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1 CENTRO UNIVERSITARIO INTERNACIONAL UNINTER ESTRATÉGIAS DE LEITURA NA FORMAÇÃO DE LEITORES LITERÁRIOS PORTO FELIZ/SP 2021 2 RESUMO O presente artigo tem por objetivo o processo de formação do leitor de literatura, especificamente visto a partir de como as relações entre a indústria cultural e a escola afetam, positiva e negativamente, a formação desse leitor. O objetivo é contribuir com o debate sobre formação de leitores a partir de reflexões críticas, elaboradas com o método de levantamento bibliográfico e sistematização de reflexões. A pesquisa parte dos seguintes questionamentos: O que é letramento literário? Qual o papel da escola e do professor no processo de formação de leitores? Quais estratégias de leituras podem ser utilizadas? Em busca de repostas, foram realizadas pesquisas bibliográficas apoiadas, principalmente, em estudos de COSSON (2006), SOARES (1999/2006), SOLÉ (1998), MENEGASSI (2005/2010), SILVA (2003), ABRAMOVICH (1997), FREIRE (2006), e COSTA (2007). Tal referencial buscou sedimentar conceitos que subjazem às diferentes concepções de letramento e letramento literário, além de revisitar propostas pedagógicas que norteiem a utilização de estratégias de leitura na formação do leitor literário. Nesta pesquisa, pôde-se identificar que a ação docente envolvendo o letramento literário nas escolas é de suma importância, e que este envolvimento tem gerado muitas discussões quanto à forma como está presente e como, em contrapartida, deveria ser moldada para ecoar com efetividade na sociedade atua. Palavras-chave: Letramento Literário. Escola. Professor. Leitor. 3 Introdução A leitura é responsável por contribuir, de forma significativa, à formação do indivíduo, influenciando-o a analisar a sociedade, seu dia a dia e, de modo particular, ampliando e diversificando visões e interpretações sobre o mundo, com relação à vida em si mesma. Na vida cotidiana deparamo-nos com os caminhos da leitura motivados por situações de necessidade, prazer, obrigação, divertimento ou para passar o tempo. Nesta perspectiva, podemos afirmar que a leitura é fundamental para construção de conhecimentos e para o desenvolvimento intelectual, ético e estético do ser humano. Se considerarmos que a escola tem como uma de suas funções primordiais a formação do indivíduo leitor, pois ela ocupa o espaço privilegiado de acesso a leitura, é imprescindível que a escola crie possibilidades que oportunizem o desenvolvimento do gosto pela leitura, pois a leitura é um instrumento necessário para que nos manejemos com certas garantias em uma sociedade letrada. Um conceito que vem à tona, quando falado na função da escola e literatura, é a utilização de textos literários na educação. Educar para a leitura do texto literário é educar para a leitura subjetiva, individualizada pois quanto mais cedo o leitor iniciar a prática de leitura, mais cedo ele se tornara um leitor literário. Apesar da grande importância que a literatura exerce na vida da criança, seja no desenvolvimento emocional ou na capacidade de expressar melhor suas idéias, em geral, de acordo com Machado (2001), elas não gostam de ler e fazem-no por obrigação. Partindo dessa premissa, o artigo tem embasamento na pesquisa bibliográfica com o intuito de salientar quais estratégias de leituras a escola pode utilizar na formação de leitores literários desde a infância até a adolescência de maneira que o aluno associe a leitura ao prazer e não a obrigação, conceituando letramento e letramento literário, perpassando pela importância da literatura infantil e juvenil no processo de formação. Esta pesquisa visa a enfocar toda a importância que a literatura infantil possui, ou seja, que ela é fundamental para a aquisição de conhecimentos, recreação, informação e interação necessários ao ato de ler. De acordo com as idéias acima, 4 percebe-se a necessidade da aplicação coerente de atividades que despertem o prazer de ler. 1. CONCEITUANDO LETRAMENTO E LETRAMENTO LITERÁRIO Para se entender o que é letramento literário, é preciso entender o significado da palavra letramento. Letramento segundo Magda Soares (2006) “é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita”, deste modo temos letramento como consequência ou resultado da alfabetização. O termo Letramento remete aos processos de apropriação da escrita enquanto uma tecnologia cada vez mais fundamental nas sociedades modernas. Mais do que ao conhecimento de um código simbólico, o termo faz referência ao domínio de um conjunto de práticas sociais centradas na escrita (KLEIMAN, 1995; SOARES, 2006). São