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PÓS-GRADUAÇÃO 
LATO SENSU 
A FORMAÇÃO DO SUJEITO ECOLÓGICO 
SOBRE SUSTENTABILIDADE E 
TECNOLÓGICO 
 
SUMÁRIO: 
APRESENTAÇÃO 
UNIDADE I: 
O SUJEITO ECOLÓGICO 
1. Introdução 
2. O sujeito ecológico: definição e princípios 
3. Sociedade plenamente ecológica 
4. A reconstrução dos valores 
4.1. Para reconstruir novos valores 
5. Concepção de educação: a constituição de sujeitos ecológicos 
5.1. Educação do sujeito ecológico e sua concepção de ensino e 
aprendizagem 
5.2. A constituição do sujeito ecológico no contexto escolar 
UNIDADE II: 
O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 
1. Formação do sujeito ecológico e a crise socioambiental contemporânea 
2. O ensino: posicionamentos críticos e reflexivos e atuação cidadão 
UNIDADE III: 
CONSTITUIÇÃO DE SUJEITOS ECOLÓGICOS 
1. Cidadania ambiental e consciência ecológica 
2. Sustentabilidade e cidadania 
3. Sustentabilidade socioambiental 
4. O sujeito ecológico: ecodesenvolvimento ou sustentabilidade 
UNIDADE IV: 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
1. Introdução 
2. Educação Ambiental: processos evolutivos e conceituais 
 
3. Educação Ambiental: natureza, fins e competências 
4. Educação Ambiental: características, concepção e estruturação 
pedagógica 
5. Educação Ambiental: um processo em construção e reconstrução 
6. Educação Ambiental: uma necessidade emergente 
UNIDADE V: 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
1. Aspectos legais e suas práticas educativas 
UNIDADE VI: 
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PROCESSO EDUCATIVO 
1. Introdução 
2. A educação ambiental no processo ensino-aprendizagem 
3. Educação ambiental e currículo 
4. Critérios de seleção e organização dos conteúdos da educação ambiental 
UNIDADE VII: 
A INTERDISCIPLINARIDADE METODOLÓGICA E 
EPISTEMOLÓGICA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
1. Introdução 
2. Educação ambiental como tema transversal 
3. Enfoque voltado para a solução de problemas 
4. Pensar a sustentabilidade 
5. Sociedade de risco, reflexividade e complexidade 
UNIDADE VIII: 
OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O PAPEL DO 
PROFESSOR 
1. Introdução 
2. Formação de professores e a educação ambiental 
 
3. Identidade de educador ambiental como sujeito ecológico 
4. Mudanças de paradigmas: interdisciplinaridade e organização do 
trabalho educativo na escola 
5. Educação ambiental e a formação da cidadania ecológica 
6. Sustentabilidade, movimentos sociais e a educação ambiental 
UNIDADE IX: 
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 
1. Introdução 
2. Estratégias metodológicas 
2.1. Projeto educativo coletivo 
2.2. Perspectiva global e local 
2.3. Maior sinergia escola e comunidade 
2.4. Interdisciplinaridade 
2.5. Transversalidade 
3. Exercício do pensamento complexo 
4. Dinâmicas para práticas de educação ambiental 
4.1. Dinâmica de apresentação 
4.2. Dinâmica de preparação para o trabalho 
4.3. Dinâmica de fixação 
4.4. Dinâmica da engrenagem 
4.5. Dinâmica dos paradigmas: 
4.6. Dinâmica do salvador 
5. Vivência I: percepções 
6. Completar as frases 
7. Teia da vida 
8. Estudo de caso 
9. Sugestões de estudos de caso 
 
9.1. Poluição do solo (disposição de resíduos sólidos em lixão ilegal) 
9.2. Poluição do ar (queima ilegal de resíduos sólidos) 
9.3. Poluição da água (disposição de resíduos domésticos, agrícolas e 
industriais ilegais nos rios. Colocar nome dos rios) 
9.4. Separação do lixo (coleta irregular do lixo pelos catadores não 
cadastrados) 
10. Práticas 
10.1. Minicomposteira 
10.2. Papel reciclado 
10.3. Detergente ecológico 
10.4. Detergente ecológico multiuso: 
11. Orientações de como elaborar projetos em educação ambiental 
11.1. Introdução 
11.2. O planejamento das etapas do projeto 
11.3. O diagnóstico 
11.4. O resultado do diagnóstico 
12. O projeto em educação ambiental 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I: 
 
O SUJEITO ECOLÓGICO 
 
1. INTRODUÇÃO 
A concepção de meio ambiente tem uma relação direta com as 
práticas pedagógicas que serão elaboradas e a situação ambiental que 
vivenciamos hoje é imperativa no sentido de exigir que soluções sejam 
condizentes com a realidade. Nesse sentido, o sujeito ecológico tem seu 
alicerce embasado na corrente crítica de Educação Ambiental, que concebe 
o meio ambiente em sua totalidade, considerando as complexas e 
conflituosas interfaces que permeiam a relação homem e natureza. 
Nessa unidade buscaremos apresentar as concepções sobre o que é o 
Sujeito Ecológico, definindo-o, contextualizando-o frente às demandas 
sociais de sustentabilidade, desenvolvimento tecnológico e refletir sobre o 
a formação desse sujeito imprescindível, capaz de assumir compromisso 
social, político e ético com a sustentabilidade do planeta. Vamos 
inicialmente compreender o conceito e seus princípios: 
 
2. O SUJEITO ECOLÓGICO: DEFINIÇÃO E PRINCÍPIOS 
O sujeito ecológico designa um ideal, pessoal e social norteador das 
decisões e estilos de vida dos que adotam, em alguma medida, uma 
orientação ecológica em suas vidas. 
Segundo Isabel Carvalho (2008), o sujeito ecológico é um ideal de ser 
que condensa a utopia de uma existência ecológica plena, o que também 
implica uma sociedade plenamente ecológica. A palavra utopia que se 
encontra na definição, não deve ser vista de forma pejorativa. Entenda-se 
 
por utopia, o norte das ações do homem que nada poderia fazer se não 
tivesse idealizado previamente. “A utopia é aquele conjunto de projeções, 
de imagens, de valores, e de grandes motivações que inspiram práticas 
novas e conferem sentido às lutas e aos sacrifícios para aperfeiçoar a 
sociedade” (BOFF, 2002, p.98). 
 O conceito de sujeito ecológico norteia para um ideal de ser, um 
modelo diferente de plasmar a realidade; sinaliza para uma convocação que 
não deve ser negligenciada, porque não é um ato de caridade, e sim, de 
responsabilidade. É a via que pode arrebatar a pessoa da vida vegetativa 
(concebida às vezes como vida normal) para o ímpeto das potencialidades 
da pessoa. Mas o conceito não deve se revestir de um caráter utilitário, 
porque não é uma ferramenta disponível, seria converter o ideal em pura 
técnica. 
 Este ideal é uma invocação, e não um instrumento a ser utilizado num 
sistema complexo de utensílios. Mas comprometer-se com o ideal do 
sujeito ecológico não se resume ao ativismo ou a adoção de atitudes 
naturalistas, pois é preciso ir, além disso, para que exista uma sociedade 
plenamente ecológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. SOCIEDADE PLENAMENTE ECOLÓGICA 
Entendemos ser fundamental para a formação do sujeito ecológico que 
se compreenda o valor da participação na mudança, e a necessidade da 
reconstrução dos valores. 
 Ser um sujeito ecológico participante não significa somente estar 
presente, participar nesse contexto, diz respeito à atitude cooperativa, à 
assunção voluntária e consciente do compromisso com o progresso, 
imprimindo discretamente a dignidade de sua conduta em todo lugar onde 
se fizer presente. Entretanto, essa dignidade não assenta na pretensão de 
uma perfeita moralidade, mas no reconhecimento da falibilidade humana e 
na luta incessante e silenciosa do homem com ele mesmo. 
O sujeito ecológico deve ter em mente que a cultura consiste num 
compartilhamento de ideias e de atitudes que se constroem umas das 
outras, e precisa zelar por elas. “[...] os indivíduos se fazem uns aos outros, 
tanto física como espiritualmente, mas não se fazem a si mesmos [...]”. 
(ENGELS & MARX. 1987, p.55). 
Parece simplório sugerir a assunção desse compromisso, visto que há 
muita gente vivendo em adversidade, e que pouco ou nada se importa com 
tal causa, já que tem coisas mais importantes para se preocupar, como 
assuntos relativos à própria subsistência, como: comer, vestir-se, trabalhar, 
cuidar da família. 
Outros fatores, que certamente parecem fragilizar esse propósito 
encontra-se ancorado na cultura da sociedade contemporânea que justifica 
sua postura de “sujeito não ecologicamentecorreto” diante dos vários 
obstáculos impostos pela nossa sociedade, como por exemplo, a 
valorização da rapidez, que pode reforçar a opção pelo transporte 
individual em geral mais rápido, e conflitará com opções mais ecológicas, 
 
