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1_Caderno_Conceito da forma_2021

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O Olhar Mais Próximo - AS CHAVES À PERCEPÇÃO III
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Jamil Pereira / Damascena / Gil Pery
O Olhar Mais Próximo - AS CHAVES À PERCEPÇÃO I
Jamil Pereira
Gil Pery
Damascena
O OLHAR MAIS PRÓXIMO
AS CHAVES À
PERCEPÇÃO 
Arte Educadores
CONCEITO DA FORMA
PROCESSOS DE DESENHO
Caderno I
© Copyright by Jamil Pereira 
 
Editor: Jamil Pereira
Texto: Jamil Pereira 
Ilustração: Jamil Pereira 
Diagramação: Jamil Pereira 
Marketing: Gil Pery 
Capa: Jamil Pereira 
Conselho Editorial: Renata de Souza Tricárico / Gil Pery 
Atendimento ao Leitor: olharmaispróximo@gmail.com
 www.academiadeartes.com.br
 artejamilpereira@yahoo.com.br academiadeartesopen@gmail.com
 
Dados para catalogação na publicação (CIP) 
 
Pereira, Jamilson Gentil S. / Pereira, Gilson Silva 
As chaves à percepção 
Literatura: São Paulo, 2020 
1. O Olhar Mais Próximo – As Chaves à percepção
2. Jamil Pereira 
Proibida a reprodução, total ou parcial, desta obra, por quaisquer meios ou forma sem permissão expressa por parte do editor ou pelo autor (Lei n° 9.610, de 19.02.98). 
Todos os direitos reservados.
Jamil Pereira
Fone/Fax: (11) 56611229 / (11)966458545 
OPEN – ACADEMIA DE ARTES 
Academia de artes.com.br
Sumário
1	O CURSO	15
1.1	Objetivo	20
1.2	Análises práticas	21
1.2.1	Dedicação sem exaustão	22
2	MATERIAIS DE DESENHO	24
2.1	Aspectos gerais	24
2.1.1	Lápis	24
2.1.2	Fusain	25
2.1.3	Esfuminho	26
2.1.4	Pena	26
2.1.5	Pincéis	27
2.2	Pastéis	28
3	ASPECTOS FUNDAMENTAIS	29
3.1.1	Aplicação	30
3.1.2	Exercícios de coordenação motora	32
3.2	Conceito da forma	35
3.3	Identificar a forma	39
3.4	Projeto - Formas	42
3.5	Desenho cego	43
3.6	Projeto - Desenhar no Ar	46
4	VISUALIZAÇÃO	47
4.1	Medidas Comparativas	47
4.2	Visor Pictórico	51
4.2.1	Projeto - Medir com o polegar	56
4.3	Elipses precisas	56
4.3.1	Perceber o Volume	58
4.3.2	Projeto - Elipses	60
4.3.3	Projeto - Complementar	61
4.4	O ponto médio	61
4.5	Nível e Prumo	64
4.5.1	Projeto - Proporções e alinhamentos	69
4.6	Estrutura do Desenho (esboços)	71
4.7	Esboço para Pintura	74
5	TOQUE DE ARTISTA	76
5.1	Gil Pery	77
5.2	Brian - Design - Desenhista.	79
5.3	Marcelo José Almeida	80
5.4	Israel (Titio)	81
5.4.1	Projeto VI - Imitar os artistas	82
6	LUZ E SOMBRA	89
6.1	Percepção do claro escuro	90
6.1.1	Aspectos da luz	91
6.1.2	Aspectos da sombra	93
6.2	Padrões de luz e sombra	98
6.3	Luz natural e luz artificial	107
6.3.1	Highlights	107
6.3.2	Luz natural	109
6.4	Formas das sombras projetadas	110
6.4.1	Luz artificial	110
6.4.2	Efeitos de Contraluz	112
7	LINGUAGEM DA COMPOSIÇÃO	115
7.1.1	O tudo certinho	123
7.2	Seleção do assunto	124
7.2.1	Harmonia compositiva	125
7.3	Centro de interesse	126
7.3.1	Composição assimétrica	129
7.4	Equilíbrio	130
7.4.1	Elementos de cena	130
7.5	Enquadramento	135
7.5.1	Projeto III composição	136
8	GRISES VERSUS GRISALHA	137
8.1.1	Projeto III: A cor e o preto e branco	142
8.2	chaves de valor	143
8.2.1	Projeto III – Monocromias	147
8.3	Glossário	149
9	Referências	156
 Jamil Pereira / Damascena / Gil Pery
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INTRODUÇÃO
 
