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5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 Fisiologia UCXV Febre Os órgãos internos (fígado, cérebro, coração e músculos esqueléticos) são os principais responsáveis pela produção de calor. Este calor é transferido dos órgãos e tecidos profundos para a pele, onde é perdido para o ar e o meio ambiente. A transferência de calor do centro do corpo para a pele é feita através do fluxo sanguíneo. A condução de calor pelo sangue é controlada através do grau de vasoconstrição existente nas arteríolas e anastomoses arteriovenosas, sob controle do sistema nervoso autônomo (simpático) Controle da Temperatura corporal A temperatura corporal é controlada por meio do centro termorregulador localizado no hipotálamo anterior. Este centro termorregulador funciona como termostato buscando equilíbrio entre a produção de calor (derivada principalmente da atividade metabólica no músculo e fígado) e a perda de calor pela pele e pulmões Em geral, a temperatura corporal média é mantida apesar das variações ambientais, tendo em vista que o centro termorregulador do hipotálamo equilibra a produção excessiva de calor derivada da atividade metabólica dos músculos é do fígado, por dissipação do calor através da pele e dos pulmões. A temperatura oral média (indivíduos sadios entre 18- 40 anos) é 36,8 ± 0,4°C, com valores menores às 6 horas e mais elevados entre às 16 e 18 horas. A temperatura oral máxima é 37,2 °C às 6 horas e 37,7 °C às 16 horas. A temperatura acima de 37,2°C pela manhã ou acima de 37,7°C à tarde definem o estado de febre. A temperatura retal é geralmente 0,4°C mais alta que a aferição oral é 0,8°C mais alta que a temperatura axilar Ponto de ajuste da temperatura no hipotálamo (aprox. 37,1°C): todos os mecanismos de controle da temperatura tentam continuamente trazer a temperatura corporal para o nível desse ponto crítico. Manutenção da temperatura corporal Sinais de erro, que representam um desvio da temperatura normal, desencadeiam respostas que tendem a reestabelecer a temperatura corporal. O resfriamento causa: Tremores por meio de contrações musculares (calafrios) que aumentam a produção de calor O aumento da atividade da tireoide e da atividade neurológica simpática tende a aumentar o metabolismo e a termogênese A perda de calor é reduzida pela ereção dos pelos e vasoconstrição cutânea. Em várias situações o organismo deverá capaz de eliminar calor para a manutenção da homeotermia. Os principais mecanismos de perda de calor são: Evaporação: quando a água se evapora da superfície corporal verifica-se uma perda de 0,58 calorias por grama de água. Este fenômeno ocorre na pele e nos pulmões, mesmo quando a pessoa não está suando, e é responsável por uma perda média de 12 a 16 calorias por hora Irradiação: a perda por irradiação é mais importante, cerca de 60% em condições normais. Esta perda ocorre em forma de raios de infravermelho, uma forma de onda eletromagnética que todos os objetos (acima do zero absoluto) emitem. Portanto o corpo humano emite e recebe este tipo de onda, sendo que quando o copo está mais quente que os objetos em sua volta ele emite mais que recebe. Condução: a troca de calor direta com outros objetos através da condução é responsável por uma parte bem pequena da quantidade de calor perdida (3%). Já a condução para o ar representa uma parte bem mais significativa, cerca de 15%. Convecção: a remoção de calor através de corrente de ar (convecção) é uma etapa após a condução, devido ao fato do ar quente ter a tendência de elevar-se. Este fenômeno evita que o ar quente fique em contato com a pele, o que prejudicaria a troca da calor 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 Perda de calor Ajustes circulatórios: a vasodilatação cutânea por exemplo, facilita a perda de calor para o ambiente Evaporação: cerca de 25% do calor produzido por um mamífero em repouso é perdido por evaporação de água pela e vias respiratórias Sudorese: em seres humanos se dá basicamente por glândulas (supridas por fibras colinérgicas presentes em nervos simpáticos) Polipneia (aumento da frequência e profundidade respiratória); ocorre um aumento na frequência respiratória para que haja aumento da expulsão de calor por vias respiratórias Febre Febre é a elevação da temperatura corporal que excede a variação normal diária e ocorre em conjunção com um aumento do ponto de ajuste hipotalâmico (ex de 37,1 para 39°C). Quando o ponto de ajuste do hipotálamo está elevado, os neurônios do centro vasomotor são ativados dando início à vasoconstrição, inicialmente percebida nas mão e nos pés. Os tremores que elevam a produção muscular de calor podem começar paralelamente com a vasoconstrição – a pele torna-se fria e a pessoa treme A termogênese hepática contribui para aumentar a temperatura Os processos de conservação (vasoconstrição) e geração (tremores e termogênese hepática) de calor continuam até que a temperatura do sangue que