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A ansiedade tem sua origem na palavra latina “anxietas” que significa “angústia, ansiedade”. A 
palavra vem de “anxius”, que quer dizer “mente pertubada, pouco à vontade”, do verbo anguere “apertar, 
estreitar”, que metaforicamente significa “atormentar, causar tensão”. 
A ansiedade costuma estar presente na vida de todo ser humano, o que seria muito difícil alguém 
falar que nunca experimentou ansiedade, diante de um momento decisivo. A ansiedade foi muito útil 
para os nossos antepassados, que se mantinham sempre em alerta, conseguindo estar preparados para 
lutar ou fugir a qualquer momento, preservando assim, sua sobrevivência. A ansiedade é um sinal de 
alerta, que possui uma reação natural. No entanto, atualmente a ansiedade se apresenta como um quadro 
psicopatológico que acomete milhões de pessoas ao redor do mundo, pessoas de diferentes idades e 
etnias. E o que torna a ansiedade em algo normal ou patológico? Atualmente O DSM-V caracterizou 
quatro quadros ansiosos, que todos tem em comum, a ansiedade exacerbada, de forma constante e 
prejudicial. 
Gildo (2007) postula que a ansiedade é experimentada, de forma geral por todos os indivíduos, 
sendo vivenciada em maior ou menor grau de intensidade. A ansiedade é composta por reações 
fisiológicas, que ao longo da humanidade eram experimentadas pelos indivíduos, quando se deparavam 
com eventos de perigo potencial, essas reações mantiveram a integridade física humana. Os nossos 
ancestrais por se manterem expostos a perigos como desastres naturais e predadores, desenvolveram o 
processo de luta e fuga, afim de sobreviverem. Sendo assim, a ansiedade contribuía para que se 
mantivessem atentos, para lutar ou fugir. 
Lenhardtk e Calvetti (2017) afirmam que a ansiedade é um estado emocional inerente ao ser 
humano, sendo, uma expêriencia comum se sentir ansioso diante de uma prova, entrevista de emprego 
ou um primeiro encontro. A ansiedade é fundamental para a sobrevivência social, a mesma promove 
valor adaptativo e benéfico aos indivíduos, pois, faz com que as pessoas sejam impulsionadas a se 
prepararem para confrontar situações, obstáculos. Sendo assim, a ansiedade auxilia os indivíduos a se 
preocuparem com questões futuras importantes, se mantendo atentos e em busca de preparo para lidar 
com essas situações. 
Conforme a perspectiva de Clark e Beck (2012) a ansiedade se apresenta como uma resposta 
cognitiva, afetiva e comportamental. A ansiedade é vivenciada quando eventos são avaliados como 
aversivos para o indivíduo, sendo muito comum o sujeito pensar “e se eu errar o que eu tenho pra falar 
na apresentação?”, são pensamentos compostos de “e se?” que fazem com que o indivíduo experimente 
constantemente a ansiedade. Neste sentido, Castillo et al. (2000) destaca que a ansiedade é um 
sentimento vago que proporciona ao indivíduo inquietação e tensão, que são gerados pela antecipação 
de perigo, de algo que não pode ser controlado, ou que é desconhecido. 
Cury (2013) postula que a ansiedade se torna doentia, quando reduz a criatividade, o pensamento 
multifocal, a possibilidade de se reinventar, e o entusiasmo em viver. O que torna a ansiedade tão 
sufocante são os constantes pensamentos, quem tem uma mente com pensamento acelerado, dificilmente 
consegue diminuir o fluxo de seus pensamentos ou controla-los, essa máquina de pensar ultrapassa os 
limites saudáveis da movimentação cognitiva, existe uma inquietação cognitiva contínua, e é gerado a 
síndrome do pensamento acelerado, que se torna intolerável tanta inquietação nos pensamentos. 