A história da arte, é a história da produção humana e está em constante movimento. É interessante observar que a evolução de uma forma geral e aqui tratamos da artística, bebe de várias fontes, cria suas teses, e não são estanques, ou seja, vedadas, mas abertas às possibilidades. Movimento dialético que possibilita apropriação de novos conhecimentos. 	Mesmo que uma antítese se pronunciar em virtude de possível divergência à analise anterior, e esta por sua vez, encontrar nova resistência, o embate, refutação ou mesmo o endosso (sob ressalva) entre as duas primeiras premissas, podem gerar uma terceira análise denominada síntese. Processo dialético que não representa o abandono dos elementos principiológicos, pois as teorias, em princípio, não são ou foram aniquiladas. Mesmo possível alteração das teorias, representa concomitantemente incorporação de novos conceitos, sem descarte das fontes originárias.
Com efeito, os mestres do passado serão ou poderão ser ou servir como referência. Os novos parâmetros, não desintegram os conhecimentos anteriores. Podemos dizer que esse tipo de interlocução auxilia no estímulo à codificação sensorial, contribuindo ao aguçamento e decodificação visuais e motora. Coordenação psicomotora por meio da “tradução”, processos que envolvem células especializadas nos órgãos do sentido, chamadas receptores sensoriais.  Em linhas gerais a tradução dos estímulos ou eventos é denominada de transdução, Impulsos neurais que segundo Gazzaniga (2017, p.175) envolve células especializadas nos órgãos dos sentidos, os  receptores sensoriais que vão realizar a detecção de aludidos estímulos físicos externos ou eventos e a transmissão destas informações ao cérebro (luz, cor, som, calor, cheiro, estímulos táteis etc.), denominada de sensação, qual seu processamento, organização e interpretação da informação é a percepção. E conforme o professor Goffredo Telles Júnior expõe:
Mas o cérebro não se limita a traduzir em sensações os impulsos nervosos que lhe são enviados pelos órgãos dos sentidos. Ele ainda tem outra importantíssima função. E esta é ordenar as reações do organismo, em resposta aos estímulos que excitaram as células sensórias (JÚNIOR, 2014).
No caso específico se tratando das artes visuais, utilizamos os olhos como a câmera ou janela do cérebro ou mente, e as mãos, para executar, materializar. O olhar ganha novas nuances e vamos ressignificando as coisas. Podemos afirmar, que a sensação e percepção vão a cada momento, auxiliados por exercícios teóricos, sendo aprimoradas e mais ainda, por meio da prática. Nesse processo cíclico as bases são fortalecidas, e mesmo que haja mudança de entendimento aos conceitos do passado, compreendemos que o legado dos velhos mestres não foi lançado às cinzas, logo novos posicionamentos carregam consigo toda aquela herança, o que denominamos de superação por incorporação.
Incorporar representa transformar e evoluir às novas produções, não na perspectiva de que artistas do passado sabiam menos ou eram menos que artistas atuais. Nesta perspectiva, algo do passado não é menos que o atual, o que passou não é menos e o que está pra frente não é mais. A priori, a arte Renascentista não é mais que a arte Gótica; aludido período, ou a períodos posteriores como o Maneirismo, Barroco, Realismo, cubismo, dadaísmo, hiper-realismo entre outras vertentes. Cada período teve o seu porquê e graças a eles, a arte é arte.
Feito as devidas considerações vamos falar um pouco sobre o conceito e estruturação do curso.
Este curso se caracteriza pelo ensino diferenciado dos demais, oferecendo de maneira muito assimilável os mais variados meios de construção e composição, organizados didaticamente de forma a ser indicado desde o principiante ao profissional. Auxiliado por precisos e fortes esclarecimentos didáticos, com ênfase no aspecto prático de ver, ou seja, no desenvolvimento de uma visão mais refinada e que veja em profundidade. 
Tratar-se-á das várias técnicas e métodos que permitem um desenvolvimento satisfatório, prazeroso e seguro, desde que o aluno siga as instruções paulatinamente, pois, não se deve, pretender assimilar todos os conhecimentos de uma só vez, como um conjunto de regras que precisam ser memorizadas. Até porque essa forma, não é tão útil como poderia se pensar, conforme corrobora Braidot, ao expor:
Se os participantes de um curso são induzidos a atender simultaneamente a uma multiplicidade de treinamento, este tipo de memória pode transbordar, causando perda de tempo e, ao mesmo tempo, correndo o risco de que novos conhecimentos não sejam incorporados (BRAIDOT, 2014, p.441, tradução nossa). 
O objetivo principal, é fazer você confiar em seus olhos, e por meio de princípios “chave”, ter diferentes maneiras de reforçar essa confiança. Princípios que auxiliarão à interiorização dos conceitos. São princípios lógicos e simples, e permitem que os primeiros traçoscomecem a aparecer. 
Desenvolver a arte de desenhar se dá por um processo execrável, não é, portanto, apenas olhar coisas e ler a respeito, mas exercitar o desenvolvimento do olhar, e para reforçar esse processo usaremos desde o presente caderno, algumas técnicas como: redesenhar, visualização, desenho gestual, Gestalt ou conceito da forma, onde o negativo e positivo se constituem elementos simbióticos da estruturação por meio do denominado desenho de contorno e muitas outras abordagens no decorrer do curso, como meios de fortalecer o processo básico de ver que é, ou representa o olhar mais sensível e aguçado. 
Toda teoria abordada será acompanhada de vários exemplos práticos passo a passo. Abordando além do aspecto técnico, também os estéticos e críticos, possibilitando um desenvolvimento holístico. 
Desenho e pintura são artes, ser artista é criar por meio de estímulos e sensações, ver íntima e sugestivamente, extrínseca e intrinsecamente. 
Não nos debruçamos como um físico se debruça em seu trabalho, no entanto, realizar algo sem diretrizes pode prejudicar o desenvolvimento. 
O intuito é orientar na direção certa, através de ideias claras, pela experiência de didáticas práticas, estimulando ainda mais sua sensibilidade, resultando mais tarde em inspirações originais. 
Lembre-se, a curiosidade visual e tátil constitui grande qualidade artística de desenhistas e pintores. 
Gostaríamos de grifar também, sobre a formatação do presente trabalho.
 Os trabalhos de conclusão de curso, artigos científicos etc., seguem a formatação da ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. Seguiremos seus critérios, em exceção aos títulos, subtítulos e citações diretas. 
Sem desconsiderar a formatação paradigmática de referida instituição, entendemos que alguns critérios podem ser adaptados, a exemplo do tamanho dos tipos (fontes), titulares de 12 para 18 e nas citações diretas, de 10 para 11, além do espaçamento que a circunda, por considerarmos forma mais dinâmicas e harmônicas. 
O CURSO 
A Open Academia de Artes preparou o presente curso baseado nas teorias e técnicas desenvolvidas pelos velhos mestres do passado e contemporâneos, e os métodos ‘o olhar mais próximo – As Chaves à percepção’ desenvolvidos pelo artista Jamil Pereira, partilhados e fomentados por artista de renome como os artistas Marcos Damascena, Gil Pery, entre outros. 
Curso composto por volta de 90 vídeos aula e 9 livros que aqui denominaremos cadernos, divididos em 2 seções. Podendo ter ainda mais 1 fascículo complementar. Neste 1º caderno conceituamos sobre o processo de fomento da arte como um tipo de evolução que denominamos de superação por incorporação. Apresentamos o curso, objetivo, análises práticas, materiais de desenho, noções primárias, exercícios de coordenação motora, conceito da forma, desenho cego, métodos de visualização, elipses, proporções e alinhamentos, esboços, conflito do que sabe versus o que vê, e um método por meio da análise dos trabalhos desenvolvidos por vários artistas (toque de artista).
Na segunda seção abordamos o conceito de uma das formas da percepção do volume: percepção do claro escuro, padrões de luz e sombra, luz natural e luz artificial, highlights, formas das sombras projetadas, efeitos de contraluz, linguagem da composição, conceito de grises versus grisalhas. 
O caderno 2 inicia com análise conceitual, exercícios de coordenação motora, apresenta rica gama de materiais de pintura, solventes e aglutinantes, médium e sua função, diluição, classificação dos médiuns, limpeza dos pincéis, tintas a óleo em tubo e em barras sólidas e outras substâncias derivadas do óleo. Alquídico, que são dominantes resinas ou ligantes, e suas características; óleo de linhaça, acrílica, aquarela, giz pastel seco e oleoso, sanguínea e suportes. 
Na segunda seção, além da abordagem do tema com mais profundidade sobre a percepção do claro escuro, padrões de luz e sombra, luz natural, luz artificial, contraluz, estruturas bidimensionais e tridimensionais, realizamos uma Introdução às teorias das cores: CMYC, RGB e AVA[footnoteRef:1]. Essa última é a que, em princípio, utilizaremos mais, por ter sua aplicação prática e possibilitar trabalhar com aspectos objetivos da aplicação, e subjetivos. Estudo da sensação/ percepção, reação à cor, diferença entre rebaixar, escurecer etc. Conceitos de temperatura e aspectos atmosféricos, por exemplo. [1: O Sistema AVA é uma adequação conceitual do que normalmente se pode encontrar sob sigla RYB, que corresponde a vermelho, amarelo e azul. Por questões técnicas e não meramente pro forma, a nomenclatura neste Sistema começa pela cor Amarela. Assim: Amarelo, Vermelho e Azul – AVA. Nova nomenclatura eleita por nós. ] 
Este como os demais cadernos são acompanhados de projetos. 
O 3º caderno em sua primeira parte aborda análises de superfícies, texturas contrastantes, características dos metais e a representação artística; técnicas de redesenhar como uma técnica das reformulações, estrutura de mapeamento, características das transparências, conceito na interpretação de vidro e de água, refração e reflexão, contornos e mesclas, conceito sobre bordas: forte, suave, perdida e pontilhismo.
Na segunda seção, o núcleo temático permeia sobretudo, os motivos florais sob análises impressionistas, ideias abstratas, meios de construção de floral, construção por formas lineares e procedimentos. No tema de abordagem empregamos análises apresentadas no caderno número um: medida do polegar e processos de nível e prumo, e do caderno três: o processo da pintura (Underpainting), conceito de interpretação.
A apresentação no caderno de número 4, inicia com abordagem e divisão técnica da pintura, representação pictórica, tipos de desenho, troncos em escorço. A expressão linear, e análise introdutória à composição tonal e paisagem é feita de forma muito prática.
