Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O 1. DIREITO Direito é um conjunto de regras e princípios impostos coativamente pelo Estado, que disciplina a coexistência pacífica dos seres em sociedade. O Direito estabelece a harmonia na sociedade. A divisão do direito é meramente didática, ele é único. O direito se subdivide, para fins didáticos em: - Direito interno: o que se preocupa com as relações internas. - Direito internacional: se preocupa com as relações internacionais. Ainda, há a seguinte subdivisão: - Direito público (interesse público): aquele que se preocupa com a satisfação do interesse público. Na busca desse interesse público, o direito público regulamenta a atuação do Estado na satisfação do interesse público. Ex: Direito Administrativo (ramo do direito público interno), Constitucional, Tributário, Penal etc. Aqui há desigualdade nas relações jurídicas em função da prevalência do interesse público sobre os interesses privados. É a aplicação direta do princípio da Supremacia do Interes- se Público sobre o Privado. Ex: desapropriação de um imóvel para construção de estrada. - Direito privado (interesse privado): se preocupa com os interesses dos particulares. Ex: Direito Civil. Aqui há igualdade jurídica na relação. Trata-se de uma relação jurídica horizontal, em que os direitos e obrigações são recíprocos. Direito Administrativo é ramo do direito público interno, visto que se preocupa com as relações dentro do território nacional e não ramo do direito internacional. 2. DIREITO ADMINISTRATIVO Critério da Administração Pública. É esse critério que define o conceito de Direito Administrativo. Introduzido pelo doutrinador Hely Lopes Meireles. Direito administrativo é um conjunto harmônico de princípios e regras (regime jurídico administrativo) que rege os órgãos públicos, os agentes públicos e as entidades publicas desde que exerçam atividade administrativa (Poder Legislativo, Poder Executivo ou Poder Judiciário) realizando de forma direta, concreta e imediata os fins desejados pelo Estado. Quem define as metas e objetivos do Direito Administrativo será o Direito Constitucional. Esse conjunto harmônico de princípios e regras compõe o regime jurídico administrativo. Sem esse regime não há disciplina autônoma. Esse regime jurídico rege agentes, órgãos e a atividade administrativa. Realizar de forma direta, concreta e imediata significa: - Direta (critério negativo): É a função que independe de provocação. Afasta-se, portanto, a função indireta do Estado. A direta não depende de provocação, a indireta precisa de provocação. Função do estado indireta é a jurisdicional (função de julgar) Ex: nomeação de candidato aprovado em concurso e desapropriação (atividades que não dependem de provoca- ção). Ex. função indireta do Estado: função jurisdicional; o Poder Judiciário só trabalha se for provocado. Ou seja, realizar de forma direta é excluir a função jurisdicional. - Concreta (critério negativo): exclui a função abstrata (legislativa) do Estado. Significa que a atividade administrativa tem destinatário determinado e produz efeitos concretos. Exemplo de função abstrata: função legislativa (criar leis). Logo, legislar está fora do conceito. - Imediata (critério de distinção): é diferente da função mediata. Na imediata, fala-se da atividade jurídica do estado; É a atividade em que o Poder Público se encontra em posição de superioridade em relação ao particular. Aqui se aplica o chamado Pode extroverso do Estado. Poder extroverso significa que o estado goza de prerrogativas a mais na relação com o particular. Em outras palavras, o Estado manda mais que o particular na relação. Na função mediata fala-se da atividade social do Estado (implementação de políticas públicas. Ex: fome zero, bolsa família). 3. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO Conceito: Fonte é aquilo que leva ao surgimento de uma regra de direito administrativo. São 5 fontes: 1) Lei em sentido amplo (qualquer espécie normativa, incluindo a Constituição Federal) O conceito de lei em sentido amplo inclui o estudo das regras e dos princípios. O nosso sistema legal é organizado numa estrutura escalonada/hierarquizada. As normas inferiores devem ser compatíveis com as normas superiores, e todas elas devem ser compatíveis com a Consti- tuição Federal Isso o STF chama de relação de compatibilidade vertical (as normas inferiores tem se ser compatíveis com a lei superior e todas elas com a Constituição Federal). 2) Doutrina: resultado do trabalho dos estudiosos. Mas a doutrina é muito divergente em direito administrativo, ante a ausência de um código específico para o Direito Administrati- vo. 3) Jurisprudência: são julgamentos reiterados no mesmo sentido feitos por um Tribunal. Jurisprudência é diferente de acórdão isolado. Ajuda a sanar as divergências da doutrina. Para o direito administrativo, exerce um papel muito importante. Quando uma jurisprudência já está consolidada, normalmente é transformada em Súmula (é uma jurisprudência sedimentada do Tribunal). Até 2004, as súmulas serviam somente como mecanismo de orientação; não obrigavam os demais órgãos do Poder Judiciário. A partir de 2004, com a Emenda Constitucional nº 45, surge a súmula com efeitos vinculantes, que tem procedimento próprio. Ela obriga os demais órgãos do judiciário e os administradores. Toda súmula tem efeito vinculante? Não, precisa de procedimento próprio. (Lei n. 11.417/06, que regula o artigo 103-A, da CF). Súmula vinculante vem com o efeito de resolver um grande conflito. O problema é se surge de 2 ou 3 processos (Não gerou um grande conflito). Esse é o problema da súmula vinculante nº. 05 (o advogado não precisa estar presente no processo administrativo) e nº. 14 (acesso aos autos em procedimento investigatório). Essas súmulas vinculantes não representam um grande conflito. 4) Costume: é a prática habitual dos cidadãos, acreditando ser ela obrigatória. Leva a criação de regras de direito administrativo, utilizada também como norte para interpretação.Os costumes não criam nem liberam obrigação no Brasil. 5) Princípios gerais do direito: São as premissas éticas, sociais e jurídicas que inspiram a elaboração das normas jurídicas. Compõem o alicerce do direito. Não precisam estar escritos, e na sua maioria, são regras implícitas. Ex: aquele que causar dano a outrem terá que indenizar. Ex: é vedado no Brasil o enriquecimento sem causa. 4. ESTADO X GOVERNO X ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Estado É a pessoa jurídica de direito público. Tem personalidade jurídica, logo, tem aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações. DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O Poderes de Estado: São os elementos organizacionais do Estado. Pela teoria da Tripartição dos Poderes adotada pelo Brasil, são Poderes de Estado o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. Eles não são subordinados entre si. (Princípio da Separação dos Poderes). Estão previstos no artigo 2º, da Constituição Federal. Desempenham funções típicas (principais) e atípicas (acessórias, secundárias). Poder Legislativo: - Função típica: legislar, e alguns doutrinadores também colocam fiscalizar. - Funções atípicas: administrativa e julgadora. Características da função típica (função legislativa): - Inova o ordenamento jurídico; - Função, em regra, abstrata; OBS: Mas há leis de efeitos concretos: aquele que tem cara/procedimento/forma de lei, mas tem em seu conteúdo um ato administrativo. DL n. 3365/41 (Desapropriação) diz que pode desapropriar por lei: é lei, mas no conteúdo será um ato administrativo. Excepcionalmente, uma lei terá efeitos concretos. - Aplicada erga omnes (função geral); - Função direta: porque pode ser feita independentemente de provocação. O próprio legislador pode fazer isso. Poder Judiciário: - Função típica: julgar. - Funções atípicas: administrar e legislar. Características da função típica (função jurisdicional): - Em regra, não inova o ordenamento jurídico; - Função concreta. - Função indireta (depende de provocação); - Intangibilidade jurídica: impossibilidade de mudança/coisa julgada. Somente o Poder Judiciário produz Coisa Julgada. Poder executivo: - Função típica: administrar. - Funções atípicas: legislar e julgar. Características da função típica (função administrativa): - Não inova o ordenamento jurídico; E a Medida Provisória? É atípica, logo, é função secundária. - Função concreta; - Direta; - Os atos podem ser revistos pelo Poder Judiciário. - Revisível – não produz intangibilidade jurídica. O que significa “coisa julgada administrativa”? Que não cabe mais recurso na via administrativa. Elementos estruturais do Estado: Povo (sã os indivíduos de um Estado), Território (é o espaço territoriai de um estado) e Governo. Governo É a direção do Estado (quem comanda e como comanda). De índole discricionária (o governo tem liberdade). A discricionari- edade dos dovernos é aplicada na implementação de políticas públicas. Não se trata de uma liberdade incondicionada. O governo, embora tenha liberdade, deve exerce-la de forma limitada, sem violar os direitos e garantidas individuais e coletivos dos cidadãos. Para que exista um Estado independente, o Governo precisa ser soberano. O que é soberania? É independência internacional e supremacia na ordem interna. Administração Pública Possui dos conceitos: 1) No critério formal ou orgânico ou subjetivo: é a máquina administrativa (órgãos, agentes, entes, bens que compõem a estrutura). É a estrutura; é o instrumento que tem o Estado para pôr em prática as ações do Governo. É compos- ta pelas pessoas da Administração Pública Direta e da Admi- nistração Pública Indireta. 