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Maria Lídia Resende - Medicina Veterinária Alterações causadas pela dor Sistema Hematológico Hipercoagulabilidade Sistema Cardiovascular Taquicardia, hipertensão Sistema Imune ↑↑ infecção ↑↑↑ cortisol Sistema Endócrino Hiperglicemia ↑ catabolismo protéico Efeitos Centrais Alteração do sono e do humor, depressão Sistema Gastrointestinal ↓ esvaziamento gástrico e do peristaltismo FISIOPATOLOGIA DA DOR ♦ Dano celular leva a degradação dos fosfolipídeos da membrana celular pela fosfolipase A ↳ enzima ativada por substâncias pró-inflamatórias do tecido lesionado ♦ A degradação leva a produção de ácido araquidônico, originando leucotrienos por ação da lipoxigenase e das prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos por ação da ciclooxigenase (COX). ♦ As prostaglandinas são mediadoras da sensibilização periférica e central, aumentando a excitabilidade dos nociceptores aferentes primários. ♦ A dor ocasionada pela inflamação resulta da sensibilização dos nociceptores (terminações nervosas livres de neurônios sensitivos), localizados em vários locais do organismo. ♦ Esses nociceptores são capazes de gerar a despolarização elétrica por íons de cálcio, conduzida pelos nervos periféricos até o corno dorsal da medula (CDM) ⚯ dependendo da magnitude do potencial de ação e dos processos inibitórios, o estímulo irá ou não até o SNC e será interpretado como dor. ♦ No CDM, as fibras farão sinapse com os neurônios de 2º ordem, encontrando receptores ionotrópicos especializados (AMPA e NK-1) que regulam o influxo de íons, contribuindo para a despolarização do neurônio e avanço do estímulo doloroso. ♦ Substâncias liberadas na fenda sináptica e responsáveis pela despolarização dos neurônios de 2º ordem: glutamato e aspartato. ⚯ o receptor NMDA pode estar ativo mediante um grande estímulo ou contínuo e perpetuação da dor. INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA ♦ Inibição da ativação do receptor ♦ Inibição da transdução ♦ Inibição ou alteração da condução do impulso doloroso ♦ Alteração da transmissão do impulso doloroso ♦ Modulação do estímulo (sinapse, dos neurônio de 1º e 2º ordem, sistema ativador reticular, tálamo, sistema límbico, córtex) Maria Lídia Resende - Medicina Veterinária AINES ♦ Utilizados para dor aguda e crônica. Possuem efeito analgésico, antiinflamatório e antipirético. ♦ Mecanismo de ação: inibição da síntese de prostaglandinas, pelo bloqueio da ação da enzima COX perifericamente ou no sistema nervoso central. ⚯ as isoformas da COX possuem ações fisiológicas, explicando os efeitos adversos quando são bloqueados pelos AINES ⚯ a diminuição da síntese de prostaglandina que resulta no bloqueio da COX-1, está associada com a irritação gástrica, lesão renal, enteropatia e aumento do tempo de sangramento. ⚯ a síntese de COX-2 pode aumentar em quase 20x o insulto inflamatório, pois ele está presente nas células envolvidas no processo inflamatório (macrófagos, monócitos e sinoviócitos), sendo essa a melhor forma para bloqueio do que COX-1 EFEITOS ADVERSOS ♦ Comumente, os efeitos adversos são gastrointestinais, como êmese, irritação gástrica e diarréia nos casos leves e ulcerações e sangramento, quando ocorrem casos graves. ♦ Os efeitos renais estão relacionados aos efeitos deletérios da inibição da vasodilatação e da alteração do fluxo sanguíneo renal ⚯ a ocorrência da IRA pós-operatória está ligada à ocorrência de hipotensão perioperatória, sendo importante a mensuração da pressão arterial e realização da fluidoterapia. Fármacos preferenciais de COX-2 (meloxicam e carprofeno) têm efeito de menor intensidade. ♦ Os efeitos hepáticos têm baixa incidência, mas atentar-se aos pacientes com hepatopatias. ⚯ o uso do paracetamol em gatos causa falência hepática fulminante AINES DE ROTINA Meloxicam ♦ AINE preferencial para COX-2 ♦ Metabolizado por meio das vias oxidativas ♦ Promove analgesia por até 24h ♦ Empregado