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FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA POLÍTICA BRASILEIRA Rodrigo Gonçalves 2 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: 3 SUMÁRIO UM PRÓLOGO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA ............................... 7 1.1 PERÍODO COLONIAL ............................................................................................ 7 1.2 O BRASIL COLONIAL 1500-1822 ......................................................................... 9 1.3 O CRESCIMENTO COLÔNIA .............................................................................. 12 1.4 A VINDA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL ............................................................ 16 1.5 DO IMPÉRIO A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ............................................. 19 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 22 UMA NOVA REPÚBLICA ................................................................. 25 2.1 MOTIVOS QUE LEVARAM A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ....................... 25 2.2 COMEÇA-SE UMA NOVA E CONTURBADA REPÚBLICA .................................. 26 2.3 PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA ...................................................................... 30 2.4 UMA REPÚBLICA EM CONSTANTE CONFLITO ................................................... 32 2.5 CLAMORES POR UMA REFORMA POLÍTICA ...................................................... 34 2.6 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 .............................................................. 35 2.7 REVOLUÇÃO DE 1930: PRELÚDIO ...................................................................... 35 2.8 ALGUMAS LEIS RELEVANTES DESTE PERÍODO ................................................... 38 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 39 A ERA VARGAS ............................................................................... 42 3.1 PRIMEIROS ANOS APÓS A REVOLUÇÃO DE 1930 ............................................ 42 3.2 SÃO PAULO DURANTE O GOVERNO PROVISÓRIO DE VARGAS ..................... 45 3.3 UMA NOVA CONSTITUIÇÃO EM 1934 .............................................................. 47 3.4 A CONSTITUIÇÃO DE 1937 ................................................................................ 49 3.5 ESTADO NOVO DENTRO DO CONTEXTO DO PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ............................................................................................................................ 51 3.6 CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1946 ................................................................ 52 3.7 O LIBERALISMO É A PALAVRA DE ORDEM ........................................................ 53 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 55 UM PRÓLOGO DA DITADURA MILITAR .......................................... 59 4.1 VARGAS RETORNA À PRESIDÊNCIA .................................................................. 59 4.2 O GOVERNO KUBITSCHEK ................................................................................. 61 4.3 O GOVERNO JÂNIO QUADROS ........................................................................ 65 4.4 O GOVERNO DE JOÃO GOULART (JANGO) .................................................... 67 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 70 DITADURA MILITAR .......................................................................... 73 5.1 FATORES QUE IMPULSIONARAM O INÍCIO DE UMA DITADURA MILITAR ........ 74 5.2 PERÍODO DA DITADURA MILITAR....................................................................... 77 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 84 O RETORNO AO REGIME REPUBLICANO ....................................... 88 6.1 GOVERNO SARNEY ............................................................................................ 88 6.2 A CONSTITUIÇÃO DE 1988, A CARTA CIDADÃ ................................................ 89 6.3 O GOVERNO COLLOR ....................................................................................... 92 6.4 A ERA FHC .......................................................................................................... 94 6.5 O GOVERNO LULA ............................................................................................. 95 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 4 6.6 O GOVERNO DE DILMA ROUSSEFF ................................................................... 97 6.7 AS ELEIÇÕES 2018 ATÉ O PRESENTE ................................................................ 101 6.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 101 FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................. 102 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO .................................... 106 REFERÊNCIAS................................................................................. 107 5 CONFIRA NO LIVRO Na primeira unidade, “Um Prólogo da Democracia Brasileira”, apresentaremos uma breve síntese do período colonial e imperial brasileiro no intuito de introduzir questões relevantes que embasaram o surgimento de nossa república com a Constituição de 1891. A segunda unidade, “uma nova república”, terá como finalidade apresentaremos os primeiros anos do Brasil Republicano apontando suas principais leis e os principais desdobramentos políticos que geraram o marco político conhecido como a Era Vargas. Nessa unidade, “A Era Vargas”, estudaremos a ascensão e a queda do período que durou exatos quinze anos de nossa república. Mostraremos nesta oportunidade os feitos positivos e negativos daquele que é um dos presidentes mais lembrados do país. Nesta oportunidade falaremos do governo subsequente, de Eurico Gaspar Dutra, e seus feitos políticos. Nessa unidade, “A Era Vargas”, estudaremos a ascensão e a queda do período que durou exatos quinze anos de nossa república. Mostraremos nesta oportunidade os feitos positivos e negativos daquele que é um dos presidentes mais lembrados do país. Nesta oportunidade falaremos do governo subsequente, de Eurico Gaspar Dutra, e seus feitos políticos. Nessa unidade, “Ditadura militar”, estudaremos um dos períodos históricos da política brasileira que mais sofrem revisão literária. Veremos como se deu o processo de ascensão enrijecimento e posterior flexibilização deste regime. Ao final preparemos os aspectos sócio políticos que levaram ao processo de reabertura para o regime republicano A sexta unidade, “O retorno ao regime republicano”, objetivará fazer um balanço do período político no qual nos encontramos. Veremos como as questões socioeconômicas interferiram profundamente na legislação pátria dos anos 80 até os dias atuais. Será um balanço geral que se inicia no Governo Sarney fechando com os eventos das eleições de 2018. 6 INTRODUÇÃO Quando somos chamados a imergir nesta disciplina em meio a tanta efervescência dialética no cenário político de nossa nação, muitas vezes nos colocamos em debates pouco frutíferos e, em alguns casos, permeamos o desrespeito a opinião contraditória gerando conflitos um tanto desnecessários. Aqui, nanossa disciplina, iremos buscar as raízes históricas que levaram nosso Estado sair de um sistema político monárquico para um democrático de direito considerando uma discussão de cunho histórico, econômico e social. Para tal, para que tudo faça um melhor sentido, abordaremos em nossa disciplina a atividade legislativa em estreita associação ao poder executivo, flertando sempre que possível com a atividade judiciária. Esses três poderes serão regularmente unidos em nossos estudos principalmente pelas Constituições, leis e decretos de cada época, como você poderá ver mais à frente. Com isso poderemos ter um panorama geral do republicano e democrático nacional. E acreditamos que você, aluno, poderá sair mais maduro para uma discussão sobre a política e seus temas contemporâneos. 7 UM PRÓLOGO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA Ao ingressar nos estudos sobre política brasileira, o aluno deve primeiro afixar seus olhares em dois momentos. O primeiro, pré-democrático, que envolve o momento colonial, perpassando pelo marco da chegada da família real no Brasil, e anos mais tarde pela instituição do Império até sua queda jurídica. O segundo momento, é o mais efervescente historicamente, pois trata-se do período democrático, ao qual este que vivemos. São fatos históricos distintos que se entrelaçam em diversos planos das ciências humanas, porém conectados de tal modo que geraram consequências em nossa sociedade até hoje. Portanto, adianto, que embora nossa disciplina guarde foco nas nuances históricas democráticas-republicanas, é imperativo que revistemos pontos históricos relevantes do período anterior Constituição Da República Dos Estados Unidos Do Brasil promulgada em de 24 de fevereiro de 1891. 