Sua segunda seção aborda o conceito de divisão técnica da pintura e do desenho, origem e tipos; expressão e análise linear e sua ação, expressão do limite da forma, campo visual, elementos áureos: campo compositivo, sistema subjetivo de valores compositivos, hierarquia elementares, avaliação associativa, forças centrípeta e centrífuga, lei da curvatura, massas, e assim como os demais, é acompanhado de um glossário.
O caderno 5°, prefacia conceitos de sintagma, princípios organizacionais de regências composicionais, intensificação dos padrões atmosféricos, hemisférios direito e esquerdo do cérebro dentre outros processos de construção.
A temática principal na segunda seção constitui a interpretação de marinhas: Inclinação dos objetos, elementos submersos, transparências, reflexos em água parada e em movimento, o conceito em distância entre outros efeitos, além de sucintamente se grifar no início sobre interpretação de paisagens.
A volta ao tema teoria da cor é apresentado no caderno 6º, análise sucinta entre o realismo e renascimento; abordamos a técnica, o método, a relação com a escola clássica do realismo, os artistas de Barbizón: sucinto contexto histórico e as mudanças frente ao realismo contemporâneo. Retomamos o tema da teoria da cor, percepção e a paleta do artista. Complementa a esfera de sensação/ percepção, reação à cor, diferença entre rebaixar, escurecer etc.
A seção seguinte, estende os conceitos sobre a percepção, analisamos os contrastantes simultâneos, divisão complementar, o duplo complemento por proximidade e por equidistância, complemento triádico, dimensões da cor, processo de análise das três dimensões cromáticas e conceitua alguns aspectos da psicologia da cor, conceito de temperatura entre outros.
A proposta apresentada no 7º caderno propõe analisar o tema Casarios, sob a regência das perspectivas em suas múltiplas formas e mais alguns estudos que tangenciam a cor, valor, atmosfera, neblina e outros tipos de nuvens.
É dado seguimento ao tema ‘casarios’ em sua segunda seção, com várias cenas pictóricas e o tema ‘perspectiva’ é observada sob o prisma analítico e conceitual das outras duas vertentes como diminuir tamanhos e suavizarcontrastes.
Algumas análises sobre alguns animais, sobretudo os de estimação são feitas no caderno 8. Várias analises e principalmente sobre a ação e gesto constitui o estudo na abordagem temática, bem como as musculaturas, habitat, ambientes, luz e sombras e outras análises pertinentes.
O cânone estrutural humano, o corpo em escorço, desenho das mãos e pés, drapeados, apresentado no caderno 9, tem como proposta analisar elementos fundamentais às representações artísticas do corpo humano: as proporções, o aguçamento corpóreo pela ação da perspectiva (escorço) e suas articulações; a musculatura aparente, elementos chave das expressões faciais entre outros.
 Em sua segunda seção a abordagem é o retrato e seu rico universo. A construção do rosto, os cânones, rosto de perfil, movimento da cabeça, vista frontal, expressões faciais entre outros aspectos.
É possível que seja desenvolvido mais 1 caderno totalizando 10. Este terá como escopo a técnica do espatulado. Na oportunidade trataremos da construção, desde a arte abstrata passando pela natureza morta, paisagem, marinha à estrutura humana e até mesmo, outros temas. 
. No momento a concentração deve ficar nos referidos cadernos apresentados e de outros autores aqui indicados.
Cada lição traz vários projetos e cada um aborda um ponto específico. Preparados especialmente para que você experimente novas maneiras de ver e sentir as estruturas e efeitos. 
Em cada fascículo, você encontrará questionários e auto avaliação e um glossário, os quais serão de relevância ao seu aprendizado ou desenvolvimento. 
Objetivo 
O domínio do desenho é fundamental para quem se dedica às representações mais realistas. Para a pintura, ter pelo menos uma boa noção é o suficiente. Certamente há diferença entre quem pinta e não sabe sobre o desenho e quem pinta com certo conhecimento, por isso, mesmo que seu foco seja a pintura, o curso se propõe a fornecer elementos estruturantes do desenho e conceitos que possam trabalhar a sensibilidade e atenção.
Através de técnicas e conceitos fundamentados nos ensinos de grandes orientadores como Lucídio Alves Pereira, Bert Dodson, Maurício Takiguthi, C. Gentil e influência de outros artistas como: Betty Edwards, David Leffel, Huihan Liu entre outros e o próprio amadurecimento artístico, a proposta em conceder aos amantes da arte um curso interessante e prazeroso. 
Como em outras tarefas ou atribuições, todos têm a capacidade de aprender a arte de desenhar e pintar, cada um a seu tempo e estudo, não é algo apenas para alguns. Por certo, é fundamental dedicação, observação e treino, para um bom aprendizado e desenvolvimento, pois, não constitui, via unilateral, o processo de aprendizagem.
Análises práticas
Por vezes, o aprendiz não consegue identificar prontamente sua evolução cotidiana, o que é totalmente sensato. A mudança está ocorrendo dia a dia, mas, assim como à aparência, o cérebro parece ter mais dificuldade de especificar a mudança, se percebendo mais objetivamente, seja por meio da visitação de registros com certo afastamento temporal, seja em relação a outra pessoa que há tempos não se vê. 
Referente ao desenvolvimento de certa habilidade é possível notar a evolução, por meio de arquivo, de modo que de tempos em tempos, se pode acessá-los e comparar o que foi feito e o que está sendo feito. 
Ao guardar datados alguns desenhos iniciais e após ter feito alguns dos projetos propostos no curso (pelo menos seis meses) você poderá notar o seu grau de aprendizagem. Esta é uma boa dica para você sentir sua evolução.
Como em toda profissão ou exercício de uma atividade, o processo de aprendizagem acontece paulatinamente e não é linear; certos ‘pontos gatilhos’ podem ajudar em muitos sobressaltos. Os pontos gatilhos podem ser formados, tanto por um conceito, proposição gramatical e a prática como grande e principal auxiliar na formulação de núcleos conceituais e estruturais que podem despertar certas colocações e elucidar o que determinado assunto ensina ou se pratica. 
Dedicação sem exaustão
O desenvolvimento prescinde da dedicação, mas, não significa se cobrar exaustivamente. Manter-se na medida certa, ou seja, tranquilo e audacioso, com sede, fome, muita fome, pode ser um bom indicativo ao desenvolvimento. Bert Dodson explica que a arte do desenho é um ato de coordenação estranha entre a mão, olho e mente. Cada um deles está sujeito a treinamento e hábito (Dodson, 1990). Para muitos alunos, a melhoria no desenho simplesmente consiste em quebrar maus hábitos e substituí-los por novos e úteis. 
Ler o conteúdo e praticar os exercícios à medida que eles aparecerem, bem como um lugar calmo e bem iluminado pode facilitar a aprendizagem. Evita a sensação de sonolência propiciado em local com pouca luz, o qual provavelmente prejudicaria um bom desempenho, bem como no decorrer de certo tempo, poderia prejudicar a visão, porquanto, evita prejuízos oculares e facilita na concentração. 	Ter também um local para guardar os rascunhos, desenhos e projetos é de grande valia. 
Acreditamos e esperamos que essa obra possa ser um estímulo à criação de lindos desenhos e obras de arte. 
Bons estudos!
MATERIAIS DE DESENHO 
Os materiais ora tratados serão primordialmente aqueles condizentes a todos os fascículos, não apenas a este, embora, de forma bem sucinta. No caderno II, referido assunto será abordado mais extensivamente e quando necessário podemos retomar o tema em certa especificidade.
Lápis
O lápis é um dos instrumentos que oferece muitos recursos por sua maleabilidade possibilitando variados efeitos, conforme sua marca ou qualidade. Os lápis se diferem entre si geralmente por seus grafites, que podem ser maiores ou menores em rigidez, por letras ou números. Os nacionais próprios para o desenho artístico são os da série “B” que vão do B ao 8B. As marcas importadas, embora trabalhem ainda, vários outros números, os apresentados aqui são certamente suficientes para a construção dos desenhos.
À medida que aumenta o número mais macio é o lápis e mais escuro é o traço. O lápis da série B, é próprio para fazer o desenho em esboços, texturas e enchimentos.
A letra B que define os tipos de lápis mais macios, vem da palavra inglesa “Black”, “Bold” ou “Blackness”.
Fusain 
O fusain é um material extraordinário para desenhar e é facilmente encontrado. Comumente é mais explorado a forma natural em bastonetes de carvão irregulares, ou ainda em forma de lápis, o denominado lápis carvão. São excelentes para toda fase de aprendizagem, por auxiliá-los sem se reterem as minúcias, podendo rapidamente preencher uma determinada área. Possibilita efeitos realistas quando se detém a técnica. 
Trabalha-se com o fusain me bastão diagonalmente com o lado da ponta, sendo obtida com o auxílio de uma lixa d’água fina. Para o meio tom se usa os dedos, às partes mais claras se utiliza um tipo de borracha chamado de limpa tipos ou as borrachas comuns macias. Se quiser, use também o giz branco ou crayon branco que são muito bons para completar o efeito de luz intensa. 
O fusain, porém, tem a desvantagem de borrar ao mais leve toque, use então um fixativo para evitar essa inconveniência (verniz incolor). 
Esfuminho 
Com sua forma cilíndrica e numeração variada, adapta-se bem à necessidade. São rolos de papel apertado, pontiagudos e aparados em ambas extremidades. O esfuminho vai do n° 1 ao n°6 e serve para criar graduações, tons, semitons, sombras e efeitos de desfoque. Os menores, usamos para modelar, os maiores para espalhar e esfumar o sombreado em desenhos a grafite, crayon e pastel seco. 
Seu nome deriva da técnica renascentista conhecida como sfumato, que consiste em criar gradientes muito suaves entre a luz e a sombra. 
Para remover a sujeira da superfície, é possível, esfregando o esfuminho em uma lixa fina, por exemplo.
Pena 
É um dos instrumentos mais antigos de trabalho. Inicialmente não era de ação artística como conhecemos, seu uso foi largamente utilizado na escrita. 
Atualmente é um instrumento muito utilizado por desenhistas, tendo deilustrações em quadrinhos, como nas mais diversas expressões. 
A pena G significa Geral pela sua característica elástica no traçado. Ela desliza facilmente sobre o papel e é adequada para desenhar linhas grossas e fortes, mas dá também, para realizar traços mais delicados aplicando menos pressão. As penas de desenho são de aço, e a ponta varia. As da marca GILLOT são bem interessantes, a n°291, por exemplo, é bem fina e flexível, a n°303 dura. 
A pena de desenho, portanto, convém fazer traços finos e delicados. 
Pincéis 