2) No critério material ou objetivo: é a atividade administrativa. É a função administrativa, que é composta pelos serviços públicos e pela atividade de polícia administrati- va. RRREEEGGGIIIMMMEEE JJJUUURRRÍÍÍDDDIIICCCOOO AAADDDMMMIIINNNIIISSSTTTRRRAAATTTIIIVVVOOO Quantos princípios compõem o regime jurídico administrativo? Até agora a doutrina não se resolveu. Há muita divergência. 1. CONCEITO Regime jurídico administrativo é o conjunto de princípio e regras que guardam entre si uma correlação lógica e definem o direito administrativo. Ex: contratação sem concurso viola legalidade, impessoalidade, moralidade, isonomia. Uma mesma conduta viola sempre vários princípios. Quais são as “pedras de toque” do direito administrativo? São os 2 princípios mais importantes, que estão na base do Direito Administrativo: - Supremacia do interesse público - Indisponibilidade do interesse público Todos os demais princípios decorrem desses dois (isso é o que prevalece na doutrina). 2. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO É a superioridade do interesse público em face do interesse individual. Ele é pressuposto para a existência de uma sociedade, é condição para uma vida em sociedade. Em nome da supremacia do interesse público a administração possui algumas prerrogativas/privilégios. Esse princípio está implícito na Constituição. Mas é fácil identificá-lo. Ex: direito de propriedade. O Poder Público resolve construir uma escola e desapropria a propriedade. Neste caso, é possível em nome da supremacia do interesse público. Ex: Art. 5º, XXV da CF (requisição). Choveu demais na cidade e tiveram vários desabrigados. Usa a propriedade, depois devolve e indeniza, se houver dano. É também exemplo de supremacia do interesse público. Ex: sujeito resolve abrir uma boate, e o som é alto demais. A O Poder Público pode fechar a boate, em nome da supremacia do interesse público. Em nome da supremacia a administração pode quase tudo, o que não pode é dispor do interesse, ou seja, princípio da indisponibilidade do interesse público. 3. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO A administração pública não pode abrir mão do interesse público, visto que o poder é do povo. O administrador exerce função pública, ou seja, exerce atividade em nome e no interesse do povo. Função pública é múnus publico ( é encargo, obrigação). Ex: a administração resolve não fazer concurso e contratar diretamente. Viola o princípio da indisponibilidade. Ex: licitação é para selecionar a proposta mais vantajosa. Mas se deveria licitar e não licita, viola o princípio da indisponibilidade do interesse público. Perde a oportunidade de escolher a melhor proposta para se contratar. Princípios que estão no caput do art. 37: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: É aplicável a todas as pessoas que compõem a administração pública direta ou indireta. Esses não são os únicos princípios aplicáveis à administração. OBS.: Quais são os princípios mínimos do direito administrativo? O LIMPE, ou seja, os princípios previstos na CF no art. 37 caput. 4. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Tem fundamento no conceito de Estado de Direito. Estado de Direito é aquele politicamente organizado e que obedece as suas próprias leis. O constituinte estava muito preocupado com este princípio, ele o repetiu de forma redundante na Constituição. Art. 5º, II, da CF: II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Art. 37 da CF: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: Art. 150, I, da CF: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; Enfoques do princípio da legalidade Este princípio tem dois enfoques diferentes: 1) Legalidade para o direito público (para um administrador público): o administrador só pode fazer o que a lei autoriza ou determina. Critério de subordinação à lei. Ex. aumento para os servidores não pode ser por decreto do chefe do executivo, mas somente por lei; não pode criar nova modalidade licitatória; não pode criar novo tipo de sanção para os servidores. O administrador não possui liberdade. Mas o administrador tem discricionariedade, mas esta se dá nos limites da lei. Ele deve agir conforme a lei. A liberdade do administrador é a da lei. 2) Legalidade para o direito privado (para o particular): a legalidade significa que o particular pode tudo, salvo o que estiver proibido em lei. Chama-se de critério de não contradição à lei. Tem previsão no artigo 5º, II, da CF. Aplicação do princípio Hoje, esse princípio da legalidade vem sendo aplicado em sentido amplo, porque o princípio da legalidade não é só a análise da aplicação da lei, também pode representar a aplicação dos princípios constitucionais. Sempre que se controla um princípio constitucional, se fala em controle de legalidade em sentido amplo. Então, não é mero controle de lei. Isso é controle de constitucionalidade também. Princípio da legalidade X Reserva de lei Princípio da legalidade é sinônimo do princípio da reserva de lei (V ou F = F). Legalidade é fazer o que a lei autoriza e determina. Reserva de lei para o direito administrativo: significa separar uma determinada matéria e dar a esta matéria uma determinada espécie normativa. Ex: a CF diz matéria X depende de Lei Complementar. Quandonosso constituinte reserva uma matéria e dá a ela determinada espécie normativa, o que ele faz é uma reserva de lei. Reserva de lei é só a escolha da espécie normativa. Isso é só uma fatia da legalidade. Esses princípios não se confundem. 5. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE Significa que o Administrador não pode buscar interesses pessoais. O administrador não pode agir de forma pessoal ou na busca de interesses de pessoas próximas. Não pode buscar interesses próprios. Significa ausência de subjetividade. O administrador não pode agir de forma subjetiva. Os atos administrativos praticados pelos agentes administrativos também são impessoais (não pertencem à pessoa do agente – pertencem ao Estado como pessoa jurídica). É por isso que, num primeiro momento, a responsabilidade é da pessoa jurídica. (artigo 37, §6º, CF). Dois institutos do texto constitucional que representam o princípio da impessoalidade por excelência: concurso público e licitação. Obs. : artigo 37, §1º, CF – Vedação à promoção pessoal da autoridade ou do agente público. §1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. Marcas da campanha devem ser da campanha, encerrada a campanha isso tem que sumir. A promoção pessoal gera a improbidade administrativa.Como funcionava nome de obra pública? Normalmente era o nome de um político importante, depois de falecido. Com o passar do tempo, começaram a colocar nome de pessoas vivas. Hoje, colocam seu próprio nome. Isso é improbidade, é violação ao art. 37, §1º, da CF. A jurisprudência do STJ diz que essa proibição do art. 37, §1º, da CF não significa que o simples fato de fazer constar o nome caracteriza promoção pessoal, pode ter algum caráter educativo, social – utilizar o bom senso. 6. PRINCÍPIO DA MORALIDADE Traduz a idéia de honestidade, lealdade, princípios éticos, boa- fé, correção de atitudes e probidade administrativa. O conceito ainda é vago. Não há dúvida que está ligado a idéia de honestidade. Também traz a idéia de lealdade e de boa-fé. Representa a aplicação dos princípios éticos aceitáveis socialmente. Moralidade administrativa X Moralidade comum Moralidade administrativa é igual à moralidade comum? Não. A moralidade comum lembra a correção de atitudes, lembra-se do certo e do errado, dentro dos padrões do convívio social. Mas moralidade administrativa é mais rigorosa do que a moralidade comum, exige-se mais do administrador do que a simples correção de atitudes. O administrador não tem que agir só de forma correta, ele tem que ter boa administração. Ele tem que ser o melhor administrador possível. O administrador tem que ter a melhor escolha. O conceito de moralidade administrativa não é pessoal, ou seja, não é d e cada administrador. Como se trata de um princípio administrativo, o conceito é jurídico (está na lei) e a sua violação torna a atuação do administrador ilegal. Imoralidade X Improbidade Imoralidade é sinônimo de improbidade, e improbidade é sinônimo de imoralidade? Não são sinônimos, porque a imoralidade pode ser improbidade. Mas a imoralidade só será DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O improbidade se a conduta for praticada com desonestidade do agente público, mediante a qual este se enriquece ilicitamente, obtém vantagem indevida, para si ou para outrem, ou causa dano ao erário. A imoralidade é gênero da qual a improbidade é espécie. Ressalte-se que a improbidade administrativa recebeu tratamento diferenciado do legislador: A lei nº. 8.429/92 trata das condutas que se amoldam às práticas de improbidade e o artigo 37, § 4º, da CF trata das sanções a serem aplicadas. 7. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE O nosso administrador exerce uma função pública, logo exerce uma atividade em nome e no interesse do povo. Então este representante deve dar conhecimento de suas práticas ao titular do direito. Nada mais justo que o administrador dê conhecimento ao titular do direito. Tem que dar ciência ao povo, titular do interesse. A publicidade também dá início a contagem de prazos, visto que antes da publicação o contrato administrativo não é eficaz. Ex. Entrega de merenda escolar; Recebimento de notificação de infração de trânsito. A publicidade também viabiliza o controle dos atos. Também significa mecanismo de controle. Ex.: Publicação das contas municipais (60 dias). A CF diz que as contas municipais devem ficar a disposição da sociedade pelo prazo de 60 dias ao ano, para conhecimento e questionamento. Publicidade é diferente de publicação (diário oficial), assim a publicação é forma de publicidade, esta, portanto, mas ampla. Exceções ao princípio O princípio da publicidade possui 3 exceções (mas a regra é publicar): 1) Art. 5º, X, da CF: a publicidade não pode comprometer a honra, a vida privada, a intimidade e a imagem das pessoas. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 2) Art. 5º, XXXIII, da CF: a publicidade não pode colocar em risco a segurança da sociedade e do Estado. – é o único dispositivo pacífico. XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 3) Art. 5º, LX, da CF: atos que correm em segredo de justiça na forma da lei. Ex.: processo ético disciplinar, para não destruir a carreira do profissional. LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Alguns dizem que o dispositivo diz respeito ao processo judicial, mas isso não prevalece. Hoje, prevalece que os atos no processo administrativo também podem ser sigilosos. O administrador tem o dever de publicar, se assim não o fizer incorrerá em improbidade administrativa (Lei 8.429/92, art. 11). 8. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA Ganhou roupagem de princípio constitucional expresso pela Emenda Constitucional 19/98. Antes da Emenda 19/98, a administração já tinha essa obrigação de eficiência? Com certeza, desde sempre. Fundamenta o conceito de Administração Pública Gerencial. O que significa eficiência? Significa primeiro a ausência de desperdícios, é a economia (de dinheiro público/de bens públicos). Também se pensa em produtividade. A administração também precisa de agilidade/presteza. Também da qualidade do serviço. Princípio da eficiência X Estabilidade Em 1998, também houve alteração de outros dispositivos da Constituição Federal para que esta eficiência acontecesse efetivamente. Alterou-se estabilidade do servidor, racionalidade de despesas etc. A CF diz no art. 41 que o servidor adquire estabilidade quando: 1) Tem que prestar concurso, passar e ser nomeado para cargo efetivo; 2) Entrou em exercício, precisa de 03 anos de efetivo exercício. A CF não fala nada sobre estágio probatório (esse prazo está no Estatuto dos Servidores) – ponto crítico no direito administrativo. 3) Precisa também de avaliação especial de desempenho. Isso nada mais é que exigência de eficiência. Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. Princípio da eficiência X Perda do cargo Se o servidor já é estável ele pode perder o cargo: 1) Por decisão emprocesso judicial, com trânsito em julgado; 2) Por processo administrativo, assegurada a ampla defesa; 3) Por avaliação periódica de desempenho: a eficiência também está aqui presente. Essa avaliação já existia antes da EC 19/98, mas antes não tinha o poder de retirar a estabilidade. Essa avaliação ainda depende de regulamentação, depende de cada carreira. Princípio da eficiência X Gastos da Administração Pública Além disso, há a preocupação também com os gastos da administração. Alguns gastavam mais do que arrecadavam para cumprir com a folha de pagamento. O constituinte também estabelece regras sobre a racionalização da máquina administrativa. Isso está previsto no art. 169 da CF. O art. diz que só pode gastar com folha de pagamento o limite previsto na lei complementar (Lei de Responsabilidade Fiscal, art. 19): Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: I - União: 50% (cinqüenta por cento); II - Estados: 60% (sessenta por cento); III - Municípios: 60% (sessenta por cento). O ente político que estiver acima deste limite terá que fazer os seguintes cortes (só pode passar a ordem seguinte depois de cumprida a anterior): 1) Cargos em comissão e função de confiança: corte de, pelo menos, 20% dos cargos. - Cargo em comissão: para chefia, assessoramento e direção, qualquer pessoa pode ocupar. DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O - Função de confiança: serve para direção, chefia e assessoramento, mas só pode ser atribuída a quem tem cargo efetivo. Por esta função, paga-se a gratificação. 2) Servidores públicos não-estáveis: quantos forem necessários, podendo chegar a 100%. 3) Servidores públicos estáveis: quantos forem necessários, o cargo será extinto e somente pode ser recriado com funções idênticas ou assemelhadas depois de 04 anos. Estes servidores possuem direito à indenização. O administrador somente poderá passar ao grupo posterior depois de esgotado o grupo anterior. Ex. Administração pública para enxugar a máquina exonerou servidores (ATENCAO!!! Não é hipótese de demissão, visto que o servidor não cometeu falta grave). Princípio da eficiência e serviços públicos Esses serviços devem ser eficientes quanto aos meios e aos resultados (gastar o menor valor possível e obter o melhor resultado possível). Tem que gastar o menor valor possível, obtendo o melhor resultado possível. Mas tudo isso resolveu a eficiência? Resolveu o problema, a administração ficou mais eficiente? A doutrina diz que, infelizmente, o conceito da eficiência é vulnerável/flexível demais, portanto, a sua aplicação é muito difícil. Tudo não passou de uma utopia, um desabafo do constituinte de 1998, sendo um conflito muito fluido, na prática quase nada foi mudado. Esse conceito não gerou resultados práticos. 9. PRINCÍPIO DA ISONOMIA É tratar de forma igual os iguais, de forma desigual os desiguais, na medida de suas desigualdades. (princípio da igualdade material). Para saber se o princípio da isonomia está sendo respeitado, tem que se verificar o fator de discriminação/de exclusão e se ele é compatível com o objetivo da norma. Se está compatível com o objetivo da norma, não há violação ao princípio da isonomia. Assim, em concurso público, conforme a jurisprudência, as exigências do concurso público devem ser compatíveis com o exercício da função, e, além disso, a lei da carreira tem que disciplinar. Súmula 683, STF: Súmula 683 - O LIMITE DE IDADE PARA A INSCRIÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO SÓ SE LEGITIMA EM FACE DO ART. 7º, XXX, DA CONSTITUIÇÃO, QUANDO POSSA SER JUSTIFICADO PELA NATUREZA DAS ATRIBUIÇÕES DO CARGO A SER PREENCHIDO. Estas exigências de idade, exame psicotécnico (Sumula 684 STF + critérios objetivos), atividade jurídico, peso, altura, experiência, diploma, só podem aparecer no edital se forem compatíveis com a atribuição do cargo e se estiverem previstas na lei da carreira – entendimento do STF e STJ. Há critica doutrinária para o limite máximo. 10. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA São princípios que andam sempre juntos. Estão muito sedimentados no direito processual na via judicial. Mas isso não acontece na via administrativa. Infelizmente, só a partir da CF/88 estes princípios são observados no processo administrativo. Esses princípios ainda são muito recentes e muito desrespeitados. Processo administrativo prévio é condição de forma para o ato administrativo. Ex.: Rescisão de contrato realizado entre o poder publico com empresa privada por má prestação do serviço, deve ser oportunizado o contraditório e ampla defesa. Anulação de concurso, tem que dar contraditório e ampla defesa aos prejudicados. Há grande índice de nulidade no processo administrativo. Art. 5º, LV da CF prevê esses dois princípios: LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Contraditório (informação/reação) Dá ciência da existência de um processo (a parte será comunicada da existência do processo). Através do contraditório que se constitui a bilateralidade da relação jurídica. Além disso, o contraditório representa uma lógica política: ninguém pode ser processado ou ser punido sem ter conhecimento da existência do processo. Faz parte da estrutura do nosso ordenamento jurídico, mas na prática isso ainda não acontece. Ampla defesa Sempre junto com o contraditório. É a oportunidade de defesa. Basta abrir um prazo para manifestação? Não, o princípio vai muito além de uma simples oportunidade. Defesa técnica No processo administrativo exige-se a presença do advogado (defesa técnica)? A Lei n. 8.112/90 diz que a presença do advogado no processo disciplinar é facultativa. É isso que geralmente acontece, sem advogado. Na seqüência, a jurisprudência do STJ começa a evoluir porque a presença do advogado começa a contribuir para a legalidade do processo, e o administrador comete menos abusos. Seguindo essa idéia, o STJ editou a Súmula 343: Súmula: 343 - É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar. Isso era o que tinha de mais moderno. Como ficarão os servidores que foram demitidos via processo disciplinar sem a presença do advogado? Nessa idéia, o processo seria nulo porque o advogado seria obrigatório. A administração temia que nos últimos 5 anos todos os demitidos teriam que retornar, e o Governo Federal começou a contabilizar porque, então, teriam sido demissões ilegais. Isso então gera o direito da reintegração, em que o servidor retorna ao cargo de origem, com todas as vantagens do período em que esteve afastado. Então, haveria uma conta altíssima. Nesse contexto, o STF edita a Súmula Vinculante n. 05: Súmula vinculante nº 5 – A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. Publicada no DOU de 16/5/2008, Seção 1, p.1. Essa súmula é completamente oposta ao entendimento do STJ. A grande preocupação é que houve um grande retrocesso, por questões simplesmente econômicas. A saída para essa situação: a doutrina diz que o STF poderia ter estabelecido um marco temporal para se ter como obrigatória a presença de advogado em processo administrativo, ou seja, modulação de efeitos. Direito de Recurso: Para que o direito de recurso aconteça tem que se ter conhecimento/acesso dos fundamentos/motivação da decisão. Nos concursos tem que fornecer cópia do espelho de prova – entendimento do STJ Direito de recurso condicionado à depósito prévio: STJ e STF entendem que é inconstitucional, condiciona a capacidade economia da pessoa, foi analisadaem sede tributária. DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O 11. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE E quando o Estado tem que prestar de forma ininterrupta o serviço. O serviço público tem que ser prestado de forma continuada, ininterrupta. Discussões sobre o princípio Existem 3 discussões sobre esse princípio: 1) Corte do serviço público Pode? E isso viola o princípio? Se o usuário não paga a energia elétrica, pode cortar? Art. 6º, §3º da Lei n. 8.987/95: § 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. Pode em algumas situações, não violando o princípio: a) Emergência (sem prévio aviso) b) Com prévio aviso, quando: b.1) Quando se tratar de questão de segurança (normas técnicas); b.2) Inadimplemento do usuário: é possível, desde que haja prévio aviso. Em caso de emergência é possível o corte, porém não é exigível o prévio aviso ao usuário. A posição majoritária da jurisprudência é de que é possível o corte em caso de inadimplemento. Se a empresa é obrigada a prestar o serviço a quem não paga ela irá quebrar, e a conseqüência para os usuários adimplentes é que eles ficarão sem o serviço. Então, é melhor cortar de quem não paga do que não prestar o serviço a ninguém. O fundamento disso também está na supremacia do interesse público (tem que proteger a coletividade, e não aquele que não paga). Também significa princípio da isonomia porque se deve tratar os desiguais de forma desigual. Prevalece que isso pode ocorrer mesmo na prestação de serviços essenciais. A posição minoritária utiliza como fundamento o CDC, arts. 22 e 42, que impedem o corte do serviço. Hoje a posição sobre o corte do serviço prevalece porque o nosso Estado é mínimo (redução da máquina estatal), os serviços estão sendo mais prestados pelos particulares, e tem que se proteger o prestador do serviço. OBS.: Se a administração pública for usuária inadimplente é possível o corte do serviço, desde que se resguarde alguns serviços indispensáveis, como por exemplo hospitais, iluminação dos logradouros públicos. 2) Direito de greve dos servidores Servidor público tem direito de greve, conforme o art. 37, VII, CF: VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; Mas o artigo diz que é na forma da lei. Que lei é essa? É lei ordinária. Isso foi alterado com a EC 19/98, que previa Lei Complementar. Lei específica é aquela que editada para tratar especialmente para esta matéria. Essa Lei Ordinária ainda não foi regulamentada. Mas essa norma é de eficácia limitada (posição tranqüila da jurisprudência). Ou seja, não poderia ser exercido enquanto não viesse a lei. Mas o servidor sempre fez greve e o legislador ignora que tem que fazer lei, ante a ausência da lei esta greve era considerada ilegal, que gera o desconto dos dias não trabalhados ou compensação de horário, porém não cabe demissão, visto que esta só pode ser aplicada ante a existência de infração grave. O STF já tinha julgado isso em sede de Mandado de Injunção, ele reconhecia que faltava lei, e comunicava o Congresso Nacional, que simplesmente não cumpria. Porém, o STF não pode obrigar o Congresso a legislar. Acontecia que, se o servidor exercia greve sem lei, essa conduta acabava sendo uma conduta ilegal. Conseqüentemente, havia o desconto dos dias não trabalhados. Não cabe, necessariamente, demissão. A demissão requer a prática de infração grave. Depois de tantas vezes ter ocorrido isso, e com a falta da regulamentação, existindo 3 Mandados de Injunção em andamento (MI’s 670, 708 e 712), o STF reconheceu que o servidor público tem direito de greve, que já foi comunicado ao Congresso, então, enquanto não vier a lei própria, aplica- se, no que for cabível, a lei do trabalhador (Lei n. 7.783/89). (Teoria concretista direta geral). Decisão deixa de ser de efeitos declaratórios (comunicar o Congresso de sua mora) e passa ter natureza concreta mandamental. Com esta decisão os mandados de injunção acima mencionados deixam de ter efeitos inter partes, passando ter efeitos erga omnes (para todos). – tendência da abstrativizacão no caso concreto. 3) Exceptio non adimplenti contractus É a exceção do contrato não cumprido: não pode exigir o cumprimento da outra parte se eu não cumpri a minha parte. Essa cláusula é aplicável no direito administrativo? A empresa é obrigada a prestar o serviço mesmo que a administração não pague? Ela é aplicável, mas não é aplicável de imediato. Ela é aplicável a partir de 90 dias, então, mesmo nos primeiros dias tem que se prestar o serviço. - Doutrina moderna: a exceptio non adimplenti contractus é aplicável, mas em nome do princípio da continuidade, é aplicável de forma diferenciada. Ou seja, é aplicada a partir de 90 dias. Isso está no art. 78, XV, da Lei n. 8.666/93: XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação; 12. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA A administração pode rever seus próprios atos se eles são ilegais (anulação) e se são inconvenientes ou inoportunos (revogação). Então, pode quando existir ilegalidade ou inconveniência. Súmulas 346 e 473 do STF: Súmula 346 - A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRÓPRIOS ATOS. Súmula 473 - A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO JUDICIAL. OOORRRGGGAAANNNIIIZZZAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDAAA AAADDDMMMIIINNNIIISSSTTTRRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO 1. FORMAS DE PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE ADMINIS- TRATIVA Muitas atividades administrativas são prestadas pelo núcleo da administração (administração direta). Chama-se essa prestação de centralizada. As pessoas jurídicas são os entes DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O políticos, quais sejam, União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Se o Estado transfere essa atividade para outras pessoas jurídicas para que o serviço seja melhor prestado; ele retira do seu núcleo. Isso é hipótese de descentralização. A prestação descentralizada pode ocorrer para as pessoas jurídicas da administração indireta ou para o particular. Isso é diferente do deslocamento da atividade dentro da mesma pessoa jurídica: isso é desconcentração. A descentralização pressupõe nova pessoa jurídica ou física. O deslocamento de serviço da União para um Estado, de Estado para Município, etc. Isso é descentralização? É sim, mas não é descentralização administrativa, é descentralização política (ligada à repartição de competências). Quem regula é o Direito Constitucional. Formas de descentralização administrativa 1) Por outorga: quando há transferência da titularidade + execução do serviço. Como se tivesse transferindo a “propriedade daquele serviço”. É uma transferência muito drástica. Para essa transferência (titularidade + execução) deve ser utilizada lei. Quem pode receber? A titularidade do serviço não pode sair das mãos do Poder Público, então, quem pode receber a outorga de serviço é a administração indireta. 