muitos os usos que se fazem da escrita nas sociedades modernas, e o letramento diz respeito às possibilidades que os sujeitos adquirem de participar efetivamente de práticas sociais diversas. No livro Letramento: um tema em três gêneros, Soares (2003, p.47) define letramento como “estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita.” O termo surgiu de uma necessidade, pois as pessoas aprendem a ler e escrever, mas podem não incorporar a prática da leitura. Logo, letramento refere-se ao uso das habilidades de leitura e escrita para atender a determinadas exigências sociais. Letramento é o que as pessoas fazem com as habilidades de leitura e de escrita, em um contexto específico, e como essas habilidades se relacionam com as necessidades, valores e práticas sociais. Em outras palavras, 5 letramento não é pura e simplesmente um conjunto de habilidades individuais; é o conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se envolvem em seu contexto social. (SOARES, 2003, p.72). Tomado o conceito de letramento, podemos, então, pensar em conceituar Letramento Literário. O letramento literário, segundo Paulino (2010) como outros tipos de letramento, continua sendo uma “apropriação pessoal de práticas sociais de leitura/escrita, que não se reduzem à escola, embora passem por ela”. Acredita que a experiência estética, dentre as quais se incluem a leitura literária, “está sendo mais valorizada agora, como modo de reumanizar as relações enrijecidas pela absolutização das mercadorias” o que significaria dizer que “as artes dão a volta por cima”. O letramento literário precisa da escola para se concretizar, isto é, ele demanda um processo educativo específico que a mera prática de leitura de textos literários não consegue sozinha efetivar. É por entender essa singularidade que se define o letramento literário como “[...] o processo de apropriação da literatura enquanto construção literária de sentidos” (PAULINO; COSSON, 2009, p. 67). Nessa definição, é importante compreender que o letramento literário é bem mais do que uma habilidade pronta e acabada de ler textos literários, pois requer uma atualização permanente do leitor em relação ao universo literário. Sendo assim, temos Letramento Literário como a condição daquele que não apenas é capaz de ler e compreender gêneros literários, mas aprendeu a gostar de ler literatura e o faz por escolha, pela descoberta de uma experiência de leitura distinta, associada ao prazer. 2. O PAPEL DA ESCOLA DA FORMAÇÃO DE LEITORES A leitura é expressão estética da vida e contribui significativamente para a formação do indivíduo, permitindo entrar em contato com um mundo desconhecido, 6 viajar e conhecer lugares e épocas diferentes, ampliando a capacidade cognitiva de cada ser e influenciando-o nas diversas formas de se encarar a vida. Segundo Charmeux, 1994, apud Martins, 2002, p.67: a leitura tornou-se hoje, portanto, uma ferramentaindispensável à vida em sociedade, mesmo que não levemos em conta qualquer preocupação cultural [...] mesmo havendo outras formas de acesso ao patrimônio cultural, graças às técnicas audiovisuais, ler continua sendo a ferramenta privilegiada de enriquecimento pessoal [...]. Segundo Cosson (2006): O letramento literário enquanto construção literária dos sentidos se faz indagando ao texto quem e quando diz, o que diz, como diz, para que diz e para quem diz. Respostas que só podem ser obtidas quando se examinam os detalhes do texto, configura-se um contexto e se insere a obra em um diálogo com outros tantos textos. Tais procedimentos informam que o objetivo desse modo de ler passa pelo desvelamento das informações do texto e pela aprendizagem de estratégias de leitura para chegar à formação do repertório do leitor. (COSSON, 2006. p 21) Soares (1999) evidencia ainda que a adequada escolarização da literatura é aquela que conduz a práticas de leitura que ocorrem no contexto social, a atitudes e aos valores que correspondem ao ideal de leitor que se quer formar. Solé (1998) ressalta que o problema do ensino da leitura na escola não se restringe na condição do método, mas na própria forma como se conceitua a leitura bem como a maneira como os professores veem ou avaliam esse processo. Além de ressaltar a importância da posição que esta ocupa no projeto curricular da escola, e os meios que se utilizam para favorecê-la de forma natural. Deve-se ainda levar em consideração a importância de saber selecionar as propostas metodológicas adequadas que são adotadas para ensiná-la. O prazer de ler é a força que impulsiona e faz permanecer viva a leitura, pois está presente no espaço