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Aula 03: Princípios dos preparos cavitários ● Dentística: ● Introdução: - Preparo de cavidade: tratamento biomecânico; - Cárie, lesões de tecidos duros; - Restauração: proteção, resistência e prevenção a reincidência de cárie; ● Histórico: - Black, 1908: 1º a realizar a sequência lógica de procedimentos para preparo de cavidade; - Evolução: controle da incidência e da gravidade da cárie, além da detecção precoce da doença, havendo um aperfeiçoamento das técnicas tendo como base os conceitos de Black; ● O que é um preparo cavitário? - É o tratamento biomecânico da cárie e lesões dos tecidos duros do dente, de forma que as estruturas remanescentes possam receber uma restauração que as proteja, que seja resistente e que possa prevenir a cárie; - Remoção da cavidade patológica = cavidade terapêutica; ● O preparo cavitário deve: - Eliminar o tecido patológico = remoção da cárie; - Estender as margens da cavidade a locais de relativa imunidade à cárie; - Conferir à cavidade, formas que permitam ao dente receber e reter o material restaurador; - Preservar a vitalidade pulpar; ● Regras do preparo cavitário: - Total remoção do tecido cariado infectado; - Deixar as paredes da cavidade suportadas por dentina sadia ou material com igual função; - Conservar a maior quantidade possível de tecido dental sadio; - Deixar as paredes cavitárias planas e lisas; - Deixar o preparo cavitário limpo e seco; OBS: seguir princípios específicos para cada tipo de material (amálgama, resina composta); O preparo cavitário possui um guia geral de passos que estão interligados e devem ser seguidos (não necessariamente sempre na mesma ordem): 1. Forma de contorno: - Área de superfície do dente que deve ser incluída no preparo cavitário; - Esmalte sem suporte (friável): deve ser removido ou apoiado sobre Resina Composta ou Cimento Ionomérico (material adesivo); - Ângulo cavo-superficial: localizar-se em áreas de resistência a cárie (acabamento das bordas da restauração); - A forma de contorno irá depender se a cárie está localizada em superfícies de cicatrículas e fissuras ou superfícies lisas; a. Cicatrículas e fissuras: para o planejamento correto da forma de contorno nessas áreas do dente, deve-se ter em mente alguns fatores. ✔ Extensão da cárie: a cárie se propaga como dois cones superpostos pelas bases; na junção amelo-dentinária, a forma de contorno deve englobar tanto a extensão superficial da cárie como sua propagação ao longo dessa junção; ✔ Extensão de conveniência: - A forma de contorno deve englobar todas as cicatrículas, fossas e fissuras afetadas pela cárie, ou seja, a forma de contorno varia de acordo com as características anatômicas de cada dente; - As estruturas de reforço dos dentes (cristas marginais, pontes de esmalte, arestas e vertente de cúspide) devem ser preservadas; - No caso de duas cavidades possuírem uma estrutura sadia de menos de 1mm entre si, é necessário unir as cavidades, pois essa estrutura está enfraquecida; ✔ Idade do paciente: - Em pacientes idosos, há o desgaste das faces oclusais, logo, a forma de contorno se limita a remoção do tecido cariado; b. Superfícies lisas: o processo carioso em superfície lisa se propaga mais em extensão do que em profundidade, devido a formação dos prismas de esmalte, que nesta área se encontram como 2 cones superpostos, ápice contra base na junção amelo-dentinária; ✔ Extensão para gengival: o ideal é manter a maior distância do tecido gengival; 2. Forma de resistência: - Características dadas à cavidade para que a estrutura dental e a restauração possam resistir aos esforços mastigatórios, variações volumétricas dos materiais restauradores e diferença entre coeficiente de expansão térmica dos dentes e materiais restauradores; a. Conceitos clássicos: ✔ Paredes circundantes: paralelas entre si e perpendicular à parede pulpar; ✔ Abertura V/L: 1/3 