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FÁRMACOS QUE ALTERAM A CONTRATILIDADE UTERINA Contrações uterinas: As células miometriais do fundo do útero agem como marcapassos e originam potenciais de ação conduzidos, sendo uma atividade eletrofisiológica, que é regulada pelos hormônios sexuais - estrogênio e progesterona. Inervação do sistema nervoso autônomo (SNA) simpático: a. Agonista beta2 adrenérgico: Diminuição da contração uterina Noradrenalina/adrenalina se liga à receptores beta2 adrenérgico na musculatura lisa do útero, que são acoplados à proteína Gs. Essa ligação estimula adenilato ciclase e a conversão de ATP em AMPc, provocando a ativação de PK e diminuição da concentração de Cálcio no meio intracelular. Esse processo resulta no fechamento dos canais de Ca++ e consequentemente a redução da contratilidade uterina – relaxamento. Inibe o trabalho de parto prematuro, pelas contrações que resultam em expulsão do feto. b. Agonista alfa1 adrenérgico: Aumento da contração uterina Noradrenalina/adrenalina se liga em receptores alfa1 adrenérgico na musculatura lisa do útero, que são acoplados à proteína Gq. Essa ligação ativa a fosfolipase C (PLC), responsável por converter PIP2 em IP3 (se liga em seus receptores que estão na membrana do retículo sarcoplasmático, promovendo a saída do Ca++ que estava dentro da vesícula para o citoplasma) e DAG (ativa PK, responsável por promover a entrada de cálcio do meio extracelular para o intracelular). Importante salientar que ambos são segundos mensageiros e que o aumento da concentração de cálcio no meio intracelular provoca a ativação do complexo actina-miosina e, consequentemente, a contração da musculatura lisa do útero. OBS.: O útero gravídico e o não gravídico apresentam diferenças, pois com a alteração hormonal (aumento de estrógeno e progesterona) pode ocorrer maior expressão de receptores alfa e beta. FÁRMACOS QUE ESTIMULAM A CONTRAÇÃO UTERINA 1. Ocitocina Endógena - Síntese: Neurônio ocitoninérgico (neurohipófise) e células lúteas do ovário, endométrio e placenta. - Aumenta sua concentração na circulação materna no 2 estágio do trabalho de parto. - Regula a atividade miometrial - Realiza contração das células mioepiteliais que circundam os alvéolos mamários, para ejeção de leite. Estradiol: estimula a secreção / expressão de receptores de ocitocina e síntese de PG pela placenta (estimula mais as contrações uterinas). 2. Ocitocina Exógena ou Sintética Semelhante à citocina endógena. Se liga ao mesmo receptor, tendo o mesmo efeito - Doses elevadas causam o aumento na frequência das contrações, de modo que ocorra um relaxamento incompleto entre elas. Assim, há interferência no fluxo sanguíneo e sofrimento fetal. FARMACOCINÉTICA: - Sem afinidade pelas proteínas plasmáticas (facilita a metabolização pelas enzimas). - Tempo de meia vida (via i.v): 3 - 5 min (importante para reversão do quadro). - Metabolismo: hepático, renal e ocitocinase placentária circulante. - Excreção: renal e biliar Vias de administração: - intra-muscular: controle de sangramentos pós-parto. - intra-venosa: inicia/intensifica o trabalho de parto (mais usada). AÇÃO FARMACOLÓGICA: - Após o parto: aumenta o tônus uterino e diminui hemorragia. - Induz trabalho de parto através de contrações uterinas. Contraindicações: - Doença cardíaca, renal ou pré-eclampsia - Sofrimento fetal: as contrações uterinas diminuem o suprimento sanguíneo, com consequente diminuição da chegada de nutrientes e oxigênio. - Prematuridade; - Predisposição a ruptura uterina (raro). FARMACODINÂMICA A ocitocina se liga a receptores transmembrânicos de ocitocina, que são acoplados a proteína Gq. Essa ligação ativa fosfolipase C (PLC), responsável pela conversão de PIP2 em IP3 e DAG. O IP3 se liga em seus receptores que estão na membrana do retículo sarcoplasmático, promovendo a saída do Ca++ que estava armazenado na vesícula para o citoplasma. O DAG, por sua vez, ativa PKC, a qual possibilita a entrada de cálcio do meio extracelular para o intracelular. Importante salientar que ambos são segundos mensageiros e que o aumento da concentração de cálcio no meio intracelular ativa o complexo actina-miosina, viabilizando a contração da musculatura lisa do útero. 