De acordo com Gildo (2007) a ansiedade é disfuncional quando se manifesta de forma 
desproporcional ou inadequada em relação ao estímulo, como um indivíduo com ansiedade social que 
sente medo ao ter que participar de situações sociais, e experimenta sintomas fisiológicos como se 
estivesse em perigo, e acaba adotando uma postura evitativa, se esquivando de conhecer pessoas ou 
apresentar trabalhos acadêmicos por medo da avaliação externa, de ser avaliado negativamente, é um 
exemplo de caso em que a ansiedade se apresenta de forma prejudicial a vida do sujeito, por promover 
tantas reações fisiológicas e psicológicas negativas ao indivíduo, que ele não consegue produzir um 
comportamento adaptativo diante de eventos sociais. 
Segundo Hetem e Graeff (2012) as primeiras definições do transtorno de ansiedade social teriam 
sido feitas por Hipócrates, que descreveu um indivíduo como vergonhoso, temoroso, que não ousa sair 
acompanhado por medo de ser envergonhado, e que pensa que o outro está lhe observando. Em 1903, o 
termo “fobia social” se originou através de Pierre Janet que dividiu as fobias em subtipos como 
situacional, corporal, etc, segundo a sua origem. Dessa forma, formulou o termo fobia social ou fobia 
de sociedade, descrevendo como medo de ruborizar, medo de falar em público, medo de se expor a 
figuras de autoridade. 
Ainda na perspectiva de Hetem e Graeff (2012) posteriormente, Marks e Gelder retomam o 
termo fobia social, realizando a distinção entre a agorafobia e outras fobias específicas, validando assim 
suas evidencias. O construto do transtorno é aprimorado, e definido como um incômodo eliciado por 
situações sociais, e consequentemente um padrão comportamental de evitar essas interações, gerando 
assim prejuízos ao indivíduo fóbico social. Estes indicativos foram aprovados e utilizados pelo DSM-
III, que foi quando a fobia social obteve seu formato mais completo. 
Leahy (2011) salienta que o transtorno de ansiedade social (TAS) ou fobia social é um dos 
transtornos de ansiedade que compõe os quadros ansiosos do DSM-V, sendo assim, um quadro comum 
e um dos mais prejudiciais. Ainda que este quadro seja confundido equivocadamente por um padrão de 
“timidez”, o transtorno de ansiedade social, promove nos indivíduos fóbicos, danos bastante severos, 
assim como serem menos favoráveis a terem relacionamentos, ou possuir êxito em suas profissões. Além 
disso, também possuem altos índices de uso de álcool e de substâncias. 
Clark e Beck (2012) postulam que a timidez por sua vez tem como característica a inibição 
social, entretanto esse indivíduo que é tímido, consegue interagir socialmente quando necessário, e 
possui menor prejuízo no dia a dia, pois consegue se desenvolver socialmente, ainda que não seja 
confortável para o mesmo. Já o transtorno de ansiedade social, tem por sua vez a presença de uma 
ansiedade elevada ou até mesmo pânico ao ter que participar de interações socias, possuindo déficit no 
desempenho social, e esquiva com maior frequência dos eventos sociais. O indivíduo fóbico social, ele 
possui severos prejuízos em diversos campos da sua vida. 
Segundo o DSM-V (2014) a timidez em algumas culturas é até mesmo avaliada positivamente 
bem, no entanto quando existem impactos significativos no funcionamento social do sujeito, como ter 
efeitos negativos em sua carreira como perder uma promoção, ou não conseguir fazer uma entrevista 
profissional. Assim como, impactos em outras áreas como a esfera ocupacional, quando as 
características do transtorno são identificadas e o indivíduo está tendo prejuízo na sua qualidade de vida, 
o transtorno precisa ser diagnosticado. 
A perspectiva de Barlow (2016) aponta que a timidez é compreendida como uma característica 
comum na população, que algumas pessoas costumam ser mais tímidas e inibidas que outras. E 
frequentemente o transtorno de ansiedade social é confundido com esse traço de personalidade, sendo 
minimizado a um atributo pessoal do indivíduo, o que faz com que a busca por ajuda profissional seja 
negligenciada, e fique sem tratamento de origem farmacológica ou psicológica. E consequentemente 
isso afeta a qualidade de vida do sujeito, uma vez que o mesmo sente um terror avassalador em interagir 
nos mais diversos campos de sua vida. 