social. Por isso é importante entendermos as funções e papéis que a escola desempenha. Segundo Rocco (2013, p. 41): A escola, sem dúvida, trabalha com muitas das interfaces. Há o ler que prioritariamente se detém na busca de informação. Há o ler cuja natureza é puramente funcional. E há o ler do produto ficcional- que deveria ser fonte de grande prazer para os estudantes, mas que, ao contrário, acaba por se constituir em desagradável exercício de coerção, momento em que melhor se 7 evidenciam o autoritarismo e a extemporaneidade que vêm marcando boa parte de nosso sistema escolar. E é nesse mesmo momento que se anulam as possibilidades de fruição da leitura. Isso acontece porque, na maioria das vezes, a escola formal acaba por ignorar a passagem do tempo e as novas visões de mundo. É importante se atentar as dimensões que a leitura pode ajudar a construir ao se propor um trabalho na escola pensado para abranger essa área. Geralmente o aluno não suporta ler na escola, isso não ocorre pelo fato dele não gostar de ler, mas simplesmente porque os textos não são de seu interesse, não despertando prazer no momento da leitura, além de ter que ler por exigência de uma avaliação, de ter que responder questões pouco interessantes etc. Essa situação ocorre porque o papel da escola está atrelado a formação de leitores capazes de atuar na sociedade conscientemente e criticamente, no percurso dessa formação a escola acaba deixando de lado o conceito de letramento literário e trabalhando apenas de maneira funcional com os alunos, utilizando a leitura como recurso pedagógico. Sendo assim, de acordo com Rocco (2013, p. 42): E é nessa hora que tal escola perde qualquer razão, caminha sem rumo, às cegas, construindo, em vez de aprendizagem efetiva, um campo de tensões e conseguindo a triste façanha, sobretudo no que concerne à leitura, de abolir e castrar momentaneamente, entre os alunos, aquela atividade dialógica fundamental que define a natureza humana. A escola poderia proporcionar o contato com as mais variadas leituras e depois abrir espaço para depoimentos, comentários e discussões acerca do que foi lido, dessa maneira, poderia instigar, no aluno, o gosto pela leitura dentro e fora da escola, formando assim cidadãos embasados no letramento literário, conscientes e críticos. Entendendo a leitura como uma habilidade que tem função social e tendo a escola o papel de desenvolvê-la em seu nascimento durante a formação do indivíduo, é necessário que se estabeleça a relação entre educação e o ato de ler de forma mais profunda. 8 Respaldados nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa que considera que “é justamente pela linguagem que os homens e as mulheres se comunicam, têm acesso a informação, expressam e defendem seu ponto de vista, compartilham ou constroem visões de mundo, produzem cultura” (p. 19), pode-se compreender que a não realização de uma leitura eficaz, cheia de significado e sentido não oportuniza, infelizmente, aos alunos, uma participação efetiva em sociedade. Sendo assim, pode-se considerar que a leitura é um dos fatores fundamentais para fortalecer o exercício da cidadania, portanto, caberá a escola desenvolver ações que objetivem desenvolver nos alunos a competência leitora, visando criticidade e maturidade intelectual. Considerando os diferentes níveis de conhecimento prévio, cabe à escola promover sua ampliação de forma que, não progressivamente, durante os oito anos do ensino fundamental, cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações (PCN's, p.19) A escola precisa observar a sociedade de forma crítica, para que possa gerar leitores conscientes e preparados para encarar, de frente, as situações e solucionar os problemas e desafios que surgirão em seu percurso de vida, e não apenas escolar. Não devemos formar apenas repetidores do discurso, pois isso já existe na sociedade. O aluno deve construir, através da leitura, da interação com o texto, um posicionamento crítico diante da realidade e ser agente transformador dela, “temos que combater concepções do tipo „ler é decodificar‟ etc, pois tais concepções são reducionistas, não levando em conta a compreensão e o posicionamento” (SILVA, 1988). 