Buscar

Infecções Sexualmente Transmissíveis e Tratamento Sindrômico - INFECTOLOGIA

Prévia do material em texto

Infectologia – FMBM Pamela Barbieri – T23
 Profª Dra. Natali Valim 
 
Infecções Sexualmente Transmissíveis e Tratamento Sindrômico 
São infecções transmitidas principalmente por contato sexual. Eventualmente por sangue ou vertical. 
4 síndromes: 
 Úlceras e verrugas genitais 
 Corrimento uretral 
 Corrimento vaginal 
 DIP 
EPIDEMIOLOGIA: 
OMS >1 milhão de novos casos de IST por dia. 
Aumento de resistência de antimicrobianos de alguns agentes. 
Brasil: 13% homens 17-20 anos já relataram ter episódio prévio de IST. 
Gestantes: prevalência importante de sífilis. 0,89% - 26.700 gestantes/ano. 
Uso de preservativos (15-65 anos): 20% com parceria fixa; 55% com parceria casual. 
TRATAMENTO SINDRÔMICO: 
O diagnóstico etiológico tem baixa especificidade no exame físico. Depende de exames laboratoriais, podendo haver 
atraso no diagnóstico. 
O objetivo do diagnóstico sindrômico é fazer o tratamento rápido, promovendo quebra na cadeia de transmissão. 
Abordagem sindrômica do corrimento uretral: 
→Uretrite = inflamação da uretra acompanhada de corrimento, podendo ser associada a: disúria, estrangúria, 
prurido uretral, dor uretral independente da micção. 
Transmissão por sexo vaginal, anal e oral. 
Etiologia: 
Gonorreia – Neisseria gonorrhoeae; 
Clamídia – Chlamydia trachomatis. 
Outras menos frequentes: T. vaginalis, U. urealyticum, enterobactérias, causas traumáticas, etc. 
Abordagem paciente com presença de corrimento uretral: 
Tratamentos: 
Clamídia – Azitromicina, 1g VO dose única. 
Gonorreia – Ceftriaxona 500mg IM dose única. 
Tricomoníase – Metronidazol 2g VO dose única. 
Mycoplasma genitalium – Azitromicina 1g VO dose única; 
Moxifloxacino 400mg/dia por 7 dias. 
Ureaplasma urealyctium – Azitromicina 1g VO dose única; 
Doxiciclina 100mg 12/12h por 7 dias. 
→Úlceras genitais: 
Lesões ulcerativas erosicas, procedidas ou não por pústulas ou vesículas; acompanhadas ou não de: dor, ardor, 
prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento, linfadenopatia inguinal. 
Etiologia: 
Sífilis (Treponema pallidum); 
Herpes genital (HSV-1 e HSV-2). 
Cancroide (cancro mole – H ducreyi) 
Linfogranuloma venéreo (C. trachomatis). 
Donovanose (K. granulomatis). 
Infectologia – FMBM Pamela Barbieri – T23
 Profª Dra. Natali Valim 
 
Aumentam risco de transmissão de HIV. 
Aspectos clínicos: baixa sensibilidade e especificidade quanto ao agente etiológico. 
Lesões variadas: 
 
Abordagem paciente com úlcera genital: 
Tratamentos: 
Herpes genital: Aciclovir, 400mg 8/8h 5 (recorrência) a 7 (primo-infecção) dias. 
Sífilis: Penicilina benzatina, 2.400.000UI IM. 
Cancróide: Azitromicina 1g VO dose única. 
Donovanose: doxiciclina 100mg 12/12h 21 dias. 
 