como ir a pé, de bicicleta, ou de transporte público para o trabalho, nem 
sempre é possível adotar a proposta ecológica de forma integral e 
exclusiva. 
Sabemos que mudar cultura, hábitos e valores não é tarefa fácil nem 
impossível. Sendo assim, a busca de imprimir uma orientação ecológica à 
vida não nos poupa de contradições, conflitos e negociações diárias. Para 
alguns grupos sociais, os ideais preconizados pelo sujeito ecológico são 
vistos como ingênuos, anacrônicos, pouco práticos, excêntricos, ou de 
alguma forma reconhecidos como “valores não desejáveis”, para uma 
sociedade extremamente consumista e inconsequente, que não vê o meio 
ambiente como parte da sua própria existência e sobrevivência. 
Contudo, não se solicita a um cego que contemple uma obra de arte, 
ou a um mudo que cante; só se fazem requerimentos àqueles suscetíveis de 
correspondê-los, esses incitarão outros, e assim sucessivamente. “Uma vez 
que o homem resista à totalidade da sua época, que a faça deter à porta, e a 
obrigue a prestar contas, isso exerce forçosamente influência. [...]”. 
(NIETZSCHE, 2007, p.127). A falta de participação das pessoas consta 
mais no amor a si mesmo que na falta de condições psicológicas, ou de 
esclarecimento. 
Não há quem nunca tenha sonhado um dia em viver num mundo 
melhor, mas a maior parte do contingente não se dispõe a contribuir para 
isso. Só é oferecido de si o que lhes exige pouco esforço. O medo de 
aventura-se em busca do novo não os permite desvencilhar-se do atavismo 
que continua ecoando na história. Ficam enviscados na certeza do imediato 
por receio de se arriscarem nas possibilidades do futuro. Buscam 
avidamente por um meio de se garantirem numa realidade palpável, sem se 
 
darem conta que a perpetuação dessa mesma realidade é uma prisão sem 
muros, e que não os deixa menos vulneráveis aos riscos do devir. 
 Costuma-se criticar os estadistas, as pessoas jurídicas, a elite, como 
se estes fossem seres heterogêneos e perversos, responsáveis por todo mal 
da sociedade. Não se percebe que se trata de pessoas semelhantes àquelas 
que constituem as massas, e apresentam nuanças quanto aos defeitos e 
qualidades que possuem; e mesmo se houvesse uma ditadura do 
proletariado como pretendia Engels e Marx (1987), as mudanças que 
ocorressem seriam apenas na configuração da tessitura social, mas não 
cessariam os conflitos porque suas raízes emergem das deficiências morais 
humanas. 
 A maior dificuldade em encontrar os caminhos para mudança social, 
reside em as pessoas lançarem-se num ponto de vista que não as incluem, a 
não ser como vítimas. Para além disso, mudar demanda coragem, não só 
diante da incerteza quanto ao futuro, mas também perante os preconceitos 
sociais. É uma renúncia de si que remete ao encontro consigo. 
 Num grupo social, geralmente, só são aceitas mudanças triviais, 
aquelas que não ameaçam a estabilidade dos valores instituídos e 
hierarquizados. Toda diferença que apresente um caráter insólito constitui 
um risco para as mentes conservadoras. Por recearem não serem aceitos, 
muitas pessoas se entregam ao peso da normatividade dos costumes, e se 
dissolvem na heteronomia de uma vida ditada. Impressiona como as 
pessoas expõem mais ao risco seus próprios corpos que as representações 
de si. Não entendem que é impossível vencer a força imperativa de uma 
tendência sem propugnar, e não se sai do combate sem ferimentos. A 
vitória é prerrogativa dos que se lançam na batalha e na reconstrução dos 
 
valores, de ideologias, de costumes e de novas concepções de 
sustentabilidade. 
 
4. A RECONSTRUÇÃO DOS VALORES 
 Toda cultura se desenvolve sob valores e crenças, que moldam a 
forma de pensar daqueles que estão inseridos nela, isto é, constitui suas 
ideologias. Chauí (2000) define a ideologia como um corpo sistemático de 
representações e de normas que nos “ensinam” a conhecer e agir. Na visão 
de Marx a ideologia tem um sentido pejorativo, como algo que distorce a 
realidade e nos aprisiona na alienação. Outros pensadores como Mounier 
(2004) e Ricoeur (2008), a concebem de outra forma. O primeiro 
considerava que sempre se incorre em alguma forma de alienação, e que a 
única forma de se subtrair a isso seria ter conhecimento cabal do mundo e 
de tudo que há nele. Para o segundo, não há como eludir da ideologia, pois, 
mesmo o pensamento mais racional, consiste num conjunto de ideias 
desenvolvidas, isto é, uma ideologia. 
Consideremos um pouco da visão de cada um, uma vez que não poder 
alijar-se de qualquer forma de ideologia, e que mesmo que esta possa 
conduzir a uma ilusão nefasta, não condena o indivíduo ao aprisionamento 
num dado conjunto de ideias. Esta questão é de extrema importância, 
porque as pessoas dificilmente inquirem suas próprias ideias, ou buscam 
fundamentação lógica na origem dos valores que adotaram, mas parecem 
aderir cegamente a tais valores de forma que estes não se constroem sob 
reflexão. 
Chauí (2000) salienta que as ideias deveriam estar nos sujeitos e 
acompanhar-lhes nas suas relações, mas na ideologia (no sentido 
pejorativo), são os sujeitos que parecem se encontrar nas ideias. É nesse 
 
sentido que a ideologia constitui uma ameaça, porque pode favorecer a 
cultura de massas, fazendo com que os sujeitos passem a enxergar como 
natural, uma realidade artificial minuciosamente planejada. 
 
4.1. Para Reconstruir Novos Valores 
 De acordo com Gadotti (2000), o capitalismo tem necessidade de 
substituir felicidades gratuitas por felicidades vendidas ou compradas. 
Conforme, na maioria das vezes, as pessoas tentam permutar os bens 
gratuitos pelas “maravilhas” da modernidade, como foi apontado por 
Santos (2007), no caso de algumas formas de migrações, que nem sempre 
tem como causa a dificuldade econômica, mas a falta de acesso ao 
consumo. 
 As verticalizações, bem como os aparatos tecnológicos e as novas 
opções de lazer (que exclui aqueles que não dispõem de condições 
econômicas para usufruí-las), faz com que a maioria do contingente 
populacional esqueça-se das gratuidades da natureza que ainda podem ser 
logradas. 
O sentido da vida é impregnado pela lógica do mercado, onde só 
adquire valor aquilo que pode ser cifrado; os ideais de vida converteram-se 
em pura mimese da felicidade simulada nas telas do cinema e da TV; o 
conhecimento não tem outra finalidade a não ser conquistar um espaço no 
mercado de trabalho e angariar altos salários; atrela-se o valor de cada 
pessoa pelo status (que não é só o econômico) que está apresenta. 
Todos esses problemas se esteiam e perpetuam pelo fato de as 
pessoas insistirem em adaptar-se a essa realidade em vez de tentarem 
mudá-la. A soberania popular se esboroa em núcleos de reciprocidades que 
se tecem em continência aos ditames de uma ordem que lhes é estranha, 
 
conquanto aceita, segregando os atores sociais e esmaecendo seu poder de 
transformação. 
Santos (2007), afirma que a força da alienação advém da fragilidade 
dos indivíduos quando estes apenas conseguem identificar o que os separa 
e não o que os une. Faz-se necessário que se construam novos valores, que 
se busque pensar o impensado, que se partam os grilhões dessa cadeia 
ideológica, e que se formem mais indivíduos autônomos, ao invés de 
autômatos. Para reconstruir novos valores, o sujeito ecológico precisa ter 
senso de compromisso, e este deve se firmar na incumbência que a vida 
delega a todos que estão nela. 
Dentro dos grupos sociais que se identificam com os ideais 
ecológicos está o Educador Ambiental, que é alguém identificado com o 
sujeito ecológico como ideal de ser e formador deste mesmo ideal na sua 
ação educativa e na constituiçãode sujeitos ecológicos. Vamos entender 
como eles se constituem no contexto escolar? 
 
5. CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO: A CONSTITUIÇÃO DE 
SUJEITOS ECOLÓGICOS 
Retomando a questão anterior entendemos a educação como um 
processo de formação contínuo e permanente. Logo, é possível educar o 
sujeito ecológico. Parafraseando Freire, “Se a educação sozinha não 
transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda” (PAULO 
FREIRE, 2000 p.3). A educação é um instrumento de formação e de 
transformação de saberes, consciências, comportamentos, capaz de 
contribuir significativamente na formação de sujeitos ecológicos e muni-los 
de ferramentas para entender e transformar a realidade. 
 
 
5.1. Educação do sujeito ecológico e sua concepção de ensino e 
aprendizagem 
A concepção de ensino de aprendizagem para a formação do sujeito 
ecológico consciente e comprometido com o desenvolvimento sustentável 
deve ser pautada na relação sócio-histórico-interacionista, que tem como 
pressuposto teórico metodológico as teorias de Piaget e de Vygotsky. 
Nutrindo a convicção de que os conhecimentos precisam ser reconstruídos 
em consonância com as novas demandas sociais, histórica, econômica, 
política e, acrescento, ambientalistas no qual as interações ocorrem, 
estimulando os sujeitos a refletir sobre a sua realidade e a buscar 
alternativas para transformá-la. 
Nessa perspectiva, a constituição do sujeito deve ser entendida como 
um processo contínuo, multidimensional, contextualizado, dinâmico, 
dialético que se constrói e reconstrói na interação entre sujeito e o meio 
social. Concomitantemente, pessoas e rede de significações são 
continuamente e mutuamente transformadas e reestruturadas e 
transformadas em novo conhecimento. 
Desse modo, a constituição do sujeito se dá numa rede de relações, 
num jogo de interações em que diferentes papéis complementares são 
assumidos e atribuídos pelos e aos vários participantes. O que um sujeito é 
em cada momento está ligado às interações que ele estabelece com outros 
sujeitos, aos papéis que assume em relação aos outros e os outros em 
relação a ele. Papéis que são definidos segundo ideias e valores de 
determinados grupos em confronto com outros grupos. 
Na Concepção Piagetiana, ressaltamos os aspectos lógicos da 
aprendizagem, em constante interação com questões que mobilizam o 
pensar. O pensar produz conhecimento e a ação que produz conhecimento é 
 
a ação de resolver problemas. Assim, é necessário possibilitar que a 
inteligência de quem aprende aja sobre o que se quer explicar. Aprendemos 
a partir da interação e do aprofundamento nas exterioridades dos 
problemas, estabelecendo uma relação dialética que nos permite elaborar 
uma representação pessoal sobre um objeto da realidade, sendo que este 
está em interação com outros tantos objetos. Pelo prisma do 
construtivismo, nada está acabado e o conhecimento nunca está terminado. 
A questão que se coloca nesse cenário reflexivo é compreender como 
é possível a constituição desse sujeito ecológico no contexto escolar. 
 