2.1. O PAPEL DO PROFESSOR LEITOR NA FORMAÇÃO DE LEITORES O professor é antes de tudo promotor de leitura e formador de leitores. O docente deve ser um profissional comprometido com o projeto de leitura e apresentar estratégias para orientar seus alunos, tornando-se assim, um mediador do processo, abrindo espaços, lançando desafios, valorizando a caminhada dos alunos, 9 desenvolvendo competências nas dimensões cognitivas, emocionais, sensoriais e culturais. Segundo Souza (2008, p. 06): [...] cabe ao professor promover no espaço de aula um espaço interativo, participativo e tentar extrair dos discentes o conhecimento tácito que estes têm para enriquecimento da discussão, uma vez que diversificadas são as multirreferências que compõem cada um. O professor deve assumir o papel de mediador, onde os alunos possam ler através dele (LENER, 2002, p.75). O professor deve criar condições estimuladoras e desafiadoras para que os alunos possam refletir e buscar alternativas para solucionar, de maneira criativa, os problemas que surgem. [...] caberia ao professor um papel radicalmente diferente do que anteriormente exercia: de agente transformador de informações em selecionador dessas informações, seu decodificador, mostrando como descobri-las e selecioná-las e de que maneira transformá-las em saberes. (ANTUNES, 2001, p.12). O docente deve trabalhar com textos do contexto real dos alunos, para daí sim, iniciar a leitura de forma prazerosa e criativa, contando juntamente com os demais professores, pois a leitura está presente em todas as matérias. Para que o aluno se interesse pela a leitura, faz-se necessário que ela esteja relacionada com algo que lhe chame a atenção. E para que isso ocorra, o repertorio de leitura do professor, agente mediadordo processo de formação de leitores, seja vasto, permitindo que ele tenha condições de apresentar sugestões sólidas e adequadas para seus alunos. Segundo Freire (1999, p.29), “[...] percebe-se, assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que faz de sua tarefa docente, não apenas ensinar conteúdos, mas também ensinar a pensar certo” Sendo assim, o papel do professor leitor na Formação de leitores literários, para retomar o título do trabalho, seria, primeiro, o de ser leitor literário; segundo, o de estar em constante formação e, terceiro, o de encarar a disciplina de Literatura como algo 10 que vai além das escolas literárias. É preciso ensinar a ler Literatura, é imprescindível ensinar a ler os diferentes gêneros literários, é necessário valorizar a Literatura com a qual o educando convive, mas, também, é preciso ensinar a ler a Literatura que compõe a tradição literária Quando a atividade que se propõe trabalhar a leitura literária em sala de aula, de se ter uma adequação à faixa etária do texto, como também, a leitura individualizada e coletiva que mediada pelo professor traz dinamicidade e eloquência como foco de trabalho, ou seja, a entonação e acentuação de voz para cada gênero escolhido é importantíssimo, tal critério muitas vezes não é considerado, não se valoriza a sonoridade das palavras, fugindo da intenção ideológica que o texto postula. Tal concepção, nos leva a entender que cabe ao professor de sala de aula, pensar em questões que envolvam a interpretação, ou seja, entonação, pontuação, dicção, critérios que ao ouvinte despertam o prazer estético da língua e ao aluno auxilia na interpretação. O professor poderá instigar no aluno a percepção da multiplicidade de usos e funções da língua, o reconhecimento das diferentes possibilidades de ligações de construções frasais, a reflexão sobre essas e outras particularidades linguísticas observadas no texto, conduzindo-o às atividades metalinguísticas, à construção gradativa de um saber linguístico mais elaborado, a um falar sobre a língua. ('s, p. 27) 3. ESTRATÉGIAS DE LEITURA Diante das reflexões expostas, depreendemos que a leitura é um importante instrumento na construção de conhecimentos, pois possibilita ao leitor um processo de continuar aprendendo para um melhor desenvolvimento das capacidades de linguagem, as quais podem contribuir para um leitor competente. Em relação ao leitor competente, os PCN asseveram que: 11 O leitor competente é capaz de ler as entrelinhas, identificando, a partir do que está escrito, elementos implícitos, estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos. (BRASIL, 1998, p. 70). Nesse sentido, podemos perceber a necessidade de se refletir acerca da compreensão leitora e buscar metodologias que contribuam para a formação de leitores competentes. Diante das definições apresentadas acerca do conceito de leitura, podemos notar que o leitor ideal/bom é aquele indivíduo que compreende aquilo que lê. É nessa perspectiva de compreensão e apropriação do ato de ler que Solé (1998) traz um conjunto de estratégias que facilitam o entendimento acerca do processo de compreensão leitora Segundo Isabel Solé (1998), as estratégias de leitura são instrumentos necessários para o desenvolvimento de uma leitura proficiente. Seu