Buscar

A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO

Prévia do material em texto

A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO
O filme conta a situação da classe operária nos anos 60/70, como crítica ao modo de produção e de contratação na época. Que evidenciava claramente o trato desigual que recebiam os trabalhadores, a produção em massa e a divisão do trabalho esse método de produção implica numa divisão extrema do trabalho fazendo com que ele seja simples e mecânico, um trabalho, onde os operários não necessitam maiores qualificações para executá-lo. 
Lulu Massa é um operário consumido pelo capital e cujo trabalho consome sua vida. A fábrica aonde trabalha adota sistema de quotas que intensifica a produção, mas que não é acompanhado do acréscimo salarial. Lulu é um operário que faz o seu melhor para obter resultados, mas acaba sendo hostilizado pelo outros companheiros de trabalho e gasta o dinheiro que ganha na fábrica em supérfluos, na verdade trabalha demais, e o resultado de seu trabalho é utilizado para satisfazer os desejos consumistas de sua mulher. Após sofrer um acidente no trabalho e perder um dedo na máquina, ele passa a adotar uma atitude crítica ao modelo de exploração e se envolve em protestos, ele atribui o acidente ao ritmo de trabalho fora do normal em que ele e os outros trabalhadores eram submetidos, iniciando assim a vida sindical. Ele fica dividido entre as tentações da sociedade de consumo, e os movimentos de protesto de sua classe.
Em meio a tantos conflitos a assembleia decide que sejam diminuídas em duas horas por dia a jornada de trabalho, mas Lulu não fica satisfeito e propõe greve, tendo por resultado sua demissão da fábrica. Mas os sindicalistas negociam e acabam conseguindo a readmissão de Lulu e finalmente regulamentar o sistema de metas de produção. Depois de todo o conflito Lulu é outra pessoa, finalmente acordou para a realidade do mundo que o cerca, passa a analisar as mercadorias inúteis que comprou por muitos anos de trabalho e quantas horas de trabalho lhe custaram, ele não é mais um homem máquina, se humanizou, canta, conversa, brinca, trabalha, dorme e sonha. O drama vivido por Lulu Massa nos faz rever valores da relação patrão x empregado vividos a décadas e ainda hoje extremamente atuais e pertinentes. Quando Lulu é readmitido ele não é mais o mesmo operário modelo e não tem mais as mesmas ilusões de realização dentro do consumismo. Lulu tem como base o triple que são: o discurso extremista dos estudantes, a postura moderada e pragmática dos sindicalistas e, sobretudo, seu velho companheiro de trabalho, Militina, que devido ao trabalho da fábrica acabou enlouquecendo, indo parar em um manicômio. É possível perceber de forma espetacular a questão da alienação do trabalho no capitalismo ao observarmos a conversa de Lulu e Militina, onde este, tido como louco e dentro de sua ‘loucura’, lembra-se do questionamento que fazia sobre a utilidade das peças que produziam. O paraíso ao qual Lulu sonha é justamente o mundo capitalista da burguesia, ele gira em círculos com sua raiva, frustração, desânimo, sem saber como encontrar a solução para a existência auto destrutiva em que vive, e a solução somente será descoberta ao custo de muita luta e sofrimento. Podemos destacar nesse filme a robotização dos operários que não são percebidos como pessoas, nos dias atuais esse método de administração não é o ideal, pois deixa os funcionários insatisfeitos gerando baixa produtividade, ao mesmo demonstra o quanto a personalidade das pessoas são influenciadas pela cultura na qual está inserida. O ideal é oferecer um ambiente de trabalho com boa iluminação, limpo e que proporcione bem estar aos trabalhadores. A linha de produção era baseada no sistema de Henry Ford, robotizando os funcionários, com o objetivo de produzir sempre mais, atualmente produzir mais nem sempre é aconselhável pois de que adianta ter alta produção e não ter consumidores, naquela época o mercado não era tão competitivo quanto atualmente, então é importante estar sempre antenado e inovando para manter a sua organização competitiva no mercado onde está inserida. Cabe salientar que analisando a trajetória de Lulu, é possível encaixar a famosa hierarquia de necessidades de Maslow, que baseia-se na ideia de que cada ser humano esforça-se muito para satisfazer suas necessidades pessoais e profissionais. Segundo esta teoria, cada indivíduo tem de realizar uma “escalada” hierárquica de necessidades para atingir a sua plena autorrealização, o filme trata exatamente dessa busca.

Continue navegando

Outros materiais