Clark e Beck (2012) também salientam a diferença significativa entre timidez e o transtorno deansiedade social, pelo fato de a ansiedade social ser um quadro psiquiátrico, e a timidez se apresentar 
como uma característica. O TAS tem seu início no começo da adolescência, possuindo curso crônico e 
constante, o que pode gerar prejuízos significativos sem o auxílio de tratamento. Enquanto a timidez é 
um traço de personalidade, uma característica que tem seu início precoce como nos primeiros anos 
escolares, e se apresenta como um curso mais transitório. 
De acordo com o DSM-V (APA, 2014), os indivíduos com fobia social apresentam um medo 
intenso de se comportarem de forma que seja humilhante ou embaraçoso, e consequentemente ser 
avaliado negativamente nas suas interações. Possato (2010) postula que estar em situações corriqueiras 
como comer, escrever, conversar, fazer apresentações, etc. Provoca uma ansiedade acentuada em 
pessoas com ansiedade social, o que faz com que os mesmos se sintam inibidos e procurem formas de 
não participarem dessas interações. A sequência desse padrão de comportamento de evitação das 
interações sociais, faz com que o indivíduo se torne cada vez mais isolado. 
Na perspectiva de Nardi, Quevedo e Silva (2014) o transtorno de ansiedade social é um quadro 
psicopatológico, que tem como característica um medo constante de estar em situações que podem ser 
embaraçosos, como ter que ser o centro das atenções, ter que falar em público ou apresentar um projeto, 
ou ter que desenvolver uma relação interpessoal. Essas são experiencias que causam no indivíduo fóbico 
social uma ansiedade avassaladora durante essas interações, e até mesmo de forma antecipatória a estar 
na interação. 
Sztamfater e Savoia (2010) postulam que a ansiedade possui estímulos altamente aversivos para 
aqueles que possuem ansiedade social, o que se torna patológico devido a postura de fuga e esquiva que 
é adotada, que impossibilita o sujeito de viver as interações sociais, o que mantém a crença que o 
indivíduo possui que não é capaz de desenvolver um bom desempenho social. E quando o mesmo não 
consegue escapar das atividades sociais, essa interação é realizada com muito sofrimento, que se 
apresenta de forma atormentado, inquieto, com alterações motoras e cognitivas significativas. 
Para Leahy (2011) a essência do pensamento da pessoa com ansiedade social é o medo de ser 
avaliado negativamente pelo outro, isso faz com que se apresentar, estar em um encontro, usar banheiros 
públicos ou pedir ajuda a pessoas estranhas se tornem um desafio diário para esses indivíduos, pois, os 
mesmos facilmente imaginam um cenário em que vão tropeçar, ruborizar, gaguejar ou falar algo errado. 
O que torna a experiência social ainda mais difícil com tantos pensamentos sabotadores, o que pode 
ocasionar de fato esses comportamentos desagradáveis, como atropelar as palavras ou ter um 
esquecimento, ficar trêmulo ou suar. 
Clark e Beck (2014) salientam que um componente presente na ansiedade social é o medo da 
avaliação negativa, o medo de ser analisado de uma forma negativa pelos demais, e de ser exposto ao 
desprezo. Sendo comum, o indivíduo com TAS pensar que as pessoas irão o avaliar como fraco, bobo, 
incapaz, e até mesmo como maluco, o que faz com que o sujeito para evitar essas interações que ele 
acredita ser analisado dessa forma hostil, ele fuja na primeira oportunidade de experiências que precise 
se relacionar com outras pessoas. 
