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3 - Fichamento O Individualismo, Louis Dumont (Ciência Política)

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Ciência Política, 1º Período, FIS 
Victória Thalita do Nascimento Pereira 
DUMONT, Louis. O individualismo: Uma Perspectiva Antropológica da Ideologia 
Moderna. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 1985. (Gênese I) 
Palavras-chaves: Indivíduo; Individualismo; Holismo; Indivíduo-fora-do-mundo 
(extramundano); Individuo-no-mundo (intramundano); Religião; Lei da Natureza; 
Dualismo interpretativo; Calvino. 
 
Conteúdo: O antropólogo político francês, Louis Dumont, fez estudos sobre o sistema 
de castas na Índia e partir disso investigou o conceito de individualismo das sociedades 
ocidentais modernas. Definiu o indivíduo fora-do-mundo (extramundano) como aquele 
que se encontra fora da vida social e o indivíduo no-mundo (intramundano) como aquele 
que participa da vida social. Segundo o autor, o individualismo se intensifica com Calvino 
(Reforma Protestante). Dumont destaca no capítulo Gênese I que a religião influencia 
muito mais a sociedade do que a Filosofia. Então, a própria religião é a chave de 
compreensão da sociedade. 
Resumo 
Dumont vai estudar a origem, a definição e o desenvolvimento do indivíduo. De início, 
deve-se entender que há uma diferença o conceito de “indivíduo” e de “individualismo”. 
Enquanto o individualismo trata-se de uma ideologia, o indivíduo é um valor. O indivíduo 
é pensado de duas formas: enquanto ser empírico (de carne e osso, presente em todas as 
sociedades) e enquanto valor (ser moral, como nós pensamos sobre nós mesmos). A 
pesquisa de Dumont é voltada apenas para o indivíduo enquanto valor. 
É apresentada duas formas de sociedade: 
A holística: Quando o valor supremo está na sociedade, e não nos indivíduos. Ela é regra 
histórica, todas as sociedades já foram holísticas. Um exemplo é a sociedade indiana 
tradicional com o sistema de castas e hierarquia. 
A individualista: Quando o valor supremo está no indivíduo. Ela é a exceção à regra. O 
único exemplo é a sociedade ocidental moderna. 
A tese de Dumont vai girar em torno de responder a pergunta do que há de especial no 
ocidente moderno para ter deixado de ser holístico e se tornado uma sociedade 
individualista. Esse fenômeno durou 17 séculos e hoje ainda não se concretizou 
completamente. A resposta seria a religião, que como já foi dito anteriormente, influencia 
a sociedade muito mais que a própria Filosofia. Destaca, em primeiro lugar, o cristianismo 
Ciência Política, 1º Período, FIS 
Victória Thalita do Nascimento Pereira 
como a religião que mais influenciou o ocidente, e em segundo, o budismo, pois estas 
religiões têm em comum a preocupação exclusiva com o homem e a desvalorização do 
mundo. 
 O nascimento do individualismo é justamente com o cristianismo. E a segunda pergunta 
a ser feita é: “O que é há de peculiar no cristianismo que fez com que a sociedade se 
tornasse individualista?” E a resposta está em seu dualismo interpretativo ou também 
chamada tensão congênita (que está no próprio genes do cristianismo). 
Todas as religiões, com exceção do cristianismo, têm apenas uma orientação em suas 
percepções, a extramundana, com seus dogmas voltados para fora deste mundo. Já o 
cristianismo, possui esse dualismo interpretativo, em que suas orientações são extra e 
intramundanas. Esta tensão existe desde o surgimento do cristianismo, porém ao longo 
do tempo de 17 séculos, o que predominou no cristianismo foi sua concepção 
intramundana. 
Esse dualismo interpretativo pode ser notado no texto de Dumont: “Quando Jesus Cristo 
ensina dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (p.41), onde é evidenciado 
que há coisas que são de Deus e que há coisas que são da Terra. Como também, como 
podemos perceber o dualismo na passagem de Jesus em que fala “O meu reino não é deste 
mundo”, onde são possíveis duas interpretações: a de que o reino de Deus não é este 
mundo que vivemos (ponto de vista extramundano) e a de que o reino de Deus não é este 
mundo que vivemos agora, mas que pode ser no futuro (ponto de vista intramundano). 