1.1 PERÍODO COLONIAL Para entender o Brasil a partir do marco de sua descoberta oficial, em 1500 d.C., é preciso impingir um pouco do contexto histórico vivido na Europa nesta era, em especial dos países da península ibérica, quais sejam, Portugal e Espanha. Seguir em frente sem tratar deste momento é um pouco perigoso, pois muito do Brasil atual é reflexo da forma de como fomos colonizados, e por que não dizer, geridos pela corte portuguesa. Durante anos, o sistema feudalista que foi bem sucedido por séculos, começou a apresentar sinais de falência. Paralelamente a isso, com o delineamento das UNIDADE 8 fronteiras por conflitos e consequente surgimento e crescimento das cidades, houve uma regressão dos sistemas de trocas econômicas, enfraquecendo o valor da atividade e consequentemente do produto rural, apesar de não desaparecerem completamente. Neste mesmo contexto, o poder político se fragmentava-se e se descentralizava-se, ascendendo uma nova comunidade, a qual chamamos de Burguesia, fazendo com que pouco a pouco fosse decaindo a força dos reinados e dos imperadores. A prática da compra de bens não produzidos no domínio rural, alterou o consumo e o modo de produção que destinava-se a atender primeiramente o luxo da aristocracia. Isso fazia com que as cidades começassem sendo paulatinamente transformadas em redutos de relativa liberdade. Contendo uma nova classe laboral que consistia em artesãos, comerciantes que fugindo dos campos. Evidentemente este processo durou séculos e alcançou seu ponto crucial entre 1450 e 1550 d.C. Portugal, que por sua posição geográfica se colocava longe dos conflitos que cercavam a Europa, em especial, pela tentativa dos mouros de ocuparem a Península Ibérica, ao mesmo tempo voltada para o atlântico, o fez um povo propício para o desenvolvimento de técnicas marítimas. A atração pelo ouro e pelas especiarias fez com que Portugal e Espanha iniciasse um projeto expansionista conquistando ilhas e territórios, tomando para si rotas comerciais. É no bojo desse projeto que o Brasil é então conquistado e então colonizado. Sobre o evento histórico do Descobrimento do Brasil em 1500 d.C. pontua Fausto (2019, p. 16) Desde o século XIX, discute-se se a chegada dos portugueses ao Brasil foi obra do acaso, sendo produzida pelas correntes marítimas, ou se já havia conhecimento anterior do Novo Mundo e Cabral estava incumbido de uma espécie de missão secreta que o levasse a tomar o rumo do ocidente. Tudo indica que a expedição de Cabral se destinava efetivamente às índias. Isso não elimina a probabilidade de navegantes europeus, sobretudo portugueses, terem frequentado a costa do Brasil antes de 1500. De qualquer forma, trata-se de uma controvérsia que hoje interessa pouco, pertencendo mais ao campo da curiosidade histórica do que à compreensão dos processos históricos 9 Assim, iniciamos a era chamada de Brasil Colonial. 1.2 O BRASIL COLONIAL 1500-1822 Ao se depararem com terras extremamente férteis, os portugueses observaram que haviam povos amerígenas, ou seja, indígenas, representando uma verdadeira vitória para aquele povo europeu e uma catástrofe para os povos que aqui viviam. Além de absorver o modo de vida dos índios, os portugueses observaram que os grupos dispersos indígenas não estavam organizados de forma a constituir uma nação, o que facilitou os muitos conflitos travados, e a dominação e eventual escravidão destes povos. Hoje percebemos que os índios foram vítimas de uma autentica violência cultural, além de serem sujeitados as epidemias e mortes, sendo desde então relegados por nossa sociedade. Figura 1: Desembarque de Cabral em Porto Seguro Fonte: Silva (1922) Nos primeiros anos após a chegada dos portugueses em nosso território, o Brasil foi visto apenas como terras propícias para extração, em especial, do pau-brasil. O litoral foi primeiramente delimitado e em seguida as terras interioranas. Somente cerca de 30 anos após a chegada, implementaram o sistema de capitanias 10 hereditárias, que seriam o esbouço do território dos estados no futuro. Esse sistema perdurou no Brasil por quase 200 anos, quando a Coroa portuguesa resolve tomar para si os territórios a ela pertencentes. Na verdade isso deu por alguns fatores, um deles é que o sistema de capitanias fracassou, pois salvo as Capitanias de São Vicente e Pernambuco, as outras experiências se saíram frustrantes; umas em maior e outras em menor grau, seja por falta de recursos, seja desentendimentos internos, por ataques de índios ou até pela inexperiência e incompetência dos encarregados. Porém, além destes percalços, para nós, é mais visível enxergar outro fator que desencadearia a falência do sistema de capitânias, este por sua vez mais decisivo. É que o comércio pelas índias foi ficando cada vez mais inexpressivo paulatinamente, ou seja, não havia quem comprasse os produtos extraídos do Brasil. Além disso a coroa espanhola havia incrementado com grade êxito o extrativismo de minerais preciosos, coisa que só viemos intensificar em meados do século XVII. Ou seja, não havia viabilidade operacional para manter o Brasil por muitos anos. Não havia vantagem econômica. E devido a isto, Dom João III retomou estas terras em favor da coroa instaurando o governo geral do Brasil. Mesmo com esse avanço, o governo geral restava-se problemático, pois a longa extensão territorial dificultava a comunicação entre as capitanias com o governador, e por sua vez, a comunicação do governador com a coroa. Mas foi através desta maneira que consolidou-se a aquisição de propriedades privadas de terras, para fins agrícolas, tendo como o principal produto o açúcar. Também foi nessa era que intensificou a aquisição de força de trabalho compulsória, em outras palavras, com a crescente demanda agrícola os produtores passaram adquirir mão de obra escrava, para fins de trabalhos forçados e não remunerados.11 Figura 2: Navio negreiro trazia os escravos para o Brasil Fonte: Rugendas (1830) Devido a esta necessidade iniciou um processo forçoso para trazer, pela via da comercialização, os negros ao continente americano. Aqui certamente um dos nossos momentos históricos mais tristes se iniciam. Considerados como seres humanos inferiores e de baixo intelecto, os negros eram trazidos como objetos, e sem direitos. Nesse sentido, o aluno pode questionar, qual o papel das colônias, como o Brasil neste momento? A resposta é tecnicamente simples, as colônias deveriam ser autossuficientes em prol da metrópole, fornecendo reservas no que puderem em prol desta. É triste pensarmos por este âmbito, mas é verdade. Caso não tenha fica do claro, nós vamos facilitar o entendimento com um exemplo. Imagine uma casa cercada por uma área verde, porém, na escritura pública, pertence a ti apenas a área referente ao imóvel edificado. Como ninguém nunca reivindicou estas áreas verdes você, inicia um processo de cerceamento, delimitando a área por cercas, tomando posse dessa tal área incorporando à casa aqui ilustrada. Tudo que a área verde produz tecnicamente é seu, já que nenhum dono nunca reivindicou a posse. Desse modo, a área verde serve ao imóvel edificado. Aqui neste exemplo, Portugal é a casa e o dono que toma para si todo conteúdo da área verde, e as áreas verdes são as colônias. Mas o aluno pode ainda perguntar: e os índios que aqui estavam, eles eram os reais donos? A resposta é relativa. Lembrem-se que os índios não tinha o status de nação no sentido jurídico greco-latino, então embora se portassem como possuidores das terras, não havia o elemento jurídico da propriedade para atestarem o que em direito chamamos de animus proprietatis, ou seja, algo que prove que a propriedade fosse sua, portanto as terras foram tomadas, pela força, pelos 12 portugueses. Evidentemente que embora horrendo aos dias atuais, as atitudes portuguesas são fundadas em institutos latinos antigos de posse e propriedade, portanto, sendo plausíveis para a época e para a comunidade europeia. Felizmente hoje superamos muitos destes paradigmas, porém não vencemos por completo. 1.3 O CRESCIMENTO COLÔNIA Diante do quadro apresentado, o crescimento da então colônia era impreterível, vez que além do que aqui fora dito, outros povos, como holandeses, franceses e espanhóis começaram com algum empenho a querer tomar para si as posses territoriais portuguesas. Com isso muitos fortes foram criados para defesa. Porém, os ataques não se davam sempre de forma tão assertiva a nossas terras como bem fala Fausto (2019, p. 32)muitas das investidas se davam outras formas: Tratava-se de impedir ao máximo que navios estrangeiros transportassem mercadorias da colônia, sobretudo para vender diretamente em outros países da Europa. Inversamente, procurava-se também impedir que mercadorias, em especial as não produzidas na metrópole, chegassem à colônia em navios desses países. Em termos simplificados, buscava-se deprimir, até onde fosse possível, os preços pagos na colônia por seus produtos, para vendê-los com maior lucro na metrópole. Buscava-se também obter maiores lucros da venda na colônia, sem concorrência, dos bens por ela importados. O "exclusivo" colonial teve várias formas: arrendamento, exploração direta pelo Estado, criação de companhias privilegiadas de comércio, beneficiando determinados grupos comerciais metropolitanos etc. Todavia, mesmo com todos esses percalços ainda era mais vantajoso manter a subserviência da colônia em favor da metrópole, isso fez com que pouco a pouco povoados se tornassem vilas. Desenvolvendo um rudimentar, mas promissor, comércio interno nestes lugares. De todo modo, viver no Brasil nesta época não era nem de longe, algo fácil. As embarcações demoravam para chegar. Estima-se que demoravam entre quatro a seis meses, e diante deste quadro, aumentava-se muito custo operacional. Paralelamente a isso, firmava-se o regime absolutista da coroa sobre a colônia, principalmente no reinado de Dom João IV (1640-1656), que passou a cobrar impostos sobre a colônias, gerando evidentemente