SÍFILIS: 
Doença infecciosa crônica, cujo agente infeccioso é a espiroqueta gram - Treponema pallidum. 
Outros nomes: Lues, cancro duro. 
É uma doença de notificação compulsória. 
Transmissão: 
Via sexual (sífilis adquirida): contato com lesões: 95% dos casos de transmissão. 
 infectividade de 60% nos estágios iniciais. 
 Treponema invade por pequenas escoriações durante o ato sexual. 
Via vertical (sífilis congênita): infecção intraútero; taxa de transmissão de 80%. 
Classificação: 
Sífilis adquirida recente: < 1 (OMS) (ou 2 PCDT) ano de evolução: 
 Primária 
 Secundária 
 Latente recente 
Sífilis adquirida tardia: > 1 ano de evolução: 
 Latente tardia; 
 Terciária. 
SÍFILIS PRIMÁRIA: 
Incubação: 10-90 dias (média de 3 semanas) após ato sexual. 
Apresentação clínica: lesão ulcerada, geralmente única, indolor, com borda bem definica regular, com base 
endurecida e fundo limpo. 
Geralmente localiza-se ao local de entrada da bactéria. 
Infectologia – FMBM Pamela Barbieri – T23
 Profª Dra. Natali Valim 
 
Acompanhada de linfonodopatia regional. 
Duração: 3-8 semanas, desaparece independentemente do tratamento. 
 
 
 
SÍFILIS SECUNDÁRIA 
6 semanas a 6 meses após cicatrização do cancro. 
→Lesões cutâneo-mucosas não ulceradas, contagiosas. 
Roséolas sifilíticas: manchas eritematosas, exantema morbiliforme. 
Pápulas eritemato-acatanhadas, escamosas. 
Típico: acometimento palmo-plantar. 
Placas mucosas: lesões em platô, superfície lisa. 
Condiloma plano: lesões papulo-hipertróficas em regiões de dobra ou atrito). 
Alopecia (temporoparietal, occipital – em clareira). 
 
Sintomas não cutâneos: 
Adenomeglaia generalizada, febre baixa, artralgia, adinamia. 
Raramente: acometimento hepático, renal, ocular. 
Neurossífilis: invasão de sistema nervoso central (principalmente indivíduos imunossuprimidos). 
Surtos intercalados por períodos de latências nos dois primeiros anos. 
SÍFILIS LATENTE: 
Período assintomático após sífilis secundária não tratada. 
Sífilis latente precoce (< 1 ano). 
Sífilis latente tardia (> 1 ano). 
Detectável por exames laboratoriais. 
SÍFILIS TERCIÁRIA: 
Doença inflamatória lenta, progressiva, destrutiva. 
Pode afetar qualquer órgão. 
5-30 anos após infecção primária. 
É rara, devido a uso frequente de penicilinas por outros motivos. 
Infectologia – FMBM Pamela Barbieri – T23
 Profª Dra. Natali Valim 
 
Exames sorológicos. 
Dx = teste treponêmico + teste não treponêmico 
Formas: neurossífilis (meningite, paresia, tabes dorsalis), sífilis cardiovascular (aortite), sífilis gomatosa (granulomas 
destrutivos). 
 
SÍFILIS CONGÊNITA: 
Transmissão durante qualquer fase da gestação. 
Fases iniciais da doença: maior risco de transmissão. 
 Primária e secundária: risco 70-100% de transmissão. 
Apresentação clínica: 
Aborto/óbito fetal. 
Sífilis congênita precoce: lesões mucocutâneas, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, osteocondrite, periostite, 
anemia. 
Sífilis congênita tardia: surdez, atraso DNPM, fronte olímpica, palato em ogiva, malformações ósseas. 
DIAGNÓSTICO SÍFILIS: 
Testes treponêmicos: 
 Qualitativos 
 Positivos durante toda a vida. 
 Ex: FTA-Abs. 
Testes não treponêmicos. 
 Quantitativos 
 Queda dos títulos após tratamento 
 Ex: VDRL 
Provas diretas: exame direto das lesões primárias (microscopia). 
TRATAMENTO: 
 
Gestantes: apenas penicilinas. Gestante alérgica – fazer dessensibilização. 
REAÇÃO DE JARISCH-HERXHEIMER: 
Lesões cutâneas, mal estar, febre, cefaleia e artralgia nas primeiras 24h após início do tto. 
NÃO é alergia a penicilina e sim causada pela liberação antigênica maciça pela morte de treponemas. 
Não suspende penicilina. 
Tratamento: analséficos. 
Gestantes: risco de parto prematuro, encaminhar para obstetra.

Continue navegando