Na perspectiva de Dalgalarrondo (2019) a ansiedade social caracteriza-se pelo medo acentuado 
e constante de participar de interações sociais, possuindo-se grande dificuldade em desenvolver relações 
interpessoais, assim também como, possui dificuldade em ser avaliado e participar de ambientes 
competitivos, ter cobrança externa ou precisar demonstrar bom desempenho. O fóbico social possui um 
medo intenso em se expor, falar com pessoas não conhecidas, e ainda maior quando é necessário 
interagir com pessoas que estão hierarquicamente em cargos superiores, como chefes, gerentes, 
professores, diretores. Ainda que o indivíduo consiga reconhecer que seu temor é desadaptativo, o 
mesmo não consegue evitar que se sinta desta forma. 
Nardi, Quevedo e Silva (2014) postulam que ainda que o indivíduo consiga reconhecer que seu 
medo é excessivo e disfuncional, quando exposto a uma situação social, o mesmo apresenta pensamentos 
disfuncionais que todos estão o observando e percebendo os sinais de sua ansiedade (como rubor, 
tremor), e estão o avaliando de forma negativa, tais, pensamentos fazem com que cada vez mais 
indivíduos fóbicos sociais se tornem suscetíveis ao isolamento social. 
A perspectiva de Leahy (2011) aponta para que o fóbico social se encontra frequentemente preso 
em seus próprios sentimentos e pensamentos, e com isso, presume que os outros estão percebendo o 
mesmo que ele, a sua própria ansiedade e incômodo. O mesmo imagina que os outros estão o vendo e 
comparando com um protótipo que é confiante, capaz, e seguro, e ao se deparar com essa idealização, 
tudo que o sujeito com ansiedade social sente é desprezo, desprezo que ele imagina que os outros sentem, 
e desprezo que ele mesmo sente por si próprio. 
Vieira (2012) também explica que assim como em outros quadros ansiosos, os indivíduos com 
transtorno de ansiedade social também possuem sintomas físicos, como; taquicardia, tremor, calafrio, 
rubor. No entanto, os fóbicos sociais sentem medo em exibir esses sinais e serem avaliados 
negativamente pelo seu meio externo, apresentando assim receio de tremer ou corar durante uma 
interação. Dessa forma, os mesmos utilizam de recursos para diminuir a visibilidade dos sintomas físicos 
provenientes da ansiedade, sendo comum utilizar de mecanismos como olhar para o chão, desviar o 
olhar, colocar as mãos no bolso, com a intenção de disfarçar o nervosismo. 
Hetem e Graeff (2012) afirmam que o TAS (transtorno de ansiedade social) ou fobia social, 
inicia-se na infância ou na adolescência, e possui um curso crônico, que sem tratamento 
psicoterapêutico, possui severos prejuízos ao longo dos anos. Nardi, Quevedo e Silva (2014) 
complementam que as taxas de ansiedade social nas amostras clínicas são predominantemente do sexo 
feminino, no entanto, é sabido que mulheres tendem a procurar com mais frequência aos serviços de 
saúde do que os homens, deste modo, a predominância do gênero masculino pode estar sendo 
subestimada. 
Segundo DSM-V (APA, 2014): 
Indivíduos do sexo feminino com transtorno de ansiedade social 
relatam um número maior de medos e transtornos depressivo, bipolar 
e de ansiedade comórbidos, enquanto os do masculino têm mais 
probabilidade de ter medo de encontros, ter transtorno de oposição 
desafiante ou transtorno da conduta e usar álcool e drogas ilícitas para 
aliviar os sintomas do transtorno. A parurese é mais comum no sexo 
masculino. 
 
Para Leahy (2011) o TAS vem desde a história evolutiva, quando existia o medo primitivo de 
ser atacado por outros seres humanos, que fazia com que as pessoas adotassem uma postura mais 
submissa para garantir aos outros que não era uma ameaça, como uma urgência inata de se relacionar 
bem com os demais, numa tentativa de sobrevivência. No reino animal, o cachorro ao se encontrar com 
o cachorro maior ou mais dominante em sua matilha, ele se curva, abaixa as orelhas, em sinal que não 
é um ameaça. No entanto, pessoas com TAS utilizam esses meios para além de sua eficácia, e não se 
sentem mais seguros ou confortáveis adotando postura de respeito e deferência, ainda assim, os mesmos 
continuam apresentando medo de serem criticados ou atacados pelo outro. 