em quadros de osteoartrite ↳ não altera o metabolismo da cartilagem articular Carprofeno ♦ Tratamento da dor e inflamação em decorrência da osteoartrite e controle da dor pós-operatória ♦ Biodisponibilidade oral de quase 90% e pico de concentração plasmática em 1 a 3h após doses de 1 a 5 mg/kg Cetoprofeno ♦ Antiinflamatório e analgésio não poupador de COX-1 ♦ Empregado em períodos curtos ↳ incidência de efeitos adversos gastrointestinais Coxibes ♦ Firocoxibes ⚯ fármaco seletivo de COX-2 ⚯ indicado para osteoartrite e controle da dor pós-operatória para tecidos moles e ortopédicos ⚯ biodisponibilidade de 38% em jejum Maria Lídia Resende - Medicina Veterinária ♦ Mavacoxibe ⚯ indicado para quadros crônicos de dor ⚯ intervalo de administração de 15 dias ♦ Robenacoxibe ⚯ atividade antiinflamatória, analgésica e antipirética ⚯ período de latência de ½ a 1h ANALGESICOS NAO CONVENCIONAIS Dipirona ♦ Analgésico e antipirético ⚯ ação antiinflamatória quase que insignificante ♦ Bloqueador de COX, sem promover ação gastrointestinais ♦ Controle de dor leve quando isolado e de dor moderada quando associado a outro AINE/opióide Opióides ♦ Indicados para tratamento de dor de grau moderado a intenso ♦ Efeitos adversos de pequena magnitude ↳ podem ser revertidos com antagonistas, como ondansetrona em casos de náusea ♦ Classificação quanto a potência ⚯ baixa potência: butorfanol, tramadol e codeína ⚯ alta potência: morfina, metadona, fentanil e buprenorfina ♦ Classificação de acordo com a ação ⚯ agonista: morfina, meperidina, metadona, oxicodona ⚯ antagonista: naloxona ⚯ agonista/antagonista: nalbufina, nalorfina, butorfanol Morfina ♦ Agonista opióide, excelente analgésico ♦ Tempo de ação de 4 a 6 horas ♦ Não altera a frequência cardíaca ♦ Empregada em pós-operatório de cirurgias torácicas, abdominais, de grande manipulação e dor intensa Tramadol ♦ Análogo sintético da codeína ♦ Usado em dor leve a moderada ♦ Mecanismo de ação misto, com baixa afinidade por receptores μ, inibindo a recaptação de noradrenalina e serotonina Metadona ♦ Liga-se ao receptor NMDA no SNC, auxiliando na prevenção da sensibilização central e no fenômeno do “wind-up” ♦ Pode causar bradicardia e depressão respiratória dose-dependente ♦ Curto período de latência e duração de ação de 1 a 6h ♦ Efeito cumulativo pode aumentar o risco de depressão AGENTES OPIOIDES AGONISTAS - ANTAGONISTAS Butorfanol ♦ Efeito agonista nos receptores kappa efeito antagonista no receptor μ ♦ Período de latência de 15 minutos e duração de ação de 1 a 3h ♦ Excelente efeito sedativo, não promove depressão cardiovascular e respiratória significativa ♦ Desvantagem: efeito “teto” - analgesia não é dose-dependente Maria Lídia Resende - Medicina Veterinária Nalbufina ♦ Agonista receptor kappa e antagonista em receptor μ, sendo capaz de antagonizar o efeito da depressão respiratória do fentanil e da sedação residual após infusão contínua ou doses repetidas ♦ Analgesia de dor moderada ♦ Pode ser utilizada para antagonizar a disforia observada no uso de agentes opioides agonistas ♦ Duração de ação de 6 a 8h Buprenorfina ♦ Agonista parcial do receptor μ e antagonista do receptor kappa ♦ Apresenta efeito “teto” ♦ Período de latência de quase 1h AGENTES OPIOIDES ANTAGONISTAS Naloxona ♦ Antagonista puro e capaz de reverter a ação em todos os receptores ♦ Reversão dos efeitos adversos como bradicardia, depressão respiratória, sedação excessiva ou excitação ♦ Duração de ação curta (30 minutos) ♦ Antagoniza todas as ações, indesejáveis e desejáveis (garantir a analgesia de outra forma) Adjuvante ♦ Pode ser utilizado em quadros de dor leve de forma isolada e dor intensa quando associado ♦ Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina e nortriptilina ♦ Anticonvulsivantes: gabapentina e pregabalina ♦ Antagonistas de receptores NMDA: cetamina e amantadina ♦ O desmame deve ser feito de forma lenta e gradativa
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