Os pincéis são feitos de pelos finos, médios e diversos tipos conforme seu fim, empregado nas técnicas: aguada, aquarela, pintura a óleo, acrílica, têmpera, etc. 
Os mais flexíveis são os de pelo de marta ou outros tipos muito macios, próprios para pinturas artísticas, utilizados com tinta bem diluída em aquarela, aguada e outras representações análogas. Muito apreciados também, por profissionais da área publicitária. 
No caso da pintura a óleo e acrílica, podem ser considerados demasiadamente macios e flexíveis. Pincéis de pelo muito curto, já não constituem os melhores modelos.
Pincéis adequados para pintura a óleo ou acrílico, são aqueles que sejam firmes, mas, que não retiram a tinta já colocada e os de cerda são bem indicados, principalmente os de cerdas mais longas. 
Pastéis 
 O giz pastel é um meio muito interessante de se desenhar e mesmo pintar. Podemos dizer que inicialmente, constitui um ponto intermediário, um cruzamento entre o desenho e a pintura. Isto lhe dá uma vantagem única para certos tipos de trabalho. É um material encontrado em lápis ou barras. 
O Gizes Pastel após, e mesmo durante a produção, necessita da utilização de verniz em spray.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS 
Nas artes visuais, se costuma destacar com grande ênfase, a argumentação sobre a questão do dom. 
A proposta do presente curso é oferecer meios técnicos e conceituais sobre como se representa uma imagem, tanto de forma verossímil, quanto bem conceitual. 
O ser humano nasce em tese, com capacidade para desenvolver a fala, a coordenação motora, a escrita e neste sentido, por analogia se pode incluir o desenho. É necessário saber que desenhar é desenvolver a noção espacial e sua interação. Em outras palavras, assim como em outras competências, a arte de desenhar pode ser desenvolvida. O dom, portanto, entendemos que existe, todavia, pode e deve ser aprimorado, pois o dom é meramente uma inclinação a certa atividade, mas, o indivíduo necessita de um campo propício e meios facilitadores para um bom desenvolvimento.
Acima é apresentado o desenho de um aluno na primeira aula. Nota-se dificuldade na silhueta (desenho gestáltico). 
Sem a prática, o desenho pode se mostrar tímido com traços pequenos e trêmulos, assim como os primeiros treinos de escrita.
Aplicação
Todos, se não uma boa parte, devem se lembrar do caderno de caligrafia. Qualquer pessoa ao comparar a grafia ou escrita do primeiro ano como a grafia do quinto ou sexto ano, perceberá mudanças significativas, tanto na forma ou aparência das letras, bem como nos acertos gramaticais. Quando comparados esses anos iniciais em relação aos períodos mais avançados, poderá ser verificado mais mudanças ainda, em todos os aspectos. Resta claro que o ser humano nas suas práxis, está em constante aprimoramento.
Observa-se que ninguém se preocupa se um indivíduo tem ou teria dom de aprender a falar, a andar, a correr, escrever, como que as habilidades e muitas das manifestações fossem inatas.
Espera-se que todos incondicionalmente aprendam essas habilidades como que naturalmente, mais que isso, como se todos nascessem sabendo. No mínimo que todos demonstrem proficiência em todas as disciplinas. Neste sentido, quanto aos aspectos artísticos, não por conta do professor, estranhamente o próprio indivíduo parece separar a arte em dois momentos muito distintos: As atividades artísticas, como expressões de liberdade da criança propiciadas pelo ‘dom’, mas o rompimento desse ‘dom’ nas expressões dos Desenhos e atividades artísticas mais elaborada, estariam disponíveis ou possíveis, apenas para alguns escolhidos por este fenômeno.
Aprenderemos que a arte de desenhar e pintar não é diferente de se aprender ou desenvolver qualquer habilidade, basta você manter o mesmo espírito, postura de quem quer aprender, português, matemática, Direito, psicologia, história dentre outros conhecimentos e atividades.
Para se ter uma grafia agradável e segurança no traçado, é preciso treinar, seja em caderno próprio, seja onde for. Similarmente, para se aprender a desenhar ou desenvolver mais habilidade na representação de elementos, exercícios de coordenação motora poderão auxiliar na tarefa, deixando o traçado firme e sutil. 
Quanto à velocidade podem haver dois fatores: o treino acelerado pode resultar em execução muito rápida e diferente do que se poderia pensar. Conforme nos ensinou, Claude Monet, principalmente em seus exercícios da catedral, pintar rápido, não representa fazer de qualquer jeito.
Outra forma é até mais simples, diz respeito à organização da paleta, dos materiais e sua organização, como poucos pincéis para cada trabalho, ajuda a não ficar perdido tentando decidir todo o tempo sobre as muitas opções de cores, médiuns e pincéis.
Exercícios de coordenação motora 
Segure o lápis debaixo da mão, dando-lhe mais liberdade neste exercício, em alguns contornos e sombreamentos. 
Desenhe as linhas oblíquas, verticais, paralelas de cima para baixo e da esquerda para direita. Depois das linhas feitas, refaça-as, só que agora ao inverso. As oblíquas do mesmo modo, procurando fazê-las mais retas possíveis, conduzindo-as na mesma direção; mantendo as mesmas distâncias entre as linhas ou distanciando-as conforme pedido. Faça agora uma série de combinações de linhas; triângulos, quadrados, retângulos, equiláteros etc. 
A extensão de cada traço deve ser feita num só lance, sem interrupções. Para as minúcias e detalhes, sua mão deve ficar na mesma posição como se escreve. 
Lembre-se de não fazer traços picados, trace-os com firmeza e decisão.
Nos exercícios de cima foram utilizados pincéis de pelos macios e de consistência média. Cada tipo de pincel pode contribuir para determinada tarefa ou determinada finalidade.
Para compreender melhor a dinâmica de cada tipo de pincel e os efeitos de textura, pode ser feito uma série de sequências de traços e formas com um tipo e depois refazer os mesmos com outro pincel.
A orientação na utilização de densidades diferentes de tintas, a fim de se visualizar com mais segurança, deve ser feita apenas quando se completar pelo menos duas sequências.
Os exercícios abaixo, foram realizados com pincel atômico de bico fino.
Note que os traços foram feitos de cima para baixo, de baixo para cima, da direita para esquerda e vice-versa. Tente fazer seguindo a orientação.
Conceito da forma 
Geralmente artistas iniciantes se preocupam muito em desenhar coisas, se preocupam muito com as linhas e detalhes. 
Um aspecto fundamental que os artistas devem observar, é que na natureza não há linhas, apenas formas sobrepostas, umas às outras, cada forma com determinada área de cor e valor. 
À frente trataremos da definição mais refinada do ato de desenhar, por hora, vamos entender ou definir em: perceber a silhueta ou contorno da imagem, relacionar suas partes e representar, para isso, utilizaremos os princípios da forma e espaço que norteiam essa abordagem.
Escolha dois objetos: um de forma esférica; pode ser uma árvore, laranja, maçã, outro de forma cúbica: qualquer caixa, casa, prédio etc. 
Segure o lápis como se estivesse desenhando, faça com um dos olhos fechados o contorno no ar de aludidos assuntos; o esférico depois o cúbico, começando em qualquer ponto que quiser, até chegar ao mesmo ponto de partida. 
Agora repita os dois exercícios em seu caderno, concentrando-se mais no assunto do que no papel. 
Dê olhadas rápidas para o papel apenas para controlar o traçado. Procure suas linhas mais simples e principais, desenhando primeiro as formas maiorese depois as menores que enriqueçam o trabalho, como: luz, sombra, reflexos, dobras, formas aprisionadas. Perceba que é mais fácil desenhar formas que desenhar coisas e não é preciso pensar em quase nada para realizar este feito, apenas em sua dimensão e relações proporcionais. 
Dimensão diz respeito ao tamanho do objeto, possuindo ALTURA, LARGURA E PROFUNDIDADE. 
Proporção, são as relações de equivalência de um corpo ou objeto, ou seja, as medidas existentes no próprio elemento.
A proposta de se pensar em formas e não em coisas, pode facilitar substancialmente, tanto nos passos iniciais, quanto nas produções artísticas ao longo do caminho.
Podemos resumir as formas básicas em “4”: CUBO, CILINDRO, CONE e ESFERA.
As quatro formas básicas são blocos ou estruturas de construção que podem facilitar a visualização do todo, neste sentido, observa o artista Paul Cézanne como elemento de premissa para ver a natureza. Em linhas gerais Cézanne, segundo Paulo Roberto Arruda de Menezes, esse tipo de estruturação por meio das formas, procurava estruturar suas pinturas por meio deste processo:
Seus quadros das décadas de [1800] 70 e 80 nos mostram bem o esforço em transformar tudo em "cilindros, esferas e cones”, desafio ininterrupto à perspectiva tradicional. Nessa acepção, as linhas horizontais sugerem a extensão e as linhas verticais, a profundidade. Buscava captar a estrutura geométrica das coisas, interna às suas formas (MENEZES, 1997, p.73).
O artista ao conceituar sob o prisma das quatro formas, representa tão somente, uma síntese estrutural. Ao se fazer uma representação de uma cena, pode ser necessário, ultrapassar a representação em detrimento da interpretação. A abordagem do conceito da forma, portanto, é apenas um ponto de partida, como elemento apenas para facilitar o conceito e como veremos no decorrer da exposição, será possível compreender como de grande utilidade para muitas outras tarefas e mais que trabalhar a técnica de como se desenha, é trabalhar a confiança. Estruturar por este meio não representa estar preso à forma ou qualquer dogma. Neste sentido o historiador Duílio Battistoni Filho aponta:
Com o correr do tempo, sua arte tornou-se cada vez mais delicada e experimental. Abandona os postulados do movimento e resolve reconstruir a sensação de estrutura, densidade e peso dos objetos. Passa a adquirir uma visão plástica do mundo, isto é, via mais forma que conteúdo. Por exemplo: via uma árvore como um grande cilindro, representado pelo tronco, e uma elipse, sugerida pela forma geral da copa. Tentava reduzir, simplificar as formas da natureza a cilindros, esferas e cones. Aí está a origem do Cubismo de Picasso e Braque (FILHO, 1989, p.102).
Muitos são os métodos de se desenvolver o olhar e habilidade manual para se conseguir desenhar com destreza. No decorrer da nossa exposição de ideias, trataremos sobre várias formas e técnicas. Não há, portanto, a forma certa e a errada, mas uma seleção das possibilidades técnicas e conceituais no ensino aprendizagem. 
O que vai fazer com que se consiga desenvolver relativamente rápido esta e outras técnicas será, mais que conceitos e sim, os treinos dedicados. Havemos de concordar, no entanto, que o artista Paul Cézanne nos deixou excelente lição de como explorar e usar criativamente o conceito da forma.
Identificar a forma 
 