 Segundo Hope, Heimberg e Turk (2012) o transtorno de ansiedade social não é causado apenas 
por um único fator, pois, se é compreendido como multifatorial, tendo influência genética e também 
influencia do meio, das relações interpessoais e experiências vívidas. O ambiente familiar é o primeiro 
estabelecimento de vínculo afetivo dos indivíduos, é através desse vínculo,que estabelece a modelagem, 
de comportamentos e falas dos cuidadores. Com isso, uma criança que possui um ou ambos de seus 
cuidadores com ansiedade social, pode passar a emitir ansiedade social por observar como seus pais 
lidam com situações sociais, reproduzindo assim o padrão de comportamento de não socializar muito 
ou não valorizar essas interações. 
De acordo com o DMS-V (2014) assim como, o transtorno de ansiedade social pode ser herdado, 
pois, parentes de primeiro grau tem a chance de 2 a 6 vezes maior de obter o transtorno, e a predisposição 
envolve a interação de dois elementos, o primeiro elemento são os fatores específicos do transtorno 
como medo da avaliação externa, e fatores genéticos que não são específicos, como o neuroticismo. Nos 
aspectos ambientais, não existe uma ligação causal entre maus tratados e outras diversidades 
psicossociais na infância que relacione essas condições à ansiedade social, no entanto, os mesmos podem 
ser fatores de risco para o transtorno. 
Leahy (2011) postula que os indivíduos com transtorno de ansiedade social tendem a vir de 
famílias que possuíam conflitos retidos, ou seja, que possuíam atritos, porém não eram estimulados a 
expressar seus sentimentos, ou seus pensamentos. Assim também como, pais de indivíduos que possuem 
ansiedade social, frequentemente adotam uma postura controladora e crítica com relação a patologia de 
seus filhos, o que faz com que esses pais apoiem menos seus filhos, e atribuem esse comportamento a 
uma personalidade anormal, questionando seus filhos o porquê de adotarem posturas tão receosas diante 
de situações sociais corriqueiras. 
Nardi, Quevedo e Silva (2014) salientam que a ansiedade social é um transtorno de instalação 
precoce, o início deste quadro ocorre frequentemente entre 12 e 17 anos, mas tendo grande incidência 
durante a infância. Estanislau e Bressan (2014) explicam que ainda que seja um transtorno que se inicia 
precocemente, o transtorno de ansiedade social se mostra como um diagnóstico difícil de ser 
reconhecido rapidamente, pelo fato de pais e professores identificarem esse padrão de comportamento 
como parte da personalidade da criança ou adolescente, frequentemente sendo confundido com timidez, 
e não sendo compreendido como um transtorno psiquiátrico. 
Ainda na perspectiva de Nardi, Quevedo e Silva (2014) mesmo com tantos impactos severos na 
vida dos indivíduos com ansiedade social, a identificação mais precoce do transtorno, ainda é um desafio 
não só nas escolas, mas também no sistema de saúde, devido ao fato desses indivíduos permanecerem 
sem diagnóstico ou quando buscarem tratamento profissional, já procurarem de forma tardia, quando o 
sujeito percebe que está sendo muito prejudicado em diversos campos da vida. 
Segundo Hetem e Graeff (2012) apesar do alto índice de prevalência e impactos significativos 
do TAS, apenas 5% dos indivíduos com TAS obtém o tratamento devido, o inicio do tratamento do TAS 
é a identificação do quadro, sendo necessário a distinção entre o quadro de timidez que não produz 
efeitos significativos e sofrimento ao sujeito, e o transtorno que por outro lado produz efeitos 
significativos ao sujeito. E posteriormente, uma avaliação das comorbidades, como depressão, o abuso 
do álcool e outras substâncias, e também outros quadros ansiosos que podem estar correlacionados ao 
transtorno de ansiedade. 
