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Universidade de Santa Cruz do Sul Curso de Medicina Saúde, Sociedade e Fundamentos em Pesquisa III - Saúde do Trabalhador e Políticas Ambientais Professora: Suzana Beatriz Frantz Krug Irene Souza, Jordana Vargas Peruzzo, Julia Alberti Dal Bianco, Luiza Dalla Vecchia Torriani e Sophia Neumann Frantz Casos Clínicos sobre LER Casos Clínicos sobre LER Entrevistas com pessoas que adoeceram ou se acidentaram no trabalho 2 1- Dados sociodemográficos: Mulher, 49, dentista, pós-graduação, atuante há 25 anos, casada. Autônoma e servidora municipal. 2- Sobre a doença Carga horária do consultório e mais 20 horas do serviço público. Em 2010, trabalho manual excessivo e posição repetitiva da mão levaram a lesão do dedo polegar esquerdo. Não conseguia fazer flexão do dedo e muita dor. 3 - Situação atual Curada, função restabelecida do dedo citado. Maior intervalo entre os atendimentos e alguns exercícios. Mudou o tipo de atendimento após especialização em ortodontia. Sem notificação. 4 - Consequências Limitação de atividades diárias. Acha que não afetou muito a família. Tirou um mês de férias, teve que se adaptar depois que voltou, maior intervalo e exercícios de fisioterapia entre os atendimentos. 5- Atendimento Fisioterapeuta do posto de saúde atendeu bem, mas foi atendimento informal, indicou repouso e exercícios com peso e bolinha para apertar. Medicação e pomada anti-inflamatória. 6- Depoimento Necessidade de prevenção e cuidado prévio, constata a identificação de outras agravos à saúde por causa do trabalho, como dor nas costas, aliviada por exercícios de yoga. Pela duração da posição que fica diariamente, criou o hábito de fazer alongamentos após atender seus pacientes. Casos Clínicos sobre LER 3Entrevistas com pessoas que adoeceram ou se acidentaram no trabalho 1- Dados sociodemográficos: Homem, 55 anos, analista de sistemas, pós-graduação, atuante há 22 anos, casado. 2- Sobre a doença : Passava a maior parte do dia digitando na atualização de sistemas e softwares, dessa maneira, por volta de 2007 começou a sentir grande dor não só nos dedos como também no pulso ao se manter digitando. Foi diagnosticado com LER (lesão por esforço repetitivo) e começou a fazer uso de uma espécie de tala que pegava o punho e os dedos, se queixava principalmente da mão direita e por isso optou por utilizar o objeto só nessa mão. 3 - Situação atual : Atualmente se mantém trabalhando, realiza diversos exercícios em ambas as mãos e ocasionalmente ainda precisa fazer o uso da tala na mão direita. Não teve nenhum tipo de notificação. 4 - Consequências: Não sente nenhuma consequência extrema, no entanto quando está mais debilitado acaba se ausentando das tarefas diárias para fazer fisioterapia, exercícios e o repouso da mão e do punho. No trabalho procurou de adaptar e passar a utilizar mais a mão esquerda para não lesionar mais a direita. 5- Atendimento: Foi consultado pelo médico da empresa, que ensinou os exercícios e truques de fisioterapia em casa, o repassou para um fisioterapeuta (o qual a empresa bancou as despesas) além de indicar uso da tala e de medicamentos para dor quando muito intensa e pomadas anti-inflamatórias. Quando teve a primeira e maior crise, que foi quando recebeu o diagnóstico passou 15 dias afastado com atestado médico para uma melhor recuperação. 6- Depoimento: Ressalta o quanto é uma doença presente nos ambientes de trabalhos dos mais diversos e que pode causar danos irreversíveis no bem-estar e rotina dos indivíduos afetados. Logo, é necessário que as empresas e locais de serviço fiquem atentos aos seus funcionários e os atendam da melhor maneira possível para que se a doença for estabelecida, pelo menos seja tratada de maneira rápida e eficiente. 