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Diarreia na infância Prof. Priscilla Onofre Diarreia No Brasil corresponde a quase 1/3 da mortalidade infantil - grandes variações regionais. • Nordeste: uma das principais causas de morte entre < 1 ano; • Sudeste: 6% dos óbitos; Ocupam 3º lugar entre as causas de mortalidade entre crianças de 1 a 4 anos. • - uso da TRO; • -alimentação adequada para idade e • -uso criterioso de medicamentos Redução no Brasil com o Programa de controle da doença diarreica: Gastroenterocolite Aguda (GECA) • Aumento da frequência ou diminuiça ̃o da consistência das fezes (>3 evacuações aquosas em 24 horas). • Diarreia Aguda:< 14 dias, • Persistente > 14 dias • Crônica > 3 semanas (21 dias) Diarreia: Diarreia aguda: -perda anormal de água e eletrólitos por via intestinal, -devido a um desequilíbrio das funções fisiológicas do tubo digestivo (digestão, absorção e secreção), -que resulta no aumento do volume e da frequência das evacuações e diminuição da consistência das fezes, apresentando algumas vezes muco e sangue. Provocada por agente infeccioso e dura menos de 2 semanas e pode ser acompanhada por vômito e febre. diarreia aguda • Nível sócio econômico baixo • Amamentação: crianças desmamadas - risco 14,2 vezes • Qualidade da água, saneamento, higiene doméstica e pessoal ruim • Baixo peso ao nascer - crianças nascidas com o peso inferior a 2500g tem 2 vezes mais risco nos primeiros 6 meses. • Estado nutricional: incidência maior em desnutridos. Fatores de risco para morbimortalidade por diarreia: Vírus: mais frequentes, rotavírus, adenovírus entérico, astrovírus, calicivírus, Norwalk vírus. Bactérias: Escherichia coli (25% dos casos), Shigellae sp, Salmonellae sp (cuidados: ovos na geladeira - prateleira, ovos cozidos pelo menos 7 min, válido até 5 semanas), Campylobacter jejuni, Aeromonas hydrophila, Vibrio cholerae. Protozoários: Giardia Lamblia, Cryptosporidium sp, Entamoeba sp. Diarreia aguda Agentes causadores/etiologia: Diarreia aguda • 1- Coprocultura e Protoparasitológico • Solicitar nos casos que necessitam de internação; nos casos de diarréia prolongada ou com história de viagens recentes ou em crianças que freqüentam creches (giárdia). • 2- Pesquisa de leucócitos nas fezes: colites invasivas (Shigella, Salmonella, Campylobacter). Diagno ́stico diarreia aguda • Prevenção da desidratação para os casos de diarreia sem desidratação; • Correção da desidratação, quando presente; • Manutenção da alimentação adequada para a idade; • Orientação às mães quanto a evolução do episódio atual e prevenção de novos episódios; O tratamento tem como objetivos: Manutenção do aleitamento materno. Leite de vaca: manter a ingesta em volume menor e maior frequência. Cuidados na diarreia aguda O melhor controle da doença é pela medida do peso. • diarreia com sangue e suspeita de Shigella sp. • Amebíase intestinal aguda • Giardíase aguda Os antimicrobianos estão restritos aos casos com disseminação do processo infeccioso, ao período neonatal e imunodeprimidos, além da recomendação para os casos de: Diarreia persistente • Cerca de 10% das diarreias agudas, duram mais de 14 dias. • Síndromes de má-absorção que cursam com diarreia crônica podem, inicialmente, serem confundidas com a diarreia persistente. • A suspensão ou restrição da dieta durante a diarreia é um fator que contribui para agravar o estado nutricional da criança – mau prognóstico. • Medicamentos que atuam diminuindo o peristaltismo ou o uso abusivo de antibióticos pode favorecer a proliferação de patógenos na porção proximal do intestino delgado. Diarreia persistente • É uma continuação do tratamento da diarreia aguda, redobrar os cuidados com a criança. • Parâmetros para avaliar a