Para a Ciência Política, não importa a leitura teológica, mas sim o significado social. 
 O motivo pelo qual o cristianismo tenha se tornado, principalmente, intramundano pode 
ser exemplificado no contexto do cristianismo no Império Romano, onde os indivíduos 
são voltados a pensar no mundo, na conduta enquanto cidadão. Como também, no 
exemplo do “absurdo da cruz” em que seu dualismo se apresenta na ideia que Deus 
mesmo sendo onipotente, onisciente e onipresente tenha deixado ser crucificado enquanto 
carne. 
Louis Dumont chama atenção para alguns autores que discorrem sobre a origem do 
individualismo. Logo de início do capítulo Gênese I (p.34), são apresentadas ideias que 
o individualismo havia surgido em sociedades em que o nominalismo é forte. Porém, 
Dumont discorda, pois acredita que é a valoração do indivíduo dá surgimento ao 
individualismo. Já outros autores acreditam que o individualismo surgiu com o 
Ciência Política, 1º Período, FIS 
Victória Thalita do Nascimento Pereira 
estoicismo, corrente filosófica com a concepção de que o indivíduo deve permanecer 
indiferente, um indivíduo estranho ao mundo (p.37). E há os que acreditem que o 
individualismo surgiu com o judaísmo, por ter a mesma raiz do cristianismo. Entretanto, 
na ideia judaica ou se salvam todos ou não se salvam nenhum, não sendo assim uma 
religião individualista. 
As sociedades individualista têm como característica o indivíduo-no-mundo 
(intramundano). Já as sociedades holísticas têm como característica o indivíduo-fora-do-
mundo (extramundano), em que apenas alguns seriam intramundanos. 
Louis discorre sobre o conceito do renunciante, o indivíduo fora-do-mundo. Este é 
semelhante ao indivíduo moderno, porém ele vive fora do mundo social, esta é a diferença 
entre ambos. “O homem que procura a verdade última abandona a vida social e suas 
imposições para se consagrar ao seu progresso e ao seu destino próprio.” (p.35). 
“Enquanto a pólis era considerada autossuficiente em Platão e Aristóteles, é agora o 
indivíduo que passa a ser considerado.” (p.37). 
Vale salientar que não se pode buscar o individualismo no Renascimento, porque este 
busca inspiração no mundo clássico, a Antiguidade, onde as sociedades eram holísticas e 
isto caracterizaria um retrocesso. 
Na Reforma protestante, a interpretação intramundana torna-se predominante, o 
cristianismo estará voltado para a conduta dos homens na terra. Mas, lembrando que não 
foi aqui que ela iniciou, mas sim intensificou. Os principais representantes dessa Reforma 
foram Lutero e Calvino. Mas o responsável pela leitura individualista no Ocidente fora a 
doutrina Calvinista. Caso tivesse predominado a interpretação Luterana, provavelmente 
seríamos indivíduos fora-do-mundo, pois Lutero afirma que nossa relação é direta com 
Deus (não necessitamos da Igreja como intermediária), o que caracterizaria uma 
concepção extramundana. 
O Calvinismo, por sua vez, está fundamentado em 3 elementos interligados que 
contribuem para a orientação do indivíduo na terra (intramundano): 
1º Entendimento específico do que é Deus: Concepção de Deus como vontade; 
2º Essa vontade se manifesta através dos predestinados. A Predestinação que se revela 
através das ações dos indivíduos. 
3º Cidade cristã como objeto sobre o qual a vontade do indivíduo incide: Glorificar 
a Deus e criar o seu Reino na Terra. 
Ciência Política, 1º Período, FIS 
Victória Thalita do Nascimento Pereira 
Observações: A marcada da Predestinação é a Prosperidade. 
O processo de individualismo, mesmo hoje, ainda não se encerrou. 
O Ocidente não é mais cristão, mas sim uma sociedade individualista. 
 
Questões sobre Dumont para refletir 
 
1º Qual o tema apresentado por Dumont? 
2º Qual a tese central defendida por Dumont? 
3º Quais as características do holismo e do individualismo? 
4º Defina indivíduo fora-do-mundo e indivíduo no-mundo. 
5º O que seriao dualismo cristão segundo Dumont? 
6º Por que, para Dumont, Calvino pode ser considerado o marco que assinala o 
“fim” das interpretações do cristianismo como uma doutrina de orientação 
extramundana?

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