grande insatisfação. Aqui um dado importante para nossa disciplina, aqui, não havia a separação 13 de poderes como hoje há. Os poderes executivo, legislativo e judiciário estavam centrados na figura do rei, que eventualmente delegava para alguém alguma dessas competências. Nas colônias a pessoa que se torna delegada, ou seja, o mandatário era a figura dos governadores gerais, que foram também chamados de vice-reis. Figura 3: Mapa com a divisão da América portuguesa em capitanias. Fonte:Teixeira (1574) Mas no geral, os vice-reis deveriam dentre outras coisas, promover a defesa dos territórios e administrar o comércio local, e principalmente organizar as exportações para a metrópole. Na fase da administração dos vice-reis, a produção para a exportação era basicamente voltada para o açúcar e fumo. Para ajudar a ocupar cada vez mais o interior da colônia brasileira, foi incentivado a produção pecuarista, havendo a expansão rumo aos sertões, como assim era chamada na 14 época. E foi nestas expansões que por volta de 1730 d.C. que se encontrou ouro e pedras preciosas. Avivando e consolidando o interesse da coroa pelas terras brasileiras. Estas preciosidades foram encontradas em sua maioria no que hoje são os estados de Minas Gerais, na Bahia, Goiás e Mato Grosso. Os últimos anos do século XVIII foram marcados por uma série de transformações no mundo ocidental no plano da literatura filosófica, por exemplo, surgiram autores da era iluminista, como Montesquieu, Voltaire, Diderot, Rousseau que impulsionaram os ideários da época em várias vertentes do pensamento. Para nós, nesta disciplina, as mais importantes lições, são extraídas no campo político. O pensamento destes autores impulsionou a reforma dos antigos regimes absolutistas, por uma concepção liberal em diferentes matizes. Estes regimes estavam sobrepostos na sociedade desde o início do século XVI. Tais ideias chegaram mais tarde ao Brasil e na América Latina como um todo, gerando, o que se convencionou chamar de direito dos povos à insurreição, principalmente embasadas pela obra Riqueza das Nações, escrita por Adam Smith em 1776, que fazia uma crítica ferrenha ao sistema colonial, que distorcia os fatores de produção bem como o desenvolvimento do comércio como promotor da riqueza. A partir daí, os movimentos pró- independência surgiram em todo continente americano. Aqui no Brasil os principais momentos que clamavam por revolução foram a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração dos Alfaiates (1798) e a Revolução de 1817 em Pernambuco. E neste mesmo ínterim despontava o início da revolução francesa e a crescente revolução industrial. Fundido a isto, iniciava-se na Europa as primeiras discussões sobre abolição escravagista, e a decadência do pensamento religioso. No meio desta efervescência política que vivia a Europa, Portugal já era considerado um país atrasado, por exemplo, os Estados Unidos obtiveram sua independência em 1776 d.C., e França e Inglaterra aboliram a escravatura em 1802 e 1807 respectivamente. Todavia a administração do então Marquês de Pombal mantinha-se aparentemente frutífera como bem pontua Boris Fausto (2019, p. 68) De acordo com as concepções do mercantilismo, Pombal criou duas companhias privilegiadas de comércio - a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755) e a Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba (1759). A primeira tinha por objetivo 15 desenvolver a região Norte, oferecendo preços atraentes para mercadorias aí produzidas e consumidas na Europa, como o cacau, o cravo, a canela, oalgodão e o arroz, transportadas com exclusividade nos navios da companhia. Introduziu também escravos negros que, dada a pobreza regional, foram na sua maior parte reexportados para as minas de Mato Grosso. A segunda companhia buscou reativar o Nordeste dentro da mesma linha de atuação. A política pombalina prejudicou setores comerciais do Brasil marginalizados pelas companhias privilegiadas, mas não teve por objetivo perseguir a elite colonial. Pelo contrário, colocou membros dessa elite nos órgãos administrativos e fiscais do governo, na magistratura e nas instituições militares. No meio de tanto caos na Europa, e uma administração tumultuada e relapsa a coroa de Portugal começa a capengar, precisando cada vez mais do sustento através dos empréstimos ingleses. Para piorar mais a situação que se agravava através dos anos, França e Inglaterra viviam no ápice de uma guerra, e em prol da França, estava Napoleão Bonaparte, em pleno projeto expansionista. Figura 4: Napoleão Bonaparte Fonte: David (1812) Napoleão impõe um bloqueio que impedia a Inglaterra ter acesso ao continente. Espanha e Portugal por serem vizinhos da França, eram estrategicamente pontos acentuados para impingir tal bloqueio. Para manter a sobrevivência, não só da família real, mas de todo patrimônio colonial da coroa, a família real não vê outra alternativa a não transferir sua sede metropolitana para a melhor e mais promissora de suas colônias, o Brasil. E é partir deste ponto que os contornos políticos do Brasil passam a ter outros traços, pois importava não só o estabelecimento da corte, mas fazer do Brasil o centro administrativo de todas a colônias. 16 1.4 A VINDA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL Conforme afirmamos acima, a vinda da Coroa portuguesa ao Brasil se deu em meio a uma circunstância política europeia muito delicada, devido as guerras napoleônicas que assolavam aquele continente. Estes eventos remontam-se entre os anos de 1805-1815. Nesta altura a sede administrativa da Coroa no Brasil, já se encontrava no Rio de Janeiro. Com a notícia que a Família Real estava por chegar, evidentemente a sociedade local entrou em polvorosa. Figura 5: Desembarque da família real no Brasil Fonte: Albert (1807) Neste sentido, erigida ao local onde se concentraria a mais alta estirpe da corte, muitos costumes tidos como inapropriados precisaram ser mudados. Lopes (2014)chega a afirmar que “determinados eventos eram lembrados com uma missa cantada; outros eram assinalados pelo “beija-mão” no Paço e havia as grandes comemorações que articulavam uma série de eventos festivos, como as Aclamações reais”. Nessa mesma esteira, Iara Lis C. Schiavinatto (1999, p. 53)em seus estudos, conclui que com a vinda da Família Real “era fundamental que os signos e sentidos da realeza circulassem pelo tecido social, fossem comunicados e, de alguma forma, apreendidos” Havendo, portanto, uma reestruturação administrativa da Corte. Dentre os avanços vindos ao Rio de Janeiro, foi a ampliação da guarda, tanto a serviço da Coroa como dos prédios públicos como teatros e praças. Houve então um aparelhamento para um desenvolvimento de um Ministério dos Negócios 17 Estrangeiros e da Guerra. Isso se tornou um prerrogativa máxima, pois conforme entoa com muita destreza Maria de Lourdes Viana Lyra (1994, p. 72)“construir uma unidade nacional luso-brasileira era a ideia central da nova política proposta pelo ministro, demonstrando o quanto o governo ilustrado estava atento às questões cruciais daquele momento vivido”. Estes fatos são bem relatados por Chico Castro (2013, p. 33 e 34) Tomou providências, um ano após a sua chegada, para que houvesse interesse pela educação e literatura brasileiras no ensino público, abrindo vagas para professores. Instalou na Bahia uma loteria para arrecadar fundos em favor da conclusão das obras do teatro da cidade; mandou estabelecer em Pernambuco a cadeira de Cálculo Integral, Mecânica e Hidromecânica e um curso de Matemática para os estudantes de Artilharia e Engenharia da capitania; isentou do pagamento de direitos de entrada em alfândegas brasileiras de matérias-primas a serem manufaturadas em qualquer província e criou, pela primeira vez no país, um curso regular de língua inglesa na Academia Militar do Rio de Janeiro O desenvolvimento local ficou tão visível em 1812 já se falava em um projeto de um novo império lusitano com sede no Brasil. Os portos ficaram mais abertos para as nações tidas como amigas, leia-se aqui, principalmente, a Inglaterra. Isso facilitou a negociação bem como a ampliação destes pontos. Para o Rio de Janeiro houve a instauração da primeira Junta do Comércio e a primeira Escola de Cirurgia que mais tarde seria Faculdade de Medicina do Estado. Além disso, podemos frisar como avanços pertinentes aos nossos estudos, a criação do Museu da Biblioteca Nacional, da Imprensa Régia, Academia Militar e da Marinha e a Academia de Belas Artes, e o Banco do Brasil. É certo que a Família Real vendo de perto quão promissora era nossa terra, que em 1815, por ato da Coroa, foi o Brasil declarado como reino unido ao de Portugal e Algarves, deixando o status de Colônia. Todavia, em Portugal iniciava paulatinamente uma onda de insatisfação gerando a chamada Revolução do Porto. Isso era no mínimo obvio, pois Portugal foi devastada por Napoleão, largada à míngua, para que negociantes estrangeiros praticassem atos negociais livremente em detrimento dos negociantes nacionais, fazendo com que Dom João precisasse voltar para sua terra natal para apaziguar os ânimos de seu povo, deixando seu filho Dom Pedro I como governante responsável, em 26 de abril de 1821. Tal decisão agradou em cheio a elite agrária da época com 18 quem tinha boas relações com Dom Pedro I. Em 7 de Setembro de 1822, Dom Pedro I declarou a Independência do Brasil. Este ato veio precedido de um decreto que deliberou que as leis portuguesas