criança: estado geral de hidratação e evolução do peso. • Se está com bom estado geral e ganhando ou mantendo peso = tratar a criança no domicílio mantendo a alimentação habitual para a idade. • Se sinais de desidratação: TRO em serviço de saúde, por risco maior de apresentarem distúrbios eletrolíticos ou requerem hidratação EV. Tratamento: Diarreia crônica Diarreia que ocorre por um período superior a 3 semanas • falta de lactase - fermento intestinal básico para digerirmos o leite – intolerância a lactose. • insuficiência de suco pancreático com consequente má-absorção de gorduras, que passam a atuar como laxantes. Estão relacionadas a doenças crônicas do TGI (como doenças inflamatórias do intestino) ou intolerância persistente a algum alimento em específico. O tratamento da diarreia crônica é determinado por sua causa Orientações gerais para as diarreias: Estimular a ingestão de líquidos durante o processo diarreico. Dieta com alimentos de fácil digestão e absorção. A adição de gorduras de mais fácil digestão. Fracionar as refeições. Frutas sob forma de sucos ou papas, ricas em fibras hidrossolúveis que retardam o trânsito intestinal (maçã, pêra, goiaba). Assistência de enfermagem: Educar os pais e a criança (em idade adequada) para a saúde da criança quanto a: conhecer informações a respeito da doença do filho afim de prevenir novos episódios e evitar disseminação; • a criança não consegue beber ou mamar, • piora do estado geral, • aparecimento ou piora da febre, • sangue nas fezes. reconhecer os sinais que demandam o seu retorno imediato ao serviço: Considerar os conhecimentos maternos e sua realidade de vida é essencial. Assistência de enfermagem: Estimular o aleitamento materno; Manter imunizações em dia; Avaliar saneamento básico; • higiene das mãos, • troca de fraldas para prevenção de dermatite (troca logo após a evacuação) • cuidados com a dermatite ou a pele hiperemiada. Orientar práticas adequadas de higiene pessoal: Realizar práticas adequadas de preparo e conservação de alimentos; DESIDRATAÇÃO Conceito: Distúrbio - Perda de líquidos corporais e eletrólitos. Eliminação total de líquido que ultrapassa a ingestão total. RESULTA DE DOENÇAS QUE PROVOCAM PERDAS como: -Diarreia AGUDA – CAUSA PRINCIPAL EM PAÍSES DE TERCEIRO MUNDO - Grandes queimados Epidemiologia Estima-se que em todo o mundo, ocorram 1,3 milhões de óbitos/ano, em crianças menores de 5 anos de idade, devido a doença diarréica e que, aproximadamente, 60% destes óbitos devam-se a ̀ desidrataça ̃o. As taxas de mortalidade infantil, apesar de ainda altas no Brasil, têm apresentado reduções importantes nas u ́ltimas décadas, inclusive na regia ̃o Nordeste. Estas reduções observadas decorrem de intervenções nos serviços de sau ́de, mas principalmente sa ̃o resultantes de uma divulgaça ̃o mais ampla dos conhecimentos sobre a Terapia de Reidrataça ̃o Oral (TRO). Alterações fisiopatológicas • queda de PA • diminuição do fluxo plasmático nos rins (redução do volume urinário e concentração da urina) As principais alterações ocorrem devido a redução do volume extracelular, são elas: Tipos de desidratação Isotônica: quando há perda da mesma proporção de água e íons – a mais comum principalmente na diarreia aguda Hipertônica: quando há perda de mais de água que íons – rara Hipotônica: quando há perda de mais de íons que água – comum em desnutridos e diarreia prolongada Classificação do Grau de Desidratação Sinais Clínicos Leve Moderada Desidratação grave Aspecto Alerta Irritada com sede Deprimida/ comatosa Circulação <3s 3 a 10 s Maior que 10s Pulso Normal ou aumentado aumentado Impalpável ou muito rápido Elasticidade da pele normal diminuída Muito diminuída (turgescência) Olhos normais Ligeiramente fundos Fundos