da distância intercuspídea; b. Conceitos atuais: - Paredes circundantes: convergentes para oclusal e parede pulpar perpendicular ao longo eixo; - Abertura V/L: ¼ da distância intercuspídea; - Parede pulpar e gengival: planas, paralelas entre si e perpendicular ao longo eixo do dente; - Caixas proximais: convergente para oclusal (auto-retentiva e preservar mais a crista); - Ângulo entre paredes circundantes da cavidade e a superfície externa da restauração: 70 °/ 90 °; - Ângulo áxio-pulpar: arredondado, na ausência, reconstruir; - Ângulos internos: arredondados (dissipar tensões); - 1,5mm de espessura de material: resistência adequada; - Curva reversa de Hollemback: 90 ° - superfície externa; vestibular do 1º molar; 3. Forma de retenção: - Características dadas à cavidade para impedir o deslocamento do material restaurador, através da configuração interna da cavidade e de retenções adicionais; - A forma de retenção e de resistência são obtidas simultaneamente na maioria das vezes; - Finalidade da forma de retenção é evitar o deslocamento da restauração por: a. Ação das forças mastigatórias; b. Tração por alimentos pegajosos; c. Diferença do coeficiente de expansão térmica linear; - Tipos de retenção: a. Atrito do material restaurador; b. Mecânica adicional; c. Retenção micromecânica; OBS: Relação largura X profundidade – profundidade deve ser maior ou igual a largura, porém, em cavidades mais rasas que profundas necessitam de retenções adicionais; 4. Forma de conveniência: - Procedimentos empregados para facilitar o acesso, proporcionar adequada instrumentação do preparo e inserção do material restaurador; - Depende de: propriedades do material restaurador, dos métodos empregados para a realização da restauração e da localização e extensão da lesão; - Por exemplo: a. Isolamento absoluto do campo operatório: - Controle dos fluidos orais; - Retração gengival; b. Afastamento dental: - Separação prévia dental com finalidade terapêutica ou de diagnóstico; - Mediato ou imediato; c. Tiras de aço para proteção do dente vizinho durante o preparo cavitário; d. Matriz de aço para manter o material restaurador na superfície proximal; 5. Remoção da dentina remanescente: - É o tempo operatório que consiste na remoção de toda a dentina desmineralizada e infectada (irreversível); - Cárie incipiente – remoção concomitante as outras fases do preparo cavitário; - Cárie extensa – remoção poderá ser feita antes da forma de controle; - Dentina infectada: não remineralizável – deve ser removida; - Dentina afetada: remineralizável – deve ser preservada; OBS1: no caso de ainda haver cárie ao final das fases, somente a porção cariada deve ser removida, ocasionando uma depressão do assoalho cavitário, que deverá ser preenchida por uma base protetora adequada até atingir o nível da parede de fundo; OBS2: para verificar a completa remoção da dentina infectada é a utilização de fucsina básica a 0,5% em propileno glicol que, através da coloração, indica a necessidade de remoção; 6. Acabamento das paredes e margens de esmalte: - Promove a remoção das irregularidades e prismas de esmalte sem suporte através do alisamento das paredes de esmalte e tratamento do ângulo cavo-superficial, levando em consideração o material restaurador a ser utilizado; - Melhora a adaptação do material restaurador às paredes cavitárias; - Melhora o vedamento marginal; - Diminui a infiltração marginal; - Pode ser realizado com instrumentos cortantes manuais ou rotatórios; 7. Limpeza da cavidade: - Consiste em remover os dentritos (smear layer) do preparo cavitário antes da inserção do material protetor e/ou restaurador; - Agentes desmineralizantes: Ácidos (fosfórico 35% ou 37%, EDTA 10%, poliacrílico 25%); - Agentes não-desmineralizantes: clorexidina, água oxigenada 2%, hipoclorito de sódio 0,5-1%, solução fluoretada e alcalinizantes;
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