nervo motor, localizado na medula espinhal. 11) O impulso se desloca para fora da medula espinhal pelo comprimento do nervo motor. 12) Na junção neuromuscular (onde nervos se conectam em músculos), o impulso passa do nervo para a placa motora terminal do músculo, onde se estimula o movimento do músculo. A fraqueza verdadeira ocorre somente quando uma ou mais partes dessa via – cérebro, medula espinhal, nervos, músculos ou as conexões entre eles – são danificadas ou estão doentes. A fraqueza pode surgir de forma gradual ou repentina. Ela pode afetar todos os músculos no corpo (chamada fraqueza generalizada) ou somente uma parte do corpo. Por exemplo, dependendo de onde a medula espinhal é lesionada, doenças da medula espinhal podem causar fraqueza somente nas pernas. Os sintomas dependem de quais músculos são afetados. Por exemplo, quando a fraqueza afeta os músculos do peito, a pessoa pode ter dificuldade para respirar. Quando a fraqueza afeta os músculos que controlam os olhos, a pessoa pode ter visão dupla. A fraqueza muscular completa causa a paralisia. A pessoa pode apresentar outros sintomas dependendo do que está causando a fraqueza. A fraqueza muitas vezes é acompanhada por anormalidades como zumbido, uma sensação de picadas e dormência. 2.3 CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS DIGESTÓRIO, ENDÓCRINO E RENAL O processo de invasão do coronavírus ocorre de maneira gradual. O SARS-CoV-2, após alcançar o interior do corpo do ser humano, irá interagir com tecidos que expressam receptores de ECA2 por meio do domínio S1 da proteína S, em uma região denominada domínio de ligação ao receptor; Ao efetuar esse mecanismo, o domínio S2 irá promover a fusão celular; durante esse processo, há a ativação de proteínas transmembranas, como a serina protease transmembrana II (TMPRSS2), que irá auxiliar no processo de invasão celular; nesse contexto, considerando o conhecimento que se tem até hoje, para a infecção de uma célula, o tecido alvo do Sars-CoV-2 deve expressar o receptor da ECA2 e TMPRSS2 para que seja promovido todo processo de invasão. Diante disso, cabe ressaltar que todos os tecidos que apresentem mecanismos de invasão que possam ser usados pelo SARS-CoV-2 podem ser pontos de acesso do vírus ao interior de células humanas. Células alveolares de tipo II são ricas em ECA2, mas já estão sendo relatadas inúmeras manifestações extrapulmonares. Tecidos cardíacos, renais, gastrointestinais, hepáticos, endocrinológicos, neurológicos e oftálmicos vêm sendo relatados pela literatura como potenciais pontos de invasão do SARS-CoV-2. O novo coronavírus (SARS-CoV-2) entra nas células humanas ligando-se a um receptor que fica na sua superfície chamado enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2, que vem das letras iniciais do nome em inglês). A entrada do vírus nas células é facilitada por uma enzima denominada serino protease transmembrana tipo II (TMPRSS2). Sabe-se agora que uma outra proteína, o receptor de neuropilina-1 (NRP1) é uma porta de entrada alternativa para a entrada do SARS-CoV-2 nas células. O vírus é constituído por material genético (RNA) encapsulado por uma membrana, na superfície externa da qual existe grande quantidade de uma proteína S (de spike, espícula) que dá ao vírus sua aparência característica de uma coroa. Essa proteína desempenha um papel primordial para a entrada do vírus nas células, pois é ela que reconhece o receptor ACE2 e interage com ele. A novidade descrita nos estudos publicados na Science é que a NRP1 é um receptor secundário também contactado pela proteína S, que auxilia o coronavírus a se ligar às células, e facilita a sua entrada nas mesmas, onde ele se replica. INFECÇÃO DE CÉLULAS RENAIS As células renais têm receptores para o coronavírus semelhantes àqueles que existem nas células do pulmão, possibilitando a infecção. O órgão também pode ser afetado indiretamente pelo SARS-CoV-2 de diversas maneiras. Uma delas é que os pacientes com Covid-19 têm excesso de substâncias que células inflamatórias do sangue utilizam para se comunicar, que terminam causando lesões às células renais. Outra forma de dano pode ser causada pelo próprio tratamento da doença: o rim é muito sensível à tempos prolongados de ventilação mecânica e ao uso de muitos medicamentos. Além disso, o vírus da Covid-19 lesiona órgãos como pele e músculo. Quando isso acontece é liberada uma substância denominada mioglobina, que tem função de acumular oxigênio nas células musculares para a produção de energia necessária à contração muscular. Segundo especialistas, essa substância termina sendo filtrada no rim e lesionando células tubulares renais, levando à insuficiência renal. Outro problema que tem sido relatado na infecção pelo SARS-CoV-2 é a coagulação intravascular disseminada, que é quando microcoágulos se formam nos pequenos vasos sanguíneos. Os tecidos ficam menos oxigenados e o rim é ainda mais sensível a essa alteração por lidar com a filtração sanguínea. A principal alteração que os pacientes com Covid-19 manifestam clinicamente é a insuficiência renal aguda, que decorre de uma lesão das células do túbulo renal. Felizmente, essa lesão é reversível em uma quantidade grande de casos e espera-se que boa parte desses pacientes tenham recuperação completa dos rins. Existem algumas outras lesões que são mais preocupantes, como a obstrução vascular que retarda a circulação geral do órgão, podendo levar a um estado de hipóxia permanente ou prolongado, que é a ausência de oxigênio suficiente nos tecidos para manter as funções corporais. Já nesse quadro o rim pode ser lesado permanentemente. 