2) Por delegação: aqui só se transfere a execução. Para dar somente a execução, pode ser realizada por meiode contrato administrativo ou por ato administrativo. - Delegação por contrato administrativo: feita aos particulares, p. ex: concessionárias e permissionárias. - Delegação por ato administrativo: feita ao particular, p. ex: autorização de serviço (ex: táxi, despachante). 2. ADMINISTRAÇÃO DIRETA União, Estados, DF e Municípios - são os entes políticos. Quem os estuda é o direito constitucional. Aqui só se estudam os órgãos públicos. Um servidor público preenche um cargo público e age como se fosse o Estado. Como se faz essa relação entre o Estado e seus agentes? É possível existir órgão público nas pessoas jurídicas da administração indireta? R.: Sim, como por exemplo, o INSS (autarquia) – art. 1° da Lei 9.784/99. Órgão público não celebra contrato e não responde por prejuízos, visto que não tem personalidade jurídica, ou seja, não possui aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações. Assim, responde pelo órgão público é a pessoa jurídica a qual o órgão pertence. Relação Estado X Agentes Teoria do órgão ou da imputação Essa teoria, adotada no nosso ordenamento, tem 2 pontos interessantes: a) Toda relação decorre de previsão legal: a atuação do agente em face do Estado depende de previsão legal. A relação decorre da lei. b) A vontade do agente se mistura com a vontade do estado: quando o Estado está agindo é o próprio agente que está agindo e vice-versa. Essas vontades se confundem e representam uma única vontade. A lei tem um papel indispensável na nossa estrutura, porque ela que atribui esse poder. Órgão público 1) Conceito Chama-se o órgão público de centro especializado de competência. É um núcleo de competência. Cada órgão público tem a sua competência específica. Órgão público está presente na administração direta e indireta? Na direta é fácil imaginar. E na indireta? Ela pode ser dividida em órgãos públicos? Ex.: autarquia INSS, existe uma divisão de competência dentro dela. Logo, existem órgãos públicos, com certeza, na administração indireta. Hoje não há mais dúvida disso. Essa previsão está no art. 1º da Lei n. 9.784/99: Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. § 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. § 2º Para os fins desta Lei, consideram-se: I – órgão – a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta; II – entidade – a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; III – autoridade – o servidor ou agente público dotado de poder de decisão. 2) Características a) Órgão público NÃO tem personalidade jurídica, logo não tem aptidão para ser sujeito de direito e obrigações. b) Se ele não tem personalidade jurídica, quem responde pelos seus atos é a pessoa jurídica a que ele pertence. Cuidado: escola é órgão e Prefeitura também, quem responde é Município. c) Órgão público pode celebrar contrato? Regra geral, ele não pode celebrar contrato. Mas órgão público faz licitação, e quem celebra o contrato é a pessoa jurídica. Cabe ao órgão público tão somente a gestão do contrato administrativo. Ex.: Câmara Municipal celebrando o contrato, este é nulo, porque quem tem que assinar é o Município. d) Órgão público pode ir a juízo? Nascituro, Espólio, massa falida não tem personalidade jurídica, mas podem ir a juízo. A situação do órgão público é a mesma? Sim! Excepcionalmente, o órgão público pode ir a juízo como sujeito ativo e somente especialmente quanto ao exercício de prerrogativas funcionais (discussões ligadas ao exercício da função). Ex.: repasse do duodécimo para as despesas do legislativo. Isso é absoluto? Não. e) Órgão público pode ter CNPJ? A Receita Federal cria o CNPJ com o objetivo de identificar a pessoa jurídica, mas também como o objetivo de controlar o fluxo de recursos. Dentro desse contexto, a Receita Federal diz que apesar de órgão público não ter personalidade, para fins de fiscalização ela dá ao órgão público um CNPJ. Isso está no art. 11 da Instrução normativa 748 da Receita Federal. Portanto órgão público pode ter CNPJ, porém não tem personalidade jurídica (o CNPJ serve apenas para controle de fluxo de recursos). 3) Classificação dos órgãos públicos São 3 as mais importantes: A) De acordo com a posição estatal - Órgãos independentes: é aquele que goza de independência. Ex.:comando de cada um dos Poderes, por exemplo, Presidência da República, Prefeitura, Governadoria do Estado, Tribunais e juízos monocráticos, Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Assembléias Legislativas, Câmaras Municipais. Existe hierarquia entre eles? Órgão independente não sofre relação de subordinação, não sofre qualquer relação de hierárquica, ele tem relação de controle em face dos outros Poderes. Esta sujeito a controle e não a subordinação. Possui previsão constitucional (Presidência da Republica, Governadoria dos Estados, Casas Legislativas, Tribunais Superiores – chefia de cada um dos poderes. DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O - Órgãos autônomos: já não gozam de independência, são subordinados aos órgãos independentes, Tem muita liberdade, não sofrendo grandes limitações ou grande controle. Ex.: Ministérios, Secretarias de Estado, Secretarias Municipais e, ainda, o Ministério Público e Tribunais de Contas. Normalmente não existem no PL e no PJ. Muitos autores colocam como autônomos o Ministério Público e o Tribunal de Contas. - Órgãos superiores: ele está abaixo dos independentes e dos autônomos. Mas ele ainda tem poder de decisão, então, manda menos que os outros. Ex.: Gabinetes, Procuradorias. - Órgãos subalternos: é mero órgão de execução, não tem poder de decisão. Ex.: zeladoria, almoxarifado, seções administrativas. Não se prender em exemplos. Superiores e subalternos dependem do tamanho da pessoa jurídica. Em uma cidade grande pode-se ter um almoxarifado grande, subdividido em vários setores. B) De acordo com a estrutura dos órgãos - Órgão simples: o órgão existe sozinho. Não têm agregados. Ex.: Gabinetes. - Órgão composto: órgão que tem ramificações, desdobramentos. Têm agregados. Ex.: Delegacia de ensino possui escolas ligadas a sua estrutura. C) De acordo com a atuação funcional Quantos agentes compõem/trabalham no órgão. - Órgão singular: composto por um único agente. Ex.: Presidência da República, juízo monocrático. - Órgãos colegiados: possui mais de uma agente. Ex.: Tribunais, Casas Legislativas. Tem que ler a lei da carreira que traz toda essa subdivisão. 3. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 3.1) Composição Pessoas que compõem a administração indireta: autarquia (agências reguladoras, autarquias territoriais, conselhos de classe. Obs.: a OAB não é autarquia!), fundações públicas, (agências executivas), consórcios públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista. 3.2) Características Para todas as pessoas da indireta. 1) Tem personalidade jurídica própria, ou seja, responde pelos seus atos. Tem patrimônio e receita própria. Utiliza o seu patrimônio para cumprir as suas obrigações. Se tem receita própria, não interessa a origem. Se cada pessoa jurídica tem o seu patrimônio, então, ele precisa de autonomia para administrar isso. Tem autonomia administrativa, técnica e financeira já que tem personalidade própria. Tem liberdade para gerir a sua atividade, liberdade para administrar o seu dinheiro e gerir as suas regras técnicas. Possui autonomia ou capacidade política? Capacidade política significa a aptidão para legislar. Não goza de capacidade política. A agência reguladora não tem capacidade política porque a sua regulação écomplementar a previsão legal. 2) Criação dessas pessoas jurídicas depende de lei (ora criação, ora autorização). Art. 37, XIX da CF: XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; Lei específica cria a autarquia e autoriza a criação de EP, SEM e da fundação. Questão: As pessoas jurídicas da indireta dependem de lei (V, ora a lei cria, ora ela autoriza a sua criação, então, depende sempre de lei). Se a CF diz que lei específica cria e autoriza a criação: essa lei é Lei Ordinária, mas específica, vai cuidar só disso. Cada autarquia terá a sua lei. Lei Ordinária específica cria a autarquia e autoriza a criação da EP, SEM e fundação. Qual a diferença da lei criar e autorizar a criação? Se cria, basta a lei e não precisa de mais nada. Basta a existência da lei, a autarquia já está pronta para o mundo jurídico. Mas quando a lei autoriza a sua criação, para EP, SEM e fundação existir, a criação efetiva é constituída através de um registro. Depende da natureza da pessoa jurídica para se ter o registro. Se possui natureza comercial, será na Junta (empresa pública), se tem natureza civil, no Cartório (fundação). Na juta comercial registra-se o contrato social. No cartório registra-se o estatuto da pessoa jurídica. Por paralelismo de formas, se a lei autoriza a criação também se precisa de lei para autorizar a extinção. Tudo o que se faz para criar, se faz para extinguir. Parte final do artigo diz que lei complementar definirá as finalidades desta última, ou seja, das fundações. Cuidado: Lei Ordinária autoriza a criação, a Lei Complementar regula somente as possíveis finalidades. Que fundação é essa no art. 37, XIX? É pública ou privada? É fundação pública de direito público ou de direito privado? A fundação pública de direito público não precisa estar expressa porque é autarquia. Se a lei autoriza a criação, então, fala-se na fundação pública de direito privado, o constituinte falou dela porque não é espécie de SEM e EP. Ele só segue o regime destas. 