só teriam efeito no Brasil após sanção do então Regente. Com a independência factual feita, era necessário dar ares jurídicos ao ato, esta medida culminou na primeira Assembleia Constituinte e posterior promulgação da primeira constituição do Brasil, conclamada de Constituição Política Do Império Do Brazil De 25 De Março De 1824. (BRASIL, 1824) Esta constituição é o primeiro ato com efeito de lei no nosso território. A saber, uma constituição é uma lei que prepondera sobre todas as outras leis, é partir dela que encontramos os limites de cada Estado como ente jurídico. A constituição em comento trazia em seu Art. 10 a organização dos poderes, sendo, portanto, formado nosso Estado pelos poderes Legislativo, Moderador, Executivo, e o Judicial. Juridicamente respondiam pela nação brasileira o Imperador, e a Assembleia Geral, distribuída em Câmara de Deputados, e Câmara de Senadores, ou Senado. A Câmara dos Deputados era eletiva, e temporária. Já o Senado era composto de Membros vitalícios, e seria organizado por eleição Provincial. A dizer, as províncias eram territórios que dariam origem no futuro aos Estados da Federação. Os membros do poder legislativo eram eleitos por voto indireto, e compunham fundamentalmente o quadro de eleitores homens adultos da aristocracia. O Imperador exerce aqui o poder executivo e moderador. O poder moderador, como nome sugere, é o poder que controla o equilíbrio entre os outros poderes. O poder executivo além de exercido pelo imperador era subsidiariamente e exercido pelos seus Ministros de Estado. O poder judiciário, assim como hoje, é feito por membros investidos em cargos vitalícios, porém diferente dos dias de hoje, a forma de aquisição do cargo era por indicação e não por concurso público. Os juízes de direito julgariam qualquer matéria de ordem civil e criminal,ou qualquer pleito ordenado pelo imperador. Havia também a figura dos juízes de paz, que indicariam os vereadores dos municípios, que ainda não eram dotados de autonomia como hoje são. As províncias eram regidas pelos respectivos presidentes, pois aqui, a nomenclatura “governador” só iria aparecer nas constituições posteriores. Os presidentes eram nomeados pelo Imperador, que o poderia remove-los, quando 19 entender, enquanto prestarem um bom serviço do Estado. Importante frisar que o período em que o império foi instaurado, não houve muita calma, pois havia bastante efervescência política. Os movimentos em favor do abolicionismo ganhavam força, além disso alguns grupos cortejavam a independência em favor de uma república e não de outra monarquia. Além disso, a nova nação começava com uma dívida quase que impagável, cerca de 2 milhões de libras como indenização aos portugueses pelas terras perdidas. 1.5 DO IMPÉRIO A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA Diferente da tendência de outras colônias, o Brasil não precisou entrar em nenhum embate com a metrópole para adquirir controle da nação, posto que na prática, as nações guardaram certo respeito recíproco, pois detinham a mesma linhagem real. Todavia, o Brasil não tinha um exército qualificado e numeroso para proteger as terras e nem controlar revoltas. Este cenário facilitou, o surgimento de dois partidos políticos no Brasil. Nesse sentido, havia um partido mais liberal, reformador, e outro conservador que por sua vez tinha o pensamento voltado ainda na antiga monarquia portuguesa. Lembram que dissemos acima que as nações guardaram respeito em razão da linhagem? Pois bem, isso foi relevante historicamente. Em 1926, chega ao Brasil a notícia que Dom João VI havia falecido, e diante do quadro atípico, Dom Pedro I volta a Portugal para assumir seu trono por legitimidade, abdicando do trono brasileiro, deixando seu filho, Pedro II, ainda menor para se tornar imperador, porém, por não ter idade adequada para o mandato, o Brasil passa por um período de Regência. O aluno pode perguntar o porquê não reunir os Estados outra vez. A resposta é um tanto complexa, porém a saída mais aceita historicamente é que os povos das duas nações não aceitariam a unificação. 20 Sobre o período de Regência, este se deu entre 1831 a 1840. Foi findado pela declaração de maioridade de Dom Pedro II. Para resumir esta era precisamos ilustrar a situação política destes nove anos. Ao partir para reivindicar a coroa portuguesa, Dom Pedro I, deixou seu filho com apenas cinco anos para ser o próximo monarca. Porém, por ser muito jovem, até que ele tivesse 18 anos três regentes deveriam tutelar o herdeiro e os requerimentos do povo. Aqui o poder moderador ficou suspenso, e para facilitar a governabilidade houve a criação de Assembleias Legislativas provinciais, que viriam a ser mais tarde a câmara de deputados estaduais. O sistema trino de regência com tempo decai, passando para um único regente. Surgem aqui três grupos políticos nítidos, os Liberais moderados que embora monarquistas queriam diminuir os poderes do imperador; os Liberais exaltados os mais progressistas que defendiam a federalização; e por fim, os Restauradores, eram defensores do retorno de D. Pedro I ao trono brasileiro, portanto, nitidamente conservadores. Diante do quadro, a instabilidade política estava formada. Eclodiram revoltas em várias partes do Brasil. Para manter o poder constituído de 1824, e trazer estabilidade, declaram Dom Pedro II maior de idade e apto para exercer o cargo de Imperador, chamado por alguns de Golpe da Maioridade em 1840. Os liberais foram os mais beneficiados, pois os conservadores retiraram-se do joguete político. O segundo reinado é marcado estabilidade interna e de prosperidade econômica. Dom Pedro II iniciou um tempo de progresso no país, investiu em linhas férreas e telégrafos, agilizando o comércio. Um monarca conhecido pelo seu zelo, só escolhia seus políticos com grande cuidado, coibia a corrupção, e respeitava a legislatura, sem exercer pressões inadequadas. O Brasil passou por um momento semelhante a monarquia parlamentarista. 21 Figura 6: Imperador Dom Pedro II do Brasil Fonte: Mathew Brady (1876) Mesmo com a imersões em guerras, e um investimento maciço nesta área, o Brasil passava a sensação interna e externa de nação moderna. Sempre muito bem articulado politicamente, Dom Pedro II inicia paulatinamente a abolição escravagista embora tenha havido represália por parte da aristocracia rural que enfurecida, começou a articular um apoio ao movimento republicano. Este descontentamento tomou força suficiente para o que hoje o então golpe de Estado de 15 de novembro de 1889 instaurando república factualmente e juridicamente através da Constituição Da República Dos Estados Unidos Do Brasil De 24 De Fevereiro De 1891. (BRASIL, 1891) Todo este apanhado histórico que empenhamos neste capítulo foi para entregar para ti, caro aluno, os quase 400 anos de vivência real, de colônia ao Império. Agora com estes conhecimentos revisados, acreditamos que estejas pronto para imergir de vez nestes mais de cem anos de república. Este resgate se fez necessário para que você futuramente, ao longo de nossos capítulos, entenda que cada decisão tomada teve uma raiz histórica profunda. Entenda esse capítulo como um prólogo para os estudos daqui por diante teremos. 22 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Nesta unidade tivemos a oportunidade de estudar questões relevantes anteriores ao Brasil republicano. Vimos tanto eventos ocorridos na Europa como aqui ocorreram, neste sentido marque a alternativa verdadeira: a) Oficialmente os portugueses chegaram ao Brasil no ano de 1.501. b) Primeiramente a mão de obra oriunda dos povos indígenas foi a utilizada em nossas terras. c) A chegada da família real não foi decisiva para o desenvolvimento de nosso país. d) O Brasil promulgou sua primeira Constituição no ano de 1891. e) Já no império era não possível visualizar a formação de partidos políticos 2. Vimos que o projeto expansionista do imperador francês Napoleão Bonaparte fez com que ele tomasse os territórios de Espanha e Portugal para promover táticas de guerra contra a Inglaterra. Sobre a chegada da Família Real no Brasil aponte a alternativa verdadeira: a) Muitos hábitos tidos como inadequados não tiveram que ser modificados em virtude da chegada da família real. b) Não houve a construção prédios públicos como teatros e praças. c) O Brasil não saiu do Status de Colônia para Reino amigo de Portugal d) Portugal não passou por um processo de deterioração política e econômica em virtude da investida de Napoleão. e) Dom Pedro I foi o primeiro imperador do Brasil. 3. Ao declarar a independência do Brasil, Dom Pedro I convoca uma Assembleia Constituinte para confeccionar uma Constituição plausível para o novo estado que surgia. Sobre a Constituição de 1824 podemos dizer que é correto: a) Havia a previsão de apenas três poderes b) O poder moderador era exercido pelos ministros de Estado c) O cargo de Senador era por tempo determinado. d) O poder moderador era exercido exclusivamente pelo Imperador. e) Os deputados tinham cargos vitalícios 4. O período em que governou o segundo imperador do Brasil, Dom Pedro II, foi reconhecido com um período de bastante reconhecimento interno e externo 23 como nação avançada. Sobre período é correto afirmar: a) O Brasil nunca viveu um regime semelhante a de uma monarquia parlamentarista b) Dom Pedro II não tinha intenções abolicionistas o isso agradava a elite agrária do país. c) Dom Pedro nunca investiu massivamente na área bélica para opor-seàs guerras iminentes. d) A queda do império se deu devido a um processo natural que representou a ascensão da república em nosso país. e) O então imperador era conhecido como um chefe de estado de reputação ilibada. 