2.4 CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS IMUNE E HEMATOLÓGICO A inflamação é uma resposta do organismo a uma agressão, como cortes e batidas. A inflamação pode partir, também, do sistema imunológico. Nesse caso, são as nossas células de defesa que agridem o corpo. No processo inflamatório, ocorre dilatação dos vasos, aumento do fluxo sanguíneo e de outros fluidos corporais para o local lesionado. Por isso, esse processo causa sintomas como: • Vermelhidão; • Inchaço; • Dor; • Aquecimento da área. O processo inflamatório é um mecanismo de reação do organismo para que haja uma eliminação, neutralização e destruição da causa de uma agressão. Essa agressão pode se dar por uma bactéria, por um acidente (fratura, contusão), por queimadura, por doenças autoimunes, entre outras várias causas. Esse processo se caracteriza pela saída de líquidos e células (exsudação) e induz o processo de recomposição celular. Os sinais e sintomas característicos da reação inflamatória são rubor(vermelhidão), calor, edema (inchaço), dor e perda de função da região afetada. Com a hiperemia (aumento do fluxo sanguíneo), ocorre o primeiro sinal flogístico, o rubor, que é caracterizado pela vermelhidão. Como o fluxosanguíneo aumentou e o sangue contém uma certa temperatura, acontece o segundo sinal: o calor, ocasionando o aumento da temperatura do local. O aumento da permeabilidade e do fluxo de sangue, deixa os vasos sanguíneos mais porosos e permite saída de conteúdo para fora deles, causando o edema, caracterizado pelo inchaço. Esse edema vai comprimir as terminações responsáveis pela sensibilidade dolorosa, juntamente com a substância prostaglandina que vai irritar essas terminações, ocasionando outro sinal flogístico que é a DOR. Todos esses sinais da inflamação levam à perda de função, que pode ser total ou parcial, em decorrência dos outros sinais. Para tratar uma inflamação, geralmente opta-se por remédios anti- inflamatórios receitados pelo seu médico para reduzir o desconforto e os efeitos do processo inflamatório. 2.5 SAÚDE PÚBLICA Os sistemas de saúde viram-se na obrigação e necessidade de estabelecer sistemas de vigilância com o objetivo de conhecer o processo de saúde-doença na população. As evoluções do conceito de saúde passaram de um enfoque de doença para um enfoque mais amplo de determinantes de saúde e as mudanças nas condições de saúde e doença ao longo do tempo levaram os sistemas de saúde a ampliar a aplicação da vigilância às doenças não transmissíveis, crônicas, fatores de risco e de condições de saúde positivas, tais como nutrição, crescimento e desenvolvimento, amamentação materna, saúde ocupacional e outros. A vigilância, que durante muito tempo foi considerada um ramo da epidemiologia, se desenvolveu nas últimas décadas como uma disciplina completa dentro da saúde pública, com seu próprio corpo de conhecimentos, objetivos, metodologia, fontes de dados e avaliação de procedimentos. A vigilância epidemiológica é a principal fonte de dados para à saúde pública. Em meio a pandemia o trabalho dos epidemiologistas ficou ainda mais evidente no monitoramento da Covid-19. A vigilância é essencial para as atividades de prevenção e controle de doenças e é uma ferramenta na alocação de recursos do sistema de saúde, assim como na avaliação do impacto de programas e serviços de saúde. O enfoque da vigilância requer equilíbrio entre as necessidades de informação e as limitações para a coleta de dados. O caráter pragmático e dinâmico da vigilância depende da cooperação contínua do pessoal de saúde nos diferentes níveis dos serviços de saúde. A expectativa desmedida sobre as atividades de vigilância e a dificuldade para demonstrar sua utilidade podem tornar inoperantes os sistemas de vigilância e levar ao uso ineficiente dos recursos. A análise e interpretação dos dados da vigilância deve ser submetida aos limites de oportunidade, tempo, cobertura geográfica e número de indivíduos requeridos para que esses sejam úteis. Embora com responsabilidades, funções e atribuições claramente diferenciadas, os sistemas de vigilância em saúde pública e os programas de prevenção e controle ou unidades administrativas com responsabilidade na tomada de medidas de controle devem manter um alto grau de coordenação. Em alguns países as atividades de vigilância e controle estão mescladas e até mesmo integradas nas mesmas unidades, apesar da tendência atual estar voltada para uma diferenciação clara de ambas as atividades. Pois bem: essa diferenciação, que tem entre suas vantagens a especialização de funções, deve garantir os fluxos de informação bidirecional e evitar a duplicação de esforços de coleta e análise de informação. A própria atividade dos programas de prevenção e controle gera informação útil para a vigilância. A comunicação dessa informação para as unidades de vigilância deve ser protocolizada de modo a garantir um fluxo ágil e oportuno. No outro sentido, as unidades de vigilância, como resultado da notificação e análise dos dados, fornecerão a informação pertinente aos programas para que iniciem, assim que possível, a aplicação de medidas de prevenção ou controle adequadas à situação. 3 CONCLUSÃO A pandemia mostrou a fragilidade do ser humano e fez com que todos compreendessem melhor alguns processos do corpo humano frente a necessidade de compreensão dos sintomas do coronavírus. Diante disso, a situação problema proposta visou esclarecer sintomas do vírus, o processo de invasão no corpo e a importância da vigilância frente a necessidade de evitar novos contágios e diminuir o número de mortes. O esclarecimento sobre a parte neurológica foi essencial para entender sintomas e sequelas decorrentes do vírus. Vale ressaltar que a pandemia ainda não acabou e, portanto, é preciso continuar tomando os cuidados necessários. REFERÊNCIAS Faustino, Vinicius. Você sabe como o coronavírus invade uma célula. 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