Nessa paisagem na técnica espatulada do pedagogo e artista Gil Pery, se pode claramente analisar algumas dessas formas. A casa explicitamente demonstra bem as formas cúbicas; a árvore em primeiro plano como sua exuberância esférica. Mesmo que ou outros elementos não se apresentem de modo tão nítidos, e nem precisam.
Se analisar inicialmente a partir dessa premissa, pode facilitar os passos introdutório, e mesmo durante as fases de maior domínio técnico, portanto a técnica pode ser utilizada em todas as fazes do desenvolvimento artístico.
As formas, direta ou indiretamente estarão presentes em tese, em tudo que se vê. Aqui, como elemento didático, vamos deixar bem marcante.
Repare nesta paisagem: a casa é basicamente formada por cubos, o telhado é formado basicamente por pirâmides ou formas cônicas.
	
	
Intrinsecamente, partes do telhado se assemelham muito ao cone, os troncos são constituídos por cilindros ou formas cilíndricas, bem como a copa, uma esfera. 
Essas formas se apresentam nitidamente nesta composição abaixo executada em hachuras.
 
No momento, o assunto tratado é o conceito da forma e é neste conceito que ainda discorreremos, mas sobre a presente técnica, gostaríamos de pontuar o seguinte: trabalho acima em hachuras, foi executado sem a utilização de linhas de contorno de fato, como normalmente é feito. Seus limites, ou bordas, foram possíveis graças à combinação cuidadosa dos tracejados ou hachuras, conceito que em momento adequado trataremos em específico. 
Obs.: muitos artistas utilizam o substantivo “pirâmide” em vez de Cone. A pirâmide lembra muito um cubo, talvez por isso, não constitui a priori, elemento específico do nosso estudo, mas você pode considerar como análogo ao cone. ou mesmo um elemento piramidal como complementar aos elementos universais representativos do conceito da forma. 
Projeto - Formas 
Conforme estudado, tudo tem uma forma (algumas vezes podem se encontrar entre outras duas formas também). 
Desenhar a partir dessa visão, facilita e muito a sua compreensão. Vamos começar esse projeto com três desenhos do natural. Em cada trabalho você deverá identificar uma forma geométrica simples. 
Faça o contorno das formas com traços delicados. Em um arvoredo pode ser encontrado, por exemplo, duas ou mais formas, cônicas, cilíndricas, esféricas, cúbicas... Tome cuidado com a variação existente no natural, porque essas formas são apenas para simplificar sua composição. 
Desenhe aperfeiçoando continuamente o seu traço, fazendo dele a base de todo seu trabalho artístico. 
Procurar ver formas gerais, depois seus detalhes como se fossem massas com relevos e depressões, é um jeito bem pratico se se desenvolver o desenho. 
Deixar os olhos percorrerem o assunto suavemente, enquanto se faz gestos no ar como se estivesse desenhando, pode ser uma forma de fortalecer a impressão do desenho e facilitará o percurso do lápis no papel. Olhos e mãos serão um só. 
Desenho cego 
Esse é um processo bem interessante e até se transformar em hábito, os desenhos talvez não terão a mesma aparência do original, mas não se preocupe com isso.
Dizemos que é a linguagem das formas, essa linguagem transcende o pensamento racional e crítico, possibilitando registrar de forma excelente o que se vê. 
Neste processo, embora o conceito primordial seja pela plena fluidez das formas, se familiarizar com as estruturas, reforça o poder de construção.
Esta é uma questão central nesse diálogo. 
Pode ocasionar diálogos internos de vez em quando; ocasionando esses diálogos, leve-o para o lado prático como já foi mencionado: será que essa forma é mais arredondada? Será que essa forma é maior ou menor que essa outra? Será que é mais inclinada, mais estreita? 
A beleza dessa técnica e que nos tira das linguagens das coisas e não pensamos em desenhar árvores, rostos, mãos, carros, animais e sim, formas, e estas sintetizam o que queremos representar. Não importa o que queiramos desenhar. 
Olhar bem para o assunto, procurar sentir suas formas; deixar os olhos o percorrerem lentamente, são procedimentos que auxiliam a captar cada detalhe e relacionar ao todo, esse é o ponto chave. 
Concentrar-se mais no papel ou na tela, sem dar a atenção devida ao assunto, assim como o excesso no uso da borracha são hábitos prejudiciais que implicam na qualidade do desenho, e ocorre com frequência por muitos na fase inicial de aprendizagem. 
O exercício do desenho cego por si só, não anulará referido hábito, o processo da presente técnica serve para você sentir a coordenação entre mente, olhos e mão. Constitui, por excelência, excelente exercício de aquecimento.
Artistas, principalmente nos primeiros passos, esperam que seus esforços resultem emdesenhos como dos grandes mestres da pintura ou ilustradores experientes.
A preocupação não é infundada, mas, quando se oportuniza as mais variadas formas de construção, se está avançando com um olhar mais próximo à percepção em profundidade.
 O trabalho acima que realizei do meu filho a partir do natural, enquanto brincava no andador, executei sem compromisso com a estética e traços refinados, este é um dos princípios da técnica. Observe que as coordenadas lineares não ficaram conforme o senso coletivo para o desenho acabado ou seja, com traços limpinhos, no entanto, foi o suficiente para traduzir a estrutura em escorço (perspectiva) e os padrões característicos do modelo, intensificando a capacidade que se pode adquirir, através do treino desta técnica. 
Projeto - Desenhar no Ar 
Observe o assunto a ser desenhado, veja com que forma ele se parece. Como se estivesse esboçando no papel, desenhe no ar as formas existentes no modelo. Contorne no ar primeiro as formas maiores, depois as menores, agora repita os mesmos gestos sobre o papel, desenhando a silhueta da forma, depois os detalhes. Observe qual lado é mais escuro, faça o mapeamento dessas áreas e valorize (preencher com tons). Faça dois trabalhos: o desenho de uma árvore, depois um sofá, se preferir desenhe algumas almofadas etc. Você perceberá que aliado a compreensão da forma é mais fácil registrar determinado tema. 
VISUALIZAÇÃO 
Realizar um desenho ou pintura a partir de fotografias já tem suas peculiaridades; fazer em plein air pode exigir um pouco mais de esforço.
O importante é lembrar que, assim como ao se treinar a direção um veículo automotor, com a prática, se desenvolve habilidade de coordenação e o golpe de vista, de forma análoga, se pode aprimorar a percepção visual em interpretar diretamente do natural uma cena ou imagem com primazia. 
A maioria de nós, tem um olho muito bom, mas, para que fique preciso, assim como em outras competências, é necessário treinar. Neste sentido, o treino aliado à técnica constitui um ótimo recurso para avaliar proporções coerentes. 
Medidas Comparativas 
A medida do polegar é uma técnica de visualização e neste processo, medindo com o polegar, você segura o lápis entre o polegar e os três primeiros dedos, de modo que o último, o dedo (mínimo) fique ao oposto dos demais; deixando o polegar livre. 
Observe bem o assunto, feche um dos olhos. Faça coincidir o ângulo visual do assunto entre a extremidade do lápis ao polegar. A partir dessa medida da altura será tirada todas as outras medidas. 
Agora trace uma linha no meio da imagem. Esse eixo que divide o assunto em duas partes iguais e auxilia o desenhista a sentir o equilíbrio da imagem, é denominado de eixo de simetria. 
Observe as proporções do assunto de inspiração. Contenha o desenho em uma caixa geométrica, que é o campo usado para cercar figuras simétricas ou assimétricas. Essa lhe facilitará o trabalho. 
As medidas comparativas são de suma importância, através dessa técnica se pode estabelecer, articular um objeto em relação a outro.
Constitui uma excelente forma de desenvolver um dos campos da percepção: as relações proporcionais, mas com o tempo pode não ser mais necessário este meio de construção.
A técnica auxilia, no passo inicial do desenho e possibilita visualizar de forma coerente os limites e bordas.
Na ilustração acima a altura é igual duas vezes à largura. Essas medidas são consequência do desenho original e cada desenho terá sua própria medida.
Educação visual, é o nome dado ao refinamento alcançado em uma visão aguçada; aprimoramento desenvolvido através do treino.
Vários elementos podem ser lidos como se fossem uma unidade. Um processo técnico bem simples, consiste em você cuidadosamente analisar todos os elementos em cena em relação não apenas às proporções de cada um, mas, a interação do todo.
Ao se olhar isoladamente ou não se atentar aos vários elementos como uma grande massa, se corre o risco de suas relações ficarem desproporcionais.
Quando se tem uma cena muito ampla, destacar uma área específica poderia se tornar um pouco mais difícil, seja pela própria imensidão e excesso de informação, além de a natureza não apresentar naturalmente um delimitador, para isso, podemos utilizar esta ou outra técnica de visualização que apresentamos na sequência. 
Visor Pictórico
Outro modo que pode facilitar a visualização é um sistema muito simples e prático que pode ser feito com praticamente qualquer tipo de material.
Instrumento simples e muito eficiente. Ajuda a enquadrar certa área e ainda compreender melhor o ângulo. Basta selecionar a área mais específica de uma cena panorâmica, visualizando através da abertura do visor pictórico, visualizador ou simplesmente visor.
Independentemente do visor, antes de começar seu desenho ou pintura, observe sem pressa, suavemente a cena. Semicerre os olhos para eliminar os detalhes, sentir os contrastes, as grandes e as pequenas áreas.
Veja esta cena, como as muitas informações não contribuem de modo a não conferir atração à cena, mesmo que as cores sejam mais destacadas. 
 
Com o método, você descobrirá que qualquer parte da cena pode ser e conter um centro de interesse, até mais aguçado do que quando se olha o todo.
Ao analisarmos a parte destacada da cena percebemos como a parte selecionada por meio do visor, limpou o excesso de informação e deixou a cena agradável.
O método pode ajudar a se analisar também os ângulos. Pode ser feito no processo de visualização com a medida do polegar, mas o visor é muito eficaz também.
 Com as linhas de ponto de fuga é possível sentir e achar com boa precisão o quanto desnivelada ou recuada a um ponto denominado de fuga[footnoteRef:2], a execução mais livre é uma extraordinária forma de se aprimorar a visão a entender os ângulos e o traçado. [2: As técnicas de perspectiva serão apresentadas no caderno VII.] 
Considere qualquer coisa na cena para enquadrar. O visor emoldura parte da cena escolhida e facilita a escolha do melhor ângulo e certos detalhes em destaque como uma forma, cor, contraste etc. Outra questão é que o visor pode ser utilizado horizontalmente, verticalmente ou inclinado. Você é que escolherá a melhor forma. 
Qualquer que seja a técnica de visualização escolhida, pense nos eixos de nível e prumo. Com o tempo você também fará como artistas experientes, apenas em um golpe de vista do assunto poderá ou conseguirá estabelecer essas relações. 
	