Rey, Pacini e Chavira (2006) postulam que crianças com ansiedade social possuem um medo 
acentuado da interação social com os colegas de classe, o que faz com que o desempenho escolar dessas 
crianças e adolescentes seja limitado, pois, não conseguem desenvolver aptidões sociais. Podendo 
apresentar faltas frequentes, e dificuldade em participar de trabalhos e projetos em grupos, causando um 
declínio no desempenho escolar, podendo gerar prejuízos acadêmicos para os mesmos. 
A perspectiva de Santos e Pires (2016) aponta para que crianças com TAS podem até mesmo 
ter dificuldade em realizar atividades simples, como responder a chamada. Assim também como, possui 
dificuldade em responder perguntas feitas pelo professor, ou tirar dúvidas do conteúdo dado, o que pode 
gerar problemas na aprendizagem. Crianças com ansiedade social também costumam evitar ou recusar 
apresentar trabalhos acadêmicos e fazer parte de eventos da escola. 
Segundo Porto (2005) que adolescentes fóbicos sociais conseguem reconhecer que o medo é 
acentuado e desadaptativo, no entanto, com as crianças isso pode não ocorrer. Sendo assim, essas 
crianças podem apresentar ataques de raiva, crises de choro, e a criança pode optar por ficar junto apenas 
com uma pessoa familiar. De acordo com Leahy (2011), desde a infância, indivíduos com ansiedade 
social apresentam uma predisposição a terem TAS, sendo crianças inibidas, que costumam não gostar 
de mudanças e novidades, evitando situações que lhe causam desconforto. São crianças que se sentem 
incomodadas ao terem que se expor em público, que estar em ambientes não familiares ou interagir com 
pessoas desconhecida causa grande desconforto. 
Porto (2005) afirma que ao contrário de adultos com ansiedade social, as crianças que 
apresentam o mesmo transtorno não são capazes de escolher participar das interações sociais ou não, o 
que faz com que em contextos sociais estranhos, elas se sintam retraídas, extremamente tímidas. Quando 
as crianças com ansiedade social se apresentam com medo de situações sociais, seus pais costumam 
avaliar seu comportamento como uma personalidade anormal, questionando o porquê de se sentirem tão 
nervosos diante de uma interação social, o que faz com que os fóbicos sociais, internalizem tais 
questionamentos e se sintam culpados por se sentirem dessa forma. 
Para Clark e Beck (2012) a ansiedade social, assim como outros transtornos de ansiedade possui 
a característica de um ciclo vicioso composto por três partes, e no TAS é composto pela fase que antecipa 
os eventos sociais, onde cria-se cenários imaginários de como será a interação social, a segunda fase é 
quando de fato está na situação temida, e o indivíduo tem pensamentos e ações que aumentam o grau de 
sua ansiedade, e consequentemente por último, o sujeito reprocessa toda a experiência, analisando suas 
atitudes. A fase antecipatória é quando o indivíduo fóbico sente uma ansiedade intensa antes mesmo de 
estar de fato na interação social, e essa ansiedade antecipatória faz com que o mesmo se sinta derrotado, 
antes mesmo de ter iniciado. 
Leahy (2011) expõe que indivíduos com TAS tendem a ter um foco excessivo em si mesmo, 
criando constantemente hipóteses de como pode estar sendo avaliado de forma inadequada. É comum 
que as pessoas sintam medo da opinião dos outros e suas avaliações, porém, o que acontece na ansiedade 
social, é que os fóbicos sociais acreditam ser de fato, inadequados, insignificantes e inferiores aos 
demais. Com esta barreira de autocrítica constante faz com que os mesmos acionem a ansiedade social 
diante de uma exposição. 
Hetem e Graeff (2012), salientam que uma queixa comum entre alguns pacientes de ansiedade 
social é o medo e a atenção excessiva que os mesmos dão ao seu próprio comportamento, o excesso de 
pensamentos e sentimentos desadaptativos gerados diante uma interação social, faz com que o indivíduo 
frequentemente não consiga se comportar da forma que deseja. E consequentemente, a ansiedade social 
provoca nesses indivíduos impactos em diferentes campos da vida; como educacional, ocupacional e 
social, acarretando assim um sofrimento significativo ao sujeito, devido a sua inaptidão nas relações 
sociais. 