5. Por muitos anos o Brasil permaneceu como colônia portuguesa. Inicialmente o Brasil passou a fornecer quase que exclusivamente o pau-brasil, e mais tarde açúcar e fumo. Sobre o período colonial é correto afirmar: a) Para melhor administrar as terras foi instituído o regime de secretarias hereditárias. b) O regime de capitanias hereditárias mostrou-se frutífero com os anos. c) Para otimizar o projeto expansionista em nossas terrar, os portugueses usaram mão-de-obra escrava num primeiro momento. d) Embora bastante rudimentar era impossível ver que existia um comércio promissor. e) Os vice-reis, eram pessoas delegadas pelo próprio povo para administrarem as colônias. 6. Estudamos que em um dado momento da Europa, Portugal foi considerado um país atrasado, pois, os Estados Unidos obtiveram sua independência em 1776 d.C., e França e Inglaterra aboliram a escravatura em 1802 e 1807 respectivamente, sobre o Brasil Colônia e Império é correto afirmar: a) Para melhor administrar as terras foi instituído o regime secretarias hereditárias. b) O regime de capitanias hereditárias mostrou-se frutífero com os anos. c) Dom Pedro I não tornou-se rei de Portugal. d) Marquês de Pombal foi um grande escravagista. e) O desenvolvimento local ficou tão visível em 1824 já falava-se em um projeto de um novo império lusitano com sede no Brasil. 24 7. Estudamos que além de absorver o modo de vida dos índios, os portugueses observaram que os grupos dispersos indígenas não estavam organizados de forma a constituir uma nação, o que facilitou os muitos conflitos travados, e a dominação e eventual escravidão destes povos. Sobre o contexto do Brasil colonial marque a alternativa correta: a) Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração dos Alfaiates (1798) foram movimentos pós-republicanos do Brasil b) Dom João IV (1640-1656), que passou a cobrar impostos sobre a colônias, gerando evidentemente grande satisfação. c) O Brasil desde a época colonial tinha uma governabilidade fácil diante de seu vasto território. d) Pernambuco foi a capitania mais rentável para império. e) As províncias eram regidas pelos respectivos presidentes. 8. O Brasil quanto colônia vivia praticamente da monocultura da cana-de-açúcar e fumo, consoante ao que estudamos, por muito tempo tais culturas foram bastante lucrativas para a metrópole. Sobre o Brasil colônia apresente a alternativa correta: a) O Brasil foi descoberto num momento em que o feudalismo estava em alta. b) Embora as terras brasileiras estivessem em posse dos índios, estes por sua vez sintetizavam uma nação nos moldes europeus. c) Para otimizar o projeto expansionista em nossas terrar, os portugueses usaram mão-de-obra escrava num primeiro momento. d) Durante a colônia não foi possível implementar nenhuma atividade comércio. e) Os poderes executivo, legislativo e judiciário estavam centrados na figura do presidente da república, que eventualmente delegava para alguém alguma dessas competências. 25 UMA NOVA REPÚBLICA Nesta unidade, conforme o título anuncia, iremos mergulhar de vez no cerne de nossa disciplina, a República Brasileira, para tal vamos começar de suas raízes mais profundas e nos capítulos posteriores iremos caminhar historicamente para os governos mais contemporâneos. E aí? Vamos lá? 2.1 MOTIVOS QUE LEVARAM A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA Enquanto o Brasil conquistava o respeito fora do país, Dom Pedro II não lograva o mesmo êxito internamente. Dizemos que a queda da monarquia aqui no Brasil foi ocasionada por uma gama relativa de coisas. A primeira delas e mais apontada foi que após o triunfo do Brasil sobre o Paraguai, o exército ganhou popularidade em nosso território, principalmente sobre o nome do Marechal Deodoro da Fonseca, não só na elite urbana como na elite rural. Assim, o exército ganhou voz social e passou a reivindicar melhores condições. Alguns oficiais foram aos periódicos fazer valer melhor audíveis os pleitos. Dom Pedro II por sua vez, vedou este tipo de ato, calando a voz dessa classe. A aristocracia rural era nitidamente a mais insatisfeita, pois devido aos inúmeros atos abolicionistas, a classe sentiu a necessidade der dar uma resposta à altura. Aqui, portanto, a segunda causa para a proclamação da república. A terceira causa que podemos apontar é o fato da ascensão da Maçonaria que patrocinava a filosofia do positivismo aqui no país. Por fim, sabe-se que a igreja católica também estava desgostosa com o imperador. Dentro da estrutura organizacional o clero responde ao Papa e não ao UNIDADE 26 imperador, diferente do Anglicanismo, por exemplo, em que o monarca concentra a chefia de Estado com a Chefia da Igreja. Dom Pedro II, queria aqui ou acolá fazer as mesmas interferências inerentes aos chefes de estado anglicano, o que gerava alguns atritos. Embora a política local estivesse em ebulição, é sabido que esta não era a vontade geral da nação, pois a população em geral tinha grande estima por seu imperador. Porém, e 15 de novembro de 1889, tomando alguns prédios públicos, com um punhado significativo de soldados, o Marechal Deodoro da Fonseca proclama a república, e às pressas a família real sai exilada, tornando somente muitos anos depois. E em 24 de fevereiro de 1891 é promulgada a Constituição Da República Dos Estados Unidos Do Brasil. Figura 7: Marechal Deodoro da Fonseca Fonte: Bradley e Rulofson (1876) 2.2 COMEÇA-SE UMA NOVA E CONTURBADA REPÚBLICA Por aclamação Deodoro da Fonseca torna-se nosso primeiro presidente, porém o quadro político estava longe de ser calmo. O então presidente tinha a fama de ser destemperado e muito embora um militar afamado em batalhas, jamais demonstrou liderança para um cargo executivo, apresentando vieses ditatoriais. Logo de início, uma gama de equívocos foram feitos, durante o período de 27 transição, antes da promulgação da nova constituição, o então ministro da fazenda, o famoso jurista Ruy Barbosa, adotou medidas no sentido de incentivar o crédito e iniciar um projeto de industrialização, para que os bancos privados tiveram que emitir papel-moeda. O resultado em pouco tempo foi catastrófico. Uma crise financeira foi gerada. Estima-se que houve um aumento da especulação no mercado de ações e aumento da inflação gerando falências de empresas e esvaziamento dos cofres públicos. Porém, a nova república não deixou de ser alvo de críticas. A imprensa da época foi acusada de incitar perturbações contra o regime político, e por isso decretando-se a censura e supressão a liberdade de imprensa. Alguns historiadores dizem que foi instaurado uma ditadura militar, porém ao nosso ver, embora houvesse um decréscimo do direito de imprensa, com o passar dos anos, paulatinamente isso decaiu, não representando uma ditadura propriamente dita. Isso somente demonstrou uma atitude totalitária do governante. 28 Figura 8: Deodoro da Fonseca Fonte: Kronstrand (1889) Sobre a Constituição de 1891 as evoluções foram inúmeras. Passemos a tratar das mais relevantes e usualmente mais comemoradas. Com a nova Carta Magna, como se era de se esperar há a extinção do poder moderador, exercido apenas pelo imperador, mantendo os três poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Com a influência da Maçonaria e da literatura filosófica produzida até aquela época, aqui há separação entre o Estado e a Igreja Católica. Do ponto de vistaadministrativo, o Estado tornou-se o responsável pela emissão de certidões e certificados e a igreja católico deixou de receber total subvenção do Estado. Os reflexos disso seriam mais sentidos no Código Civil de 1916, com leis de cunho privado. Como consequência direta a este ato foi concebida a liberdade de culto para todas as religiões, o Estado tonou-se laico. É importante frisar que reside uma certa confusão até hoje sobre o termo “Estado Laico”. Para tal, vamos fazer um esforço de cunho filosófico, portanto vamos pensar um pouco: 29 Diante dessa separação um tanto amigável com igreja, uma outra garantia que foi erigida a direito constitucional foi a do ensino primário obrigatório, laico e gratuito. Outra inovação é a proibição do uso de brasões ou títulos nobiliárquicos (ou seja, da nobreza) nos prédios públicos. O voto passa a ser universal para cidadãos alfabetizados. Entretanto, leia-se com Cidadãos, nos termos desta constituição, homens, já que as mulheres não eram conduzidas aos estudos e também tinham direito ao voto ainda, mesmo que fossem alfabetizadas. Esse direito só seria conquistado muitos anos depois. Podemos ainda dizer que o direito a voto continuou pertencendo ainda às classes mais abastadas da sociedade, pois poucos eram os negros e índios que liam no início da república. Nesta Constituição podemos dizer que houve a consolidação do Poder Legislativo bicameral, ou seja, com Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Os deputados tinham um mandado de três anos, já os senadores de nove anos. Com isto houve o fim do Senado vitalício. Por fim, houve o surgimento do Poder Legislativo provincial, que futuramente seria a Câmara de Deputados Estaduais. Através deste ato, as províncias poderiam criar suas próprias leis e impostos, ganhando, portanto, mais autonomia em relação ao poder central. Com a nova constituição, os historiadores numa tentativa mais didática