	As linhas podem auxiliá-lo a agrupar ou determinar alguns alinhamentos dos motivos. Esse método é bem legal principalmente para o iniciante. Linhas auxiliares de construção bem válidas de um desenho, mas tome cuidado no exagero dessas linhas para não o levar ao vício do quadriculado. 
O esboço na fase inicial ou primeiros apontamentos pode ser de suma importância, por isso, sempre esboce uma figura antes. Este lhe dará melhor visão do assunto e seu gesto. 
O esboço é um delineado da estrutura do modelo. É a forma sumária de um projeto, possuindo suas características principais, isenta de detalhes. Com o tempo você poderá optar por executá-lo antes ou não. Por hora, a técnica do esboço poderá auxiliar no fortalecimento do olhar. 
Projeto - Medir com o polegar 
Seguindo a instrução como medir com o polegar (medidas comparativas) faça três desenhos; o primeiro de um arvoredo a partir do natural em uma praça ou em sua rua. O segundo desenho, de uma porta de sua casa (desenhe a porta semiaberta); o terceiro desenho, de uma pessoa sentada ou deitada. 
Fique em uma distância superior a três metros para os dois primeiros desenhos e pelo menos, entre dois a três metros da pessoa. 
Use lápis da série ‘B’, fusain (carvão vegetal para desenho), caneta esferográfica, hidrográfica, caneta tinteiro para Nanquim ou outro instrumento à sua escolha. 
Tempo de 30 a 40 minutos para cada desenho. 
Elipses precisas 
O que determina a abertura de uma elipse (círculo em perspectiva), é o nível do olho. Dependendo da altura, a variedade de elipses pode ser vasta: gargalo, rótulos, baseetc.
Olhando a parte superior da garrafa o nível do olho estará acima da boca da garrafa, logo, a elipse do gargalo será mais fechada, as dos rótulos, um pouco mais abertas que as de cima, enquanto a elipse da base será mais aberta ainda. 
	O mesmo ocorre em relação ao vaso, mesmo que não se veja seu giro na base, ela lá está. Assim como ocorre ao se vê da base para o gargalo, a elipse da base se mostrará mais fechada enquanto a elipse do gargalo se mostrará mais aberta. 
No projeto, pode ser realizado em qualquer lugar, desde que você tenha formas cilíndricas. 
Você pode começar desenhando garrafas transparentes ou qualquer elemento que possibilite ver por dentro, como um rolo de fitas etc.
Pegue vários utensílios com alturas diferentes e monte uma composição. Coloque um dos objetos caído sobre a mesa de modo que você veja o fundo e um pouco da lateral. Faça a primeira composição sentado, depois a refaça em pé. O propósito é fazer a mesma composição em alturas diferentes, justamente para você sentir como os círculos em perspectiva se comportam em relação ao nível do olho. 
É preferível utilizar um cavalete, caso não o tenha, use uma prancheta para apoiar a folha. 
Perceber o Volume 
Denomina-se de perspectiva esférica. Nós da Open Academia de Artes denominamos também de perspectiva circular, o efeito visual pela qual a forma circular vai se achatando à medida que se nivela ao nível do olho e se abre mais e mais ao passo que se distancia, conotando até a impressão de que o objeto está se curvando, ou que se está olhando de cima. O termo perspectiva esférica, utilizamos apenas para elementos esféricos.
Dominar esse efeito visual é necessário para fornecer o sentido harmônico das voltas e compreender a profundidade. Auxiliado ao domínio do claro e escuro (tonalidade), fortalece a impressão do volume (profundidade) mais claramente obtendo assim, beleza e realismo. 
Nas formas cúbicas, o conceito em relação à altura dos olhos e a mesma, no entanto é necessário, saber também que há linhas que se convergem a um ou mais ponto, que se encontram numa linha imaginária, à altura, abaixo ou acima dos nossos olhos, que dizemos linha do horizonte.
Traduzir o volume das formas esféricas ou qualquer forma arredondada, exige além de uma boa observação do posicionamento da luz e a projeção de suas sombras, um sutil conhecimento de suas elipses, as quais são determinadas como já foi dito anteriormente, pela altura do nível do olho, auxiliado muitas das vezes pela ação da perspectiva[footnoteRef:3], mas que a ausência desse conhecimento não afeta ou dificulta o estudo das elipses. [3: Assunto que será abordado no “caderno 6”, de forma rica e assimilável.] 
Projeto - Elipses 
Nesse projeto complementar sobre a elasticidade visual das formas, você pode representar por exemplo, a mesa do computador, a cômoda, o armário, etc. 
Faça o desenho com a vista quase frontal em relação ao móvel, observe como suas paredes verticais e horizontais se abrem, à medida que se afastam, ficam mais à lateral. O princípio é o mesmo em relação ao nível do olho 
Use uma prancheta para apoiar a folha caso não tenha cavalete. 
Projeto - Complementar 
Pegue um copo, deixe-o na altura de sua visão. Veja como os círculos vão se abrindo à medida que o copo vai se distanciando do nível do olho. 
O ponto médio 
Observar as coisas apenas como formas, é excelente e consiste em simplificar o que se vê, e o senso de equilíbrio é o ponto chave. Algumas técnicas podem auxiliar a se compreender melhor e aperfeiçoar a visão como o ponto mediano de uma imagem. 
Encontrar o ponto médio é um recurso que permite resolver facilmente problemas proporcionais, permite se ter uma visão mais apurada, eliminando possíveis problemas de enquadramento mais tarde. Recurso que consiste em dividir o assunto em duas partes iguais: metade do espaço ocupado pela forma, estando em escorço ou não. 
Para se encontrar e determinar a forma e espaço do assunto, se pode buscar apenas alinhamentos substanciais; o procedimento ajuda na evolução artística.
As relações e alinhamentos, como veremos à frente, podem ajudar a sentir e a aprimorar o senso de equilíbrio também. Neste sistema de nível, a preocupação se restringe na análise da distribuição ou divisão do ponto médio entre as massas inferiores e superiores. 
 Na imagem abaixo, o ponto médio horizontal coincide com altura das mãos, passa na intersecção do braço com o corpo, e como no conceito do ponto médio se considera todo espaço ocupado pela imagem, verticalmente o ponto médio passa no lado esquerdo da cintura, na lateral do modelo, tocando o início do braço e o canto da cabeça.
Quando se tem dimensões muito grandes ou superior ao tamanho da pessoa, por exemplo, seja em altura ou largura, se pode, nesses casos, recorrer a mais alinhamentos auxiliares, uma vez que os olhos têm mais dificuldades de mensurar grandes dimensões, ainda mais se não houver espaço para se tomar distância da imagem em execução. 
O uso de forma adequada dos alinhamentos permite captar de forma mais fácil a ação do modelo.
 O conceito nesse processo é encontrar pontos chaves, auxiliares do ponto médio. Você pode identificar dois ou três pontos fundamentais no sentido vertical ou horizontal. 
Um dos critérios para partir essas linhas é “facilitar o registro da ação”. Cada ação é específica e corresponde à parte da figura. 
 
		Um procedimento simples, mas que auxilia fortemente a encontrar e ajustar os alinhamentos verticais e principalmente quando utilizado em pontos chave. O conceito não é meramente averiguar se uma estrutura está verticalmente certinha, mas relacionar e posicionar melhor as partes.
Nível e Prumo
Aprimorar de tal modo a capacidade de julgamento e verificação das relações de uma forma com outra e com o todo, ao nível de automaticamente se observar todo o aparato linear, além das perspectivas etc., pode ser considerado por meio de referida técnica. 
Preliminarmente, é importante destacar que o processo de nível e prumo, embora parecido com o conceito de ponto médio, acima estudado, se mostra sensivelmente técnica distinta. 
No processo de nível e prumo se busca vertical ou horizontalmente, o ponto mediano do todo. Já no processo de nível e prumo o que se busca são pontos tangencialmente sensíveis, ou seja, alinhamentos que conceitualmente se tocam, no intuito de se averiguar as relações de altura, largura e distanciamentos ou proximidade das partes.
Quanto mais precisão exigir ou se buscar, se poderá utilizar mais de 2 ou 3 linhas verticais e 2 ou 3 linhas horizontais. 
Deve-se ter também, cuidado com o exagero de linhas, seu excesso paralelo denominado de quadriculado, pode levar o aluno ao vício, furtando conceitualmente a sensibilidade e o poder de observação”. 
Já o método do quadriculado, se for em representações de grandes dimensões é bem válido, mas, para desenhos que não sejam superiores a pelo menos uns dois metros, não traz grandes benefícios e pode deixar o artista visual com um olhar limitado. 
Observe o alinhamento vertical e horizontal do assunto. Essa técnica chamamos de prumo e nível e estão intimamente relacionadas às medidas comparativas. 
Assim como nas medições comparativas se pode utilizar também, o próprio lápis ou pincel para verificar os alinhamentos e proporções. Método excelente para encontrar as relações proporcionais de qualquer assunto. 
Um desenhista experiente, geralmente executará uma representação que uma pessoa em movimento, sem dificuldade. Devemos considerar as dezenas de vezes que aludido artista executou os desenhos.
Quando olhamos uma imagem em ângulos pouco convencionais ou ângulos mais complexos, se pode desprender além do tempo e muitos rascunhos o desânimo, assim indicamos que seja feito utilizando algumas linhas de nível e de prumo para facilitar o desenvolvimento.
Abaixo a mesma imagem com apenas uma linha vertical e uma horizontal auxiliar no processo de visualização de suas relações.
 