5.2. A Constituição do sujeito ecológico no contexto escolar 
No contexto educacional é fundamental que se reflita sobre o 
processo de ensino e aprendizagem na formação do sujeito ecológico diante 
da crise socioambiental contemporânea. Carvalho (2008) sinaliza que nos 
dias atuais a formação do sujeito deve ultrapassar a prática de transmissão 
de conteúdo e informação, pois o ensino deve promover subsídios para 
posicionamentos críticos e reflexivos, em que possibilite a atuação cidadã 
diante dos problemas ambientais. 
Torna-se relevante compreender quais são os valores, as atitudes e as 
crenças centrais que devem constituir o sujeito ecológico e como ele deverá 
operar em consonância com a orientação socioambiental, para expressar 
seu ponto de vista considerando as características individuais e coletivas 
nos contextos histórico, social e cultural. Sendo assim, a proposta educativa 
poderia ser pautada na formação de um sujeito capaz de ler seu ambiente e 
interpretar as relações, os conflitos e os problemas aí presentes. 
A escola deve formar cidadãos críticos, pois diante de toda 
repercussão sobre as causas e consequência dos impactos ambientais na 
 
vida e organização dos seres vivos, temos sido interpelados e convidados a 
participar mais efetivamente dos embates envolvidos no campo ambiental, 
mas para tanto precisa-se de indivíduos com espírito de luta, sede de 
mudança e compromisso para defender um mundo sustentável em que haja 
responsabilidade no uso dos recursos naturais. Assim, a escola poderá 
contribuir neste sentido, tendo como uma de suas metas promover os 
primeiros passos para a constituição de sujeitos ecológicos em prol da 
cidadania ambiental. Assim, faz-se necessário compreender a 
complexidade dessa formação e como ela se efetiva no processo de ensino 
aprendizagem dos sujeitos ecológicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE II: 
 
O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 
 
1. FORMAÇÃO DO SUJEITO ECOLÓGICO E A CRISE 
SOCIOAMBIENTAL CONTEMPORÂNEA 
 A abordagem dos estudos relacionados à problemática ambiental 
tem sido incorporada às discussões mais centrais da sociedade 
contemporânea. Isso ocorre também no setor educacional, no qual o 
ambiente é entendido como um tema transversal, que deve abranger todas 
as áreas, permeando toda a prática educacional. 
Carvalho (2008) destaca que, na esfera educativa se observa a 
formação de consenso da necessidade de problematização da questão 
ambiental. O trabalho pedagógico torna-se de extrema importância para a 
compreensão das questões ambientais relacionadas não apenas com os 
fatores naturais – natureza –, mas também com as dimensões sociais e 
culturais que permeiam a interação do homem com o ambiente. Para 
Carvalho (2008), ocorre com frequência, no trabalho pedagógico, com o 
tema ambiente, a socialização da visão naturalista, que reduz o ambiente à 
natureza, sem vínculos com os demais fatores que interagem com o meio. 
A ação educativa deve ser voltada para uma educação ambiental 
cidadã, com intervenção político-pedagógica direcionada para o 
estabelecimento de uma sociedade de direitos e ambientalmente justa. O 
processo educativo tem um papel preponderante na compreensão da relação 
entre homem, ambiente, sociedade, cultura e tecnologia, promovendo 
discussões e debates sobre a prudência no uso dos recursos naturais na 
sociedade contemporânea. 
 
Surge então a necessidade da formação de sujeitos críticos e atuantes 
no exercício da cidadania, portanto, conscientes dos problemas ambientais 
que envolvem o indivíduo e a coletividade no contexto socioambiental. 
O sujeito ao qual nos referimos é denominado de sujeito ecológico 
(CARVALHO, 2008), aquele que busca repensar os dilemas sociais, éticos 
e estéticos configurados pela crise socioambiental, apontando para a 
possibilidade de um modo de vida socialmente justo e ambientalmente 
sustentável. 
Sendo assim, é fundamental que se reflita sobre como o processo de 
ensino e aprendizagem deve ocorrer na formação do sujeito ecológico 
diante da crise socioambiental contemporânea. Torna-se relevante 
compreender quais são os valores, as atitudes e as crenças centrais que 
devem constituir o sujeito ecológico e como ele deverá operar em 
consonância com a orientação socioambiental, para expressar seu ponto de 
vista, considerando as características individuais e coletivas nos contextos 
histórico, social e cultural (CARVALHO, 2008). 
 
 
2. O ENSINO: POSICIONAMENTOS CRÍTICOS E REFLEXIVOS 
E ATUAÇÃO CIDADÃO 
Sendo assim, a proposta educativa poderia ser pautada na formação 
de um sujeito capaz de ler seu ambiente e interpretar as relações, os 
conflitos e os problemas aí presentes para tomar decisões embasadas no 
espírito crítico em que os interesses individuais e coletivos sejam 
ponderados. Nestesentido, Penteado (2007) pondera sobre a necessidade 
da participação ampla e diversificada dos cidadãos nas tomadas de decisões 
e recomenda a distribuição ampla do exercício do poder político entre todos 
 
os atores sociais, pois, com a participação social do exercício político, é 
possível ampliar a previsão e estabelecer metas para um ambiente 
sustentável, além de exercer com plenitude a cidadania. Ao se falar em 
cidadania, esta deve ser considerada como um processo histórico 
vivenciado pelos atores sociais sendo baseada em direitos e instituições. 
As abordagens sobre a prática da cidadania estão relacionadas com o 
estabelecimento de uma sociedade democrática, considerando-se a 
democracia não só como um regime político, mas como uma forma de 
sociabilidade que se insere nos espaços sociais (BRASIL, 1997). Para 
Penteado (2007), o exercício da cidadania refere-se a comportamentos 
desenvolvidos para lidar com os direitos e deveres, sendo aprendido 
quando o sujeito participa de ações para a resolução de problemas que o 
afetam e, consequentemente, afetam também o meio ambiente. O exercício 
da cidadania também está diretamente relacionado com a participação ativa 
do cidadão em questões que remetem à luta a favor dos direitos sociais, 
igualdade social e econômica, qualidade da educação, saúde e moradia, 
portanto, com sua participação na gestão pública (BRASIL, 1997). 
Sendo assim, a capacidade de tomada de decisão é um fator de 
grande relevância na formação da cidadania. Mortimer e Santos (2001, p. 
101) salientam que: A tomada de decisão em uma sociedade democrática 
pressupõe o debate público e a busca de uma solução que atenda ao 
interesse da maior parte da coletividade. Para isso o cidadão precisa 
desenvolver a capacidade de julgar a fim de poder participar do debate 
público. 
A formação para o exercício da cidadania deve ser propiciada nas 
várias dimensões do ambiente em que o cidadão se encontra inserido e 
deve se iniciar muito cedo. Um dos lugares onde os direitos e deveres do 
 
cidadão devem ser abordados de forma crítica, para que ele possa praticar 
ações e tomar decisões conscientes e favoráveis ao bem-estar individual e 
coletivo é a escola. 
 Deve-se ter em mente que o processo de tomada de decisão 
apresenta algumas diferenças. A tomada de decisão relativa a um problema 
escolar, que assume uma natureza objetiva, difere bastante daquela relativa 
a um problema real do cotidiano em que predomina a subjetividade 
(MORTIMER; SANTOS, 2001, p. 102). Na escola, pode-se trabalhar com 
as questões ambientais voltadas para o exercício da cidadania. 
Segundo Layrargues (2002), a educação voltada para a gestão 
ambiental pode propiciar o desenvolvimento de ação coletiva dirigida ao 
fortalecimento da cidadania e ao debate sobre os conflitos socioambientais. 
Ressalta, ainda que a gestão ambiental é entendida como um processo de 
mediação de conflitos de interesses. Além da diversidade de atores sociais 
envolvidos em conflitos socioambientais, existe a assimetria do poder 
político e econômico presente no interior da sociedade, na qual nem sempre 
o grupo dominante leva em consideração os interesses de terceiros nas suas 
decisões. 
Desse modo, a prática pedagógica relacionada ao ambiente, 
considerando tais questões, pode promover a sensibilização dos indivíduos 
e o engajamento coletivo 
nas tomadas de decisões, 
propiciando o exercício da 
cidadania ambiental e 
consciência ecológica. 
 
 
 
UNIDADE III: 
 
CONSTITUIÇÃO DE SUJEITOS ECOLÓGICOS 
 
1. CIDADANIA AMBIENTAL E CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA 
Na visão se Santos (2005), a cidadania passou a ter uma dimensão 
ambiental e requer, com isso, responsabilidade, solidariedade e participação 
do cidadão em decisões ambientais que afetam a coletividade. A cidadania 
ambiental está relacionada com as condições de vida dos cidadãos, o que 
nos remete a repensar o natural e o social, o homem e o ambiente, o local e 
o global, o pessoal e o público, o desenvolvimento sustentável e o 
conhecimento sustentável, entre outras dualidades. 
Compreende-se, com isso, que a formação para uma atuação crítica 
não deve provocar a perda do sentido do trabalho com o tema ambiente ou 
saber ambiental, pois, juntos, coadunam conhecimentos voltados para 
questões não só relacionadas com os princípios da natureza, mas, também, 
para questões de natureza política e ética, como se pode constatar nas 
orientações curriculares relativas aos temas transversais, cuja abordagem 
ressalta as ligações entre cultura e conhecimento (MATOS, 2005). 
 Em termos do trabalho com o tema ambiente, devem-se também levar 
em consideração os princípios da ética, nos quais as questões ambientais, 
partindo de um contexto cultural, devem ser discutidas em coletividade 
para a tomada de decisões (também coletivas) voltadas para um projeto 
social e coletivas. Assim, o ensino sobre ambiente deve estar voltado para a 
conexão entre as relações pessoal-grupal e social-ambiental. 
 