emprego no ensino de leitura admite que o aluno compreenda e interprete de forma independente os textos lidos, permitindo a formação de um leitor independente, crítico e reflexivo. Solé (1998) salienta que o ensino dessas estratégias coopera para “formar leitores autônomos, capazes de enfrentar de forma inteligente, textos de índole muito diversa, na maioria das vezes diferentes dos utilizados durante a instrução”. A mesma autora define quatro estratégias utilizadas pelo leitor em sua interação com o texto: • Seleção: ao deparar-se com o texto, o leitor seleciona as informações que considera relevantes para o alcance do objetivo que o conduziu ao texto. • Antecipação: Compreende as predições feitas pelo leitor a partir do seu primeiro contato com o texto, ou seja, ao deparar-se com o objeto textual, o leitor estabelece hipóteses e previsões sobre os seus sentidos, que precisarão ser confirmadas ao longo do processamento da leitura, por meio das marcas deixadas pelo autor do texto. • Inferência: Consiste no estabelecimento de relações entre o conteúdo do texto e o conhecimento de mundo do leitor, os quais constroem pontes de sentido e geram 12 novas informações, ou seja, passa-se da leitura das linhas, para leitura das entrelinhas. • Verificação: envolve a postura do leitor em confirmar as antecipações e inferências desenvolvidas ao longo do diálogo como texto de modo a verificar a pertinência dos sentidos construídos em relação ao que foi dito no texto. Segundo Solé (1998), uma importante característica das estratégias é o fato de que não particularizam nem prescrevem totalmente o trajeto de uma ação. A mesma autora indica que em suas exposições as estratégias são suposições inteligentes, muitas vezes ousadas, sobre o caminho mais acertado que devemos seguir. As estratégias são ferramentas que devem ser usadas pelo professor que irá mediar o ensino de leitura para seus alunos. Menegassi (2005) afirma que, estratégias são procedimentos conscientes ou inconscientes que são usados pelo leitor para decodificar, compreender e interpretar o texto além de definir os problemas encontrados durante o processo de leitura. Segundo o autor, essas quatro estratégias citadas por Solé (1998), podem ser decorrentes da aprendizagem de técnicas ou da criação espontânea do leitor. Quando um aluno, por exemplo, aprendeu a sublinhar partes do texto em que está lendo, então aprendeu uma técnica. Mas quando, através de sua própria maturidade leitora, começa a ler o texto e grifar de forma diferente, anotar partes importantes a lápis, associar parágrafos ou identificar ideias principais, utilizando-se de recursos próprios, como anotações, uso de símbolos ou cores, os diversos significados durante a leitura, então estará desenvolvendo sua própria estratégia de compreensão leitora, diferente dos demais leitores Ao tratar de leitura e ensino, ele afirma, ainda, que para que o desenvolvimento de leitura com os alunos ocorra: faz-se necessário o trabalho com estratégias de leitura em sala de aula, a partir do material didático que se tem em mãos e através de textos que são trazidos para a escola e retirados do convívio normal da sociedade em que o aluno e professor vivem. (MENEGASSI, 2010, p. 41) 13 Portanto, pode-se compreender que as estratégias são procedimentos que devem ser utilizados com vistas ao alcance de objetivos, em que devesse considerar ainda o planejamento das ações e sua aplicabilidade, como também, um processo de feedback acerca de possíveis intervenções. 4. LEITURA POR PRAZER O tema da literatura infantil é amplo, discutido por vários autores. Sua introdução na escola esteve sempre envolvida pela conotação moral e disciplinadora, focalizando a formação de hábitos. A literatura infanto-juvenil na escola serve, portanto, de instrumento de universalização de um sujeito-leitor, num primeiro momento, impregnada da moral herdada dos modelos europeus, para posteriormente, em meados de 1960, se confrontar com uma produção literária voltada para suprir seus interesses (PAULINO, 2001). Segundo Ferreira (2009), o texto literário é um eixo conector dialógico entre as diversas disciplinas constituintes do currículo escolar. Através da leitura de literatura infanto-juvenil, a partir de uma mediação pedagógica coerente em sala de aula, o processo de aprendizagem, passa a ser vivenciado de forma transdisciplinar, já que as disciplinas antes eram ensinadasde forma fragmentada, passaram a ser ensinadas tomando por base uma situação-problema. Sendo assim, Paulino (2001) cita que é importante cuidar do processo da leitura, da familiarização com o livro, do