4LER (Lesão por Esforço Repetitivo) LER É uma síndrome - constituída por tendinite, bursite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo, mialgias, etc - que afeta músculos, nervos e tendões dos membros superiores, sistema musculoesquelético. Causa dor, inflamação, formigamento, fadiga muscular, redução na amplitude do movimento e da capacidade funcional da região comprometida. A prevalência é maior no sexo feminino. DORT Mecanismos de agressão: esforços repetidos continuadamente ou que exigem muita força na sua execução, vibração, postura inadequada e estresse. Doença ocupacional, maior risco: pessoas que trabalham com computadores, em linhas de montagem e de produção ou operam britadeiras, digitadores, músicos, esportistas e pessoas que fazem trabalhos manuais. Diagnóstico clínico Determinar a causa dos sintomas para eleger o tratamento adequado. Avaliação multidisciplinar. Médico do Trabalho: analisar condições do ambiente de trabalho, o modo como a pessoa desempenha suas atividades, quantidade de horas dedicadas ao trabalho e ao repouso, o nível de angústia e ansiedade que está exposta. (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho) LER 5 TRATAMENTO Crises agudas de dor: anti-inflamatórios e repouso das estruturas musculoesqueléticas comprometidas. Fases mais avançadas: corticoides na área da lesão ou por via oral, fisioterapia e intervenção cirúrgica. Dor crônica: localizar a alteração anatômica que pode ter-se desenvolvido. Se do ponto de vista clínico tudo estiver normal, mas a dor persistir, devemos levantar como causas o estresse e a ansiedade. Além da fisioterapia, é preciso buscar a reabilitação do paciente como um todo, preconizar atividade física e terapia de apoio. EPIDEMIOLOGIA As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são as doenças que mais afetam os trabalhadores brasileiros. ● Utilizando dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o levantamento aponta que, entre os anos de 2007 e 2016, 67.599 casos de LER/Dort foram notificados. ● Neste período, o total de registros cresceu 184%, passando de 3.212 casos, em 2007, para 9.122 em 2016 ● Dados indicam aumento na exposição de trabalhadores a fatores de risco, que podem ocasionar incapacidade funcional. ● LER/DORT foram mais recorrentes em trabalhadores do sexo feminino (51,7%), entre 40 e 49 anos (33,6%), e em indivíduos com ensino médio completo (32,7%). ● A região que registrou o maior número de casos foi o Sudeste, com 58,4% do total de notificações do país no período. ● Em 2016, os estados que apresentaram osmaiores coeficientes de incidência foram Mato Grosso do Sul, São Paulo e Amazonas. Epidemiologia 6 7GOALS A ocorrência de LER e DORT foi maior nos profissionais que atuam nos setores da indústria, comércio, alimentação, transporte e serviços domésticos/limpeza. Nas profissões; os faxineiros, operadores de máquinas fixas, os alimentadores de linhas de produção e os cozinheiros foram os mais atingidos com algum desses problemas de saúde no trabalho. Podem prejudicar a produtividade laboral, a participação na força de trabalho e o comprometimento financeiro e da posição alcançada pelo trabalhador. São responsáveis pela maior parte dos afastamentos do trabalho e representam custos com pagamentos de indenizações, tratamentos e processos de reintegração à ocupação. ASPECTOS OCUPACIONAIS RESEARCH RESOURCES 8 ● Para prevenir agravos como esses, o Ministério da Saúde recomenda aos empregadores atenção à Norma Regulamentadora 17, que estabelece parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. ● É importante que os empregadores promovam ações de educação em saúde aos trabalhadores em conjunto com os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de cada região. ● Os empregados, também, possuem participação essencial nesse fluxo. A realização de ginástica laboral no local de trabalho, a criação de hábitos de pausas regulares durante o período de trabalho,a realização regular dos movimentos corporais, evitar horas extras e sobrecarga mental, fazer alongamentos e a utilização de mobiliários ergonômicos são medidas que podem contribuir para o não surgimento destas e outras doenças. PREVENÇÃO SAÚDE DO TRABALHADOR E O SUS 9 REDE DE SAÚDE DO TRABALHADOR RENAST (Rede Nacional de Atenção Integral) ● foi criada em 