 
 
2. SUSTENTABILIDADE E CIDADANIA 
Considerando a ética da sustentabilidade e os pressupostos da 
cidadania, a política pública pode ser entendida como um conjunto de 
procedimentos formais e informais que expressam a relação de poder e se 
destina à resolução pacífica de conflitos, assim como à construção e ao 
aprimoramento do bem comum. 
O meio ambiente como política pública, não pontual, no Brasil, surge 
após a Conferência de Estocolmo, em 1972, quando, devido às iniciativas 
das Nações Unidas em inserir o tema nas agendas dos governos, foi criada 
a SEMA (Secretaria Especial de Meio Ambiente) ligada à Presidência da 
República. Mas apenas após a I Conferência Intergovernamental de 
Educação Ambiental de Tibilise, em 1977, a educação ambiental foi 
introduzida como estratégia para conduzir a sustentabilidade ambiental e 
social do planeta. 
 
3. SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL 
Nesse sentido, passamos a vislumbrar como meta uma educação 
ambiental para a sustentabilidade socioambiental recuperando o significado 
do ecodesenvolvimento como um processo de transformação do meio 
natural que, por meio de técnicas apropriadas, impede desperdícios e realça 
as potencialidades deste meio, cuidando da satisfação das necessidades de 
todos os membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e 
dos contextos culturais. 
 A educação ambiental entra nesse contexto orientada por uma 
racionalidade ambiental, transdisciplinar, pensando o meio ambiente não 
como sinônimo de natureza, mas uma base de interações entre o meio 
físico-biológico com as sociedades e a cultura produzida pelos seus 
 
membros. Leff (2001) coloca a racionalidade ambiental como produto da 
práxis, ou seja, seria "um conjunto de interesses e de práticas sociais que 
articulam ordens materiais diversas que dão sentido e organizam processos 
sociais através de certas regras, meios e fins socialmente construídos" 
(LEFF, 2001, p. 134). 
 
4. O SUJEITO ECOLÓGICO: ECODESENVOLVIMENTO OU 
SUSTENTABILIDADE 
A partir das discussões sobre o eco desenvolvimento do planeta, foi 
criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) 
para se discutir essas questões e traçar estratégias de políticas e ações de 
preservação do meio ambiente. Inclusive sobre o conceito de eco 
desenvolvimento, o qual se contrapunha aos atuais modelos de 
desenvolvimento adotados. 
Destarte, após o Relatório Brundtland, o conceito eco 
desenvolvimento foi substituído pela expressão “desenvolvimento 
sustentável”. A expressão sustentabilidade apareceu pela primeira vez em 
1980, num relatório da International Union for the Conservation of 
Natureand Natural Resources (IUCN), World Conservation Strategy, que 
sugeria esse conceito como uma aproximação estratégica à integração da 
conservação e do desenvolvimento coerente com os objetivos de 
manutenção do ecossistema, preservação da diversidade genéticae 
utilização sustentável dos recursos. 
 O conceito de desenvolvimento sustentável foi mais tarde 
consagrado no relatório "O Nosso Futuro Comum", publicado em 1987 
pela World Commission on Environment and Development, uma comissão 
das Nações Unidas, chefiada pela então Primeira-Ministra da Noruega, a 
 
Sr.ª Gro Harlem Brundtland. O Relatório Brundtland (1987), como ficou a 
ser conhecido o documento, definia desenvolvimento sustentável como: 
"(...) desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem 
comprometer a capacidade das gerações vindouras satisfazerem as suas 
próprias necessidades". 
A noção de desenvolvimento sustentável tem implícito um 
'compromisso de solidariedade com as gerações do futuro', no sentido de 
assegurar a transmissão do patrimônio capaz de satisfazer as suas 
necessidades. Implica a integração equilibrada dos sistemas econômico, 
sociocultural e ambiental, e dos aspectos institucionais relacionados com o 
conceito muito atual de gestão ambiental. 
Os pressupostos do desenvolvimento sustentável são: a preservação 
do equilíbrio global e do valor das reservas de capital natural; a redefinição 
dos critérios e instrumentos de avaliação de custo-benefício a curto, médio 
e longo prazos, de forma a refletirem os efeitos socioeconômicos e os 
valores reais do consumo e da conservação; a distribuição e utilização 
equitativa dos recursos entre as nações e as regiões a nível global e à escala 
regional. 
Nesse sentido, faz imprescindível uma educação ambiental que seja 
realmente capaz de encarnar os dilemas societários, éticos e estéticos da 
atual civilização, pode muito contribuir para a efetivação de um 
desenvolvimento que seja realmente sustentável (CARVALHO, 2006). 
Dentro desse contexto, é clara a necessidade de viabilizar no âmbito das 
instituições de ensino, práticas educativas que levem a formação de uma 
consciência e comportamentos socioambientais. Entretanto, é preciso que 
se considere que a prática pedagógica da educação ambiental na 
cotidianidade escolar constitui um enorme desafio. 
 
UNIDADE IV: 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
1. INTRODUÇÃO 
A Educação Ambiental (EA) surge como uma das possíveis 
estratégias para o enfrentamento da crise civilizatória de dupla ordem, 
cultural e social. Do histórico de ações da EA, três vertentes podem ser 
identificadas: positivista, construtivista e crítica. 
 Os positivistas buscam enfatizar informações ecológicas em detrimento 
dos processos de ensino-aprendizagem, buscando a mudança de 
comportamentos individuais. 
 Os construtivistas ampliam os espaços da educação ambiental trazendo a 
preocupação pedagógica e o cuidado na aprendizagem. A afetividade e a 
corporeidade somam-se à dimensão informativa, buscando elos sociais e 
ecológicos mais amplos. 
 Educação ambiental crítica preocupam-se com a participação e o 
empoderamento dos grupos sociais, privilegiando a emancipação e 
autonomia numa perspectiva mais política, sem, contudo, negligenciar as 
informações ecológicas e a construção dos conhecimentos. 
A Educação Ambiental pode ser considerada uma práxis educativa e 
social que contribui para a tentativa de implementação de uma sociedade 
mais igualitária e que considera o “ambiente” segundo uma concepção de 
inclusão do ser humano em todos os processos, sendo filosoficamente 
indistinto do que se denomina “natural”. 
Sua perspectiva crítica e emancipatória visa à deflagração de 
processos nos quais a busca individual e coletiva por mudanças culturais e 
 
sociais estão dialeticamente indissociadas. No entanto, é comum associá-la 
a vertente construtivista no processo de formação do sujeito ecológico. 
 
2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PROCESSOS EVOLUTIVOS E 
CONCEITUAIS 
 Em sua evolução, o conceito de educação ambiental permaneceu 
estritamente vinculado ao próprio conceito de meio ambiente e à maneira 
como este era percebido. Depois de considerar-se o meio ambiente, 
sobretudo em seus aspectos biológicos e físicos, passou-se a uma 
concepção mais ampla, na qual o essencial são seus aspectos econômicos e 
socioculturais, ressaltando a correlação existente entre todos esses aspectos. 
 Até certo ponto, a educação esteve sempre associada ao meio ambiente. 
Nas sociedades antigas e mesmo hoje, nos grandes segmentos da população 
rural, a preparação do homem para a vida se dava por meio de experiências 
intimamente relacionadas com a natureza. 
Os sistemas modernos de educação incorporaram, em grande escala, 
objetivos e conteúdos relativos ao meio ambiente em seus programas, 
embora abordando somente seus aspectos biofísicos. Esse foi o caso das 
disciplinas derivadas das “Ciências da Natureza”, para as quais se deu um 
tratamento isolado e carente de coordenação. 
Com esse padrão tradicional, esperava-se que o aluno fizesse por si 
mesmo a síntese dos conhecimentos adquiridos, delineasse uma perspectiva 
geral da realidade do meio que o rodeava e captasse as relações existentes 
entre seus diversos elementos. 
Essa educação era, geralmente, abstrata, desligada da realidade do 
contexto que se pretendia ensinar. Além disso, atinha-se a divulgar dados 
 
sobre a natureza, sem criar nem valorizar comportamentos de 
responsabilidade em relação à mesma. 
O próprio conceito de meio ambiente, reduzido exclusivamente aos 
seus aspectos naturais, não permitia analisar nem as interações entre os 
elementos, nem a contribuição das Ciências Sociais para a compreensão e 
melhoria do meio humano. 
Mais recentemente, e devido a preocupações de ordem econômica e 
ao desenvolvimento de disciplinas ecológicas, o meio ambiente começou a 
ser objeto de uma integração explícita no processo educativo. Não obstante, 
a atenção passou a se concentrar, antes de mais nada, nos problemas de 
conservação dos recursos naturais e de proteção da vida animal e vegetal, 
ou em temas semelhantes. 
Atualmente, como resultado das preocupações e diretrizes 
formuladas pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Humano 
(Estocolmo, 1972), preveem-se novos enfoques para os problemas 
ambientais. Se, por um lado, os aspectos biológicos e físicos constituem a 
base natural do meio humano, por outro lado as dimensões socioculturais e 
econômicas definem as diretrizes e instrumentos conceituais e técnicos com 
os quais o homem poderá compreender e utilizar melhor os recursos da 
natureza para satisfazer suas necessidades. 
 
