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Discalculia: Inabilidades em Matemática e Dislexia

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Ana Luiza Borba
Psicóloga, Neuropsicóloga e Especialista em Psicopedagogia
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Inabilidades em Matemática & Dislexia
Muitos disléxicos apresentam dificuldade em aprender aritmética e outros aspectos da matemática. Esse transtorno específico é denominado discalculia. Esta falta de habilidade em aprender matemática, acontece a despeito da inteligência, oportunidade escolar, estabilidade emocional e motivação.
O cálculo é uma função cerebral complexa; em uma operação matemática simples, vários mecanismos cognitivos estão envolvidos, como por exemplo:
Percepção
Processamento verbal e/ou gráfico da informação
Discriminação viso espacial
Memória de curto e longo prazo
Memória de trabalho – automatizar informações (memorizar e recuperar a informação)
Raciocínio sintático
Atenção / Concentração entre outros
Como vimos, várias áreas do cérebro estão envolvidas no raciocínio. A discalculia está relacionada com um déficit de estabelecimento de conexões entre estas áreas ou déficit nestas áreas ou em uma delas.
A habilidade ou a aquisição das habilidades matemáticas depende de uma rede funcional entre estas “estações”, que vai ocorrendo à medida que a criança vai frequentando a escola. Para os disléxicos esta habilidade pode se apresentar bem abaixo do esperado para sua faixa etária, mesmo após a experiência acadêmica.
Entre os disléxicos que têm dificuldades em matemática podemos destacar 2 grupos principais:
1- Os que compreendem os conceitos, porem são incapazes de representá-los no papel, ou seja, eles sabem o processo ou a operação, mas não conseguem fazer e,
2- Os que fazem pouca ou nenhuma ideia sobre o uso dos números ou símbolos
Alguns indicadores da discalculia:
1- Memória pobre para fatos numéricos básicos (datas, números de telefones e de endereços…)
2- Ordenação e espaçamentos inadequados dos números, em operações
3- Inabilidade para contar para trás de 2 em 2 ou de 3 em 3. Ex.: qual número está a 4 lugares antes do 25 ou qual número está 5 lugares antes do 50
4- Como os disléxicos têm falta de habilidade com a ordem e a estrutura do sistema numérico, frequentemente eles têm que começar do 0 ou 1, nas tarefas de contar ou calcular, como por exemplo no caso da tabuada do 6, para responder quanto é 6×6, os disléxicos começam do 1×6=6 e assim sucessivamente até chegar no 6×6. A idéia da tabuada é reduzir o tempo dos cálculos, contudo, isso não ocorre com os disléxicos, pois, frequentemente prolonga o tempo para os cálculos e consequentemente gera estresse na realização da tarefa
5- Outro ponto a ressaltar é a falta de compreensão do valor absoluto e valor relativo dos algarismos.
Ex.: 2 5 7 4
| | | |_ Valor Absoluto (VA) = 4 | Valor Relativo (VR) = 4
| | |_ VA = 7 | VR = 70 | | VA = 5 | VR = 500
|__ VA = 2 | VR = 2000
A confusão nesta área se acentua, à medida que as crianças avançam de ano para ano na escola, pois, os desafios tendem a aumentar, exigindo maior flexibilidade no uso do conhecimento
6- Reagrupar números é outro fator relevante, pois, há uma relação da memória de curto prazo e da compreensão do sistema do valor relativo do algarismo. Quando se soma uma longa coluna de números, há a necessidade de “transporte” dos mesmos, e para facilitar a adição, realiza-se pequenas somas para evitar sobrecarregar a memória. Ex.: 10+22+35+7+5=
7- Apresenta tendência a inverter a posição ou copiar os números incorretamente em condições de tempo limitado. Ex.: 15 para 51
8- Denota pouca habilidade para memorizar regras e fórmulas matemáticas. Da mesma forma que os disléxicos vão apresentar dificuldade para” gravar” a tabuada, alguns deles vão esquecer a regra para: + , – , x , :, frações, decimais e fórmulas algébricas e geométricas
Estas são só algumas “questões” em que os disléxicos falham. Elas não são exclusivas dos disléxicos, porém, “erros” deste tipo tendem a ser mais frequentes e persistentes nestes, do que em outros alunos.
Quais os caminhos alternativos que podem reduzir estas inabilidades?
Essas dificuldades podem ser minimizadas com a aprendizagem multissensorial e a utilização de próteses cognitivas, tais como:
1- Nas séries iniciais usar material concreto como o ábaco, material dourado, entre outros ou interativos, como os aplicativos
2- Usar caderno quadriculado
3- O elemento mais importante em qualquer trabalho que envolva quantidade é a habilidade para calcular aproximadamente, isto deve ser estimulado em todos os estágios. Se uma aluno pode calcular aproximadamente, não há razão para não usar uma calculadora nas “séries” mais adiantadas
4- “Conversando sobre matemática”, isto é, pedir ao aluno para explicar o que ele entendeu do que está envolvido na tarefa. Em um problema, o aluno pode identificar o que é solicitado, há indícios usais como no caso a seguir: “João apanhou 4 maçãs a mais…”
Ele deve entender que isto implica em somar. Aprender a reconhecer tais indícios deveria ser parte integral da aprendizagem de matemática
5- Outro caminho para melhorar o desempenho, e dentro de certos limites a rapidez e a fluência, é desenvolver os próprios atalhos para fazer os cálculos, isso pode ser feito com a ajuda do professor atuando como mediatizador, ou seja, aquele que proporciona e promove situações onde o sujeito mediatizado interaja de forma dinâmica e de modo a valorizar os seus processos e suas estruturas cognitivas. Este processo de internalização é chamado por Vygotsky de “Zona de Desenvolvimento Proximal”Ex.: * 9 x 7 = não sei ** 17 – 9 = não sei
10 x 7 = 70 17 – 10 = 7
9 x 7 = 70 – 7 = 63 7 – 1 = 66- Permitir a consulta de tabuadas, tabelas, fórmulas, inclusive nas avaliações
7- As avaliações precisam apresentar questões claras e objetivas
8- Respeitar o ritmo (o tempo) do aluno
9- Certificar-se de que o aluno entendeu o que leu, caso contrário, leia para ele e peça que explique o que entendeu. Obs.: Ler questão por questão, pois, não adianta ler tudo de uma vez.
Diante do exposto, o professor deve ter consciência que um determinado grupo de alunos tem dificuldade em aprender matemática, não porque são preguiçosos ou desinteressados, mas sim, porque necessitam mais do que a exposição direta a situações ou estímulos; eles dependem de uma pedagogia mediatizada.
Promover a mediatização, é promover o desenvolvimento cognitivo, acadêmico e social mais eficiente. A mediatização é a base do ensino focado na educação cognitiva, onde a finalidade principal é proporcionar e fornecer ferramentas psicológicas que permitam maximizar a capacidade de aprender a prender, de aprender a pensar, refletir, transferir e generalizar conhecimentos, assim como, aprender a estudar e a comunicar, indo além da memorização e da reprodução de informações.
Fontes:
Curso: “Ciência Cognitiva e Educação”, ministrado pelo Prof. Vítor Geraldi Haase do Departamento de Psicologia da UFMG – Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento (LND). Promovido pela Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp)
Bibliografia:
NEWRA, TELLECHEA ROTTA – “Transtornos da Aprendizagem” Porto Alegre: Artmed 2006 | FONSECA, VÍTOR DA – “Cognição, Neurpsicologia e Aprendizagem”/2ª Edição, Petrópolis, RJ: Vozes, 2008
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