3) Cada pessoa da indireta tem a sua finalidade específica. Quando a direta cria a indireta precisa definir a sua finalidade (princípio da especialidade): cada pessoa da indireta tem a sua finalidade específica. E essa finalidade não pode ser modificada pelo administrador. Como se pode modificar essa finalidade específica? Somente por lei, o administrador não pode modificar essa finalidade. O administrador não pode interferir nisso. 4) Não podem ter fins lucrativos É possível criar uma pessoa jurídica da indireta para o lucro? Elas podem ter fins lucrativos? Ter fins lucrativos significa criar para o lucro. O lucro pode acontecer, mas elas não são criadas para o lucro. O objetivo dela não pode ser o lucro. Em autarquias e fundações é fácil compreender isso. O problema é quando se pensa em EP e SEM: art. 173 CF: podem ter duas finalidades diferentes: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. a) Para a prestação de serviço público, por exemplo, EBCT; b) Para desenvolver atividade econômica: quando isto representar interesse coletivo ou segurança nacional. Essas são as finalidades, não o lucro. Autarquias e fundações públicas são prestadoras de serviços públicos, assim, não possuem fins lucrativos. Já as empresas públicas e as sociedades de economia mista poderão prestar DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O serviços públicos ou exercer atividade econômica, nos termos do art. 173 da CF, quando houver interesse coletivo ou segurança nacional – Assim, as pessoas jurídicas da administração indireta não possuem fins lucrativos. 5) Estão sujeitas a controle. Existe hierarquia entre a administração direta e a administração indireta? Não, é uma nova pessoa jurídica, mas há controle/fiscalização. Hoje o posicionamento é que o TCU ou TCE controla todas as pessoas jurídicas da administração indireta (até 2005 não era possível o controle pelo Tribunal de Contas nas SEM). Outro exemplo CPI. Que tipo de controle? PJ pode controlar a administração indireta? Uma vez provocado ele pode controlar. PL pode controlar a administração indireta? Sim, pelo Tribunal de Contas e CPI. PE pode controlar a administração indireta? Aqui o controle é feito pela supervisão ministerial. Isso especialmente quanto à nomeação dos dirigentes. 4. FUNDAÇÕES PÚBLICAS 4.1) Conceito Fundação é um patrimônio destacado por um fundador para uma finalidade específica. É um patrimônio personalizado. 4.2) Instituição Quem instituiu a fundação? Se instituída pelo particular → será fundação privada. O direito civil estuda a fundação privada. Se quem instituiu foi o Poder Público → a fundação é pública. Qual é o regime jurídico desta fundação pública? O STF admite os dois regimes: 1) Fundação pública de direito público → nada mais que uma espécie de autarquia. São as chamadas autarquias fundacionais. Então, o regime jurídico aplicável a essa pessoa é o da autarquia. Então, a lei cria essa autarquia fundacional. Regime jurídico é o das autarquias, ou seja, regime público. A fundação pública de direito público, por estar “dentro” das autarquias a lei ordinária CRIA este tipo de fundação. – vide autarquia 2) Fundação pública de direito privado → chamada de fundação governamental, não é espécie, mas segue o regime aplicável as EP e SEM. Aqui o regime não é verdadeiramente privado, apesar de ser de direito privado, o regime é híbrido, que é o mesmo aplicável as EP e SEM. Apesar de ser pessoa privada, ela compõe a administração, então, não pode ser verdadeiramente privada. Aqui, então, a lei autoriza a criação da fundação governamental. – vide EP e SEM 5. AUTARQUIAS 5.1) Conceito É uma pessoa jurídica de direito público, com as 5 características acima já vistas. A autarquia presta os serviços públicos mais importantes, elas podem ser criadas para atividade típicas do Estado. Autarquia é pessoa jurídica de direito público que tem como finalidade prestar serviços públicos podendo desenvolver atividades típicas do Estado (atividades mais importantes). 5.2) Regime jurídico A autarquia é pessoa de direito público, portanto, o seu regime é praticamente o mesmo da administração direta. A) Atos praticados pelas autarquias São atos administrativos, ou seja, gozam de presunção de legitimidade, de auto-executoriedade, coercibilidade e de imperatividade. A autarquia que pratica ato administrativo pode celebrar contrato, ela pode celebra contrato administrativo? Os contratos administrativos são marcados pelas cláusulas exorbitantes. A autarquia tem essa prerrogativa? Pode, porque é pessoa pública e contrato administrativo é regime público, então, está sujeita a ele. Logo, ela está sujeita a licitação. Isso está no art. 37, XXI da CF: XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações; Ela segue a Lei n. 8.666/93. B) Responsabilidade civil A autarquia está sujeita ao §6º do art. 37 da CF: § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarama terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Ela está prevista no art. 37, §6º, da CF. Hoje, a responsabilidade civil admite as duas teorias na doutrina. No início, seguíamos a teoria subjetiva, que se caracteriza pelo cumprimento de 4 elementos: conduta, dano (tem que prová- lo), nexo causal (entre conduta e dano) e culpa ou dolo. O ordenamento jurídico caminha com a idéia de proteger cada vez mais a vítima, então, passa-se a acolher a teoria da responsabilidade objetiva, havendo a exclusão do elemento subjetivo (dolo ou culpa). Então, basta a conduta, o dano e o nexo de causalidade. No Brasil, desde 1946 prevalece a teoria da responsabilidade objetiva do Estado. Hoje a jurisprudência faz uma distinção: - A responsabilidade objetiva é aplicável para uma conduta comissiva, ou seja, para uma ação. - A responsabilidade subjetiva é para caso de omissão. Esses dois conceitos não se confundem com responsabilidade solidária e subsidiária. Ex.: motorista da autarquia atropela uma pessoa. A vítima cobra da autarquia. A vítima pode cobrar o Estado? Neste momento não. Mas se autarquia não tiver patrimônio suficiente para cobrir o débito? O Estado é chamado à responsabilidade em segundo plano. Para isso, pouco importa a pessoa jurídica. - Responsabilidade solidária: cobrar dos 2 ao mesmo tempo, não é o caso. - Responsabilidade subsidiária: é a do Estado, estabelece uma ordem de preferência: primeiro paga a autarquia, depois o Estado. (subsidiária e objetiva). C) Bens autárquicos Autarquia é pessoa jurídica de direito público, razão pela qual, seus bens seguem o regime de direito público. Assim, são características dos bens públicos: - inalienabilidade relativa, na medida em que, podem ser alienados de forma condicionada (as condições estão previstas no art. 17 da Lei 8666/93); - impenhorabilidade; além disso, não podem ser objeto de arresto (cabível para bens indeterminados) e nem de seqüestro (cabível para bens determinados), que são cautelares típicas, cuja finalidade é garantir uma futura penhora. Ela é conseqüência da inalienabilidade do bem público. Arresto e seqüestro significam cautelares para a garantia da penhora. Ex: o credor toma conhecimento que o devedor quer se desfazer do seu patrimônio. Pede, portanto, ao juízo, as cautelares de arresto ou de seqüestro. DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O - impossibilidade de oneração, ou seja, não podem ser gravados por direito real de garantia (penhor/hipoteca). Penhor e hipoteca são espécies de direito real de garantia realizados fora do juízo. Ex: o cidadão precisa de dinheiro, vai ao banco e consegue um empréstimo. Como garantia, penhora os bens móveis ou hipoteca os bens imóveis. Lembrar que o penhor e a hipoteca, quando não adimplido o pagamento do empréstimo, acarretam na penhora do bem. - imprescritibilidade, ou seja, bens públicos não podem ser objetos de prescrição aquisitiva, não podem ser objeto de usucapião. Cuidado! Não esqueça que o poder público pode usucapir bens particulares. D) Prescrição Qual o prazo prescricional para as ações serem ajuizadas em face das autarquias? A autarquia tem natureza de Fazenda Pública, portanto, está sujeita à prescrição qüinqüenal – é a posição majoritária, com base no Decreto-lei n. 20.910/32. Mas há doutrina que diverge (minoritária), afirmando que o prazo prescricional para a reparação de danos é de 3 anos, de acordo com o art. 206, CC. E) Privilégios processuais A autarquia tem prazo dilatado, nos termos do art. 188, CPC: Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. A autarquia também está sujeita ao reexame necessário (=duplo grau de jurisdição voluntário); mas há exceções, por exemplo: quando a matéria já foi decidida pelo pleno do tribunal; quando o valor da causa for pequeno (até 60 salários mínimos) e quando há julgamento do pleno sobre o assunto (STF ou Tribunal Superior) – art. 475 do CPC. F) Servidor público de autarquia (Regime de pessoal) Se a pessoa jurídica é de direito público quem trabalha é servidor público. Atualmente os servidores públicos no Brasil estão sujeitos ao regime jurídico único, ou seja, naquela ordem política somente se admite um regime qual seja, todos estatutários ou todos celetistas. Servidor público é aquele que trabalha na pessoa jurídica de direito público. Mas ele é um servidor público celetista ou estatutário? O texto original da CF/88 estabelecia que se aplicava, aos servidores públicos, o regime jurídico único, que era, preferencialmente, estatutário (note que o regime tinha que ser único, mas não obrigatoriamente estatutário; em alguns âmbitos, o regime escolhido era o celetista). A EC 19, chamada de reforma administrativa, alterou o art. 39, CF e passou a admitir, a partir daí, o regime múltiplo, de forma que eram possíveis, na mesma pessoa jurídica, existirem servidores que seguissem regime celetista e servidores que seguissem regime estatutário, ou seja, existiam ocupantes de cargo ou de emprego público; quem definia era a lei. Além disso, a doutrina dizia que, para a definição do regime (pela lei), era necessário verificar a atividade exercida, de forma que, se adotasse, preferencialmente o estatutário, principalmente quanto àquelas atividades que exigiam condições/qualificações especiais. No ano passado, a ADI 2.135 discutiu a matéria e, em sede de cautelar, o STF entendeu que o art. 39, caput, CF, sofre de uma inconstitucionalidade formal (não foi aprovado em 2 turnos nas 2 casas); lembre-se que cautelar em sede de ADI tem, em regra, efeito ex nunc.. Neste cenário, atualmente, o regime jurídico é único; Para a doutrina majoritária, único é um só regime naquela ordem política. Ex.: o regime da União se aplica a todos os servidores federais; o regime dos Estados se aplica a todos os servidores estaduais, etc. Portanto, hoje, aos servidores das autarquias se aplica o regime único, que é o combinado com o regime adotado pela Administração Direta, devendo ser preferencialmente estatutário, mas, se a Direta escolher celetista, a Indireta também vai ter que seguir o celetista (ex.: se o Município escolher a celetista, as suas autarquias municipais devem seguir o celetista). G) Exemplos de autarquia Universidades federais (cuidado! nem toda universidade pública é federal; existem universidades públicas que são estaduais, sendo fundações), INSS, IBAMA, INCRA, agências reguladoras, conselhos de classe (que são autarquias profissionais, exceto a OAB). 5.3) Autarquia territorial Território não está na lista da CF como ente político, mas tem natureza jurídica de direito público. Diante disso, encaixaram o Território dentro da categoria de autarquia especial. Mas autarquia presta serviço público e Território não presta serviço público – portanto, essa classificação é monstruosa, de forma que, o único ponto em comum com as autarquias é a natureza de direito público. Atualmente, não temos nenhum Território; assim, essa questão não tem sido discutida com profundidade pelos doutrinadores. 5.4) Conselhos de classe – autarquias profissionais Os conselhos de classe possuem natureza autárquica. A anuidade cobrada pelos conselhos de classe têm natureza tributária de contribuição, de forma que a cobrança deve respeitar todos as regras aplicáveis ao sistema tributário; nesse sentido, a falta de pagamento de anuidade pode ser cobrada via execução fiscal. Quem nele trabalha é servidor público, sujeito à concurso público. Entretanto, a OAB é exceção. A OAB é pessoa jurídica ímpar, não congênere aos outros conselhos de classe. O problema começa com o Estatuto da AOB, que é a Lei 8.906. O próprio estatuto da OAB afasta a possibilidade de ajuizar execução fiscal para cobrar suasanuidades, visto não terem natureza de tributo. Também a contabilidade é privada, não sendo cabível a fiscalização/controle do TC. O PGR ajuizou a ADI 3.026 (leitura obrigatória), objetivando interpretação conforme para dizer que o regime para contratação de pessoal é celetista, porém com concurso público. Neste julgamento o STF entendeu que não procede a alegação de que a OAB se sujeita aos ditames da Administração Pública Direta ou Indireta. A OAB não é entidade da Administração Indireta da União, mas trata-se de um instituto independente, que não está incluída no rol das autarquias especiais. A OAB não se submete à exigência de concurso público para a admissão dos seus trabalhadores. Neste cenário, a OAB, atualmente continua com os privilégios da autarquia, porém não tem as obrigações das autarquias: - a OAB é pessoa jurídica ímpar, que não se encaixa na Administração Direta, nem à Administração Indireta. - a anuidade da OAB não tem natureza tributária – se não for paga, está sujeita à execução comum, não se submete à execução fiscal. - a OAB não exige concurso público. 1) Empresa pública Nem toda a empresa em que o Estado tenha participação é empresa pública ou sociedade de economia mista. Para que tenha essa natureza, ela tem que seguir um regime jurídico próprio. A empresa pública tem natureza de pessoa jurídica de direito privado. O nome empresa pública é resultado do seu capital, já que é exclusivamente público. O capital exclusivamente público pode ser de mais de um ente? Pode, não significa que pertença a uma única pessoa. DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O Pode-se ter tranquilamente uma sociedade, desde que o capital seja exclusivamente público. Serve para a prestação de serviços públicos ou para explorar atividade econômica. Essa empresa pode ser constituída de qualquer modalidade empresarial, inclusive, sociedade anônima, se for de capital fechado. A lei ordinária específica autoriza a criação destas empresas públicas, não visa lucro, apesar de poder auferi-lo, tem personalidade jurídica, está sujeita a fiscalização para cumprimento de suas finalidades, possui patrimônio, administração própria etc. Ex.: EBCT, BNDES, CEF, Casa da Moeda. 2) Sociedade de economia mista É pessoa jurídica de direito privado. Tem o capital misto, ou seja, há uma parte pública e outra parte privada. A parcela pública tem que representar a maioria votante deste capital. A administração dessa empresa, o poder da decisão tem que estar nas mãos do Poder Público. Também serve para a prestação de serviços públicos ou para explorar atividade econômica. Só pode ser sociedade anônima. A lei ordinária específica autoriza a criação destas sociedades de economia mista, não visa lucro, apesar de poder auferi-lo, tem personalidade jurídica, está sujeita a fiscalização para cumprimento de suas finalidades, possui patrimônio, administração própria etc. Ex.: Petrobrás, Banco do Brasil, bancos estaduais. Finalidade das empresas públicas e das sociedades de economia mista A empresa pública ou a sociedade de economia mista podem prestar serviço público ou explorar atividade privada, mas vários aspectos são alterados em razão da finalidade. Essas pessoas jurídicas possuem duas finalidades: 1) Prestadora de serviço público → apesar de ter regime privado, ele é híbrido, então, quando prestar serviço público, o regime sofre uma derrogação e ela terá regime mais público que privado. O regime é muito semelhante ao regime das autarquias. 