3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NATUREZA, FINS E 
COMPETÊNCIAS 
Além disso, essa educação deve contribuir para que se perceba 
claramente a importância do meio ambiente nas atividades de 
desenvolvimento econômico, social e cultural. Ela deve favorecer, em 
todos os níveis, a participação responsável e eficaz da população na 
 
concepção e aplicação das decisões que põem em jogo a qualidade do meio 
natural, social e cultural. 
Para tanto, a educação deve divulgar informações sobre as 
modalidades de desenvolvimento que não repercutam negativamente no 
meio ambientes, além de fomentar a adoção de modos de vida compatíveis 
com a conservação da sua qualidade. 
Finalmente, a educação ambiental deve mostrar, com toda clareza, as 
interdependências econômicas, políticas e ecológicas do mundo moderno, 
segundo as quais as decisões e comportamentos de todos os países possam 
ter consequências de alcance internacional. 
 Assim, a educação ambiental desempenha a importante função de 
desenvolver o sentido de responsabilidade e solidariedade entre os países e 
regiões, qualquer que seja seu grau de desenvolvimento, como base de uma 
ordem internacional que garanta a conservação e a melhoria do meio 
humano. Essa deve ser a tendência da cooperação internacional, com vistas 
ao desenvolvimento da educação ambiental. 
As finalidades da educação ambiental devem adaptar-se à realidade 
econômica, social, cultural e ecológica de cada sociedade e de cada região 
e, particularmente, aos objetivos deseu desenvolvimento. Entretanto, cabe 
definir determinadas finalidades educativas gerais em função das 
características do desenvolvimento da região ou do país de que se trata. 
Um dos principais objetivos da educação ambiental consiste em o ser 
humano compreender a complexa natureza do meio ambiente, resultante da 
interação de seus aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais. 
Portanto, ela deve criar para o indivíduo e para as sociedades, os 
meios de interpretação da interdependência desses diversos elementos no 
espaço e no tempo, a fim de promover uma utilização mais reflexiva e 
 
prudente dos recursos do universo para atender às necessidades da 
humanidade. 
As finalidades descritas constituem a meta de uma prática educativa 
unificada. Seria pouco eficaz adotar um novo enfoque global do meio 
ambiente e conceber medidas educativas que visem à conquista 
fragmentada e parcial de alguns desses objetivos. 
Todos os programas de educação ambiental devem contribuir para o 
desenvolvimento dos conhecimentos já adquiridos e para a tomada de 
atitudes e competências necessárias à conservação e melhoria do meio 
ambiente. A consecução dessas finalidades pressupõe que o processo 
educativo dispensa conhecimento e métodos, facilitando a aquisição de 
atitudes e valores que propiciem a compreensão e a solução dos problemas 
ambientais. 
 No que se refere ao conhecimento, a educação deverá proporcionar, com 
grau de especificidade e precisão, variáveis de acordo com seu público, 
meios que permitam compreender as relações entre os diferentes fatores 
físicos, biológicos e socioeconômicos do meio ambiente, bem como sua 
evolução no tempo e sua transformação no espaço. 
Como esse conhecimento deve culminar em mudanças de 
comportamento e em medidas de proteção e melhoria do meio ambiente, 
ele deve ser adquirido através de um esforço de estruturação a partir da 
observação, da análise e da experiência prática de determinados tipos de 
meio ambiente. 
 No que tange aos valores, a educação deverá insistir nas diferentes 
opções em termos de desenvolvimento, levando em conta a necessidade de 
melhorar o meio ambiente. Para isso, necessitará promover desde seus 
primeiros anos de existência, procedimentos pedagógicos que permitam um 
 
debate bastante amplo sobre as possíveis soluções dos problemas 
ambientais e o caráter dos valores correspondentes. 
De fato, o comportamento diante do meio ambiente só poderá 
transformar-se quando a maioria dos membros de uma sociedade tiver 
adotado valores mais positivos. A tomada de uma atitude favorável ao meio 
ambiente constitui um requisito prévio e indispensável para o alcance das 
demais categorias de objetivos. 
 Quanto à competência a ser atribuída, é preciso promover, de acordo 
com a modalidade e com um diferente grau de complexidade conforme o 
público, uma ampla gama de atitudes científicas, tecnológicas e 
informativas que permitam agir racionalmente em relação ao meio 
ambiente. 
 Em geral, o fato é que, em todos os níveis da educação formal e não-
formal, toma-se a atitude de colher, analisar, sintetizar, comunicar, aplicar e 
avaliar os conhecimentos existentes sobre o meio ambiente, o que permitirá 
aos interessados participar ativamente da formulação de soluções aplicáveis 
aos problemas ambientais. O melhor meio de desenvolver essa capacidade 
consistirá no exercício de atividades voltadas para a proteção e a melhoria 
do meio ambiente. 
 
4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CARACTERÍSTICAS, 
CONCEPÇÃO E ESTRUTURAÇÃO PEDAGÓGICA 
 Os debates da Conferência de Tbilisi permitiram precisar as 
características de uma educação que cumpra com os propósitos aqui 
expostos. Tais características se referem tanto à concepção e à estruturação 
do conteúdo educativo quanto às estratégias pedagógicas e à organização 
dos métodos de aprendizagem. 
 
 A educação ambiental deverá orientar-se no sentido de solucionar os 
problemas concretos do meio humano. Isso implica um enfoque 
interdisciplinar, sem o qual não seria possível estudar as inter-relações, 
nem abrir o mundo da educação para a comunidade, estimulando seus 
membros para a ação. 
Finalmente, a educação ambiental se situa numa perspectiva regional e 
mundial, voltada para o futuro, de modo a garantir a permanência e o 
caráter global das atividades empreendidas. Além disso, é preciso levar em 
conta duas ideias fundamentais: 
 A primeira é de que a educação ambiental não seja apenas uma nova 
disciplina que se soma a outras já existentes. Ela deve ser a contribuição de 
diversas disciplinas e experimentos educativos para o conhecimento e a 
compreensão do meio ambiente, bem como para a solução de seus 
problemas e seu gerenciamento. 
 A segunda ideia é a de que o interesse dessa educação não se restrinja 
somente a provocar mudanças no ensino escolar. Sobretudo, ela deve 
suscitar novos conhecimentos fundamentais e novos enfoques dentro de 
uma política global de educação, que insista na função social dos corpos 
docentes e nas novas relações entre todos aqueles que intervêm no processo 
educativo. 
 
5. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO 
E RECONSTRUÇÃO 
O conhecimento sistemático sobre o meio ambiente ainda está em 
construção e, por ser um processo dinâmico, é provável que nunca se venha 
a ter um conceito definitivo. De acordo com os Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN): “muitos estudiosos da área ambiental consideram que a 
 
ideia para a qual se vem dando o nome de meio ambiente não configura um 
conceito que interesse ou possa ser estabelecido de modo rígido e 
definitivo. É mais relevante estabelecê-lo como uma representação social, 
isto é, uma visão que evolui no tempo e depende do grupo social em que é 
utilizado. São estas representações, bem como suas modificações ao longo 
do tempo, que importam: é nelas que se busca intervir quando se trabalha 
com meio ambiente”. 
Visando uma prática pedagógica contextualizada sobre ambiente, é 
importante conhecer as concepções ou as representações coletivas dos 
grupos de atores sociais que causam ou atuam com problemas ambientais, 
sabendo que estas são dinâmicas e se modificam rapidamente. Nesse 
sentido é importante identificar as representações individual e social sobre 
ambiente, para que se possa conhecer e refletir sobre os conflitos entre ser 
humano– sociedade - natureza. Segundo (ANA, 2006), a dissociação entre 
o que é “humano” e o que é “natural” se tornou corriqueira, sendo mostrada 
dos filmes à mídia cotidiana e representa hoje um desafio para a educação e 
consequentemente para os professores. 
 
6. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA NECESSIDADE EMERGENTE 
 Os meios de comunicação social desempenham um papel importante na 
sensibilização do público em relação aos problemas ecológicos. Entretanto, 
esse tipo de informação é limitado, já que se costuma insistir em aspectos 
superficiais ou episódicos. Além disso, só se informa realmente a quem já 
está informado. 
Portanto, é indispensável uma educação ambiental que não somente 
sensibilize, mas também modifique as atitudes e proporcione novos 
conhecimentos e critérios. Para fazer frente aos problemas ambientais, os 
 
programas nacionais ou internacionais insistiram primeiro na formação e 
no treinamento de especialistas e técnicos, com o objetivo de atender às 
necessidades urgentes em termos de pessoal especializado. 
No entanto, é cada vez mais evidente que os problemas não poderão 
ser resolvidos unicamente pelos especialistas, por mais competentes que 
sejam, e que não haverá soluções viáveis sem uma transformação da 
educação geral, em todos os seus níveis e modalidades. As dificuldades 
inerentes a essa mudança conceitual e institucional só poderão ser 
superadas mediante uma evolução gradual. 
É preciso preparar o fortalecimento de uma consciência e uma ética 
ecológica em escala mundial, bem como fomentar o desenvolvimento da 
capacidadecientífica e tecnológica para resolver os problemas que buscam 
a melhoria das condições de vida. Cabe, também, estimular a participação 
efetiva dos setores ativos da população, na concepção, decisão e controle 
das políticas inspiradas pelas novas opções do desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE V: 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
1. ASPECTOS LEGAIS E SUAS PRÁTICAS EDUCATIVAS 
A atual Constituição da República Federativa do Brasil foi 
promulgada em cinco de outubro de 1988. Bastos e Martins (1988), 
afirmam que esse foi o primeiro documento na história a abordar o tema 
meio ambiente, dedicando a este um capítulo por inteiro (VI), o qual 
preceitua, em seu Art. 225, que todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações 
(BRASIL, 1988). 
 Criada no dia 31 de agosto de 1981, a Lei 6.938, que dispõe sobre a 
Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), foi um marco na história do 
País. Por meio dela, parte dos nossos recursos ambientais foi preservada. 
Essa Lei foi responsável pela inclusão do componente ambiental na gestão 
das políticas públicas e decisiva inspiradora do Capítulo do Meio Ambiente 
na Constituição de 1988. No que diz respeito à educação ambiental, a Lei 
9.638/81, Art. 2º, inciso X, afirma que a educação ambiental deve ser 
ministrada a todos os níveis de ensino, objetivando capacitá-la para a 
participação ativa na defesa do meio ambiente. O nível de ensino a que se 
refere à Lei citada diz respeito aos níveis do ensino formal e não-formal. 
 A Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Educação 
Ambiental e institui a Política Nacional de educação ambiental enfatiza em 
seu Art. 2º que a “educação ambiental é um componente essencial e 
 