separaram o período em dois marcos, a república velha 1891-1930, e a república nova que vem desta era até o período atual, que começa, portanto, da era Vargas 30 até os dias atuais. Para fins de nossos estudos, no presente capítulo iremos apenas tratar dos eventos políticos e legais da chamada república velha. Como o período chamado república nova houve uma atividade política mais volumosa ante a grandes e rápidas transformações que passava o mundo, guardaremos os próximos capítulos somente para tratar de forma acurada esta era. 2.3 PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA Ficando nítido que a república instaurada no Brasil tem sua corrente filosófica pautada no Positivismo, Liberalismo, alguns autores afirmam que tivemos a criação de uma república Jacobina, em referência ao partido francês que se proclamava querer ter um alcance mais social, em prol da igualdade. Na prática não foi o que se observou. Para que fique mais claro vamos contextualizar melhor. Os negros recém abolidos, estavam desempregados, passavam frequentemente fome, e se refugiavam em locais afastados das cidades e vilas, que era praticamente feitas para abarcar o modo de vida da aristocracia rural ainda muito forte. Estes locais afastados deram origem mais tarde as favelas e os bairros menos favorecidos. Quando reconduzidos para o mercado de trabalho, muitos ganhavam apenas a alimentação e em alguns pouquíssimos casos os salários eram baixíssimos, que mal abarcavam os proventos mensais. Há relatos de muitos negros que voltaram apara seus antigos senhores para trabalhar apenas pelo prato de comida em virtude dessas condições. Às mulheres brancas não havia muito o que fazer, pois eram proibidas de 31 trabalhar de forma plena. Às mulheres negras e índias os trabalhos eram voltados aos serviços domésticos. Havia um grande descarte de crianças, principalmente negras. As que não morriam de fome, ou seja, as mais sortudas eram criadas pelas casas assistenciais católicas. Os índios pouco a pouco foram conduzidos mais e mais para o interior do país, salvo poucas comunidades que foram aos poucos sofrendo os alcances das civilidades. Este era o real retrato do governo jacobino, avançado, liberal e progressista implantado juridicamente. Este retrato fez com que ficasse mais visível a distância social, e ficando visível também preconceito, que não diminuiu. Esse foi o balanço social dos trinta anos de república velha. A república que deveria ser um governo para todos, era centrado na permanência e manutenção de uma Oligarquia. No ponto de vista econômico, a cultura do açúcar e fumo já havia entrado e decadência. Porém, ganhava força a cultura do café e atividade pecuarista, principalmente para atender o mercado do leite. Como os métodos de conservação da carne bovina eram bem rudimentares, o mercado de carne não era tão forte como hoje em dia. Contudo a força destas duas produções era tamanha, que elas passaram a financiar campanhas políticas, momento em que foi chamado de política do café- com-leite. Dessa forma, os grandes agricultores e pecuaristas (ambos chamados de coronéis), conseguiram por quase três décadas eleger seus representantes, que evidentemente, em algum ponto do futuro, iriam favorecer de alguma forma com projetos políticos estas classes. Esta prática foi chamada de Clientelismo. E embora tenha sua marca explícita nesta era política do Brasil, ela ainda existe, ensejando os casos de corrupção vistos até os dias de hoje. Pouco falada, se destacava também, mas com menor potencial lucrativo, a extração da matéria prima para a borracha e o cacau. A industrialização neste período inicia de forma tímida seus primeiros passos, principalmente concentrada na região sudeste, porém sem nenhuma produção que tivesse expressividade. A primeira guerra mundial é um dos grandes gatilhos para que 32 os empresários brasileiros tivessem interesse em investir no setor industrial, pois uma vez que a Europa estava praticamente parada por conta dos conflitos, a importação de artigos industrializados passou a ganhar destaque em nossa produção. Diga-se passagem, embora convencionamos chamar Primeira Guerra Mundial, apenas o Continente Europeu e os países que tinham influência sentiram os impactos da tal guerra. 2.4 UMA REPÚBLICA EM CONSTANTE CONFLITO Tumultuada pelo agravamento do distanciamento social. O Brasil passava pelos últimos remodelamentos de território. Entre 1893 e 1895 Brasil e Argentina travaram forte embate por grande parte da região que compreende o estado de Santa Catarina. Batalha esta que só foi ganha graças ao auxílio financeiro dos Estados Unidos. Em 1900 França (através da Guiana Francesa) e Brasil disputam o território do Amapá. Tal guerra teve o auxílio da Suíça. Vencida a guerra, o Brasil incorpora toda região. Em 1903 as tensões criadas por Brasil e Bolívia por conta da extração do Látex chegam ao fim. O Brasil compra por dez milhões de dólares a região que hoje conhecemos como Acre, o chamado Tratado de Petrópolis. Porém, embora territorialmente tenhamos conseguido a paz, internamente, socialmente eclodem revoltas das mais variadas ordens. Em ordem cronológica podemos citar a guerra de Canudos na Bahia, liderados por Antônio Conselheiro e durou entre 1896 a 1897. O que inicialmente começou por uma insatisfação pela miséria local, ganhou proporções insurgentes. Coronéis e até membros da Igreja Católica aderiram ao conflito. Os principais motivos eram o descaso com a seca e com o trabalhador rural, aumento considerável de impostos, e a separação entendida descabida do Estado com a Religião acarretada pela proclamação da república. Após quatro expedições militares Canudos é massacrada. 33 Figura 9: Mappa geral da Republicados Estados Unidos do Brasil Fonte: Calmon (1908) Em Juazeiro do Norte no estado do Ceará, no ano de 1913 Padre Cícero lidera um exército formado por fiéis por causa da retirada do poder da tradicional família Accioly. Aqui as questões foram resolvidas entre o governo do Estado e os fiéis. A família retoma o poder e o Padre Cícero vira um fenômeno político. A Guerra do Contestado (1912 – 1916) se deu, de certo modo, por motivos diversos aos que aqui foram apresentados. Primeiramente temos que dizer que a região a qual passaram os conflitos houve uma desapropriação de terras em favor de Americanos e Ingleses. Os camponeses que estavam na posse do imóveis foram literalmente expulsos, gerando marginalização e revolta desses. E por ato do governo, os participantes foram massacrados assim como em Canudos. Estes movimentos revoltosos mostraram a população a força do governo, 34 indisposto a negociações. Porém, havia outros movimentos esparsos, conhecidos como banditismo social, geralmente relacionados à região nordeste. Consistiam em bandos armados que sobreviviam de crimes. Alguns redistribuía renda adquirida ilegalmente para as pessoas carentes, mas em regra eram saqueadores. O grupo mais conhecido foi o de Lampião, cujas lendas circulam ainda hoje nas regiões nas quais grupos desse tipo passaram. Tais grupos foram caçados e seus representantes mortos sem um devido processo legal. Aqui falamos apenas alguns exemplos, porém outros movimentos ocorreram em menor porte. São também ocorrência deste período republicano: A revolta da Vacina, A Revolta da Chibata, Movimento Operário, O tenentismo, Rebelião Paulista e outras. Carece destaque de nossa parte tratar do Tenentismo e Revolta do Forte de Copacabana. A primeira foi idealizada por oficiais do exército que queriam moralizar as eleições que sempre passaram pela interferência das oligarquias que por sua vez promoviam fraudes. Do movimento do Tenentismo o seu ponto mais alto foi a Revolta do Forte de Copacabana, também chamada de revolta dos 18 por sido uma passeata com esta quantidade de pessoas. Muito embora tenha havido vítimas e mortos, os acontecimentos desta revolta abriram janela para o que chamamos de revolução de 1930 que passaremos a ver agora. 2.5 CLAMORES POR UMA REFORMA POLÍTICA Com este quadro podemos ver que o Brasil não era um país garantidor, e estava longe de ser uma república democrática. Ante a isto, surgia no campo ideológico clamores por uma reforma política, sob a influência da literatura alemã e russa, que na época apontavam como expoentes da produção científica e artística. Crescia aqui o pensamento comunista cujo o maior nome e defensor era Vladimir Ilyich Ulianov, ou como ficou mais conhecido, Lenim. Destaca-se neste momento Luís Carlos Prestes, diretamente influenciado pelo marxismo Lenista, criou um periódico chamado Coluna Prestes que ajudou a difundir os ideais comunistas no país, recrutando adeptos. Seus atos impulsionaram a formação do Partido Comunista do Brasileiro (PCB), que no plano legislativo ajudaram a conquistar benéficas garantias às minorias, equalizando os debates com grupos ultraconservadores do governo. 35 2.6 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 Muito embora, não seja o cerne de nossa disciplina o estudo dos reflexos no campo artísticos deste acontecido, a data é frequentemente lembrada junto com a Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana e a fundação do Partido Comunista, como um marco do início da crise oligárquica no Brasil. Ligados a vanguarda artística, este marco institui o modernismo no Brasil. Os artistas dos mais variados campos preceituaram a ruptura do pensamento artístico tradicional e conservador. Aqui tendia-se olhar para a expressão artística autenticamente brasileira, valorizando identidade nacional e buscando romper com a influência europeia. 