Fontanela plana pouco deprimida Deprimida PA Normal Normal ou diminuída diminuída Mucosa Úmidas ou pouco secas seca ressecadas Débito urinário Normal ou pouco reduzido Oligúria <0,5 mL/Kg/dia Anúria Oligu ́ria e ́ definida, classicamente, como a reduça ̃o do volume urina ́rio para um valor baixo. • Adulto menorde 400 mL em 24 horas. • Criança: inferior a 0,3 – 0,5 mL/Kg/dia Tratamento • oferecer terapia de reidratação oral (TRO) Desidratação Leve: • oferecer terapia de reidratação oral (TRO) • Se não apresentar melhoras indicar a hospitalização Desidratação Moderada: • Hidratação endovenosa • Manter criança hospitalizada até estabilização do quadro. Desidratação Grave: Terapia de Reidratação Oral -TRO Papel importante na redução da mortalidade por diarreia, devido a sua eficácia, segurança, baixo custo e de fácil aplicação. Método de administração de uma solução de composição / e concentração ideais para prevenção e tratamento da desidratação. • repor no menor tempo possível o volume de líquidos e eletrólitos perdidos; • não interromper o aleitamento materno, • oferecer alimentos conforme aceitação da criança tão logo esteja reidratada, • manter o estado de hidratação. Princípios: Duração de 24 horas e consiste em: 3,5 gramas de sal (1 colher de chá) 20 gramas de açúcar (1 colher sopa) 1 litro de água filtrada ou previamente fervida. Poderá adicionar ½ colher de chá de bicarbonato de sódio. SORO CASEIRO Açúcar Sal Água Para evitar erros de preparação utilizar colheres padrão recomendadas pela UNICEF. Essa colher com as medidas corretas podem ser adquiridas em farmácias populares ou UBS. Neste caso, basta misturar 1 medida rasa de sal e duas medidas rasas de açúcar em 200 mL de água para que o soro fique com as concentrações mais próximas do recomendado pelo Ministério da Saúde e a OMS. Algumas preparações comerciais oferecem soro rehidrantante, incluindo pota ́ssio. Ex: Hidrafix Pedialyte Rehidrat Prescrição do TRO Ingerir ao longo do dia em dose pequenas e frequentes, evitando distensão do estômago e vômitos. • Ate ́ 1 ano – 50 a 100ml • De 1 a 10 anos – 100 a 200ml • > 10 anos – 400ml ou o quanto desejar • 10 mL/Kg cada vez que o paciente tiver um episódio de diarreia. • 2 mL/Kg cada vez que o paciente tiver um episódio de vômito. • Nas crianças, o recomendado é 50 mL/Kg a cada 4 horas. • Ex: uma criança de 10 quilos deve consumir 500 mL de soro no período de 4 horas. Em média, a quantidade de li ́quidos por via oral que deve ser oferecida apo ́s cada evacuac ̧a ̃o diarre ́ica ou vômito deve ser a seguinte: Orientações A ma ̃e deve ser orientada a notar os seguintes sinais cli ́nicos de piora na crianc ̧a: Na ̃o consegue beber nem mamar no peito Piora do estado geral Diminuic ̧a ̃o da diurese Sede aumentada Sangue nas fezes Atuação da Enfermagem Orientar or responsáveis quanto os sinais de piora do Quadro: Na ̃o consegue beber nem mamar no peito Piora do estado geral Diminuic ̧a ̃o da diurese Sede aumentada Sangue nas fezes Incentivar a vacinação infantil Incentivar o aleitamento materno Verificar saneamento básico e condições de vida Conhecer, orientar e combater as fontes de contágio e impedir a transmissão de agentes enteropatogênicos. Referências Bibliográficas •SCHIMITZ, Edilza M. / DESIDRATAÇÃO: A enfermagem em pediatria e puericultura / Editora Atheneu •SIGAUD, Cecília H. de S. / ENFERMAGEM PEDIÁTRICA – O cuidado de enfermagem à criança e ao adolescente / Editora EPU •WHALEY E WONG, Donna L. / Enfermagem Pediátrica – Elementos Essenciais à Intervenção Efetiva / 5ª Edição / Editora Guanabara Koogan •http://www.medicina.ufba.br/educacao_medica/graduacao/dep_pediatria/disc_pedi atria/disc_prev_social/roteiros/diarreia/hidratacao_oral.pdf Obrigada pela atenção!