A profundidade da perna, o escorço da outra, as relações cabeça corpo e o deslocamentoe posição das mãos, são alguns dos exemplos.
As medidas comparativas aliadas à técnica de nível e prumo, podem ser utilizadas desde elementos mais simples aos complexos.
Mesmo que seja a interpretação de uma composição simples com cubo e cilindro, ou apenas um elemento como um bule, o recurso pode auxiliar no entendimento das distorções sofridas em virtude do efeito de profundidade, bem como coordenar as diferenças dos planos onde se apoiam. 
As medidas comparativas são utilizadas também para fazer comparações no próprio objeto.
Proporções e alinhamentos
Um leve esboço já deve traduzir o movimento e gesto. As linhas horizontais e verticais são apenas para se compreender mais facilmente e desenvolver de forma específica e clara as referências (existentes) de alinhamentos deixando-o confiante, não apenas em dar os primeiros passos, mas, desenvolver o campo visual mais rapidamente. 
Inicialmente é mais difícil determinar a posição, ângulos e dimensão, sem algum tipo instrumento auxiliar. 
 No desenho abaixo utilizamos a técnica de nível e prumo. Perceba como a técnicas se mostra muito interessante, imediatamente ajuda a visualizar as relações e mensurar até o alinhamento do gesto.
Perceba que mesmo que o alinhamento, como no primeiro exemplo, esteja mais ou menos no ponto mediano, não é esta técnica que estamos tratando, mas dos pontos mais decisivos relacionados aos alinhamentos.
Você pode continuar a utilizar apenas uma linha vertical e outra horizontal. Mas ao utilizar mais de uma linha nas duas posições, as linhas de prumo e nível se tangenciam, e formam uma área de concentração de parte da imagem, facilitando sua execução.
Projeto - Proporções e alinhamentos 
 Você pode começar o desenho traçando uma linha vertical e outra horizontal, independentemente de como seja o objeto.
Observe o assunto a ser desenhado, concentre a atenção na dimensão, proporção e observe o gesto. Este pode simbolizar o estado de espírito. Para facilitar inicialmente seus estudos, identifique o ponto médio com o processo de visualização (medida do polegar). Com o auxílio do lápis ou pincel como instrumento para verificar relações de proporções, faça um leve esboço do assunto. Pode ser bem rascunhado ou até ser uma forma definida, mas tente fazer gestual, que é o elemento de ênfase neste estudo.
	O desenvolvimento firme e decisivo, é conceito e ponto chave. Sempre que achar dificuldade em avaliar um assunto, use a técnica quantas vezes entender necessário.
	Ao passo que os olhos e mãos ficarem bem treinados, você não precisará mais medir com nenhum instrumento. 
Só ao olhar o assunto você conseguirá relacionar todas as proporções existentes do natural, além de adquirir mais habilidade. 
Ao achar o ponto médio no modelo, veja suas relações de proporções. Identifique os limites entre o topo e a base. Verifique se o assunto é mais largo que alto, se uma determinada proporção é maior, menor ou igual a outras proporções. 
Observe que conceitualmente, o ponto médio se cruza na imagem à altura do antebraço. A linha de nível ajuda a estabelecer o encosto da cadeira e outros elementos de cena que necessitem se relacionar à outra altura.
A linha de prumo ajuda a compreender o posicionamento do modelo no sentido vertical, bem como relacionar e mensurar as distâncias e outros elementos. 
Mais duas linhas podem ainda serem utilizadas. Vertical e horizontalmente.
	O conceito de nível e prumo constitui auxiliar fantástico ao desenvolvimento em todas as fases de aprendizagem.
Estrutura do Desenho (esboços) 
Nem sempre se tem, mesmo que seja 5 minutos, tempo para registrarmos uma cena, por isso a máquina fotográfica é muito útil, no entanto, não se iguala ou se compara com um apontamento do natural, quando se trata do gesto e a força que tem um esboço em plein air. 
Como o próprio nome já diz, esboço é a simplificação, do desenho (figura), portanto, ao esboçar faça uma análise do geral, procurando simplificar o máximo a figura, mantendo todo o vigor, gesto, forma e expressão. 
Muitas das vezes, se julga belo apenas o que é bem definido ou bonito aos olhos. O artista tem que ir além, exceder essas noções. Tenha sempre em mãos um caderno para esboços, sempre que possível, faça registros rápidos captando além dos traços, cor, luz, perspectiva etc. 
	Não se preocupe com acabamento ou finalizações detalhadas. 
	Os desenhos abaixo mostram uma diferença substancial: assim como a personagem deitada no sofá, o desenho à direto é um croqui que é em apertada síntese, eu esboço trabalhado com mapeamento de luz e sombra e não é indicado para pintar depois como o desenho à esquerda, e sim prosseguir para a arte final com a mesma técnica inicial.
	Como no segundo desenho, onde a hachura é bem presente também e o mais importante, em nossa análise é captar o gesto e espontaneidade, que ficar exagerando de detalhes quando vai receber tinta.
Esboço para Pintura
O esboço pode se mostrar um grande auxiliar para certas pinturas que exigem maior definição ou para um desenho acabado. Se não for com intuito de acabamento, deve ser bem simplificado, até porque, não há obrigatoriedade de se esboçar a tela para se pintar. 
Não há necessidade e nem se deve, portanto, fazer o esboço com mapeamentos de luz e sombra, ou ainda o desenho quase acabado a lápis ou carvão. O esboço executado com detalhes e mapeamento, apenas prejudicaria a sua execução na pintura. 
Ao pintar o motivo, os traços preliminares serão apagados pelo material utilizado na execução do quadro, podendo ainda, a pintura ser prejudicada por influência do grafite ou excesso de carvão utilizado no esboço. A sugestão é realizar os traços sumários com os mesmos materiais que será executado o acabamento, assim no caso da pintura, orientamos a esboçar com a própria tinta.
A Segunda forma de esboço, como feito na paisagem, poderá servir como inspiração para trabalhos futuros, e poderá receber mais acabamento, caso se queira, ou deixar como se apresenta, que já está uma boa estruturação.
TOQUE DE ARTISTA 
Reforçado em nossas lições, mais importante que o dom é a pessoa ter o ‘animus’ ou vontade real de aprender, e assim como ocorre em relação a outras habilidades, a arte também pode e é desenvolvida. Sobre esse aspecto pondera Beth Edwards em suas análises: 
...a capacidade de desenhar é algo que pode ser aprendido por qualquer pessoa normal dotada de visão e coordenação manual medianas — com habilidade suficiente, por exemplo, para enfiar uma linha numa agulha ou atirar uma bola à distância. Ao contrário do que geralmente se pensa, a habilidade manual não é um dos fatores fundamentais no desenho. Se a sua caligrafia é legível, ou até mesmo se você é capaz de escrever legivelmente em maiúsculas, então você é amplamente hábil para aprender a desenhar bem. (Edwards, 1984, p.13) 
Pode-se, portanto, intuir que a habilidade de desenhar e pintar, parte da premissa de que é habilidade que pode ser aprendida e desenvolvida. 
Muitos artistas depois de muito tempo parecem terem esquecido dos passos iniciais e dos artistas que direta ou indiretamente serviram explícita ou implicitamente do seu desenvolvimento. Abaixo passamos a apresentar alguns artistas como fonte de inspiração. 
O artista também americano Bert Dodson, ensina que o desenho não é em tese algo inato, mas um desenvolvimento cognitivo e motor.
 O ilustrador ao afirmar e instruir: “não tenha medo de errar, pois, tentativa e erro fazem parte do processo” (Dodson, 1990), nos ajuda a compreender que ninguém nasce sabendo, por isso, não se preocupe em demasia se o desenho não flui inicialmente como se deseja. 
Gil Pery 
Em 2002 estive conversando com um dos melhores ilustradores, hoje pedagogo e professor de artes, que se tomaria um grande artista plástico e crítico de arte, chamado Gil Pery. Já naquele tempo podia-se observar que este tinha em mãos o dom de artista, que é saber observar e ser perseverante. 
O artista em razão de sua dedicação, consegue identificar tanto os desenhos de ilustradores, como as pinceladas, cromas e espatuladas de grandesartistas plásticos. 
É interessante quando conseguimos identificar o trabalho dos mestres, analisando a maneira como trabalham e traduzem o comportamento dos traços, texturas, cores, etc. 
Alguns amigos me cederam uns de seus trabalhos os quais são bem diversificados e fonte rica para nossa análise. 
Atente agora a um traço, um gesto, uma nuance e reproduza ou apenas se inspire por meio de cada um dos trabalhos dos artistas.
Desde a pré-escola até o final do ensino fundamental, quantas modificações houveram até se dizer está pronto. 
Cada um de nós tem uma personalidade e uma forma de expressão mais ou menos única. No desenho e pintura, os traços são como a grafia (escrita), carrega consigo a identificação de cada um, mesmo com similaridades, por isso, não é necessário tentar reproduzir em todas as minúcias. 
Embora a ideia não seja fazer uma cópia fiel, mas caso o faça, é também coerente. Se inspirar tentando imitar o traço dos artistas, é uma forma de se aprender e se familiarizar até mesmo consigo. 	As superfícies também são fatores que devem ser levadas em consideração. 
Vamos examinar de perto alguns exemplos dos traços dos artistas.
Brian - Design - Desenhista. 
No traço deste artista, notamos uma alta definição; matizes e elegância ressaltando os contrastes, mesmo em desenhos mais simples. Artista metódico, paciente, trabalha namorando cada etapa, é um agradável exemplo do traço controlado. Este artista nos agraciou com este lindo trabalho mostrando sua performance e criatividade.
A sutileza e a força criativa, são a extravagância do universo; o átomo do criador. 
 (Criação do artista Brian[footnoteRef:4]). [4: Designer, desenhista e bacharelando em teologia, o artista é muito versátil, dono de processo criativo singular.] 
Marcelo José Almeida 
Este artista expressa seus sentimentos através de seus cartoons. Observe que o artista mesmo desenhando vários personagens diferentes mantém a mesma característica de seu traçado. 
Compare o detalhe da insígnia no papel higiênico e o zoom mostrando o fundo da privada. 
 
Através do desenho, podemos viajar para qualquer lugar que queiramos, o real e o irreal; tudo se torna maleável através de linhas e rabiscos. 
Podemos descrever fatos históricos de maneira um tanto divertida, por mais que sejam simples, mas que tenham um ponto principal, onde se possa mostrar e transmitir o que acontece ou aconteceu em determinada época. 
O desenho não se limita apenas nisso, através dele podemos expressar nossos sentimentos sejam eles de alegria ou de tristeza. Enfim, expressamos tudo através do desenho. 
 (Aluno do Ateliê de Artes Gil Pery, Professores: Gil Pery e Jamil Pereira) 
Israel (Titio) 
Quando se fala em dom, acreditamos que todas as pessoas, possam tem em alguma medida, além do mais, entendemos que pode, por meio de treino se desenvolver determinada habilidade. Por certo, alguns nascem com muito aguçamento natural, que é o caso do presente artista. 
Veja a sutileza e carisma do traço deste artista, ele brinca com a forma e com as estruturas, dando vida, harmonia e grande beleza em suas ilustrações. Este é o autêntico traço livre, arrojado e vívido. 
O enredo que acompanha suas criações, é também, digna dos chargistas maduros e criativos.
Projeto VI - Imitar os artistas 
Este projeto é muito legal; o primeiro passo, é copiar os desenhos dos artistas, usando apenas lápis; após ter desenhado todos, refaça-os procurando imitar o traço do artista e a técnica utilizada (guache, grafite, nanquim, etc.) Um fator que deve ser levado em consideração é o tempo. Para os trabalhos com traços controlados, calcule um tempo médio de quarenta minutos, para os de traço livre 30 minutos. 
	