2.7 REVOLUÇÃO DE 1930: PRELÚDIO Vista essa breve síntese dos fatos, vimos que os primeiros anos da república foram constituídos de conflitos, ascensão da classe oligarca, e debates políticos acirrados. Chagamos ao governo de Washington Luís, o décimo primeiro presidente da república. E Último do que chamamos de república velha. Seu governo não trouxe tantas questões que carecem nosso apreço. Ele continuou o combate a Coluna Prestes e o avanço a tendência comunista que já estava tão acesa na Europa. Figura 10: Washington Luís Fonte: Galeria de Presidentes (1926-1930) 36 O Mundo vivia uma situação extremamente delicada, eram momentos pré- segunda guerra mundial. Durante seu governo, o café, principal produto de exportação, experimentou de forma mais forte seu declínio. Além disso, o mundo viu a quebra da bolsa de Nova Iorque. Para conter um já visualizado declínio da economia nacional, com auxílio do então ministro da fazenda, Getúlio Vargas, sanciona o Decreto nº 5.108 com medidas que autorizava o executivo, dentre outras disposições, fazer as operações de credito internas ou externas necessárias para a melhor execução desta lei, combinando prazo, juros, amortização e garantias. O então presidente, criou através do decreto nº. 17.999 de 29 de novembro de 1927, o Conselho de Defesa Nacional, visando uma coordenadoria de conhecimentos acerca de questões de ordem financeira, econômica, bélica e moral, referentes ao amparo da nação. Este conselho mais tarde seria responsável pela inteligência de segurança nacional. Investiu fortemente em estradas asfaltadas no eixo Rio- São Paulo. Washington Luís inicia o rompimento com a política de Café-com-Leite, lançando Júlio Prestes para a campanha à presidente, ganhando a adesão dos 17 estados que exatamente não tinham grande representatividade em virtude dos anos em que a tal política os repelia. Formando a Aliança Liberal, os Estados restantes, quais sejam, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, lançam campanha eleitoral com o nome de Getúlio Vargas como presidente e o presidente (leia-se, governador) do Estado da Paraíba João Pessoa. Esta aliança, embora aparentemente pouco numerosa, ganhou apreço de muitas personalidades de peso da época, o que fez com que a proposta do liberalismo estatal e econômico ganhasse força. Mais uma vez no tabuleiro político nacional estava uma banda conservadora, cafeicultora, decadente por causa da crise de 1929, e noutra banda uma liberal, e apoiada por outros seguimentos nacionais. As passeatas nesta época sempre eram marcadas por violência, mas era nítido aqui que as tensões ficaram mais fortes. Um dos momentos marcantes ocorreu poucos dias antes da eleição, sucedida no dia 6 de fevereiro, evento chamado de atentado de montes claros, quando apoiadores de Júlio Prestes foram alvejados, alguns chegando a óbito. 37 Estes eventos iriam desencadear de vez a revolução de 1930. No ano em comento, Júlio Prestes ganha as eleições. Como era habitual, as eleições eram sempre fraudulentas, de toda sorte, estima-se 1.091.709 dos votos foram a favor de Júlio prestes, contra 742.794 votos a favor de Getúlio Vargas. Diante desta proximidade, a Aliança Liberal declarou que houve fraude e rejeitou a validade destas eleições. Todavia em virtude da derrota, ela começou a esfacelar. Contudo, as revoltas contra os partidos apoiadores de Prestes eram ainda frequentes, e efervescência persistiu no Brasil sempre com nuances de violência e com emprego de armas. Os que permaneceram em apoio a Aliança Liberal, iniciaram um processo conspiratório com sede no Estado do Rio Grande do Sul, que tinha como cunho principal retirar e legitimidade das eleições e os apoios aferidos a Júlio Prestes. Em Pernambuco, meses depois o candidato a vice-presidente João Pessoa é assassinado por questõeseminentemente pessoais, ou seja, aparentemente sem nenhuma relação política, porém sua morte foi entendida pela Aliança como o estopim. Washington Luís, ainda estava finalizando o mandato quando soube que algumas marchas caminhavam para derruba-lo do poder, este por sua vez nada fez. No dia 03 de outubro de 1930, inicia-se a revolução, Getúlio Vargas infiltra alguns dos seus afiliados e toma a 3º Região Militar com sede em porto alegre, iniciando uma marcha rumo a Santa Catarina com destino ao Rio de Janeiro, que nesta época era sede ainda do governo. No Nordeste alguns governadores são depostos de seus cargos. Vargas sabia que o plano não poderia dar errado pois segundo o artigo 107 do decreto nº 847, 11 de outubro de 1890, tentar diretamente e por fatos, mudar por meios violentos a Constituição política da República ou a forma de governo estabelecida teria pena de banimento aos autores e aos partícipes a reclusão por 5 a 10 anos. Embora, não tivesse a adesão inicialmente em todos os Estados, pouco a pouco Vargas vai conseguindo a reunir forças militares em todos eles. Muitos políticos influentes foram presos ou exilados dentre eles Washington Luís e Júlio Prestes. Getúlio toma o poder através de um golpe militar, encerrando a República Velha, derrubando as Oligarquias que desde o Tenentismo já eram criticadas. 38 2.8 ALGUMAS LEIS RELEVANTES DESTE PERÍODO Podemos apresentar atos relevantes promovidos como decretos para nossa disciplina: 726, de 8.21.1900 Autoriza o Governo a dar permanente instalação, em prédio público de que possa dispor, à Academia Brasileira de Letras, fundada na capital da República, e decreta outras providencias; 979, de 6.1.1903 Faculta aos profissionais da agricultura e industrias rurais a organização de sindicatos para defesa de seus interesses; 1.102, de 21.11.1903 Institui regras para o estabelecimento de empresas de armazéns gerais, determinando os direitos e obrigações dessas empresas; 2.044, de 31.12.1908 Define a letra de câmbio e a nota promissória e regula as Operações Cambiais; 2.591, de 7.8.1912 Regula a emissão e circulação de cheques; 2.784, de 18.6.1913 Determina a hora legal; 3.708, de 10.1.1919 Regula a constituição de sociedades por quotas, de responsabilidade limitada. Como dissemos, estes são os mais relevantes, porém não impedem que possamos fazer menção honrosa a outras leis. Uma delas é o Código Civil de 1916, que era extremamente patriarcalista, e por que não dizer, muitas vezes machista, que tinha as mulheres apenas como objetos dos homens, e seres sem praticamente sem nenhuma personalidade jurídica. Este código permaneceu em vigor, pasmem, até 2002. 39 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Nesta unidade pudemos ver melhor as causas apontadas para o declínio do Império no Brasil e a ascensão de uma nova e tumultuada República. Desse contexto podemos considerar como afirmação verdadeira: a) O movimento pela abolição da escravatura foi responsável pela queda do regime imperial b) A Igreja Católica era satisfeita com o Imperador que queria fazer interferências no clero. c) A aristocracia rural satisfeita pelos atos abolicionistas do governo não apoiou o movimento republicano d) A Maçonaria que defendia o liberalismo e o positivismo não apoiou a queda do império e) O aumento do prestígio do exército não tem influência com a queda do império 2. Em 15 de novembro de 1889, tomando alguns prédios públicos, com um punhado significativo de soldados, o Marechal Deodoro da Fonseca proclama a república. E em 1891 é promulgada a nova constituição brasileira. Desse contexto podemos considerar como afirmação verdadeira: a) A constituição previa o equilíbrio de 3 poderes. b) A nova constituição não previa a criação de um estado laico, independente da igreja; c) Haveria cargos vitalícios para senadores. d) A constituição não previa a criação Poder Legislativo provincial. e) Aqui houve a consolidação do sistema tricameral para o legislativo. 3. Os primeiros anos de república restaram-se extremamente difíceis uma vez que existiam problemas de ordem social de muitas ordens, sem falar que o país tomou inicialmente medidas econômicas equivocadas. Desse contexto podemos considerar como afirmação correta: a) Os negros recém abolidos, foram admitidos em empregos estáveis b) Mulheres não poderiam exercer seu direito à voto. c) Os índios pouco a pouco foram conduzidos mais e mais para suas terras de origem. 40 d) O distanciamento social não ficou mais evidente. e) A república, em seu início, ficou marcada por pelo crescimento da cultura do milho. 4. Estudamos nesta unidade que os grandes agricultores e pecuaristas (ambos chamados de coronéis), conseguiram por quase três décadas eleger seus representantes, que evidentemente, em algum ponto do futuro, iriam favorecer de alguma forma com projetos políticos estas classes. Esta atividade ficou conhecida como a) Corrupção. b) Clientelismo. c) Estelionato d) Descaminho e) Atendimento 5. A nova república foi recoberta por grandes manifestações em desfavor do governo. Dentre as alternativas abaixo, aponte a única revolta que ocorreu no período colonial e não no republicano: a) A Guerra de Canudos. b) A Guerra do Contestado c) Inconfidência Mineira. d) A Revolta da Chibata. e) O tenentismo. 6. A partir da década de 1920, o Brasil passa por transformações políticas. Com o enfraquecimento da política do café-com-leite, o modelo de liberalismo político- econômico passou a ser clamado por parcela da população. Sobre os eventos ocorrido nesta década aponte a afirmação correta: a) A semana de arte moderna não mostrou no campo artístico valorização de uma identidade nacional, buscando romper com a influência europeia b) Nesta década não houve a consolidação do partido Comunista. c) O tenentismo não foi um dos movimentos que impulsionaram o a revolução de 1930. 