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma 
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em 
caráter formal e não formal”. 
De acordo com a citação acima, a educação ambiental, deve estar 
presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, seja ele 
formal ou não-formal. A Lei é bem clara: a educação não deve ser uma 
atividade pedagógica pontual ou esporádica dentro dos sistemas de ensino. 
A educação ambiental, segundo a Lei em questão, deve ser uma atividade 
educativa permanente e articulada com todos os níveis de ensino. 
Atualmente, a maioria das ações didáticas voltadas para a educação 
ambiental tem sido efetuada de forma difusa, esporádica e desarticulada 
entre os diferentes níveis de ensino formais. Além disso, sua abordagem em 
sala de aula, na maioria das vezes, é marcadamente naturalista, ou seja, 
concebe o meio ambiente tão somente em sua expressão biológica. Nessa 
visão, é reforçada a dicotomia entre Natureza e Sociedade, Natureza não-
humana e Natureza humana, ecossistemas naturais e ecossistemas 
socioculturais. Em outras palavras, essa perspectiva não leva em 
consideração a interface que existe entre a natureza e sociocultural. 
Outro aspecto significativo da Lei 9.795/99 é que a educação 
ambiental não deve ser implantada na instituição de ensino de níveis 
fundamental e médio como disciplina específica, isto, é territorializada, 
dentro da Geografia, das Ciências ou da Biologia. A educação ambiental 
necessita ser abordada na prática pedagógica de forma transversal, 
multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. Somente nos cursos 
superiores a educação ambiental pode ser desenhada matricialmente dentro 
de uma disciplina curricular específica. 
 
Para que a prática pedagógica da educação ambiental consiga atingir 
o seu desiderato, a Lei 9.795/99, em seu Capítulo I, Art. 5º preceitua os 
seguintes objetivos: 
I - O desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente 
em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, 
psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e 
éticos; 
II - A garantia de democratização das informações ambientais; 
III - O estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a 
problemática ambiental e social; 
IV - O incentivo à participação individual e coletiva, permanente e 
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se 
a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da 
cidadania; 
V - O estímulo à cooperação entre as diversas regiões do Educação do País, 
em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma 
sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, 
igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e 
sustentabilidade; 
VI - O fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a 
tecnologia; 
VII - O fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e 
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. (BRASIL, 
1999). 
 
Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA – Lei 
9795/99), artigo primeiro, a educação ambiental é definida como processos 
 
por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, 
conhecimentos e habilidades, atitudes e competências voltadas para 
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à 
sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade
. 
A Constituição do Brasil de 1988, em seu Capítulo VI, sobre o meio 
ambiente, institui como competência do Poder Público a necessidade de 
“promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (artigo 225, 
parágrafo 1º, inciso VI). 
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional prevê a Educação 
Ambiental como uma diretriz para o currículo da Educação Fundamental. 
O Ministério da Educação apresentou, em sua proposta de “Parâmetros 
Curriculares Nacionais” (PCN), a EA como um tema transversal (Meio 
Ambiente) no currículo escolar. Instituiu-se em 1999, a Política Nacional 
de Educação Ambiental. 
Tudo isso demonstra que a Educação Ambiental vem rapidamente se 
institucionalizando, sem que, no entanto, se proceda a uma grande 
discussão a respeito do assunto na sociedade e entre os educadores. 
 Essa demanda pela Educação Ambiental, não só decorrente dos aspectos 
legais, mas também dos problemas ambientais vivenciados por toda a 
sociedade, provoca a necessidade de formar profissionais aptos a trabalhar 
com essa nova dimensão do processo educativo. 
 Há um reconhecimento, ainda que difuso, em segmentos diversos da 
sociedade a respeito da gravidade da crise ambiental, bem como uma 
consciência maior da necessidade de “fazer algo” para a superação do 
problema. 
 
Essas visões consensuais de profissionais da educação, alunos e 
comunidades a respeito da gravidade da crise ambiental e da necessidade 
de “fazer algo” geram uma grande expectativa em relação às possibilidades 
da Educação Ambiental, que vem sendo chamada a dar conta da mudança 
de valores e atitudes da humanidade diante da natureza, sendo colocada 
como um dos pilares para a efetivação de um modelo de desenvolvimento 
sustentável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE VI: 
 
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO PROCESSO EDUCATIVO 
 
1. INTRODUÇÃO 
A educação ambiental nasce como um processo educativo que 
conduz a um saber ambiental materializado nos valores éticos e nas regras 
políticas de convívio social e de mercado, que implica a questão 
distributiva entre benefícios e prejuízos da apropriação e do uso da 
natureza. 
Ela deve, portanto, ser direcionada para a cidadania ativa 
considerando seu sentido de pertencimento e corresponsabilidade que, por 
meio da ação coletiva e organizada, busca a compreensão e a superação das 
causas estruturais e conjunturaisdos problemas ambientais. 
Trata-se de construir uma cultura ecológica que compreenda natureza 
e sociedade como dimensões intrinsecamente relacionadas e que não 
podem mais ser pensadas seja nas decisões governamentais, seja nas ações 
da sociedade civil de forma separada, independente ou autônoma 
(CARVALHO, 2004). 
Atualmente a questão ambiental se impõe perante a sociedade. A 
discussão sobre a relação educação-meio ambiente contextualiza-se em um 
cenário atual de crise nas diferentes dimensões, econômica, política, 
cultural, social, ética e ambiental (em seu sentido biofísico). Em particular, 
essa discussão passa pela percepção generalizada, em todo o mundo, sobre 
a gravidade da crise ambiental que se manifesta tanto local quanto 
globalmente. 
 
A gravidade da crise ambiental, que aponta até para a ameaça à vida 
humana pelas dimensões dos problemas ambientais em escala planetária 
(efeito estufa, destruição da camada de ozônio etc.), resultou em 
mobilizações internacionais para buscar soluções. Como forma de 
superação dessa crise, tem sido apresentado em diversos fóruns, o modelo 
de desenvolvimento sustentável, que propõe associar desenvolvimento 
econômico com preservação do meio ambiente. 
Um dos instrumentos apresentados nesses fóruns como meio para se 
atingir esse tipo de desenvolvimento tem sido a Educação Ambiental (EA), 
na maioria das vezes, segundo uma visão idealista de educação como 
equalizadora de todos os problemas sociais. 
Desse modo, a educação ambiental é parte integrante do processo 
educativo. Deve girar em torno de problemas concretos e ter um caráter 
interdisciplinar. Sua tendência é reforçar o sentido dos valores, contribuir 
para o bem-estar geral e preocupar-se com a sobrevivência da espécie 
humana. Deve ainda aproveitar o essencial da força da iniciativa dos alunos 
e de seu empenho na ação, bem como inspirar-se nas preocupações tanto 
imediatas quanto futuras. 
 A contribuição da educação para a indispensável melhoria da gestão 
deste patrimônio comum, que é a terra, tem uma importância capital. Na 
verdade, ela pode sensibilizar todas as camadas da população no que diz 
respeito aos problemas prioritários pendentes. Pode também introduzir um 
determinado número de conceitos e ideias de modo a perceber tais 
problemas e destacar os interesses e valores que intervêm em cada situação. 
Sobretudo, pode transmitir e desenvolver a vontade e os conhecimentos 
teóricos e práticos necessários à solução de uma série de problemas 
ambientais. 
 
 Não se trata de um simples intercâmbio de informações e conhecimentos 
fragmentados sobre determinados problemas, tais como a proteção das 
espécies ameaçadas de extinção ou a poluição de áreas recreativas. Não se 
trata tampouco de ditar receitas para estabelecer a lista de danos existentes 
numa região. Ao contrário, cabe incorporar a educação ambiental aos 
processos educativos, introduzindo certas mudanças nos contextos 
educativos institucionais. 
Diante do que é visto, percebe-se que a Educação Ambiental se 
estabelece hoje como uma nova dimensão na educação, e, portanto, deve 
estar inserida dentro do planejamento do ensino, nas práticas escolares, 
projetos interdisciplinares e ações sociais e comunitárias. 
 
2. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM 
A instituição escolar desempenha papel significativo na formação da 
personalidade do ser humano, sendo determinante o processo ensino-
aprendizagem como um todo, como observado nos levantamentos 
anteriores. Conviver com a diversidade, assim como em um ambiente onde 
leitura e escrita tenham significado, torna-se fator determinante para a 
formação do cidadão crítico. 
Considerando que esta instituição é um relevante instrumento para 
que o homem se desenvolva social e intelectualmente desde criança, 
observa-se que em seu papel de receptora, abriga uma grande concentração 
de diversidade humana, cujos anseios, perspectivas e necessidades são dos 
mais variados, ideias estas compartilhadas por Rocha (2002). Em razão 
disso, os conteúdos a serem trabalhados devem atingir o consenso, 
 
precisando ser a eles adequados e corresponder às expectativas das 
instituições e de seu corpo docente. 
Torna-se evidente que o desafio é construir uma proposta 
educacional no cotidiano da sala de aula, onde a possibilidade da superação 
da participação passiva e alienada seja substituída pela participação ativa e 
coletiva, despertando no aluno seu papel de cidadão, lutando contra aquilo 
que impede a efetivação da educação libertadora, desde as séries iniciais do 
Ensino Fundamental. 
Nesta perspectiva, a Educação Ambiental torna-se o esforço e o 
processo estratégico no qual considera a dimensão ambiental nas variadas 
esferas do cotidiano, buscando a conquista da qualidade de vida, para que o 
ser humano cresça consciente do seu papel de cidadão. Trabalhar com a 
prática da Educação Ambiental reforça a importância da abordagem, onde 
os bons resultados colhidos são os estimuladores desta tarefa. 
Por intermédio de projetos é possível refletir sobre a necessidade de 
práticas educacionais que valorizem os indivíduos enquanto seres atuantes, 
e as crianças enquanto seres em processo de formação da personalidade. É 
fundamental adotar a Educação Ambiental como princípio formador no 
currículo, centrando-se na ideia da participação de todos na gestão dos seus 
respectivos lugares, seja a escola, a rua, o bairro, a cidade. Desta forma, o 
indivíduo abandona a condição de telespectador ou simples usuário do seu 
lugar, para tornar-se capaz de realizar escolhas, tomando decisões, 
realizando ações reflexivas e deliberadas no seu meio. O percurso 
pedagógico utilizado para tal finalidade deve ser o exercício de percepção 
ambiental reflexivo, acompanhado do enfrentamento das questões que 
emergem desta atividade. 
 
As metodologias participativas constituem técnicas que estimulam 
ações reflexivas e a participação ativa de todos, proporcionando um espaço 
para a formulação e a expressão de ideias, proposições, esclarecimentos e 
descobertas. Estes instrumentos ajudam os envolvidos a compreender as 
questões abordadas, aumentando a confiança, ampliando conhecimentos, 
assim como a maneira de ordenar os pensamentos. Por intermédio destas 
trocas, os participantes podem tomar consciência da identidade grupal, 
respeitando a si mesmo e aos outros mediante o falar e o ouvir. 
As dinâmicas de grupo, como destacado anteriormente, possibilitam 
o aprofundamento de conteúdos curriculares, a discussão de problemas 
detectados no diagnóstico, considerando suas múltiplas dimensões, suas 
causas, consequências e possíveis soluções, além do planejamento coletivo 
de ações. 
A questão ambiental nas séries iniciais do Ensino Fundamental 
centra-se, sobretudo, no desenvolvimento de valores, atitudes e posturas 
éticas, assim como no domínio de procedimentos e não somente na 
aprendizagem de conceitos, uma vez que diversos dos conceitos em que o 
professor se baseia para tratar dos assuntos ambientais pertencem às áreas 
disciplinares. 
A prática cotidiana tem refletido sobre a tendência de preservação do 
meio ambiente, onde, mesmo através de atitudes simples, estas refletem a 
conscientização de uma parcela cada vez maior da população, como se 
verifica em Martine (1996). A escola, dentro do processo, tem se mostrado 
significativa intermediadora, mesmo tendo ainda longo caminho a ser 
percorrido. 
Para tanto, o processo de conscientização do indivíduo precisa ter 
como foco inicial o microcosmo escolar, para garantir a maximização dos 
 
resultados; os alunos buscam nesta instituição o fortalecimento de valores 
adquiridos no seio familiar, assim como enriquecer-se culturalmente e 
princípios de cidadania. Na dinâmica, o fortalecimento de valores como a 
preservação e sustentabilidade ambiental precisam fazer parte da rotina, 
onde aulas ou noçõesde cidadania não podem se embasar apenas em 
manuais ou currículos, constituindo-se práticas constantes e promovendo a 
interiorização dos papeis dos agentes sociais. 
As ações precisam priorizar a análise das condições locais, não 
perdendo de vista a dimensão global; a Educação Ambiental é uma ação 
educacional voltada para as populações do presente e do futuro, onde a 
tecnologia e o desenvolvimento aproximam cada vez mais pessoas e 
lugares, sendo fundamental o respeito das diferenças e privilegiando 
valores como integração, tolerância, cooperação, solidariedade. 
Além disso, é significativo que se respeite o princípio da 
universalidade da natureza humana, sendo expresso tanto na identidade 
individual e coletiva quanto nas semelhanças e diferenças apresentadas 
entre os povos, buscando a unidade na diversidade. 
A atuação dever ocorrer em uma abordagem que considera o 
ambiente como um sistema organizado em funcionamento; o todo e as 
partes compõem um conjunto, devendo comunicar-se com agilidade, de 
modo integrado e articulado. Quando uma das partes difere em ritmo ou 
apresentação, o todo se altera. Desta forma, a visão sistêmica permite 
efetuar as relações entre todo e partes, em uma visão de totalidade, 
compreendendo os acontecimentos como componentes de um mesmo 
processo, no qual os fatos ocorrem mediante avanços e recuos, acordos e 
interconexões; tanto as similaridades e afinidades quanto às contradições 
são elementos reais que fazem parte da dinâmica processual. 
 
Segundo Brasil (1997, p. 21) verifica-se que "a complexidade da 
natureza exige uma abordagem sistêmica para seu estudo, [...] com os 
diversos componentes vistos como um todo, [...] bem como em suas [...] 
interações com os [...] componentes". O documento destaca ainda que, 
"para se conhecer um sistema não basta observar suas partes, mas é preciso 
enxergar como elas se interligam e se modificam, em sua própria estrutura 
e sentido de ser, por causa dessas interações". 
É interessante ressaltar que as parcerias passam a ocorrer 
naturalmente, com uma ampla variedade de indivíduos e instituições. 
Tomando consciência da sincronicidade existente entre os procedimentos 
dos indivíduos e as instituições, encontramos propostas que acontecem em 
pequena e em grande escala, ao mesmo tempo e em diversos lugares. 
Este modo de pensar facilita perceber que podem ocorrer 
simultaneamente a parceria, a sincronicidade, o conflito e a contradição, 
possibilitando atuar em conjunto, através da integração, da 
interdisciplinaridade e da busca de pontos comuns entre diferentes 
propostas. A visão de "cidadão do mundo" é cada vez mais necessária, para 
que se possa transitar entre os semelhantes, os diferentes e os muito 
específicos, o que não deve impressionar. Em algumas situações, devido às 
resistências encontradas, deve-se ir mais lentamente, negociando cada 
pequeno avanço, tendo de ceder em alguns pontos, para obter um sucesso 
posterior. Mas se compreender a dinâmica do processo, aceitando a 
coexistência dos contrários, pode-se atingir as finalidades. 
Agindo segundo os princípios da interatividade, podem-se 
estabelecer parcerias e associações com naturalidade, pois será possível 
atuar em conjunto com múltiplos parceiros e de modo ágil, sem duplicar 
 
esforços ou confundi-los, como ocorre com os que agem de modo 
departamental ou fragmentado. 
Partindo de uma visão sistêmica do meio ambiente, pode-se buscar a 
articulação de ações com múltiplos parceiros, atuar interativamente e 
considerar tanto os avanços ocorridos na defesa ambiental quanto às 
contradições existentes como integrantes do processo permanente de 
transformação. 
O mundo contemporâneo é marcado pela rapidez e pela 
transformação e requisita atualização permanente de informações e 
conhecimentos. A complexidade da ciência e da tecnologia atual exige a 
especialização técnica em todas as áreas de ação. No entanto, todas as 
profissões requerem, cada vez mais, uma base ética comum e esta base 
deve incluir, obrigatoriamente, valores, princípios e conceitos ambientais. 
Isso representa o cultivo e a expressão de valores universais como o 
respeito e a proteção a todas as formas de vida, a preservação das fontes 
naturais de energia, a busca da harmonia homem/natureza e o 
desenvolvimento científico e tecnológico equilibrado com a preservação do 
meio ambiente (MEDINA; SANTOS, 1999). 
Tais valores têm como decorrências o equilíbrio dinâmico 
homem/natureza, a ampliação da qualidade de vida e do exercício de 
cidadania para todos, a reversão dos atuais quadros de miséria, a alteração 
de hábitos de consumo, a readequação do atual modelo econômico, a 
defesa da biodiversidade e de áreas de relevante importância para o 
equilíbrio ambiental global. 
O processo permanente de transformação, do qual a sociedade deve 
participar, necessita ser estruturado em bases éticas, que incluam valores de 
 
caráter ambiental relativos a proteção à vida, ao exercício da cidadania e à 
defesa do meio ambiente global. 
Como se verificam nos estudos de Medina; Santos (1999), trabalhar 
com a prática da Educação Ambiental dá a certeza da importância desta 
abordagem. Os bons resultados colhidos são os estimuladores maiores 
desta tarefa. 
A partir dos principais problemas socioambientais locais e regionais, 
suas causas, efeitos, impactos gerados e os agentes responsáveis, pode-se 
desenvolver um efetivo trabalho dentro do processo ensino-aprendizagem, 
outorgando a escola seu papel de formadora do cidadão ativo. 
Contudo, as atividades não devem se restringir somente a leituras 
teóricas e consultas aos manuais: antes devem agregar aulas práticas, 
passeios ecológicos, orientações quanto à coleta seletiva, além de trabalhos 
na rotina de sala de aula, com desenhos, redações, leituras. A vivência e o 
repertório do aluno sempre devem ser levados em consideração no 
contexto, assim como o seu convívio familiar. 
Esta nova realidade pedagógica vem dando bons resultados, pois 
muitos alunos nem sequer tinham noções básicas relacionadas às questões 
ambientais. É possível observar, em muitos casos, mudanças no quadro. A 
rotina familiar também se altera, sendo constantes os relatos de pais sobre 
as novas perspectivas dos filhos, a importância que estes passam a 
identificar, principalmente nos noticiários, da preservação ambiental. 
A prática da educação ambiental não-formal pode ser definida como 
as ações educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as 
questões ambientais, bem como a organização e a participação da 
sociedade na defesa da qualidade do meio ambiente. Para que a educação 
não-formal se consolide, o Poder Executivo deve incentivar a difusão de 
 