INTRODUÇÃO AO CLARO E ESCURO
LINGUAGEM DA COMPOSIÇÃO
O Olhar Mais Próximo - AS CHAVES À PERCEPÇÃO I
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INTRODUÇÃO
Iconografia
Iconografia tem origem da palavra grega, "eikon" = "imagem" e "graphia" = "escrita", literalmente "a escrita da imagem". No latim e no inglês se tem o termo icon = Ícone aquilo que tem signo, significado. O signo tem uma relação de intimidade e semelhança com aquilo que está a representar. O conceito está intimamente ligado à visão.
Analisar os significados referentes à representação pictórica, é uma análise iconográfica. Sobre o tema Bone expõe:
 Por meio da história oral e da análise iconológica, relações não documentadas foram trazidas à luz, informações importantes para a contextualização do momento e dos registros pesquisados, pois “o próprio aparente se carrega de sentido na medida em que recuperamos o ausente da imagem” (BONI, 2014, p. 78, apud KOSSOY, 2007, p. 156).
Acredite, até a intuição tem um pressuposto. A escolha de imagens feitas intuitivamente vem cheia de significados, mesmo que inconscientemente e ao longo do tempo, a pessoa pode ter oportunidade de revelar esses padrões como emanados de si.
Não importa o que deseja a realizar, o conhecimento não dita o que fazer, contrário disso, contribui no fazer. 
A proposta, não é, e nem poderia ser inventar a roda, é propiciar a utilização deste instrumento de forma técnica ou mais aguçada e por que não, mais consciente. A iconografia é utilizada pelas pessoas o tempo todo, mesmo que inconscientemente. 
Um historiador da arte, o alemão Erwin Panofsky (30 de março de 1892 - 14 de março de 1968), ficou muito conhecido pelos seus estudos dos símbolos e da iconografia nas obras de arte (PANOFSKY, 1995). O simbolismo escondido da imaginação, era a grande concentração de seu trabalho, influenciando sobremaneira, o estudo e compreensão de vários aspectos da arte.
Panofsky faz uma série de distinções na análise de uma obra de arte. Define seu significado em três grupos macro, os quais apresentam várias subdivisões: 
· Significado primário ou natural, subdividido em factual e expressional.
· Significado secundário ou convencional. É apreendido conectando motivos artísticos ou combinações dessas (composições), com temas e conceitos.
· Significado intrínseco ou conteúdo. É apreendido pela averiguação dos princípios subjacentes que revelam a atitude de uma nação, período, classe, convicções religiosas ou filosóficas, sendo estes modificados pela personalidade do artista, e manifestando-se pelos métodos de composição e pela significação iconográfica.
O ponto central e fático do curso se entrega, ao desenvolvimento sobretudo, mais prático que teórico, conforme já grifado, por isso, o tema em apreciação, não será objeto de análise em profundidade, mas entendemos que a teoria pode constituir um caminho complementar importante na aprendizagem: 
Iconografia é o ramo da história da arte que trata do tema ou mensagem das obras de arte em contraposição à sua forma. Tentemos, portanto, definir a distinção entre tema ou significado, de um lado, e forma, de outro.		 Quando, na rua, um conhecido me cumprimenta tirando o chapéu, o que vejo, de um ponto de vista formal, é apenas a mudança de alguns detalhes dentro da configuração que faz parte do padrão geral de cores, linhas e volumes que constitui o mundo da minha visão. Ao identificar, o que faço automaticamente, essa configuração como um objeto (cavalheiro) é a mudança de detalhe como um acontecimento (tirar o chapéu), ultrapasso os limites da percepção puramente formal e penetro na primeira esfera do tema ou mensagem. O significado assim, percebido é de natureza elementar e facilmente compreensível, e passaremos a chamá-lo de significado fatual; é apreendido pela simples identificação de certas formas visíveis com certos objetos que já conheço por experiência prática e pela identificação da mudança de suas relações com certas ações ou fatos. (PANOFSKY, 1986)
Uma iconografia é um sistema que analisa tipos de imagens usadas ​​por artistas para transmitir significados específicos. Em uma pintura religiosa cristã, por exemplo, uma iconografia ou a mensagem de imagem como o cordeiro, representa Cristo, a escolha de animal sem defeitos, representa a perfeição de Cristo; a pomba, representa a pureza, santidade ou pode representaro Espírito Santo. Na iconografia, os significados de imagens particulares podem depender do contexto, mas no geral, existe uma espécie de inconsciente coletivo àquela representação.
O ator londrino Charles Spenser Chaplin (16 de abril de 1889 - 25 de dezembro de 1977) Entre as várias produções, Modern Times -1936 (Tempos Modernos), filme escrito, dirigido e atuado pelo ator mostra o que nos parece, um homem preocupado com os problemas sociais e econômicos na nova era que se apresentava e as condições do proletariado. Chaplin apresenta uma multidão condicionada, como soldados em marcha acelerada para a guerra (trabalho), sob um sistema panóptico[footnoteRef:5], ou seja, sistema de vigilância contínua. O grande relógio na abertura do filme indica não apenas o controle do tempo, como também a vigilância permanente. Denota trabalhadores enlouquecidos pelo sistema frenético e desumano. [5: O Panóptico não é uma prisão. É um princípio geral de construção, o dispositivo polivalente da vigilância, a máquina óptica universal das concentrações humanas (BENTHAM, 2008).] 
Chaplin, transforma suas observações e ansiedades sobre o problema da pobreza e desigualdades econômicas em comédia. No tocante à aludida problemática da industrialização e tecnologias em geral, Chaplin expõe:
 “O desemprego é uma questão vital. . . Máquinas devem beneficiar a humanidade. Não deve significar tragédia e jogá-la fora do trabalho” (Charles Chaplin, tradução nossa).
O signo, portanto, tem uma relação de semelhança com aquilo que se está a representar. 
No tema ‘claro e escuro’, estudo da presente seção, se pode adequar e modificar o sentido da imagem. Dar vários sentidos iconográficos por meio da expressão de luz e sombras. Por exemplo, se na representação existe grande impacto de luz ou caridade bem presente, implicitamente se entende que não é um dia frio e fechado, mas se o fundo é muito negro, pode parecer um ambiente interno, noturno ou ainda mórbido. Se este mesmo ambiente apresenta pouca luz, mas o suficiente para se visualizar as pessoas e coisas, pode transportar uma atmosfera romântica e acolhedora.
LUZ E SOMBRA 
Era ainda criança... estava desenhando; era noite; faltou a luz e minha mãe acendeu algumas velas. 
 Todos se sentaram à mesa conversando. Enquanto esperávamos a luz, continuei desenhando. Fiquei impressionado com os efeitos de luz, nos rostos e objetos sobre à mesa. 
Quando a energia elétrica voltou, saí mostrando os desenhos para os familiares. Senti que participaram daquele momento da mesma emoção que há pouco houvera sentido. 
É importante não ser como um mero observador que, por vezes, vê o trabalho apenas como uma peça ou objeto. 
Deixar ser envolvido, significa ser convidado a observar um pouco mais pelo que vê. 
Percepção do claro escuro 
Dentre os efeitos ilusórios, a recreação da luz é o de maior fascínio. A luz que permite ver como se comportam as superfícies, suas dobras, texturas e profundidade. 
Além de modelar de maneira realista, os padrões de luz e sombra possibilitam criar e identificar certas atmosferas como densidade e estimulam a sensação de temperatura, possibilitando ponderar psicologicamente o que é quente e frio quando trabalhados com a cor. Sobre o fenômeno esclarece Beth Edwards em sua obra ‘Desenhando com o lado direito do cérebro: 
A luz que incide sobre um objeto nos revela a forma do objeto: através de valores tonais de luzes e sombras, percebemos formas tridimensionais. É curioso que, embora usemos o conjunto de luzes e sombras para interpretar e reconhecer objetos, pouca atenção prestamos às formas específicas dessas luzes e sombras. Aparentemente, essas formas são ignoradas ou contornadas do mesmo modo que ignoramos imagens colocadas de cabeça para baixo e espaços negativos. Afinal, o hemisfério esquerdo do cérebro não sabe o que fazer com sombras, a não ser tirar delas a informação sobre um objeto tridimensional nominável (Edwards, 1984, p. 194). 
A luz segue conceitualmente a mesma lógica, embora seus padrões possam, em virtude do plano, sofrer variações. Dependendo do ângulo, a luz pode transportar maior ou menor impacto à imagem, sem se falar na intensidade da fonte de luz. Desenhar corretamente, ou representá-la de forma adequada, exige uma boa observação e treino. 
Aspectos da luz
A intensidade da luz se subdivide em valores; o valor é a relativa elevação de claro/escuro, ou seja, maior ou menor incidência de luz em uma superfície. 
Pode haver outros sinônimos, ou mesmo, substantivos, mas, vamos entender as nomenclaturas mais utilizadas, desde o impacto maior de luz, à sua escuridão. 
	Para ficar mais didático, no exemplo acima, selecionamos apenas as áreas que direta ou indiretamente são impactadas pela ação da luz.
	Cada parte iluminada recebe um substantivo adjetivado.
Luz direta ou central: Representa a parte ou zona mais clara do elemento iluminado e define a direção da luz. Nesta área se pronuncia um ponto mais acentuado da luz direta, e para esta concentração da luz direta denominamos de Luz plena ou highlight.
Ainda com a face banhada pela luz, mas já se diluindo à área de menor impacto, é denominado de luz média. 
Uma pequena fração da luz que banha todo o ambiente, ao tocar o plano onde se apoia o elemento, é devolvida na parte inferior entre as sombras própria e projetada, criando um efeito muito interessante. Efeito denominado de luz refletida.
Aspectos da sombra
Quando olhamos um objeto, cena ou qualquer espaço iluminado, parece que o cérebro tende a registrar apenas o que é claro, mas para que a luz de fato se mostre, é imprescindível a existência das sombras. Na esfera abaixo, mostramos seu rico universo.
O lado escuro, desde os seus primeiros registros ou tom de transição entre a luz e a sombra é denominado meios-tons e constituem a regiões das sombras. As áreas das sombras são divididas em: sombra própria, que é a porção escora no próprio elemento e sombra projetada, que é a porção escura produzida fora do elemento.
Entre as sombras próprias e projetadas fica o ponto mais rebaixado denominado ponto de eclosão. 
Observe, no entanto, que numa superfície plana ou esférica pode haver muitas variações sutis entre a luz e a sombra, a essas variações denominamos de nuances. Um desses aspectos é que a sombra projetada é dividida em: sombra projetada primitiva que é a área maior e que geralmente utilizamos apenas o termo sombra projetada. Em sua borda existe uma espécie de esfumado, a este efeito delicado denominamos de sombra projetada derivada.
 A aparência das diferentes partes da esfera se dá em virtude das diferentes posições da superfície em relação à luz. Mesmo o plano onde se apoia a esfera, é atingida de forma distinta, o que cria um efeito gradiente. 
Podemos fazer uma analogia a partir de planos que se dobram abruptamente como o cubo. A luz, embora pareça mudar constantemente sua posição, o que muda são as posições dos planos e também, a distância entre a luz e o elemento iluminado.
Observe que a área escura na esfera, corresponde a área ou face relativamente frontal do cubo.
A área de meio tom esférico é correlato ao meio tom cúbico, assim como as áreas superiores de impactos médios da luz nos dois elementos são análogos.
As mesmas comparações podem ser feitas em relação ao cilindro. A diferença pode ocorrer em virtude da forma de bastão do seu corpo, fazendo com que a luz banhe mais ou menos por igual de cima a baixo.
A indicação de luz e sombra consiste na correta ou adequada interpretação dos planos sobre a superfície que se pretende representar o assunto. Essa, deverá ser sutil, quando se pretende mostrar continuidade, infinitude, a esse tipo procedimental, em que seu efeito menos vigoroso da luz com as sombras representa pouco contraste, delineando uma ruptura intrínseca que é denominada de bordas suaves.
Este detalhe é muito similar ao que ocorre com a luz na forma cônica.
Quando extrinsecamente é uma divisão conceitual entre o elemento iluminado, o plano de fundo (background) e a base onde se apoia,

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