41 d) Washington Luís iniciou o rompimento com a política de Café-com-Leite e) O Candidato de Washington Luís era Luiz Carlos Prestes. 7. A revolução de 1930 marca o fim da chamada República Velha instaurando um novo momento histórico em nosso país. Sobre os eventos que conduziram a este momento aponte a alternativa verdadeira a) A Aliança Liberal foi composta por representações políticas do Rio Grande do Sul, Paraíba e São Paulo. b) O Conselho de Defesa Nacional, foi uma coordenadoria somente para fins bélicos c) Getúlio Vargas incialmente foi vice-presidente de Washington Luiz. d) A morte do candidato a vice-presidente João Pessoa não influenciou a revolução de 1930. e) Júlio Prestes ganha as eleições com margem expressiva sobre Vargas 8. A República Velha é um termo didático que assinala para era que se inicia 1891 com a promulgação da primeira constituição republicana e vai até 1930 com a chegada de Getúlio Vargas ao poder. Das disposições legais desta era, aponte para a única que é referente a este marco. a) 3.270, de 28.9.1885 Publicado na CLBR de 1885 que regula a extinção gradual do elemento servil; b) 3.129, de 31.12.1882 Publicado na CLBR de 1882 que regula a concessão de patentes aos autores de invenção ou descoberta industrial; c) 646, de 31.7.1852 Publicado na CLB de 1852 que Fixa a Força Naval para o ano financeiro de 1853 - 1854.; d) decreto nº 847, 11 de outubro de 1890, Código penal; e) 2.044, de 31.12.1908 Define a letra de câmbio e a nota promissória e regula as Operações Cambiais 42 A ERA VARGAS Chegamos neste capítulo na República Nova, momento histórico político no qual estamos inseridos, por se tratar de umponto muito específico que durou muitos anos, dedicaremos este capítulo para tratar da Era Vargas. Vamos lá? 3.1 PRIMEIROS ANOS APÓS A REVOLUÇÃO DE 1930 Uma vez que a democracia fora tomada à força por Getúlio Vargas conjuntamente com suas alianças político-militares, o Brasil vive entre 1930-1934 um governo provisório. A situação jurídica aqui é extremamente temerária. Pois uma vez que instituída a democracia, estava no poder alguém que não tinha legitimidade para exercer o cargo de Presidente da República. Ao tomar posse, em seu discurso, Vargas assim asseverou: Senhores da Junta Governativa: Assumo, provisoriamente, o Governo da República, como delegado da Revolução, em nome do Exército, da Marinha e do povo brasileiro, e agradeço os inesquecíveis serviços que prestastes à Nação, com a vossa nobre e corajosa atitude, correspondendo, assim, aos altos destinos da Pátria (BRASIL, 2009, p. 51) Do ponto de vista jurídico, em seu primeiro Decreto 19.398 de 11 de novembro de 1930 consta significativamente pontos que extinguiu o modelo federalista. Com este decreto, é visível o golpe contra a constituição de 1891. (BRASIL, 1891) Interessante apontar que a base liberal, de onde Vargas sempre teve seu UNIDADE 43 apoio, estimava o modelo federativo. O decreto acima mencionando, literalmente dissolveu, as assembleias estaduais e as câmaras municipais, nomeando interventores que iriam substituir os governadores estaduais. Esta medida, dentre outras coisas, visou retirar o controle financeiro dos estados e consequentemente centralizando-o no governo central. Com isso os estados foram impedidos de tomarem empréstimos, com entes internos ou externos, sem prévia autorização do governo. Figura 11: Getúlio Vargas Fonte: Galeria de Presidentes (1930) O governo nestes primeiros anos trabalhou no sentido de diminuir os efeitos da crise de 1929, dentre eles foi em compor grande número de leis trabalhistas que mais tarde resultariam na Consolidação de Leis do Trabalho – CLT. Sob o mesmo decreto, Getúlio criou o Tribunal Especial que viria a ser responsável por processar e julgar criminosos políticos, funcionais e outros não discriminados. Aos revoltosos ainda vivos de 1922 à 1924 o presidente concedeu anistia, ou seja perdão pelos crimes cometidos, dentre eles estava uma personalidade ilustre dos livros de História, o General Castelo Branco, que viria a ser presidente do Brasil no período mais tarde chamado de ditadura militar. 44 Com isso algumas personalidades que foram exiladas iniciaram um movimento de retorno ao país. Dentre eles, citamos a família real do Brasil, que desde o golpe em favor da república estava na Europa. No ano de 1931, Vargas juntos com ministros Aliancistas, através de um manifesto, funda a Legião de outubro, ou Clube 03 de Outubro, cujo nome é uma homenagem direta ao golpe dado no ano anterior que instituiu o Governo provisório. Embora o nome pareça amistoso, este intento, originou uma organização nacional, com qualidades de um exército civil, para adicionar as forças da Revolução. Este ato também tinha um objetivo de aprofundar a Aliança Liberal em outras áreas como economia, educação. A legião de outubro brecava medidas antirrevolução de 1930, reprimindo qualquer pleito por novas eleições. Desse modo, ela alongava a ditadura recém instaurada, assim como, instaurava a criação de organizações revolucionárias nos estados, que, assim que fundadas desbaratavam os partidos políticos. Incontestavelmente, nesta altura, os direitos políticos foram oprimidos. A força de Vargas fica tão visível aqui, que através da redação deste manifesto, a população era chamada a "empunhar as armas" caso fosse necessário. Figura 12: Revolucionários de 1924 Castelo Branco (em pé, o 2º a partir da direita) Fonte: Iconographia (1924) 45 3.2 SÃO PAULO DURANTE O GOVERNO PROVISÓRIO DE VARGAS Neste momento uma das figuras históricas mais importantes foi o militar pernambucano João Alberto Lins de Barros, ou como politicamente foi chamado João Alberto, participante da Revolta Paulista de 1924 e da Coluna Prestes, este foi um tenentista que se tornou um vulto importante para Vargas. Uma vez que São Paulo era um reduto contrário ao então Presidente Provisório, Getúlio Vargas nomeou João Alberto por sua tenacidade e liderança. No seu ato do mandato, João Alberto regulamentou, via decreto, um aumento imediato de 5% os salários dos operários e reduzindo a jornada de trabalho para 40 horas semanais, e caso a medida não fosse ajustada poderia ser usado o emprego da força, chegando inclusive ao confisco das fábricas. Embora soe aparentemente justa, a medida foi adotada com muita assertividade, gerando um desequilíbrio na economia local, pois adveio sem preparar a classe empregadora para o aumento repentino do orçamento das empresas. Evidentemente isso gerou uma enorme insatisfação. Figura 13: João Alberto Fonte: Aureliano Leite (1954) Essa medida foi deveras contrastante, pois enquanto por um lado fora totalitária, do outro lado, nas falas do próprio João Alberto, o povo (chamado por ele de operário) era impedido de fazer greve ou qualquer agitação característica de 46 ordem comunista ou anarquista. É claro que estas falas não foram endereçadas para o proletariado, pois eles estavam sendo privilegiados obviamente pela medida, e sim para a classe empregadora que era naquele instante era afetada. Todavia, com a forte crise econômica instaurada no Brasil, fundido com o regime ditatorial que se apontava, manifestações começaram as surgir em muitos estados do Brasil. Tais atos começaram a ser reprimidos com o emprego da força pelo governo. Importante destacar que embora a repressão destes movimentos foram embasados como combate ao comunismo. Devido à efervescência vivida pela industrialização principalmente nos estados de São Paulo, não era incomum alguns adeptos do regime stalinista que naquele instante afigurava. Inclusive houve uma Associação dos Empregados do Comércio que diretamente ligados ao Partido Comunista do Brasil que apoiavam o stalinismo. Contudo, estes movimentos ajudaram a favorecer a atividade sindical. Por fim, a cafeicultura enfrentava seus últimos suspiros de vida. Com o comércio internacional em baixa, o governo toma para si, dentre outras coisas, a aquisição, guarda e liquidação dos estoques de café. Como não havia demanda para a compra do produto o governo se viu obrigado a queimar centenas de sacas de café. Isto ficou tão acentuado que Noel Rosa, famoso sambista, assim escreveu e cantou: 47 O partido democrático, em manifesto, pede a retirada do Interventor João Alberto e interromper a assembleia constituinte que já começava a ser preparada com a finalidade de produzir o texto da constituição de promulgada 1934. Após vários conflitos, e muitos revoltosos presos, o então interventor deixa o governo, sendo substituído logo em seguida. Durante seu governo, João Alberto autorizou o funcionamento do Partido Comunista do Brasil, bem como, permitiu a criação da Sociedade dos Amigos da Rússia, e ajudou a fundar a seção estadual em São Paulo da Legião Revolucionária. Entre 1932 e 1933 a assembleia constituinte é convocada ainda sob muitos conflitos e no âmbito internacional Hitler torna-se Embaixador da Alemanha. 3.3 UMA NOVA CONSTITUIÇÃO EM 1934 Após 4 anos de muitas revoltas, é promulgada, em 16 de julho de 1934, a nova Constituição Da República Dos Estados Unidos Do Brasil. Como dissemos, uma constituição é a lei máxima que dita os limites jurídicos de um Estado. Em seu preâmbulo assim consta: Nós, os representantes do povo brasileiro, pondo