campanhas educativas e programas, em espaço nobre nos meios de 
comunicação de massa, contendo informações de temas relacionados ao 
Meio Ambiente 
A construção de uma proposta de Educação Ambiental 
emancipatória e comprometida com o exercício da cidadania exige a 
explicitação de pressupostos que devem fundamentar sua prática. Há que se 
reafirmar os princípios constitucionais em que o meio ambiente sadio é 
direito de todos, bem de uso comum e essencial à boa qualidade de vida. 
Compartilhando dos estudos de Cavalcanti (1995), é possível 
identificar que preservar e defender o meio ambiente é dever tanto do poder 
público como da coletividade e um compromisso ético com as presentes e 
futuras gerações. Isto implica no compromisso da construção de um padrão 
de desenvolvimento econômico socialmente justo e ambientalmente seguro 
e na prática de uma Gestão Ambiental democrática, fundada no princípio 
de que todas as espécies têm direito a viver no planeta. 
A partir dos principais problemas socioambientais locais e regionais, 
suas causas, efeitos, impactos gerados e os agentes responsáveis, pode-se 
desenvolver um efetivo trabalho dentro do processo ensino-aprendizagem, 
outorgandoà escola seu papel de formadora do cidadão ativo. 
Para cada região, devem ser definidas estratégias e linhas de ação de 
projetos e atividades de educação ambiental relacionados com as atividades 
econômicas e o perfil da região. Desta maneira, a Educação Ambiental 
passa a ter um papel ativo na direção do desenvolvimento com 
sustentabilidade. 
Da relação - em diferentes épocas e lugares - dos seres humanos 
entre si e com o meio físico-natural emerge o que se denomina [...] de meio 
ambiente. Diferente dos mares, dos rios, das florestas, da atmosfera, que 
 
não necessitaram da ação humana para existir, a meio ambiente precisa do 
trabalho dos seres humanos para ser construído e reconstruído e, portanto, 
para ter existência concreta. 
Por tudo isto, afirma-se que meio natural e meio social são faces de 
uma mesma moeda e assim indissociáveis. (BRASIL, 1995, p. 9). 
A Educação Ambiental é um valioso instrumento para a implantação 
de políticas de gestão ambiental nos diferentes espaços sociais e tem como 
um dos desafios mediar conflitos de interesses entre vários atores sociais 
que agem sobre os meios físico e natural. 
Segundo Rocha (2002, p. 2), "como um dos objetivos da Educação 
Ambiental é disseminar a defesa da qualidade ambiental como um valor 
inseparável do exercício da cidadania", torna-se "necessário que todos os 
setores sociais sejam envolvidos nos programas, projetos e atividades 
promovidas em seu nome". 
Tem-se plena convicção que a Educação Ambiental em escolas, é um 
forte recurso para a preservação da natureza, como também, um processo 
eficaz para a manutenção das espécies; atualmente, a aceitação deste 
trabalho é cada vez maior. 
Mediante este contexto, o processo educativo tornou-se de suma 
importância para o desenvolvimento de um programa prático e simples em 
defesa da vida. 
Alves (1995, p. 34) apresenta que "o diálogo caminha para uma 
dialética entre os diversos saberes. [...] a interdisciplinaridade está 
relacionada ao desenvolvimento de um processo dialógico, que deve ser 
compreendido no sentido dialético de confrontação que gera sínteses, novas 
análises e novas sínteses". 
 
A dimensão ambiental deve ser incorporada à formação dos 
educadores de todos os níveis e modalidades de ensino, bem como à 
especialização e à atualização dos educadores já em exercício. Os 
profissionais que atuam em atividades de gestão ambiental também devem 
ter capacitação pertinente ao assunto. 
Contudo, a Educação Ambiental não deve ser implantada como uma 
disciplina específica no currículo de ensino e sim ser desenvolvida como 
uma prática educativa integrada. O assunto deve também estar presente em 
atividades interdisciplinares. 
Para se garantir que a gestão ambiental se dê por um enfoque 
sistêmico, é imperioso a garantia dos espaços da participação e da 
mobilização e a luta permanente pela ampliação destes espaços, o que 
permitirá a explicitação dos conflitos geradores de problemas ambientais e 
estruturantes da realidade socioambiental. (SANTOS; SATO, 2001, p. 
193). 
Apesar de atual e muito difundido, é do conhecimento de todos, que 
a prática da Educação Ambiental não é comum em todas as escolas; não 
são constantes estes tipos de trabalhos, ideias estas compartilhadas por 
Brugger (1999). 
Sente-se que todos os alunos e jovens desejam conhecer as formas 
práticas de defesa da natureza, seguindo suas próprias pesquisas nas 
atividades extraclasse. 
Desenvolvendo a criatividade e o conhecimento da área no dia a dia, 
proporcionando às crianças, jovens e comunidades o conhecimento através 
do contato direto com a natureza, pode-se atingir os objetivos de forma 
mais consistente. 
 
Desenvolver um projeto prático e de linguagem fácil constitui o 
primeiro passo para a reversão do quadro, procurando responder todas as 
perguntas e tirar dúvidas sobre o assunto tratado, com a participação direta 
dos envolvidos. 
Nas atividades extraclasse o próprio aluno vai gerenciar suas 
curiosidades e conhecimentos. Ele deixa de ser um simples participante do 
meio para se tornar um indivíduo responsável e participativo. Deverá 
buscar apoio de todas as formas dentro e fora da escola para melhor se 
orientar. Na organização haverá a participação direta de todos. 
Programas neste sentido são de fundamental importância, sendo 
responsável pela reversão da degradação do meio ambiente em um 
contexto amplo de participação e conscientização do papel do cidadão ativo 
e responsável pela manutenção da sociedade que integra. 
Como se verifica em Peltier (1990), o contexto atual quanto às 
questões relacionadas ao meio ambiente, está a exigir a construção de uma 
racionalidade ambiental que viabilize a formação de um novo saber 
científico e tecnológico, onde práticas produtivas, administrações setoriais 
de desenvolvimento e políticas públicas venham contribuir em campos de 
conhecimento teórico-práticos, capazes de orientar a rearticulação das 
relações sociedade-natureza. 
Nesta nova esfera, o homem passa a observar o seu contexto de 
maneira mais crítica, percebendo seu verdadeiro papel frente ao seio social 
que integra. Aliado ao processo, a instituição escolar tem se estruturado na 
medida em que passa a intermediar o processo, otimizando valores e 
potencializando ações para a reversão do quadro da degradação ambiental. 
As relações da sociedade civil organizada entre instituições 
governamentais responsáveis pela Educação Ambiental caminham juntas 
 
para a construção de uma cidadania ambiental sustentável, baseada na 
participação, justiça social e democracia consciente. 
É evidente que o aprofundamento de processos educativos 
ambientais se apresenta como uma condição sumária para construir uma 
nova racionalidade ambiental que possibilite modalidades de relações entre 
a sociedade e a natureza, entre o conhecimento científico e as intervenções 
técnicas no mundo, nas relações entre os grupos sociais diversos e entre os 
diferentes países em um novo modelo ético, centrado no respeito e no 
direito à vida em todos os aspectos. 
 
3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CURRÍCULO 
A educação ambiental, por não estar presa a uma grade curricular 
rígida, pode ampliar conhecimentos em uma diversidade de dimensões, 
sempre com foco na sustentabilidade ambiental local e do planeta, 
aprendendo com as culturas tradicionais, estudando a dimensão da ciência, 
abrindo janelas para a participação em políticas públicas de meio ambiente 
e para a produção do conhecimento no âmbito da escola. 
Buscamos formas abertas e inovadoras de construir juntamente com 
formadores, professores e alunos aquilo que Edgar Morin (2001) chama de 
conhecimento pertinente, que possibilita apreender os problemas globais e 
fundamentais para neles inserir os conhecimentos parciais e locais. Nesses 
dois saberes têm-se implícita a busca de um conhecimento complexo, não 
fragmentário e que se amplia continuamente sem, entretanto, trazer um 
conhecimento totalizador, também limitado. O conhecimento pertinente 
reconhece que, em meio à complexidade do real, nunca é possível a 
compreensão total. É por isso, também, que a busca do conhecimento se 
torna um esforço infinito, mas que pode se tornar um círculo virtuoso. 
 
Por não se tratar de uma disciplina, a educação ambiental permite 
inovações metodológicas na direção do educere tirar de dentro por ser 
necessariamente motivada pela paixão, pela delícia do conhecimento e da 
prática voltados para a dimensão complexa da manutenção da vida. 
Por um lado, pensamos na diversidade de saberes e complexidade 
dos sistemas naturais e sociais. Por outro, a nossa "pedagogia da práxis" 
envolve um trabalho com a simplicidade do natural, de materiais didático-
pedagógicos, do diálogo e de compartilhar experiências e conhecimentos. 
Para darmos conta da complexidade das dinâmicas do mundo 
contemporâneo, optamos pela arte da simplicidade. Isso só pode ser feito

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