2) Exploradora de atividade econômica → art. 173 CF/88: diz que essas pessoas jurídicas poderão através de lei específica ter regime próprio para algumas situações. Mas elas exploram atividade econômica, então, o regime será mais próximo da iniciativa privada (somente nos casos de segurança nacional e relevante interesse coletivo). Seja a empresa prestadora de serviço público ou explorando atividade econômica, em ambos os casos estará perseguindo interesse público. Regime jurídico das empresas públicas e das sociedades de economia mista Características gerais + as seguintes características: 1) Extinção das empresas A Lei n. 11.101/05 é expressa ao dizer que não estão sujeitas a esse tipo de extinção. Não estão sujeitas a falência. Art. 2º da Lei n. 11.101/05: Art. 2º Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; Até 2005 existia uma divergência em que, se fosse prestadora de serviço público era sem falência, mas se fosse exploradora de atividade econômica tinha falência. Mas, hoje, a Lei não faz diferença, apesar de alguns doutrinadores ainda colocarem essa diferença. Em concurso marcar o texto da lei. 2) Contratos Administrativos / Licitação Estão sujeitas à licitação? Depende da finalidade. Se a empresa pública ou sociedade de economia mista é prestadora de serviço público, o seu regime é mais público que privado, portanto, não há dúvida que elas estão obrigadas a licitar. Art. 37, XXI da CRFB/88: XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações; Mas se estas empresas forem exploradoras da atividade econômica, o art. 173, §1º, III da CRFB/88 diz que essas empresas poderão, por lei específica, ter estatuto próprio para contratos e licitações: § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (...) III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; Contudo, esta lei até hoje não saiu. Então, a regra aplicável a ela é da Lei n. 8.666/93. A Lei n. 8.666/93, por sua vez, traz hipóteses de dispensas e de inexigibilidades, o que torna possível contratar sem licitar. Ex.: se o valor é pequeno, a licitação pode ser dispensada. Isso porque o art. 24, I e II da Lei n. 8.666/93 diz que pode ser dispensada a licitação se o valor não exceder a 10% do limite do convite. Essa é a regra. Desta forma, para obras e serviços de engenharia o valor é de R$ 15.000,00 e, para outros bens e serviços, o valor é de R$ 8.000,00. Mas em se tratando de empresa pública e sociedade de economia mista há uma exceção: a dispensa de licitação pode atingir até 20% do limite do convite (art. 24, parágrafo único da Lei n. 8.666/93). Logo, a dispensa é de R$ 30.000,00 para obras e serviços de engenharia e, para outros bens e serviços, o limite é de R$ 16.000,00. Ver art. 24, § único da Lei 8.666/93. Art. 24. É dispensável a licitação: I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; (...) Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresapública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. Então, muitas vezes elas não licitam porque possuem um valor maior de dispensa. A Administração realiza licitação para escolher a melhor proposta. Então, quando licita está se protegendo o interesse público. Mas se essa licitação prejudicar o interesse público ao invés de protegê-lo, deve-se licitar ou não? A licitação não pode acontecer. DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O A Lei diz no art. 25 que a licitação é inexigível quando a competição for inviável em alguns casos: esse rol é exemplificativo. Então, sempre que a competição for inviável a licitação será inexigível – para proteger o interesse público. Se a licitação prejudicar a atividade fim das empresas estatais estará prejudicando o interesse público. Se a licitação prejudicar o interesse fim que é o interesse público, torna-se inviável, e, portanto, inexigível. Segundo o caput do art. 173, pode-se explorar atividade econômica quando existir interesse coletivo ou para segurança nacional, então, se a licitação prejudicar um desses dois fatores estará prejudicando o interesse público, logo, há a falta pressuposto jurídico, o que torna a competição inviável. No Brasil, é muito comum o serviço de gráfica oficial ser prestado por uma sociedade de economia mista. Mas ela também faz outros serviços gráficos. Se na atividade fim, tiver que licitar, ela não participará do mercado ao concorrer com outras gráficas privadas. Se licitar será prejudicada no seu interesse coletivo. Então, se comprometer atividade fim, a licitação se torna inexigível. A inexigibilidade está presente quando faltar pressuposto jurídico, ou seja, quando prejudicar interesse público (atividade fim da empresa). Faltando qualquer um dos pressupostos a competição se torna inviável. Por isso, na prática, elas sempre escapam da licitação. Como fica a situação da Petrobrás (SEM)? Ela segue um procedimento diferente da licitação, mas ela não deveria estar sujeita a Lei n. 8.666/93? A Petrobrás, pela Lei n. 9.478/97, ganhou um procedimento simplificado de licitação definido pelo Presidente da República por Decreto. Essa lei é constitucional? A Constituição diz que essas empresas poderão, por lei, ter estatuto próprio, mas essa lei não serve para isso. O TCU disse, em 2008, que esse procedimento é inconstitucional, e suspendeu licitação da Petrobrás. Disse que ela poderá ter um procedimento quando houver um estatuto próprio das empresas. A Petrobrás, com isso, ajuizou o MS 25.888 no STF, o qual, em sede de liminar em MS, disse que ao TCU que apesar da Súmula 347 STF autoriza-lo a fazer controle de constitucionalidade, o seu controle não pode ser feito pela via de ação, que é de competência do STF. O TCU somente pode fazer controle de constitucionalidade inter partes. Então, o STF disse que a Súmula o permite apenas que declare inconstitucionalidade dos atos praticados e não a inconstitucionalidade de uma lei. Assim sendo, o STF disse que a Petrobrás pode continuar a realizar o procedimento simplificado, sendo que no mérito da ação analisará se o procedimento é constitucional ou não. 3) Privilégios tributários Essas pessoas jurídicas pagam tributos? Art. 173, §2º, CF: § 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. Esse parágrafo só pode ser atribuído às pessoas que estão no caput do art. 173, CF, ou seja, só se aplica para as pessoas jurídicas exploradoras de atividade econômica. Assim, as empresas públicas e as sociedades de economia mista NÃO têm privilégios NÃO extensíveis à iniciativa privada. E se for prestadora de serviço público? Hoje se utiliza como respaldo o art. 150, §3º, CF, que é aplicável a todas as pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos. Se o tributo está embutido no valor do serviço pago pelo consumidor, não existem privilégios. § 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. Esse parágrafo é pouco utilizado; na prática, elas pagam, porque no direito tributário, existem muitas discussões a respeito. 4) Responsabilidade civil Está sujeita ao art. 37, §6º da CRFB/88? § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causaram a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Depende da finalidade. Só está no art. 37, §6º se a empresa pública ou sociedade de economia mista for prestadora de serviço público. Então, em regra, a responsabilidade é objetiva. Mas, o Estado pode ser chamado subsidiariamente para responder pelo ato. Mas se a empresa pública ou sociedade de economia mista é exploradora de atividade economia, aplica-se a ela as regras de direito civil. A responsabilidade é a do direito privado, em que a regra é a responsabilidade subjetiva. Aqui o Estado não responde por nada (subjetiva). Atenção! O STF mudou o entendimento no sentido de que a responsabilidade do prestador de serviço é objetiva, seja usuário ou não usuários. 5) Bens De acordo com a doutrina majoritária, só seguem o regime de bem público se diretamente ligados à pessoa jurídica com regime de direito público. Assim, em regra, os bens seguem o regime de direito privado, ou seja, são penhoráveis, salvo se DIRETAMENTE ligados à prestação de serviço público. Cuidado! O fato da pessoa jurídica ser prestadora de serviço público, não significa que todos os seus bens são públicos. Assim, em regra, seus bens são penhoráveis. 6) Regime de Pessoal Quem trabalha em empresa pública ou em sociedade de economia mista NÃO é servidor público. São servidores de entes governamentais de direito privado. Pergunta-se: eles são agentes públicos? Agente público é expressão usada para todos aqueles que exerçam funções públicas, assim, eles são agentes públicos. Há equiparação em alguns sentidos com o servidor público. Aqui, vale lembrar que, se o regime está previsto na lei ou na CF, será estatutário e ocupante de cargo, que só existe em pessoas jurídicas de direito público. Se o regime é contratual, segue o regime celetista e é titular de emprego. Parênteses: só existe SERVIDOR PÚBLICO em pessoa jurídica de direito público. só existe regime ESTATUTÁRIO (e, portanto, cargo público) em pessoa jurídica de direito público. Pergunta-se: os servidores de entes governamentais de direito privado são titulares de cargo ou de emprego? São titulares de emprego e seguem o regime da CLT. Porém, se equiparam aos servidores públicos nos seguintes aspectos: - prestam concurso público; - estão sujeitos ao regime da não-acumulação (art. 37, XVI, CF); - se a empresa pública/sociedade de economia mista vive da própria receita, não está sujeita ao teto remuneratório, mas se receber repasses de custeio, está; - estão sujeitos à improbidade administrativa (Lei n. 8.429/92); DIREITO ADMINISTRATIVO – VINÍCIUS CAVALCANTE C U R S O L Ó G I C O - são funcionários públicos para a lei penal (art. 327, CP); - estão sujeitos aos remédios constitucionais. Obs.: a dispensa pode ser imotivada (não gozam da estabilidade do art. 41, CF). Assim, quanto à dispensa, eles não se equiparam aos servidores públicos. Com base em que? Conforme a súmula 390, TST, se ele é empregado da pessoa jurídica de direito público, da Administração Direta ou da
Compartilhar