A perspectiva de Vieira (2012) aponta para que indivíduos fóbicos possuem uma extensão da 
consciência de si próprio, tendo a atenção muito focada para si, o que faz com que o mesmo fique 
concentrado na ansiedade e desconforto que está sentindo, o que faz com que fique difícil direcionar sua 
atenção para estímulos exteriores, como se atentarapenas na interação que está acontecendo no 
momento, muitos descrevem essa expêriencia como um bloqueio ou vazio mental. 
Rey, Pacini e Chavira (2006) defendem que indivíduos com ansiedade social apresentam um 
grande déficit de habilidades sociais, sendo estas, habilidades essenciais para o meio acadêmico, 
profissional, amoroso e interpessoal. Antes de presenciar uma exposição social, o indivíduo com 
ansiedade social experimenta pensamentos de cunho negativo, e vivencia cenários imaginários que o 
mesmo pode falar ou fazer algo de errado diante a sua interação, o que faz com que esses indivíduos, se 
sintam ainda mais ansiosos diante desses eventos. 
Clark e Beck (2012) postulam que quando o fóbico social está de fato na situação social, todos 
os pensamentos disfuncionais e comportamentos ansiosos se fazem presentes, e com isso as crenças 
subjacentes que o mesmo possui de si mesmo e dos outros são ativadas, e pensamentos como “sou chato, 
desinteressante e desagradável”, “sou inadequado socialmente” se manifestam, e também pensamentos 
relacionados a avaliação externa surgem, como “as pessoas costumam ser críticas”, “em interações 
sociais, as pessoas avaliam as falhas e fraquezas alheias”, esses pensamentos surgem devido ao fato do 
indivíduo com ansiedade social, acreditar que os outros estão percebendo sua ansiedade e fazendo 
análises negativas a seu respeito. 
Segundo a perspectiva de Leahy (2011) os indivíduos com ansiedade social costumam criam 
uma autoimagem e crença sobre as pessoas ao seu redor, o fóbico social costuma ter baixa autoestima, 
o que faz com que os mesmos acreditem que as pessoas estejam o recusando, ou que vão avaliar 
negativamente seus comportamentos, e esperam por rejeição ou falta de interesse por parte das pessoas. 
No entanto, o que ocorre de fato é que os indivíduos com ansiedade social focam excessivamente em 
suas inaptidões sociais, e acreditam que as pessoas do seu meio estão fazendo o mesmo. 
Na perspectiva de Pacini e Rey (2006) aponta para que o processamento cognitivo do indivíduo 
com transtorno de ansiedade social apresenta uma tendência em distorcer suas experiências 
interpessoais, ou seja, em sempre se ver de forma humilhante e vergonhosa nas relações sociais. E esses 
erros constantes do esquema cognitivo faz com que se mantenha os pensamentos disfuncionais, mesmo 
que possua evidências contrarias de seus pensamentos. 
Clark e Beck (2012) os indivíduos com TAS são inibidos e possuem uma inaptidão em suas 
interações sociais, o que faz com que frequentemente pareçam tensos e preocupados, o rosto se torna 
contraído, e quando tentam falar podem parecer inarticulados, devido ao seu excesso de pensamento que 
dificulta o fluxo de um raciocínio para se estabelecer um diálogo. Todas essas ações são prejudiciais, 
para o desempenho social do mesmo, o que aumenta de fato a probabilidade desses sujeitos serem 
avaliados de uma forma negativa, que é a natureza do nervosismo do indivíduo fóbico social durante a 
interação. 
Hope, Heimberg e Turk (2012) também evidenciam que o padrão de evitação é facilmente 
adotado nessas situações sociais, devido ao alívio imediato que o indivíduo fóbico sente ao evitar uma 
interação social, recebendo uma recompensa imediata, que é se sentir aliviado do desconforto que a 
ansiedade produz. E ao praticar uma ação que seja recompensada, torna-se mais provável que esse 
comportamento seja emitido outra vez. Ainda que esse padrão de comportamento gere muitos prejuízos, 
e que depois o sujeito se sinta frustrado por não realizar o desempenho social que deseja, o que será 
avaliado pelo indivíduo com ansiedade social é o alivio da tensão imediata. 