debate, da produção dos sentidos sobre o que se lê, para que não se dê mais peso ao produto e sim, maior ênfase ao exercício do ser leitor. Lajolo (1988) descreve que: Tanto a criança à qual se destina a literatura infantil é uma construção, quanto o jovem ao qual se destina a literatura juvenil é outra construção, igualmente social. E, como construção social resultante, tanto o infantil de uma quanto o 14 juvenil de outra são conceitos móveis: o que é literatura infantil, para um determinado contexto, pode ser juvenil para outro, e vice-versa, infinitamente (LAJOLO, 1988, p. 29). Conhecer o perfil do leitor é uma busca constante, todavia independentemente do leitor ser leitor-massa, leitor-débil, leitor-médio ou leitor-forte, o que de fato consideramos importante é que a leitura seja vista como necessária e indispensável para a formação plena do indivíduo, para a perpetuação da cultura de uma determinada sociedade e para a difusão de outras culturas. Devemos propagar o desenvolvimento de atitudes positivas em relação à leitura, pois o ato de ler não deve ser meramente mecânico e sem significado. E mais ainda, precisamos envolver as pessoas que são capazes de ler para que pratiquem esse ato regularmente. Sobre esse aspecto, reforçamos a importância da parceria entre família e escola para assegurar o desenvolvimento do hábito da leitura em crianças e adolescentes, pois de acordo com Castro (1992, p. 01), “garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação”. Abramovich enfatiza a importância de ouvir histórias para a formação da criança: Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias… Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e compreensão de mundo […] é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda a amplitude, significância e verdade que cada um delas fez (ou não) brotar… Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (ABRAMOVICH, 1993, p. 16 e 17). Crianças que têm acesso a livros literários, seja em casa ou na escola, podem desenvolver o hábito da leitura espontaneamente, sem a ajuda de terceiros, todavia, 15 se essas crianças além de terem acesso a livros literários, tiverem também adultos leitores como exemplos, aprenderão a gostar de ler, assim como também amarão a leitura e se tornarão leitores assíduos e contagiantes. Por outro lado, crianças que não têm contato algum com livros literários e não convivem com adultos que leem, terão grandes chances de se manterem afastados do mundo da leitura, reduzindo assim as possibilidades de se tornarem adultos leitores, entretanto destacamos que se tiverem acesso à literatura na fase adulta é perfeitamente possível desenvolver o gosto pela leitura retardatariamente. 5. METODOLOGIA 6. CONCLUSÃO Portanto, o prazer de ler é a força que impulsiona e faz permanecer viva a leitura, pois está presente no espaço social ocorrendo por meio da interação entre o autor e o leitor mediado pelo texto, essa compreensão faz-se pelo letramento literário. O gostar de ler resulta da prática. A pessoa que lê tem reflexão crítica da realidade, a partir do texto ela terá compreensão dele se houver situação significativa, com leituras do contexto real do leitor. O incentivo da leitura se dá principalmente quando iniciada desde a infância. A criança ao iniciar no mundo da escrita, já apresenta o conhecimento de mundo. O professor é o grande mediador, é o ser que seleciona e disponibiliza textos inteligentes e interessantes, ele é o promotor da leitura e formador de leitores, é ele que criará situações estimuladoras e desafiadoras. Juntamente com o professor está a escola, o ambiente que deve ser propício para o hábito da leitura, trabalhar com métodos, nos quais a sala de aula deve ser estimulador e o professor o colaborador. 16 REFERENCIAS BILIOGRAFICAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5ª ed. São Paulo: Scipione, 1997 ANTUNES, Celso. Como desenvolver as competências em sala de aula. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2001. CHARMEUX, Eveline. Aprender a Ler: Vencendo o Fracasso. SP: Cortez, 1994 COSSON, Rildo. Letramento literário: educação para vida. Vida e Educação, Fortaleza, v. 10, p. 14-16, 2006a. COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006b. COSTA, Marta Maria da. Metodologia do ensino da literatura infantil. Curitiba: IBPEX, 2007 FREIRE, P. A importância do ato de ler. 47a . ed. São Paulo: Cortez, 2006. FREIRE, Paulo. A pedagogia da autonomia. São Paulo. Paz e Terra, 1999 GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de português. In: GERALDI, J. 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