irriga os neurônios hipotalâmicos atinja o novo ponto de ajuste do termostato Quando esse patamar é atingido, o hipotálamo mantém o estado febril pelos mesmos mecanismos de equilíbrio do calor que funcionam no indivíduo sem febre Quando o ponto de ajuste do hipotálamo é reajustado para baixo (em resposta a redução de pirogênios ou uso de fármacos antipiréticos), os processos de perda de calor por vasodilatação e transpiração são ativados Causas: Doenças bacterianas Proteínas e produtos de degradação de proteínas (liberados por tecidos em degeneração ou necrose). Anormalidades no cérebro (tumores, lesões) Desidratação. Patogenia da febre Pirógenos: qualquer substância que cause febre. Pirógenos exógenos: produtos microbianos, toxinas microbianas ou microrganismos inteiros. O exemplo clássico é a endotoxinas lipossacarídea, produzidas por todas as bactérias gram-negativas Os produtos pirogênios das bactérias gram positivas incluem enterotoxinas do S. aureus e as toxinas dos estreptococos dos grupos A e B (superantígenos). 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 As enterotoxinas estafilocócicas são um grupo de proteínas de baixo peso molecular, de cadeia única, termoestáveis, pirogênicas. A ingestão de toxinas pré-formadas em alimentos produz diarreia e vômito após 2 a 8 horas, mas a quantidade de enterotoxina necessária para acarretar doença depende da susceptibilidade, do peso e da saúde da pessoa afetada. Os leites crus ou pasteurizados e os queijos têm sido frequentemente implicados como veículos de transmissão de bactérias patogênicas e com surtos de intoxicações estafilocócicas relatados em todo o mundo. Citocinas pirogênicas: são proteínas de pequeno peso molecular que regulam processos imunes, inflamatórios e hematopoiéticos. Exemplos: IL-1, IL6, TNF, interferon (INF) As toxinas lipossacarídeas oriundas das membranas celulares de bactérias estimulam a liberação de citocinas IL-1 e TNF nos leucócitos → aumentam liberação de COX e PGs → no hipotálamo, a PGE2 estimula a sinalização intracelular (AMPc), aumentando a temperatura Sinais e sintomas da febre Sensação de cansaço. Sudorese Tremor, calafrios Ranger de dentes. Rubor facial (vermelhidão na face) Cefaleia Astenia, inapetência, Taquicardia, taquipneia, oligúria Náuseas, vômitos Delírio, confusão mental, convulsão. Classificação da febre Quanto ao padrão de alteração da temperatura Persistente: a temperatura mantém-se elevada de forma persistente com variação mínima. Exemplo: febre tifoide. Intermitente: a temperatura volta ao normal a cada dia, mas depois aumenta novamente. Remitente: flutuações diárias maiores que 2ºC e a temperatura não retorna aos níveis normais. Exemplo: tuberculose, viroses, infecções bacterianas, processos não-infecciosos. Recorrente ou recidivante: os episódios de febre são separados por longos intervalos de temperatura normal. Exemplo; malária, linfomas, infecções piogênicas, febre de arranhadura do gato. Exames laboratoriais Hemograma Contagem diferencial preferencialmente manual (granulação tóxica, células jovens, neutropenia) Dosagem de proteína C reativa Velocidade de hemossedimentação 5° fase Medicina Maria Eduarda Zen Biz – ARM 2025.1 Hipertermia É uma temperatura do corpo elevada (acima de 40-42°C relacionada à incapacidade do corpo de promover a perda de calor ou reduzir a produção de calor. Se diferencia da febre pela não alteração nos ajustes do centro termorregulador, somada a um aumento incontrolado na temperatura corporal, que sobrepassa a capacidade do corpo para perder calor. Pode evoluir rapidamente ao óbito e caracteristicamente não responde aos antipiréticos. Causas: Exposição por longo tempo a temperatura elevada (sol, agua, fornos ou ambientes). Internação: Condições ambientais que podem resultar na elevação da temperatura além de uma temperatura crítica (40,5-42,2 °C). Reação do organismo, frente a alguma doença. Prática excessiva de atividade física Desidratação Intoxicações diversas Fármacos como fenotiazinas, depressores miocárdicos, barbitúricos, anfetaminas, salicilatos, lítio, anticolinérgicos. Lesões no SNS: hemorragias, lesão hipotalâmica. Hipertermia maligna: anestésicos inalantes, succinilcolina Manifestações Clínicas: Pele seca Alucinações, delirium Midríase Rigidez muscular Níveis elevados de creatinofosfoquinase (pode ser um marcador de infarto do miocárdio, miocardite, hipertermia e distrofia muscular) Tratamento: Resfriamento físico: esponjas úmidas, ventiladores, mantas resfriadores, banhos no gelo, devem ser iniciado imediatamente. Administração de líquidos IV Lavagem gástrica ou peritoneal com soro fisiológico gelado (caso o resfriamento externo não consiga abaixar de forma suficiente a temperatura) Em casos extremos: hemodiálise ou circulação extracorpórea com resfriamento do sangue. A hipertermia maligna deve ser tratada com a interrupção da anestesia e administração IV de dandroteleno sódico
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