2002, com objetivo de disseminar ações de saúde do trabalhador, articuladas às demais redes do Sistema Único de Saúde, SUS, que oferece atenção integral à saúde dos trabalhadores. ● A RENAST se constitui em uma complexa rede que se concretiza com ações transversais, que incluem a produção e gestão do conhecimento, e todos os níveis e ações definidas. Entre seus componentes está o CEREST. Cerest (Centros de Referência em Saúde do Trabalhador) ● Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) promovem ações para melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador por meio da promoção, prevenção, vigilância, assistência e reabilitação em saúde dos trabalhadores. ● Além disso, o Cerest promove a integração da rede de serviços de saúde do SUS, assim como suas vigilâncias e gestão, na incorporação da Saúde do Trabalhador em sua atuação rotineira ● Existem dois tipos de Cerest: os estaduais (26) e os regionais (152) ○ As ações a serem desenvolvidas pelos CEREST serão planejadas de forma integrada pelas equipes de saúde do trabalhador no âmbito das Secretarias Estaduais de Saúde (SES) e das Secretarias Municipais de Saúde (SMS), sob a coordenação dos gestores. SISTEMAS DE NOTIFICAÇÃO SAÚDE DO TRABALHADOR E O SUS 10 A notificação de doenças, agravos e eventos de saúde do trabalhador é obrigatória; e pode ser feita por um dos sistemas de notificação criados: ● RINA (Relatório Individual de Notificação de Agravo) do SUS do RS é um instrumento de Notificação Compulsória de Doenças e Acidentes de Trabalho, aplicável a trabalhadores do mercado formal e informal, urbanos e rurais, sob qualquer regime de relação de trabalho, a ser preenchido por todos os serviços de atendimento em saúde. ● CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) relacionado ao Ministério da Previdência Social; é um documento emitido para reconhecer tanto um acidente de trabalho ou de trajeto bem como uma doença ocupacional. Os acidentes de trabalho e de trajeto estão relacionados a: ○ acidentes de trabalho são aqueles que ocorrem no exercício da atividade profissional a serviço da empresa ○ acidentes que ocorre lesão corporal ou perturbação funcional que causa a perda ou redução da capacidade para o trabalho ou que causem a morte ○ os acidentes que ocorrem no deslocamento da residência ↔ trabalho ● SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde SUS; é feita através da notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam na lista nacional de doenças de notificação compulsória. ○ No Rio Grande do Sul foram incluídos como agravos de interesse Estadual: caxumba, contato com animas marinhos, contato com outros artrópodes venenosos especificados e equinococose (hidatidose) REFERÊNCIAS Instruções sobre Fichas de Investigação. Disponível em: http://www.cachoeirinha.rs.gov.br/portal/attachments/article/1993/INSTRUCOE S%20SOBRE%20RINA%20E%20SINAN.pdf Acesso em: 28 jun. 202 Centro de Referência em Saúde do Trabalhador. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/temas/centro-referencia-saude-trabalhador-cerest Acesso em: 27 jun. 2020 Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde do Trabalhador. Disponível em: http://renastonline.ensp.fiocruz.br/temas/rede-nacional-atencao-integral-saude-trabalhador-renast Acesso em: 27 jun. 2020 Comunicação de Acidente de Trabalho. Disponível em: https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/comunicacao-de-acidente-de-trabalho-cat/#:~:text=A%20 Comunica%C3%A7%C3%A3o%20de%20Acidente%20de,bem%20como%20uma%20doen%C3%A7a% 20ocupacional. Acesso em: 28 jun. 2020 LER e DORT são as doenças que mais acometem os trabalhadores, aponta estudo. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45404-ler-e-dort-sao-as-doencas-que-mais-aco metem-os-trabalhadores-aponta-estudo#:~:text=Aplicativos-,LER%20e%20DORT%20s%C3%A3o%2 0as%20doen%C3%A7as,acometem%20os%20trabalhadores%2C%20aponta%20estudo&text=As%2 0Les%C3%B5es%20por%20Esfor%C3%A7os%20Repetitivos,2018%2C%20do%20Minist%C3%A9rio% 20da%20Sa%C3%BAde Acesso em: 27 jun 2020