3. Ergometrina FARMACOCINÉTICA: - Fármaco de segunda escolha - Usado no 4 período, onde há sangramento pela saída da placenta; - Administração via oral ou intra-venosa; - Rápida absorção após Adm v.o; - Efeito uterotônico pós parto; - • Ação rápida e meia vida de 2 horas (se precisar reverter o caso é mais dificil); AÇÃO FARMACOLÓGICA: Aumenta atividade motora uterina aumenta a força e a frequência das contrações, auxiliando no trabalho de parto. Promove vasoconstrição controla sangramentos. Indicações: Pós-parto ou aborto para controlar o sangramento e manter a contração uterina / prevenir hemorragia pós-parto. FARMACODINÂMICA: A Ergometrina é um fármaco agonista que se liga a receptores alfa1 adrenérgico (presentes no miométrio), acoplado a proteína Gq Essa ligação ativa fosfolipase C (PLC), responsável pela conversão de PIP2 em IP3 e DAG. O IP3 se liga em seus receptores que estão na membrana do retículo sarcoplasmático, promovendo a saída do Ca++ que estava armazenado na vesícula para o citoplasma. O DAG, por sua vez, ativa PK, a qual possibilita a entrada de cálcio do meio extracelular para o intracelular. Importante salientar que ambos são segundos mensageiros e que o aumento da concentração de cálcio no meio intracelular ativa o complexo actina-miosina, viabilizando a contração da musculatura lisa do útero. Efeitos colaterais: - Vômito (age nos receptores D2 da dopamina na zona de gatilho, localizada na zona póstrema); - Vasoconstrição com aumento da PA associado (tem receptores alfa1 nos vasos além da musculatura lisa) - Risco de tetania: devido a contrações muito intensas, dificultando o relaxamento. Pode causar sofrimento fetal 4. Análogo de Prostaglandinas (Misoprostol) Prostaglandina Endógena: - Síntese: miométrio e endométrio; - A sensibilidade do músculo uterino às prostaglandinas aumenta durante a gestação. - A ocitocina estimula a síntese/liberação de PG. - Estrogênio/Progesterona aumentam a expressão de receptores de PG. Prostaglandina Exógena ou Sintética - Fármaco de terceira escolha; - Para utilizar o fármaco que tenha atividade no miométrio, ele deve ser estruturalmente similar a PGF2α ou a PGE2 (são as PGs com maior expressão no útero). - Via oral, sublingual e intravaginal (em óbito fetal); - Induz trabalho de parto; - Promove aborto na fase inicial e intermediária; - Em caso de óbito fetal provocam efetivamente a expulsão. Dinoprostona (PGE2) Via intravaginal Carboprosta (PGF2α) Via intramuscular Gemeprosta (PGE1) Via intravaginal Misoprostol (PGE1) Via intravaginal Mecanismo de Ação: Análogo a PGF2α: o fármaco se liga ao receptor FP, que é acoplado a proteína Gq (mesmo mecanismo da ocitocina), resultando em ativação do complexo actina miosina e então contração da musculatura lisa uterina. Análogo à PGE2: o fármaco se liga ao receptor EP2, que é acoplado a proteína Gs. Essa ligação estimula adenilato ciclase e conversão de ATP em AMPc. Esse último ativa PK que promove abertura de canais de Ca++, fazendo com que o cálcio saia do meio extracelular e vá para o intracelular, resultando em ativação do complexo actina miosina e então contração da musculatura lisa uterina. Efeitos colaterais: - Dor, náusea, vômito e diarréia; - PGF é um broncoconstritor, logo, deve ter cautela em asmáticas; - PGE2 tem efeitos natriuréticos; FÁRMACOS QUE INIBEM A CONTRATILIDADE UTERINA A. RITODRINA, SALBUTAMOL E TERBUTALINA (Agonistas seletivos do receptor b2-adrenérgico.) - Inibem as contrações uterinas (espontâneas ou induzidas); - Indicações: trabalho de parto prematuro (22 - 23 sem); - Retardam o parto em 48h (tempo para maturar os pulmões do bebe e diminuir a incidência de hemorragia intracraniana em prematuros - corticites - betametasona). Vias de Administração: Ritodrina: v.o e v.i; Salbutamol: v.o; Terbutalina:i.v ou s.c; Mecanismo de ação: O fármaco se liga ao receptor b2 na musculatura lisa do útero que é acoplada a proteína Gs. Essa ligação ativa adenilato ciclase, que converte ATP em AMPc e provoca o fechamento dos canais de Ca++ e abertura dos canais de K+. Com isso ocorre a hiperpolarização celular e diminuição das contrações uterinas. b. ATOSIBANA (Antagonista dos receptores de ocitocina) Mecanismo de ação: Se liga aos receptores de ocitocina no miométrio e não faz nada, apenas impede que a ocitocina se ligue e promova contração uterina. • Indicação: tratamento do trabalho de parto prematuro; • Adm: infusão i.v (durante 2-48h) c. NIFEPIDINA (Antagonista dos canais de Ca++) Mecanismo de ação: Se liga aos canais de Ca++, impedindo que o cálcio extracelular entre na célula muscular (bloqueio do canal). Com isso, não há a ativação do complexo actina-miosina e, consequentemente, não ocorre a contração uterina. Além disso, aumentam a saída de Ca++ da célula miometrial. Contra-indicações: Hipotensão materna (PA<90/50mmHg) e bloqueio átrio-ventricular. (São medicamentos anti-hipertensivos, logo possuem efeito sistêmico, como a diminuição da resistência vascular periférica)