Gouveia (2000) salienta que a ansiedade vivenciada em situações sociais é uma experiência 
natural que ocorra, que pode até mesmo ser utilizada como uma ferramenta para obter um bom 
desempenho social, que prepara o indivíduo para esse evento, entretanto, nos indivíduos fóbicos, essa 
mesma ansiedade interfere de forma severa em seu comportamento, fazendo com que os mesmos evitem 
eventos sociais, lugares que precisam se expor, assumindo cada vez mais uma postura evitativa, podendo 
evitar situações que exijam habilidade social, como conhecer alguém ou argumentar com um chefe. 
De acordo com a perspectiva de Clark e Beck (2012) para o indivíduo com ansiedade social, ao 
término da interação social, ele entra na fase de processamento pós-evento, que é quando o sujeito fica 
durante horas ou dias reprocessando e analisando como foi seu comportamento durante o evento social, 
e essa análise costuma ser muito seletiva, pois o sujeito costuma se indagar se suas falas e ações foram 
um desastre humilhante, e ao reviver e lembrar a experiência social, o mesmo busca por evidências que 
comprovem que agiu de forma embaraçosa e vergonhosa. 
Leahy (2011) postula que pessoas com TAS podem se sentir sozinhas e tristes, no entanto, estar 
nessa posição parece mais seguro do que interagir com outras pessoas, ou ter que desenvolver relações, 
devido a sua inaptidão no desempenho social, enfrentar situações sociais provoca um desconforto 
avassalador nos mesmos. Ainda que desejem estar em situações sociais, pensar em como será a 
experiência, e estar vivenciando a interação faz com que esses indivíduos vivenciem sintomas 
desconfortáveis, tanto fisiológicos como psicológicos. E com isso, cada vez mais esses indivíduos 
adotam uma postura de isolamento social, devido ao desconforto que a experiência social elicia. 
Segundo Hetem e Graeff (2012) o transtorno de ansiedade social e a depressão, apesar de serem 
transtornos de classes diferentes, existem características semelhantes como o isolamento social, no 
entanto, a razão pela esquiva dessas situações sociais é divergente, no TAS, esse isolamento ocorre 
devido ao receio de fazer parte das interações sociais, enquanto na depressão, o humor deprimido que 
faz parte do transtorno, impede que o indivíduo com depressão sinta vontade de estar nas atividades 
sociais. A falta de interação social ou o desconforto causado nessas interações pode acarretar no 
desenvolvimento de uma depressão secundária, devido à falta de sucesso nos âmbitos sociais, que afeta 
da vida profissional até a esfera ocupacional do indivíduo. 
DSM-V (2014) postula que assim como o indivíduo com TAS podem obter ataques de pânico, 
no entanto, o diagnóstico diferencial é que na ansiedade social, o indivíduo está excessivamente 
preocupado com a avaliação externa, e sua ansiedade pode ser tão acentuada, a ponto de ter uma crise. 
Enquanto o sujeito com ataques de pânico, ele se preocupa com seus próprios sinais que está tendo um 
ataque de pânico, e medo de infartar ou morrer se faz presente, pois, acredita-se que não conseguirá 
sobreviver. 
A perspectiva de Hetem e Graeff (2012) aponta para que indivíduos com ansiedade social 
possuem altos índices de comorbidades, como depressão, ataques de pânico. Assim também, limitações 
de suas atividades sociais, seja acadêmica ou profissional, e também social. Que ocasiona prejuízos 
significativos ao seu desempenho profissional e sofrimento significativo a vida pessoal, afinal esse 
sujeito não consegue se desenvolver facilmente em seu campo profissional, e nem consegue estabelecer 
relações com facilidade, se limitando a relações que já eram existentes em sua vida.

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